Jeronimo Vargas, Teahupoo.
NIVANA
pedro tojal
ÍNDICE
Hizunomê nos trilhos de Teahupoo.
Copa do Tubo 2010 78
Confira a atuação da nossa seleção em Teahupoo.
Galeria: Rio 104
As melhores imagens do swell que entrou no Rio.
Arpoador Clássico 114
As ondas mais badaladas da zona sul carioca.
Miss Surfar 128
Bianca Rizzi bate um bolão com sua beleza.
Eventos 136
Cobrimos o melhor do surf competição.
REVISTA SURFAR
.COM.BR
pedro tojal
EDITORIAL
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Nesta foto: Visual surreal do fim de tarde no Tahiti por dentro dos tubos de Teahupoo. Na capa: Local do Alfa Barra e vizinho da redação, Jeronimo Vargas foi ao Tahiti para garantir sua primeira capa na Surfar. Foto: Pedro Tojal
SaUdaÇÕES SUrFÍSTicaS a nETUno Antes de entrar em qualquer assunto, gostaria muito de agradecer a Netuno em nome de toda a equipe da Revista Surfar pela grande contribuição que ele deu nesses dois últimos meses mandando vários swells. Só não pegou onda boa quem não quis. Não dá para reclamar. Até mesmo aquela galera que tem somente o final de semana para surfar e fica vendo na internet que rolaram altas ondas, teve seus dias para fazer a cabeça. Para nós que dependemos das ondas para fazer a revista, qualquer notícia de ondulação se aproximando resulta numa correria geral na redação. Com os fotógrafos contactados, o próximo passo é definir a logística certa para ninguém ficar de bobeira. Hoje, com todas as informações disponíveis nos sites de previsões, são tantas as opções que chega uma hora que a gente fica até sem saber para onde ir. De repente, você recebe uma ligação daquele camarada. Do outro lado da linha, ele avisa: “Vai entrar aquele swell de leste. Saquarema vai quebrar de gala, vamos?” Mas aquele seu outro amigo “expert”
garante que Grumari vai ser o melhor lugar. Caraca! Na outra ponta, um grupo de surfistas profissionais está combinando às 7 da manhã no Alfa Barra com condições perfeitas para tubos... Para onde vamos então? Agora que você já sabe mais ou menos a rotina da redação, imagina quando isso é projetado para viagens internacionais! Tahiti, México, Indonésia, aí o buraco é mais embaixo. A lista é grande: dólares, vistos, deadline para mandar as fotos, melhor point para se hospedar, carro, pranchas, quais os atletas que vamos convidar... Sem esquecer, é claro, de dar uma olhada nas previsões para checar se vai entrar o swell, isso sem dúvida é primordial para o sucesso de qualquer trip. Esse foi um pequeno resumo do que vivemos nos últimos dois meses. Enquanto todos estavam de antena ligada para capturar qualquer swell que entrasse em águas cariocas, nosso fotógrafo Pedro Tojal acumulou milhas pelo mundo afora. Viajou para Nicarágua com um
grupo de surfistas e logo que desembarcou de volta recebeu o ticket e um protetor solar com embarque imediato rumo ao Tahiti, sem direito a desfazer as malas, liberado apenas para jantar com a família e passar na redação para baixar as imagens feitas durante os 8 dias em que esteve naquele país. Já nos 40 dias que ele permaneceu em Teahupoo, fizemos a pauta principal desta edição e o deixamos em alerta para a trip da Indonésia. Não deu outra. Assim como tínhamos planejado, a passagem foi comprada para dois meses, só que dessa vez ele teve uma semana merecida para descansar em casa. Um dia antes da ida de Tojal para Indonésia, Netuno voltou a fortalecer a rapaziada do surf. Sextafeira, 10 de julho, Meio da Barra com altas valas perfeitas, vários fotógrafos no pico, galera quebrando geral na direita em frente ao Beton. Pelo visto vai começar tudo de novo... Bem, deixa eu correr com esse editorial para ver se consigo fazer um final de tarde, pois o telefone já tocou com neguinho botando a maior pilha! Vamos todos pra dentro d’água Surfar! José Roberto Annibal
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O carioca Paulo Curi pegou v谩rios canudos em Teahupoo e foi premiado com esse momento, um dos mais impressionantes da trip, dito pelo pr贸prio autor da foto.
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22 FotoS: tIaGo NaVaS
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artHUr toledo
Com a cidade funcionando a todo vapor durante um dia normal de semana, o felizardo Marcelo Trekinho aproveitou o swell no Pontão do Leblon, com ondas de até 8 pés, para pegar vários tubos como este da foto.
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A linha tĂŞnue entre o tubo e a vaca da vida ĂŠ uma constante nas bancadas havaianas. Eric de Souza sentindo na pele em Off the Wall.
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MorrIS / dIVUlGaÇÃo aSp
A vitória no Peru renovou o gás para Silvana voltar a brigar pelo título mundial.
SilVana dE VolTa na diSPUTa PElo TÍTUlo mUndial A cearense Silvana Lima conquistou a sua primeira vitória no ASP Women´s Tour 2010 no início de junho em San Bartolo, no Peru, derrotando a tricampeã mundial Stephanie Gilmore na semifinal e Sally Fitzgibbons na final do Movistar Peru Classic. “Eu estava vindo de resultados ruins, foram dois quintos lugares que me deixaram meio abalada. Mas eu não desisto nunca. Antes dessa última etapa, fiz uma trip para Indonésia que me fortaleceu bastante para chegar ao Peru para vencer”, comentou Silvana, que subiu para o terceiro lugar no ranking mundial. As australianas são as únicas que estão à sua frente na corrida do título nesse ano. Quando questionada a sobre sua adversária mais difícil no
restante do ano, a brasileira fez questão de ressaltar o altíssimo nível do surf feminino na atualidade. “Acredito que todas as meninas top 5 estão na briga pelo título. A Sally (Fitzgibbons) está muito focada no tour, além da Stefani (Gilmore), que tem três títulos mundiais e é a líder do ranking. Mas acho que será muito difícil de vencer as baterias contra qualquer uma das meninas do circuito.” Mais quatro etapas vão definir a campeã e a nossa atleta entra na briga com a sua volta ao lugar mais alto do pódio. “Estou muito focada para que 2010 seja o meu ano. Essa vitória me fez acreditar ainda mais em ser campeã mundial nessa temporada”, finalizou Silvana. A próxima etapa da elite feminina será em Peniche, Portugal, entre os dias 07 e 11 de outubro.
adaPTSUrF PromoVE EVEnTo naS ondaS da Barra Em um sábado de sol aconteceu, no dia 29 de maio, a primeira etapa do Circuito ADAPTSURF no posto 2 na praia da Barra da Tijuca. Este foi o primeiro circuito de surf para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida no Rio de Janeiro. O evento, cujo objetivo principal é promover a integração social no ambiente da praia, contou com a participação de dezessete alunos divididos em nove baterias. Cada uma teve duração de 20 minutos e foi realizada por dois competidores, que entraram na água acompanhados de surfistas voluntários para ajudá-los a entrar nas ondas, voltar e se posicionar no outside. Mesmo com o mar difícil e ondas de um metro, a galera mandou muito bem na vala do inside e provou que o surf é um esporte democrático. Três juízes avaliaram os participantes, considerando a distância percorrida e a escolha da onda, além do controle da prancha e das manobras realizadas. No fim de tarde rolou a premiação, sendo que não houve eliminações e todos os participantes saíram vencedores por mostrar muito coragem, superando seus limites. Os destaques desta primeira etapa foram os alunos Marlon, surfista cego, e Luís Arthur, bodyboarder com síndrome de down, além de Fernanda, que possui uma má formação congênita na mão. Todos os competidores receberam troféus, adesivos e camisetas ADAPTSURF. Conheça mais o trabalho da ONG no site www.adaptsurf.org.br
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FotoS: dIVUlGaÇÃo
Cristian Merello usou seu conhecimento do pico para vencer.
local domina PUnTa loBoS
O big rider local Cristian Merello, de 28 anos, venceu no último dia 19 de maio o Quiksilver Ceremonial Big Wave Invitational 2010, válido como primeira etapa do circuito mundial de ondas grandes (Big Wave World Tour) da temporada 2010/2011. O evento foi realizado nas esquerdas geladas de Punta Lobos, localizada na cidade Chilena de Pichilemu, e contou com a participação de nomes consagrados do surf de ondas grandes, como o atual campeão mundial do BWWT, Carlos Burle, os californianos Greg Long e Peter Mel, os havaianos Mark Healey e Jamie Sterling, o sul-africano Grand “Twiggy” Baker, além dos brasileiros Everaldo Pato, Danilo Couto e Marcos Monteiro. Surfando de frente para as grandes e perfeitas ondas que chegaram aos 25 pés em Punta Lobos, quem se deu bem foi o chileno Cristian Merello. Aproveitando seu conhecimento nas esquerdas, Merello dropou as maiores da série para derrotar na grande final Long, Healey, Sterling, Mel e o peruano Gabriel Villaran, vice-campeão do Cerimonial. “Foi muito especial vencer este evento. Não só para mim, mas também para minha mãe, que passa por uma batalha intensa contra o câncer e enfrenta tratamentos brutais. Dedico o título a ela e a toda comunidade local”, disse Merello, que faturou os 10 mil dólares oferecidos ao vencedor. Os melhores brasileiros no evento foram o pernambucano Carlos Burle e o saquaremense Marcos Monteiro, que pararam na semifinal. RESULTADO DO QUIKSILVER CEREMONIAL BIG WAVE INVITATIONAL 2010:
1 - Cristian Merello (Chi) 2 - Gabriel Villarán (Per) 3 - Peter Mel (EUA) 4 - Jamie Sterling (Hawaii) 5 - Mark Healey (Haw) 6 - Greg Long (EUA)
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Acima: Gabriel Villaran. Abaixo: Marcos Monteiro. O visual de Punta Lobos.
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jUlIa WorCMaN
Um dia como esse em Rincon requer um rango balanceado para segurar a onda.
VocÊ SE alimEnTa BEm nUm dia dE SUrF? POR: ALESSANDRA TABANELA
Não há nada melhor do que um dia clássico com altas ondas! De alto rendimento, o surf exige do praticante aptidão física e controle motor, pois consiste nas atividades anaeróbica, com exercícios de grande intensidade e curta duração caracterizados pela manobra, e aeróbica dominante, que utiliza a glicose como fonte de energia na remada para se alcançar o outside. Quando o mar está bom, o surfista quer aproveitá-lo ao máximo e costuma fazer uma bateria de três horas ou mais. Então, é necessário levar em consideração a aptidão física, como também a nutrição, fator fundamental para se ter um bom desempenho e evitar possíveis lesões, que podem no futuro prejudicar o aproveitamento de outro dia clássico. No surf fica quase inviável a suplementação durante a sua prática, já que ficamos expostos às alterações climáticas que estão diretamente ligadas ao consumo energético e à hidratação. No primeiro caso, em dias de água fria e baixas temperaturas, o corpo necessita produzir mais calor para manter a temperatura corporal ideal e, desta forma, se gasta mais energia. Por se tratar de um ambiente aquático, a sensação de calor e de produção de suor é diminuída. No entanto, neste processo ocorre uma maior perda de água, pois o mar é um ambiente que contém mais sal do que o nosso organismo. Então, como hidratar e repor as energias para um dia perfeito de surf ? Bem, primeiro devemos iniciar com um excelente café da manhã. Suco de fruta é sempre bem vindo por conter carboidrato, que é a principal fonte de energia, e possuir vitaminas e minerais. Além disso, alguns também são antioxidantes e combatem os radicais livres, que têm sua produção aumentada por causa do exercício físico intenso e da exposição ao sol. Já o consumo de leite deve ser evitado porque sua proteína demora a ser digerida. Portanto, outra opção é o uso de um suplemento proteico de alta absorção e digestão batido com frutas. Estes suplementos possuem proteína de alto valor biológico, além de BCAA, aminoácidos ramificados que agem como inibidor da fadiga e evitam a perda de massa muscular. Eles também são ideais para se utilizar em viagens pela sua praticidade. Conforme o Americam Colege Sport Of Medicine, devemos consumir 500 ml de água antes e 150/200 ml a cada 20 minutos em exercícios de mais de 1 hora de duração. Mas por isso ser praticamente inviável, é recomendável se “organizar” para dar uma caída de uma ou duas horas
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no máximo para se repor os líquidos perdidos e a energia gasta durante a bateria. Após a primeira session, é necessário consumir uma bebida energética rica em carboidrato e de preferência enriquecida de BCAA e sais minerais que são perdidos no suor. A água de coco também é bemvinda, assim como um bom sanduíche. Todos esses cuidados fazem com que o atleta evite a perda de massa muscular e consiga repor a energia para outra bateria. Porém, antes dela não se esqueça de beber água. Após a segunda caída, provavelmente na hora do almoço, a refeição deve conter carboidrato, como uma massa, um tipo de carne branca ou vermelha (proteína de alto valor biológico), salada variada e suco (vitaminas e minerais), preferencialmente de frutas cítricas, pois estes contêm vitamina C, que além de ser antioxidante, também ajuda a absorver o ferro de origem animal. O ferro é importante no transporte de oxigênio até as células para ser utilizado em atividades aeróbicas como o surf. O recomendável é dar um intervalo de duas a três horas antes do exercício. Mas se não conseguir aguentar todo este tempo para aproveitar o mar clássico ou se estiver viajando, você pode optar mais uma vez por um suplemento compensador que possua whey protein, BCAA, carboidrato e gordura na forma triglicerídeo de cadeia média (TCM), rapidamente utilizado como fonte de energia evitando, assim, a fadiga. Já no jantar podemos optar pela mesma composição do almoço. E na ceia, última refeição do dia, é muito importante o consumo de whey protein, pois durante o sono acontece um aumento da produção do hormônio do crescimento, onde ocorre um aumento da síntese proteica, ou seja, a recuperação e o ganho de massa muscular. Entretanto, se o surfista estiver em um pico que não tem como voltar para praia ou ter que remar muito até chegar ao local, pode-se utilizar o carboidrato em gel, que também é enriquecido com BCAA, vitaminas e minerais (CARB UP em gel). E o melhor: este suplemento pode ser levado no bolso da bermuda ou na roupa de borracha. O fundamental é sempre após uma caída repor a energia e a hidratação. Agora, go surfing! Alessandra Tabanela Nutricionista Clínica e Esportiva aletabanela@yahoo.com.br
FotoS: tIaGo GarCIa
Jojó ensina técnicas de surf antes da aula.
o SUrF Em Prol daS crianÇaS niGErianaS POR: TIAGO GARCIA
Não é de hoje que o surf me leva para vários países do mundo. As viagens que antes começaram pelo simples prazer de surfar as ondas perfeitas, com o passar dos anos começaram a ter um aspecto profissional quando comecei a fazer vídeos de surf. O que eu nunca imaginava é que um dia poderia usar meu esporte preferido como instrumento para levar um pouco de alegria e conscientização ambiental às crianças abandonadas do outro lado do Atlântico. Tudo começou no mês de abril quando conversei com o Alexandre Araújo, um dos mentores do movimento cristão Caminho da Graça, e me ofereci como voluntário para participar da Missão Pequeninos na Nigéria, cujo objetivo é ajudar as crianças que estão sendo acusadas de bruxaria por pastores evangélicos naquele país. Elas também são responsabilizadas pela pobreza material, problemas de saúde e tudo de ruim que possa acontecer às suas famílias, pois julgam que tais inocentes carregam a capacidade de enfeitiçar a vida daqueles que convivem com elas. A primeira missão foi realizada em janeiro. Jojó de Olivença, ex-top do circuito mundial, o voluntário Léo Santos e eu participamos da segunda etapa no início de junho. Nossa finalidade principal era mostrar o ensinamento de Deus para acabar com essa insanidade, como também levar o surf até essas crianças para que elas pudessem se desenvolver através do esporte e realizar um trabalho de conscientização ambiental na região. A jornada foi longa. Depois de dois dias viajando, chegamos à nossa frente de trabalho e organizamos nossos objetivos com a equipe local. A primeira coisa que fizemos foi e pedir a “benção” da polícia e da imigração nigeriana. Recomendação feita por Diana, assistente social da ONG inglesa Tiago Garcia e crianças no orfanato da CRARN.
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Stepping Stone Nigéria, que nos levou às autoridades para explicarmos o que iríamos fazer na região. Apesar da corrupção no país ser generalizada, eles agradeceram nossa intenção e fizeram recomendações de segurança. Em seguida, começamos então a nossa missão. Fomos ao orfanato de outra ONG inglesa, a CRARN (Child Rights and Rehabilitation Network), onde se encontram 200 crianças e levamos dezoito delas à praia para surfar. A alegria da garotada estava estampada nos sorrisos. Jojó iniciou a aula com uma breve explicação sobre o posicionamento na prancha durante a remada e o momento de ficar em pé. Algumas delas simplesmente não queriam sair da água e nem de cima da prancha. Outras conseguiram surfar já na primeira tentativa, mostrando que levam jeito para o esporte. Toda essa didática foi aprendida por Moses, um dos moradores de Ibeno Beach e primeiro surfista desta praia, que ficará cuidando da escolinha durante a nossa ausência. A praia de Ibeno, onde será a sede da escola Waves Project fundada por Jojó, é excelente para aprendizagem do surf. As ondas são parecidas com as do nordeste brasileiro, bem convidativas pela água quente durante o ano todo. Pena que nem tudo colabora. Segundo alguns moradores, vazamentos Estudantes atentos durante palestra do Way to the Nations.
de óleo são constantes devido ao descaso ambiental da empresa petrolífera que opera na região, além disso, não existem lixeiras e o povo tem o costume de jogar o lixo por toda parte. Então, decidimos realizar um trabalho de conscientização ambiental, que começou com uma breve palestra sobre sustentabilidade citando o longo tempo de deterioração de cada tipo de material. Logo após, nós distribuímos luvas e sacos plásticos para as crianças coletarem na faixa de areia todo o micro lixo encontrado, que mais tarde seria despejado em um local apropriado. Também instalamos placas com mensagens de noções ambientais, assim como grandes cestas de palha que mandamos confeccionar para servirem de lixeiras nesta praia. Mas ainda tínhamos muitas coisas para fazer antes de finalizar nossa missão, desde comprar remédios para o orfanato, até alugar a casa que serviria de nossa base na cidade de Oron, onde se mais cometem “atrocidades” contra estes inocentes. Durante nossa estadia na Nigéria, mais de 150 crianças tiveram aulas de surf com o Jojó. Fizemos algumas doações de roupas oferecidas pela marca de surfwear Maresia e a HB do Rio, que colaborou doando lycras, parafinas e cordinhas para escolinha, além
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da compra de duas pranchas funboards especialmente para os iniciantes. Em nosso último fim de semana, nos reunimos com boa parte dos pastores de Oron e apresentamos trechos do documentário Edikan, que trata sobre o problema da acusação de crianças como bruxas neste país. Na sequência, Léo Santos expôs passagens bíblicas em que a mensagem de Jesus é clara e totalmente contrária a essa estigmatização que é pregada. Apesar disso já fazer parte da cultura evangélica local há alguns anos, muitos se conscientizaram que essa acusação de bruxaria é um absurdo e se comprometeram a lutar contra isso. Nós dez dias que permanecemos na Nigéria, apesar de cansados pelas poucas noites de sono e fracos pela má alimentação feita basicamente de carne de cachorro, alcançamos nossos objetivos: uma base fixada em Oron e a nossa escola de surf. Voltamos ao Brasil com o sentimento de missão cumprida, mas de que muita coisa ainda precisa ser feita por essas crianças. Para saber como colaborar e obter mais informações sobre a Missão Pequeninos na Nigéria: www.caminhonacoes.com. Também não deixem de conferir o vídeo sobre a “atrocidade” com essas crianças no Surfar TV.
Crianças treinando posicionamento na prancha antes de ir pra água.
Moses ajudando uma das crianças depois de mais uma onda surfada.
Jojó observa aluno em Ibeno Beach.
A maioria das crianças mostrou talento na prática.
aNdrÉ portUGal
carioca
Por oPÇÃo Joana machado, 21 anos, é uma das grandes promessas do surf de Portugal na atualidade. a jovem gata lusitana foi campeã universitária portuguesa em 2009 e tem pela frente uma promissora carreira nas competições femininas. Joana, que já participou de diversas surf trips mundo afora, trocou recentemente lisboa pelo rio para fazer um intercâmbio da faculdade de design, com o objetivo de continuar treinando em ondas de qualidade. a Surfar conferiu um pouco mais sobre essa portuguesinha que adora a vibe carioca. como e onde começou o seu envolvimento com o surf? comecei a surfar com 12 anos porque todos os meus amigos experimentaram. adorei a experiência e com 15 anos comecei a competir. Hoje em dia tenho treinadores (treinos físicos e de surf) e o patrocínio da marca lightning Bolt, que me ajuda a competir e viajar. Já fez alguma surf trip? Sim, para as ilhas canárias, marrocos, maldivas, Peru, austrália e costa rica. Quais são os seus picos preferidos? Em Portugal, a minha onda preferida é Praia Grande, onde passo todos os meus verões. no rio adoro surfar na Prainha e no Posto 9 do recreio. mas, sem dúvida, foi nas maldivas que peguei as melhores ondas da minha vida. o rio é melhor para uma surfista viver do que a sua cidade em Portugal? não. Em Portugal as ondas são melhores e mais consistentes, porém com água e clima bem mais frios, mas as ondas compensam. no rio, eu surfo sempre de biquíni e adoro, pois na minha terra tenho que usar wetsuit o tempo todo, o que me dá mais preguiça. Por que você trocou lisboa pelo rio? Escolhi morar no rio porque a minha faculdade fazia convênios apenas na Europa e aqui. como conheço muitos lugares na Europa e provavelmente não iria surfar, então, escolhi o rio. Gosto do clima do Brasil, da população animada, além do curso de design também ser ótimo aqui. Juntei o útil ao agradável. o que você mais curte no rio? o que mais gosto no rio é poder fazer várias coisas diferentes, como surfar, estudar, sair à noite com os meus amigos e morar sozinha. Todos os dias são muito animados, além da qualidade de vida ótima. o clima também ajuda muito. Quais são os seus planos para o futuro? Em breve vou me formar em design e quero continuar competindo e viajando muito para surfar.
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BeN SaSSoN
A fauna e a flora locais não são as únicas que sofrem com este tipo de agressão ao meio ambiente.
PETrÓlEo E mar nÃo SE miSTUram POR: ANDRÉ BREVES RAMOS
A milhares de quilômetros do litoral do Rio de Janeiro, na costa sul dos Estados Unidos, mais de vinte mil barris de petróleo vazam diariamente desde o último dia 20 de abril deste ano. Uma gigantesca maré-negra se espalha pela região do Golfo do México, o que está sendo considerada uma das maiores catástrofes ambientais de todos os tempos. O vazamento de petróleo a mais de mil e quinhentos metros de profundidade, provocado pelo afundamento e explosão de uma plataforma de exploração da companhia inglesa British Petroleum, tem abalado seriamente a popularidade do presidente americano Barack Obama. Uma mancha ficará marcada no seu governo, principalmente porque o povo de lá acredita que Obama não vem reagindo de forma conveniente. Já são mais de 25 mil pessoas mobilizadas na tentativa de cessar o vazamento e de minimizar os graves prejuízos econômicos e ambientais. O petróleo que vaza boia sem se misturar com a água e várias manchas se espalham pela superfície do mar, tornando impossível a respiração dos seres vivos marinhos. Algumas manchas podem chegar até a Europa, com isso a limpeza do petróleo na água do mar pode levar dezenas de anos. A Petrobras, maior empresa brasileira que também opera no Golfo do México, explora mais de 90% do petróleo em áreas marinhas e possui uma tecnologia dentre as mais avançadas no mundo em operações em águas profundas. Mesmo assim, em janeiro de 2000, a estatal foi responsável pelo derramamento de milhões de litros de óleo na Baía de Guanabara, o que provocou uma grave tragédia ambiental e deixou centenas de pescadores sem trabalho, transformando-a em alvo de críticas nacionais e internacionais. Um ano depois, a maior plataforma de produção de petróleo do mundo, a P-36, afundou na costa do Rio de Janeiro devido a erros de manutenção e projeto. Além disso, todos os anos as companhias exploradoras derramam acidentalmente no oceano, baías e rios brasileiros centenas de milhares de litros de petróleo.
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Não dá para imaginar o tamanho do desastre ecológico e econômico que um vazamento da mesma magnitude que o ocorrido atualmente nos EUA poderia representar para o Estado do Rio de Janeiro. Se um acidente como esse acontecesse nos campos do Pré-Sal (distantes cerca de 250 quilômetros do litoral), por exemplo, o petróleo certamente já teria atingido toda a nossa cidade. Portanto, tragédias ambientais como esta devem servir como lição para o governo brasileiro, especialmente ao governo do nosso Estado. Os órgãos ambientais nacionais e estaduais e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) também deveriam estar mais “ligadas” aos acontecimentos para computar com mais precisão a quantidade de óleo derramada na natureza. O governo não fiscaliza com eficiência e pouco atua com programas de prevenção e proteção ao meio ambiente. Os royalties, que são pagos pelas companhias como compensações aos danos ambientais, deveriam ser mais bem empregados. Além do mais, as leis ambientais devem ser endurecidas para responsabilizar todos os envolvidos com crimes ambientais. Vazamentos de petróleo podem causar danos irreparáveis ao meio ambiente, matando a fauna e a flora marinha, destruindo ecossistemas importantes, tais como manguezais, praias e costões rochosos, e comprometendo a qualidade do pescado, podendo haver como consequência sérios prejuízos à economia das localidades atingidas. E, por último: estaria nosso Estado e a Petrobras preparados para evitar algo assim? aNdrÉ BreVeS raMoS É BIÓloGo MarINHo. NoS dIa de reSSaCaNo poNtÃo do leBloN, ele É preSeNÇa GaraNtIda deNtro d’ÁGUa. SUGeStÕeS de paUtaS e CrÍtICaS eNVIe e-MaIl para SUrFar@reVIStaSUrFar.CoM.Br
pedro tojal MarCelo pIU
Gordo resolvendo seus conflitos internos.
Um PoUco dE EmoÇÃo nUnca FEZ mal a ninGUÉm Todo ano vou ao Tahiti. O clima do lugar, a hospitalidade das pessoas, o contato direto com a natureza e, é claro, os tubos apavorantes de Teahupoo me fazem acreditar que ali é o melhor lugar do mundo. Realmente pode ser mesmo, talvez faltasse só uma academia para as meninas depois dos 18 não virarem umas bolas. (Risos) E ao invés de “samoas” gordas, a gente andasse na rua vendo lindas nativas ao estilo “Pocahontas”. Aí sim seria um sonho. Mas estou na boa! Quando saio do Brasil e venho para cá, me preparo psicologicamente para um confinamento nessa pequena vilazinha depois da ponte. Em terra, aqui quase nada acontece, porém dentro d’água podemos ir do céu ao inferno rapidamente. É a melhor onda do mundo, quem já pegou sabe do que eu estou falando. Preciso desabafar o que jamais pensei que fosse acontecer. Da metade da trip até hoje, eu fiquei louco querendo voltar para o meu país. Não só pelas festas, mulheres e Copa do Mundo, mas por causa das ondas. Isso mesmo! Enquanto eu estava aqui pegando uns 6 pés de ondas perfeitas, sonho para qualquer surfista, não parava de bombar no Brasil. Todos os picos que eu gosto quebraram grandes, e eu ainda perdi a session histórica na Ilha da Mãe. Isso me deixou muito puto! Até parece pecado eu reclamar, mas sou “caixoteiro” mesmo, gosto de emoção, sentir medo e levar umas vacas. Aqui estava tudo muito calmo e perfeitinho demais. Já no Brasil, pela quantidade de swell grande que deu, estava mais no meu estilo. Chorei vendo as fotos da galera na Ilha da Mãe, pois queria muito estar nessa session. Sem falar que, nem mesmo em um lugar tão calmo, eu consigo aquietar minha mente e focar em alguma coisa. Estou aqui no Tahiti pensando no Brasil, porém já comprei a minha passagem para o México, quero trocar de carro... Talvez do México eu vá direto ao Hawaii, então melhor esperar, mas eu não consigo. Realmente sou muito hiperativo!
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Graças ao Manga e suas idas constantes na porta de escolas e faculdades para conhecer umas gatinhas, conseguimos ser “convidados” para uma festinha na casa de uma francesinha linda, onde pelo menos umas 30 “pocahontazinhas” estavam se embebedando e rebolando até o chão. Nós éramos a novidade e as meninas estavam muito, muito mesmo a fim de nos agradar. Eu, feio desse jeito, vi duas lindinhas quase brigando por mim. (Risos) Bom demais! Não vou entrar em detalhes da minha noite, mas estou aqui com uma ressaca das “brabas” tentando finalizar esse pequeno conto do Forrest e me arrumando para voltar à minha terra. Só que agora o tal swell no Brasil passou, a diversão aqui já rolou e quem sabe um novo swell bem de oeste esteja chegando. Aí, talvez, eu não queira mais ir embora. Por que sou assim?
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FotoS: ÁlVaro FreItaS (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8), aNdrÉ portUGal (9).
SUrFar Em SanTa caTarina
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1 - Luiz Henrique “Pinga”, manager da Oakley, levou dois atletas para o WT e saiu com saldo positivo. Jadson venceu a etapa e Mineiro (na foto) garantiu a nona colocação. 2 - Neco Padaratz com sua bonita família. 3 - Kelly Slater não deixou de levar a Surfar para casa. 4 - A simpatia do campeão Jadson André entre amigos. 5 - Comissão de frente nota 10 em todos os jurados. 6 - Apesar de já ter saído em outras revistas, essa deusa merece um replay. Fechou a praia! 7 - Esse Homem-Aranha é bom de marketing! 8 - C.J. ou Damien Hobgood? 9 - A artista plástica Ana Paula sempre presente nos eventos com suas pinturas em pranchas de surf.
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Felipe Gama (Estudante):
Mentawaii, pois é lisinho, com água quente e cristalina, fundo de coral, tudo que eu gosto. Melhor impossível!
Amélia Simões (Estudante de moda): Maldivas, pois além de altas ondas tem um visual de encher os olhos!
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Marcelo Machado (Empresário): Mentawaii com um barquinho, surf o dia inteiro só com os brothers e mais ninguém. Depois uma cervejinha gelada com sashimi no pôr-do-sol e, se possível, uma gatinha linda...
Felipe Frajolinha (Surfista e kitesurfista): Maldivas, que tem uma direita muito clássica com água quente... Em 2011 estarei lá!
Aline Alencar (Mergulhadora): Voltar a Noronha e poder curtir novamente a viagem que foi a dos meus sonhos ao lado da mesma pessoa, mas com a ilha mais vazia.
Giliat Ju nior (Empres ário): Austrália , pois é a única surf trip que falta pra mim
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dedor): Léo Lima (Ven ue tem rq po ia, és Indon atrás da uma onda igual ição total! outra com perfe
Daniel Vianna (Jornalista): A trip perfeita é como a que o Rob Machado fez no filme “The Drifter”. Vagar pelo mundo à procura de altas ondas, mas também com o objetivo de voltar como uma pessoa melhor.
Kamila Salema (Gerente de vendas): A Polinésia Francesa para conhecer de surf): as praias paradisíacas e aquelas Bruno Mattos (Prof. as tubulares coisas lindas que têm por lá! Tahiti, onde tem ond ias pra em na tali e água cris m de paradisíacas, pois, alé lhar. surfar, gosto de mergu
Michelle des Bouillo ns (Surfista): Já fui ao Hawaii, ent DJ): ão, agora meu aquiadora e sonho é viajar para Pri Cherry (M o Tahiti e Bali. conhecer Europa para Devem ser locais ma ravilhosos, uma Um tour pela na ce a e espécie de purificaç cultura ão! as praias, a lá. eletrônica de
aNNIBal
Biel Garcia e Léo Miranda.
Com 15 anos de plaina, Léo Miranda é um dos shapers cariocas que investe pesado para diversificar seu trabalho, produzindo pranchas para exportação e viajando para shapear em outros países. “Sempre procurei buscar uma linha de shape atualizada, por isso é importante trabalhar e ter o feedback de diversos atletas, além de fazer pranchas para outros lugares. Já exportei para a Austrália e Portugal, e há cinco anos passo um mês no Peru shapeando na fábrica da Ox, em São Bartolo”, relata. Léo desenvolve um trabalho com o freesurfer Biel Garcia há cerca de cinco anos. No início, a parceria não tinha um compromisso mais concreto, mas Biel se adaptou bem, curtindo as mudanças feitas pelo shaper em cima de outras pranchas que ele usava. “Foi uma coisa que surgiu de casar mesmo a prancha. Nada forçado do tipo fechar um contrato. Simplesmente foi o fato de fazer bons equipamentos para ele”, diz Léo.
BiEl Garcia Por lÉo miranda
HUGO BITTENCOURT POR RICARDO MARTINS O surf do Biel é muito fotogênico. A plasticidade dos movimentos dele nos aéreos é muito boa, mas ele também é um surfista bem completo. Com um surf muito forte e de linha, ele sabe entubar bem, então, o quiver dele não é limitado para aéreos. Desenvolvemos pranchas velozes porque Biel precisa imprimir um power para aplicar o voo, que é uma manobra muito forte dele. Para isso, ele precisa de um fundo com mais curva e concave bem acentuado para ter mais velocidade na hora da decolagem, além de ter que ser um pouco mais larga do meio para o bico, porém de forma bem sutil e
quase imperceptível. O posicionamento do cara normalmente quando decola chega um pouco mais para frente e isso faz com que a prancha tenha mais sustentabilidade na frente. No dia a dia, Biel usa mais rabeta squash. Consegui dar uma aumentada no tamanho das pranchas, pois ele surfava de 5’10 direto e agora está usando 5’11 subindo uma polegada, com 18 e 1/8 de meio e 2 e 1/4 de espessura.
lÉo miranda Por BiEl Garcia
RICARDO MARTINS POR HUGO BITTENCOURT De cinco anos para cá, eu comecei a fazer um trabalho com o Léo. Fiz a primeira prancha com ele e, por incrível que pareça, foi uma das melhores que já tive até hoje. Desde então, a gente vem tentando manter essa linha, fazendo as mesmas coisas, apenas com alguns ajustes. As minhas pranchas não são tão leves como as de um competidor porque eu gosto muito de dar aéreo. Então, peço para o Léo fazê-las um pouco mais resistentes para não amassar e quebrar. Eu gosto muito das pranchas finas. Não sei o porquê, mas elas não podem ser muito largas e nem muito grossas. Para mim, aquela prancha fininha e com pouca curvatura é o ideal. Em relação à evolução dos aéreos, antigamente se dava um aereozinho rodando. Hoje em dia o pessoal dá quase um back flip, de cabeça para baixo, portanto, temos que procurar melhorar sempre. Com certeza, se for com uma prancha ruim, a gente não vai conseguir. O trabalho que eu tenho feito com o Léo é de visar muito na evolução. Se eu tiver que falar que a prancha está ruim, procuro fazer com jeitinho. Digo que ela não está andando muito, para colocar um pouco menos de curva no bico e passo o que tá acontecendo. Eu e o Léo pegamos ondas juntos e isso ajuda bastante. Dessa forma, ele consegue ver o que está errado ou certo na prancha para que a próxima seja uma mágica.
lUCIaNo CaBal
Biel Garcia voando alto com o foguete do shaper Léo Miranda.
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1 - Neném e Marcelo Maguila depois de fazer a cabeça nas ondas da Prainha. 2 - Paulo Renato e Daniel Templar aprendendo as lições do surf competição desde cedo. 3 - Nossa primeira Miss Surfar, a modelo e surfista Renata Correia. 4 - Preto Louro em um papo cabeça com o mestre Carlos Drummond de Andrade. 5 - Guilherme Tripa inovando até na pintura de sua prancha. 6 - O local Picachu sendo carregado pelos seus amigos no Arpex. 7 - Dávio, filho de Dadá Figueiredo, Ramon e Luan Braga. 8 - A presença da nova geração do surf carioca na etapa do Sub-14 no Arpoador. 9 - Simão Romão feliz ao ver o Arpoador quebrando perfeito.
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FotoS: aNNIBal (1, 9), pedro MoNteIro (2, 6,7,8), ÁlVaro FreItaS (3,4,5).
oUTono no rio
FotoS: aNNIBal
droPando aS diFicUldadES
Bocão e seus alunos em frente à sede da escola.
POR: DÉBORAH FONTENELLE
Morador da Rocinha desde os seis meses de idade, José Ricardo Ramos, o “Bocão”, coordena desde 1994 a Escola de Surf da Rocinha, um projeto social para a garotada carente na faixa etária entre 6 e 17 anos. A escola, por onde já passaram mais de 800 crianças, ganhou uma sede nova há três meses com aulas de terça as sextas na parte da manhã e da tarde. “Esse novo espaço é o começo do retorno que podemos dar para quem nos ajudou, além de ser a prova real de que esse trabalho é sério. Nosso objetivo maior é formar cidadãos”, conclui Bocão. De onde surgiu a ideia de levar o surf para as crianças carentes? A escolinha surgiu através da necessidade das crianças da Rocinha, pois quando eu ia à praia, elas viviam me pedindo pranchas. Eu tive muita dificuldade para aprender a surfar, pois o pessoal me batia e quebrava a minha prancha. Mas eu não desisti e falava que iria me tornar o melhor surfista daqui. Então, decidi trabalhar com isso. Como foi a sua preparação para fazer este trabalho? Faço este trabalho desde 86. Antes eu levava até meio como uma brincadeira, mas fui observando todo o valor que essa ação tinha e levei com mais seriedade. Quando me dei conta, já estava no curso de Educação Física, no de salvamento aquático e primeiro socorros no Corpo de Bombeiros e outro na Confederação Brasileira de Surf. Há pouco tempo fiz o EMPRETEC, o melhor curso de empreendedorismo da ONU, que foi muito bom porque existem muitas pessoas curiosas em fazer as coisas Kamila customizando mini pranchas na sala de shape.
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sem ter conhecimento. Eu vi que tinha a necessidade de me aperfeiçoar na minha área. Hoje estou apto para fazer o que eu faço. Além do surf, quais as outras atividades oferecidas pela escola? O treinamento aqui é de um ano. Depois que aprendem a surfar, as crianças continuam com o nosso apoio. Hoje elas têm tratamento dentário até os 18 anos feito através do projeto Turma do Bem. Também tentamos disponibilizar material para o surf, conserto de prancha e ajudá-los para a participação nos campeonatos quando a escolinha é convidada. Quais os benefícios que o surf proporciona para essa molecada? Tento passar para essas crianças o benefício de se ter disciplina desde cedo, além da importância dos estudos e de praticar esportes. Aqui eu não me coloco como um professor, mas sim como um amigo com mais experiência que irá orientar e acompanhar a trajetória deles. Muitas delas que passaram A molecada na maior felicidade.
por aqui podiam ter ido pelo caminho errado, mas o surf acaba abrindo novos horizontes. De que forma o projeto se mantém atualmente? A maior fonte são as doações de pranchas, roupas velhas e específicas, além de equipamentos. O nosso intuito maior é manter a escolinha só com as doações de “lixo” de surfista, ou seja, o que não serve mais para ele, com certeza, terá utilidade para o projeto. O que poderia ser feito para melhorar a escola? Mesmo com a ajuda que recebemos, precisamos de muito mais. Não necessariamente dinheiro, mas temos a demanda de pelo menos mais um instrutor e dois apoios, pois apenas eu dou aula. Também mobiliar com cadeiras e mesas, colocar sistema de câmeras com imagens da praia para a sede, internet com as condições do mar e a inclusão de projetos e programas de orientação educacional. Há alguns anos, as crianças tinham aulas de inglês, o que era bem legal porque esta é a linguagem do surf. Qual a diferença entre ser um professor da escolinha de comunidade e de outra qualquer? É diferente você ser um treinador com nutricionista e carro à disposição, do que trabalhar com crianças que têm uma vida meio turbulenta, sem uma alimentação adequada e com uma família que não apoia e ajuda muito. Aqui a garotada realmente tem uma força de vontade muito maior. Quando elas chegam pedindo uma vaga para fazer aula, a primeira coisa que eu falo é que não será fácil, pois a água é fria, tem que enfrentar as ondas, o vento e a prancha que às vezes pode machucar. Eu pego aqueles que realmente Brenda sendo observada pelo seu “mestre”.
têm a vontade de dentro para fora de fazer a coisa. E a sua maior motivação para continuar com esse trabalho? A minha maior motivação é o lado espiritual, porque levo as crianças para a praia, elas entram no mar e saem todas bem, então, acredito que não sou só eu que estou as protegendo. Durante todos esses anos nunca aconteceu nenhum acidente. Outro fator super importante para mim é o reconhecimento, pois por onde eu passo, independente de ser perto da praia ou não, o pessoal reconhece meu trabalho. Mas eu não fiz tudo sozinho, a galera do surf também tem uma fatia de responsabilidade social nisso. Mande um recado para incentivar as crianças para aprender a surfar. Para participar do projeto, basta estar matriculado na rede de ensino público, ter boas notas e, é claro, muita vontade de aprender a surfar. Não precisa ser morador da comunidade, pois temos alunos de outros bairros. Façam como eu: experimentem e levem o surf com seriedade porque, com certeza, vocês alcançarão bons resultados. Também podem, além de surfar, aprender a ganhar dinheiro com o surf, já que existe um mercado muito grande. Sem falar na promoção de saúde que o esporte nos possibilita. Galera do surf, vamos dar a nossa contribuição para esse projeto com doações de pranchas, roupas de borrachas, parafinas, cordinhas, etc... Visitem a sede na Rua Bertha Lupiz, 84 – loja2, perto da entrada do túnel Zuzu Angel em São Conrado. Comunidade no orkut: Rocinha Surf Escola ou Escola de Surf da Rocinha Vitor amarradão ao descer a onda.
E-mail: bocao_rse@yahoo.com.br • Telefone: (21) 2422-1791 Pré-surf.
Bocão direcionando seus alunos para entrar no mar.
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Os cariocas curtiram em maio a maratona The Way We Run realizada pela Converse no Circo Voador e em Copacabana. Foram quatro dias de muito skate, som e arte com tudo na faixa.
FotoS: pedro MoNteIro
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1 - As gatas niteroienses Perla, Ana, Stefânia, Yule e Luiza. 2 - Música e skate: combinação perfeita da noite. 3 - Surfar presente no evento. Márcio Cruz e Márcio Valente. 4 - Essa noite promete... Taísa e João. 5 - Amigas na night de Copa. 6 - A hora certa de comprar um drink... 7 - Joana, Maria Eduarda, Bianca, Ana Luisa e o felizardo Eduardo na Lapa. 8 - Claudio (Sea Cult) e Bruno Mattos. 9 - Reunião de designers: Juliana, Laura, Lilia e Diego. 10 - O show do Carbona agitou o público. 11 - Cena inusitada no Circo Voador. 12 - De rolé pela Lapa.
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GoinG BiG in rio! POR: ROGER FERREIRA
O Rio de Janeiro se consolida como a melhor surf city brasileira após uma das temporadas de outono/inverno mais constantes e pesadas dos últimos anos. Grandes ondulações em sequência proporcionaram dias clássicos nos melhores picos da cidade. Os beach breakes cariocas vêm funcionando quase que diariamente com tubos, ondas grandes (surfáveis), valas (daquele jeito), além das novas lajes para o tow-in, que estão sendo exploradas em diversos locais do estado. No swell devastador do início de abril, o grande destaque foram as bombas da laje na Baía de Guanabara, desbravada pela galera, com destaque especial na edição de aniversário da Surfar. Sem esquecer os tubos do Posto 5 de Copa, que fizeram a galera viajada lembrar de Puerto Escondido, no México. Na sequência, tivemos vários dias com altos tubos e ondas grandes durante os meses de abril e maio no Leme, Copa, Ipanema, Prainha, Recreio, Pontão do Leblon e, principalmente, no meio da Barra, onde o fotógrafo Pedro Tojal conhece como ninguém o caminho para estar no melhor ângulo e fazer as fotos mais cobiçadas dentro dos tubos do Alfa Barrels. Saquarema também teve seus dias. Nas primeiras fases da etapa do WQS disputada nas ondas de Itaúna, séries entre 6 a 8 pés perfeitas no point fizeram a cabeça dos competidores de vários países. Além de diversas outras sessões que estão registradas apenas nas mentes dos locais sortudos de Saquá. Não houve um swell que não rendesse altas ondas em pelo menos um dos picos do Rio, o que fez com que a galera mais atirada corresse atrás de seu shaper para encomendar uma prancha maior, ou mesmo tirasse de cima do armário aquela gunzeira amarelada de sol guardada há anos. Já quem prefere as marolas inventou as manjadas e esfarrapadas desculpas de sempre.
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Ian Cosenza aproveitando o Pontão grande com altas ondas no início de junho.
O tradicional Pontão do Leblon também teve seus dias clássicos. Em um desses, quebrou animal ao receber uma ondulação de Sudoeste perfeita numa manhã de quarta-feira. No quintal de casa, Marcelo Trekinho fez a mala, entubando, manobrando e surfando as melhores das séries no pico que é bastante conhecido por segurar grandes ondulações. Para fechar o melhor outono que já presenciei por aqui, uma forte ondulação de Sudeste encostou uma semana antes de o inverno chegar, fazendo funcionar com perfeição máxima as esquerdas do Arpoador. O crowd beirou o insuportável e, mesmo assim, neguinho pegou altas ondas que chegaram aos 8 pés por dois dias seguidos na Zona Sul. Deu para pegar algumas da série, além daquelas que sobram mais embaixo e esticam até a beira. O cara aqui estava fora do rip pelo ritmo de trabalho na redação, cuidando da família em casa, mas conseguiu fazer a cabeça e ficar muito amarradão. Na segunda-feira seguinte, no auge do mesmo swell, o bicho pegou na laje da Ilha Mãe, próximo a Niterói. Os tubos estavam ao quadrado! Tão sinistros que quem os desafiou foi literalmente explodido dentro dos caroços que estavam com tamanho e formação impressionantes para os padrões brasileiros. Aliás, depois das sessões nas lajes de Manitiba ( Jaconé), Forte Tamandaré (Baía de Guanabara) e agora Ilha Mãe, o cenário mudou de figura aqui na área. O que mais tenho ouvido é a rapaziada dizer que não troca o Rio por lugar nenhum entre abril e agosto. É uma diversidade de ondas incrível! Tem beach break bom para tow-in, manobras e tubos na remada, lajes cascas-grossas que fazem os big riders colocarem suas cabeças a prêmio e lembrar os lugares mais sinistros ao redor do planeta, além dos tradicionais picos para se remar. Ninguém está tendo do que reclamar, pois tem onda para todos os gostos. E olha que o inverno está só começando... Go Big!
FotoS: pedro MoNteIro / dIVUlGaÇÃo
O Arpoador sediou a primeira etapa do Estadual Sub-14 em 2010.
molEcada arrEPia no arPEX A molecada carioca mandou muito bem na primeira etapa do Circuito Estadual Sub-14, que rolou nos dias 22 e 23 de maio com boas ondas na praia do Arpoador, Rio de Janeiro.
Pódio da categoria Iniciantes.
Com ondas que variavam de meio a um metro, na categoria Pré-Petit o grande campeão foi o local de Saquarema Daniel Templar, de apenas oito anos e cinco de surf, que ficou com a maior nota da categoria e conquistou a primeira vitória da sua carreira. E na Petit, Rodrigo Bandeira, de Rio das Ostras, protagonizou uma das finais mais disputadas contra Danilo de Souza. “Na bateria, eu lembrava o meu treinamento, mas ao mesmo tempo era muita aflição, pois o tempo parece que não passa quando você está na liderança”, disse Rodrigo. No entanto, Danilo, de Niterói, levou a Infantil e atribuiu a sua vitória às ondas rápidas de Itacoatiara e também ao fato das esquerdas estarem melhores, que o proporcionou surfar de frente para onda. Na Iniciantes quem se deu melhor foi o local do Canto de Recreio Pedro Neves,de 13 anos, que obteve a segunda melhor nota e média do evento “Procurei abrir bem a bateria, atacando e pontuando bem no início. E isso funcionou”, fala Pedro sobre a tática que usou para vencer na sua categoria. Já na Feminino Iniciantes, a vencedora foi a também local de Saquá Wendy Guimarães, que vem de uma família de surfistas. Wendy tem como grande inspiração o seu irmão Yan Guimarães, destaque nas páginas da Surfar na última temporada havaiana. A menina não decepciona e está correndo atrás de mais investimentos. “Tenho planos para o Brasileiro Amador e quero também defender o título estadual”, conclui. A próxima etapa do Circuito Sub-14 vai rolar entre 17 e 18 de julho no Recreio dos Bandeirantes. Na sequência, o evento segue para Arraial do Cabo, nos dias 21 e 22 de agosto, e tem o final da temporada encerrada nas ondas da Barra da Tijuca em 04 e 05 de dezembro.
Acima: Pedro Neves campeão da Iniciantes. Abaixo: João Vitor. Lucas Base. Wendy Guimarães, a campeã feminina.
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FotoS: aNdrÉ portUGal
Vindo de uma nação sem tradição no surf, Aritz Aramburu colocou o país Basco no lugar mais alto do pódio em Floripa.
ariTZ QUEBra PEdra na molE POR: ROGER FERREIRA
O surfista basco com nome de índio tupiniquim, Aritz Aranburu, correu por fora com um surf sólido para vencer o gaúcho Rodrigo “Pedra” Dornelles na final do Maresia Surf International 2010, etapa da perna brasileira do WQS realizada no final de maio na praia Mole, em Florianópolis. A galera que esteve em Floripa não teve o que reclamar em relação ao tamanho e à constância das ondas. O evento contou com uma estrutura e organização de primeira linha durante os cinco dias de baterias na Mole. As séries estiveram sempre entre 1,5 e 2,5 metros, tendo como fatores desfavoráveis o forte vento sul e a corrente animal, exigindo muita remada dos 144 atletas de 16 países que competiam atrás dos 145 mil dólares em prêmios. Embalados logo após a etapa de Saquarema, os confrontos na Mole tiveram como ponto forte as manobras no crítico das potentes ondas, ou seja, a porradaria rolou solta nas maiores da série. Baterias acirradas esquentaram o evento, como a oitava de final entre o cearense Heitor Alves e o carioca Leandro Bastos, que, mesmo tendo cometido uma interferência, venceu e passou a fase seguinte. Outra bateria emocionante foi a semi entre Rodrigo Dornelles, 36 anos, e a sensação mundial do momento, Gabriel Medina com 16 anos. Um duelo de gerações que teve como vencedor o experiente Pedra, atacando com potentes bottons e pauladas de respeito para carimbar seu passaporte até a final. No entanto, na bateria decisiva os atletas decepcionaram o público presente. Mesmo com a intensa vibração da galera na areia, o nível de surf apresentado caiu bastante. O brasileiro Dornelles, ex-top da elite mundial e com muitas vitórias no seu currículo, não conseguiu fazer mais de uma manobra nas ondas que surfou no canto esquerdo da praia. “Estou contente em ter chegado à decisão e não posso deixar de agradecer a torcida que me apoiou durante todo o evento”, disse Pedra, que espera com esse bom resultado conseguir um patrocínio. Já o basco Aritz, que já competiu na elite, fez uma campanha sólida durante a etapa. Na final, ele pegou duas esquerdas, surfou com perfeição para conseguir duas notas medianas e fechar o domingo colocando “água no chopp dos brasileiros”. “Eu sabia que seria muito difícil sair vitorioso, pois o Dornelles tem um surf muito power. Estou muito feliz agora que consegui este resultado, pois venho trabalhando forte para retornar ao ASP World Tour e espero conseguir esse ano”, finalizou o basco, que levou 3 mil valiosos pontos no ranking.
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Pedra e a patada de frontside.
Ibelli quebrou e ficou com o terceiro lugar. Ótimo público na Mole durante as finais.
O gaúcho Dornelles surfou muito e fechou com o vice.
Medina, que defendia o título, bateu na trave desta vez.
RESULTADO FINAL DO MARESIA SURF INTERNATIONAL 2010: 1- Aritz Aranburu (Esp) 2-Rodrigo Dornelles (Bra) 3-Gabriel Medina (Bra) 3-Caio Ibelli (Bra) 5-Leandro Bastos (Bra) 5-Sebastien Zietz (Haw) 5-Pedro Henrique (Bra) 5-Robson Santos (Bra)
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Texto e Fotos: Pedro Tojal
Durante o mês de junho vários brasileiros optaram por não assistir a seleção do Dunga e foram para a Polinésia Francesa em busca de ondas perfeitas. Deixaram de lado a paixão nacional pela emoção extrema: os tubos. Será que valeu a pena perder o fiasco do Brasil na copa?! A Surfar escalou 11 brasileiros que se destacaram nessa temporada tahitiana. Confira nas próximas páginas o que esses craques fizeram em Teahupoo, sede oficial da Copa do Tubo 2010. Se Teahupoo fosse um estádio de futebol, certamente seria a “bombonera do surf”. O campo de ação é pequeno, a pressão é máxima. Quando o mar sobe muito, remar da praia até o pico, contornando a bancada, é comparável à sensação de caminhar do vestiário até o campo em dia de final. Da praia você já escuta o barulho das ondas e, consequentemente, o tamanho do desafio que está por vir. A cada remada esse som fica mais forte e assustador. A entrada em campo, ou melhor, na onda, é a parte de maior tensão. Todos os que estão no canal, seja em barco, jet, caiaque ou prancha, vão gritar algo para você: “bota pra baixo!”, “gooo!”, “vaiiiii!”. Não tem como puxar o bico. Seria como se o Romário tivesse dado meia volta e deixasse de bater aquele pênalti contra a Itália na Copa de 94. Têm horas que não dá para desistir. Você rema, olha aquela bancada secando bem debaixo de você e chuta, quer dizer, dropa, se joga. Três segundos depois, o barulho é ensurdecedor. Aqui não precisa de morteiro. O lip explodindo na bancada já garante a festa, e o grito de “wohooo” é como se fosse o “gooool” dos surfistas. Pegou um tubo é “wohooo” na certa!
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LOCAL: Ilha do Tahiti, Polinésia Francesa CAPACIDADE: Uns 10 barcos no canal pra não rolar acidente, meia dúzia de jets, vários caiaques e no máximo 20 surfistas pro pico não ficar crowd demais INAUGURAÇÃO: Locais afirmam que em 1986 pelos bodyboards Mike Stewart e Ben Severson MOMENTO HISTÓRICO: 17 de agosto de 2000. Laird Hamilton surfa a onda considerada a mais pesada do século XX
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JERONIMO ANIMAL
NASCIMENTO: 28/11/1989 . PESO: 80 KG. ALTURA: 1,77M. BASE: Regular LOCAL: Alfa Barra, RJ. ESPECIALIDADE: Tubos, manobras power e aéreos. “Jê tem a força de um Adriano, a técnica do Messi e, às vezes, surtos do Edmundo. Raçudo, ele rema de um lado para o outro da bancada até encontrar a melhor onda. Quando encontra, sempre marca um ‘tubo’ de placa.”
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PEDALA DIEGUINHO
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NASCIMENTO: 03/05/1991. PESO: 70 KG. ALTURA: 1,76 M. BASE: Goofy. LOCAL: Canto do Recreio, RJ. ESPECIALIDADE: Tubos. “Conhecido pelo time como ‘Mulato’, ele é o Robinho da equipe. Jovem e talentoso, Diego marcou vários ‘tubos’ durante a trip. Depois de ganhar experiência internacional em picos como México, Hawaii e Chile, ele pôde mostrar em campo tahitiano toda a sua habilidade.”
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HEITOR IMPERADOR
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NASCIMENTO: 10/03/86. PESO: 78 KG. ALTURA: 1,72M. BASE: Regular. LOCAL: Guarujá. ESPECIALIDADE: Tubos e manobras power. “É o tipo de jogador que mistura força e técnica. Com um preparo físico excelente, Heitor se destaca em campo. Completo, ele é capaz de se adequar a qualquer jogo, tanto no freesurf quanto na competição.”
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MANGA MARAVILHA
NASCIMENTO: 29/12/1982. PESO: 68 KG. ALTURA: 1,72 M. BASE: Regular. LOCAL: Torres, RS. ESPECIALIDADE: Tubos e ondas grandes. “Manga é o famoso ‘banheira’. Ele fica horas na área esperando pela boa. Quase não se movimenta, porém tem muito sangue frio para finalizar na hora e da maneira certa. É aquele jogador que não faz muitos gols, mas quando marca é sempre um golaço, como esse que sempre será lembrado.”
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BAIXINHO CESARANO
NASCIMENTO: 15/01/1987. PESO: 74 KG. ALTURA: 1,69 M. BASE: Regular. LOCAL: Posto 10 do Recreio, RJ. ESPECIALIDADE: Tubos e ondas grandes. “O Gordo é o fominha do time, daquele tipo que não passa a bola para ninguém e que sempre está na área pronto para marcar um gol. Dentro d’água, ele não para. Vai de um lado para o outro e quer todas as ondas. O Gordo é, sem dúvida, o ‘Baixinho Marrento’ da Seleção Surfar.”
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STANLEY BIRO-BIRO
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NASCIMENTO: 04/06/1986. PESO: 72 KG. ALTURA: 1,77 M. BASE: Goofy. LOCAL: Barra da Tijuca, RJ. ESPECIALIDADE: Tubos e manobras aéreas. “Biro-Biro ou Valderrama. Esse não tem mistério. É aquele jogador que passa mais tempo arrumando a cabeleira do que aquecendo para o jogo. Com seu ‘Blond Power’ é visto pelo último torcedor da arquibancada, ou melhor, da praia. Estilo e técnica fazem dele um dos craques da nossa seleção.”
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DIEGO LUCIO SANTOS NASCIMENTO: 08/10/1986. PESO: 73 KG. ALTURA: 1.71 M. BASE: Regular. LOCAL: Vermelha do Norte, Ubatuba. ESPECIALIDADE: Tubos. “É o marcador do time. Fica em cima do crowd o tempo todo buscando o momento certo para marcar o seu gol. Diego provou que a estratégia em campo é fundamental para se conseguir pegar boas ondas e que o surf de competição pode ser usado também no freesurf.”
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NASCIMENTO: 27/10/1992. PESO: 62 KG. ALTURA: 1,64 M. BASE: Goofy. LOCAL: Rio Tavares, Florianópolis, SC. ESPECIALIDADE: Tubos. “O mais novo da seleção. Sua técnica está na veia. É genética. Ian é filho do ‘Pelé’ do surf brasileiro, Fabio Gouveia, e por isso a pressão é grande. Em Teahupoo ele não decepcionou e representou muito bem o nome da família pegando muitos tubos.”
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JESSE KAKA MENDES NASCIMENTO: 09/01/1993. PESO: 78 KG. ALTURA: 1,84 M. BASE: Goofy. LOCAL: Praia do Tombo, Guarujá. ESPECIALIDADE: Tubos / Surf competição. “Jessé é o Kaká do time. Calmo, educado e muito técnico. Certamente um dos melhores jovens surfistas do Brasil. Se tudo der certo, em breve ele trará a taça de campeão mundial para casa.”
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YURI RAI SODRE NASCIMENTO: 17/05/1978. PESO: 80 KG. ALTURA: 1,71 M. BASE: Regular. LOCAL: Barra de Guaratiba, RJ. ESPECIALIDADE: Surf power em ondas pesadas. “É um dos mais experientes da equipe. Com diversas competições e viagens internacionais nas costas, ele conhece muito bem todos os macetes dos picos onde joga. Em Teahupoo, Yuri escolhia a hora certa para entrar na água e não perdia tempo e nem energia disputando a bola com os adversários. Pegou altas ondas sem ser impregnado pelo crowd. “
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WILSON CARECA
NASCIMENTO: 31/07/1978. PESO: 74 KG. ALTURA: 1,74 M. BASE: Goofy. LOCAL: Ilhéus, Bahia. ESPECIALIDADE: Tubos. “Nora fez bonito na ‘Bombonera’ do surf. Ele não se intimidou com a marcação cerrada dos novos talentos e mostrou que em mar tubular o que vale é a experiência. Pegou muita onda boa e foi um dos artilheiros da seleção.”
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Victor Ribas dando o tratamento que a onda merece.
Swell de sudeste invadindo o cartão postal do Rio. Ondas para todos os gostos, um verdadeiro parque de diversão.
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DEPOIS DE ALGUNS DIAS DE FORTE SUDOESTE, AS PREVISÕES INDICAVAM QUE UM CONSISTENTE SWELL DE SUDESTE ATINGIRIA A NOSSA COSTA LOGO APÓS O DIA DOS NAMORADOS. AS BOIAS MARCAVAM ONDULAÇÕES DE ATÉ 10 PÉS, VENTO TERRAL PELA MANHÃ COM O AUGE EM PLENO DOMINGÃO, PROMETENDO DOIS DIAS ÉPICOS NA ONDA MAIS BADALADA DA ZONA SUL CARIOCA.
POR: IAN COSENZA
Mesmo já tendo surfado algumas das ondas mais perfeitas do mundo, nenhum lugar jamais me despertou uma sensação parecida como a que tenho ao refazer os rituais da infância, quando bem cedo cruzava o parque Garota de Ipanema, às vezes antes mesmo de estar “oficialmente” aberto. Os primeiros raios de sol ainda não eram suficientes para aquecer a roupa de borracha, com as pontas molhadas do dia anterior. O cheiro de chiclete da parafina e o barulho das ondas quebrando sobre as rochas só aumentavam a ansiedade que tomava conta do meu corpo e, inconscientemente, me faziam correr rumo às primeiras braçadas.
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De Ipanema já era possível ver que as condições estavam perfeitas. Um banco de areia formado atrás do jacaré (pequena pedra submersa à direita do pontão) fazia com que as ondas, vindas da terceira laje, continuassem tubulares por mais alguns metros, proporcionando tubos e drops incríveis. Desde cedo o crowd era intenso. Os locais dominavam os principais picos enquanto a galera do inside se esbaldava com a quantidade de ondas boas que sobrava. Visitantes à parte, as melhores já vinham com nome e sobrenome. Posicionados atrás da pedra e comandados por Guilherme Aguiar, um seleto grupo dava conta das mais cobiçadas. Como em um exército, a prioridade era disputada na base da hierarquia, e as patentes, conquistadas ao longo dos anos, se faziam valer a cada série. Só quem já surfou uma onda no Arpoador, da terceira laje até portaria do hotel, sabe como é. Em dias como este, em que o swell de sudeste rega todas as bancadas, é possível surfar pelo menos três tipos de onda na mesma ondulação:
“A TERCEIRA LAJE – A PRIMEIRA SEÇÃO É UM DUBLE UP COM UM TUBO QUADRADO NO MOMENTO DO DROP. ALÉM DA DIFICULDADE DE DROPAR, A ONDA QUEBRA EM CIMA DE UMA RASA BANCADA DE PEDRA A MENOS DE 20 METROS DO PAREDÃO ROCHOSO, O QUE NÃO PERMITE ERROS.
pedro ForteS
Em sentido horário: Guilherme Aguiar em um drop insano, mostrando por que é um dos locais mais respeitados do pico. Tiaguinho Arraes quebrando as regras. Marcelo Bispo acertando com tudo o lip da onda.
Terceira laje – a primeira seção é um duble up com um tubo quadrado no momento do drop. Além da dificuldade de dropar, a onda quebra em cima de uma rasa bancada de pedra a menos de 20 metros do paredão rochoso, o que não permite erros. Como se não bastasse, quando passa o pontão, o jacaré aparece. Pontão e jacaré - a segunda seção da onda é uma laje não muito grande, a direita da ponta da pedra (pontão), que provoca uma espuma traiçoeira, mas que facilita a entrada na onda. Porém, na maré seca, ela fica totalmente exposta pegando de surpresa os desavisados. Conhecimento e agilidade fazem toda a diferença na hora de passar por esta parte. Inside - bancada de areia formada abaixo do pontão e onde acontecem as melhores manobras, uma verdadeira pista que implora por longas curvas e batidas verticais.
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Pegar o tubo na terceira laje; manobrar por cima da espuma do jacaré; destruir a onda por toda a sua extensão, desviando e enchendo os olhos do pessoal que fica embaixo até finalizar na junção; depois deitar na prancha enfrente ao hotel; sair correndo pela areia enquanto a galera do calçadão ainda comemora o seu feito e, por fim, se jogar de volta no canal com aquela sensação de que não haveria melhor lugar para se estar do que ali mesmo enquanto se prepara para a próxima.
Tais emoções levaram muitos que não puderam cair de dia, ou detestam crowd, a aderirem ao surf noturno. Um grande holofote que acende assim que o sol se põe garantiu a diversão noite adentro. Tem também aqueles que foram para a noitada com a prancha no carro e chegaram especialmente para a session da madrugada.
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artHUr toledo
Domingão clássico que vai ser lembrado por muito tempo. Abaixo: David Homer chinelando o inside. Terceira laje varrendo tudo.
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Acima:Guilherme Tripa extrapolando. Abaixo: O autor do texto Ian Cosenza conhece os atalhos para pegar as maiores.
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pedro ForteS
Dos recrutas aos veteranos, não havia quem botasse defeito: “Tenho que admitir, é o melhor mar dos últimos anos”, disse Marcelo Bispo. “Cara, o Arpex é demais!”, extravasava Simão Romão após ter amassado mais uma onda. O calçadão parecia uma arquibancada. Fotógrafos, turistas e curiosos paravam para admirar o espetáculo das ondas quebrando em linha. Cauli Rodrigues, aos 53 anos, protagonizou um dos momentos mais marcantes do segundo dia ao fazer o drop em uma das maiores da seção. Mas nem tudo são flores. Os dias épicos também foram marcados por vacas antológicas e acidentes horríveis, em sua maioria provocada por iniciantes que teimam em se aventurar no meio do crowd mais experiente.
“PEGAR O TUBO NA TERCEIRA LAJE; MANOBRAR POR CIMA DA ESPUMA DO JACARÉ; DESTRUIR A ONDA POR TODA A SUA EXTENSÃO, DESVIANDO E ENCHENDO OS OLHOS DO PESSOAL QUE FICA EMBAIXO ATÉ FINALIZAR NA JUNÇÃO...” Passado, presente e futuro, várias gerações dividindo a mesma sensação de estar fazendo parte de um dia clássico, que vai ficar guardado na memória, eternizado pela revista Surfar e relembrado por muito tempo nas rodas de amigos.
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Acima: Guilherminho entubando na laje. Simão Romão imbatível surfando de backside no Arpex. Nesta: Stephan Figueiredo despencando em grande estilo.
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maricร
Acordar na madruga para surfar enquanto estรก todo mundo dormindo tem suas vantagens. O local do Alfa Barra Bruno Frene nos primeiros raios de sol em Barra de Maricรก, no estado do Rio.
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ÁlVaro FreItaS
mEio da Barra Stanley enfiando o pé na manobra de impacto
alFa Barra
Marco Giorgi tirando tudo o que a onda pode oferecer.
PrainHa
Leandro Bastos escolheu a Prainha como seu campo de treino.
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coPacaBana
Uma cena rara. Este outono, Copacabana atraiu surďŹ stas de todos os cantos da cidade e os proporcionou momentos como este. Gabriel Pastori saiu do Recreio para se jogar nos buracos do Posto 5.
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ilHa mÃE
A laje da Ilha Mãe, em Niterói, bombou na grande ondulação de sudeste no mês de junho com ondas perigosas e adrenalizantes. Trekinho esteve presente em quase todas as sessions que rolaram, mostrando disposição e muita técnica em ondas desconhecidas.
O baiano Danilo Couto, que reside no Hawaii e é considerado um dos melhores goofy footers quando Jaws quebra, veio conferir as lajes do Rio e foi um dos destaques com esse buraco monstro.
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FotoS: Steel
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ÁlVaro FreItaS
SaQUarEma
Itaúna quebrou de gala durante a etapa do WQS favorecendo o verdadeiro surf power do local Yan Guimarães e do cearense Pablo Paulino.
PrainHa
Lentes voltadas para o ataque de Eric de Souza.
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alFa Barra
José Tepedino, mais conhecido como Zé do Alfa, estava na hora e no lugar certo nesse dia. É a máquina de ondas do Alfa “Barrels” funcionando.
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Bianca
rizzi
18 anoS
FotoS: CelSo pereIra jr.
Dona de belos olhos verdes, a estudante de Engenharia de Produção Bianca Rizzi encanta a todos por onde passa. Natural de Vitória, Espírito Santo, ela ama ter contato com o mar e diz que o surf é o esporte que mais tem vontade de praticar. “Tenho dois irmãos, além de vários amigos, que surfam, mas eles ainda não tiveram paciência de me ensinar. Então, vou entrar numa escolinha para aprender a surfar.” Frequentadora da praia da Costa, ES, ela adorou conhecer Búzios no Rio, como também Trancoso Caraíva e Corumbau na Bahia. Mas seu maior sonho é viajar para a Austrália, Nova Zelândia e as ilhas do Pacífico. Quando não está malhando para manter a boa forma ou fazendo trabalhos como modelo, gosta de namorar, sair com os amigos na night e curtir um som das bandas The Beautiful Girls e Natiruts. Agora só resta torcer para esbarrar com a bela capixaba em alguma praia brasileira!
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BIQUÍNIS NICoBoCo
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MAIS FOTOS DESTA E OUTRAS MISSES EM NOSSO SITE. WWW.REVISTASURFAR.COM.BR
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BIQUÍNIS NICoBoCo
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durante a última temporada no Hawaii, o carioca do recreio Gabriel Valle, o “Feinho”, de 15 anos, chamou a atenção se jogando em ondas difíceis e perigosas como Pipeline. Sua atuação mereceu uma página dupla na edição #12 da Surfar e um perfil especial no nova Geração.
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idade: 15 anos patrocínio: nenhum quiver: 6’0, 6’3, 6’8, 6’10 shaper: sérgio filho
conte sobre a sua temporada havaiana: Surfei bastante em rocky Point e também gostei muito de Pipeline, que é meio difícil de pegar onda, ainda mais a molecada. Já em Waimea, eu peguei 6, 7 pés, não muito grande, mas já dava para ver que lá o “buraco é mais embaixo”.
14 Quem mais te apoiou para começar no surf? e, apenas com tardPipeline rsurfar a rf u s a meu pai, que me deu uma aula de surf de presente de como foi clássico e ter uma foto u a a aqui ço nsua e de idade, com rsos trabalhos e 5 2 iv , d a na Surfar? aniversário. z n e F ce . o D is a r a e ir nada e largou m muito gratificante, araqueonãoaltiriaorender ta carioca Om do pachei ar tuporque de cara e não g u jo o n té o O ator e surfis a ix a w p o a h o que is e nem conseguir uma foto boa,oapesar Qual o pico preferido que você costuma e aondas silaltas o Mult l pagtreinar? ador, mas s ra Bradas nteraalguma a p ca a o lt n a vo m e d ra peguei. Prainha, porque sempre vai marola, então, surfo anos no Arpo o g d n pro pouco presentou um bastante lá.à Indonésia acabou o traze et, passou um s n u S m Rede Globo e a m e e g a s a vi o das b no que o seu surf evoluiu depois da viagem ao Hawaii? aii. Mas uma e um dia de on rd e p o morar no Haw ã n Quais os seus patrocínios? muda muita coisa, pois o fundo é de pedra e você vê de outra e u q r, tuar. Oma forma as ondas lá fora. Tudo é meio difícil, porém é sempre noS momento, estou sem, mas conto com o grande apoio do r. a rf seu ofício de a u a res d meu shaper Sérgio Filho. o it le s o uma experiência legal a mais. ra a p vibe da sua
Quais as viagens que já fez? E a preferida? Para alguns lugares no Brasil, mas lá fora só o Hawaii, onde peguei altas ondas.
Feinho se jogando em Pipeline na última temporada.
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FotoS: aNdrÉ portGUal
FESTa caTarinEnSE Em iTaÚna Com uma atuação de gala, o catarinense Willian Cardoso venceu em ondas de 8 pés o Coca-Cola Saquarema Pro, etapa seis estrelas do WQS, que aconteceu no início de maio, na praia de Itaúna. Mais uma vez a praia de Saquarema mostrou por que é considerada pelos surfistas como a melhor onda do Brasil. Com séries perfeitas que chegaram aos 8 pés, os atletas deram um verdadeiro show de surf nos primeiros dias de competição. Para quem está acostumado a passar bateria dando aéreos, teve que mudar a estratégia. O surf clássico com fortes rasgadas e muita pressão nas cavadas era o que estava valendo para os juízes. A trajetória do campeão não foi nada fácil. Willian, que ano passado já tinha chegado à semifinal e conhece bem a onda, derrotou o cearense Heitor Alves nas quartas. Na sequência, ele despachou o norte-americano Nathaniel Curran e chegou ao maior somatório do dia, 17.20 pontos. “Estou contente com o resultado, mas queria ter ido para a final. Foi empolgante surfar aqui. É um lugar com altas ondas e isso deixa o campeonato bem mais excitante”, relatou Curran após a derrota.
Acima: O campeão Willian Cardoso focado para vencer nas esquerdas de Itaúna Abaixo: O americano Nathaniel Curran, mesmo surfando muito, foi uma das vítimas de Willian e ficou em terceiro.
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Na grande final, o catarinense enfrentou o seu conterrâneo e amigo Marco Polo, que está atualmente na elite mundial e começou pegando o que vinha pela frente para liderar a bateria. Nos dez minutos finais, Willian colocou em prática o que ele vinha fazendo. Acertou três pauladas no olho de uma esquerda para arrancar uma nota 9 e virar o placar. Logo em seguida, ainda conseguiu outra nota média alta para liquidar a fatura. “Não comecei bem a bateria, fiquei ansioso e errei manobras que não estava errando antes. Foi emocionante ganhar aqui. Em 2009, eu bati na trave e passei por momentos muito difíceis, pois perdi meu pai e minha mãe no fim do ano. Mas, com certeza, eles estão lá em cima e mandaram as ondas para eu vencer esse campeonato. Não tenho palavras para descrever tudo isso”, comemorou o Willian.
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Marco Polo fez fila em Saquá, derrotando nomes de peso como Travis Logie (abaixo) na semi, mas foi parado na final e ficou com o vice-campeonato.
RESULTADO FINAL DO COCA-COLA SAQUAREMA PRO 2010: 1- Willian Cardoso (Bra) 2 - Marco Polo (Bra) 3- Nathaniel Curran (EUA) 3 - Travis Logie (Afr) 5 - Ricardo dos Santos (Bra) 5 - Heitor Alves (Bra) 5 - Jerônimo Vargas (Bra) 5 - Wiggolly Dantas (Bra)
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FotoS: aNdrÉ portUGal
iBElli lEVa ETaPa E o TÍTUlo POR: EDUARDO CHALITA
Ibelli voou do Guarujá direto para o título nacional em Floripa.
Em ondas clássicas na praia do Campeche em Florianópolis, o paulista Caio Ibeli foi o grande vencedor do Oakley Pro Junior. Depois de uma conturbada semana com ondas mexidas na praia da Joaquina, o campeonato, que vale como título brasileiro, foi transferido com sucesso para o Riozinho do Campeche no seu último dia da janela de competição, que aconteceu entre 1 e 6 de junho. Com direitas longas de cerca de um metro de tamanho e vento terral num dia de sol, o que se viu nas fases finais do campeonato foi uma série de ondas muito bem surfadas pela nova geração do surf brasileiro. Confirmando a tendência mundial, muitas manobras aéreas foram executadas e devidamente pontuadas pelo critério. Mas não ficou só nisso, a molecada apresentou linhas bonitas e manobras fortes nas partes mais difíceis das ondas. Os dois destaques da competição foram os goofy footers Krystian Kimmerson e Marthen Pagliarini. O capixaba Krystian parecia imbatível quando venceu o paulista Jessé Mendes nas quartas. Já o catarinense Marthen derrotou Miguel Pupo, um dos favoritos ao título, e só foi parado nas quartas pelo surf mais competitivo do pernambucano Ian Gouveia, que também representa Santa Catarina. Santiago Muniz e Pedro Husadel potencializaram ao máximo a representação do estado nessa fase. No entanto, foi o baiano Marco Fernandez quem chegou às finais de maneira mais incontestável e , digamos, inteiro. Tirando uma difícil bateria no segundo round contra Ricardo Santos, surfista da Guarda do Embaú, Marquinho passou todos os confrontos homem x homem apresentando uma boa vantagem em relação aos oponentes. Porém, na final ele não O campeão comemorando amarradão.
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conseguiu superar o atleta que chegou mais afiado para o evento. Caio Ibeli rasgava mais forte, cavava mais fundo e voava mais alto. Várias vezes o seu surf lembrava o ídolo Adriano de Souza, como se tivessem frequentado a mesma escola. Caio tirou a única nota 10 do evento e, merecidamente, arrancou a vaga na elite do surf profissional brasileiro cedida pela Abrasp ao campeão do Oakley Pro Junior. “Era a minha meta desde o começo do ano conseguir essa vaga. Eu acho que é necessário para todo surfista que quer correr o WQS adquirir experiência no circuito brasileiro.” Desde o surfista Luan Wood, o mais novo da competição com apenas 14 anos, até o campeão Caio Ibeli, o que se viu nas águas de Floripa nesses seis dias foi um show dos mais jovens aspirantes a representantes do surf brasileiro no World Tour. Com certeza, o nível técnico apresentado por eles fará a maioria alcançar esse objetivo. E não para por aí, após entrevistarmos alguns dos que chegaram como favoritos ao título, podemos facilmente constatar que o lado psicológico deles vai muito bem. Todos deram respostas certeiras e seguras sobre o nível de surf que possuem e onde querem chegar, demonstrando uma consciente maturidade de atletas que buscam a vitória.
O evento foi finalizado no Campeche.
O comportamento desses meninos fora d’água também foi de se admirar. Mesmo estando a maioria hospedado no mesmo hotel, a garotada se comportou civilizadamente, o que era praticamente impossível nas gerações passadas, onde se predominava a rebeldia. Além disso, eles demonstraram bastante disciplina e foco antes de suas baterias. Dessa forma, podemos ficar tranquilos quanto ao futuro do surf brasileiro. Certamente o campeão mundial esta a caminho.
Alejo Muniz não facilitou a bateria final contra Pupo. Marquinho quebrou durante todo o evento e caiu apenas na final.
RESULTADO FINAL DO OAKLEY PRO JUNIOR 2010: 1- Caio Ibelli (SP) 2 - Marco Fernandez (BA) 3- Krystian Kymmerson (ES) 3- Ian Gouveia (SC)
5- Santiago Muniz (SC) 5 - Jessé Mendes (SP) 5 - Marthen Pagliarini (SC) 5 - Pedro Husadel (SC)
Os terceiros colocados Krystian Kimmerson e Ian Gouveia.
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POR: TIAGO GARCIA
A produtora Irons Brothers Production apresenta A Fly in the Champagne, seu segundo trabalho, que aborda o período em que Andy Irons e Kelly Slater protagonizavam uma das maiores rivalidades do tour, como também uma trip realizada por eles na Indonésia. Isso é claro, com as diferenças competitivas deixadas de lado. Juntos Kelly e Andy colecionam 12 títulos mundiais do circuito principal da ASP.
nEWS: - Além de A Fly in the Champagne, Wake Up 2 também chega ao Brasil neste mês depois de ter sido lançado mundialmente em 2009. Listado pela Transworld como um dos 11 melhores filmes de surf lançados no ano passado, chega à América do Sul distribuído também pela VAS South América. - Josh Kerr prepara para esse ano o lançamento do seu primeiro filme solo. Kerrazy Kronicles foi dirigido pelo próprio Josh e o trailer já pode ser conferido no canal da Surfar. Para mais informações: www.kerr-azy.com
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ToP 10 VidEoS: Por Wigolly Dantas
A Fly in the Champagne Days of Strange Mixed Tape Mick, Myself e Eugene Trilogy Letting Go First Chapter Back in Town Campaign Campaign 2
dIVUlGaÇÃo
Com dois dos maiores surfistas de todos os tempos surfando ondas impecáveis na Indo, não fica difícil imaginar a qualidade do surf que é apresentada. São tubos e mais tubos perfeitos, além de todas as variações de manobras feitas no limite, se é que isso existe para Andy e Kelly. Pottz, Shane Dorian e Ross Williams também aparecem como coadjuvantes surfando nessa trip paradisíaca. Dirigido por Matt Beauchesne, que esse ano lançará no mercado o primeiro vídeo solo de Julian Wilson, A Fly in the Champagne tem uma fotografia impecável, mas há muitas imagens em slow para o meu gosto. Ainda assim, é bem planejado e montado do início ao fim, sem problemas para manter o espectador entretido. Já a trilha sonora é boa e utilizada com eficiência para dar mais dramaticidade às cenas, especialmente durantes as entrevistas dos protagonistas. Bom para os fãs de Placebo, Sea Wolf, Rogue Wave, Destroy the Runner, Sparta, entre outras bandas que ditam o ritmo do filme. A Fly in the Champagne é obrigatório para todos os amantes de filmes de surf. Também é muito bom e será ainda melhor para aqueles que não foram expostos à intensa rivalidade que se desenvolveu no início do milênio com o auge do surf desses dois mestres do esporte. Até mesmo quem não surfa, mas é simpatizante, pode desfrutar. Tanto Slater e Andy são dois surfistas incríveis do nosso tempo e o filme mostra o que estava acontecendo a partir de suas próprias perspectivas. Distribuído pela VAS South America, A Fly in the Champagne foi lançado em 2009 e chega este mês no Brasil. O trailer já está disponível no SurfarTV. Para obter mais informações acesse o site www.videoaction.com.br, ou o e-mail rocha@videoaction.com.br.
MARIO LAVIO
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pedro tojal
POR: ROGER FERREIRA
ian cosenza, 22 anos, é um dos atletas da nova geração que vem conquistando o seu espaço no disputado cenário do surf. local do arpoador, ele fez o que muita gente quer fazer, mas não tem coragem. Trancou a faculdade para ir atrás dos seus sonhos: viajar pelo mundo e seguir carreira como freesurfer profissional. ian acabou se encaixando em um perfil com um “lyfe style” diferenciado que hoje é muito procurado pelas empresas que trabalham com o público jovem.
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Por que a decisão de se tornar um freesurfer e não optar pelas competições? Sempre fui de uma família boa que me deu condições de poder escolher em querer surfar, trabalhar ou ficar estudando. Em 2007, eu estava cursando Desenho Industrial na PUC e passando por aquela fase de transição. Na época era profissional nas competições, mas não tinha bons resultados. Já tinha feito altas viagens, mas nenhuma trip com aquele intuito de produzir material e com a responsabilidade de encarar isso como um trabalho. Depois de uma temporada no Hawaii dividindo uma casa com Stephan Figueiredo, acabei tomando gosto por esta parada. Consegui trazer um material muito bom para o meu patrocinador, que me deu credibilidade para começar a investir nesse lado, pois é uma empresa que gosta de focar tanto no institucional como no publicitário. E aí a coisa foi ficando cada vez mais séria. A sua família aceitou essa sua escolha? Apesar de fazer uma cara de durão, eu sei que no fundo meu pai fica babando. Minha mãe é a mesma coisa. Imagina uma professora de doutorado ver o filho tomando um rumo totalmente diferente (risos)! Porém, eu sempre gostei de estudar e não abro mão disso. Gosto de ler e tenho planos futuros para ingressar na faculdade de Cinema ou retomar o Desenho Industrial. Saber escrever e falar são duas coisas importantíssimas, só estudando para se ter isso. Ter este life style influenciou na hora de conseguir um patrocinador? Sim, pois tenho aquele estereótipo de surfista: cabelo meio grande, barba por fazer, olho claro, cara queimada de sol... Conheci o Oscar Metasavaht, dono da Osklen, em um campeonato no Arpoador promovido pela marca que eu ganhei. Era um domingão clássico, minha mãe foi com a minha irmã e meus tios. Toda a minha família estava lá. O Oscar achou muito maneiro todo aquele meu envolvimento, sendo amigo de todo mundo, com a minha família participando do meu dia a dia na praia. Após o evento, ele mandou sua assessora me procurar. Acredito que a minha criação contou muito, além do meu jeito de ser e da minha imagem, já que ali na área tinha uns dez caras parecidos comigo.
Então uma boa imagem ajuda para fechar um patrocínio? Você vai ter que trabalhar exatamente para manter essa sua imagem de ser um cara maneiro e acessível. Desde aquele que está começando a surfar na escolinha e vai te pedir para tirar uma dúvida de como passar a parafina e entrar no mar, como também aquele que você sabe que é o top do campeonato e, por alguma razão, te respeita. A atitude dentro e fora d’água conta muito, até para conseguir manter o seu patrocínio e ter mais espaço na mídia. Ninguém quer se espelhar num cara burro e ignorante só porque dá meia dúzia de batidas e alguns aéreos. Qual o melhor lugar para o freesurfer profissional morar? Eu não abro mão do Rio, especialmente no inverno. Não tem lugar com a quantidade e variedade de ondas que a gente tem aqui nessa época. Desde um point break que vai rolar uma marola perfeita, até uma laje com tubos gigantescos. O Rio tem um estúdio constante com um terral de manhã que perde para poucos lugares no mundo quando está na temporada de onda. Sabendo monitorar e conciliar a maré com o fundo, você vai pegar altas ondas, sem ficar de cabeça vazia. Você tem se mostrado cada vez mais se interessado por onda grande e tow-in. Quais os seus planos em relação a isso? Quando o cara escolhe ser freesurfer, ele vai atrás de ondas boas. E na maioria das vezes, quando você busca isso, acaba encontrando as grandes. A primeira vez que experimentei o tow-in foi no Chile com o meu amigo Curt, dono de uma pousada. Brother deu um swellzão lá com 15 pés perfeito. A esquerda era mais tubular e estava muito rápida. Peguei uns tubos que nunca tinha surfado antes. Aí falei: “Pô mermão, isso é maneiro pra caramba! Eu quero um brinquedo desses”. Agora pretendo me dedicar mais, pois não é uma parada que você pega de um dia para o outro. Tem muita manha e vários detalhes. É como se eu estivesse começando a surfar de novo, mas, na real, estou aprendendo a lidar com a máquina. Metas para 2010 e para o futuro. Agora, além de ser a temporada de onda boa no Rio, tem aquele intervalo entre as coleções de inverno e a de verão que ainda vai sair. Então, meu patrocinador pediu para eu esperar um pouco antes de tomar qualquer decisão. Mas estou pensando em me jogar naqueles lugares bem distantes da Indonésia, lados mais inóspitos, e passar uns 40 dias pegando umas ondas que a gente não está acostumado a ver. Também quero investir mais no tow-in. Estou esperando o meu jet ski chegar, o projeto já foi aceito pela Osklen e em breve vamos ter uma máquina da marca disponível aqui no Rio. Por enquanto, estes são os meus planos.
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BIdU
PRÓXIMO NÚMERO
indonÉSia
EXPEdiEnTE
Dennis Tihara, em Desert Point.
REVISTA SURFAR
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