felipe cesarano, Laje do forte.
pedro monteiro
índice
Um visual incomum, direitas sendo surfadas aos pés do Pão de Açúcar, na Praia do Flamengo.
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Baía de Guanabara Desbravamos as ondas potentes da Laje do Forte.
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aBIDUzido
O fotógrafo Bidu conta suas aventuras pelo mundo.
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Trip Surfar
André Gioranelli apresenta Santa Cruz.
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Outono de Peso
Imagens da ressaca que sacudiu o Rio.
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Miss Surfar
Show de beleza com Juliana Almeida.
revista surfar
.com.br
NIVANA
nesta: visual da baía de Guanabara que recebeu um grande swell no início de abril. foto: Pedro tojal na caPa: felipe cesarano no forte tamandaré. foto: bidu
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editoriaL
A COMEMORAÇÃO É TODA NOSSA! O que podemos dizer ao completar dois anos no mercado é que estamos em um constante processo de evolução e, sem dúvida, esse é o objetivo: evoluir em todos os sentidos. A frase pode ter um teor poético, mas poesia não é o nosso forte. Desde o primeiro número, a Surfar vem inovando com um design moderno, trabalhando com os melhores profissionais e investindo em novos talentos, como o fotógrafo Pedro Tojal, que hoje faz parte do staff. Com certeza todo o nosso crescimento nesse pouco tempo de existência se deve também em grande parte ao envolvimento, ou melhor, ao “movimento” de uma galera unida em prol do surf e do mercado do Rio. Leitores, surfistas, empresários, shapers, fotógrafos, representantes das marcas, designers, jornalistas, diretores de marketing, entre muitos outros. Cada um com a sua parcela de contribuição, seja através de um
toque, um elogio, uma crítica, aquele recado no facebook, a foto exclusiva, um anúncio que só vai sair aqui, etc... É a grande energia positiva de todos que faz as coisas caminharem. É por isso e por tantos outros motivos que no mês de aniversário só temos o que comemorar! A primeira revista de surf gratuita do Brasil também atingiu números expressivos em 12 edições. Com uma distribuição de 20 mil exemplares, atingimos mais de 1 milhão e 200 mil leitores (média de 5 leitores por unidade), sem falar na revista virtual (revistasurfar.com. br), onde a cada dia aumentam mais os acessos. Falando um pouco dessa edição, desde que demos a largada nas pautas, o ritmo foi frenético todos os dias até chegar na gráfica. No entanto, o que nos deixou ainda mais pilhados foi a grande quantidade de imagens e informações que
chegava diariamente na editora. Ao todo tivemos mais de 40 pessoas envolvidas no processo para a revista entrar no forno. Para fechar com chave de ouro, estamos trazendo com exclusividade as imagens inéditas da Baía de Guanabara, uma matéria completa que você vai ver somente aqui na Surfar. Mas não para por aí. Bidu rodou o mundo atrás dos melhores picos e apresenta a sua obra em 10 páginas de muito feeling. Já na Califórnia, o carioca André Gioranelli descreve em detalhes a cidade de Santa Cruz com a participação de Marcelo Trekinho e Marcos Sifú. E no swell gigante que invadiu as pistas de várias avenidas do Rio, registramos de todos os ângulos a galera se jogando nas buraqueiras de Copacabana e nos picos que quebram raramente, como nas praias de Botafogo e do Flamengo. Até o próximo swell e vamos todos para dentro d’água Surfar! José Roberto Annibal
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3” 4 COLOR
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2010 Oakley, Inc. 4003-7822
Disponível com Lentes de Prescrição Autênticas da Oakley – Oakleyrebel.com.br
Choque o sistema. Jadson Andre com Holbrook™
Ele não vem da conhecida praia de surfistas. Ele não tem o centro de gravidade baixo típico da maioria dos profissionais. Ele só precisou de dois anos para subir no WQS e ganhar um lugar no ASP Dream Tour. Praticamente nada do que Jadson André fez em sua curta carreira pode ser descrito como tradicional. Nascido na cidade litorânea de
Natal, sendo magrelo e vindo de uma relativa obscuridade para se juntar a 45 dos melhores surfistas do mundo, a entrada triunfante de Jadson na cena adicionou um choque de talento positivo ao Tour. Isso soa muito familiar para nós aqui na Oakley, onde continuamente chocamos o sistema ano após ano com inovações industriais de impressionar.
o Hawaii é uma caixinha de surpresas! em poucos minutos o mar pode mudar e você pegar a onda tão esperada da temporada, como essa do texano morgan faulkner em off the Wall.
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pedro tojaL
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arQUiVo pessoaL
ondas em lugares difĂceis de serem surfadas no passado, hoje se tornaram possĂveis com o auxĂlio do jet ski, como esta bomba do paulista roberto cantoni em Phantoms, no Hawaii.
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Fotos: jULio FonYat BidU BidU
MAYA É TETRA NO XXL
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A edição comemorativa de 10 anos do Billabong XXL Big Wave Awards, maior premiação do big surf mundial, foi dominada pelas ondas grandes surfadas na remada durante a última temporada do Pacífico Norte. A festa, onde foram anunciados os vencedores, aconteceu no último dia 23 de abril em Anahein, Califórnia, e contou com a presença dos maiores nomes da modalidade. Quatro surfistas brasileiros estavam entre os finalistas: Carlos Burle, Alex Martins, Maya Gabeira e Danilo Couto, como também os fotógrafos cariocas Bidu e Bruno Lemos, que vive no Hawaii, e Fred Pompermayer, que mora na Califórnia. Pelo quarto ano consecutivo, a carioca Maya Gabeira foi a vencedora da categoria melhor performance feminina. Maya marcou presença em picos como Dungeons (África do Sul), Teahupoo (Tahiti), Mavericks (Califórnia), Jaws (Maui, Hawaii), Waimea e Phantons (Oahu, Hawaii) para vencer de forma incontestável a edição 2010 do XXL. “Tive um ano espetacular, com várias chances de ter sucesso em função dos swells gigantes em sequência que tivemos. Vivi intensamente e evolui o equivalente há quatro anos, pois deu onda grande sem parar neste último inverno. Por tudo isso, minha temporada foi bem completa. Estive em diversos lugares diferentes e sabia que tinha uma boa chance de conquistar novamente o XXL”, relatou a big rider. Na categoria mais aguardada da noite, a Ride of the Year, quem levou o prêmio foi o sulafricano Grant “Twiggy” Baker, faturando os US$50 mil com uma onda de respeito durante o Marevicks Surf Contest 2010, estimada em 55 pés no dia em que foram surfadas as maiores morras na remada. Das ondas de Mavs saiu também o vencedor da Monster Paddle, ou maior onda na remada. Shaw Dollar, local de Santa Cruz, embolsou US$15 mil por uma das maiores ondas no braço da história do surf contemporâneo. Os outros premiados da noite foram: o alemão Sebastian Steudner, que venceu a maior onda da temporada com uma morra de tow-in em Jaws, ganhando US$15 mil dólares; o taitiano Raimana Van Bastolear no maior tubo, com uma onda em Teahupoo, Tahiti, levando US$15 mil; além do australiano Brooke Phillips no pior wipout em Shiptern Bluff, Tasmânia, recebendo US$10 mil; e do havaiano Shane Dorian na melhor performance masculina, engordando sua conta em US$5 mil. ao lado: o fotógrafo bidu com sua foto que fez parte da campanha do billabong XXL esse ano.
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Fotos: tiaGo naVas
LÉO NEVES VOLTA COM TUDO Leonardo Neves representou muito bem o convite recebido dos organizadores e foi o grande vencedor da primeira etapa do Brasil Surf Pro, atual circuito brasileiro, que rolou entre os dias 7 e 11 de abril na praia de Itamambuca. Com rasgadas fortes nas pesadas direitas, Léo, que competiu no mesmo dia em quatro baterias, mostrou estar em excelente forma física, derrotando adversários de expressão, como Jano Belo, Hizunomê Bettero e Alan Jones, para chegar à grande final contra o cearense Márcio Farney, que, assim como aconteceu em 2009, ficou com o vice-campeonato. Na finalíssima, Farney passou a maior parte liderando a bateria até Léo mostrar toda a sua experiência adquirida em anos de estrada e arriscar tudo numa junção que fez a diferença no placar final, fechando com 11,47 pontos contra 10,56 de Farney. “Vim para disputar o ranking e buscar meu terceiro título brasileiro. No ano passado, não corri nenhuma etapa e voltar com uma vitória foi excelente. Foi por pouco, mas acho que foi merecida pelo que fiz no campeonato”, conclui o campeão das temporadas 2002 e 2003 do circuito brasileiro profissional, que atualmente mora na Espanha. No Feminino, a campeã brasileira Suelen Naraisa levou a etapa com toda a sua família e os seus amigos torcendo na areia. A próxima etapa na corrida pelos títulos brasileiros de 2010 do Surf Pro vai rolar entre os dias 14 e 18 de julho, na Praia do Cupe, em Porto de Galinhas.
ranKinG nacionaL mascuLino:
01- Leonardo Neves (RJ) – 1.000 pontos 02- Márcio Farney (CE) - 860 03- Heitor Pereira (SP) - 730 03- Alan Jones (RN) - 730 05- Pedro Henrique (RJ) - 610 05- Odirlei Coutinho (SP) - 610 05- Hizunomê Bettero (SP) - 610 05- Flávio Nakagima (SP) - 610
ranKinG nacionaL feminino:
01- Suelen Naraísa (SP) – 1.000 pontos 02- Juliana Quint (SC) – 860 03- Gabriela Teixeira (RJ) - 730 04- Diana Cristina (PB) - 670 05- Cláudia Gonçalves (SP) - 610 05- Jacqueline Silva (SC) - 610 07- Nathalie Martins (PR) - 555 07- Camila Cássia (SP) - 555
abaixo: o 3º colocado alan Jones, o vice márcio farney e a campeã feminina suelen naraísa.
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BidU
sininho em rocky Point.
AQUECIMENTO E ALONGAMENTO Por: Lucas recH
Há um tempo se achava que só o alongamento era o suficiente para aquecer os músculos. Muita gente ficava um tempão se alongando a beiramar sem a técnica adequada, forçando os músculos e tendões. Em vez de preparados, eles ficavam mais rígidos e tensos. O fato é que o aquecimento deve ser sempre feito antes do alongamento, porque um músculo quente e irrigado de sangue amplia a extensão do tecido conjuntivo e muscular, reduzindo assim o risco de lesão durante o exercício e o desgaste precoce das articulações. Para Victor Ribas, atleta que carrega na bagagem várias temporadas na elite do surf mundial, em qualquer tipo de mar é fundamental estar bem preparado. “No aquecimento você alonga e fica com os músculos mais espertos. Costumo fazer uma sequência de exercícios com movimentos e respiração que não só me alongam, mas também me aquecem e ainda me dão mais energia para surfar”, diz. Os exercícios de aquecimento se destinam a melhorar o desempenho e reduzir os índices de possíveis lesões que geralmente ocorrem na primeira queda, aquela que você acorda cedo, com o corpo rígido, pega a prancha e cai direto na água. Com os músculos mais quentes, os tendões tornam-se mais elásticos e há uma maior produção do líquido sinovial, que lubrifica as articulações. Acostumado a enfrentar ondas gigantes, Kiko Evaristo tem uma grande preocupação em se manter bem para aguentar o tranco. “Nós, que somos atletas há muito tempo, temos a tendência de acelerar o processo degenerativo das articulações, mais suscetíveis a contusões. Mesmo os que não são atletas profissionais devem se aquecer e depois alongar antes de qualquer atividade física para, assim, evitar possíveis e prováveis lesões,” conclui.
O aquecimento é dividido em três fases: geral, específica e de alongamento estático, suave. A fase geral se caracteriza pelo aumento da temperatura corporal, melhor alcançada através de um trote leve de 5 a 10 minutos. Pode variar entre correr de lado ou de costas, polichinelos, giros dos ombros, etc. Estar transpirando é a certeza que o corpo está aquecido. No aquecimento da fase específica devemos fazer exercícios parecidos com o movimento da remada. Girar os ombros para frente e para trás, fazer rotação e mover a coluna para frente e para trás, com a finalidade de aumentar o fluxo sanguíneo para as regiões mais trabalhadas. Já o exercício de alongamento da fase estática tem por objetivo avisar o músculo do trabalho a ser realizado e não servir para desenvolver flexibilidade. Manter a posição por 20 segundos, alongando lentamente, sem balanceios, só deixa os músculos tensos. O trabalho para ganho de flexibilidade deve ser realizado em um treino separado, três horas antes ou depois do surf e de qualquer atividade que envolva força muscular, mas sempre depois do aquecimento. O alongamento excessivo antes do surf deixa as articulações vulneráveis a lesões.
PÓS-SURF Com a cabeça feita e a alma lavada, não se esqueça de soltar o corpo para não acordar no dia seguinte com rigidez muscular, o que vai lhe predispor a uma lesão. O mais importante é alongar, se hidratar, comer e descansar, não necessariamente nesta ordem. Coma um alimento rico em carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais e se reidrate. Descanse para guardar energia para a próxima session. dr. Lucas rech - Quiropraxista www.casadacoluna.com • colunasaudavel@gmail.com
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Fotos: sharon Le GranGe
O BIG SURF DE ASFALTO
Guilherme neto ladeira abaixo em cape town.
o carioca Guilherme neto representou o brasil no mundial de downhill na cidade de cape tow, África do sul. a modalidade pode ser considerada como o skate de ondas grandes, pois os atletas chegam a atingir 100 km/h ladeira abaixo em cima de suas pranchas com rodinhas. confiram o relato exclusivo de Guilherme para a surfar.
Em dezembro passado, realizei um sonho que era correr a última etapa do circuito mundial de Skate Downhill da IGSA, o HOT HEELS SOUTH AFRICA. Apesar de não ter competido em nenhum evento em 2009 e não estar treinando muito por conta do trabalho, estudos e falta de patrocínio, eu tinha certeza de que viveria uma das maiores experiências da minha vida. Cheguei a Johanesburgo na manhã do dia 10 de dezembro e segui para embarcar na minha conexão para Cape Town. Kent Lingeveldt, meu grande amigo sul-africano, já estava no aeroporto me aguardando enquanto eu tentava localizar minha bagagem, que não estava no meu voo. Resolvemos seguir para a casa dele, mas depois voltamos três vezes ao aeroporto tentando localizar, sem sucesso, as bagagens, então, eu precisaria arrumar alguns equipamentos emprestados para correr o primeiro dia do evento na manhã seguinte. Para minha sorte, Kent tem o mesmo tipo físico que eu e me emprestou algumas roupas. No dia seguinte, nós fomos direto ao work shop da Alpha Lonboards, skateboard brand sul-africana, para tentar localizar algum shape e peças para montar um skate. Conseguimos um shape parecido com o meu e também algumas peças que poderiam ser usadas para montarmos o skate. O Kent arranjou um macacão de couro velho para mim e seguimos para a cidade de Prigle Bay até chegar à reserva ecológica Kogelberg, onde se encontrava a ladeira do campeonato. A estrutura que encontramos era realmente digna de um mundial. Fomos recebidos por Iona Zietsman (mãe de Mike Zietsman, atleta sul-africano), que estava organizando e realizando o evento. Logo tratei de me alongar e botar para baixo na ladeira. Eu esperei aquele momento por mais de sete anos, mas ainda precisava me adaptar rapidamente aos equipamentos emprestados. Após fazer o reconhecimento da pista, fomos armar as barracas em um camping que ficava a uns 20 minutos da ladeira. Por volta das 22 horas, Kent recebeu uma ligação da companhia aérea afirmando que meus pertences haviam chegado.
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Acordamos bem cedo na manhã seguinte para os treinos livres e à tarde tivemos a tomada de tempo. Neste dia pude andar com meus próprios equipamentos. Com muito mais conforto e segurança, eu andei no limite da ladeira e o high speed já batia 90 km/h no GPS. Para a minha surpresa, consegui fazer o sétimo tempo entre os 40 competidores. Eu realmente não esperava ir tão bem contra atletas que estavam correndo o circuito durante o ano todo. Enfim chegou o dia do mundial. Na minha primeira bateria estavam os atletas sul-africanos Alex Duss, Kent Lingevelt e Gary Africa. Consegui largar bem e, após fazer a sessão de curvas sem desgarrar, segui até a linha de chegada em primeiro, passando para as quartas-de-final como cabeça de chave. Nas quartas, eu encontrei Scoot Smith (CAN), Alex Duss (SAR) e Olivier Baraut (FRA). Não consegui largar bem, mas antes das curvas consegui passar Duss e fiquei em segundo atrás de Scoot. Infelizmente dessa vez eu não fiz tão bem a última curva, então, não tive uma boa retomada, facilitando a vida de Olivier, que me passou antes da linha de chegada. Acabei ficando em terceiro na bateria e em nono no resultado final do campeonato. Quem levou a melhor foi o canadense Micho Erban, que ganhou a etapa da África e tornou-se campeão mundial de 2009. Com toda essa vibração positiva, eu realizei um dos grandes sonhos de minha vida. Essa mesma energia me fará seguir em 2010 lutando para obter patrocínios, proporcionando condições para eu correr a maior quantidade possível de etapas do circuito mundial de skate downhill.
Fotos: pedro tojaL
no tahiti, os tubarões convivem pacificamente com os surfistas.
TUBARÃO: O “FRANKENSTEIN” DOS MARES Por: andrÉ breves ramos
Monstros marinhos, assustadores, gigantescos, cheios de dentes afiados, com caras feias e grandes barbatanas, super velozes e insaciáveis: assim ficaram popularizados os tubarões. “Tubarão”, exibido nos cinemas em 1975 e retratado nas TVs até hoje, somado às notícias de ataques que ocorreram nas últimas décadas, estimula o imaginário da população brasileira e ajuda a disseminar muito medo e ignorância a respeito desses grandes peixes. O filme dirigido por Steven Spielberg reproduziu cenas fictícias que jamais poderiam acontecer, como por exemplo, um tubarão destruir uma embarcação de grande porte com o objetivo de comer seres humanos. Sua música até hoje soa nos ouvidos de muitos surfistas, pescadores, banhistas e frequentadores das praias, que muitas vezes evitam entrar no mar com medo de um ataque. De fato, nas últimas décadas, ataques de tubarão seguidos de morte aconteceram no mundo todo, aqui no Brasil com certa frequência em Recife (PE). No nordeste do país, os ataques costumam ocorrer após os arrecifes onde vivem tubarões agressivos, popularmente conhecidos como cabeça-chata, que coincidentemente têm tido seus locais de moradia e alimentação alterados pelo homem, como a destruição de manguezais, que são berçários naturais, para a construção de grandes portos. Além disso, pela falta de infra-estrutura adequada, as vítimas de ataques com ferimentos graves muitas vezes não são prontamente atendidas. No Rio de Janeiro, mesmo sendo comum a presença de tubarões em suas águas e bastante frequente a sua captura por pescadores, não há registro de nenhum caso fatal. Em 1997, o windsurfista João Portinari foi mordido por um tubarão-branco na Praia Rasa, em Búzios, e em 2005 um mergulhador foi mordido na Baía de Guanabara, sendo que em ambos os
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casos as vítimas sobreviveram para contar história e não houve dilaceração de membros do corpo, como muitos poderiam imaginar. Um tubarão precisa nadar praticamente o tempo todo devido ao seu sistema respiratório e necessita constantemente de alimento para sobreviver, pois gasta muita energia. Logo, esses extraordinários animais são predadores e encontram-se no topo da cadeia alimentar marinha. Mesmo assim, das centenas de espécies de tubarões no mundo (no litoral do Brasil são cerca de noventa), a grande maioria é inofensiva, como o tubarãobaleia e o tubarão-mangona (comum na costa carioca). A carne de tubarão ou cação (tubarão pequeno), por não ter espinhos e ser bastante saborosa, é muito apreciada e bastante comum em restaurantes de todo o litoral. Além disso, há um forte comércio internacional de barbatana, alimentado pela cultura oriental, que considera afrodisíaca a sua sopa. Devido ao medo, à ignorância, o desconhecimento, à destruição de seu habitat e ao consumo excessivo de sua carne, diversas espécies estão na lista de animais seriamente ameaçados de extinção pelo homem. Essas incríveis criaturas, que vivem nos mares a milhões de anos, passaram a ser vítimas de seres humanos e a sua extinção poderá ter como consequência um amplo desequilíbrio ambiental em todo o oceano, com o desaparecimento de diversas outras espécies de animais, especialmente peixes, crustáceos e moluscos, incluindo alguns de alto valor econômico. É importante que cada um faça a sua parte, tomando consciência da importância dos tubarões para o meio ambiente marinho e protegendo-os para que não desapareçam totalmente do Planeta Terra. Se por acaso rolar uma sopa ou um petisco de tubarão, lembre-se que eles são seres vivos do mar assim como você que ama esse ambiente.
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pedro monteiro
UM PASSO DE
CADA VEZ
Você curte competir ou prefere o freesurf? No início, eu curtia demais competir, porque sempre fui fã de esportes e muito competitiva. Mas depois de um tempo, você começa a se destacar e as pessoas têm muitas expectativas, o que acaba se tornando uma pressão e você perde um pouco do prazer, pois deixa de ser diversão. O freesurf, com certeza, é a minha paixão! A melhor coisa é ter um patrocínio que acredita no seu talento e não fica fazendo cobranças em relação às competições. O surf não é só isso. O atleta também pode Como surgiu seu interesse pelo surf? proporcionar diversas outras coisas para o patrocinador, Quando mudei para o Recreio, praticamente todos como popularidade do produto, imagem, etc. os meus amigos na época eram surfistas, assim, não faltavam professores. Além disso, eu achava o esporte o Pretende se profissionalizar? Não é a minha prioridade agora. No momento, estou me máximo. Não fiquei na vontade, fui lá e fiz! focando nos estudos e pretendo entrar numa faculdade legal. Infelizmente no surf feminino nós temos poucas Qual a sua rotina de treinos? Não estou seguindo uma rotina diária por conta de estar portas abertas. Vejo grandes atletas, que já ganharam no último ano escolar, mas procuro sempre estar na inúmeras competições, passando por dificuldades, água. Agora moro na zona sul e os picos daqui são bem sem patrocínio e sem outra opção, pois largaram os diferentes, então, estou treinando em outro tipo de onda. estudos pelo esporte. Mas, com certeza, a ideia de me profissionalizar ainda não saiu da minha cabeça. E o pico que mais gosta? A Prainha, porque concentra diferentes tipos de ondas. Um recado para os leitores da Surfar nessa edição de Sem falar que a praia é linda e praticamente todos que 2 anos. a frequentam estão ali desde garotos. Meus amigos Parabéns! A Surfar surpreende cada vez mais com a sua sempre estão no mar e procuram me colocar no pico diversidade de informações, sempre buscando deixar a galera antenada com o que está acontecendo. Grande para pegar as boas. beijo e boas ondas! A bela carioca Michelle Schlanger, 16 de idade, teve seu primeiro contato com o surf aos 12 anos, quando foi empurrada numa onda por um colega. Ela gostou tanto da brincadeira que não parou mais. Com boas participações em campeonatos regionais, Michelle conseguiu o patrocínio da K&K, Rusty e CT. Apesar da pouca idade, já conhece as dificuldades de seguir a carreira no esporte. “Infelizmente no surf feminino temos poucas portas abertas”, constata a surfista.
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1 - surf correndo nas veias: miguel calmon e sua filha chloé. 2 - o ator global Pedro nechling levando um som na praia. 3 - Que beleza! 4 - recém-chegada do Hawaii, a atleta michele des bouillons. 5 - nosso designer marcos myara dando uma de fotógrafo. 6 - caroline Kern ortolani (gerente de marketing da roxy brasil) e andré cardoso (marketing Quiksilver). 7 - a simpatia da paulista renata rodrigues (marketing Quiksilver e roxy). 8 - equipe Quiksilver em ação: Joana, Piu e rogério (marketing). Gustavo (ceo) e chloé (atleta). 9 - a loira que roubou a cena do campeonato no slackline.
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Fotos: pedro monteiro (1,2), ÁLVaro Freitas (3,4), anniBaL (5,6,7,8,9)
QUIKSILVER PRO JUNIOR
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pedro tojaL
ENTRE O CÉU E O INFERNO
a recompensa por uma noite bem dormida. Gordo na Laje do forte.
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marCeLo piU
Nem tudo são flores na vida dos vagab... Ops, free surfers profissionais, como eu, no caso. Escolhas difíceis sempre estão em nossos caminhos. Acha que é fácil ter que decidir entre aquele show alucinante que você sempre quis ir ou encarar mais um swell de 12 pés perfeitos em Pipeline? Tomar um vinho na areia com uma gatinha numa noite estrelada ou ter que dormir cedo para guardar energia, porque Waimea vai estar gigante? Parece até lenda dos surfistas, mas aposto que vocês vão concordar. A previsão indica condições de gala e tudo já arrumado: direção, vento e etc... E naquela night alucinante todos seus amigos “pró-nighters” fazendo a pré e dando uma instigada! Aí você, como bom atleta, querendo pegar onda para fazer um material para o patrocinador, ignora a tentação e vai dormir cedo. Resultado... Você chega na praia amanhecendo e dá de cara com aquele “maralzão”, o mar todo errado, é foda... Decepção total... Enquanto os seus amigos não param de falar da zoação e das gatas que pegaram. Bom, acontece né?! Claro que o oposto também rola. Você vai para a night, zoa, bebe e, com o sol já raiando, sai cambaleando, vê aquele terral soprar, os tubos baforarem e sem ter condições alguma de entrar na água. Quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra (risos)! O Hawaii, às vezes, é meio monótono, mas descobrimos um carnaval que é o seguinte... Muito bom mesmo, igual ao do Brasil, pois é organizado por brasileiros residentes lá. Em 2008, fomos a essa festa para fazer uma matéria. E como estávamos trabalhando, nós ficamos sem peso na consciência (risos). Foi muito bom, nunca zoei tanto na minha vida. Alguém deve ter visto no filme QUE21 as cenas do Scooby vestido de prostituta e o Manga de múmia. Demais! No ano seguinte, a previsão indicava um possível swelzão de 15 pés, com direção perfeita, vento terral fraquinho e swell dos sonhos um dia após o carnaval. Eu e o Manga ficamos em casa esperando o tal swell. Tojal, nosso fotógrafo mais underground, foi com tudo para a festa e não se arrependeu. Resultado: nem precisa dizer né?! Tojal comeu a maior gostosa, já eu e Manga vimos o dia amanhecer com aquele “kona wind” (vento maral) horrível, tudo balançado e sem condições... Qual a lição que eu tiro disso? Não sei... (risos) Vou continuar fazendo o que der na minha cabeça. Graças a Deus, eu não tenho patrões chatos e nem hora para entrar no mar. É lógico que sei o quanto vale estar bem preparado e descansado para as situações de risco, já que foram praticamente duas ondas que mudaram a minha vida. Uma em Banzai Pipeline, no dia 15 de fevereiro de 2007, e agora a mais recente, aquela bomba de Waimea em 11 de janeiro deste ano, que ainda deu tempo de ser publicada com exclusividade na Surfar do mesmo mês. Em nenhum desses dias eu fui para night na véspera. Huahu! Porém, meu jantar foi à base de pizza e coca-cola. Mas essa é outra questão!
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1 - a banda red trip. 2 - as promessas Yan, cauê e Jessé com o técnico Kid. 3 - vivi (roxy) e Paulinho toy. 4 - o skatista e marketing da dc, reco, numa session de surf na barra. 5 - a paranaense produtora de eventos renata. 6 - o ex-profissional e hoje lojista eduardo coutinho com a família. 7 - depois dizem que a vida de surfista é difícil... 8 - surfar em peso na praia: marcos, Álvaro, Zé roberto, bruno e roger.
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Fotos: pedro monteiro (8), ÁLVaro Freitas (1,2,3,7), anniBaL (4,5,6)
QUIKSILVER PRO JUNIOR
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diVULGaǘao
ndes na das gra ial de on cerimônia de d n u m o o circuit tulo durante a e já venceu tí primeir rl peão do r), e recebeu o lém deste, bu a, em m a c e u d .a u-s World to l na califórnia na rema e sagro e s rl v e u a d b n W s ri o ra ig ab 02. sg carl bWWt (b u no dia 24 de de onda ave awards 20 o o , ã a e d p a rem rolo cam ig W ão, que iais. foi o XXL b premiaç is títulos mund , e campeão d 8 o 9 d e s d o outr o ano antos n todos s
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1 - equipe rusty reunida: flávio, cesarano, Luciano, duca e sávio. 2 - o sorriso das gatas para a surfar! 3 - cesarano mandando ver nos autógrafos! 4 - beleza em dose dupla: Kelly e Jordana. 5 - o charme de mariana e Paulinha. 6 - sentados: dudu, alexandre, caio, Zé e christian. de pé, José roberto annibal e duda. 7 - dudu, christian, duda e Zé na maior felicidade. 8 - rodrigo Kotait, rick Lopes e igor moraes. 9 - a sorridente Gabriella riergman. 10 - as belas bruna caenazzo e vivian bittencourt. 11 - Galera curtindo a noite. 12 - biel Garcia e cesarano bem escoltado por mariana e Paulinha.
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Fotos: BidU (diVULGaÇÃo rUstY)
a rusty promoveu uma festa no bar 399, barra da tijuca, para homenagear os seus atletas felipe cesarano e Yan Guimarães pela onda surfada em Waimea e publicada aqui na surfar.
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Bruno Carnevale O surf do Rio de Janeiro, cada vez mais divulgado e com várias gerações dando show, desde nossos “veteranos” até essa molecada casca-grossa, que levam com louvor o nome do Rio e já mereciam essa cobertura especial! Marcelo Pereira O designer Marcos e toda a arte da revista, que arrebenta no visual!
Paulo de Castro Pedro Tojal e Felipe Cesarano. Tojal mostra todo seu talento nas páginas da Surfar. Já o Gordo correu atrás e dá nó em pingo dʼágua para adquirir o posto de “Darlene” e aparecer bem em tudo quanto é tipo de mídia!
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Alexander Knopf A chegada da nova geração de surfistas renovando e criando mais raízes brazucas lá fora. Assinatura verde e amarela. Parabéns pelos dois anos! Marcelo Trekinho A Surfar! Do Leblon para o mundo.
Flávia Soares Os destaques são muitos... os fundadores, o designer gráfico, os fotógrafos e os jornalistas que trabalham na revista. Sem eles, surfista nenhum estaria se destacando nas páginas da Surfar nesses dois anos. Parabéns galera!
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Chiavegatto Gustavo Foram todos os fotógrafos! Imagens de excelente qualidade e ângulos em perfeita composição. Parabéns!
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arQUiVo pessoaL
A VEZ DE MARCOS MONTEIRO
marcos monteiro em Punta Lobos no chile.
Por: roGer ferreira
Falar do terceiro título mundial de Carlos Burle, dos quatros canecos consecutivos do XXL que a Maya levou ou mesmo das ações extremas de Felipe Cesarano, que deixou de ser uma promessa e assumiu o posto de novo big rider brasileiro com reconhecimento da mídia internacional, se tornou redundante e repetitivo nesta coluna, apesar de sempre merecido. Sem dúvida nenhuma, nos últimos dois anos a Surfar foi a mídia impressa que mais cobriu as ações dos surfistas brazucas de ondas grandes mundo afora. E nesta edição, quem está em evidência é um “garoto” de 35 anos, casado, pai de dois filhos, segundo melhor brasileiro no ranking do circuito mundial de ondas grandes e que foi o décimo quarto colocado no Big Wave World Tour (BWWT) 2009/2010. O nome desse sujeito casca-grossa é Marcos Monteiro. Radicado em Saquarema desde os quatro anos de idade, o salva-vidas e big rider participou de apenas um evento no ano passado. Ele foi convidado após algumas desistências para o Quiksilver Cerimonial Punta de Lobos, que rolou em Pichilemu, no Chile, com ondas de 20 pés. O cara se virou para poder embarcar, comprando a passagem parcelada no cartão de crédito do irmão. Ao chegar no Chile, deu uma dura geral! Fez a final competindo contra nomes consagrados, como Peter Mel, Diego Medina, Greg Long, Danilo Couto, Grant “Twiggy” Baker, Ramon Navarro, entre outros. E afirmo: só ficou na quarta colocação porque os juízes seguraram as notas das ondas dele, pois em nenhum momento ele se intimidou com o tamanho das séries e muito menos com os surfistas que estavam na água. Acredito, sinceramente, se ele receber o convite para participar de pelo menos mais um evento do tour, vai ficar complicado para os gringos.
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Em Saquarema, Marquinhos é um ídolo. E não é para menos. Junto com o seu parceiro Patrick Reis, ele contabiliza diversas sessões sinistras em mares gigantes. Para a nossa sorte algumas dessas caídas, que considero um marco para o surf brasileiro, foram filmadas e fotografadas. Incluem-se nessa lista as sessões épicas na Laje de Manitiba, em Jaconé, e uma manhã na praia da Vila, com mar completamente over control, onde ele caiu sozinho com sua prancha 8,4 do shaper local Leandro Santos e quebrou tudo! O cara pegou ondas de até 12 pés sólidos, absurdas, botando para baixo e para dentro em caroços sinistros! Esse dia épico está disponível para quem quiser comprovar no SurfarTV. Além de tudo isso, o big rider é muito gente boa. Super humilde e tranquilo, ele está sempre exaltando as performances dos amigos. Lembro muito bem de um dia lá em Saquá ano passado, quando rolou aquele swell de gala surfado por alguns dos melhores surfistas brasileiros de ondas grandes, em que Marquinhos elogiou a galera dizendo que seria uma ótima oportunidade para aprender e evoluir mais. No entanto, desbancou todos os medalhões pegando o tubo mais profundo do dia. Com técnica e abordagem perfeitas, ele passou por dentro, venceu os bumps e saiu na baforada para delírio da multidão que acompanhava tudo na areia e que o aplaudiu de pé. A sequência deste tubaço foi destaque na matéria da Laje, publicada na edição de aniversário de um ano da Surfar. Mesmo assim, Marquinhos continua sem patrocínio e sem suporte financeiro para poder viajar mais e se jogar. Quem vivencia o surf de ondas grandes sabe que ter 35 anos, como ele, é ser um “garoto”. Preparo, disposição e feeling, o cara tem de sobra. Em minha opinião, ele é um dos poucos brasileiros aptos a representar o Brasil em todas as etapas do circuito mundial de ondas grandes na remada nos próximos anos. Faltam apenas reconhecimento e investimento. Eu aposto minhas fichas nele. Go Big! Go Big!
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BrUno moreira
Hugo bittencourt e ricardo martins.
o shaper carioca ricardo martins dispensa apresentações. com 25 anos de plaina, ele faz da busca pelo aperfeiçoamento da qualidade e precisão do design seus grandes objetivos, que o levaram a ser um dos shapers mais respeitados e requisitados do brasil. ricardo desenvolve um trabalho com o surfista profissional carioca Hugo bittencourt desde que o garoto tinha doze anos. “É um processo natural da idade de quase todos os meninos se transformar em surfistas mais altos e fortes, então, as medidas também têm que acompanhar essas mudanças. Portanto, você tem que colocar mais carne na prancha, um pouco mais de volume e, assim, deixá-la mais forte e sólida, principalmente quando a expectativa já é surfar ondas mais perfeitas e tubulares”, resume o shaper.
HUGO BITTENCOURT POR RICARDO MARTINS
HUGO BITTENCOURT POR RICARDO MARTINS O Hugo é completo e um dos meus surfistas prediletos. Ele consegue unir estilo, radicalidade, manobras modernas e tem uma noção excelente de tubo. As pranchas dele são basicamente modelos de competição e alta performance, pois os campeonatos hoje em dia não são mais como antigamente, apenas de várias manobretas. Você tem que se focar num surf mais de qualidade e as pranchas vão acompanhando isso. Eu e o Hugo trabalhamos bastante de acordo com a expectativa do surf que vai acontecer. Por exemplo: quando ele vai para Noronha, já tem uma prancha mais específica, estreita e com curva, principalmente de bico, que é para ondas tubulares. Quando o
foco é para as marolas, elas têm um pouquinho menos de curva e são mais gorduchinhas. A gente vai moldando de acordo com as necessidades. As rabetas que mais usamos são a round pin e round, que dão bastante controle na prancha, isso se você conseguir usar tamanhos menores em situações de onda com mais velocidade e força. Também trabalhamos muito swallow para as condições fracas e para os aéreos. O Hugo é um cara bom de trabalhar o quiver, pois posso diversificar vários modelos de pranchas diferentes para ele.
RICARDO MARTINS POR HUGO BITTENCOURT
RICARDO MARTINS POR HUGO BITTENCOURT Meu trabalho com o Ricardo vem desde 2001, quando eu tinha 12 anos de idade. Só tenho que agradecer, porque na época eu nem tinha patrocínio e muito menos imaginava que um dia seria competidor. Meu tio Hélio me apresentou para ele, que gostou de mim e me deu a oportunidade de fazer duas pranchas que amei. Hoje estou pesando 73 quilos e uso aqui no Rio, em ondas mais cavadas, pranchas 6’1 e 6’0 pés swallow, que estão funcionando bastante. O foguete que estou me dando bem aqui é uma 6’1round mágica, que usei num campeonato em Grumari, onde fiz um resultado bacana. Estreei a prancha nesse evento e ela ficou mágica. Eu a guardo para as competições ou para os lugares de ondas perfeitas. Quando as pranchas saem boas assim, já as boto na água e no pé. É muito bom ter o Ricardo como shaper, um dos maiores responsáveis pela evolução do meu surf.
ÁLVaro Freitas
Hugo bittencourt na Prainha.
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eric de souza comprovou que a linha tĂŞnue entre o tubo perfeito e uma vaca sinistra ĂŠ uma realidade em off the Wall.
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UM DIA NO TRONO DO REI Um dia histórico para o surf brasileiro. Com a praia de Imbituba completamente lotada em seu primeiro ano na elite mundial, o potiguar Jadson André, de apenas 19 anos, derrotou na final do Billabong Surf Pro, etapa brasileira do ASP World Tour, o nove vezes campeão mundial Kelly Slater. Jadson saiu da água ovacionado pela torcida que acompanhava o evento em um dia ensolarado e inesquecível. Por: JosÉ roberto annibaL
“Sei que não vai ser fácil competir contra o Kelly Slater e outros mais, porém é o meu primeiro ano e a pressão é toda deles de me vencer”. Jadson deu este depoimento para a Surfar, publicado na Palavra Final da edição 10, logo após conseguir a vaga na elite do surf mundial no final do ano passado. Na época, não imaginava o que o destino reservava para ele.
A trajetória até chegar ao título não foi nada fácil. Logo de cara, Jadson foi derrotado. Ele correu a repescagem com Adriano de Souza, seu companheiro de equipe, e Neco Padaratz. Depois teve que enfrentar outros adversários de peso, como Drew Courtney, Damien Hobgood e Luke Munro, que foram derrotados pelo estreante para chegar às fases decisivas. No entanto, foi nas quartas-de-final que Jadson embalou de vez e levou a praia lotada literalmente ao delírio. Faltando menos de um minuto para o término, ele precisava de uma nota de 8,27 para virar a bateria em cima do taitiano Michel Bourez. Na última volta do ponteiro do relógio, o potiguar achou uma onda e não pensou duas vezes. Cavou na base e mandou um aéreo 360º, a manobra mais difícil de se executar naquele momento, mas na qual ele é um especialista. Depois de completar, ele foi até a areia manobrando para arrancar um
resuLtado do biLLabonG Pro: 1 Jadson André (Bra) 2 Kelly Slater (EUA) 3 Dane Reynolds (EUA) 3 Owen Wright (Aus) 9 Adriano de Souza (Bra)
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8,50 dos juízes. A torcida foi à loucura com a vitória e a esperança renovada de ver um brasileiro vencer em casa. Na semifinal, o garoto de 19 anos começou arrasador contra Dane Reynolds, o queridinho da mídia internacional, e mostrou que a sua história rumo ao título já tinha sido escrita na bateria anterior. “Ele estava com tudo e surfou os primeiros minutos como se eu nem estivesse lá”, comentou Dane, conformado com a derrota. A última bateria parecia mais a reprise das novelas da Globo, bem ao estilo “Vale a pena ver de novo”. Assim como em 2009, quando Slater venceu Mineirinho, esse ano mais um brazuca estava na finalíssima. Só que diferente do capítulo do ano passado, quando o americano venceu, o potiguar dessa vez queria um final feliz. Slater, totalmente à vontade, saiu na frente na bateria. Entretanto, um iluminado Jadson respondeu com a maior nota da final, um oito,
obtido após dois aéreos na onda da Vila, seguido de uma nota 6,40. O nove vezes campeão mundial bem que tentou reverter o quadro, mas conseguiu apenas um 7,50 quando precisava de 7,91 para virar. Sempre acompanhado do seu manager, Luis Henrique “Pinga”, que investiu na carreira dele desde que era bem moleque, Jadson mostrou maturidade e ainda marcou Kelly nos últimos segundos. Ao soar a buzina, uma grande festa teve início em Imbituba. Após 12 anos, o Brasil voltava a vencer em casa. “É o melhor dia da minha vida, mas não quero e nem posso ficar vivendo apenas dessa vitória.”, comemorou o potiguar com dezenas de repórteres e câmeras ao seu redor, um verdadeiro dia de rei na praia da Vila, com direito a manchetes em todos jornais do país. A próxima etapa em julho do ASP World Tour será nas longas e perfeitas direitas de Jeffreys Bay, na África do Sul.
Fotos: ÁLVaro Freitas
ao lado, momentos que marcaram o evento em imbituba. Jadson à todo vapor, e Kelly slater com seu direito de resposta.
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um dos tradicionais cartões postais da cidade e porta de entrada marítima do rio mudou de humor por dois dias, trocando a habitual tranquilidade de suas águas por um verdadeiro turbilhão devastador. o resultado desta ressaca histórica foi uma sessão memorável de tow-in na Laje do forte tamandaré. confira o que rolou nos bastidores dessa cobertura exclusiva. Por: roGer ferreira
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BidU
felipe cesarano comprovou que a Laje da Guanabara n達o perde em nada para as ondas gringas.
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BidU
Em meio à pior chuva dos últimos 40 anos no Rio de Janeiro, que deixou a cidade literalmente parada, conferi os sites de previsões e não acreditei no que vi. O swell que iria encostar a partir da quinta-feira seguinte (08/04) havia,
- bidu BidU
naquele lugar”.
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pedro tojaL
“assim que chegamos não sabíamos onde nos posicionar, pois vinham diversas ondulações quebrando de todos os lados. só conseguimos achar o lugar ideal para ficar depois que o Gordo pegou a primeira onda. eu nunca imaginei que uma bomba assustadora como aquela poderia quebrar
pedro tojaL
incrivelmente, ganhado força e naquele momento, na terça (06/04), encontrava-se com 5,5 metros e 12 segundos de período. O fenômeno foi ocasionado pela junção de uma forte frente fria com a passagem de um ciclone extratropical pelo litoral do estado, gerando as fortes chuvas e uma grande ondulação. Liguei para Felipe Cesarano, Eraldo Gueiros e os fotógrafos Bidu e Pedro Tojal para saber a opinião deles e planejarmos algumas ações. Cesarano, para variar, estava a milhão e me confirmou que a missão seria novamente tentar uma sessão de tow-in nas lajes cariocas. No dia seguinte, ao chegar à redação, liguei o computador para checar os mapas antes de iniciar as funções e... Pasmem! O swell havia aumentado. Tínhamos agora a inacreditável previsão de 5,8 metros com 13 segundos de intervalo no período para o fim da tarde de quinta e início da manhã de sexta. A prioridade do dia foi mobilizar os fotógrafos e agilizar a logística para cobrir o swell no Rio para a edição de aniversário. Restava saber o que Eraldo e Burle pretendiam fazer. Estive com eles em uma sessão de gala no mês de abril de 2009 na Laje de Manitiba, em Saquarema, publicado aqui na Surfar com exclusividade. Só que desta vez o swell de sudeste era ainda maior, e os big riders pernambucanos me disseram que também estavam dispostos em fazer alguma ação aqui mesmo na cidade do Rio. O primeiro dia foi na quinta-feira (08/04) e, apesar do forte vento sudoeste que bombava insistentemente, as previsões indicavam que a tarde seria de grandes ondas. A melhor opção, então, foi atacar na remada as buraqueiras de até oito pés que quebraram no posto 5 de Copacabana. No final de tarde, mesmo com as altas imagens já garantidas, nós ainda não estávamos satisfeitos. O sentimento comum a todos era que uma ondulação tão rara deveria render algum feito para entrar na história.
nesta: mesmo surfando ondas gigantes em todos os cantos do planeta, carlos burle comemorou bastante a descoberta e o potencial do pico no quintal de casa.
BidU
À esquerda: Gui braga na pilota.
abaixo: eraldo Gueiros cavando na base da “besta” com o centro comercial do rio ao fundo.
“Há alguns anos tenho em mente surfar esse pico na baía de Guanabara. sempre que passava pela ponte em dias de mar grande, via as espumas quebrando na entrada da baía. em outra ocasião que surfamos na ilha mãe, próximo a niterói, passamos pela laje na volta ao rio e definimos que surfaríamos ali um dia. esse dia chegou”. - eraldo Gueiros
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andrÉ CYriaCo
“ineditismo, aliado ao perigo, um visual maravilhoso e ondas insanas. assim foi a sessão na baía de Guanabara. um dia muito especial pra mim, pois descobrirmos mais um pico para treinarmos aqui no rio, que, sem sombra de dúvidas, ainda esconde seus tesouros. simplesmente alucinante”.
- carlos burle.
FOTÓGRAFOS E SURFISTAS PRONTOS Mais um round de ligações foi iniciado para deixar tudo pronto para o segundo dia da bomba. Após horas ao telefone fazendo vários contatos, fechamos a logística para o dia decisivo. Guilherme Braga estaria na “pilota” do jet, cedido pelo parceiro Marcelo proprietário das lojas WQSurf, com o fotógrafo Bidu. Tojal iria cobrir a sessão com a sua olho de peixe de dentro d’água e André Portugal estaria em terra firme comigo. Além deles, o fotógrafo André Cyriaco aguardaria o meu contato para sair de jet do outro lado da Baía, de Niterói, e Marcelo Piu, com uma pequena lancha, iria cobrir a ação para o jornal O Globo e para a Surfar. Perfeito, uma equipe de peso que vem trabalhando conosco desde o seu primeiro exemplar. Na manhã de sexta-feira, a atmosfera entre os atletas era de muita expectativa e dava para sentir que não seria um dia qualquer de surf. Às seis horas, Cesarano, Trekinho e Paulo Curi saíram da marina da Barra com seus jets em direção à zona sul. “Saímos navegando lá da Barra com a ideia de surfar na Laje do Castelinho bem cedo e depois ir para a Baía. O foco seria a onda que o Marcelo Piu fotografou quebrando sozinha no dia anterior e foi capa do jornal O Globo”, disse Cesarano. Burle preferiu ir de carro com o jet rebocado para levá-lo até a Baía de Guanabara. Já Gui Braga partiu sozinho rumo à zona sul pelo mar, enquanto eu, Bidu, André Portugal e Tojal seguirmos de carro. Eles aguardaram a nossa chegada no posto 6 de Copacabana. A barca partiu completa quando Bidu e Tojal foram resgatados na praia e seguiram com o restante do time rumo ao pico. A Laje localiza-se entre a Fortaleza da Laje e o Forte de São João, bem na entrada da Baía. As embarcações que entram e saem com frequência de lá costumam passar entre o Forte e a Fortaleza, cuja profundidade é bem grande, evitando o outro lado, onde foi construída a Fortaleza, exatamente na parte mais imersa da Laje.
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MINUTOS QUE FIZERAM A DIFERENÇA Os primeiros que chegaram ao local foram Cesarano, Trekinho, Ian Cosenza, Guilherme Braga, que pilotava o jet para o fotógrafo Bidu, além de Tojal. A sensação foi de espanto entre todos. “Olhando por trás já dava para ver o tamanho e a violência das ondas que explodiam no Forte. Realmente surreal. Demos a volta e paramos de frente para o pico. Demorou a gente se tocar que uma nova página na história do surf brasileiro estava sendo escrita. Ondas com mais de 12 pés, perfeitas e bem buraco quebravam com muita força na Laje. Uma mistura de excitação com medo e vontade de ir lá botar para baixo fez o Trekinho gritar: Bora Gordo, me puxa logo em uma para ver qual é”, contou Cesarano depois da session. Fomos de carro até a Praia Vermelha, buscando algum lugar para ver a sessão e registrar de outro ângulo. No caminho, Gui fez contato pelo rádio e informou que eles estavam ao lado do Forte próximo ao morro da Urca. Alguns segundos depois, ele entrou no rádio gritando completamente enlouquecido: “O Gordo acabou de pegar a maior onda que já vi na vida! Isso aqui é muito sinistro!”. Esse depoimento deixou todos nós ainda mais pilhados. Em terra quando tentávamos ver alguma coisa da Praia Vermelha, na Urca, conhecemos o taxista Sandro, que nos levou até o Forte de São João, de onde, segundo ele, iríamos poder acompanhar o que estava rolando. Sandro, que também era surfista, nos disse que naquela Laje quebravam ondas insanas, mas que ninguém nunca havia surfado.
nesta: “metralhei em toda morra que via com a ideia de colocar a Ponte rio-niterói na foto junto com o surfista para identificar a onda. Quando consegui essa imagen do trekinho, nós comemoramos muito”. – marcelo Piu.
marCeLo piU
À esquerda: Para fazer essa foto de um ângulo diferente, o fotógrafo andré cyriaco quase foi varrido pela onda do burle.
marCeLo piU
abaixo: Laje do forte visto da praia do flamengo com eraldo Gueiros dominando a massa água.
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a bomba surfada por felipe cesarano foi a primeira registrada da session. ele se jogou literalmente sem saber o que lhe esperava na base. a prancha de tow-in sem as alças aumentou ainda mais o grau de diďŹ culdade.
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A ONDA DA LAJE Já dentro do Forte, nós fomos até a sala do coronel do exército, responsável pela comunicação social, com o intuito de tentar uma autorização para fotografar de um ângulo privilegiado. Mas infelizmente a liberação para as fotos não rolou, então, pudemos apenas subir a ladeira para ver de camarote do outro lado do Forte a sessão histórica que estava rolando. “Chegamos ao local mais próximo do pico com um soldado colado na gente. Foi incrível a sensação de ver aquelas ondas grandes e pesadas em plena Baía de Guanabara, porém não pude tirar a máquina da bolsa. Foi uma decepção não conseguir a autorização para fazer as fotos, pois estávamos, sem dúvida, no melhor lugar para fotografar a sessão em terra firme”, relatou o fotógrafo André Portugal. A visão que tínhamos era fabulosa. A ondulação entrava com muito volume, pressão e repentinamente encontrava a superfície da Laje do Forte Tamandaré, virando com um lip grosso, formando uma parede volumosa e extremamente pesada. A abordagem da onda no momento do reboque também era completamente diferente. O piloto do jet precisava rebocar o parceiro por uma longa distância,
essa esquerda que ian cosenza surfou, registrada em duplo ângulo pelos fotógrafos bidu e tojal, foi comparada pelos experientes surfistas burle e eraldo com mavericks, na califórnia. abaixo: trekinho encarando o paredão.
acompanhando a ondulação até que ela chegasse próxima da Laje para, dessa forma, o surfista na corda poder soltar e dropar a bomba antes que ela dobrasse sobre a pedra, tornando a ação extremamente perigosa e adrenalizante. Realmente impressionante e, diga-se de passagem, praticamente impossível de ser surfada na remada. Nós só podemos ficar ali aproximadamente uns 30 minutos. Assim que descemos do Forte, tratamos de procurar outro local para registrar a session. Partimos para a praia do Flamengo, onde Portugal ainda conseguiu fazer algumas boas fotos graças a sua potente lente, pois a distância era bem grande. Ali tivemos mais uma prova do histórico swell. As ondas batiam com força na mureta do aterro e invadiam a pista em alguns pontos, situação nunca vista antes na cidade do Rio de Janeiro. De lá, retornamos para resgatar Bidu e Tojal no posto 6 de Copa e, depois, voltar para a Barra. Algumas horas mais tarde, nós estávamos todos reunidos na redação da Surfar comemorando o material que tínhamos feito. Saímos para pescar e pegamos um peixe grande!
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“Quando o nelsinho gritou ‘é a nossa vez’, eu não tinha noção do que aquela ondulação se tornaria. acreditei nele e soltei a corda. a onda era muito forte, quanto mais eu descia, mais ela sugava o drop e parecia interminável. a espuma chegou a me pegar na base e tive que me virar para não vacar, pois sabia que o caldo seria muito desagradável. valeu muito à pena ter completado. Pela reação da galera no canal deu para perceber que era uma das grandes, mas a adrenalina era tanta que eu só pensava em pegar outra. uma session inesquecível!”.- ian cosenza
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Para mais fotos e vĂdeos deste dia. acesse nosso site.
pedro tojaL
WWW.REVISTASURFAR.COM.BR
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“a onda da laje é medonha, enorme e oceânica. ela tem outra força, não é como surfar no Leblon grande. simplesmente não dá para remar, nem com uma waimea gun eu me arriscaria. também tem um tubo para a esquerda sinistro. nem quero imaginar como seja o caldo, pois graças a deus não tomei e não quero tomar um (risos)”. - marcelo trekinho
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e clicou de 140 mil km is a m u e rr o de rc rioca bidu pe fere o resumo n ca co fo ra cê g vo tó , s fo a o o, s: bidu imas págin teXto e foto rodando o glob fora. nas próx a o d n u em 18 meses m s to ente 60 mil fo aproximadam sua trajetória.
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caverna de uluwatu, bali, indonĂŠsia; Harbour bridge em sydney, austrĂĄlia; e viajando pela costa rica.
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A ABDUCAO Quando saí do Rio, trabalhava a maior parte do tempo na área de informática e, nas horas vagas, fotografava surf. Sou formado em web designer e a informática sempre foi o meu forte. Veio de família. A realidade de viajar para o Hawaii aconteceu no final de 2008, quando venci um concurso de melhor fotografia realizado pela Petrobras. Decidi investir todo dinheiro da premiação em uma viagem à Ilha. Lembro-me como se fosse hoje. Um dia antes da viagem, passei na redação da Surfar e conversei com o Annibal. Acredito que nem eu e nem ele imaginávamos que tudo isso aconteceria. A trip acabou rolando em janeiro de 2009. De cara, já encontrei com o Gordo, Filipe Braz e Dieguinho me esperando no aeroporto. Melhor recepção impossível. Fomos para casa e no outro dia já estava na praia fotografando. Foi logo no início de fevereiro, depois de fotografar um tubaço do Gordo e outro do Ian Cosenza, que decidi largar de vez meu trabalho no Rio e colocar o surf como prioridade na minha carreira. Os trabalhos fluíram de uma forma tão rápida, que hoje vejo que foi a melhor escolha que fiz nesses últimos anos. A maior prova disso é poder estar aqui, agora, contando um pouco de como foram todas as minhas viagens.
AUSTRALIA vista de sydney.
HAWAI I
Em julho de 2008, nas minhas férias, ganhei uma passagem para Sydney, Austrália. Apesar de saber que nessa época o inverno era intenso, resolvi ir assim mesmo, porque era a única data que tinha disponível para viajar por causa do meu trabalho no Rio. Levei todo meu equipamento de fotografia e estava pronto para começar a fotografar. O frio era intenso, 2.5 graus, e sempre que passava pelas praias de Sydney não via quase ninguém surfando por causa do frio e as péssimas condições do mar. Isso se repetiu em todo tempo que estive na Austrália, fazendo com que minha primeira tentativa de fotografar fora do Brasil fosse por água abaixo... Mas, mesmo assim, aproveitei a oportunidade para conhecer a cidade e literalmente passei a ser mais um turista. manly beach.
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Foi o lugar onde mais trabalhei e consegui realmente mostrar meu trabalho. 2008/2009 foi a temporada de Pipeline. Já em 2009/2010 foi a de Waimea. Minha primeira temporada no Hawaii foi excelente... Ficamos eu, Tojal, Henrique Daniel, Manga e Gordo na famosa Pipe house. Passávamos o informe todos os dias para galera. Quando Pipeline não funcionava, raramente íamos para outro pico. Essa talvez seja a desvantagem de ficar em frente a Pipe.
danilo couto, Pipeline.
adam d'esposito, Pipeline.
Já na segunda temporada, fiquei em V-land por dois meses e depois mais dois em Three Tables. Foi bom, pois forçava a gente sair todo dia de carro e olhar todos os picos. Acredito que isso fez a diferença nessa temporada. Lógico, quando o carro funcionava! Rs Nessa última temporada no Hawaii todos os picos quebraram clássicos! Nunca se viu um Pipemaster com tanto Backdoor perfeito... E o que falar do Eddie Aikau. Esse, com certeza, foi o melhor de todos os tempos. Waimea quebrou pelo menos umas
backdoor e Pipeline.
cinco vezes, onde muitos brasileiros fizeram história pegando as maiores ondas da vida. Os momentos especiais para mim foram as ondas do Shane Dorian e Mark Healey, no dia 7 de dezembro, como também a do Gordo e a do Yan em 11 de janeiro. Tive a felicidade de registrar essas duas bombas em Waimea. O resultado disso tudo só me faz ter a certeza de que é isso que quero fazer para o resto da vida.
final de tarde em Waimea.
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PORTUGAL Ainda no Hawaii, entrei em contato com o shaper Filipe Hage, que estava morando em Portugal. Em uma dessas conversas, surgiu um trabalho numa escola de surf onde ele trabalhava. Como eu tinha milhagem para viajar à Europa, no início do mês de março embarquei para lá! Muitos dos turistas que vão para Portugal apenas visitam a capital, onde se encontram os monumentos, museus e castelos. No entanto, existe também uma outra parte do turismo que se concentra em sua extensa costa. Surfistas de toda Europa, na sua grande maioria espanhóis e franceses, chegam com suas caravanas e passam o final de semana. O motivo dessa grande procura é simples: as ondas de Portugal, que são consideradas as melhores e a mais constantes de toda a Europa. Fiquei dois meses trabalhando para essa escola de surf. Nos dias de folga, pegava o carro e percorria a costa inteira para fotografar todos os picos famosos de Portugal. Terminado o trabalho, era hora de voltar para Los Angeles e de lá embarcar para o Tahiti. Mas acabou que, antes de chegar em L.A., ainda fiquei uma semana na Inglaterra. final de tarde em molhe Leste, Peniche.
visual de ribeira d’ilhas.
vinhas em torres vedras.
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esquerda tubular em supertubos, Peniche.
série chegando na praia de consolação, Peniche.
vista do big ben de cima do London eye.
INGLATERRA Na minha volta para Los Angeles, meu voo, que saiu de Lisboa, fez uma escala em Londres. Como tinha uma ex-namorada que estava morando lá, resolvi ficar até um dia antes da minha viagem ao Tahiti. Fiquei uma semana conhecendo os pontos turísticos de Londres, como Picadilly Circus, Madame Tussauds, London Eye, Big Ben, etc. Por ser complicado fotografar o surf lá, o jeito foi buscar outro esporte. Futebol! Os ingleses são tão fissurados como nós. Aproveitei e fui a um jogo do Chelsea x Arsenal. Fiquei na torcida do Chelsea e, assim como meu Vasco aqui no Rio, ele não decepcionou. 4 X 1 em cima do Arsenal!!
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TAH ITI A idéia de viajar para o Tahiti nasceu quando eu ainda estava no Hawaii no mês de janeiro. Eu, Pedro Tojal, Gordo, Manga e Ian Cosenza começamos a nos programar para fazer essa viagem, que aconteceu nos meses de maio e junho. Saí de Londres e peguei um voo para Los Angeles. No mesmo dia, já estava embarcando para Papeete, no Tahiti. Acabei chegando antes para assistir o WCT, mas Teahupoo não quebrou clássico nesses dias. No final de maio a galera chegou e, para nossa alegria, as ondas lá começaram a bombar. Ficamos a maior parte do tempo em Teahupoo, mas fomos presenteados também com um swell perfeito em Temae, na ilha de Moorea. Duas coisas me impressionaram no Tahiti: a cor da água é incrível, assim como a receptividade do povo. Você conhece uma família local e em cinco minutos já estão te convidando para almoçar com eles. É super legal a maneira como eles vivem lá. Realmente o Tahiti é o paraíso. Também foi muito bom rever a galera que estava no início do ano no Hawaii e conhecer mais outra que se juntou a nós... Hoje em dia nós ficamos sempre em contato programando outras viagens.
teiva Joyeux em teahupoo.
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Galera no ferry boat indo para moorea.
baptiste Gossein em teahupoo.
Laird Hamilton de paddle em teahupoo.
INDONESIA
balangan, bali.
uluwato, bali.
Esse foi um capítulo a parte nessa minha viagem. Fui para lá pensando em ficar no máximo 20 dias e acabei ficando dois meses. Se eu pudesse, teria ficado mais! Bali foi o lugar mais louco que conheci. A quantidade de motos na rua assusta à primeira vista, mas depois que você aluga uma, nota que realmente é a melhor escolha para se fazer. Gasolina ou “petrol”, você compra em qualquer barraca que encontrar na rua. Elas ainda vêm em garrafas de vodka Absolut! Fiquei em diversos lugares em Bali: Cangoo, Uluwatu, Seminiak e finalmente em Kuta. Cangoo é um pico com altas ondas, onde os tops do WCT costumam treinar quando estão por lá. Uluwatu é o mais constante e crowdeado de surfistas e fotógrafos. Lá você acaba de surfar e, quando sobe a escadaria para voltar ao carro, é cercado por vários fotógrafos locais oferecendo fotos de todas as suas ondas. Ainda no pico, conheci um grupo de brasileiros e num final de semana resolvemos partir para Desert Point, na ilha de Lombok. Chegamos lá bem cedo e estava praticamente flat, mas foi só a maré secar que a máquina de esquerdas mais longas do mundo começou a funcionar. Ficamos dois dias e depois voltamos para Uluwatu.
esquerdas em desert Point, Lombok.
tubo em desert Point, Lombok.
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MENTAWAI No final de julho, quando estava me preparando para voltar a Los Angeles, recebi um telefonema de um amigo às 09h30min da manhã pedindo para eu correr para o aeroporto e me juntar com um grupo de brasileiros que estavam embarcando às 11 horas para Mentawai. Fiquei maluco, porque estava em Cangoo, minhas malas estavam em Uluwatu e o aeroporto era próximo a Kuta. Com aquele trânsito em Bali, era praticamente impossível! Entretanto, não podia perder essa e minha salvação foi meu amigo Cristian, que estava comigo no momento da ligação e fez o milagre de fazer a missão toda com o carro dele. Exatamente às 11h05min da manhã, eu estava encontrando com o grupo, adiando minha volta para Galera reunida em macaronis.
L.A. e finalmente embarcando para Mentawai. No total foram 11 dias de viagem, onde fiz vários amigos numa trip com 10 brasileiros. De volta a Bali - No dia 6 de agosto, ainda no aeroporto, tentei remarcar minha passagem de volta para Los Angeles. A atendente disse que todos os voos até o dia 3 de setembro estavam lotados e que tinha apenas duas vagas para o dia 4. Remarquei a passagem para esse dia e, dessa vez, resolvi ficar em Kuta, que é o lugar mais movimentado de Bali. Fiquei quase um mês em um hotel na Legian, rua onde tem um comércio enorme e as boates mais famosas de Bali: Sky Garden e a Bounty. Finalmente chegou o mês de setembro e, mesmo contra a minha vontade, fui embora de Bali. Local.
dico Guaraná em Lance’s right.
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Gatinha em avellanas.
Heliana e andré em roca bruja (pedra conhecida do filme endless summer ii).
allan Gandra em Playa negra.
COSTA RICA No final de agosto, quando ainda estava na Indonésia, recebi um e-mail de um amigo do Rio me convidando para fotografar uma trip na Costa Rica no início de setembro. Coincidiu exatamente com a época que estava saindo de Bali. Acertamos todos os detalhes da viagem e, mais uma vez, estava partindo para Los Angeles. Cinco horas mais tarde, segui rumo à Costa Rica. Nossa primeira parada foi em Boca Barranca, que recebeu um swell de sudoeste de um metro. Depois seguimos para o norte do país, onde ficamos por três dias em Playa Carmen e Playa Teresa. De lá, subimos ainda mais para o norte. Conhecemos Playa Grande, Avellanas, Ollie’s Point e Roca Bruja. Finalizamos a trip com mais três dias em Boca Barranca, onde tudo começou.
CALIFORNIA Los Angeles foi a minha base nos intervalos das viagens. Tenho um primo e amigos que moram em Santa Monica. Foi lá que fiquei a maior parte do tempo quando estava na Califórnia. Minha ideia inicial era fazer essas viagens do Brasil. No entanto, a diferença do valor das passagens e da quantidade de milhagens que se gasta saindo do nosso país eram tão grandes, que ficaria completamente inviável e talvez não tivesse feito nem a metade das viagens que consegui fazer saindo de Los Angeles. Nessas idas e vindas, eu parei na Califórnia sete vezes e sempre estava acontecendo alguma coisa por lá. Passei meu aniversário, presenciei um terremoto pela primeira vez, fotografei um WQS e um LQS em Huntington Beach, um WCT de Trestles, uma exposição de carros antigos inspirados no surf em Huntington Beach e, para completar, eu ainda fiz a cobertura da morte do Michael Jackson no Staples Center! Cada vez que chegava lá, sempre tinha alguma coisa para fazer. Como não gosto de rotina, era o melhor lugar para se estar!
rob machado na etapa do mundial em trestles.
exposição de carros em Huntington beach.
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niLton Batista
após duas edições descobrindo lugares inóspitos ao redor do planeta, a trip surfar foi visitar uma das surf cities mais famosas do mundo: santa cruz, na califórnia. nosso anfitrião é o surfista profissional carioca andré Gioranelli, que trocou o rio por sc há três anos e costuma receber com frequência seus amigos para curtir as ondas da cidade, como marcelo trekinho e marcos sifú, que estiveram o visitando no final desta temporada. Por: andrÉ GioraneLLi fotos: nicK boreLLi
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Localizada na região central da Califórnia, Santa Cruz é uma das cidades mais surf do planeta, oferecendo uma grande opção de ondas o ano inteiro. Com cerca de 60 mil habitantes, ela é dividida em Westside e Eastside. Normalmente quebram ondas longas, tubulares e bem manobráveis para a direita, mas com swell de sul também rolam boas esquerdas. A temperatura da água é bem gelada, em torno dos nove graus no inverno e 15 no verão. Em alguns dias é até necessário usar luvas, capuz, botinhas e roupa 4.3, no mínimo. Sempre
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rola o maior crowd no pico, pois surfar por lá é uma questão cultural, são várias as gerações dividindo as ondas com diversão garantida. A cidade é famosa por ter grandes marcas de surf, como Surftech, Santa Cruz e O’Neill, que foi a primeira a fabricar roupa de borracha direcionada para o surf. Também foi em Santa Cruz que nasceu o movimento hippie na década de 70 e é comum encontrar esta galera por toda parte. Além disso, na região está localizado o “triângulo vermelho”, expressão que dá nome ao local com a maior população de tubarões
brancos de toda a Califórnia, que começa na baía de Monterrey e termina em São Francisco. Mas se você não estiver a fim de curtir uma session de surf, SC oferece vários skate parks espalhados e um parque de diversão com mais de 100 anos que durante o verão fica lotado. Já no downtown se concentram altos restaurantes, pizzarias e taquerias com decoração de pranchas antigas e fotos dos picos nas décadas de 50, 60, 70 e 80. Outra coisa legal é ver os malucos dançando e tocando no meio da rua, cada figura...
acima: Gioranelli e sua rasgada clássica com as costas na água em santa moss. nesta: “um dos melhores dias que já surfei em santa moss, com muito frio, como de costume, e altos tubos!” - andré Gioranelli.
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acima: o havaiano tJ barron. nesta: capitola village, local muito frequentado pelos turistas. À direita: andrÊ Gioranelli em Harbor, uma das melhores ondas da cidade no inverno, com the Wharf e West cliff ao fundo.
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Bem, resolvi vir para Santa Cruz logo depois da última etapa do Super Surf na Barra da Tijuca em 2006. Não consegui minha classificação para o ano seguinte e ainda perdi o meu patrocinador na época. E como minha mulher Daniela estava grávida, eu precisava tomar uma atitude, pois estava com 31 anos. Já havia visitado a surf city em 2005 e fiquei bastante encantado. Com a oportunidade de surfar altas ondas, competir, trabalhar e ganhar uma boa grana numa cidade bem interessante, não tive dúvidas de embarcar com a minha família trocando o Rio por SC.
Como tudo na vida, o começo foi bem difícil, porque não falava inglês e muitos me olhavam com desconfiança pelo o fato de eu ser brasileiro. Infelizmente nós temos a fama de mal educados dentro d’água. Mas com o tempo tudo foi se acertando, pois minha atitude com os locais rendeu o respeito e a amizade da galera californiana. Hoje me sinto totalmente adaptado ao pico de Pleasure Point. Corro os campeonatos locais na região e até já ganhei um evento bem tradicional, o qual venci a bateria final contra Jason “Ratboy” Collins, um local casca-grossa, além de embolsar mil dólares.
Mas Santa Cruz não é somente altas ondas e curtição. Também trabalho em outras áreas, como professor de Yôga, pintor, juiz de surf, campeonato de jiu-jítsu e construção ecológica, pois a vida na América é muito cara. Além disso, tenho alguns patrocinadores que me ajudam com equipamentos, como Blanco Basura, Black Flys, Rainbow Fin Company, Bravo Condoms, Eco Construção e M10 Surfboards. Mesmo assim, gosto do estilo de vida daqui. Todo mundo pega onda e trabalha. De manhã, bem cedo, sempre está bem crowd, como também no final de tarde. Outra coisa que admiro é o lado simples da cidade, bem low profile.
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Para a minha alegria, no final desta temporada recebi a visita de meus amigos Trekinho e Sifú. Trekinho chegou com sua mulher americana e ficou um mês aqui em casa. Pegamos boas ondas em Pleasure Point. Estava bem frio nessa época e ele teve que surfar de luvas e touca (risos). Eu já estou acostumado com o frio e teve dias que cai com o meu 3.2 na boa. “Santa Cruz é a cidade mais surf city do mundo. Apesar do frio, desde as seis da manha já tem gente na água. Você também pode andar de bicicleta para todos os lugares, tem boas trilhas de mountain bike e
academia de escalada para manter a forma quando não tem onda, além de academia com piscina, jacuzzi e cold plunge para fazer hidroterapia. Tudo que um surfista precisa”, fala Trekinho. Sifú veio com a namorada e pegamos ondas bem legais. Nos conhecemos desde o tempos da ASBT (Associação de Surf da Barra da Tijuca) e foi a segunda vez que veio para cá. Ele me disse que gostaria de morar uns seis meses aqui, pois tem muita onda boa. Tanto Sifú quanto Trekinho são caras bem legais, o sucesso não mudou nada neles. É sempre bom receber os amigos do Brasa! fotos menores: monumento em West cliff ao primeiro surfista da califórnia, um príncipe havaiano de meados de 1885. midtown com Harbor, em primeiro plano, e blacks beach e Pleasure Point ao fundo. nesta: sifú fazendo acrobacias em 4 miles. À direita: trekinho com sua 5’5 quebrando tudo em rockview.
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WESTSIDE
EASTSIDE
The Lane – A onda mais famosa da cidade que quebra com todas as ondulações. Muito longa e manobrável, tem seus tubulares (crowd e bem casca em todos os sentidos).
Pleasure Point – Como o nome já diz é puro prazer. Muito longa com o swell de norte; rápida e tubular com o swell de sul. Quebra o ano todo.
Mitchells – É uma onda que só quebra no inverno, muito rápida, longa e tubular, lembra J-Bay nos seus melhores dias. Sthokton Ave – Quebra numa bancada rasa com um tubo animal, mas tem um localismo bem chato. Natural Bridges – A última onda do lado norte da cidade, uma das minhas prediletas, tubos longos e profundos.
a beleza do fim da noite caindo em capitola Wharf. fotos acima: o garoto prodígio de santa cruz nat Young e o local shawn dollar (recente ganhador do prêmio XXL monster Paddle) em um dia perfeito atrás das pedras no Harbor. na pág à direita: Kyle thierman se entocando em cement ship, localizada ao sul de sc, e a direita clássica no fim de tarde em the Lane, o pico mais crowd da cidade.
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26th Ave – Beach break que em alguns dias fica muito bom. Santa Moss – Bem tubular nos dias maiores e muito boa para aéreos nos dias menores. 38th Ave – Uma onda mais para longboard no seu dia a dia, mas com o swell de sul grande vira uma das melhores ondas da cidade, longa, rápida e bastante tubular. The Hook – Muito high performance. Junto com The Lane é a onda mais crowd da cidade. Animal nos dias bons, pois se pode conectar com Sharks e Private, 700 metros de onda rápida.. Sharks – No dia a dia é mais para longboards, mas tem seus dias de gala. Private – Onda mais cheia que também quebra perfeito com ondulação e vento ideais.
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niLton Batista
o rio de Janeiro viveu dias intensos no início de abril. após a chuva que parou a cidade e trouxe muitos transtornos para os cariocas, um grande swell sacudiu os beach breaks. Points que dificilmente quebram foram parar nas páginas dos jornais e nos principais noticiários da televisão. a surfar não poderia ficar de fora desse acontecimento e registrou alguns dos melhores momentos da ressaca que está sendo considerada uma das maiores dos últimos tempos.
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arthUr toLedo
no dia em que copacabana quebrou com cara de Puerto escondido, marcelo trekinho se jogou com sua Waimea Gun.
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Benoit FoUrnier GUstaVo oLiVeira
pedro tojaL
nesta pág.: dois surfistas que dividiram uma onda no outside até o momento em que um deles se fudeu na fechadeira; surfista de stand up encarando o mar pesado. equipe se preparando para o ataque; da esq. para dir.: os fotógrafos tojal e bidu com os freesurfers frene, ian, cesarano e Pastori. na pág. ao lado: stanley cieslik em um drop de respeito e cesarano esperando o lip rodar.
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BidU
andrÉ portUGaL
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tonY d’andrea
tonY d’andrea
ÁLVaro Freitas pedro tojaL
nesta pág: a esquerda muito surfada nos anos 70 e Gabriel Pastori com um visual típico do rio ao fundo. na pág. ao lado: Juninho silferro em um secret point que quebrou perfeito no norte do estado e atraiu surfistas dos quatro cantos do rio.
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o grande volume de chuvas que caiu no rio superlotou as lagoas, fazendo com que uma delas viesse a abrir passagem para o mar ap贸s 20 anos fechada e criasse um novo pico de ondas tubulares no norte do estado. bruno santos n茫o perdeu tempo e aproveitou os tubos perfeitos do secret.
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andrÉ CYriaCo
marCeLo piU Benoit FoUrnier Benoit FoUrnier
pedro monteiro
swell no aeroporto santos dumont. direitas perfeitas na Praia do flamengo! o dia que os surfistas dividiram a pista do aterro com os carros. marcelo bispo aproveitando um momento raro na praia de botafogo com o Pão de açúcar ao fundo.
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tonY d’andrea arthUr toLedo
alexandre caputo se jogando nas morrancas de itacoatiara. abaixo: carlos burle conferindo o power das ondas no Posto 5, copa.
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WWW.REVISTASURFAR.COM.BR
manoeL Campos
manoeL Campos tom araÚjo
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mais fotos e vídeos deste sWeLL em nosso site.
manoeL Campos
sempre à vontade em mares fora de controle, rodrigo resende surfou essa onda na Prainha registrada em duplo ângulo no canto direito e canto esquerdo com exclusividade para a surfar.
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Fotos: ÁLVaro Freitas
miguel Pupo voando para virar a bateria contra alejo.
PUPO VOA ALTO NA BARRA
no início de abril, os cariocas puderam acompanhar a nata dos melhores atletas do brasil da nova geração no Quiksilver Pro Junior, que rolou na barra da tijuca. o paulista miguel Pupo abusou dos aéreos na valinha das esquerdas para vencer a etapa da seletiva sulamericana. O evento surpreendeu as expectativas com uma grande estrutura para atletas, imprensa e convidados. Após a competição, um DJ animou a galera, regada de muitos drinks e pizza, até o anoitecer. Para finalizar as atividades do dia, algumas bandas se apresentaram num palco montado especialmente para isso, criando uma atmosfera dos festivais de surf. A combinação de entretenimento, boa música, sol, praia e surf mostrou que esse é o caminho para volta do público aos campeonatos.
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Com um desempenho impecável nas pequenas ondas de meio metro, Miguel Pupo, atleta de São Sebastião, derrotou todos os adversários que enfrentou e largou na frente do ranking sul-americano. Outro surfista que veio como favorito durante todo o evento foi Alejo Muniz, que ficou com o vice-campeonato. O catarinense mostrou por que é apontado como uma promessa do surf brasileiro.
alejo muniz não facilitou a bateria final contra Pupo.
Na semifinal, ele venceu o capixaba Krystian Kimmerson, que antes da derrota já tinha mandado muita gente boa para o chuveiro mais cedo. Na segunda semi, outro duelo de surfistas voadores. No entanto, Miguel precisou de poucos minutos para conseguir notas altas (9,17 e um 10) e derrotar Peterson Crisanto de forma espetacular. Na última bateria para definir o campeão, Alejo e Miguel, que se enfrentaram pela primeira vez em uma final, sabiam que para conseguir convencer os jurados teriam que tirar “uma carta da manga”, pois o mar pequeno nivelava por baixo a disputa. Mais uma vez Miguel voou alto numa junção para fazer a diferença e sacramentar sua vitória. “É uma manobra que eu
sempre tive no pé. Procuro linkar surf de linha com aéreos”, disse ele, que surfa com a prancha shapeada pelo pai, o ex-surfista profissional Wagner Pupo, que também estava na praia. “Queria primeiro agradecer a Deus e aos meus patrocinadores. O ano foi difícil para mim, pois comecei 2010 meio mal e agora veio essa vitória para me levantar. Então, acho que é só manter o ritmo até o próximo Pro Junior”, concluiu o campeão logo após a vitória. No Feminino, a paraibana Diana Cristina eliminou algumas oponentes brasileiras para chegar à final contra a havaiana Leila Hurst. Tininha, que já havia perdido para Leila na Austrália, deu o troco e derrotou-a nas pequenas ondas que quebraram na final feminina.
resuLtado do QuiKsiLver Pro Junior:
1- Miguel Pupo (Bra) 2- Alejo Muniz (Bra) 3- Peterson Crisanto (Bra) 3- Krystian Kymmerson (Bra) 5- Marco Fernandez (Bra) 5- Caio Ibelli (Bra) 7- Sidney Guimarães (Bra) 7- Jessé Mendes (Bra)
resuLtado do roXY Pro Junior: 1- Diana Cristina (Bra) 2- Leila Hurst (Haw) 3- Barbara Segatto (Bra) 3- Camila Cássia (Bra) 5- Barbara Muller (Bra) 5- Michelle des Bouillons (Bra)
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JULIANA Almeida 20 ANOS
Fotos: CeLso pereira jr.
A estudante de Arquitetura e Urbanismo Juliana Almeida diz que tem um caso de amor com o surf: “O surf é vida! É muito bom acordar de frente para o mar, surfar e depois ir à faculdade.” Nos fins de semana, a gata sempre curte uma praia e costuma frequentar Regência, Ulé e Barra no Espírito Santo. Já no Rio de Janeiro, adora Prainha, Grumari e São Conrado, que para ela são maravilhosas! Para manter o corpão, conta com a ajuda da irmã, que é nutricionista, cuida da alimentação e pratica diversas atividades físicas, além do surf, é claro! Seu maior sonho é conhecer as Ilhas Maldivas e viver num mundo mais tranquilo, onde não existam mais situações desumanas e todos sejam iguais.
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mais fotos desta e outras misses em nosso site. WWW.REVISTASURFAR.COM.BR
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BrUno Lemos
idade: 14 anos patrocínio: nenhum quiver: 5’11, 6’1, 6’4, 6’6, 7, 9’8 shaper: ricardo martins
Se perguntarmos para 99% da molecada do surf qual o seu maior sonho, a resposta é meio óbvia: ser campeão mundial do WCT ou, no máximo, viajar para 4 para m 1Como nas co as ondas do planeta. peperfeitas e, amais tard rsurfar a rf u s a u ço n e toda regra há uma exceção, saquaremense os a Lucas bao lh de idade, com rsosdetr14aanos, e 5 2 iv , d a z n e f ce . Yan “Chumbinho”, vai na contra o d is a r a irmão da o emeta não largou m rae dizo teraltcomo a ta carioca om e p s o ra rfi d u galera de sua categoria ser um ca s tu e r e a d r g u to jo o a o o e aMavericks, as se apaixon multishow até big riderae pegar silcomo o m as maiores ondas, ra g r, b a o p o d l a a ra o n a rp p ca a o lt vo e Jaws. Com uma atuação sólidaueco anos no grama n do deWaimea o atirada na sentou um pro um po garoto cabou o trazen re a p a ia s e assouno Hawaii, é o n b o et, ptemporada lo d s G sua primeira de Saquá in n e u à s m red m e e g a s a vi o uma as b d s n a o m e . d ii mereceu participar da Nova Geração na edição de a ia w d a H m morar no não perde u aniversário da Surfar. ar. omar, que
tu seu ofício de a a surfar. ra os leitores d a p e b vi a u s a d
Idade que começou a surfar e teve apoio da família? Com três anos já ficava em pé na prancha e tive muito apoio do meu pai. Prefere as competições ou freesurf? Gosto dos dois, mas prefiro o freesurf e as ondas grandes. Pico e Viagem preferida? Itaúna, Saquarema, e, é claro, a viagem pro Hawaii. Ondas grandes? É o que eu mais gosto, pois minha meta é ser um big rider. Como foi surfar Waimea, Pipe e Sunset grande na última temporada havaiana? Uma sensação inesquecível, porque peguei as maiores ondas da minha vida e tomei os maiores caldos também. O que mais te marcou no Hawaii? Foi irado pegar altas ondas com Kelly Slater, Bruce Irons, Pancho Sullivan e o meu ídolo Jamie O´Brien em Pipeline. Tomei um caldo de uma série em Pipe ao lado do Bruce Irons e tomamos uma bela bomba na cabeça. Fiquei na casa do Bruno Lemos, que é um grande fotógrafo, além de um ótimo surfista. Qual quiver utilizou no Hawaii? Duas 5’11, uma 6’4 e uma 7 pés do Ricardo Martins, além de 6’1, 6´6 e 9,8 para Waimea do Tokoro. Planos para 2010? Este ano minha meta é me dedicar aos estudos, pois estou estudando no Anglo Americano, que me dará uma boa base de inglês para que no final de 2010 eu possa ir ao Hawaii. Nas competições, eu irei correr todos os campeonatos possíveis e fazer bons pódios.
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BILLABONG XXL AWARDS 2010
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COLEÇÃO INVERNO C18 Fotos: anniBaL
a censura 18 convidou seus clientes e amigos para o happy hour de lançamento da sua nova coleção de inverno no shopping Grande rio.
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Fotos: BidU (1,2,3,4,5,6,7), jULio FonYat (8)
a festa de premiação do XXL big Wave awards 2010 rolou no dia 23 de abril na califórnia e contou com a presença dos maiores nomes do big surf mundial.
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biLLabonG XXL aWards 2010: 1 - visual da entrada do Groove de anaheim, onde aconteceu a festa do XXL. 2 - a big rider argentina mercedes maidana com o fotógrafo carioca bidu. 3 - Público prestigiando a festa de premiação do XXL. 4 - o diretor do XXL, bill sharp, discursando antes da premiação. 5 - os havaianos shane dorian e mark Healey. 6 - shane dorian sendo entrevistado. 7 - maya Gabeira, tetra campeã do XXL, belíssima durante a festa. 8 - a lenda viva occy com o fotógrafo brazuca Julio fonyat. coLeÇÃo inverno censura18: 1 - o dJ bruno mello bem equipado de overload e mandando ver! 2 - o vendedor Jeferson, fã da revista, curtindo com as suas clientes. 3 - as sorridentes taís e alessandra. 4 - serginho Pilha, representante da surfar, com a sua mulher e filhos. 5 - alguém vai deixar de comprar com esse time de gatas? carla, agatha, alessandra, rafaelle, débora e taís... ufa! 6 - ramiro da censura 18 (blusa branca e sem boné) comemora com os representantes das marcas o sucesso da loja do Grande rio. 7 - Paulinho da billabong e ramiro planejando futuros negócios.
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james thisted
arQUiVo pessoaL
O australiano Kai Neville trabalhou alguns anos como câmera e editor dos grandes sucessos Campaign 2 e Stranger than Fiction, dirigidos pelo renomado videomaker californiano Taylor Steele. Recentemente, Kai dirigiu Modern Collective, seu primeiro vídeo lançado no fim do ano passado e estrelado pelos surfistas Jordy Smith, Dane Reynolds e Dion Agius. Com exclusividade os leitores da Surfar conferem a primeira entrevista do australiano para um veículo de surf brasileiro. Como foi dirigir o seu primeiro filme e o que aprendeu após alguns anos trabalhando com o Taylor? Eu aprendi muito da parte burocrática, como administrar verbas, patrocinadores e distribuidores. Muita coisa rola por trás das filmagens. 50% do tempo ficamos trabalhando no filme em si e mais 50% em troca de e-mails, ligações e definindo a parte “business” da coisa. Foi ótimo trabalhar com Taylor e testemunhar seu profissionalismo. Em Modern Collective, você selecionou surfistas novos e progressivos. Tem planos de fazer algo mais parecido com Sipping Jetstreams, relacionando o surf com os lugares e culturas locais? Só consigo me ver trabalhando com projetos quando eu estiver mais velho. Você se submerge em trips e o que acontece fora desse mundo “progressivo” do surf conforme trabalha mais nesses filmes. Mas, no momento, adoro o surf progressivo, portanto, enquanto eu não perder o feeling do que está rolando com a molecada de hoje, continuarei trabalhando em filmes de performance e estilo. Você acha que vai rolar mais projetos no futuro interagindo com o público, como em Innersection? Sou completamente a favor. É um ótimo formato que apresenta novos talentos, pois existem vários que precisão ser descobertos. Porém, eu odiaria ver o futuro dos filmes de surf baseados somente na internet. Eu amo cinema, sua história e espero sempre existir uma audiência disposta a ver filmes na telona e não somente na net. Podemos esperar surfistas brazucas em seus próximos projetos? Eu quero trabalhar com os melhores surfistas do mundo, então, ficaria amarradão de incluir alguns brasileiros. É apenas uma questão de alguém aparecer com uma manobra insana para entrar na edição junto com Jordy Smith, Dane Reynolds, etc… Você costuma assistir os filmes de surf brasileiros? Não muitos, porque eles não se destacam tanto aqui na Austrália. Entretanto, eu amo assistir filmes de surf, então, se você tiver algum para me recomendar... Como você vê o mercado hoje? O público prefere filmes como Sipping Jetstreams ou Stranger Than Fiction? Precisa ter um equilíbrio legal. As pessoas querem assistir o que tem de mais progressivo no surf por aí, mas também querem ver elementos interessantes de criação, como em Sipping. A mistura dos dois é o que agrada a audiência. A maioria dos filmes lançados no mercado são americanos e australianos. Será que no futuro veremos mais filmes da América do Sul e da África do Sul sendo distribuídos internacionalmente? Se você tem os grandes nomes, uma boa trilha sonora, cinematografia e direção de arte, não vejo porque não. Você só precisa do talento. Você acha que os filmes de surf serão distribuídos mais em formato web do que em DVD? Consigo ver o iTunes roubando parte das vendas da distribuição de DVDs, mas nem tanto. As pessoas ainda querem ver filmes de boa qualidade em suas TVs antes de irem surfar. Não existe nada melhor para empolgar antes de uma session.
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Quais dicas você pode dar para um videomaker iniciante? Caia dentro em todos os aspectos: música, edição, filmagem… Com a tecnologia disponível hoje em dia é fácil produzir filmagens, edições de boa qualidade e com preços razoáveis. A diferença é o seu próprio toque criativo. Revistas, filmes e vídeo clipes de música são ótimas fontes de inspiração, então, pesquise. Tem algum projeto além de filmes de surf para o futuro? No futuro me imagino arriscando algo não relacionado aos projetos de surf. Entretanto, no momento estou me divertindo fazendo esse tipo de filme. Espero conseguir surpreender por mais alguns anos.
TOP 10 VIDEOS: Por Marco Giorgi
On The Road Lost at Sea Blue Horizon Stranger Than Fiction Model Collective The Brucie Movie Pasti Eu mesmo faria Rapaze First Chapter
mario Lavio
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FOTOS: TIAGO NAVAS
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anniBaL
Por: roGer ferreira e deboraH fonteneLLe
O ator e surfista carioca Omar Docena, 25 de idade, começou a surfar tarde, apenas com 14 anos no Arpoador, mas se apaixonou de cara e não largou mais. Fez diversos trabalhos na Rede Globo e apresentou um programa no canal pago Multishow até jogar tudo para o alto e ir morar no Hawaii. Entretanto, uma viagem à Indonésia acabou o trazendo de volta para o Brasil e ao seu ofício de atuar. Omar, que não perde um dia de ondas boas em Sunset, passou um pouco da sua vibe para os leitores da Surfar. Aquela pergunta clássica: Você como ator se considera um bom surfista? (Risos). Essa pergunta é muito retórica. Um dia desses me falaram: “Você é o melhor ator que pega onda do mundo brother”. Aí fiquei pensando nisso. Sinceramente acho que não. Têm muitos atores que surfam bem, como o Cauã Reymond, Paulinho Vilhena, Caio Castro, entre outros. Mas, com certeza, tenho muita disposição e dedicação. De onde vem essa sua veia artística? Fiz faculdade de Artes Cênicas, oficina de atores da Rede Globo e comecei a atuar praticamente na mesma época que iniciei no surf. Trabalhava como modelo e logo me interessei por teatro. Participei da peça Capitães de Areia, que teve uma repercussão bem legal e ficou em cartaz durante um ano no shopping da Gávea. A parti daí, não consegui mais me desvencilhar do ofício. Tentei fugir várias vezes do caminho de atuar, pois é uma carreira difícil, mas é o que eu amo fazer. Em quais outras produções você já trabalhou? Além da peça, fiz Malhação, a minissérie Um Só Coração, os seriados Cidade dos Homens e Justiça, e a novela Três Irmãs, tudo na Rede Globo. Também apresentei o programa Quarto Mundo no canal Multishow. Com tudo isso, porque você foi morar no Hawaii? Eu era novo e já tinha uma bagagem de trabalho. Tive muitas oportunidades para estourar na minha profissão, mas era imaturo e não levava muito à sério. Enfim, tinha uma independência financeira e não soube aproveitar muito isso. Depois que acabou o meu contrato com o Multishow, resolvi morar no Hawaii, onde fiquei um ano e dez meses direto. Fui para lá com a ideia de rodar o mundo. Em certo momento, achei que ia passar a vida inteira morando fora do Brasil, porque as coisas para mim já estavam acertadas, tinha casa, carro, etc. E o que te trouxe de volta ao Brasil? Olha só como a vida é. O surf me levou para o Hawaii e também me trouxe de volta ao Brasil. Fui para a Indonésia e estava andando na rua em Uluwatu quando a produtora da minissérie que fiz me reconheceu, isso quatro anos depois, e me falou: “Tem uma participação para você fazer”. Aí eu disse: “Pô, não estou mais trabalhando com isso”. Mas ela insistiu, então, resolvi fazer e tudo deu tão certo que meu personagem acabou ficando a novela inteira (Três Irmãs). Na verdade, tinha desviado completamente do meu caminho e Deus usou o surf para me trazer de volta, fazer o que eu gosto e sempre fiz. Enfim, tentei fugir disso, mas não consegui. O surf é meu esporte e o meu ofício é a atuação. Nos últimos oito meses, você esteve no México, Noronha, Hawaii e Califórnia com os profissionais. Já pensou em competir, ter patrocínio ou algo assim? Eu nunca tive essa pretensão, pois acho que não tenho talento nem técnica suficiente para ser profissional. Agora, disposição eu tenho de sobra! Gosto de me jogar mesmo! Li uma frase do Mohamed Ali que diz: “The will must be always stronger than the skill”, ou seja, a vontade tem quer ser sempre maior que a habilidade, sacou? Mas é bom viajar com esse pessoal porque eles sempre me incentivam a estender meus limites. Quando os vejo pegando as maiores, penso: “Pô, esse bicho tá entrando no mar e eu não vou entrar por quê? O que ele tem que eu não tenho? Quero participar disso...”. O cara é técnico, sabe dar aéreo e é muito bom em manobra e tubo, entretanto, na hora do vamos ver... o negócio é remar e colocar pra
baixo. Mas eles são ídolos e eu sou só um expectador que prefere assistir de um ângulo mais íntimo. Existe também o fato de não ter que dar retorno para ninguém, zero pressão, o retorno é todo meu. Da onde sai a grana para você viajar? É tudo com meu dinheiro, cara. Quando não estou envolvido com o meu trabalho, o que eu mais gosto de fazer na vida é pegar onda. Não tenho auxílio de ninguém para isso. Meu pai não ajuda e nem tenho um patrocínio, assim, financeiro. Vou na cara e na coragem! Como vê essa história de todo mundo querer surfar no mesmo pico no Hawaii? Acho ridículo. Mas os caras acabam fazendo isso meio por obrigação, pois eles procuram aquela onda (Pipeline) para dar o retorno aos seus patrocinadores. A minha vibe é outra, pego onda só pelo prazer de surfar. Minha relação com o surf é totalmente espiritual. É o esporte que eu escolhi para fazer, meu hobby e passatempo, então, tiro sempre o proveito máximo disso. Essa foi uma temporada meio fraca para mim porque fiquei em Three Tables, que era um pouco longe de Sunset, a onda que eu mais gosto. Mas aprendi também a gostar de Off The Wall, que é um tipo de onda pesada e que não tem crowd por ninguém frequentar muito. Eu vaquei enlouquecidamente lá (risos). O que mais curte fazer quando está de bobeira? Eu tenho tirado os meus fins de semana para andar de skate quando não tem onda. É uma atividade que me deixa perto do surf, pois meu skate é como um simulador de surf, você não coloca o pé no chão. É surf no asfalto. Além disso, faço um trabalho de Pilates e Yôga. Em quais projetos você está envolvido atualmente? Participei de um quadro no programa do Faustão, que foi gravado na Argentina e vai ao ar em junho. Agora estou envolvido num longa de produção nacional. O filme conta a história de três jovens cariocas estereotipados da zona sul do Rio, que saem numa viagem de carro para um lugar com altas ondas e são surpreendidos no meio do caminho com uma realidade completamente diferente da que eles vivem. O grande lance é a transformação pela qual os personagens vão passar e o final é bem legal. Deve estrear nas telonas até o fim do ano. Além disso, voltei a estudar depois de três anos. Você tem uma paixão por pranchas. Fale um pouco da sua coleção de foguetes. Faço um trabalho bem legal com o Brás Barros, que é um shaper de linha e sabe fazer muito bem aquela prancha performática.Gosto de testar pranchas diferentes. Como me acho um surfista limitado, meu surf aparece mais quando uso um equipamento diferente. Curto muito surfar de fish. Na viagem para Noronha, o Binho Nunes me falou: “Meu irmão, você nunca pode surfar com uma prancha triquilha. Tem que surfar só de fish e de shortinho mesmo, porque você é muito retrô e nasceu na época errada”. Me sinto um pouco assim. A minha vibe com o esporte é diferente da que a maioria dos surfistas tem hoje. Acho que o surf é muito mais do que ir lá, pegar uma onda e dá quatro pauladas nela. Às vezes nem pego a melhor do dia, mas saio da água realizado e renovado.
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pedro tojaL
PrÓXimo nÚmero
TAHITI
EXPEDIENTE
teahupoo recebendo um de seus frequentadores mais fiéis, o havaiano Laird Hamilton.
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