RODRIGO “MONSTER” RESENDE E SEU PRESENTE DE NATAL EM JAWS.
bruno lemos
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Maya curtindo o fim de tarde havaiano.
Eddie Aikau Épico
Espetáculo em ondas de 30 pés na baía de Waimea.
Jaws Monstruoso
Desafiando as avalanches.
Geração Kamikaze em Waimea
A nova geração se joga nas maiores ondas de suas vidas em Waimea.
Rio 2010
Fotos de um ano para ficar na memória.
Miss Surfar
A Panicat Nicole Bahls abalou geral em Grumari
EDITORIAL
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O fOTÓGRAfO cARIOcA BRUNO LEMOS, QUE MORA NO hAWAII, NOS PRESENTEOU NO NATAL cOM ESSE LINDO vISUAL DE WAIMEA. ANTES DA vIRADA DO ANO, ELE fEchOU cOM chAvE DE OURO A fOTO DA cAPA cOM RODRIGO “MONSTER” RESENDE.
CONEXÃO DIRETA COM O MUNDO A primeira revista do ano vem com uma dose extra de adrenalina. Quando estávamos brindando a noite de Natal, mais um swell gigante se encaminhava para o Hawaii, o que iria mudar boa parte da edição e, até mesmo, a capa. Foi aquela correria na madrugada para o aeroporto em direção à Maui. Um grupo de big riders embarcou para Jaws e na cola estava o fotógrafo Bruno Lemos. No Rio, nossa redação ficou de plantão com o rádio conectado aos acontecimentos. As previsões foram acertadas. Jaws voltou a mostrar suas garras depois de alguns anos sem entrar em cena. Com as imagens registradas, antes mesmo de terminar o ano, era hora de mexer no editorial, que já estava pronto para entrar na gráfica nos primeiros dias de janeiro. Mas essa foi a pegada durante todo o mês de dezembro, um ritmo frenético na redação. Comunicação direta com os surfistas e fotógrafos no Hawaii pelo rádio, que, devido ao fuso horário de oito horas, chegou a se estender madrugada adentro.
Uma cobertura que até pouco tempo só era possível por uma linha normal de telefone ou pelo computador. Isso certamente deu mais agilidade e dinamismo ao nosso dia a dia. A qualquer momento uma notícia ou uma foto fresquinha poderia ser substituída por outra que tinha acabado de ser captada. Os fotógrafos Bidu, Bruno Lemos e Duda deram conta do recado nos enviando um vasto material para fazer pelo menos umas três edições, isso antes do ano virar. A temporada estava apenas começando... Os depoimentos inflamados daqueles que estavam no front de batalha do North Shore influenciaram nossas decisões de optar por publicar uma edição especial de ondas grandes. Essa é a linha editorial da Surfar, fotógrafos por toda a parte trazendo as novidades que acontecem nos principais points de surf. Seja nas esquerdas tubulares do Tahiti, nas direitas mexicanas, na Califa, no Hawaii, no Rio ou no paraíso de Fernando de Noronha, onde quebrar onda boa a Surfar vai marcar presença. Vamos todos para dentro d´água Surfar! José Roberto Annibal
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STEfANO NOEL APROvEITANDO AS cONDIÇÕES PERfEITAS NO PLAyGROUND DE cASA NO ALfA BARRA. fOTO: PEDRO TOJAL
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ESTA BOMBA SURFADA PELO CHILENO RAMON NAVARRO, A MAIOR DO EDDIE AIKAU, LHE RENDEU NOTA 100, O PRÊMIO DO MONSTER DROP E ENTROU COMO FAVORITA NA BRIGA PELO XXL 09/10. FOTO: BIDU
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Álvaro FreiTas
SIMÃO ROMÃO cAMPEÃO ESTADUAL DE 2009.
cAMPEÃO cARIOcA DEcIDIDO fORA D’ÁGUA Longe da praia, a disputa do título estadual foi decidida em uma reunião, onde Simão Romão sagrou-se campeão carioca. A polêmica aconteceu quando Simão reivindicou o título em função do evento que venceu no início do ano em Quissamã. Inicialmente, esse campeonato valeria como a primeira etapa do estadual. “Não considero que reivindiquei o título, acho que só busquei o certo. Em Saquarema, descobri que a primeira etapa que venci não estava valendo no ranking. Eu precisava saber o motivo dela não valer os pontos, alguma coisa estava errada”, disse ele. Segundo Pedro Falcão, presidente da Feserj, a etapa foi desconsiderada por causa da perda do patrocinador, que inicialmente teria fechado um circuito de quatro etapas. “Com a saída da Vivo, ficou acertado que a etapa de Quissamã não valeria mais para o estadual. A Federação realizou mais duas etapas nas triagens dos WQS (Saquarema e Arpoador) e fechou com uma prova em Grumari”, contou Pedro. Porém, como o acerto entre os surfistas e membros da entidade não foi bem documentado, pois nem ao menos foi enviado um e-mail para os atletas, a confusão estava armada.
Victor Ribas ficou desapontado com o desfecho dos capítulos finais desta novela. “Quando saí da praia na sexta-feira, eu falei com o Pedro Falcão e ele me disse que se o Simão ganhasse o evento de Grumari ele me passaria. Mas como isso não aconteceu e tive que ir embora antes das finais, eu achei que havia sido campeão. Como não consegui falar com ninguém, fiquei sabendo mais tarde que o Simão havia ameaçado entrar na justiça contra a Feserj e a OSP”, falou Ribas, que preferiu não recorrer da decisão. A reunião para decidir quem seria o campeão estadual contou com a presença de membros da OSP (Organização dos Surfistas Profissionais), da Feserj e os dois atletas que reivindicavam o título. Depois de sair o resultado da reunião, Simão se sentiu aliviado. “Era um dos títulos que ainda não tinha e que estava buscando há muito tempo. Faltava ser campeão carioca profissional”, vibra ele, que com o título conseguiu a única vaga destinada ao campeão carioca para o circuito brasileiro, que terá um novo formato em 2010. Por Liana Azeredo
divulgação
REIS DO SUB-18 As finais do circuito Cyclone Surf Sub-18 aconteceram em dezembro no canto do Recreio em ondas de meio a um metro. Os campeões de 2009 das categorias Feminino, Junior, Mirim e Surdos foram definidos após as quatro etapas. Felipe Braz faturou mais um evento, embolsando o título de bicampeão do circuito na Junior. O atleta Caio Vaz, mesmo vencendo um belo duelo que travou com Samuel Igor na final da categoria Mirim, não levou o título, que ficou com o surfista João Paulo Zamppier, representante de Búzios. Mais informações das outras categorias no site www.feserj.com.br.
RESULTADOS fINAIS SUB-18
JOÃO PAULO MESMO NÃO fATURANDO ESSA ETAPA LEvOU O TíTULO DE cAMPEÃO MIRIM NO cIRcUITO SUB-18
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JUNIOR:
MIRIM:
01- Filipe Braz 02- José Eduardo 03- Daniel Munhoz 04- Daniel Gonçalvez
01- João Paulo Zamppier 02- Caio Vaz 03- Daniel Munhoz 04- Pedro Henrique
Álvaro FreiTas
OUTSIDE DISPUTADO NO cALOR cARIOcA.
PRAINhA SE PREPARA PARA O vERÃO Ponto de encontro dos surfistas do Rio, a Prainha chama atenção pelas boas e constantes ondas, além da sua enorme beleza natural. Seus 700 metros são protegidos por montanhas cobertas pela mata atlântica. Até a década de 70 era quase impossível chegar à praia por terra. Naquela época, somente os surfistas e hippies mais aventureiros conseguiam fazer a travessia. No entanto, hoje em dia o acesso ficou bem mais simples e o público invadiu aquele pedacinho de praia escondido. No início dos anos 90 foi apresentado um projeto imobiliário para construção de prédios na Prainha, porém amantes do local protestaram e saíram vitoriosos. Atualmente ela é uma área de proteção ambiental onde se encontra
um parque ecológico, que foi inaugurado em 2001 e tem como atrativos as atividades relacionadas ao ambiente, playground, bicicletário, banheiros, além de salão para exposições itinerantes, mirante com vista panorâmica, trilhas e placas de sinalização ecológica com explicações sobre a fauna e a flora. Em parceria com a prefeitura, a Associação dos Amigos da Prainha (ASAP) vem trabalhando para manter e preservar a natureza do local. Márcio Simão, presidente da associação, afirma que manter a ordem no “paraíso” não é uma tarefa fácil, por isso a necessidade de estar sempre desenvolvendo ações que ajudem nisso. “O maior tesouro que temos é aquela mata intacta. Para isso, iremos disponibilizar mais placas de educação ambiental e mostrar a importância de se cuidar do espaço público”, diz ele. Já outras medidas serão adotadas para as férias. No início de dezembro até o final de março, a prefeitura estará realizando a operação verão, que consiste em controlar a entrada do número de carros. Com estacionamento para 850 carros da Prainha até Grumari, a entrada da praia terá uma barreira limitando o acesso de carros para a quantidade suportável de frequentadores. Quem quiser pegar onda e aproveitar “o paraíso”, vai ter que acordar cedo. Outra preocupação constante das autoridades responsáveis pelo local é o lixo deixado pelos banhistas. “Aquela praia é diferente. Por ter esse trabalho forte da associação, as pessoas vão para lá sabendo que ali tem uma organização, que se deixar o lixo na areia vai ser chamado atenção”, conclui Thiago Barcellos, administrador regional da Barra e Recreio. O point do surf carioca estará pronto para receber todos no verão, só não se pode esquecer que ela é uma área de preservação ambiental. Além disso, é importante chegar cedo para conseguir uma vaga no estacionamento, caso contrário, tem que se fazer uma caminhada de 1.5 km até a Prainha. Mas dependendo das ondas que estiverem quebrando, o que não vai faltar é muita gente encarando essa.
fILMES DE SURf NA REDE
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Já aqui no Brasil, Gustavo Camarão disponibiliza todos seus trabalhos gratuitamente através do seu site, www.quelifestyle.com.br. “Acho que a direção é essa mesmo, não faço mais vídeos pensando em lucrar com a venda, tanto que hoje tenho um site na internet com o conteúdo 100% free dos meus trabalhos”, diz ele. Para Tiago Garcia, que recentemente lançou o filme Wake Up 2 e que em breve será comercializado através do I Tunes, o formato de vídeo para internet é o futuro. “Muito mais prático e dinâmico, pois com o suporte de vídeos em Ipods e celulares é possível assistir um filme em qualquer lugar”, afirma. No entanto, as novidades não param por aí. Previsto para lançar no início do ano, Day by Day será um dos primeiros vídeos de surf produzido no Brasil a ser disponibilizado na internet por download. Dirigido e produzido pelo surfista profissional Adriano de Souza, o curta tem duração de 20 a 35 minutos e conta a história da trajetória do atleta no circuito mundial no ano de 2009, exibindo todos os detalhes do seu dia a dia. Além disso, outros lançamentos estão previstos para o longo do ano. Mas enquanto as ondas não vêm, na internet você vai encontrar os melhores picos e lugares paradisíacos, basta dar um click. Então, que tal nos dias flats experimentar surfar na rede? WWW.PoorsPeCimen.Tv
WWW.PorTalque.Com
WWW.TiagogarCia.neT
Os apaixonados pelo surf dizem que deslizar sobre as ondas é uma das coisas mais prazerosas que já fizeram em toda vida. Mas e quando elas não aparecem? Só nos resta, então, tentar espantar o marasmo e procurar tal atividade na internet. Muitos filmes estão sendo lançados para os internautas. As marcas de surfwear têm entrado de cabeça no audiovisual através de seus sites. No início do ano, a Rusty disponibilizou o download do filme Changes, bastava comprar uma roupa da marca que tivesse o código para se ter acesso. Outras marcas que também não ficaram para trás foram a Hurley, a Billabong, a Surf Co, dentre outras. E como não falta surfista na rede, muitos blogs e sites vêm surgindo com conteúdos gratuitos ou por um baixo custo. A Vas, maior distribuidora de filmes do mundo, está vendendo outros vídeos pela web como o Modern Collective, do australiano Kai Neville. Os videomakers também estão apostando nesse mercado. O primeiro a colocar seus filmes para venda na web foi Taylor Steele pelo site www. poorspecimen.tv.
A jornalista Fernanda Pontes começou sua carreira como apresentadora da TV Jam na internet, onde ficou durante dois anos cobrindo eventos de surf. Como atriz, ela fez participações nas novelas da Rede Globo e da Record. Atualmente apresenta o progama infantil TV Globinho. Bonita, inteligente e muito ativa, Fernanda é daquelas que não consegue ficar parada e, por isso, escolheu o surf como terapia. Atriz, modelo ou apresentadora, o que você mais gosta de fazer? Na verdade não me considero modelo. Fiz muita publicidade, mais como atriz do que como modelo. Gosto muito de atuar, mas minha grande paixão, sem dúvida, é apresentar. É o que venho buscando, o que realmente foco para o meu futuro. Meu maior sonho é estar à frente de um programa ao vivo. O que o surf tem de especial para você? O surf entrou na minha vida de uma forma engraçada. Queria descobrir qual era a sensação de deixar o namorado na areia durante horas e não se preocupar. Daí, eu comecei a surfar e me apaixonei pelo esporte. O surf faz muito bem para o corpo e para cabeça. Acordar, pegar uma prancha e começar o dia em cima das ondas é uma sensação de liberdade indescritível. Só quem surfa ou quem já ficou em pé uma vez na prancha sabe do que estou falando. Se você fosse escolher um lugar para fazer uma surf trip, qual seria? Noronha sem dúvida é o lugar. Nunca surfei lá, mas agora que venho treinando bastante com o Bruno do CTsurf, porque quase morri afogada e fiquei com um bloqueio muito grande, acho que estou querendo encarar. Quais outros esportes você costuma praticar? Skate, wakeboard e mergulho também são coisas que estão na minha vida, mas futevôlei e surf são os que mais pratico. Sou daquelas que chego numa praia e não consigo ficar sentada na cadeira me queimando, sou hiper ativa, tenho que estar sempre me movimentando. Você voltou para a TV Globo como apresentadora infantil. Acha legal as crianças se identificarem com o seu lado de esportes radicais? Meu lado do esporte só contribui para todas as crianças, principalmente aquelas que não têm oportunidade de estudar. Nós vemos grandes vencedores na vida através do esporte. Então, é o que tenho para contribuir. Mostrar que esporte e superação andam lado a lado. Sua praia preferida? Vou sempre à Barra porque é perto da minha casa, mas as praias que eu mais amo é Itacoatiara em Niterói e Geribá em Búzios. Um recado para os leitores da Surfar. Que as pessoas cuidem das praias. Porque se cada um tiver essa responsabilidade, nós conseguiremos ter as praias limpas como era antigamente.
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Pedro monTeiro
SURfANDO cOM AS BELDADES
NA ONDA DO PILATES POR: LIANA AZEREDO
“Quando eu ouvia falar do Pilates, achava que era musculação para a terceira idade e nunca imaginei fazer”. Stephan Figueredo – surfista profissional
FoTos: guilHerme lePoraC / divulgação
Verdade seja dita, é assim que muitos pensam quando ouvem falar em Pilates. Mas como no surf, a preparação física e o fortalecimento de um atleta são as coisas mais essenciais para que ele consiga alcançar seus objetivos. O Pilates tem atraído cada vez mais surfistas dispostos a conseguir um bom condicionamento físico e controle emocional. A técnica visa a melhora da performance do movimento em cem por cento e também é indicada para a reabilitação e bem-estar. “No Pilates o atleta pode utilizar os movimentos específicos do surf, como torções, extensões e flexões, além de praticar exercícios que buscam a flexibilidade muscular, a mobilidade articular e o ganho de força sem o aumento do volume do músculo”, afirma o professor Robinson Lucena, da academia Proforma. O surfista profissional Marcelo Trekinho, que passa muitas horas dentro do avião, desde que começou no Pilates já observa mudanças positivas. O atleta sentia fortes dores na lombar por causa dos exercícios repetitivos de rotação e longos treinamentos para as competições. Após conhecer a técnica em São Paulo, ele não parou mais de praticar. “Não tem contra indicação e serve como treino complementar. Ajuda a manter minha postura certa e fortalecer os músculos que protegem a coluna, o que para mim é o mais importante,” disse Trekinho.
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Segundo Augusto Bayard, técnico da equipe Ipanema Pilates Surf Team, os exercícios também trabalham a respiração e o equilíbrio, essencial para quem quer se aventurar nas ondas. “A técnica possui alguns princípios para ser realizada com eficácia, um dos mais importantes é a respiração. O atleta precisa se concentrar no movimento e utilizar bem a ‘Power House’, ou seja, a nossa casa de força que é o abdômen”, explica. Gabriela Teixeira surfista profissional e atleta da equipe, afirma que o pilates refletiu no seu bom desempenho dentro d’ água. “Estou surfando melhor e com mais flexibilidade na onda. Tenho trabalhado bastante as pernas, até pelo fato de muitas vezes ter que entrar em várias baterias em um único dia”, diz. Surfistas como Marina Werneck, Luana Coutinho, Priscila Barsick, Tais de Almeida, Ian Cosenza, Stanley Cieslik, Stephan Figueredo, entre outros, estão fazendo esse trabalho e o resultado tem sido bastante expressivo. “Em menos de dois meses senti os resultados e logo no início do ano fiz meu primeiro pódio na carreira no Carioca Pro. Hoje posso dizer que sou outro surfista!”, relata Marcelo Bispo. Outra atleta que também se surpreendeu com o resultado dos treinamentos foi Luana Coutinho. “Tive que operar meu joelho há alguns anos e isso prejudicou muito meu surf de back side. Inacreditável foi ter conquistado a etapa do Circuito Petrobras, na Barra da Tijuca. Minhas manobras estavam bem mais fortes, por isso dedico essa vitoria ao Pilates”, finaliza.
fOTO MENOR: PRIScILA BARcIK NO POWER PILATES cOM O TÉcNIcO AUGUSTO BAyARD. NESTA: A ATLETA MARINA WERNEcK MOSTRA SUA EvOLUÇÃO cOM O PILATES.
andrÉ CYriaCo
A BAíA DE GUANABARA NOS SEUS DIAS cLÁSSIcOS. ITAPUcA, NITERÓI.
CARTÃO POSTAL POLUÍDO POR: ANDRÉ BREvES
A mais de mil metros de altitude, com uma visão privilegiada da cidade do Rio de Janeiro, em um salto de paraquedas ou em um passeio de asa-delta, impressiona a diferença na tonalidade da água próxima a saída da Baía de Guanabara e a região mais oceânica do mar. Turistas e cariocas que passam na Linha Vermelha sobre o Canal do Cunha, próximo à Ilha do Fundão, também se impressionam com tamanha sujeira na água e deteorização daquela região. No entanto, a mais clara constatação do real grau de poluição da Baía de Guanabara vive quem a sente bem de perto, como banhistas, velejadores, pescadores e surfistas. A Baía de Guanabara encontra-se em um alto processo de degradação ambiental e em alguns lugares é como estivesse em estágio de doença terminal, principalmente nas áreas mais próximas ao porto do Rio de Janeiro, das refinarias de Petróleo (como a REDUC) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde há despejo crônico de poluentes e contaminantes, além de uma menor circulação da água. Praias situadas na Baía ou próximas a ela, como Paquetá, Itacoatiara, Piratininga, Botafogo, Flamengo, Urca, Copacabana e até Ipanema e Leblon, podem apresentar níveis diferentes de poluição, dependendo das correntes marinhas e de outros fatores ecológicos. Com uma área de 380km2, a Baía é cercada por municípios bem urbanizados, dentre os quais Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São Gonçalo e Guapimirim. É um ambiente costeiro semiaberto, conectado com o mar por um canal de 1,6 km de comprimento. No canal há o encontro de ondulações em diferentes direções, o que o torna bastante perigoso. Para o surf há algumas opções quando o mar está pequeno, mas muitas quando o mar está de ressaca. Por exemplo, Eraldo Gueiros e Marcelo Trekinho surfaram ondas de quase três metros na Ilha da Mãe.
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Mesmo poluída, a Baía de Guanabara é de uma beleza de tirar o fôlego e tem habitats ainda preservados em praias, manguezais e costões rochosos. Alguns dos últimos remanescentes de manguezal ainda resistem no paraíso ecológico da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim. E diversos seres vivos podem ser encontrados, como golfinhos, peixes (tainhas, bagres, cavalos-marinhos), tartarugas, moluscos, crustáceos, algas, dentre outros. Contornos irregulares formam abrigos naturais e estratégicos favoráveis às atividades econômicas da cidade, onde o naturalista inglês Charles Darwin deslumbrou-se em sua passagem por aqui em 1832. Programas de saneamento básico e despoluição, como o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) ocorrido nas últimas décadas, não atingiram as metas estipuladas e muito dinheiro foi jogado no lixo. Milhões de reais foram gastos e devem ter servido para encher o bolso de governantes inescrupulosos e irresponsáveis. A população aumentou, as favelas cresceram, as indústrias de petróleo expandiram e os problemas ambientais da Baía não foram totalmente resolvidos. Uma nova e preciosa chance surge no horizonte com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Renovam-se as esperanças de um dia a Baía de Guanabara voltar a ser um lindo lugar. Investimentos sérios em saneamento, o controle de emissões de poluentes e contaminantes, além de dragagens e proibição de aterros farão melhorar a qualidade da água da Baía de Guanabara, que se recuperada fará enorme bem à população. ANDRÉ BREvES RAMOS É BIÓLOGO MARINhO. NOS DIAS DE RESSAcA NO PONTÃO DO LEBLON, ELE É PRESENÇA GARANTIDA DENTRO D´AGUA. SUGESTÕES DE PAUTAS E cRITIcAS ENvIE E-MAIL PARA SURfAR@REvISTASURfAR.cOM.BR .
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1- Yan Guimarães mostrando serviço na temporada havaiana. 2- Rob Machado na concentração para a bateria no Pipe Masters. 3- Marco Giorgi, Maya Gabeira, Bruno Santos e Jê Vargas unidos no North Shore. 4- Carlos Burle na cerimônia do Eddie Aikau. 5- Gordo e Thiago Camarão com mais uma baixa em seus quivers. 6- O ícone Tom Carrol presente na cerimônia em Waimea. 7- Os fotógrafos Bidu, Bruno Lemos, Marianna Piccole registrando a ação em Waimea. 8- Raoni Monteiro recarregando as baterias com a família em Rocky Point, Hawaii. 9- Gerry Lopes e Kelly Slater confraternizando em Pipe.
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FoTos: bruno lemos (1, 3, 4, 6), bidu (2, 5, 7, 8, 9)
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A festa de encerramento do Super Surf reuniu muita gente bonita. Além de ter sido diversão garantida para aqueles que se jogaram na night.
FoTos: Pedro monTeiro
FESTA SUPERSURF
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1- Thiago Baldino e a amiga Taiane Pacheco. 2- Momento para a foto. 3- Guga Fernades com sua esposa Narayana. 4- Claudinha e amiga 5- A alegria dos promoters Nathalia e Serginho. 6- Mulher bonita não ficou de fora da festa. 7- Please, alguém conhece essas gatas? 8- Mariana Pessoa e Joana Pacheco curtindo a noitada. 9- Dani Vieira candidata a gata Super Surf esteve na festa. 10- A pista ficou bombada a noite toda. 11,12- Ainda teve gente que preferiu ir dormir... afeee. 13- Marcelo (Nicoboco) e o fotógrafo Aleko. 14- Edinho Leite aproveitando com suas amigas. 15- A festa não teve hora para acabar.
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O que melhor te aconteceu em 2009 ?
Gabriel Pastori Surfista Profissional Sem dúvida foi ser contratado pela Body Globe. A longa espera valeu à pena. Hoje estou numa empresa onde as pessoas acreditam no meu trabalho dentro e fora d’água.
Antônio Portinari Art in Surf Os líderes mundiais resolveram levar o aquecimento global a sério e traçar metas para redução de CO2. Ainda há esperança!
Nancy Hangloose Consegui o visto e embarquei para o Hawaii em dezembro para assistir ao meu primeiro Pipe Masters. Muito bom descer em solo havaiano e respirar aquele ar impregnado do legítimo aloha.
Oswaldo Baire Boards Co. A melhor coisa foi passar dez dias surfando no Peru. Foi uma trip alucinante, um encontro de vários amigos. Pela primeira vez viajei e surfei com meu sócio e melhor amigo. A todos um feliz 2010 com muita saúde e altas ondas.
Sylvia Hartmann Marketing manager da Oakley Foi ter começado a praticar Yôga. Mais do que uma atividade física, nos permite compreender melhor até onde podemos chegar com o nosso corpo. Ajuda a nos conectarmos com o universo, além de extrair força e energia da natureza para todas as atividades do dia a dia.
Guilherme Braga Freesurfer A cidade do Rio vai receber muitos benefícios por ter ganhado a campanha para sediar as Olimpíadas de 2016. E isso fará com que as pessoas comecem a pensar mais em saúde e qualidade de vida. Agora é a hora do Brasil!
Claudia Gonçalves Surfista Profissional O convite para fazer um reality show sobre a minha vida foi algo inesperado. Através disso vou poder mostrar o estilo de vida do surf e dos surfistas profissionais que correm o mundo competindo e tentando o seu lugar ao sol no circuito mundial.
Felipe Braun Onbongo marketing manager Foi estar próximo do mar, surfar mais, curtir a natureza e os amigos. Afinal, para gerenciar uma marca de surf é necessário viver o que você cria, produz e vende, tudo é essência e equilíbrio. Meu objetivo era unir o trabalho ao que mais amo: o surf!
Abílio Fernandes Vice-presidente da FESERJ Ter assumido o cargo de Gestor do Parque Natural Municipal de Marapendi. E como dirigente da Feserj, o sucesso dos dois Circuitos Estaduais: Sub-14 e Sub-18.
Roberto Moura Diretor de Cinema O lançamento nos cinema do filme Surf Adventures 2. Foi a conclusão de quatro anos de muito trabalho. Ver o filme nas telas deu uma sensação de dever cumprido.
Carlos Matias Ricosurf.com A surf trip para o Peru com a minha gata, Mari Taboada, e a ótima experiência como editor de jornalismo do Ricosurf.com.
Luiz Cunha Designer da Jamf Num ano de crise mundial e escândalos na política, tivemos dois motivos de orgulho: o pré-sal, que vai dar crescimento econômico ao país, e a vitória do Rio como sede das Olimpíadas de 2016.
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POR: ROGER fERREIRA
Nascido em 25 de maio de 1983, este californiano de 26 anos é atualmente o melhor e o mais completo surfista de ondas grandes do cenário mundial. Em sete anos de carreira como profissional, Greg é o maior vencedor da história do prêmio máximo do big surf, o XXL Big Wave Awards. Foi indicado entre os finalistas por oito vezes, vencendo quatro categorias: em 2005 e 2008, ele venceu a melhor performance da temporada, em 2007 a maior onda da temporada, em 2008 a maior onda na remada, já em 2009 foi o primeiro a vencer a categoria mais importante, a Ride Of The Year, com uma onda na remada surfada em Dungeons, África do Sul, durante o Big Wave África do ano anterior. Nas temidas ondas de Dungeons, ele também venceu seu primeiro evento em ondas grandes, o Red Bull Big Wave África 2003, isso com apenas 19 anos. Além de todas as conquistas mencionadas, o big rider californiano venceu o Mavericks Surf Contest 2007, na Califórnia. E em 2009, não deu chances para ninguém na remada das bigs. Venceu o Billabong Pico Alto Internacional 2009, em Pico Alto, no Peru, e surfou em Puerto Escondido, no México, uma bomba estimada em 20 pés sólidos, despencando na base e botando para dentro de um caroço insano para sair na baforafa. Esta onda, em minha opinião, é a favorita para vencer novamente a Ride of the Year do XXL 09/10. Agora, no início da temporada no Hemisfério Norte, Greg conseguiu o que, sem dúvida, é o maior feito de sua carreira: vencer a competição mais
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importante do surf de ondas grandes, o tradicional evento em memória do lendário salva-vidas e big rider havaiano Eddie Aikau. Em seu primeiro ano como convidado, o jovem californiano tinha um desempenho apagado até a última bateria. Mas quando a boia marcou o ápice do swell, ele não deu chances para ninguém, jogando-se com determinação e técnica nas maiores das séries para somar quatro notas acima da média, com direito a um 100 perfeito e vencer o que está sendo considerado por muitos como a maior competição de surf de todos os tempos. Vale ressaltar que nesta primeira participação no “The Eddie”, Greg superou nomes como Kelly Slater, que buscava o bicampeonato do evento, além dos locais e profundos conhecedores das ondas da baía Andy e Bruce Irons, Shane Dorian, Jamie O’Brien, Sunny Garcia, Clyde Aikau, Mark Healey, Garret MacNamara, entre outros. Isso sem mencionar o brasileiro Carlos Burle, o californiano Peter Mel, Grant “Twiggy” Baker (parceiro de Long no tow-in) e o chileno Ramon Navarro, que surfou a onda mais impressionante do Eddie Aikau 2009. Com um currículo invejável, o big wave rider tem uma personalidade extremamente serena e gentil, sendo muito querido e respeitado por todos do meio. Sua tranquilidade, sangue frio e ótimo preparo físico são fundamentais para ter alcançado tantas conquistas nos últimos anos. E hoje ele caminha a remadas fortes para se tornar o maior vencedor do surf em ondas grandes de todos os tempos. Contra estes fatos não há argumentos. As realizações deste norte-americano sorridente, de fala mansa e tranquila dispensam os críticos, inclusive aqueles que possam torcer o nariz para o fato de eu estar escrevendo esta coluna sobre um gringo. O cara merece! Go Big!
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GREG LONG É O CARA
GREG LONG SENDO APLAUDINDO POR KELLy SLATER, SUNNy GARcIA E BRUcE IRONS.
TEXTO: BRUNO LEMOS
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Após 25 anos de história, com oito edições realizadas, aconteceu numa terça-feira, oito de dezembro, na famosa baía de Waimea, o tradicional evento de ondas grandes em memória do herói havaiano Eddie Aikau. com séries que passaram dos 30 pés sólidos, o californiano Greg Long venceu a competição, que está sendo considerada como a maior de todos os tempos.
cONvIDADO PELA PRIMEIRA vEZ PARA cOMPETIR NO EvENTO, O cALIfORNIANO GREG LONG MOSTROU cOM A vITÓRIA PORQUE hOJE É UM DOS SURfISTAS MAIS RESPEITADOS DO MUNDO QUANDO O ASSUNTO É BIG WAvE.
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PREVISÃO DE TIRAR O SONO “Eu tenho três cartas na manga, um sete, um oito e um nove”, foi com essa frase que George Downing, diretor de prova do evento, tentou responder a pergunta chave da questão: “Que dia será o campeonato?” Downing parecia bem seguro quando falou isso durante a cerimônia de abertura em três de dezembro de 2009, data que já era possível saber através das previsões de que em alguns dias o evento aconteceria. Havia um swell tão grande que alguns arriscavam dizer que poderia estar até grande de mais e se repetir o que aconteceu em 1998 , quando pela primeira vez na história o Eddie Aikau foi cancelado, não por falta de ondas, mas por excesso delas. Naquela data, a baia fechava a cada série que entrava, então, os organizadores e todos os competidores, com exceção de Marvin Foster, concordaram com o cancelamento da prova.
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EXPECTATIVA Com três dias de ondas gigantes na previsão, mesmo que um estivesse muito grande, parecia que o evento se realizaria de verdade. Na manhã do dia sete, já de madrugada, flashes ao vivo do beach park de Waimea apareciam na televisão local divulgando que o Eddie Aikau aconteceria em condições épicas. As rádios também ajudavam na divulgação. A sensação era que a ilha de Oahu inteira tinha se deslocado para Waimea, pois havia um trânsito infernal logo cedo e um grande pesadelo para estacionar o carro. Assim que o sol nasceu, a organização achou que as condições ainda não estavam ideais, porque as séries não estavam com tanta constância e um vento maral fraco fez com que a competição fosse adiada. Entretanto, quem acordou cedo e se deslocou de outras partes da ilha não se decepcionou, pois o free surf que rolou naquele
dia foi no mínimo excepcional, principalmente na parte da tarde antes de anoitecer, quando algumas séries gigantescas quebraram na baia de Waimea de uma forma que muita gente nunca havia visto antes.
O DIA DO EDDIE No dia oito a cena se repetiu pela manhã. Muita gente na praia, mas dessa vez uma leve brisa de terral e um dia lindo sem nenhuma nuvem no céu. As ondas continuaram com um bom tamanho, porém não tão grandes quanto o dia anterior. Às oito da manhã a primeira bateria estava na água e, independente de estar menor ou maior que anteriormente, o evento estava “ON”. Para a felicidade dos brazucas, entre os seis primeiros competidores da manhã, o pernambucano Carlos
keale lemos divulgação quiksilver
RAMON NAvARRO NÃO PUXOU O BIcO DA SUA PRANchA, SE JOGOU LADEIRA ABAIXO NAS MONTANhAS D´ÁGUA ABAIXO; A cERIMÔNIA EM hOMENAGEM A EDDIE AIKAU DIAS ANTES DE O EvENTO ROLAR.
Burle entrava para a história como o primeiro brasileiro a participar de um Eddie Aikau. Realmente as ondas não estavam muito constantes e foram poucas as grandes que entraram durante estes primeiros 30 minutos de competição. Mas esse cenário estaria prestes a mudar rapidamente. Isso porque as leituras das boias das seis e sete da manhã estavam maiores que as outras durante a noite anterior. A expectativa era que a partir das duas da tarde as ondas ficassem maiores ainda. Porém, antes disso, bastou o campeão do Eddie de 2002 entrar na água para que as ondas começassem a bombar. Impressionante como “esse tal” de Kelly Slater é um imã de onda. As séries que não entraram na bateria do Burle, entraram na bateria seguinte. Slater pegou várias ondas grandes, inclusive botando para dentro de um tubo enorme em uma delas. Todos ficaram surpresos com a performance dele.
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MOMENTOS INSANOS Alguns outros surfistas também extrapolaram os limites. Jamie O’Brien, Kala Alexander, Garrett McNamara, entre outros, tentaram colocar para dentro em algumas ondas grandes e não obtiveram tanto sucesso, mas mesmo assim foram protagonistas de alguns drops muito impressionantes. No entanto, foi o havaiano Mark Healy que conseguiu chamar mais atenção quando pegou um tubo surfando uma onda para a esquerda, uma cena surreal e perigosa, pois ele quase foi parar em cima das pedras do point de Waimea. Outros também literalmente arriscaram o seu pescoço botando para dentro em algumas ondas que iam até o shore break. Em anos anteriores, vimos isso acontecer com Michael Ho, que colocou para dentro com a mão para trás no shore break em 1998, e com Bruce Irons, que ganhou o Eddie de 2004 com uma onda gigantesca finalizada com um tubaço no shore break. Neste último ano, essa cena se repetiu algumas vezes, primeiro Michael Ho, depois Kelly Slater, em seguida Jamie O’Brien de base trocada e, por último, Andy Irons de grab rail com muita categoria. A real é que todos queriam ganhar o evento e sabiam que para isso teriam que fazer algo muito excepcional, já que Slater havia aberto uma boa vantagem entre os outros competidores. Quem saiu ganhando foi o público, pois a cada minuto que se passava algo mais emocionante acontecia. Apesar das tentativas, Slater estava ganhando disparado. Mas para surpresa dele e de todos que assistiam o campeonato, uma série de ondas gigantes entraria durante a última hora e toda pontuação do evento seria mudada. Foi depois que a terceira bateria do segundo round entrou na água que o mar ficou muito grande e ondas extraordinárias entravam sem parar. Quem se deu muito bem nessa foi o chileno Ramon Navaro, que conseguiu completar um drop muito insano. Para mim, essa foi a onda do campeonato. Acho que essa também foi a opinião dos juízes, pois Navaro ganhou o prêmio “ MONSTER DROP ”, faturando dez mil dólares. No entanto, quem saiu com o maior cheque de todos foi o californiano Greg Long, que tinha se arrasado no primeiro round. Com a reagida forte do mar durante o fim do segundo round, Long consegui trocar as suas quarto notas em menos de 30 minutos, com direito a uma nota 100 perfeita para sagrar-se campeão desse campeonato histórico!
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ESTE DROP INSANO QUE O hAvAIANO MARK hEALEy NÃO cOMPLETOU cERTAMENTE vAI LhE RENDER UM GRANDE RETORNO EM MUITAS PÁGINAS E cAPAS DAS REvISTAS ESPEcIALIZADAS.
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O BIG RIDER cARLOS BURLE ENTROU PARA A hISTÓRIA cOMO O PRIMEIRO SURfISTA BRASILEIRO A PARTIcIPAR DO EDDIE AIKAU, O MAIS IMPORTANTE EvENTO DE SURf EM ONDAS GRANDES DO cALENDÁRIO MUNDIAL. ENTRE OS 28 cOMPETIDORES QUE ESTIvERAM DENTRO D’ÁGUA cOMPETINDO NAS BOMBAS DE WAIMEA, BURLE, cOM A EXPERIÊNcIA DOS SEUS 42 ANOS DE IDADE, TERMINOU NA DÉcIMA SEXTA cOLOcAÇÃO, REPRESENTANDO MAIS UMA vEZ A BANDEIRA BRASILEIRA.
Foi uma realização pessoal competir no Eddie Aikau?
Fale sobre a sua maior onda no evento, que não foi computada no somatório final.
Apesar de toda a movimentação que rolou, eu estava focado e pronto para o evento. Nesse ponto já se trata de um jogo mental, onde a compreensão dos fatos e tomar as decisões corretas é fundamental.
Dividi a maior onda da minha bateria do segundo round com Jamie O’ Brien e Reef McIntosh. Nessa onda fui até o shore break e tomei um dos piores caldos da minha vida. No outro dia cuspi areia e sangue. Infelizmente não haviam me informado que só poderia surfar quatro ondas durante os 60 minutos de bateria. Acabei não tendo a minha melhor onda no somatório final, que me levaria tranquilamente a ficar entre os top 10 do Eddie.
APÓS ALGUNS ANOS fAZENDO PARTE DA LISTA, O PERNAMBUcANO cARLOS BURLE fOI O PRIMEIRO BRASILEIRO A PARTIcIPAR DO EDDIE AIKAU, fIcANDO NA 16º cOLOcAÇÃO.
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Como foi a adrenalina pré-Eddie Aikau com a previsão do swell gigante?
Sem dúvidas. Foram dias com ondulações enormes e muita adrenalina no corpo. A minha relação com o Eddie finalmente chegou ao ponto em que tive a oportunidade de surfar as incríveis ondas de Waimea com os melhores do mundo em um evento que é um mito para a cabeça de qualquer um. É lógico que como competidor, gostaria de ter chegado ao pódio. Mas só quem tá dentro do jogo sabe como é complexo o desenrolar de um evento com o formato do Eddie. Assim como o mar, o Eddie também é único e incontrolável. Daí a beleza e magia do evento mais tradicional de ondas grandes do mundo. Posso dizer que realizei um grande sonho e estou muito feliz com isso.
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O SUL-AfRIcANO GRANT “TWIGGy” BAKER TEvE A SORTE DE SURfAR SOZINhO ESSA ONDA DURANTE SUA BATERIA. fOTOS MENORES: TRÊS MIL PESSOAS ASSISTIRAM O EvENTO, A cERIMÔNIA DE ABERTURA E O PALANQUE DOS JUíZES.
vEJA MAIS fOTOS E víDEOS DO 25º EDDIE AIKAU EM NOSSO SITE. WWW.REVISTASURFAR.COM.BR
A CERIMÔNIA DE ABERTURA dezembro. Outra coisa que marcou a cerimônia desse ano foi a presença da hokule’a, réplica da canoa havaiana (a vela) que em 1978 naufragou com Eddie Aikau dentro, como também a presença de alguns dos membros originais da equipe que estavam com o Eddie no dia que a embarcação naufragou.
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para que o Eddie Aikau aconteça?” entretanto, em 2009 a vibe era diferente, não havia dúvida que as ondas estariam grandes o suficiente para se realizar a competição, então, a pergunta era outra: “Quando seria?” Com três dias de ondas grandes na previsão, George Downing comunicou a todos que o evento iria acontecer, só não sabia exatamente se no dia sete, oito ou nove de
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Todo o ano a Quiksilver realiza uma cerimônia comemorando o início do período de espera do evento, que normalmente vai de 1 de dezembro até 28 de fevereiro. Mas em 25 anos de existência foram apenas oito vezes que as condições permitiram a realização do campeonato. Geralmente sempre fica aquela pergunta no ar: “Será que esse ano vai dar onda suficiente
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KELLy SLATER LUTOU PARA cONQUISTAR UM BIcAMPEONATO EM WAIMEA, MAS TERMINOU cOM UM hONROSO vIcE-cAMPEONATO. SEU SEGUNDO vIcE E PÓDIO NO MÊS DE DEZEMBRO NO hAWAII.
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JUvENTUDE ALIADA A EXPERIÊNcIA EM ONDAS GIGANTES E UMA BOA DOSE DE cORAGEM SÃO QUESITOS PRESENTES NO SURf DO hAvAIANO IAN WALSh.
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fOTOS E TEXTO: BRUNO LEMOS
cOM AS PREvISÕES INDIcANDO UM INvERNO INTENSO cOM A PRESENÇA DO EL NIÑO NO hEMISfÉRIO NORTE, O INícIO DA TEMPORADA DE ONDAS GRANDES NO hAWAII NÃO DEcEPcIONOU. AS BANcADAS DO NORTh ShORE E DA ILhA DE MAUI fORAM BOMBARDEADAS EM DEZEMBRO PELAS MAIORES ONDULAÇÕES DA ÚLTIMA DÉcADA, DEIXANDO TODOS OS BIG RIDERS E A MíDIA ESPEcIALIZADA EM ALERTA TOTAL. EM 25 DE DEZEMBRO, JAWS, UMA DAS ONDAS MAIS cABULOSAS DO PLANETA, vOLTOU A QUEBRAR BOMBAS GIGANTES QUE PASSARAM DOS 50 PÉS DE fAcE. O fOTÓGRAfO BRUNO LEMOS REGISTROU ALGUNS MOMENTOS PARA A SURfAR. Já fazia algum tempo que a maior de todas as ondas havaianas estava adormecida. Desde 2004, naquele dia clássico em que Dan Moore conseguiu surfar a maior onda do ano, que não se via um mar tão grande em Peahi. Mas em 2009 o quadro estava para ser mudado. No dia que Waimea quebrava clássica durante o Eddie Aikau, Jaws estava excelente e algum dos praticantes do tow-in lotavam o outside de um dos points mais cobiçados no planeta. Para a surpresa de muitos, alguns dias depois, na manhã de Natal, as previsões indicavam que as ondas estariam ainda maiores. Foi com essa expectativa que eu e Danilo Couto saímos do North Shore às três da madrugada em direção ao aeroporto de Honolulu para viajar rumo à ilha de Maui. Após 30 minutos num voo vazio, aterrissamos em Kahalui ainda de noite com uma certeza: o mar estava gigante. Prova disso era que podíamos ouvir nitidamente o barulho das ondas enquanto esperávamos nossa carona até a praia.
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No mesmo momento que Rodrigo Resende e Yuri Soledade estavam nos resgatando, vimos desembarcando no terminal outra galera brasileira: Carlos Burle, Maya Gabeira com sua mãe, Stephan Figueiredo, Sylvio Mancusi e o cinegrafista Carlos Sanfelice. Isso confirmou que a leitura das boias que fizemos durante a noite inteira havia deixado mais gente ainda com insônia. Foram registros de quase 23 pés de onda com uma combinação de 17 a 19 segundos de intervalo. Algumas boias foram até maiores do que no dia do Eddie. Colocamos os jets na água antes do dia clarear e quando cheguei ao cliff vi uma das séries mais animais do dia. O line up estava cheio de jet skys e logo percebi Rodrigo Resende rabiscando numa parede enorme de água. Enquanto montava o equipamento, Monster deve ter surfado no mínimo umas quatro bombas que não foram registradas. Logo depois, ele estaria rebocando seu parceiro Danilo. Nesse momento, o australiano Ross Clark Jones, que fazia parceria com Sean Lopes, sobrinho do Gery Lopes, e o garoto local Ian Walsh, sendo puxado por seu irmão Luke Walsh, estavam dominando as séries. Na verdade, Ian dominou a caída, pegando uma bomba atrás da outra, mostrando muita intimidade e segurança. Os outros brasileiros que estavam na água também não se intimidaram. Burle e Eraldo já chegaram pegando uma bomba, mas logo veio um telefonema de Oahu avisando que o filho do Burle iria nascer. Às pressas, Eraldo saiu do mar com seu parceiro direto para o aeroporto. Foi quando vimos um surfista remando no outside esperando na esquerda por uma série. Era o baiano Marcio Freire na expectativa de pegar na remada o seu presente de Natal. Seu conterrâneo e amigo Danilo Couto o resgatou com o jet e tentou lhe convencer que aquele não era um bom dia para remar em Jaws. Dito e feito. Alguns minutos depois entraram algumas ondas gigantes e acredito que Freire ficou feliz com a atitude de seu amigo.
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APÓS SURfAR ESTA ONDA, cARLOS BURLE REcEBEU NO OUTSIDE A chAMADA NO RÁDIO QUE SUA ESPOSA LíGIA ESTAvA EM TRABALhO DE PARTO NO NORTh ShORE. LOGO SAIU DO MAR E EMBARcOU A TEMPO DE AcOMPANhAR O NAScIMENTO DO SEU SEGUNDO fILhO, RENO KAI. UM DIA DE fORTES EMOÇÕES.
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ENQUANTO TODOS SURfAM A DIREITAS, O BAIANO DANILO cOUTO ATAcOU A ESQUERDA DE PAPAI NOEL.
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ESTREANDO NO PIcO O SUL-AfRIcANO GRANT “TWIGGy” BAKER SE DESTAcOU SURfANDO UMA DAS MAIORES ONDAS DO DIA.
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Parecia que naquele dia Danilo estava mesmo com vontade de ajudar o próximo. Com a saída repentina de Burle e Eraldo, ele acabou colocando Maya Gabeira em algumas ondas, já que ela estava na fissura para encarar pela primeira vez as ondas de Jaws e tinha perdido seus parceiros de tow-in. Com certeza, essas ondas entrariam para a história da carreira de Maya. E melhor ainda, tudo havia sido testemunhado por sua mãe que estava muito apreensiva no cliff. Também estreante no pico, Stephan Figueredo foi puxado por Sylvio Mancusi, que não parecia estar tendo uma das suas melhores sessões naquele pico por causa de alguns problemas com seu jet. Outros dois brasileiros completavam o line up. O residente e local Yuri Soledade, que surfou com facilidade mostrando que estava realmente em casa, e Edson de Paula, que acabou sendo colocado em umas boas bombas por Rodrigo Resende. É impressionante como a previsão aqui no Hawaii dificilmente falha. Durante o dia o vento foi aumentando e a tarde os windsurfistas deram um show à parte. Eu achei que não iria mais rolar onda e aproveitei uma carona para o aeroporto, mas depois fiquei sabendo que Yuri e Danilo voltaram para o pico e fizeram uma sessão sem ninguém no outside. Eles me garantiram que esse havia sido o melhor presente de Natal de todas as suas vidas...
MAyA NÃO EXITOU EM ENcARAR O MAIOR DESAfIO DE SUA cARREIRA POUcOS DIAS DEPOIS DE TER ALTA DO hOSPITAL, ONDE ESTEvE INTERNADA cOM UMA fORTE cRISE DE ASMA. PARA DESESPERO (E fELIcIDADE) DE SUA MÃE QUE AcOMPANhOU TUDO DO cLIff (fOTO AO LADO).
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Jaws foi uma grande lição para nós. A onda tem um nível diferente de tudo que eu e Twiggy já havíamos surfado. Este foi o wipe-out mais pesado da minha vida. Pude ver que a onda ia dobrar de tamanho e eu queria entrar nela de qualquer forma, por isso acabei largando do jet um pouco mais tarde que o normal. Calculei o bottom turn exatamente de encontro à um bump enorme, que me fez derrapar no pior lugar possível da onda. Tive pouco tempo para perceber como era ruim a situação. Fui sugado na face da onda e depois jogado em queda livre junto com o lip, tomei mais duas ondas na cabeça antes de ser varrido para o canal. Quando saí estava tossindo sangue pelo forte impacto na água. Vamos analisar melhor nosso equipamento e abordagem da onda para nos sairmos melhor na segunda tentativa. DISSE O cALIfORNIANO GREG LONG À SURfAR.
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“
Já havíamos surfado outros dias de ondas gigantes em Waimea, mas nesse dia 11 de janeiro, eu estava sentindo uma vibe muito boa, mesmo nervoso sabia que algo bom ia acontecer. Com certeza foi o momento de surf mais alucinante da minha vida e espero que de um retorno animal. Estou muito feliz que essa onda foi com o Gordo, meu parceiro dessa viagem. Ela está concorrendo ao prêmio no Billabong XXL e tenho esperança de que vai entra na briga entre as cinco maiores.
Yan Guimarães
”
“
Estava posicionado um pouco mais pra fora, daí quando veio essa bomba, todo mundo remou pra passar e o Yan mandou uma piadinha: “quem for nessa vira meu herói! hahaha!”. Saí remando como um louco e quase fiquei preso no lip, mas botei pra baixo com aquele frio na barriga. Quando consegui olhar pra cima o Yan estava voando do lip, animal! Cheguei à base e a onda explodiu, segurei um pouco, mas depois ela me derrubou. Foi um dia que vai ficar guardado na memória para sempre. Depois dessa onda tivemos nosso troco, levamos um vacão daqueles que agradeço a Deus por estar vivo... Sai da água mal, fraco, me joguei na areia e não sabia se ria ou se chorava. Já vi essa onda de vários ângulos filmados e ainda não acredito que sou eu... acho que não é a toa que me chamam de big rider medroso (risos).
Felipe Cesarano
”
Waimea Bay voltou a ser o palco máximo do big surf mundial, com alguns swells que chegaram aos 30 pés havaianos. O oceano entrou em fúria, foi a hora de tirar prancha gunzeira guardada no quintal de casa e remar muito para o outside. Com imagens e depoimentos exclusivos, você vai acompanhas nas próximas páginas a “Geração Kamikaze” de brasileiros que estiveram presentes nos maiores dias.
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fOTOS: BIDU
ASSISTA O víDEO DESTA ONDA SURfADA DIA 11/01 NA SURfAR Tv. WWW.REVISTASURFAR.COM.BR
RIcARDINhO, SILvIA, MARcO GIORGI, yAN, cESARANO, cAMARÃO, JÊ, JUNIOR fARIA E fUN.
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“
Nunca vimos uma temporada bombar Waimea cinco dias na mesma semana, sendo que em dois com 25 a 30 pés. Os brasileiros representaram bem e, como quebrou duas vezes com 15 pés, deu para treinar dropando com essas pranchas enormes, além de acostumar o físico e o psicológico, pois no dia que o bicho pegou a galera não amarelou. Todos entraram no mar com o coração na boca vendo aquelas bombas quebrarem sem parar. Ficamos 20 minutos depois do Eddie Aikau vendo se as séries davam trégua para entrarmos, porque o mar subiu ainda mais e a baía fechava o tempo todo. No primeiro intervalo entramos, passando uma série enorme no limite. Consegui dropar duas ondas de 15 a 18 que vinham no meio das rainhas, saí muito feliz. Na areia todo mundo se abraçava pelo feito e por estarmos todos bem! Muita vibe! Valeu mesmo! 84
Silvia Nabuco
”
“
Nunca tinha visto nada parecido. Aquele mar foi uma experiência única para mim e para toda a galera que surfou. No dia seguinte do Eddie, surfamos um mar de uns 12 pés e parecia que estávamos em uma vala de meio metro na Barra de tão confortável. Esses mares até ano passado eram vistos com respeito, mas tudo mudou, já que nos dias anteriores havia ondas de 30 pés quebrando no meio do canal. Da nova geração só estávamos nós brasileiros: Junior Faria, Gordo, Ricardinho, Marco, Camarão, eu e Yan Guimarães. Ter surfado esse mar foi algo que vai ficar marcado como uma barreira ultrapassada.
Jerônimo Vargas
”
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“
Não tinha muita opção a não ser surfar em Waimea , pois os outros picos estavam longe de surfáveis. Acordei e fui com o Jê procurar uma prancha Waimea gun. O fotógrafo Bruno Lemos me emprestou uma 11 pés e chegamos à baía lá pelo meio-dia depois de arrumar tudo e pegar aquele trânsito até a praia porque todo mundo queria ver aquele swell enorme. No caminho encontramos o Gordinho, Ricardinho, Fun, Yan e mais alguns amigos. Entramos na água com o Marco e o Camarão e a cada hora que passava as séries vinham com mais frequência e ganhando tamanho.. Passei alguns sustos, tive medo em alguns momentos, mas foi bom como experiência. Acho importante poder levar isso comigo pra tentar evoluir numa próxima oportunidade de surfar ondas gigantes.
Junior Faria
“
Ao chegarmos à praia, estava eu, Gordo, Munga e mais uns sete caras. Eu nem quis ficar olhando muito, saí entrando e quando cheguei ao canal olhei para trás e o Gordo ainda estava na areia. Aí pensei: “Agora eu estou sozinho”. Quando olhei para o outside veio uma série fechando o canal. Não sabia se voltava para areia ou continuava, mas já estava ali... Passei a série tranquilo e fui remando para o outside. Peguei logo uma e tirei um pouco da tensão. Foi a caída mais legal da minha vida. Estava realmente grande e não cabiam brincadeiras. Fiquei super amarradão de ter sido o mais jovem da galera que estava na água. Tenho certeza que essa nova geração do Brasil é a que mais se joga, junto com os cascudos Burle, Munga e Fun. Vamos lembrar esse dia para sempre.
Yan Guimarães
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”
”
bruno lemos
“
Foi o maior mar que surfei na vida. Estava muito grande, porém com uma boa formação. Em diversos momentos a baía de Waimea fechou, mesmo estando perfeita. Eu fui o último da galera a entrar no mar porque estava esperando a prancha de um amigo. Fiquei observando a galera surfando aquelas ondas gigantescas, por isso entrei muito adrenalizado na água, morrendo de medo. Peguei uma onda irada, acredito ter sido a maior que já surfei. Fui até o inside e saí do mar quase de noite, amarradão e feliz da vida por ter conseguido surfar um mar daquele e sair sem nenhuma história de terror para contar.
Ricardo dos Santos
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“Essa bomba que surfei sozinho foi uma das
maiores da minha vida! Estava storm, tempo nublado e água escura, sinistro! Gigante mesmo, 20 a 25 pés com algumas séries maiores. Coração a milhão com prancha 9,2 que ficou pequena, sem remada e no limite.
Marco Giorgi
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“Cheguei ao Hawaii no final de setembro, quando tinha acabado de passar o primeiro swell bom para Pipe, desde então a máquina não desligou mais. No mês de outubro rolou muita onda perfeita para o surf de high performance em Rocky Point, uns dias clássicos em Rock Piles e de quebra alguns dias em Pipeline sem crowd e com poucos locais impregnando.
Em novembro, na época da tríplice coroa havaiana, rolou bastante onda também, só que esses swels que chegaram eram storms, o que deixou as condições não muito boas para o surf no north shore. Só que no final desse mesmo mês os mapas já começaram a mostrar que dezembro bombaria muito, e não deu outra. Quem esteve
aqui surfou Waimea Bay, Phantoms, Pipeline, Sunset, Rocky Point e mais dezenas de altas ondas quebrando com todos os tamanhos. Os especialistas em previsões disseram que o hemisfério norte bombaria com grandes ondulações nesse inverno, e não é que era verdade?!” - Stephan Figueiredo
“fUN” EM PIPELINE.
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duda
ShANE DORIAN E MARK hEALEy EM MAIS UMA BOMBA cONcORRENTE AO BILLABONG XXL SURfADA EM WAIMEA.
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O vERDADEIRO KAMIKAZE JAPONÊS WAKITA EM BANZAI, PIPELINE.
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duda
O BAIANO íTALO ROSA ARRIScOU UMA MANOBRA DIfícIL E fOI PRESENTEADO cOM ESSA fOTO. REcREIO.
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Álvaro FreiTas
Pedro ToJal
GABRIEL PASTORI cOMEMORANDO O SEXTO TíTULO BRASILEIRO DO fLAMENGO EM ALTO ESTILO NOS TUBOS DA BARRA.
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O BAIANO íTALO ROSA ARRIScOU UMA MANOBRA DIfícIL E fOI PRESENTEADO cOM ESSA fOTO. REcREIO.
ZINhO ENTOcADO EM ALGUM LUGAR DO RIO. BEG ROSENBERG NO ESTILO cLÁSSIcO EM ITAcOATIARA.
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Álvaro FreiTas
Pedro ForTes
Pedro ToJal andrÉ CYriaCo
marCelo Piu
cLAUDIO hENNEcK RABIScANDO AS ONDAS DO ARPEX.
cANTO DO REcREIO.
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O BAIANO íTALO ROSA ARRIScOU UMA MANOBRA DIfícIL E fOI PRESENTEADO cOM ESSA fOTO. REcREIO.
RAONI MONTEIRO SURfANDO ITAÚNA, NUMA SESSION QUE PODERIA SER cOMPARADA cOM Off ThE WALL.
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Álvaro FreiTas
Álvaro FreiTas
manoel CamPos
O BAIANO íTALO ROSA ARRIScOU UMA MANOBRA DIfícIL E fOI PRESENTEADO cOM ESSA fOTO. REcREIO.
WILSON NORA, PRAIA DA MAcUMBA.
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BIEL GARcIA, REcREIO.
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Álvaro FreiTas
marCelo Piu
bruno lemos
O BIcAMPEÃO MUNDIAL MIcK fANNING EM DOIS MOMENTOS DE ÊXTASE. O PÓDIO DO PIPEMASTERS.
AUSSIES VOLTAM A REINAR fOTOS: BIDU
Só deu Austrália nessa temporada. Além de Mick Fanning levar o título mundial, Taj Burrow derrotou Kelly Slater na final da última etapa do ASP. De quebra, Joel Parkinson levou a Tríplice Coroa Havaiana. Em um ano muito disputado tivemos grandes apresentações. Slater, que normalmente é o ator principal, teve um começo de temporada ruim e ficou de longe vendo a disputa do título entre os australianos Fanning e Parkison. Já o brasileiro Adriano de Souza fez bonito, correu por fora sempre entre os top 5, teve seu melhor ano no circuito e conquistou a primeira vitória na elite do surf mundial. Desde 2003, a briga pelo título não era decidido na última etapa. Apesar de Joel Parkison ter liderado boa parte do ano, Mick Fanning chegou ao Hawaii com uma vantagem de 1.000 pontos. Com a derrota prematura de seu rival e conterrâneo, Fanning comemorou o bicampeonato mundial em pleno Pipeline Master diante de todos os figurões do surf mundial. “Simplesmente não sei o que dizer! Ontem eu estava super nervoso. O primeiro título mundial exigiu bastante trabalho mental. Este foi mais divertido, viajei mais com a minha família”, disse ele completamente emocionado.
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A comemoração foi tanta que Fanning mal conseguiu concentrar-se na bateria das oitavas contra outro velho conhecido da Gold Coast, Dean Morrison. Para liquidar a fatura, o Billabong Pipeline Masters 2009 foi vencido por Taj Burrow. E como é de praxe entre eles, já saiu da água com a bandeira de seu país. Mais festa dos australianos. Na final, Burrow derrotou o norte-americano Slater pelo placar de 12.83 a 7.10 pontos. Pela vitória, ele pulou para o quarto lugar no ranking, uma posição na frente de Mineirinho. “Foi difícil porque sabia que Slater podia fazer qualquer coisa. Mesmo quando havia 20 segundos para ir e eu tinha prioridade, ainda estava com medo. Não tinha nada a perder e tentei me soltar”, comemorou Burrow.
KELLy SLATER vIcE-cAMPEÃO DO PIPEMASTERS E QUINTO NO RANKING NO WcT.
RANKING ASP WORLD TOUR 2009 1° 2° 3° 4° 5° 6°
Mick Fanning (AUS) Joel Parkinson (AUS) Bade Durbidge (AUS) Taj Burrow (AUS) Adriano de Souza (BRA) Kelly Slater (USA)
7° C. J. Hobgood (USA) 8° Boby Martinez (USA) 9° Damien Hobggod (USA) 10° Dane Reynold (USA) 29° Heitor Alves (BRA) 40° Jihad Khord (BRA)
TAJ cONSAGRANDO DE vEZ O REINADO DOS AUSSIES.
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NO SENTINDO hORÁRIO, fOTO MAIOR: DEPOIS DE 4 DIAS DE vIAGEM, A chEGADA NA ILhA DE KATIET, DESEMBARcANDO EM fRENTE AO PIcO DE hT’S; SAvIO cARNEIRO EXPLORANDO DE cAMELO A PEQUENA vILA DE KATIET; WELcOME TO ThE JUNGLE! O AUTOR DA MATÉRIA cOM SEU LONG RULES EM NIPUSSy; LUcIANO DA cOSTA, GUSTAvO, ANDRÉ E SAvIO cARNEIRO. PAUSA PARA O REfREScO NA LONGA cAMINhADA ATÉ LANcE’S LEfT.
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A idéia era realmente fazer uma “trip roots”, diferente das convencionais para Mentawaii, onde mais de 50 barcos e alguns poucos resorts de luxo comandam o turismo. Porém, a viagem tinha acabado de virar uma “easy rider trip”, ou seja, sem destino. Embarcamos para a Indonésia, mais precisamente Jakarta, sem saber aonde iríamos nos hospedar. A única certeza que tínhamos era a vontade de surfar as ondas das Mentawaii.
FoTos: arquivo Pessoal
NO cOSTA
POR: LUcIA
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O INÍCIO DA “ROUBADA” Dia 05 de agosto, aeroporto de Cumbica, São Paulo. Faltando menos de uma hora para o embarque, Sávio Carneiro, parceiro da barca, me avisa que nosso contato nas Mentawaii, o fotógrafo baiano Bruno, que está jogado nas ilhas e nos daria a tão sonhada hospedagem em uma casa flutuante na região de Playground, tinha acabado de ligar dizendo que a casinha virou estoque de gasolina para os barcos que fazem as boat trips naquele local. Roubada a vista! Após 14 horas de voo, nossa primeira parada foi em Dubai. Lá esperamos uma conexão de cinco horas com aeroporto lotado. Gente do mundo inteiro se mesclava a cultura do Oriente Médio, com gripe suína no ar. Apesar de toda essa pressão, o pensamento era um só: como faríamos para surfar na região fora das opções tradicionais? Afinal, tínhamos 30 dias e o nosso dinheiro não era o suficiente para fazer a trip nessas opções luxuosas.
ABAIXO: fIcAR EM TERRA PROPORcIONA MOMENTOS ÚNIcOS cOM A cULTURA LOcAL. MORADORAS DA ILhA INDO PARA A IGREJA. UMA cARONA DE E-BAy PARA PIcOS cOMO RIffLES ENTRE OUTROS NA REGIÃO DE PLAyGROUND. fOTO MAIOR: SURfAR LANcE’S RIGhT cOM LONGBOARD, NÃO É MUITO cOMUM NOS DIAS GRANDES. LUcIANO DROPANDO MAIS UMA DA SÉRIE.
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CHEGADA AO DESTINO Ao desembarcarmos em Jakarta, passamos pela imigração e os indonesianos queriam de qualquer forma tirar alguma grana de nós. A conexão para Padang estava lotada e conseguimos dois tickets por um valor mais caro. Na Indonésia sempre se dá um jeito com uma graninha a mais. Nossa sorte foi chegar a Padang e ter uma pessoa nos esperando no aeroporto. Nolla, que foi enviada pelo Bruno, nos ajudou a arrumar um quarto. Explicamos nossa intenção de surfar alguns picos das Mentawaii e ela nos deu algumas coordenadas de como chegar lá, como também a possibilidade de dormir em algum Losmen (casa de locais). Então, definimos o primeiro local que gostaríamos de ir, Lance’s Right, conhecido também como Hollow Trees. Mas antes de realizar nosso sonho ainda tínhamos uma longa viagem cheia de imprevistos. No dia seguinte, pegamos o ferry boat para Sioban. Mais 15 horas de viagem onde todas as normas de segurança são ignoradas. Uma experiência surreal até chegarmos a Katiet, nas ondas de Lance’s Right, um dos picos mais cascas das Mentawaii. Bancada muito rasa, onda cavada e rápida. Uma praia linda, água azul e muitos coqueiros que formam um visual paradisíaco. Não demorou muito e conhecemos Hassan, um senhor que reside no local e que tem alguns quartinhos para alugar bem em frente ao pico de Hollow Trees. O visual era alucinante, bem em frente às ondas. Foram praticamente quatro dias desde a saída de São Paulo até este primeiro contato com o surf.
ENFIM DENTRO D’ÁGUA No dia em que chegamos as ondas estavam em torno de seis pés. Carlos, um surfista da República Dominicana, saiu do mar com uma “patada de tigre” feita pelo reef de Lance’s Right, muito conhecido como cirurgy table, ou seja, mesa de cirurgia, que deixa a galera com cicatrizes profundas caso encontre a bancada após uma vaca. Mesmo cansados caímos no mar. Sávio, fissurado, foi na frente. Finalmente estávamos surfando nas Mentawaii, batizados em HT’s. Na segunda caída da viagem, ao contrário do que a galera costuma fazer, fomos caminhando até Lance’s Left, que fica a quase uma hora e meia de Lance’s Right. Foi uma experiência única, pois é muito enriquecedor se envolver com a cultura local e vivenciar como vive o povo daquela região do planeta. Quando saímos da água, um nativo nos guiou de volta pela selva, um caminho mais curto, porém mais difícil, principalmente para quem carregava um longboard. Chegamos acabados em nosso Losmen e ainda tínhamos que preparar a nossa refeição. O que salvava era a bintang (cerveja local), quase gelada, pois a energia só era ligada de noite por um gerador que bombeava água do poço para ligar o refrigerador. O banho nem se fala, no melhor estilo indonesian, com canequinha e água de origem suspeita. E assim os dias foram se passando, sem luxo algum. Pegamos boas ondas em HT’s, às vezes sem crowd algum. Só nos melhores dias é que apareceram alguns barcos com uma galera para dividir as ondas.
DIA DO SWELL Dia 14 de agosto, o swell finalmente chegou. As ondas de Lance’s Right estavam bem pesadas e todo cuidado era pouco. Já os três brasileiros que chegaram com a gente se mandaram para Telescopes, um pico mais afastado de onde estávamos. O dia a dia é bem engraçado, somente pegando onda, ouvindo as galinhas, porcos, mosquitos e relaxando na rede ouvindo um sonzinho. A comida é sempre a mesma... Miojo! Que preparado naquela cozinha deveria se chamar KINOJO! O swell aumentou, chegando a ficar storm. Mas no dia seguinte o mar acertou e as ondas ficaram clássicas, rolando altos tubos com séries que chegavam fáceis aos oito pés. Para melhorar, caímos no mar antes de qualquer boat trip ancorar. Sávio pegou altos tubos e a galera ficou em êxtase com sua performance. O meu longboard parecia uma bala de canhão, que saía em alta velocidade em cada drop completado. Um dia inesquecível!Estávamos muito cansados, achando que não ia rolar outra queda e ficamos na rede. Por volta das 14:00 sentimos a casa balançar... Terremoto! Descemos as escadas correndo achando que o bicho ia pegar, mas a natureza foi generosa nesta parte de Sumatra e tudo não passou de um susto. Mais tarde, ficamos sabendo que em Padang o estrago tinha sido bem maior. Continuamos na varanda olhando as ondas, o crowd já tinha chegado e no mínimo quatro barcos estavam ancorados. Não aguentamos e caímos na água novamente. Se você quer pegar a boa, tem que pagar o preço e, infelizmente,
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acabei deixando o meu melhor longboard nesta sessão. Remei em uma bomba que o terral me segurou, o drop foi animal e a vaca monstruosa. Não sei como não bati no fundo, mas meu long ficou em dois pedaços. Sávio, usando o pouco da energia que ainda lhe restava, tirou tubos incríveis com sua 6’6. Foi um dia bem intenso e achamos que nada mais poderia acontecer depois de altas ondas, terremoto, wipe out monstro e pranchas quebradas. Puro engano! No meio da noite, a chuva e o vento ganharam força derrubando árvores e destruindo o telhado. Parecia que algo ruim estava para acontecer, mas felizmente foi só um grande susto, com a natureza mostrando mais uma vez quem é que manda naquela região.
RUMO A E-BAY
cAMINhADA PARA A ONDA DE NIPUSSy.
Há quase duas semanas que estávamos em Katiet, resolvemos tentar a sorte em outra ilha das Mentawaii. Lembramos que tínhamos encontrado o Yuri Soledade e avistamos o barco dele ancorado em Lances. Perguntamos se rolava uma carona para a região de Playground, mas precisamente E-Bay. Rapidamente arrumamos as coisas e nos juntamos à barca que estava com uma molecada de Maui, onde esse brasileiro reside. Depois de tanto perrengue, foi irado ter um pouco de luxo com chuveiro quente, arcondicionado, comida e bebida à vontade. No dia seguinte estávamos em E-Bay debaixo de chuva e tínhamos que encontrar algum lugar para ficar. O pior é que com a carona acabamos não repondo nossos mantimentos, o que era essencial. Em E-Bay a situação é pior do que em Katiet, porque não existe a possibilidade de se comprar nada por lá. Nossa sorte foi encontrar os amigos brasileiros que residiam na Austrália, pois eles tinham alguma comida e nos salvaram. Ficamos instalados na cabana de um australiano que, por incrível que pareça, era muito nova, mas o preço não era nada amigável para a Indonésia, 15 dólares por dia. Em Katiet, pagávamos três dólares. Apesar de parecer que a infra-estrutura era pior, em E-Bay o turismo em terra parecia ser mais forte, uma mistura do filme “A Ilha” com “Lost”, muitos europeus, alguns americanos, australianos e brasileiros experimentando o feeling ao estilo anos 70. Foi uma viagem no tempo.
Ficamos uma semana pegando marolas perfeitas. Surfamos Pit Stop, que é uma direita muito hot dog, além de Nipussy, que íamos uns 30 minutos andando entre coqueiros e nativos tatuados, Bang Bang e Riffles. Sem dúvida, a melhor onda desta região, muito longa e com várias sessões de tubo. A onda Bang Bang (lado aposto de Nipussy), cujo nome vem nome do chocolate muito vendido na indonésia, e Riffles junto com No Kandui são as melhores ondas de Playground. Para chegar ao local, saíamos no barco dos camaradas que conhecemos lá. Uns 40 minutos no meio da ondulação para chegar. O contraste era bem grande, enquanto luxuosos barcos ancoravam com hóspedes dos poderosos resorts, nós chegávamos com o barquinho frágil.
O REAL FEELING DO SURF Nada mais nos importava, a não ser as boas ondas, muitas risadas e o instinto de sobrevivência, já que estávamos nas mãos da natureza, que é muito forte neste lugar. Nesta região do planeta, com certeza, alguém pode pegar uma doença ficando muito tempo em terra. São muitos insetos, falta de higiene e água suja para o banho, vários fatores que colocam as pessoas em risco.
MISSÃO CUMPRIDA Partimos de volta para Padang e avistamos alguns resíduos do terremoto que tinha sacudido a Indonésia. Nossa trip ainda não tinha acabado, pois ainda fomos para Nias. Porém, a nossa principal missão tinha sido executada com êxito: surfar boas ondas. Além das roubadas e muitas histórias para contar, fazendo as Metawaii por terra. Agradeço a Deus pela proteção que nos deu e pela oportunidade de nos mostrar um lugar tão lindo, onde a eminência do poder da natureza é presente em todos os cantos, mostrando o que realmente importa na vida: as coisas simples, onde viver cada dia é o mais importante, pois o futuro é incerto. BASE EM hT’S E vISUAL DIGNO DE UM hOTEL 5 ESTRELAS.
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SAvIO cARNEIRO NAS ONDAS DE LANcE’S RIGhT.
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APOIO: BIKINIS NIcOBOcO
Nicole Bahls
24 anos Fotos: Yuri Cunha
Nicole Bahls, 24 anos, nasceu em Londrina. Dona de uma beleza única, em 2007 foi eleita a musa do brasileirão. Computou quatro milhões de votos e foi fotografada para uma campanha publicitária de uma marca de surfwear. Hoje ela faz parte do time de gatas do programa Pânico na TV, onde tem recebido elogios devido a sua beleza e atuação. Moradora da Barra, essa paranaense divide seu tempo entre a ponte aérea e a malhação. Quando perguntada se pretende mudar para São Paulo, Nicole tem a resposta na ponta da língua: “sou apaixonada pelas praias do Rio!” Nós agradecemos a preferência!
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MAIS fOTOS DESSA E DE OUTRAS MISSES SURfAR EM NOSSA GALERIA. WWW.REVISTASURFAR.COM.BR
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divulgação quiksilver
FoTos: Álvaro FreiTas
ThIAGO cUNhA E MESSIAS fÉLIX. O trabalho do shaper deve sempre contribuir da melhor maneira possível para que o atleta conquiste seus objetivos. É desta forma que o sergipano radicado no Rio Thiago Cunha, 46 anos de idade e 20 de sala de shape, vem desenvolvendo desde 2002 uma parceria campeã com o cearense Messias Félix, campeão brasileiro de surf profissional em 2009. “Trabalho com o Messias desde quando ele ainda era amador. Acredito que trabalhando assim podemos obter os melhores resultados com o passar do tempo, uma vez que é possível não ter apenas a cumplicidade, mas também um maior entrosamento. Isso é sempre proveitoso para podermos atingir objetivos maiores, porque a conquista é do atleta, porém a vitória é de ambas as partes envolvidas”, finaliza Thiago.
MESSIAS fÉLIX POR ThIAGO cUNhA Conheço e acompanho a jornada do Messias desde quando ele era muito jovem, porém ainda não tínhamos tido a oportunidade de desenvolver um trabalho juntos. Quando isso começou, os resultados também apareceram. É um atleta extremamente profissional e focado, nunca se deixou abalar diante das dificuldades que apareceram pelo caminho. Foi campeão nordestino pro, venceu o circuito Petrobras e agora atingiu o posto máximo do surf nacional: campeão brasileiro profissional, o primeiro para o Ceará entre os homens. Sempre faço pranchas de rabetas roud pin, as preferidas dele. São pranchas estreitas, geralmente com 17 3/4 ou 17 7/8, com pouca curva na rabeta e fundo totalmente côncavo. Geralmente
round pin dão segurança ao executar
6’0’’ para o dia a dia. Mas ele também tem em seu quiver pranchas 6’2’’, 6’4’’ e outras específicas para cada compromisso. Sempre existe o interesse de desenvolver e testar modelos. Essa abertura é fundamental, pois precisamos fazer testes de medidas, curvas e rabetas, buscando sempre novos limites para atingirmos o máximo em performance. É testando com atletas de alto desempenho que desenvolvemos bases para os modelos convencionais, que sempre têm características trazidas dos modelos aprovados para os surfistas em geral. O ‘Faro Fino’, além de ser esse superatleta é uma pessoa muito especial. Sempre solícito e participativo, não apenas aqui na equipe, como também na minha casa, pois ele é uma pessoa da família, querido e respeitado. Torcemos sempre pelo sucesso dele.
ThIAGO cUNhA POR MESSIAS fÉLIX As pranchas do Thiago são verdadeiros foguetes. Me amarro mais na 6’0 round pin, pois consigo me adaptar com maior facilidade às condições do mar com perfeita sintonia. Consigo realizar manobras ultra radicais e algumas até inacreditáveis. Graças aos foguetes do Thiago, eu efetuei um aéreo 540 reverse, que denominei “unbelievable”, até hoje jamais repetida. É maravilhoso surfar com uma boa prancha, sentir segurança e prazer. Minha preferência pelas rabetas round pin é devido a segurança que tenho em fazer o bottom turn e executar grandes arcos, manobras modernas bastante valorizadas pelos juízes e apreciadas pelo público.
grandes
arcos...
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Álvaro FreiTas
As rabetas
Após quatro etapas, o circuito estadual Sub-14, que contou com o patrocínio da Oalkey, da WQS e apoio da Surfar, elegeu seus campeões na final que aconteceu na praia do Recreio. O evento deu uma mostra que um bom trabalho de base pode trazer de volta as esperanças de o Rio voltar a brigar pelos títulos nacionais em todas as categorias. Carol Fernandes, que nasceu no Leblon e hoje mora em Saquarema, foi a vencedora na categoria Feminina, mas quem ficou com o título foi sua conterrânea Wendy Guimarães, que garantiu uma viagem para o Peru. Já o título de campeão da Iniciante foi para o carioca Pedro Neves, que liderou o ranking durante todoo circuito. Entre os surfistas mais novos, na categoria Pré-Petit, Paulo Renato, um dos destaques do ano, venceu mais uma e garantiu o título. Na Petit, João Vitor, de Saquá, foi o grande vencedor. E na Infantil, o niteroiense Matheus Rodrigues manteve toda calma para vencer mais um evento somando 3000 pontos, pontuação somente alcançada também por Wendy Guimarães.
Álvaro FreiTas
Álvaro FreiTas
OS cAMPEÕES MAThEUS fARIAS, JOÃO vITOR, WENDy GUIMARÃES, PEDRO NEvES E PAULO RENATO. Álvaro FreiTas
MAThEUS fARIAS.
PALANQUE DO SUB-14 NA PRAIA DO REcREIO. Teiro
SUB-14 ELEGE SEUS CAMPEÕES
Pedro mon
PEDRO NEvES.
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JAMF NA TAJ LOUNGE FoTos: Pedro monTeiro
A Jamf celebrou mais um final de ano com uma festa na Taj Lounge e muita gente animada. Com presenças ilustres do surf a noite foi diversão garantida.
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1- A Taj Loung está se tornando tradicional para festa da galera do surf. 2- Mariana comemorando seu niver de 25 primaveras 3- Mulher bonita não ficou de fora da festa. 4- Please, alguém conhece essas gatas? 5- Vivi Roxy, Duca e Ruy Costa sempre presentes na night carioca. 6- O DJ não deixou ninguém ficar parado. 7- Marcela Pimenta curtindo a festa com as amigas. 8- A forte presença das gatas. 9- Os velhos e bobos amigos Phil e Rafael Queixinho 10- Bruna, Claudinha e amiga tiraram nota 10 em beleza e simpatia. 11- A corajosaTayana fazendo uma tatoo oferecida pela MCD. 12- Mario (Jamf) ganhou um bolo pra lá divertido do companheiro André. 13- Gabriel Pensador esteve prestigiando a noite. 14- Sem comentários. 15- A zoação da galera.
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CIDADE
NEGRA
DE CARA
NOVA NOvA fORMAÇÃO DA BANDA cIDADE NEGRA: DA GAMA, ALEXANDRE MASSAU E LAZÃO.
A banda cidade Negra vive uma nova fase nos seus 23 anos de carreira. com a saída de Tony Garrido e a entrada do novo vocalista Alexandre Massau, a grupo manteve sua identidade para em breve estar lançando seu novo álbum “O verdadeiro Poder”. Em entrevista com o baterista Lazão, um dos fundadores do cidade Negra, a Surfar revela para seus leitores tudo que está acontecendo nessa nova etapa e conta um pouco mais da história da banda que representa o reggae nacional. POR: JOSÉ ROBERTO ANNIBAL
Há quantos anos existe a banda e por que o nome Cidade Negra? Aproximadamente há 23 anos. Começamos eu, Da Gama, Bino e Ras Bernardo. E este nome foi escolhido porque o Brasil é a segunda nação negra do mundo, sem falar que na Baixada, onde a banda nasceu, a maioria das pessoas que vive na periferia é negra. Por que a banda escolheu o reggae? Porque o reggae é uma música de cunho social, político e espiritual. Também pelo fato da Baixada naquela época parecer muito com a Jamaica, que até hoje é um grande gueto, assim como o Brasil é um grande gueto com um monte de cidades no meio.
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Quais os shows que mais marcaram a carreira do Cidade Negra em termos de público? Vários. Como o da visita do Nelson Mandela aqui no Brasil e três shows na Jamaica: o Reggae Sunsplash Festival, um Sunfest e o outro festival local de reggae, este devia ter umas 10 mil pessoas. No dia do show dos Stones, onde havia quase dois milhões de pessoas na praia de Copacabana, nós estávamos fazendo um show de aniversário de Angra dos Reis, com 50 mil pessoas assitindo o Cidade Negra. Então, isso foi o maior gesto de carinho do público em relação à banda. Também teve shows com o Shabba Ranks, Maxpriest e outros mais.
Como foi a escolha do novo vocalista?
muito politizadas?
O Alexandre Massau veio através de uma indicação. Algumas pessoas já haviam comentado que ele tinha tudo a ver com a banda pelo seu tom de voz, que é bem marcante. Depois da sua escolha, o Alexandre começou a estudar a história da banda, do reggae e memorizar toda nossa trajetória, além de tirar todas as músicas que o Ras Bernardo e o Toni cantavam.
A base do reggae é positive vibe. Não basta mostrar a ferida, mas o remédio também. Neste CD a gente tenta questionar os verdadeiros poderes e mostrar o caminho para um equilíbrio, estar bem consigo mesmo e próximo de Deus, que é o verdadeiro poder sobre tudo isso que fazemos. Esse é o caminho, buscar uma espiritualidade, porque as pessoas e os dias são difíceis. Não podemos contar com a política e com os grandes órgãos que atendem a população. Enfim, é como aquela história: ‘E o meu povo na linha de tiro e só meu Deus para defender’.
Basicamente neste período de dois anos a gente conseguiu fazer quarenta músicas inéditas. Selecionamos vinte e o CD está praticamente pronto, sendo produzido e mixado pelo Nino Romero. Foi gravado lá em casa, no Recreio, perto da Prainha. O Massau foi morar na minha casa durante seis meses e a galera vivia reunida lá todos os dias. Era um trabalho de criação, ensaios, adaptação e mudança de tom, além de relacionamento e conhecimento. Tudo se adaptando à nova voz que tinha chegado ao grupo. Como é esse novo CD? O nome do álbum é O Verdadeiro Poder, pois ele questiona os falsos poderes e o que é ter poder. Dê poder para alguém, só assim se conhece o verdadeiro caráter do homem. Você vê a política vergonhosa que temos aqui no Brasil, onde se desvia milhões de dólares e reais, e o grande povo que movimenta nosso país continua abandonado e jogado às margens.É um álbum tanto de reflexão espiritual quanto de conteúdo político-social. O Cidade Negra sempre teve essa bandeira forte desde o primeiro trabalho. É uma banda que sempre questionou a nossa passagem aqui na Terra como espírito, já que estamos aqui, temos que fazer alguma coisa! Você não pode viver a vida inteira sem fazer nada e não pode morrer em vão, entendeu? Dessa forma a banda e suas músicas não vão acabar sendo vistas como
Como foi o show que a banda fez no campeonato do WQS na Bahia? Foi super bacana. O evento foi maravilho e havia de 12 a 13 mil pessoas, mais ou menos. Existia uma curiosidade interessante em cima do Cidade Negra, porque, inicialmente, se tinha a idéia que a banda tinha acabado. Um dia antes fomos para Salvador fazer rádio e televisão e vimos a expectativa dos fãs em relação ao que o grupo ia apresentar no show, músicas antigas ou novas. Aprovação total! Felicidade pura, graças a Deus! A galera adorou e pediu até bis. Bem, você está frequentemente na praia pegando onda nas horas vagas. Qual a relação da música do Cidade Negra com o surf? Como o surf, a música é terapia, felicidade, trabalho. E tudo isso caminha lado a lado. No surf você materializa sentimentos que se existem dentro da música. Quando eu estou no palco tocando, existem músicas que me levam para o meio de uma bela onda e de um mar maravilhoso com um swell perfeito. Acho que tanto o surf quanto a música têm uma frequencia espiritual muito forte de bem-estar, equilíbrio, consciência e respeito. O surf é o esporte dos Deuses. Se os Deuses praticam algum tipo de esporte, eles pegam ondas, entendeu?
O NOvO vOcALISTA ALEXANDRE MASSAU.
miCaZaCa
Vocês estão gravando um novo CD com a nova formação da banda?
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Por: Tiago garCia
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REVIEW: BS é o mais recente lançamento em DVD da Volcom. Dirigido por Ryan Thomas, o mesmo de The Bruce Movie, o filme tem como protagonistas Alex Gray, Nate Tyler, Dusty Payne, Mitch Coleborn e Andrew Doheny. Isso mesmo, nem Bruce Irons e Dean Morrison fazem parte do projeto. A seção de abertura do DVD conta com grandes variações de aéreos de Coleborn e Payne, além de cenas inusitadas, como de um homem guiando patos em Bali, caranguejos na praia, surfistas iniciantes vacando, entre outras. BS também tem uma narrativa interessante de entrevistas entre os clipes de ação. Dustin, Mitch e Alex aparecem juntos respondendo perguntas de suas preferências entre points ou beach breaks, a hora certa de disputar o WQS e o respeito por caras como Margo e Ozzie Wright. Esses dois surfam em um shorebreak saltando das pedras já caindo em pé nas ondas, seguido de aéreos e tubos praticamente na areia. Já Mitch e Dustin impressionam com a facilidade que invertem a rabeta da prancha, ambos dão uma verdadeira aula de alley ups e aéreos reverses. E Andrew Doheny, o caçula do time, apresenta um guia de surf para Trestles, que inclui desfrutar a natureza e zoar a galera pouco convencional que lhe rabeia, imitando-os. Dentro d’ água, ele destrói fazendo tudo e mais um pouco do que as ondas de Lowers permitem. Bem, a trilha sonora não é das mais instigantes, a maioria das músicas são instrumentais de um gênero experimental, o que faz com que depois de certo tempo você fique meio saturado em 40 minutos de produção. Mas o DVD é um prato cheio para a galera que gosta de filmes que mesclam ondas em beach e point breaks, com manobras inovadoras. BS já está disponível para compra pelo Itunes. Confira o trailer do filme no site da Surfar.
NEWS:
- Outro surfista que terá um segundo “filme biografia” no próximo ano é Dane Reynolds. A direção fica por conta do videomaker da Flórida Dustin Miller. - O videomaker californiano Taylor Steele acaba de divulgar um concurso em que videomakers poderão inscrever clipes de surfistas para uma possível participação de um DVD lançado pela Poor Specimen, produtora de Taylor, além de pagamento em dinheiro pelas imagens. Mais informações em www.innersection.tv Para mais informações: www.tiagogarcia.net
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TOP 10 VIDEOS: por Alejo Muniz Momentum Campaign Wake Up Enigmáticos Foqueiu Too Subfoco Trilogy Freakside First Chapter 3 Degrees
divulgação
- Ryan Thomas, o mesmo diretor de BS, está produzindo o segundo filme de Bruce Irons, com previsão de lançamento para julho de 2010.
Muitos leitores vêm nos enviando sugestões, opiniões, críticas e elogios. Envie uma carta, scrap pelo orkut, recado pelo facebook ou twitter e faça parte do time dos leitores que contribuem com nossa evolução.
RESULTADO DA PROMOÇÃO CTSURF E SURFAR: Filipe Costa (Rio de Janiero) Frase vencedora: “O contato com a natureza purifica a alma, o corpo e a mente; a remada libera as energias e as manobras nas ondas recarregam as baterias para a correria do dia a dia. Filipe Costa” Foi profunda essa meu camarada... Valeu! Gordo tu é um comédia, mas você representa. Um abraço do mestre dos Putos Marcinho! Marcio Lira, via Blog Surfar. Postinho surf club! Giora, via Blog Surfar Gostaria de agradecer a vocês por distribuírem 0800 a melhor revista de surf do Brasil. Nem nas revistas pagas eu vejo fotos do nível das que saem na Surfar. As fotos desse fotógrafo Pedro Tojal estão fazendo a diferença legal. Vejo todas as revistas gringas lá no Bibi Sucos e vocês estão no mesmo nível. Só o papel mesmo que poderia ser melhor que esse que parece jornal, sei lá, só um toque mesmo. O resto tá animal. O site também está muito foda, com altas fotos na galeria irada. Bota mais do Rio também, dos mares que rolam por aqui, que vai ficar irado! Valeu Jardim Oceânico na veia! Jorge Araujo, via e-mail.
A CAPA DA ÚLTIMA EDIÇÃO DEU O QUE FALAR. CONFIRAM ALGUNS COMENTÁRIOS QUE RECEBEMOS ATRAVÉS DA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK. É isso aí, a caminho de ser a melhor revista de surf do Brasil! Ricardo Aguiar, Tatuí A arte da capa tá incrível! Cada vez melhor! Lívia Barros Nosssaaaaa! linda! Everton Luis Tojal é um ídolo! Julio Fonyat Que ângulo, tá irada essa foto! Amélia Nogueira Baptista Quero ver a revista on-line. Tá animal a capa... Bom trabalho equipe! Stephan Figueiredo Woooo! Nice hum??? Bruno Lemos
DEMOS MOLE! Foto do Omar em Puerto – Errata: Na última edição não foi creditado o nome do fotógrafo Diogo D’Orey na matéria “No Olho no Furacão”.
Irada! CabecaFeita Surf Art Uau! Só matéria boa! Emerson Maione Ficou irada essa edição. Eduardo Duca Cavalcanti Caraca! A capa ficou incrível! Parabéns Annibal,Tojal e todos que contribuem para a revista! Taty Cheung Para os internautas de plantão site da Surfar totalmente reformulado. Vale à pena conferir: www.revistasurfar.com.br
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VICTOR RIBAS PERGUNTA PARA ADRIANO DE SOUZA Você está satisfeito com o julgamento e o critério da ASP?
Qual foi a maior dificuldade para você chegar onde está?
Acho o critério certo, mesmo sendo subjetivo. Tenho que trabalhar para surfar cada vez mais dentro desse critério, aliando ao fato de tentar surpreender os juízes também. Só resta eles estarem preparados e serem os mais justos possíveis.
Sempre tive uma boa estrutura e suporte. O Luiz Pinga, que está comigo desde o começo, sempre procurou o melhor para mim, fator que me ajudou muito. Mas a saudade da minha família é o que pega mais.
O que você acha das mudanças da ASP para 2010?
Você acha que a ASP é uma entidade que ajuda e compra o barulho dos atletas?
Ainda é cedo para ter alguma avaliação, mas vejo com bons olhos. O objetivo é tornar o esporte mais competitivo e que a renovação seja mais rápida. Achei interessante, vamos ver.
Precisamos de mais convênios com companhias aéreas, médicos e tudo mais. Eles podem procurar trabalhar como entidade e buscar benefícios para os surfistas. Às vezes, coisas simples podem ajudar os atletas.
Qual a etapa que você gostaria de vencer?
Qual é a sua preparação física durante o tour?
A do Brasil, perto da galera...
Faço uma pré-temporada forte antes do tour começar. Depois trabalhamos com muito pilates e aeróbico, sempre com foco no tipo de ondas que terei pela frente. Quais foram os campeonatos que você acha que cometeu erros e o que faria se pudesse voltar atrás? Já cometi vários erros em baterias. O que fazemos é trabalhar em cima dos erros com muita concentração para eu possa evoluir minhas deficiências e buscar cada vez mais o equilíbrio nas baterias. Ondas como Tahiti e Pipeline ainda são um desafio para sua carreira? Mesmo com as dificuldades que temos para surfar, Pipe e Tahiti são ondas fantásticas. Mas ano a ano venho surfando melhor, sentido a evolução e ganhando confiança no Hawaii. Já no Tahiti, você consegue treinar mais, tenho crescido muito nestas ondas, procuro ir bem cedo. Sei também que nelas a evolução deve ser constante e sempre. Você acha que ASP deveria fazer antidoping? Acho sim. Para mostrar que o surf é sério e seguirmos as regras de todos os esportes. Também devemos nos filiar a WADA (Agência Mundial AntiDoping) para termos credibilidade na hora de buscar patrocínios e tudo mais. Você fez boas amizades com os atletas no tour ou ainda existe discriminação com os brasileiros?
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Nós somos diferentes mesmo. Na língua e na cultura. Hoje vejo um relacionamento mais próximo, estamos sendo mais aceitos e respeitados. Mas é claro que ainda existe certa discriminação. Temos que quebrar esta barreira, todos juntos com atitudes corretas. Os errados não somos nós, porém devemos ter em mente que temos de mudar em le
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Victor Ribas, 38 anos, local de Cabo Frio no Rio de Janeiro. Adriano de Souza, 22 anos, criado no Guarujá em São Paulo. Em comum, além dos apelidos no diminutivo, esses surfistas profissionais carregam em seus currículos as melhores colocações do surf brasileiro na elite mundial. Vitinho foi terceiro colocado no tour em 99. Já Mineirinho, quinto no WCT em 2009, seu terceiro ano no circuito. A Surfar promoveu um bate papo dessas duas vitoriosas gerações do surf brazuca. Confiram! POR: ROGER fERREIRA
ADRIANO DE SOUZA PERGUNTA PARA VICTOR RIBAS algumas coisas também. Como é o Vitor Ribas como pessoa? Sou um cara bem envergonhado, na minha. Dou muito valor às pessoas que me tratam bem. Tento ser um grande pai e um bom amigo.
Também não deixaria as grandes empresas terem poder de decisão na entidade dos surfistas. O futuro do esporte tem que ser resolvido pelos surfistas e executivos profissionais contratados. Chega de votos das grandes empresas do meio! O que é o surf para Victor Ribas?
Você já terminou a temporada como terceiro melhor do mundo. Conseguiu capitalizar estes resultados em seus contratos de patrocínio? Consegui um bom contrato nessa época, mas não ganhei nenhum prêmio por ter conquistado esses resultados. O que você pretende fazer quando realmente deixar as competições de alto nível? Sempre vou surfar e pretendo ter um campo de treinamento com hospedagem na minha cidade, Cabo Frio. E quem sabe trabalhar para a Onbongo, pois é uma grande empresa que sempre me apoiou.
O surf é a minha vida, onde encontro a felicidade que me faz ter vontade de viver. O mercado é muito grande, mas nesses últimos anos as empresas estrangeiras ganharam uma grande parte do mercado brasileiro. Devemos explorar mais o mercado mundial com os atletas brasileiros e a nossa cultura, que é alucinante. Hoje as empresas buscam as novidades lá fora, deixando de criar aqui coisas da nossa terra. Enquanto continuarmos a copiar os gringos, estaremos abrindo portas para os produtos estrangeiros. Não precisamos disso, temos que dar força para nossos guerreiros! Por quantos anos a Austrália continuou falando bem de seus atletas, mesmo sem serem campeões? Vários anos se passaram até chegar novamente a hora deles.
Sua geração sempre protestou contra o julgamento da ASP. O que você tem a dizer sobre isso? Nós passamos por uma época de aprovação, pois sempre tinham algumas críticas em relação aos brasileiros. Acho que não devia existir head judge (juiz central), pois ele atrapalha os juízes a terem sua opinião própria. Deveria ser igual à ginástica olímpica: vários juízes de alguns países com o nome legível para todos verem. Primeiro sai a nota de cada um e depois a média. Você foi e é um dos maiores surfistas do Brasil em todos os tempos, mas, pelo que mesmo diz, nunca teve uma força muito grande da mídia. Acha que faltou alguma coisa? Sim. Naquela época as marcas que patrocinavam os brasileiros eram empresas brasileiras e não tinham muita forca na mídia internacional. Por isso, nossos feitos eram facilmente omitidos pelos gringos.
Você acredita que seu nome e imagem foram bem trabalhados durante sua carreira? Não. Principalmente por conta das empresas em que eu estava no momento não estarem muito ligadas em explorar isso ou, então, não tinham uma boa equipe nessa função de mídia. Quais mudanças você faria na administração e gestão das entidades que administram o surf?
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Precisam contratar profissionais e não ex-juízes ou ex-surfistas profissionais para os cargos de maior importância.
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... MAIS HAWAII
bruno lemos
PRÓXIMO NÚMERO
A TEMPORADA DO hAWAII cONTINUA BOMBANDO.
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