Surfar #12

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gabriel pastori, pipeline.





pedro tojal

índice

1.

Visão do tubo por baixo: Esse é um dos ângulos mais difíceis. O risco de ser atropelado pelo surfista, a água que a prancha levanta em cima da lente e a grande chance de voltar com a onda são algumas das complicações de se fazer essa foto. Para conseguir esse resultado, tive que me posicionar abaixo e bem próximo da zona de drop do Ruben, que é local de Pipe/ Backdoor. Em vez de cavar, ele botou direto no trilho e passou na minha frente. Olhar bem nos olhos dele foi fundamental. O olho diz o caminho que o surfista seguirá. Ruben Tejada, Pipeline. Veja 9 outros ângulos de Tojal na pág.

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Hawaii 10 Anos Depois

Na meca do surf após 10 anos.

Na Rota do Swell

Bruno Lemos fez a conexão Oahu Maui - Califórnia seguindo o swell.

Mavericks: A História Reescrita

A história do Big Surf é reescrita com ondas de 60 pés surfadas na remada.

Todos Santos Big Wave Event

A etapa final do circuito de ondas grandes.

Miss Surfar

A beleza e naturalidade da publicitária Olivia Furieri.

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eDitorial

TIME DE PRIMEIRA Mantendo a linha editorial de trazer para você, leitor, o que de mais novo aconteceu no mundo do surf e com uma temporada de ondas grandes que ditou o ritmo nas mídias especializadas, a Surfar não economizou esforços para chegar junto aonde quer que seja. Montamos nosso QG no Hawaii desde o início de novembro e permanecemos até o final de fevereiro. De lá foram elaboradas pautas e os fotógrafos se revezaram na busca incansável para cobrir todos os swells que apareciam na internet. Bruno Lemos, que reside em Haleiwa, esteve em Jaws, Mavericks e Todos os

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Santos, que até lhe rendeu uma foto de capa na edição passada com o “Monster” dropando uma montanha d’água. Bidu, sempre muito bem equipado e 24 horas com seu MSN ligado, chegou antes dos surfistas profissionais, ficou até o começo de março e fotografou todos os dias gigantes em Waimea. Uma das suas fotos publicadas com exclusividade na Surfar foi comprada pela Billabong e virou anúncio de página dupla nas revistas gringas. O carioca, que passou quase dois anos viajando pelo mundo, está preparando uma matéria especial para publicar suas viagens na nossa próxima edição de aniversário.


Para completar o time, o fotógrafo Pedro Tojal, agora staff da Surfar, desembarcou depois dos eventos no mês de dezembro e, com sua lente olho-de-peixe, registrou todos os dias tubulares. Após dois meses colhendo imagens nas bancadas rasas e perigosas, Tojal conta em 18 páginas os segredos da fotografia aquática que ninguém nunca teve coragem de contar. Esse sempre foi o objetivo da Surfar, surpreender o leitor com fotos inéditas e um conteúdo de primeira!

bruno lemos

nesta: os baianos Marcio freire e Danilo couto se JoganDo no Maior pipe Da teMporaDa. na capa: gabriel pastori por Mais uM Ângulo inusitaDo De toJal eM pipeline.

Aliás, nestes últimos meses recebemos uma grande quantidade de material que daria para fazer pelo menos mais duas edições sem comprometer a qualidade da revista. Isso se deve ao grande comprometimento dos colaboradores de fotos e dos surfistas que estão envolvidos no projeto da Surfar. Aguardem a próxima edição em maio: aniversário de dois anos. ALOHA! José Roberto Annibal

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ian guiMarÃes nÃo se intiMiDou coM os Maiores sWells Da ÚltiMa DÉcaDa no HaWaii e feZ bonito eM pipeline. foto: biDu

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bruNo LEMos


para sEr Coroado CaMpEão MuNdiaL dE oNdas GraNdEs EM 2010, o CaLiForNiaNo GrEG LoNG CHEGou a todos os saNtos CoM disposiÇão para as boMbas. Na Maior dE todas, tEVE a sortE do FotÓGraFo bruNo LEMos Estar bEM posiCioNado para FaZEr a MELHor Foto do EVENto.

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surf eM trÊs DiMensÕes O surf é um esporte de grande apelo visual. Seus vídeos já mostraram manobras inéditas, revelaram ao mundo sessões exclusivas, influenciaram tendências e puxaram sua evolução. Filmes e mais filmes são lançados anualmente. Agora mais um passo foi dado na história do cinema no surf com o lançamento do primeiro filme 3D dedicado totalmente ao esporte, o The Ultimate Wave Tahiti. Para quem não sabe as telas para exibir filmes em 3D são bem maiores que uma de cinema normal. Além disso, assistir um filme desses deve ser uma sensação indescritível. A produção segue a nova onda de filmes como Avatar e X Games, mostrando o surf sob uma nova perspectiva. O diretor Stephan Low, que já ganhou mais de 50 prêmios ao redor do mundo por suas inovações na telona, foca em Kelly Slater fazendo dupla com o surfista tahitiano Raimana Van Bastolaer. Também expõe a importância das relações entre o homem e o oceano, como as ondas são formadas e como elas afetam as comunidades que as cercam. Low e sua equipe usaram uma tecnologia desenvolvida para capturar todo o encantamento das poderosas ondas do Tahiti. “Foi um experiência fantástica em Teahupoo enquanto fazíamos o filme”, afirmou Slater. “A tecnologia usada vai ajudar o público a compreender a incrível força desta onda e irá educar as gerações futuras para protegerem os oceanos de todo o mundo”, concluiu. Em The Ultimate Wave Tahiti, Kelly Slater e seus amigos surfam ondas insanas e o 3D traz a realidade delas para perto do espectador. Provavelmente, a mistura das ondas perfeitas de Teahupoo, as deslumbrantes praias do Tahiti, o poder do maior surfista de todos os tempos e o advento do cinema 3D serão ingredientes que construirão uma grande experiência que nós poderemos ter em 2010. Aqui no Brasil ainda não há previsão de lançamento, mas ficaremos ligados e avisaremos assim que soubermos. Confira o trailer do filme na SurfarTV: www.revistasurfar.com.br

No dia dois de fevereiro rolou na praia do Arpoador uma alucinante celebração pela vida dos oceanos. Convocado pela foto-educadora Vanessa Moutinho, um grupo de amigos unidos por amor à Gaia (deusa grega do Planeta Terra) idealizou e organizou a limpeza do local, sarau com danças e músicas sobre a água, além de um círculo de oração na areia e no mar, inspirado na homenagem a Eddie Aikau. Visando conscientizar as pessoas para o potencial de ações própreservação dos mares, fonte de 50% do oxigênio que respiramos, o círculo reuniu aproximadamente 60 pessoas de diversas idades e crenças, incluindo ambientalistas de profissões variadas, surfistas, artistas e turistas, atraindo também dezenas de curiosos. Diferente dos Clean-up Days, realizados por organizações como a Aqualung e o Greenpeace, a CelebrAção (nome do evento) focou também na cura e na conexão do ser humano com o mar. ”Executar esse projeto foi realizar um sonho, que se tornou possível a partir da formação desse grupo de designers para a sustentabilidade. Nos baseamos na sabedoria do guru alemão Eckhart Tolle: Só deixaremos de poluir o mundo ao nosso redor quando deixarmos de poluir nossos espaços internos”, lembra Vanessa. Existem planos para oficializar o evento a partir da 2ª edição ainda em 2010. “Esperamos contar com o apoio de mais pessoas, ONGs e empresas para transformar o evento num grande movimento. Atletas amadores e profissionais de esportes radicais têm forte papel na preservação da natureza. Este momento é de transição e não estamos perto do mar à toa”, conclui. Para mais informações: www.reflorestarohumano.blogspot.com

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luana Fortes

aMar o Mar É preciso

celebraÇÃo pela ViDa Dos oceanos.



ÁlVaro FreItas

igor Morais faZenDo a festa.

paulistas roubaM a festa eM saQuareMa

ÁlVaro FreItas

A primeira etapa do Rip Curl Grom Search realizada em Saquarema fez a alegria dos paulistas. Das quatro categorias disputadas, três foram vencidas por seus representantes. Deivid Silva, do Guarujá; Igor Morais, de São Sebastião, e Wesley Dantas, de Ubatuba, levaram o surf ao degrau mais alto do pódio, respectivamente nas categorias Mirim (Sub-16), Iniciante (Sub14) e Grommets (Sub-12). Na Feminina (Sub-16), vitória da capixaba Bárbara Segatto. O guarujaense Deivid Silva, destaque da etapa, chegou à final vencendo as baterias que competiu nas três primeiras fases. Na semifinal, se classificou em segundo lugar. Já na final não deu chances aos adversários. Em segundo lugar ficou o catarinense Matheus Navarro, seguido do carioca Daniel Munhoz e do catarinense Yan Dabercow. “O mar se manteve bom nos dois dias do

o atual caMpeÃo brasileiro Messias fÉliX.

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campeonato e isso foi importante para a minha vitória”, comentou o local da Praia Branca. Bárbara Segatto, que conquistou o título da etapa de maneira invicta, mostrou mais uma vez a superioridade sobre as adversárias na decisão. Ganhou com facilidade de Carol Fernandes, representante do Rio de Janeiro. “Comecei bem o circuito e espero que aconteça o mesmo em Ubatuba, pois, nos dois últimos anos, bati na trave e acabei não indo para a Austrália”, afirmou a surfista do Espírito Santo. Os vencedores em Saquarema foram com vantagem para a segunda e decisiva etapa, que aconteceu nos dias 6 e 7 de março, na praia de Itamambuca, em Ubatuba. Confira na galeria de fotos no site da Surfar a cobertura completa da primeira etapa.

brasil surf pro O novo Circuito Brasileiro de Surf Profissional tem sua estreia marcada para 7 de abril na praia de Itamambuca, litoral norte de São Paulo. O Brasil Surf Pro irá distribuir o prêmio recorde de 1 milhão de reais em suas cinco etapas que, após Itamambuca, passam por Pernambuco, Santa Catarina e Rio de Janeiro. A última e decisiva, onde serão conhecidos os campeões da temporada 2010, ainda não tem local definido. Outra novidade é o aumento da premiação nas etapas, agora é de R$200 mil, além do automóvel zero quilômetro, que continua sendo premiado para os campeões das categorias Masculino e Feminino. O número de atletas na elite nacional também sofreu alterações, subiu para 64 no Masculino e foi reduzido para 16 surfistas no Feminino.



“É o seguinte: a onda é perfeita e muito perigosa!”. Recebi uma ligação do fotógrafo Duda, que mora no Hawaii, falando sobre as condições e chamando eu e Pedro Manga para surfar em um pico secreto. Tojal e Bidu também foram com a gente. Saímos de casa às quatro da manhã para chegar antes de o sol nascer e dos locais, que nessa parte da ilha não estão nem ai para o circo que rola no North Shore. Eles odeiam e expulsam qualquer haole. Assim que paramos, vimos uma série animal e ficamos loucos. Corremos para água, porém ninguém sabia por onde entrar, porque só tinha pedra e a onda quebra em cima dela. A parada é tensa! Quando achamos o caminho, parou um carro velho, desceu um local mal encarado e começou a gritar: “Get fuck out of here haole”. Aí tentamos disfarçar, mas não deu outra, o cara veio e nos expulsou mesmo. Fomos para o carro desiludidos com a vida huauhhua e nessa lembrei: “Porra, o André da Montanha, brasileiro muito considerado e que mora há vários anos no Hawaii, sempre falou de um tal Brian Pacheco localzão aqui, que é como se fosse filho dele”. A galera me encorajou para eu ir falar com o cara, fiquei tenso, mas fui tentar a sorte. Cheguei humilde, pedindo desculpa por ter vindo, mesmo sabendo que ninguém surfa lá, e nessa ele já ficou putão. Quando perguntei se conhecia o Brian Pacheco, porque ‘meu tio’ André disse para eu ir surfar no pico e que era só falar com ele, o cara abriu um sorrisão e falou que era o próprio. Em seguida perguntou como o André estava e disse: “Você pode surfar comigo, mas seus amigos não!” Dei uma risada já imaginando o Manga puto dentro do carro. E depois perguntei: “Pô, estou com uns fotógrafos ali no carro, eles podem entrar? Eles disseram que lhe dão as fotos”. O cara riu e disse: “Impossível, tô nem aí para fotos, vamos surfar logo, partiu...”. Não teve jeito, entrei e peguei uns tubos irados, mas apenas as sobras, porque as ondas boas eram dos locais. Fiz a cabeça. O Duda deu um jeitinho, entrou de fininho e pegou umas também. Mas o Manga não quis entrar e ficou só me agorando, até que quebrei minha prancha ao meio e tive que nadar para caramba e sair numa pequena faixa de areia que tinha lá longe. Mais do que os tubos que peguei, o que me impressionou muito foi a moral que ‘meu tio’ André da Montanha tem no Hawaii. O Brian simplesmente mudou de um jeito que fiquei de bobeira. Valeu Dedé do morrinho... Salvou um dos melhores dias de surf da minha temporada!!! Aloha Brodaaaa... Uhuuuuu!!!!

felipe cesarano É surfista profissional coM patrocínios Das Marcas: rusty, JaMf e Vibe

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rICK WerneCK

coM o foco na elite A paulista Claudia Gonçalves tem jeito de menina moleca. Bela e extrovertida, ela surgiu ainda adolescente no surf competitivo brasileiro. Recém-formada em jornalismo e modelo nas horas vagas, a surfista profissional teve uma série de programas “Batom e Parafina” exibida no mês de janeiro no Multishow, que retratou seu dia a dia. Claudinha, como é chamada pelos amigos, quer agora em 2010 se dedicar totalmente ao surf profissional e assim alcançar seu maior sonho: entrar no WCT. O que vem primeiro na sua vida: surfista profissional, jornalismo ou modelo? Com certeza o surf. No programa “Batom e Parafina”, você revelou que seu maior sonho é competir no WCT. Quais são suas metas em 2010 para alcançar esse objetivo? Já que terminei a faculdade, vou me dedicar mais e competir de igual para igual com as meninas do WQS para tentar a minha vaga no WCT. O que acha que está faltando em você como atleta para alcançar o WCT? Falta mais foco, me concentrar em apenas uma coisa e dar o meu melhor. Essa é a minha meta para 2010: dedicar minha vida totalmente para o surf profissional. Você consegue levar uma vida boa com o salário de surfista profissional? Ou as atividades como modelo e jornalista também te ajudam a manter esse padrão? O surf não é um esporte muito bem pago, nem no masculino, que é o carro chefe. Acho que pelo crescimento do esporte, tanto em número de praticantes, quantidade de eventos e inclusive na parte comercial, já deveria ter melhorado. Mesmo assim, sou bem remunerada e sobrevivo através do meu esporte. Sobre as outras atividades que exerço, vejo como um bônus, porque não posso contar como um salário mensal, às vezes ganho e outras não. Tem outros projetos nas outras áreas que exerce? Com certeza. Sou uma menina cheia de sonhos. E estou sempre tentando fazer o meu melhor para torná-los realidade. A revista Ehlas já é um deles. Mas no futuro penso em ter um programa de TV relacionado a esportes radicais femininos, comportamento, moda, curiosidades, viagens e etc. Tudo em um só! Também quero fazer comerciais e outras coisas como modelo. Você tem uma vida bem itinerante: morou em Maceió, Guarujá e Floripa. Já pensou em morar no Rio? Já morei em vários lugares mesmo sem optar, pois meu pai é piloto de avião. Hoje moro no Guarujá. Gosto de viver em um lugar pequeno e que tem uma boa estrutura, como é lá. Esse ano, eu quero passar uma temporada no Rio, adoro a cidade. O que falta para o surf feminino estourar no Brasil? A junção de algumas coisas que ainda não temos em nosso país. Em primeiro lugar, um trabalho de base, isso reflete em patrocinadores, investimentos e profissionalismo. Poucos apoiam o surf feminino.

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bruno lemos

a eXuberÂncia Do oceano eM pipeline.

ÁGUA: UM BEM IMPRESCINDÍVEL À VIDA

por: anDrÉ breVes

Fotos de satélites feitas do Espaço mostram que a Terra é uma grande esfera azul e possui mais água do que qualquer outra substância. A água compõe cerca de 70% da superfície do Planeta e os continentes ocupam o restante. Mesmo assim, de toda a água existente, menos de 3% é doce e somente 0,02% do total está disponível para o consumo humano. A lenda que um dia a água acabará deve ser mais bem entendida. Diferente de como muitos pensam, ela simplesmente não deverá “sumir do mapa”, porque é uma matéria que por muito tempo deverá ser abundante no Planeta e ficará circulando sempre em um dos seus três estados físicos (sólido, líquido e/ou gasoso). Mas é importante destacar: o que vem realmente acontecendo na atualidade é a falta de água potável para todos, principalmente devido à irresponsabilidade das sociedades modernas, que contaminam e poluem as fontes próprias para o consumo humano. A água é um bem imprescindível para a vida, pois forma a maior parte do volume das células dos seres vivos. Sem ela, o Planeta provavelmente não teria vida. Em um cenário de caos, sem água disponível para o consumo básico, o Homem também desapareceria. Além disso, no mundo existem alguns exemplos de conflitos armados entre povos que disputam terras mais férteis e com água, como a guerra entre israelenses e palestinos. E o ser humano experimenta e sofre bastante com doenças e a falta de desenvolvimento social relacionados à escassez dela em diversos locais. O mundo parece estar bem próximo de enfrentar uma crise séria de abastecimento de água, visto que a maior parte da quantidade dela serve para abastecer a menor parte da população mundial. Segundo as Nações

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Unidas, aproximadamete 1.100 bilhões de pessoas (uma em cada seis) vivem sem água potável. Nesse sentido, o Brasil é um país privilegiado em um Planeta sedento, além disso tem o maior rio e reservatório subterrâneo do mundo. Mesmo assim, a distribuição da água é desigual. Hoje cerca de 16% dos domicílios não têm água e bilhões de reais seriam necessários como investimento para que todos os brasileiros a tenham. No Brasil já há iniciativas de mudança de hábitos para racionalizar o uso da água, preservar este valioso bem e a disponibilizar para todos. Em alguns locais se tem estabelecido a cobrança de valores para seu uso e para a implantação de métodos mais eficientes para usá-la, diminuindo o seu consumo e aumentando o índice de sua reutilização. Com isso, indústrias poluidoras têm minimizados seus impactos e diminuído o desperdício. Há esperança que o Homem desenvolva a consciência da importância da água para a sua subsistência e sobrevivência, como também para a preservação de todas as outras formas de vida. O Dia Mundial da Água, em 22 de março, está aí para refletirmos, discutirmos e buscarmos soluções para um mundo sustentável. Porém, é no nosso dia a dia, dentro da nossa casa, do nosso condomínio, da nossa rua, bairro e cidade, que temos que mudar as atitudes para garantir o futuro das próximas gerações. anDrÉ breVes raMos É biÓlogo MarinHo. nos Dias De ressaca no pontÃo Do leblon, ele É presenÇa garantiDa Dentro D´agua. sugestÕes De pautas e criticas enVie e-Mail para surfar@reVistasurfar.coM.br .



Fotos: annIbal

HAWAII 2010

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1 - Os fotógrafos Bruno Lemos com seu filho Keale e Lika Maia curtindo um final de tarde em Pipeline. 2 - O casal Waldir e Gica Vargas aproveitando as férias em Sunset. 3 - Felipe Braz e o fotógrafo Bidu em Velzyland. 4 - Omar Docena em Sunset. 5 - José Roberto Annibal e os fotógrafos Pedro Tojal e Bidu numa reunião de pauta em Haleiwa. 6 - O fotógrafo e videomaker Gustavo Camarão nas pedras de Rock Point. 7 - O casal Marcos Sifu e Layla Mota com Diego (Volcom) e Leka Mendes em Waikiki. 8 - Nova geração em Pipe: Felipinho Toledo e o atirado Lucas Chumbinho. 9 - Depois de tomar a série em Pipeline, Caio Vaz recupera o fôlego.

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1 - O waterman havaiano Brian organizando o evento de seu pai, Buffalo Keaulana. 2 - O ícone do skate Jay Adams também dá suas remadas. 3 - As brasileiras Gabi, Iara e Yuli num fim de tarde em Sunset. 4 - O lendário surfista Buffalo Keaulana e o editor José Roberto Annibal durante o evento realizado em Makaha. 5 - Salvação para os dias sem onda. Omar, Manga, Tojal e Michele. 6 - Fabinho Gouveia não perde uma temporada no Hawaii. 7 - No intervalo das filmagens de seu filme Soul Surfer, a havaiana Bethany Hamilton aprovou a Surfar na praia de Waimea. 8 - O fotógrafo carioca André Portugal em Rock Point. 9 - O simpático casal Bia e Sylvio Mancusi.

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Fotos: annIbal (1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9), bIdu (6)

HAWAII 2010



Que b0a lembrança você vai levar deste verão ?

Huga Jucá 20 anos, estudante de Design Quando eu saltei de parapente da Pedra da Gávea. Era final de tarde num dia clássico de verão. O visual estava alucinante e foi inesquecível!

Karina Suzuki 29 anos, jornalista Foi curtir as praias paradisíacas de Búzios, que não estavam tão cheias como as demais da Região dos Lagos. Já no Rio, só se falava nos blocos e ensaios, além de se notar a preocupação das pessoas em não urinar em locais públicos.

Barbara Rizzeto 18 anos, surfista Foi viajar no Carnaval com meus amigos e meu namorado para Saquarema. A água estava muito gelada, mas deu para pegar altas ondas.

Lara Valente 20 anos, estudante de Medicina Eu fiquei o inverno inteiro sem poder surfar por causa de um acidente. Quando chegou o verão, pude me libertar e matei as saudades do mar.

Rui Neto 28 anos, estudante para concursos Foi um pôr-do-sol que eu vi na praia da Macumba, Recreio. Estava surfando e quando olhei para o céu fiquei impressionado com as cores.

Fernanda Rodrigues 28 anos, estudante Muitas coisas aconteceram de bom aqui no Rio. Foi um verão especial! Fiz bons laços de amizade e contatos profissionais.

Thiago Feijó 27 anos, biólogo A organização nas praias e nos blocos durante o Carnaval. Achei muito tranquilo para a quantidade de turista que tinha aqui. A prefeitura acabou induzindo as pessoas a fazerem o correto.

Rafael Ciani 17 anos, ator Em janeiro, eu e minha namorada pegamos altas ondas no Recreio. A gente estava de pranchão e surfamos na mesma prancha. Foi muito maneiro!

Rafael Sanchez 33 anos, engenheiro Não foi uma temporada de muitas ondas, mas nos dias que rolou foi bem democrático. Tinha onda para todo mundo, mesmo com a cidade cheia.

Igor Ferreira 15 anos, estudante Passar uma semana com a minha família na praia dos Anjos, Arraial do Cabo. Curti bastante e conheci as lindas praias da Região dos Lagos, no Rio.

Rafael Preces 21 anos, shaper Sair do aluguel e conseguir a minha casa própria.

Leila Pacheco 25 anos, estudante de Ed. Física Foi ter vindo morar no Recreio. Estou perto da natureza e todo dia dou uma “caidinha” de uma hora. É certa minha evolução no surf.

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DIVERSÃO GARANTIDA NOS DIAS FLAT teXto e fotos: biDu

No Hawaii o fotógrafo carioca Bidu, acompanhado dos surfistas Marcelo Trekinho, Stephan Figueiredo, Felipe Cesarano e Silvia Nabuco, curtiu em um dia flat uma piscina de ondas em pleno North Shore. Confiram o que rolou com o relato de Bidu para a Surfar. Depois de uma semana inteira com altas ondas em Waimea e Pipeline, o mar ficou praticamente flat em todos os picos no Hawaii em meados de janeiro. Sabendo disso, Stephan Figueiredo combinou com a galera para conhecer o parque aquático Wet’n’Wild, que fica aproximadamente a 30 minutos do North Shore. Logo que chegamos ao parque, a galera não gostou muito dos quase 40 dólares que estava sendo cobrado pela entrada. Mas, para nossa sorte, nosso amigo Christian Moutinho, conhecido aqui como o mais “engabelador” de todos, conseguiu negociar com a atendente e descolou um desconto de quase 20 dólares. Com o troco ainda fizemos um churrasco à noite. Lá dentro todo mundo se dividiu e cada um foi se divertir nos inúmeros toboáguas que existem no parque. Num deles encontramos Silvia Nabuco, que também estava aproveitando e rapidamente juntouse com a galera. Porém, depois de avistar a piscina de ondas, todos correram para ela e ninguém queria sair mais de lá. Pronto, o crowd já estava formado com os brazucas!

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Depois de muitos tombos, a galera pegou o jeito rapidinho. Destaque para Marcelo Trekinho, que já tinha surfado anteriormente em outro parque. “A piscina é a maior diversão, perfeita para os dias flat. Da próxima vez vou me alongar uma semana direto antes de ir, pois fiquei com a coluna toda torta depois da brincadeira”, disse Trekinho. Felipe Cesarano também se destacou, mas por tomar os tombos mais bizarros. “Como surfistões que somos, achamos que iríamos arrebentar nessa tal flow rider. Meu Deus, a história foi outra... O que mais rolou foram quedas e muitas risadas, tirando o Trekinho, que foi o único que fez bonito. A atuação da galera foi ridícula e deu até vergonha (risos). Ainda bem que o objetivo ali era somente a diversão. E isso não faltou. Quem pensa que aquele brinquedo tem alguma coisa a ver com o surf ou skate está enganado. É completamente diferente: outros movimentos, outra pisada, mas como a onda está sempre ali igual e parada, com um pouquinho de pratica quem sabe um dia a gente consegue...”, relatou Cesarano dando gargalhadas. Para finalizar, faltando uns 20 minutos para fechar o parque, Gordo e Gabriel Valle (Feinho) foram expulsos, pois desceram num toboágua de cabeça para baixo e sem as boias. Totalmente crazy!



bruno lemos

por: roger ferreira

O El Niño reservou emoções acima das expectativas, deixando toda a comunidade do surf perplexa com o tamanho e a intensidade das ondulações que movimentaram as ilhas havaianas e a costa da Califórnia nesta temporada. Basta acessar o site do XXL para constatar a quantidade recorde de inscrições. Sinceramente eu não queria estar na pele da comissão julgadora do Oscar do big surf. Os caras terão uma árdua e minuciosa missão: julgar algumas das ondas mais espetaculares da história do esporte e escolher apenas alguns felizardos que estarão na final no dia 23 de abril. O Brasil tem tudo para estar, no mínimo, em três finais do XXL, com Felipe Cesarano (deve-se incluir Yan Guimarães), Alex Martins e Carlos Burle. Dos três, infelizmente nenhum deve sair vencedor, não por falta de mérito, mas pela já conhecida politicagem que envolve o XXL. Burle, que venceu o XXL em 2002, é novamente o brasileiro mais cotado para vencer uma das categorias do prêmio. O pernambucano surfou o melhor tubo de sua vida, como ele mesmo definiu, em Jaws. E durante o dia que está sendo considerado como o maior da história do surf de ondas grandes na remada, o cara simplesmente pegou a morra mais cabulosa de todas, estimada em 60 pés de face, na remada! Com sua atitude e técnica incomparáveis, Carlos (como é conhecido pelos gringos) se posicionou mais atrás do pico do que qualquer surfista ousou estar durante aquele sábado em Mavs. Ele dropou uma das maiores do dia, que quando entrou na bancada, armou uma parede monstruosa e totalmente elevada para fazer o mais improvável e mortalmente perigoso: colocar a prancha no meio da morranca na tentativa de passar a sessão, isso quando todos estavam dropando reto. Mesmo tendo caído após a manobra, protagonizou o momento mais insano do dia na onda que está sendo considerada como uma das maiores da história surfadas no braço. Infelizmente a performance do big rider não foi reconhecida pelos juízes do evento, que o colocaram em uma incompreensível quinta colocação na grande final. O curioso é que todos os surfistas, jornalistas, fotógrafos e curiosos que assistiam do canal em Half Moon Bay apontaram o brazuca como grande vencedor. Confiram o que me falou o brasileiro Alex Martins, que também participou da competição: “Burle estava vindo nas maiores e

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Mark Healey, carlos burle e greg long.

mais de trás do pico que todo mundo, mas os juízes não viram desta maneira e falaram que ele caiu. Para mim, ele vacou na base e já tinha dropado 40 pés de onda até cair. A coragem e disposição que o cara mostrou mereciam ter rendido no mínimo um segundo lugar”. Aí veio o último evento da temporada, em Todos os Santos, no México. As ondas de Killers são velhas parceiras de Burle. Foi lá que em 1998 ele chocou a comunidade internacional do surf ao vencer o primeiro campeonato mundial de ondas grandes na remada, com séries que chegaram aos 50 pés. Nesta segunda ocasião, chegou como vice-líder do recém-criado circuito mundial WBWT (World Big Wave Tour), com o californiano Greg Long na primeira colocação. Novamente o brasileiro deu uma dura, chegando a sua quarta final nos eventos internacionais de big waves na remada da temporada (Chile, Peru, Mavericks e Todos). Burle precisava vencer para ser novamente campeão mundial, já que o líder do circuito, Greg Long, havia caído na semifinal. Com a quarta colocação, o pernambucano sagrou-se vice-campeão aos 42 anos, contra garotos de 25, como Long. Exatamente 12 anos separam o evento mundial vencido por ele em 1998 do vice de 2010, ambos nas perigosas ondas de Killers. Parece obra do destino, não? A verdade é que os gringos piram com Burle. Em 2001, ele e seu parceiro Eraldo estavam sozinhos surfando de tow-in um mar gigantesco com as maiores ondas de todos os tempos em Mavs. Na ocasião, surfou a maior onda do pico até hoje, estimada em 68 pés, e venceu o XXL daquela temporada. Não sou apenas eu que me rendo e literalmente babo o ovo de Burle. Vejam o que dizem lá fora em relação ao big rider brasileiro. Jason Murray, fotógrafo norte-americano, falou recentemente: “Em qualquer lugar do planeta que você vá, se estiver grande, é bem provável que encontrará o Carlos lá”. E o também fotógrafo de Nova York Seth Migdail disse em um e-mail que me enviou com o material publicado aqui na Surfar de Mavs: “Vocês devem ter orgulho de Carlos. Ele, além de ser uma pessoa sensacional, é um dos melhores e mais completos atletas que conheço”. Confiram a cobertura dos eventos em Mavericks e Todos os Santos nesta mesma edição da Surfar. Go Big!

dIVulGaÇÃo

HÁ 12 ANOS NA ELITE MUNDIAL



Fotos: bIdu

Após 10 anos sem pisar em terras havaianas, finalmente consegui embarcar no mês de fevereiro para passar 15 dias lá durante a época do carnaval. Além de curtir as ondas, a missão era encontrar com os fotógrafos que estavam me aguardando para definir essa edição. Toda a viagem foi programada no início de dezembro: lugar para ficar, aluguel de carro, tirar visto para entrar nos EUA, etc. Tudo faz parte da adrenalina de uma viagem para o lugar que é o sonho de qualquer surfista.

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Esta foi a minha quarta vez no Hawaii, portanto eu não era nenhum marinheiro de primeira viagem. Mas para escolher o quiver que levaria, tive que conversar muito com o shaper Mario Flávio. Acabei desistindo de embarcar as maroleiras e optei por cinco pranchas, começando com 6´6 e terminando em 7´8 para surfar Sunset. No check-in para sair do Brasil, paguei 100 dólares e achei razoável por se tratar de um volume extra. Agora na volta acabei morrendo em 300 dólares, isso porque a mulher que me atendeu achou que havia três pranchas dentro da capa. Sorte que não viu as cinco! Tentei argumentar, porém ela disse que não tinha jeito e que ia cobrar por cada uma, então, achei melhor não estressar no fim da viagem. É sempre bom pegar as informações quando o assunto é cobrança de pranchas, pois cada aeroporto tem suas regras. A desculpa da atendente é a mesma: alguém que cobrou anteriormente estava errado. Vai entender… Fiquei quatro horas em solo dentro do avião em Dallas por causa da neve e mais oito sem comer praticamente nada, pois a comida que é vendida tinha acabado e a salvação foi tomar suco de tomate e café com leite a noite inteira. Logo que consegui desembarcar em Honolulu, fui informado que minhas bagagens e pranchas estavam no próximo voo que chegaria 30 minutos depois. Fui fazer um lanche e quando voltei uma pessoa da companhia estava com meus pertences. Ufa! Apesar de saber que as ondas estão no North Shore, preferi ficar em Waikiki para poder respirar um pouco da cultura do surf que a cidade vive.

Lourie Towner - Off the Wall

Bem vindo a Pipeline

O espetáculo de

P ipeline.

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Já no aeroporto você começa a descobrir porque está no primeiro mundo, pois tudo funciona mesmo. Logo que saí do desembarque, vi vários microônibus (shuttle bus) das locadoras circulando para pegar os turistas que querem alugar carros. E como chega turista naquela terra! Também é normal você encontrar pessoas com colares de flores no desembarque para colocar na galera que chega. Faz parte da cultura local o colar e as camisas floridas. Após alugar meu carro, nos meus primeiros quilômetros em direção a orla de Waikiki cruzei por uma blitz, diminui o farol como fazemos aqui e passei batido. Para qualquer carioca essa cena é comum, quase todo dia na volta do trabalho tem uma da Lei Seca. Mais alguns metros na frente, escutei a sirene da polícia atrás de mim pedindo para eu parar. O policial veio até a minha janela e solicitou meus documentos. Mostrei a carteira do Brasil e ele perguntou se aquilo era uma “driver’s license”, confirmei, mas notei que ele ficou na dúvida. Depois me perguntou duas vezes se eu tinha bebido, falei que não, pois estava vindo do aeroporto. Ele disse que eu não poderia andar com as luzes da lanterna, então, acendi o farol e segui em frente. Saí de lá pensando: Até no Hawaii tem Lei Seca? No outro dia soube que estavam tendo várias blitzes para pegar motoristas que beberam, porque o álcool lá é um problema como aqui. Em Waikiki quase tudo fecha às 22 horas, a solução foi encarar um cheeseburger daqueles gigantes (tudo lá é mega nas lanchonetes, acho que é por isso que tem tanto americano gordo).

Uma vista privilegiada de Laniakea.

Como fiquei longe do surf e precisava saber como estava o mar para escolher a prancha certa, a primeira coisa que fiz foi revalidar o login no site Surfline para ter acesso das praias ao vivo. Já no café da manhã do hotel checava Pipeline, Sunset, Rocky Point e ligava para os fotógrafos para combinar onde seria a session. Não imaginava que 10 anos depois eu veria em Honolulu um trânsito parecido ao de uma grande metrópole. A Highway (H1) que cruza boa parte da ilha é bastante movimentada e para chegar ao North Shore se leva pelo menos uma hora. Leis severas obrigam todos a andar na linha, policiais estão espalhados por todos os cantos, prontos para sair atrás de você. Durante a viagem só vi um motoboy louco cortando os carros, deveria ser importado “made in Sampa”. No caminho para o North Shore as plantações de abacaxi beirando a estrada dão a certeza que a praia está bem perto. Logo na primeira visão do mar, dá para ver as espumas quebrando no outside. Ali pode se ter uma noção do que vai encontrar lá embaixo. Quanto mais longe estiver a espuma, maior vai estar o mar.

Coisa rara no North Shore.

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bruno lemos

l a W e h t ff O m e o ĂŁ s ci de da A hora

Fotos: bIdu

Contabilizando o prejuĂ­zo.

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bruno lemos

Banzai varrendo tudo. Hawaii 茅 s贸 alegria.

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Aqui nada passa em branco.

Fotos: bIdu

Omar Docena na melhor onda de sua temporada. P ipeline

Tudo no North Shore gira em torno do mar. No mês de fevereiro o crowd é menor, pois a temporada começou em outubro e a maioria já fez a cabeça. De dez anos para cá quase nada mudou, a pressão dos locais quando o mar está bom é a mesma, aparecem vários nomes de peso e todo cuidado é pouco. Rocky Point realmente é o lugar mais frequentado pelos brasileiros, muita gente falando português dentro d’água e na areia, sem muito se importar com os gringos. Porém, essa nova geração de freesurfers tem surfado bastante em Pipeline, o pico preferido dos fotógrafos Pedro Tojal, Bidu, Bruno Lemos, entre outros. Você pode passar alguns dias sem ver ninguém, mas basta o swell acertar que aparece gente de tudo quanto é lado. Presenciei um sábado com swell em torno de 6 pés perfeito quebrando em todos os points, Laniakea, Pipe, Sunset, Rocky Point e Jocko’s, e vi em todas as praias dezenas de pessoas que estão ali apenas para ver o espetáculo das ondas. Normalmente o fluxo de carros aumenta no final de semana, porque muita gente vem de Honolulu passear e rola sempre um trânsito pesado na parte da tarde. Se você quer comer alguma coisa em Haleiwa ou dar uma checada em outros picos, pode acabar ficando preso num engarrafamento. E conversando com algumas pessoas sobre como é morar no North Shore, a maioria descreveu que é o estilo de uma cidade do interior, uma vida mais calma e sem muitas opções para sair à noite, pois os poucos restaurantes que existem (quase todos ficam em Haleiwa) fecham às 21 horas. Essa temporada vai ficar na história. Foram muitos os dias de ondas grandes e fazia tempo que Waimea não quebrava assim com tanta constância. Esse era o assunto que mais se falava nas rodas dos surfistas. Os swells gigantes começaram a entrar no início de dezembro e até o Eddie Aikau, que não rolava há cinco anos, voltou a acontecer. Um dia para ficar na memória foi 11 de janeiro, quando Yan Guimarães e Felipe Cesarano droparam aquela bomba que foi página dupla na Surfar na matéria “Geração Kamikaze”. Fazendo o resumo de novembro a fevereiro, podemos afirmar que, para quem gosta realmente do big surf, essa temporada foi a melhor dos últimos anos. Não tivemos dias consecutivos com aquela perfeição quebrando Pipeline, Off The Wall, Backdoor e Rocky Point, o vento atrapalhou muito os planos dos fotógrafos e surfistas, mas os big riders tiraram a poeira das suas gunzeiras. Todos sabem que pegar onda no North Shore não é tarefa fácil, porém é sempre bom lembrar que uma temporada pode ser definida em duas fases. A primeira seria de novembro até final de dezembro, quando todos os profissionais estão sob os holofotes da mídia mundial e os locais a fim de tirar o atraso dos meses que ficam sem surfar. No entanto, o que realmente parece é que tudo que os havaianos fazem é para intimidar quem é de fora. Apitos na casa da Volcom quando alguém rabeia um conhecido, carrões com chassis grandes (quanto maior o aro do pneu, mais poderoso os caras se sentem) que desfilam pela orla com o som alto e janela aberta, dentre outras coisas, fazem parte da pressão psicológica. Imagine então quando chega um monte de surfistas do mundo todo fantasiados da cabeça aos pés com roupas de seus patrocinadores e cheios de adesivos nas pranchas, é aí que o bicho pega mesmo dentro d´água. Olhando pelo lado dos havaianos, se eles também deixarem rolar de qualquer jeito, vai ter gente dropando na cabeça do outro e os acidentes seriam muito mais constantes. Louco é o que não falta naquela terra! Agora, se você está trabalhando e precisa fazer fotos para o seu patrocinador, irá ter que contar com um pouco de sorte e muito “go for it”. Talvez seja por isso que muitos profissionais não suportam mais permanecer depois que os campeonatos terminam em dezembro e retornam para suas casas. Se bem que entre o crowd do North Shore e o flat do Brasil no verão, eu sem dúvida escolheria ficar no Hawaii.

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Fotos: bIdu

duda

Jamie O’ Brien, P ipeline. Stephan Figueiredo, Pipeline.

Sonho ou pesadelo?

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Kalani Chapman, Pipeline.

Já de janeiro até final de fevereiro, quando entram em ação os freesurfers profissionais e amadores, o panorama é bem diferente daquele de fim de ano. Esses atletas vão para lá nessa época porque amam surfar nesse caldeirão, até porque os locais estão com a cabeça feita e as chances de se dar bem são maiores. Se você perguntar para o Ian Cosenza, Felipe Cesarano, Sylvio Mancusi ou Stephan Figueiredo o que eles acham de ficar até março, certamente vai ver o sorriso no rosto deles. Eles estão sempre atrás da melhor onda da temporada. Existe até um horário que os próprios brasileiros chamam de “haole time”, que vai das 11 da manhã às 15 horas, quando fica mais tranqüilo, pois o crowd vai trabalhar ou é a hora do almoço. Eu que particularmente estou acostumado a pegar onda na Prainha, não me sinto intimidado se os caras estão fazendo cara feia na hora que vou entrar na água. Faço como se estivesse no Brasil, paro meu carro em qualquer lugar, pego minha prancha e entro na água sem querer muito saber o que está rolando ao meu redor. Acho que até a pele queimada de sol do verão carioca me ajudou a passar batido nas situações que tentaram me intimidar. Entretanto é difícil encontrar em qualquer parte do mundo ondas com força e qualidade nessa época do ano: Peru, Califórnia, Noronha? Certamente esses picos quebram dias épicos, mas a constância do Hawaii é muito grande. Durante um jantar com alguns brasileiros, fui questionado se publicaria mais uma matéria do Hawaii, pois era a segunda edição esse ano. A resposta foi a seguinte: Em que outra parte do mundo estão quebrando ondas como essas? Todos foram unânimes em afirmar que não existia lugar melhor para passar esses meses do que o North Shore.

Morgan Faulkner, Off the Wall. Sylvio Mancusi, Pipeline.

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DECISÃO E ATITUDE SÃO DUAS COISAS QUE PODEM FAZER UMA GRANDE DIFERENÇA NO DECORRER DAS NOSSAS VIDAS. ESSA TEMPORADA DE ONDAS AQUI NO PACÍFICO NORTE TEM SIDO EXTRAORDINÁRIA E FOI MARCADA POR UMA QUANTIDADE ABSURD A DE ONDAS GIGANTES E PERFEITAS. CHEGAMOS AO INÍCIO DE 2010 ACHANDO QUE OS MAIORES SWELLS JÁ HAVIAM ACONTECIDO. MAS A VERDADE É QUE O FENÔMENO EL NIÑO DESSE ANO AINDA ESTARIA PRESTES A FABRICAR O QUE SERIA O MAIOR SWELL DE TODA A TEMPORADA HAVAIANA. OS SURFISTAS QUE ESTAVAM PRESENTES TIVERAM QUE TER MUITO SANGUE FRIO PARA DECIDIR O QUE FAZER DURANTE ESSE SWELL HISTÓRICO, QUE PRODUZIU ONDAS PERFEITAS EM VÁRIOS LUGARES DIFERENTES. NAS PRÓXIMAS PÁGINAS IREMOS ACOMPANHAR ALGUMAS ATITUDES E DECISÕES QUE ALGUNS DELES TIVERAM QUE TOMAR PARA ESTAREM PRESENTES NOS PICOS CERTOS E NA HORA CERTA.

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yan, cesarano e Maya

antes Da caíDa. WaiMe

a; Maya na califÓrnia;

yuri e Danilo na rota

Do sWell.

eXperiÊncia aliaDa À JuVentuDe, assiM os locais HaVaianos lairD HaMilton e Makua rotHMan DoMinaM o line-up De JaWs DiViDinDo as MelHores e Maiores onDas.

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eVeralDo pato MoMentos antes De se contunDir e VisiVelMente cHateaDo apÓs Deslocar o oMbro eM peaHi (pÁgina ao laDo).

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JAWS Logo cedo, na primeira onda surfada nesse dia, Danilo Couto coloca seu parceiro numa “bombástica”. Rodrigo Resende faz a primeira sessão, mas quando vai se posicionar para parte mais cavada da onda, sua prancha atinge um dos degraus e ele toma uma vaca absurda. Com o pé ainda preso na alça da prancha, os dois saem quicando e o lip dessa “morra” não perdoa vindo com tudo em cima deles. Agora fica a pergunta: imagine você começar o dia dessa maneira? No entanto, a cena mais bizarra ainda estava para acontecer. Logo na sequência, Danilo deve ter percebido o grau da situação e não esperou a série acalmar. Ele entra com tudo no meio do espumeiro para fazer talvez um dos resgates mais difíceis e mais bem sucedidos da história desse pico. Uma cena que nem Hollywood conseguiria fazer tão bem feita. O havaiano Kalani Bryant conseguiu capturar tudo e colocou o vídeo online. Vale à pena conferir na SurfarTV. Na série seguinte, vem o local Ian Walsh, que antes mesmo de colocar pressão na prancha para fazer o drop, esta literalmente “puxa o bico” e pula por cima do lip deixando claro que nessa hora do mar as ondas estavam muito grandes, quase que insurfáveis. Sua prancha sai rolando lá de cima e sozinha. Aos poucos mais duplas vêm chegando e outros surfistas começam arriscar o pescoço. Nalu, garoto local de Maui, coloca para baixo talvez na maior onda do dia e, ao chegar à base, foi explodido pelo lip, que acertou exatamente na sua cabeça. Não me pergunte como, mas não aconteceu nada com ele. Com menos de uma hora de surf, já dava para saber que esse seria um dia intenso. Algo muito impressionante foi o número de pessoas acidentadas e machucadas dentro d’água durante esse dia de ondas. Em Maui, o primeiro e talvez o mais grave acidente foi quando o havaiano Archie Kalepa pegou uma

direita enorme. Em vez de abandonar a onda e sair por cima, ele colocou reto e, em questão de segundos, foi engolido por uma montanha d’água. Momentos depois lá estava ele no canal enrolando seu joelho numa faixa e logo estaria sendo retirado da água pelo helicóptero de resgate. Outro faixa preta de Jaws que se machucou foi o desbravador do pico Laird Hamilton. Numa esquerda “gigossaura”, ele tomou uma lipada e machucou o ombro. Depois de Laird foi Matt Miola, que saiu da onda dando um “ollie up”. Seu próprio piloto não conseguiu reduzir o jet a tempo e acabou o atropelando. Ainda bem que os ferimentos foram mínimos, apenas dois pontinhos na cabeça. Para finalizar os incidentes, Nicolo Porcela, outro local, estourou o tímpano e o brasileiro Everaldo “Pato” deslocou o ombro depois de ser atingido por uma onda grande. Mas o dia não foi só de acidentes. Carlos Burle, por exemplo, garante ter pegado o melhor tubo de sua carreira em Jaws. Yuri Soledade surfou inúmeras bombas para a esquerda e Makua Rothman, junto do parceiro Ikaika, pegou algumas das maiores ondas da temporada. Resumindo: foi um dia histórico em Jaws.

Makua rotHMan DoMinanDo o Monstro eM JaWs.

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WAIMEA

Muita DisposiÇÃo e atituDe De felipe cesarano para se Jogar nas Mais cascuDas Da sessÃo eM WaiMea bay.

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Essa sessão de Waimea pode ter sido um das mais intensas que já se viu. Para se ter uma ideia, o dia começou com uma dupla de desconhecidos fazendo tow-in no pico antes de entrar o crowd. Também foi muito bom ver a performance de vários brasileiros botando para baixo. Alguns não tão conhecidos no Brasil, mas que têm muito respeito em Waimea, como os irmãos Ygor e Jairo Lummertz, além de Daniel Skaff e Bruno Pena. Entretanto, o destaque ficou mesmo para a dupla de cariocas Yan Guimarães e Felipe Cesarano, que pegaram altas ondas e, para fechar a caída, surfaram juntos talvez a maior do dia, que também entrou para a história e, com certeza, mudou a carreira desses dois atletas.


Fotos: bIdu

SHOW DE HORROR NA BAÍA Quem passou um perrengue forte em Waimea nesse dia foi a nossa big rider Maya Gabeira. “Achei que ia morrer, não sei como não apaguei. O que me salvou foi ter conseguido tirar minha cordinha antes que me afogasse”, fala Maya, ainda com um ar de desespero, dando a entender que realmente esse foi o maior caldo de sua vida. Ela simplesmente tomou na cabeça a maior onda que quebrou esse ano em Waimea, uma gigantesca que entrou varrendo sem perdão tudo e todos que estavam na frente. Muitas pranchas quebradas nesse momento e os salva-vidas depois dessa série começaram a retirar os surfistas da água. Outro que passou por uma situação difícil também nesse dia foi Brock Little, que deslocou o ombro. O havaiano, que é conhecido por botar para baixo sem medo nas bombas de Waimea, gritava igual a uma criança dentro d’água pedindo ajuda. A real foi que esse swell entrou tão forte no Hawaii que, de acordo com o “forecast”, parecia que seria ainda maior na Califórnia.

a prancHa De Maya gabeira (cor-De-rosa) apÓs ser abanDonaDa.

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Maya coM a traDicional pick-up De Jeff clark.

Danilo e yuri, parceria eM MaVs.

MAVERICKS, SÃO FRANCISCO - CALIFORNIA Nessa mesma noite empacotamos tudo e depois de muita correria, stress e sorte conseguimos embarcar no último voo para a Califórnia. Dentro do avião estavam alguns dos convidados do Eddie Aikau. Só que eles seguiam para outro destino. A princípio, Shane Dorian, Mark Healey, Khol Critensen e Dave Wassel estavam indo para Todos os Santos. Enquanto eu, Danilo Couto e Yuri Soledade apostávamos que as maiores ondas estariam no norte da Califórnia. Aterrissamos em San Francisco pela manhã com uma logística grande pela frente: alugar carro, conseguir os jets emprestados, pegar as gunzeiras, além de conferir as boias. Mas depois de um dia inteiro na ralação tudo estava resolvido e, antes de irmos dormir, mais um integrante para o time brasileiro aparecia na área, a carioca Maya Gabeira chegava para reforçar a equipe. No dia seguinte fomos conferir as ondas do cliff e já havia duas duplas

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fazendo tow-in. O mar estava balançado, mas as ondas não pareciam tão grandes. Como nós tínhamos investido todo esse tempo e dinheiro, entramos na água e a galera simplesmente “roubou a cena”. Yuri Soledade fazia sua estreia no pico e surfou com muita categoria e um estilo impecável. Depois de puxar Yuri foi a vez de Danilo Couto colocar Maya em algumas ondas. A nossa big rider fez bonito tanto nas direitas como nas esquerdas. Eram poucas as duplas dentro d’água, apenas alguns locais. Os mais conhecidos eram Jeff Clark (descobridor do pico) e Anthony Tashnick. Danilo, depois de surfar algumas no tow-in, conseguiu uma prancha de stand up emprestada e, remando sozinho no outside de Mavericks, dropou duas ondas antes de tomar uma bela vaca para fechar o dia. As ondas estavam bem menores na remada da manhã seguinte, porém mais clean. Destaque para Alex Martin, brasileiro radicado em San Francisco e considerado como local do pico. Nesta noite, assistindo o noticiário da cidade, ficamos sabendo que uma série de cinco tempestades, uma seguida da outra, estaria prestes a atingir a costa da Califórnia e que muita chuva com ventos fortíssimos estariam sendo a realidade dos próximos dias. Então, resolvemos voltar para o Hawaii com a consciência mais tranquila e felizes por termos realizado o sonho de surfar o mesmo swell em dois lugares diferentes e distantes um do outro. Na verdade, o falecido Mark Foo foi o pioneiro a fazer isso no fim da década de 80. Na sua última investida acabou perdendo a vida em Mavericks e mostrou que surf de onda grande não é brincadeira. Hoje em dia com o tow-in o esporte fica ainda mais perigoso, por isso temos que tirar o chapéu para os nossos big riders brasileiros que colocam o “corpo para jogo” e muitas vezes tiram grana do próprio bolso para fazer essas viagens, mostrando que não fazem isso por fama nem dinheiro, mas apenas por amor ao surf.

yuri soleDaDe esbanJanDo categoria na boca Do giant barrel eM Half Moon bay.


Danilo couto tranQuilo De costas pra Morranca eM MaVericks.

Maya gabeira coM seguranÇa

na base Da boMba eM MaVs.

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Enviado pela Surfar com a missão de registrar as bancadas de Pipe, Backdoor e Off The Wall, o fotógrafo Pedro Tojal apresenta nas próximas páginas a lista de seus 10 ângulos favoritos.

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TUBO E VISUAL Ângulo clássico da fotografia aquática. Surfista, tubo, bancada, céu e paisagem. Esse é o carioca de 15 anos Gabriel Valle. Como ainda é garoto, consegue impregnar o pico sem tomar dura dos locais. Fiquei na linha dele um bom tempo esse dia. Ele pegou várias boas, mas essa, sem dúvida, foi a melhor. Dropou debaixo dos locais e fez o tubo todo gritando. Dá para ver na cara dele a emoção de pegar um expresso de verdade em Pipe. Tirou onda e levou com mérito essa página dupla na Surfar. Gabriel Valle, Pipeline.

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9.

EM CIMA DA ONDA Essa foto sai quando o fotógrafo não está embaixo do pico e nem no caminho do surfista, mas se esforça para fotografar a onda. Nesse dia, eu estava fotografando uns brasileiros nas esquerdas de Off The Wall quando vi o Ryan remando para essa série. Eu não estava em sua linha, porém remei com tudo para cima dele. Não consegui ficar na reta, mas registrei o tubo de cima. O legal desse ângulo é que mostra o surfista entubando, a bancada e o visual. Ryan Hipwood, Off The Wall.

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8.

DENTRO DO TUBO Outro ângulo clássico da fotografia aquática. Surfista e fotógrafo dentro do tubo. O fotógrafo tem que ficar embaixo do pico, porém não tão perto da zona de drop. Essa onda do Eric veio bem de trás do pico. Deu tempo de me posicionar para esperar ele dropar, cavar e botar para dentro. O risco de voltar com o lip também existe. A técnica para fotografar e sair antes de rodar com a onda é fundamental. Como o Eric é meu amigo e eu estava na função de fotografá-lo, fiquei até o último momento e acabei voltando com a onda. Tomei um caldo leve e dei umas porradas no fundo, mas depois de ver a foto o perrengue foi esquecido. Eric de Souza, Backdoor.

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7.

SEQUÊNCIA ABRINDO Aqui, o conjunto da obra que contou. Sequência de um surfista lendário na onda mais famosa do mundo. Consegui fazer essa série me posicionando quase no final da linha do Malloy. Lembro que ele botou para dentro com toda a calma do mundo. Com a mesma base, ele fez a onda toda com perfeição e saiu na baforada. O contra luz do final de tarde no Hawaii e a mistura do azul, verde e amarelo fizeram as fotos ficarem ainda mais especiais. Keith Malloy, Pipeline.

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NA BASE DA ONDA Para conseguir fazer esse ângulo é preciso ficar muito para baixo do pico, quase que fora da rota do surfista. Nesse momento, vi que o Gavin vinha em uma onda da série e eu estava fotografando os brasileiros que estavam mais embaixo. Nadei muito em direção ao outside e cruzei no limite com ele. O lip quase bate na lente e na minha cabeça para eu conseguir fazer a foto. Depois disso tive que afundar rapidamente para não ser atropelado por ele, mas valeu o risco. Gavin Baschen, Backdoor.

Equipamento: Uso uma Nikon D-90, uma lente olho-de-peixe, uma caixa estanque e um par de nadadeiras. segurança: Nunca uso capacete. Alguns fotógrafos usam e outros não. Para mim, mais atrapalha do que ajuda. Ele diminui sua audição, enche de água durante um caldo forte, muda seu centro de equilíbrio e sua flutuabilidade. Quando o fundo é de pedra ou coral, gosto de usar luva na mão esquerda para segurar na bancada durante as séries e não ser arrastado para as partes mais rasas. Quando é extremamente cortante, eu uso roupa de borracha para me proteger dos cortes. Caldos: O ideal é fazer de tudo para não vacar. Dependendo do tipo de ângulo que você quer fazer, é inevitável. Fotos debaixo do pico e a cobiçada visão do tubo são as mais arriscadas. Saber a hora de afundar é crucial. secrets: Dependendo do pico é impossível fotografar. Várias foram as vezes que fui para um secret e tive problemas com os locais. Normalmente tento negociar. Primeiro garanto que darei todas as fotos deles sem custo. Depois argumento que não indicarei o nome nem a localização da onda. Se mesmo assim não deixarem, digo que não publicarei em nenhuma revista. Quando tudo dá errado, finjo que vou embora, me escondo em alguma árvore e tiro de fora mesmo. Pelo menos registro alguma coisa. prioridade: Dependendo do pico existe prioridade entre os fotógrafos. Os que tiram com olho-de-peixe devem ficar mais perto dos surfistas, quase que debaixo do pico. Os fotógrafos que usam lente objetiva acabam tendo que ficar mais longe, normalmente no canal. Picos como Pipe, Cacimba e Padang possuem prioridade entre os fotógrafos. Os locais ou os mais conhecidos acabam ficando na frente dos haoles e novatos. É preciso conquistar seu espaço para fotografar de um bom ângulo. surfistas: Conhecer quem está na onda ajuda muito. Saber qual manobra ele vai mandar, se vai mudar a linha de uma hora para outra, se posso ficar muito perto ou não, são só alguns exemplos de como a relação fotógrafo x surfista é importante para um bom resultado.

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5.

SEQUÊNCIA FECHADEIRA Nesse caso, o valor não é apenas um momento, e sim vários. A atitude de botar para dentro de uma caverna em Off The Wall foi o que contou. Para essa foto, fiquei no meio do caminho das réguas que quebravam na bancada mais rasa do Hawaii. As ondas não abriam muito, então, me posicionei no final das fechadeiras no instante mais buraco da onda. O Alejandro botou sem medo nesse canudo de direita e foi explodido um segundo depois desse momento. A rabeta com apenas uma quilha foi o que sobrou para contar história. Alejandro Moreda, Off The Wall.

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4.

NO MEIO DA ONDA Essa foi uma bomba. Em mares como esse é muito difícil trabalhar. As ondas passavam dos 10 pés na série, a corrente estava fortíssima e apenas alguns kamikazes botavam para dentro. Nesse dia o crowd estava quase todo em Pipe e o Manga era o único brasileiro em Off The Wall. Fiquei na linha dele por cerca de duas horas até que essa série veio e ele botou para dentro. Eu estava posicionado no meio do caminho entre ele e as cracas que fechavam no final da bancada. Nessas condições, o posicionamento é imposto mais por fatores externos do que pelo fotógrafo. Costumo dizer que em mares assim fico à deriva... (risos). Eu e o Manga fomos recompensados pelo esforço e risco. Pedro Manga, Off The Wall.

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3.

DEBAIXO DO PICO Esse é realmente perigoso e dependendo do tamanho do mar vira suicídio. Para fazer essa foto, eu tive que ficar bem debaixo do triângulo de Pipe e Backdoor. Lembro que estava embaixo do Gabriel, bem na linha de drop dele. Para esse tipo de ângulo é importante ter confiança no surfista, já que ele dropa praticamente em cima do fotógrafo. (Este é o momento anterior à foto da capa.) Gabriel Pastori, Pipeline.

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2.

VISÃO DO TUBO POR CIMA Também é um dos ângulos mais difíceis. Aqui o risco maior é voltar com o lip, pois o fotógrafo tem que se posicionar dentro do tubo. Nesse caso, fiquei bem abaixo do Stephen e da zona de drop dele. Em vez de botar direto no trilho, ele mandou uma cavada em volta de mim, que entrei no tubo e fiz essa foto de fora para dentro. Consegui puxar meu corpo e não rodei nessa. Stephen Koehne, Off The Wall. para ver o ângulo número 1 volte ao índice, pag. 5.

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por: roger ferreira

coMpletaMente toMaDo, carlos burle teVe uMa perforMance suiciDa nas Maiores onDas surfaDas na reMaDa Da HistÓria eM MaVericks.

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Após três meses de espera e pelo menos quatro dias clássicos com mais de 20 pés na bancada de Mavericks, os organizadores do Mavs Contest mostraram que a aposta na força das ondulações geradas pelo El Niño valeria à pena quando o maior swell da temporada para a costa norte da Califórnia se confirmou nos mapas de previsões, oficializando a chamada para o início da competição no sábado (13/02). Os 24 competidores escalados na lista de convidados foram devidamente avisados e se dirigiram para São Francisco, com a expectativa de que o evento se realizasse em ótimas condições. Entre eles estavam os brasileiros Carlos Burle, que se encontrava no Hawaii, e Alex (Blau) Martins, que reside em São Francisco e entrou como primeiro alternate na vaga do havaiano Broke Little, que estava contundido. O

swell atraiu também outros nomes de peso do big surf mundial, como os havaianos Shane Dorian, Mark Healey e Garret MacNamara, além dos brazucas Yuri Soledade, Everaldo Pato, Maya Gabeira Danilo Couto (também alternate do evento), entre outros. Logo que o dia amanheceu na Califórnia, os primeiros surfistas a entrarem no canal de Mavericks para a sessão pré-evento foram surpreendidos com condições maiores do que o esperado. A leitura das boias na noite anterior indicava 22 pés com 17 segundos de intervalo. A grata surpresa trazia séries que beiravam o surreal na bancada de Mavs. Ondas com mais de 50 pés plus quebravam sem cessar no pico, que além de água gelada e tubarões brancos rondando o line up com frequência, ainda conta com pedras perigosas na “take off zone”, onde morreu há alguns anos o havaiano Mark Foo.


Fotos: setH mIGdaIl

A história do surf em ondas grandes foi reescrita em 13 de fevereiro de 2010, quando todos os limites pré-estabelecidos até então foram quebrados na baía de Half Moon Bay, em São Francisco, Califórnia. As maiores ondas de todos os tempos foram surfadas na remada antes e durante o Mavericks Surf Contest, a competição de big surf com a maior premiação mundial (150 mil dólares). Séries de até 60 pés de face e condições perfeitas nas águas geladas de Mavericks marcaram o dia em que se chegou ao ápice de se entrar remando numa onda.

O dia começou intenso. Na primeira sessão de surf antes do evento, os mais atirados foram o havaiano Shane Dorian, que surfou um tubo insano e tomou o caldo da vida na onda seguinte, e o local Shawn Dollar, que pegou uma das maiores do dia completando o drop até ser varrido pelo espumeiro gigante. Assim que a primeira bateria do Mavericks Surf Contest 2009/2010 teve início, um legítimo espetáculo foi protagonizado pelos 24 convidados, com destaque na primeira fase para a eliminação de nomes consagrados, como Greg Long, que tomou uma vaca assustadora e acabou com suas chances de ser bicampeão da prova, e Peter Mel, outro grande favorito especialista em Mavs. Na fase seguinte, Burle deu um show, passando em

primeiro e carimbando seu passaporte para a grande final do evento histórico. Já Blau, mesmo com uma atuação sólida e atirada na segunda semi, não conseguiu passar. “Peguei uma onda que poderia ter sido muito boa, porém não completei e cai na base. Quebrei minha segunda prancha reserva e perdi a camiseta de competição no caldo. Arranjei uma prancha emprestada, mas fiquei com pouca confiança. Mesmo assim, consegui uma onda no final que não foi tão grande e acabei ficando em quarto”, disse ele para a Surfar. As bombas não perderam força e as maiores emoções do dia estavam reservadas para a última bateria do evento. Burle se atirou nas morras mais insanas, proporcionando momentos emocionantes a todos os presentes,

ou mesmo para quem assistiu a transmissão ao vivo na internet. O brasileiro se posicionou mais pro outside do que seus oponentes e se jogou por trás do pico nas maiores ondas que entraram na bateria. “Preparei-me a vida toda para chegar seguro e sólido neste momento. Estava posicionado bem mais lá fora da bancada do que todos os outros competidores disposto a pagar qualquer preço para vencer. Fui além dos meus limites para conseguir um bom resultado, quase morri algumas vezes, mas infelizmente o que aconteceu estava acima da compreensão dos juízes e da comissão técnica. Os equipamentos do big surf na remada ainda não estão preparados para suportar condições extremas como aquelas”, relatou Burle.

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don montGomerY

aleX Martins É consiDeraDo local Do pico por resiDir eM sÃo francisco e seMpre se Destacar coM atuaÇÕes consistentes e atiraDas nos Dias Mais eXtreMos eM MaVs.

No final do evento, o brasileiro ficou apenas com a quinta colocação, um pouco aquém do merecido. Com base na escolha de ondas e na atitude durante a bateria final, definitivamente Burle deveria ter ficado em uma posição melhor. Mas com o atual critério de julgamento, Chris Bertish, que optou por uma atuação mais segura, venceu merecidamente. Houve muita controvérsia após o término do evento. Outro exemplo que ficou evidente foi o do sul-africano Grant “Twiggy” Baker, que conseguiu um 10 após dropar uma bomba gigante na semifinal e não passou para fase seguinte por não ter surfado uma segunda onda boa. É de se esperar que em um campeonato de ondas grandes a atitude de buscar e dropar as maiores deva prevalecer sobre a regularidade, como acontece no Eddie Aikau. O consenso é que o formato tem que mudar. cHris bertisH, VenceDor Do MaVs surf contest 2010.

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Fotos: setH mIGdaIl

finalistas coMeMoranDo coM Jeff clark.

burle e aleX no canal.

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don montGomerY

alguÉM arrisca DiZer o taManHo Dessa onDa? ion banner nÃo coMpletou esse Drop, Mas, seM DÚViDa, o MoMento Vai ficar na HistÓria.

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teXto e fotos: bruno leMos

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Realizar um “big waves contest” é algo bem mais complicado do que se pode imaginar. Você tem todas as tarefas e preocupações que normalmente teria num campeonato, fora a responsabilidade de garantir a segurança dos competidores e, o mais difícil, conseguir “adivinhar” o dia certo para realizar a competição. Um detalhe que parece ser simples, mas que na verdade é a alma do negócio. E é claro, quanto maior as ondas, melhor será o evento. No entanto, o veterano Gary Linden, diretor de prova do “TODOS SANTOS BIG WAVE EVENT 2010”, tinha algo ainda mais complexo para resolver do que os itens mencionados acima: convencer os 24 melhores surfistas de ondas grandes do planeta a surfar de graça nesse evento e, por incrível que pareça, ele conseguiu essa façanha! Mesmo sem grana nenhuma de premiação, estavam presentes alguns dos melhores profissionais de ondas grandes, como Shane Dorian, Carlos Burle, Twiggy Baker, Garrett McNamara, Dave Wassell, Mike Parsons, Danilo Couto, entre muitos outros. O californiano Greg Long foi também um dos responsáveis para que isso acontecesse. Ele pessoalmente chamou os surfistas e conseguiu “comover” todos para participar da competição, além disso, ainda fez uma contribuição monetária para ajudar nas despesas da produção com o bônus que faturou dos patrocinadores por ter vencido o Eddie Aikau, em Waimea Bay. Pela primeira vez um campeonato feito por surfistas para surfistas, cada um colocando um pouco do seu próprio bolso para que a última etapa do primeiro circuito mundial de ondas grandes acontecesse, sem dúvida, um momento histórico.

Disputa no canal De killers para assistir ao HaVaiano sHane Dorian eM aÇÃo.

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12 anos Depois burle Volta a toDos para Disputar Mais uM título MunDial

O DIA ANTERIOR Vento maral forte, chuva e mar completamente flat. Essas eram as condições no dia anterior do evento. Mas nenhum dos competidores conseguia se preocupar com as condições de ondas e do tempo. Na verdade, só se falava em uma coisa: o terremoto que havia ocorrido na noite anterior no Chile, exatamente na cidade natal de um dos atletas. Mesmo evitando falar no assunto, Ramon Navarro, que foi um dos primeiros a chegar, mostrava um ar de total desespero por não conseguir até aquele momento saber se sua família estava bem. “Eu entrei no avião duas horas antes do terremoto,

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O DIA DO EVENTO assim que aterrissei na Califórnia não acreditei na notícia”, desabafou o chileno. Claro que o suporte dos outros surfistas foi grande, mas Navarro só conseguiu ficar um pouco mais aliviado quando teve a certeza de que todos seus familiares estavam vivos. A tarde passou rápido e logo no início da noite a organização do evento realizou um meeting entre os competidores explicando a logística para o dia seguinte.

Antes de o sol nascer no domingo (28/02), uma caravana de barcos, jet skys e outras embarcações partiam para uma jornada de mais de uma hora no mar em direção à ilha de Todos os Santos, uma reserva ecológica onde se encontra talvez uma das ondas grandes mais difíceis de surfar. Já no caminho dava para ver que o cenário era outro em relação ao dia anterior. O sol brilhava forte, com vento terral fraco e espumas muito fortes batendo nas pedras que protegem a marina principal da cidade, indicando que as ondas estariam grandes.


o peruano gabriel Villaran leVou o MelHor Drop Do eVento coM esta onDa.

rusty long prestes a protagoniZar o Wipe out Do eVento.

Logo na primeira bateria do dia teríamos o confronto entre o líder do ranking mundial de ondas grandes com o vice-líder. Greg Long e Carlos Burle teriam a oportunidade de mostrar aos poucos espectadores presentes um pouco das suas habilidades. E quem sabe o próprio título mundial poderia ser decidido naquele momento, caso Burle fosse eliminado, pois, com dois primeiros lugares no bolso, o californiano estava numa posição mais confortável que o brasileiro, que precisava não somente passar aquela bateria, mas ganhar o evento se quisesse ser o campeão

mundial em 2010. Long, para quem não sabe, cresceu surfando ondas grandes em Todos os Santos e é considerado local no pico. A segurança que ele conseguiu transmitir ao surfar nessa bateria “a onda do evento” foi impressionante. Uma bomba de 25 pés sólidos que lhe garantiu o primeiro lugar na disputa. Burle também mandou muito bem e avançou para o segundo round, que já era a semifinal. O formato do campeonato era o seguinte: quatro baterias com seis atletas e duração de 45min cada, duas semifinais e, depois de 30mim de intervalo, uma final com uma hora de duração.

De acordo com a previsão, esse era um swell chamado geralmente de “relâmpago”, pois iria subir e baixar muito rápido. Mas mesmo com as longas calmarias, dava para ver que em cada bateria vinha pelo menos uma série grande. Quem era premiado e conseguia surfar uma dessas ondas, estava passando na frente. O peruano Gabriel Villaran teve muita sorte e surfou uma linda que lhe rendeu o prêmio de melhor drop do evento. Falando em prêmios, Rusty Long ganhou um macaco de pelúcia em homenagem ao melhor wipe out.

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VeJa VíDeos Do eVento eM toDos santos na surfar tV. WWW.REVISTASURFAR.COM.BR

o atiraDo HaVaiano Mark Healey DropanDo na final para Vencer o eVento e coMeMoranDo nos braÇos Da galera apÓs a DiVulgaÇÃo Do resultaDo.

A FINAL As ondas deram uma reagida durante a finalíssima. Nos primeiros cinco minutos, uma boa série fez com que Mark Healey saísse na frente realizando um bom drop para garantir a melhor onda da bateria. Burle pegou algumas boas e deu a entender que teria surfado a segunda melhor da bateria. Shane Dorian também parecia estar na disputa, pois tinha três ondas razoáveis. Logo que a buzina tocou terminando o evento, eu e a maioria dos que estavam comigo no barco tivemos a impressão de que Healey estaria disputando o primeiro lugar com Burle, dependendo apenas de como os juízes haviam interpretado a

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segunda onda de cada atleta. Pode ser que de onde os juízes estavam posicionados tenha dado outra impressão, porque Dorian acabou em segundo, Navarro em terceiro e Burle em quarto. Mesmo um pouco surpreso com o resultado, o brasileiro parecia estar contente por ter se sagrado vice-campeão mundial de 2010. “Vamos abrir uma champanhe e comemorar, afinal estou com 42 anos e ainda consegui ser vice-campeão mundial no meio dessa garotada” declarou Burle, tentando de alguma forma ver o melhor lado da situação. Enquanto isso, o vencedor da etapa comemorava aos gritos e foi carregado pelos amigos até o bar do hotel onde a festa iria começar.

Nesse mesmo momento fomos em direção ao carro, pois estaríamos retornando para a Califórnia naquela mesma noite. Assim que saímos do hotel, um visual incrível da lua cheia nascendo inspirou Burle a fazer o seguinte comentário: “Sabe que dia é hoje? 28 de fevereiro. Foi exatamente neste dia que há 12 anos venci o primeiro campeonato de ondas grandes aqui em Todos os Santos. Imagina se isso tivesse acontecido novamente?” Essas palavras fizeram transparecer seu real sentimento sobre a situação que acabara de acontecer. Parecia que o destino havia preparado tudo para que a estrela do brasileiro tivesse brilhado mais alto e, por muito pouco, a história não foi escrita da maneira que deveria.



fotos: DiVulgaÇÃo

por: tIaGo GarCIa

O NOVO PROJETO DE DANE REYNOLDS

dIVulGaÇÃo

Ano passado durante o WCT em Imbituba, conversei com Dane Reynolds enquanto jantávamos na pousada em que estivemos hospedados. Quando começamos a falar sobre filmes de surf, Dane comentou que gostaria de fazer uma nova produção para 2010. Alguns meses se passaram. E conversando com Damien Hobgood pelo Twitter, fiquei sabendo que nosso amigo Dustin Miller será o diretor do segundo filme pessoal do surfista californiano e ídolo de toda uma geração. No mesmo momento, fiz uma entrevista com o promissor diretor da Flórida que vocês conferem com exclusividade na Surfar.

Como você e Dane Reynolds planejaram fazer o segundo filme dele? Eu conheci Dane na França há pouco mais de um ano e descobrimos que nosso gosto por filmes era bastante parecido, inclusive nos de surf. Então, me convidou para fazer um projeto com ele. Eu mal pude acreditar, é uma honra. Aonde foram feitas as imagens do filme? Nós gravamos no México, Europa, África do Sul, Caribe e Califórnia. Uma variedade de locais diferentes, incluindo uma onda que, até onde sabemos, nunca foi filmada. Tudo gravado em filme Super 16 e Super 8.

Que tipo de música pode-se esperar para a trilha sonora? A trilha será diferenciada... Bem diferenciada! Não sei como as pessoas vão reagir, pois vai soar como se tivesse saído da garagem de alguém. Nada de electro-pop, como a maioria dos filmes de surf ultimamente. Você está planejando algo parecido com o First Chapter? Vai ser muito diferente deste. O Dane é o Dane... Uma figura! Acima de tudo ele procura ser original. Você já tem um nome para este projeto? Sem nomes ainda. Temos que pensar sobre isso e achar um muito em breve. Quando será o lançamento? Não tenho ideia. Não queremos estipular uma data, mas será ainda este ano.

NEWS: - Outra estrela do surf mundial que terá um filme pessoal em 2010 é o australiano Julian Wilson. Produzido pela Irons Brothers Productions e Dirigido por Matt Beauchesne, Scratching The Surface tem previsão de lançamento para setembro. - Day by Day, o mais recente filme de Adriano de Souza, dirigido pelo próprio e editado por Rafael de Oliveira, já está disponível através do endereço www.oakley.com.br/daybyday/ Para mais informações acesse: www.tiagogarcia.net

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TOP 10 VIDEOS: por CJ Hobgood

North Shore Green Iguana Occumentary Kelly Slater in Black and White Momentum 1 Monentum 2 Momentum Under the Influence Magnaplasm What´s really going on Secret Machine



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Olivia Furieri

28 anos Fotos: Celso Pereira Jr.


Olivia Furieri, 28 anos, nasceu em Vitória, mas reside em Niterói, Rio de Janeiro. Frequentadora assídua da praia de Itacoatiara nos fins de semana, ela costuma surfar, mas o mar tem que estar pequeno. Para manter o corpo em forma, Olivia procura fazer uma alimentação equilibrada, além de praticar musculação, corrida e adorar andar no seu skate elétrico. Como tem uma ligação muito forte com a praia e a natureza, já conheceu Noronha, Itacaré, Floripa, Costa Rica, Panamá, dentre outros. Quando perguntamos sobre seu maior sonho, ela diz com convicção: “Ter minha própria agência de publicidade e ser reconhecida profissionalmente.”

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Mais fotos Dessa e De outras Misses surfar eM nossa galeria. WWW.REVISTASURFAR.COM.BR

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fotos: ÁlVaro freitas

Idade: 10 anos Patrocinador: Kaway e RM Apoio: Keahana e Wet Dreams Quiver: 4´10” e 5” Shaper: Ricardo Martins

Idade: 12 anos Patrocinador: Gol, Compão, Hangbay, HB e Ct Quiver: 5’2 Shaper: Beto Guarino

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Luca tem sangue de surfista na veia. Desde bem pequeno, ele era empurrado nas ondinhas pelo pai, o também surfista Danilo Nolasco, dono da escolinha Go Surf Kaway. Aos cinco anos de idade, sem medo, o garoto se tornou um praticante de verdade. “Comecei com as pranchas do meu pai. Tive muita influência dele para gostar de surf.” Nos campeonatos em que participa, Luca sempre chega às fases finais. Viagens internacionais já fazem parte de seu currículo. Tem carimbado no passaporte Peru e Costa Rica, além de ter se divertido bastante no Brasil em lugares como Guarda do Embaú, Garopaba, Imbituba e Ubatuba. Como qualquer competidor, ele sonha em fazer parte do WCT um dia. Mas para isso acontecer, antes ele quer se tornar um surfista profissional de ponta, aí depois vai lutar para fazer parte da elite, como seu ídolo Mineirinho faz. “Meu maior sonho é ser campeão do mundo”, diz. O garoto tem personalidade e surf no pé.

Matheus Rodrigues, local da praia de Itacoatiara, vem dando um calor nas baterias na molecada de sua idade. Tudo começou aos 10 anos. Matheus dispensou as aulas nas escolinhas e o que sabe hoje aprendeu sozinho. Já alcançou alguns resultados em sua recente carreira e foi um dos grandes destaques no circuito estadual Sub14. Tem estilo próprio e não amarela nas ondas fortes. Todo dia ele está na água, pois acha importante treinar muito. Mas quando o mar está flat, não dispensa um rolé de skate. Seu sonho é se tornar surfista profissional. Para Matheus, Gabriel Medina é o cara da vez. “Conheci o Medina no Sul e comecei a acompanhar sua trajetória. Hoje tento fazer as manobras como ele”, fala. Disciplinado com os estudos, se depender dele teremos em breve mais um representante carioca a subir nos pódios.



VITÓRIA NO CALOR DA TORCIDA primeiro passo para voltar à elite. Fiquei dois anos nela e senti que lá é o meu lugar. O primeiro ano foi de reconhecimento e no ano passado acabei saindo, mas certamente vou voltar para não sair mais”, conclui. O título foi definido por centésimos de diferença no placar encerrado em 16,07 x 16,00 pontos. Heitor, de 26 anos, faturou os 20.000 dólares e 3.000 pontos no ASP One Ranking somando notas 8,40 e 7,67 contra 8,17 e 7,83 de Alejo, de 19 anos, que levou 10.000 dólares e 2.250 pontos. Os dois derrotaram nas semifinais o potiguar Alan Jones e o havaiano Sebastien Zietz, que ficaram empatados em terceiro lugar com 1.688 pontos e 5.000 dólares.

Fotos: rICK WerneCK

O Maresia Surf International WQS 2010, etapa 6 estrelas da divisão de acesso ao World Tour, aconteceu entre os dias 26 e 31 de janeiro na praia do Ronco do Mar, em Paracuru, Ceará. Ao todo o evento contou com 144 atletas inscritos, distribuiu um total de US$ 145 mil (cerca de R$ 253 mil) e valeu 2.500 pontos no ranking para o vencedor. O cearense Heitor Alves levantou o público na praia ao vencer o catarinense Alejo Muniz numa decisão emocionante. “Não dá nem para acreditar. Vencer em casa com essa galera que lotou a praia e torceu por mim, com minha família toda aqui, é indescritível, não sei nem o que falar”, disse Heitor, logo depois de ser carregado pela imensa torcida que lotou Ronco do Mar no domingo. “Estou realizado e este foi o meu

Heitor alVes.

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aleJo MuniZ. alan Jones.

resultaDo Maresia international 2010 1 2 3 3 5 5 5 5

Heitor alves (bra) alejo Muniz (bra) alan Jones (bra) sebastien Zietz (Haw) HizunomĂŞ bettero (bra) pedro Henrique (bra) thiago de sousa (bra) John Max (bra)

9 9 9 9 9 9 9 9

brian toth (pri) Leonardo Neves (bra) royden bryson (afr) Yadin Nicol (aus) Nathaniel Curran (Eua) raoni Monteiro (bra) Willian Cardoso (bra) rudĂĄ Carvalho (bra)

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Fotos: rICK WerneCK

o caMpeÃo cJ HobgooD na Água, na areia e no pÓDio.

CJ FAZ A FESTA EM NORONHA por: nancy geringer

Tubos azuis esmeralda, sol e atletas da elite Mundial, Pro Junior e Brasileira foram a combinação perfeita da 11ª edição do Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha, etapa PRIME (única no Brasil) do WQS com nível seis estrelas, realizada em fevereiro passado na Cacimba do Padre. Campeão mundial em 2001, o norte-americano CJ Hobgood estragou a festa do carioca Raoni Monteiro na decisão da prova, encerrada em ondas de um metro. Impecável em todo o campeonato, o cabeça de chave número 1 da competição exibiu um vasto repertório de manobras para ficar com o título. Campeão em 2008 e vice em 2009, Raoni lutou até o fim para reverter o resultado, mas acabou com o segundo vice-campeonato consecutivo. CJ foi o quarto estrangeiro a sair de Noronha campeão entre as 11 edições realizadas na Ilha. Nas oitavas, ele atropelou o catarinense Willian Cardoso. Nas quartas mandou uma sequência de aéreos para passar pelo carioca Gustavo Fernandes. E na semifinal teve um dos mais difíceis duelos, considerada por muitos como uma final antecipada, contra o catarinense Alejo Muniz. Mas o experiente norte-americano acabou com a disputa logo no início e seguiu para a final. Já Raoni passou apertado pelo cearense Márcio Farney nas oitavas e pelo ubatubense Hizunomê Bettero nas quartas. Na semifinal, diante de Wigolly Dantas, de Ubatuba, saiu em vantagem e administrou a bateria para garantir a classificação para a final. Na final, o americano botou para dentro e arrancou um high score logo na segunda onda. A nota 8.0 já lhe deu certa tranquilidade no início da bateria. Em seguida, ele descolou 6.33, complicando de vez a vida do adversário, que precisaria de uma nota 10 para reverter o resultado. Em se tratando de Raoni, que mostra ‘sintonia’ com as ondas de Noronha, era perfeitamente possível acontecer. Mudou o posicionamento e pegou um tubo para direita, obtendo 5.10 pontos na oitava onda, ficando assim na dependência de 9.23

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aleJo MuniZ.

o bi-Vice raoni Monteiro. Wigolly Dantas.

para virar a situação a seu favor. No entanto, como as ondas não estavam excelentes na final, ficou muito difícil mudar o resultado. Pela primeira vez no arquipélago, CJ Hobgood foi só elogio ao local e ao evento. “No ano passado cheguei perto várias vezes, mas fiquei no máximo em 3º ou 5º. É muito bom voltar a vencer, ainda mais num lugar fantástico como esse”, comemorou CJ, que embolsou US$ 20 mil, além de 6.500 pontos no ranking unificado da ASP. Com a segunda colocação, Raoni conquistou US$ 10 mil de prêmio e 4.875 pontos. “Meu objetivo era vencer aqui, porém estou contente com a minha performance. Tive um ano difícil, pois estou sem patrocinador desde o evento de 2009 e sofri uma contusão no meio do ano. Perdi várias competições, mas estou aqui novamente em forma e lutando para recuperar minha vaga no WCT”, disse o carioca, que completou um ano sem patrocinador principal.

resultaDo Hang loose pro contest 2010 1º 2º 3º 3º 5º 5º 5º 5º

CJ Hobgood (Eua) raoni Monteiro (bra) alejo Muniz (bra) Wiggolly dantas (bra) Gustavo Fernandes (bra) brett simpson (Eua) Joan duru (Fra) Hizunomê bettero (bra)

9º 9º 9º 9º 9º 9º 9º 9º

Jadson andré (bra) Hodei Collazo (Esp) Willian Cardoso (bra) peterson rosa (bra) Matt Wilkinson (aus) dion atkinson (aus) Leonardo Neves (bra) Márcio Farney (bra)

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O carioca Mario Flávio iniciou sua empreitada como shaper em 85. Sua primeira prancha shapeada atraiu as atenções de nomes de peso na época, como Cauli Rodrigues. Dois anos depois já estava embarcando para a Califórnia e Hawaii a fim de evoluir na profissão, ficando por lá até 2002. “Consegui meu objetivo que era aprender a fazer pranchas de verdade”, diz. De volta ao Brasil, conhece Ian Cosenza, uma jovem promessa, na época com 14 anos de idade. Mário lembra-se de um fato bastante engraçado que aconteceu na época. “O Ian chegou a minha casa com uma prancha que parecia ter sido moldada no osso, totalmente rústica e me perguntou: ‘O que você acha?’ (risos). Ele levou uma grana para fazer uma prancha e eu fiz duas, porque havia gostado muito do moleque. A partir daí não paramos mais e nossa parceria bem sucedida já dura mais de sete anos”. IAN COSENZA POR MÁRIO ian cosenZa porFLÁVIO Mario

flÁVio

MÁRIOMario FLÁVIO POR IAN COSENZA flÁVio por ian

cosenZa

Na minha primeira temporada, eu não sabia nada e confiei totalmente no Mário. Ele fez minhas pranchas com bordas mais ‘em pé’, para um iniciante em Pipeline mesmo. Ele me falou: ‘Essa prancha é o que você precisa para ganhar confiança, pois se eu fizer algo mais radical, pode ser que te atrapalhe’. Na segunda temporada, eu já estava com um equipamento mais aprimorado e ia surfar direto em Pipe com o Fun e copiava o que ele usava para o pico. Com o feedback que consigo passar para o Mário, evoluímos em vários aspectos. De um drop mais rápido no Tahiti a uma onda grande mais balançada como Puerto, eu trouxe informações que utilizamos para se chegar aos equipamentos de hoje.

bruno lemos

Logo que o Ian terminou o ginásio tivemos uma conversa e disse que se ele realmente quisesse levar a sério a carreira teria que investir em treinamento. Eu então o apresentei para o Bruno Moreira, do CT Surf, onde começou a treinar. A partir daí, ele evoluiu bastante, viajando para pegar as melhores ondas mundo afora, como no Hawaii, onde já esteve quatro vezes durante a temporada de ondas grandes. Em sua primeira temporada, fiz pranchas que facilitavam entrar na onda e dropar rapidamente em Pipeline, que é seu pico preferido lá. Atualmente ele tem uma boa noção de

shape e isso me ajuda bastante, pois o feedback dele está mais realista. Para esta sua quinta temporada, o Ian está levando equipamentos de alta performance, pranchas com pouco outline, rabetas bem pin e fundo lite V para facilitar na virada, pois não gosto de fazer pranchas muito retas e este recurso alivia a pressão, que é uma constante em Pipe. Como ele está mais pesado, as pranchas estão com mais espessura e mais largas também. Essa específica para Pipe tem ‘menos outline’, ou seja, menos curva. Além dos segredinhos de edge, etc...

ian eM sua onDa faVorita, pipeline.

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dIVulGaÇÃo QuIKsIlVer

roGer FerreIra

ian cosenZa e Mario flÁVio.



ROB MACHADO NO RIO Fotos: pedro monteIro

Rob Machado desembarcou no Brasil para realizar o lançamento do seu novo filme, The Drifter. Durante a premiére carioca, Machado deu uma atenção especial à Surfar

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1 - Galera assistindo The Drifter. 2 - Gabriel Pensador e Rob Machado. 3 - Paloma Medeiro e Vanessa Machado. 4 - Gatas gringas conferindo o filme. 5 - Guilherminho, Ariane e Nicole. 6 - Dora, Romeu, Felipe Baracchini e Valter Vale. 7 - O skatista pro Hurley, Alesandro. 8 - Machado amarradão com a Surfar. Direito a vídeo no site da Surfar. 9 - Galera da WQSurf presente na festa. 10 - Conferindo a premiére, as amigas Fernanda e Denisy. 11 - Thiago Silva e os atletas da Hurley Biel Garcia e Diego Silva. 12 - Gerson Filho, Roger Ferreira e Iuri Veloso (Hurley RJ). 13 - A web designer Gabriela Spinola com sua amiga Jalila. 14 - O Jesus Cristo do surf. 15 - Bruno Bocayuva e Marcelo Andrade, presidente da Abrasp.

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Irreverência e versatilidade são marcas registradas do carioca Pedro “Scooby”, 21 anos. O local do Recreio é um dos mais performáticos surfistas brasileiros da atualidade e agora, com novo patrocínio, pretende trabalhar forte em 2010 para atingir seu maior objetivo: ser um surfista completo. Confiram a entrevista concedida por Scooby para a Surfar. por: roger ferreira

Onde você se enquadra no atual cenário do surf? Sou um surfista feliz e faço o que estou com vontade. Minha visão do surf é muito diferente. Colocam rótulos de que temos que ser freesurfer, competidor, tube rider ou big rider, mas você pode ser tudo ou um pouco de cada, fazendo o que está a fim naquele determinado momento. Eu quero ser livre para viajar, surfar ondas diferentes, sem estar preso a uma agenda de compromissos igual a dos competidores. Em 2009 você passou por momentos difíceis, ficando inclusive afastado do surf. O que aconteceu? Minha mãe sofreu um acidente, passei por transição de patrocínio, no qual tive muitos problemas para resolver, e fui obrigado a abandonar o foco de estar na mídia para agilizar tudo isso. Agora está tudo resolvido, meu emocional está bem para caramba, o surf está no pé e estou de patrocinador novo, com contrato de dois anos para aproveitar e dar bastante retorno. E como seu novo patrocinador encarou essa sua fase meio apagada do cenário? Eles tiveram uma visão bem legal. Ainda em 2009 disseram: “Scooby, fica tranquilo. Você fez até demais perto do que estava podendo. 2010 é o seu ano, vamos investir sério para você nos dar retorno, poder viajar e tudo mais”. Fiquei em casa resolvendo os problemas, treinando e, mesmo assim, fiz algumas viagens, como México e Bocas Del Toro. Agora estou disposto a voltar com carga total. Atualmente como é a sua rotina no Rio? Malho todos os dias e surfo quando dá onda boa. Não pude viajar ainda, pois estou dando uma força em casa cuidando da minha mãe e devo voltar à estrada agora em fevereiro. E seus planos para o restante do ano? Irão rolar alguns campeonatos do meu patrocinador na Califórnia. Quero ir para treinar e competir, além de fazer trips tendo a Califa como base. Vai ser bem interessante ficar estudando inglês, vivendo e treinando lá. Você consegue ter uma visão de como vai ser a sua carreira nos próximos anos? Não penso em ser um campeão do WQS, um tube rider ou algo assim. Quero ser um surfista que todos olhem e pensem: “Ele é foda! Vou me inspirar nesse cara”. Meu desejo é ser completo, pois tem muito surfista perneta por aí (risos). O cara é bom de tubo e é ruim de manobra. É bom de aéreo e ruim de tubo. Ou pega onda grande e não surfa as marolas. E por aí vai... Eu sou homem igual a qualquer um e posso surfar ondas pequenas ou grandes, pegar tubos, fazer manobras, aéreos e ser bom em tudo, esse é o meu foco. O dia que conseguir ser completo e agradar a todos, eu estarei feliz.

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Ă lVaro FreItas


pedro tojal

prÓXiMo nÚMero

2 ANOS DE SURFAR

onDa pra boDyboarD? JÊ Vargas proVa Que nÃo... laJe Do sHorebreak De copacabana.

Editor chefe: José Roberto Annibal – annibal@revistasurfar.com.br. Editor executivo: Grimaldi Leão – grimaldi@revistasurfar.com.br. Projeto gráfico e Arte: Marcos Myara – marcos@revistasurfar.com.br. Redação: Roger Ferreira – roger@revistasurfar.com.br. Fotografia: Pedro Tojal – tojal@revistasurfar.com.br. Revisão: Déborah Fontenelle. Colunistas: André Breves Ramos, Tiago Garcia, Felipe Cesarano. Colaboradores de Fotos: Álvaro Freitas, Bidu, Bruno Lemos, Luis Claudio Duda, Pedro Monteiro, Rick Werneck, André Portugal, Don Montgomery, Seth Migdail. Colaboradores de texto: Bruno Lemos, Lucas Rech, Bidu, Nancy Geringer. Tratamento de imagens: Aliomar Gandra e Ricardo Gandra. Comercial: Bruno Pinguim (Rio), Sérgio Ferreira (Baixada),Two Go Comunicação. Jornalista responsável: José Roberto Annibal MTB 19.799. Impressão: Gráfica Ediouro. A Revista Surfar pertence a Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Distribuição gratuita no Rio de Janeiro. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna 250, sala 209 - Barra da Tijuca - Cep. 22793-000 E-mail para contato: surfar@revistasurfar.com.br - Tels.: (21) 2433-0235 / (21) 2480-4206.






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