Surfar #15

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pedro tojal

ÍNDICE 70 Niasland

As Direitas mais perfeitas do planeta.

82 Desert Ride Express Brasileiros surfam The Grower.

94 A Ilha Perdida

Cinco dias num paraíso “tubular” perdido.

106 Las Bombas de Puerto

O maior swell da temporada em Puerto Escondido.

118 Nicarágua

O compromisso de surfar e nada mais.

130 Miss Surfar

Show de curvas da brasiliense Rafaella Bueno.

O freesurfer gaúcho Daniel Kuhan fez seu nome nas direitas de Nias.








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EDITORIAL

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Nesta foto: Ian Cosenza correu para chegar a tempo na barca da Surfar. No seu primeiro final de tarde no “parque de diversões” de Desert Express, ele foi iluminado com esse e muitos outros tubos. Na capa: Eric de Souza foi o brasileiro de maior destaque nesta temporada na Indonésia. Por onde passou nos três meses em que esteve atrás das melhores ondas, pegou altas e foi muito elogiado. A capa da Surfar nada mais é que o reconhecimento pelo trabalho realizado. Foto: Pedro Tojal


COMBUSTÍVEL PARA TODOS OS SURFISTAS! Depois de duas edições bombásticas (Baía de Guanabara e Tahiti), superá-las ou mesmo manter o nível editorial seria um desafio para a equipe. Quando sentamos para fazer a pauta, nós tínhamos duas opções de viagem para mandar o nosso fotógrafo Pedro Tojal. A primeira era o México, onde estavam todos os atletas que participariam do WQS, o que seria um tiro certeiro. Acontece que ano passado já tínhamos feito uma matéria animal de Puerto e precisávamos de algo diferente. Não poderíamos repetir a mesma rota de 2009, onde fomos para o Hawaii, Tahiti e México. O jeito, então, era mandá-lo para uma trip de dois meses na Indonésia. Cercar todos os swells no mês de julho e agosto. Com o ticket na mão e dólares na carteira, ele partiu correndo para pegar um swell dos bons. Todos os sites indicavam condições épicas para Nias. Quando chegou em Bali, os voos para Nias estavam lotados. Tojal nos ligou desesperado e, sem hesitar, autorizamos o fretamento de um avião. Chegou a tempo de pegar o maior dia e fazer fotos aquáticas nunca antes publicadas em revista de surf brasileira. Depois dessa trip, conseguimos juntar um grupo de brasileiros e fomos para Desert Point, onde investimos pesado na última e mais perigosa sessão da onda, “The Grower”. Já no final da viagem e cansado do crowd, Tojal reuniu quatro surfistas mais próximos a ele e partiu para fazer uma matéria inédita sobre a real essência do

surf. Acampou em uma ilha deserta e ficou cinco dias pegando altas esquerdas. Só ele e os amigos. A partir daí as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar e, com a participação de mais de 10 brazucas na barca da Surfar, conseguimos fazer uma cobertura completa da temporada na Indonésia. Valeu o investimento... Mas ao mesmo tempo não podíamos deixar passar em branco as bombas de Puerto Escondido. O fotógrafo Bidu “Digital” estava no “front” totalmente equipado com suas parafernálias eletrônicas e em sintonia direta com a redação. Não deu outra, um mega swell chegou varrendo geral e, com todo prazer, abrimos mais dez páginas para o big surf. Para fechar a conta, chamamos mais uma matéria com atletas de alto nível treinando na Nicarágua, mostrando um pico com muitas variedades para todos os gostos e estilos. Enquanto estava escrevendo esse editorial, Tojal entrou na redação dizendo: “Consegui reservar a passagem para Europa para embarcar nos próximos dias e já tenho lugar para ficar!”. Novidade... Na real, esse é o combustível que alimenta todos os surfistas: estar sempre buscando novos desafios e ondas diferentes. Então, manda emitir o ticket! Vamos todos pra dentro d´água Surfar! José Roberto Annibal

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A sessão mais rasa e perigosa de Desert, conhecida como The Grower, onde poucos surfistas gostam de surfar, foi dominada pelos brasileiros no mês de agosto. Se fosse numa pista de corrida, poderíamos dizer que eles não tiraram o pé do acelerador. Na foto, o guarujaense Magno Pacheco pisando fundo para ganhar a onda e sair ileso desse tubão.

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Dois dias após vencer o evento de ondas grandes em Pico Alto, Peru, o havaiano Jamie Sterling já estava no México para se jogar nas morras de Puerto Escondido.

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28 FotoS: tIaGo NaVaS





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Alguns big riders costumam dizer que a sensação de ser atingido por uma onda desse tamanho na cabeça é a mesma que tomar um soco de uma luva de boxe gigante. O local Oscar Moncada prepara a carcaça para não ser nocauteado pelo lip de Puerto Escondido.

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FotoS: rICK WerNeCK

No ano de 97 a etapa do mundial realizada na Barra da Tijuca entrou para a história da ASP. Na ocasião, Slater pegou um tubo em uma onda de 8 pés que lhe rendeu a nota máxima e levou a praia ao delírio. No dia seguinte, ele venceu a final contra Occhilupo. Abaixo: Praia lotada e retorno garantido aos patrocinadores.

A HORA DE DAR A VOLTA POR CIMA! Depois de alguns anos sofrendo com a falta de investimentos em competições, atletas sem patrocínio e um circuito estadual profissional decadente, as boas notícias de eventos programados para acontecer no Estado do Rio fez a comunidade do surf e o mercado que vive desse segmento renovar as esperanças que o Rio volte a ser aquela potência no cenário nacional e internacional como sempre foi conhecido. Em 2011 o Rio volta com força total ao calendário do surf mundial. Com direito à premiação recorde de US$ 500 mil, a Cidade Maravilhosa irá sediar o World Tour da ASP. A Barra da Tijuca será o palco da etapa brasileira do circuito mundial, que poderá ser móvel, dependendo das condições do mar, com Arpoador e o canto do Recreio abrigando estruturas secundárias. Desde 2001, quando o australiano Trent Munro venceu a etapa que começou na Prainha e terminou no Arpoador, o evento não era disputado na capital carioca. No ano seguinte, a competição seguiu para as ondas pesadas de Saquarema e teve a vitória do aussie Taj Burrow. “Vai ser empolgante competir no Rio novamente. Já me diverti bastante lá e é bom estar em uma cidade grande que tem muita coisa para fazer quando a competição não está rolando. Lembro de ter um grande público na praia, uma vala de esquerdas bem legais com o mar pequeno e ótimos tubos quando está maior. Estou amarradão para voltar ao Rio!”, disse Taj com exclusividade para a Surfar. A iniciativa para o retorno do circuito mundial ao Rio tem a participação direta dos patrocinadores do campeonato, da prefeitura carioca e do ex-top mundial Teco Padaratz, detentor da licença do evento no Brasil. “A decisão vem sendo tomada nos últimos dois anos

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entre nós, os patrocinadores e a ASP, e vai ser muito positivo voltar para o Rio”, afirmou Teco. A grande preocupação no retorno aos beach breaks cariocas é, sem dúvida, em relação à qualidade das ondas. “Depois de ter competido nos dois lugares, eu tenho que dizer: peguei melhores ondas no Rio do que em Floripa. Então, parece ser uma boa mudança”, afirmou o top do WT Damien Hobgood . Mas a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 também foi fundamental para a decisão, pois garante ao evento um maior retorno publicitário. O Estado do Rio também ganhará mais força no cenário nacional com a realização de duas etapas do circuito brasileiro de surf profissional, o Brasil Surf Pro, no segundo semestre de 2010. A praia de Geribá, em Búzios, estreia no calendário entre os dias 22 e 26 de setembro. Apesar de o balneário ser conhecido mundialmente pela beleza das suas praias, as ondas nunca foram o seu forte. Mesmo com o conselho da Abrasp batalhando para que as competições aconteçam em picos de ondas boas, como, por exemplo, Saquarema, geralmente a estratégia de marketing do patrocinador do evento tem um peso maior, independente se o local é a melhor opção para uma prova do circuito brasileiro com atletas de alto nível. Esse é um dilema que o surf profissional convive desde a época do Super Surf, mas que até hoje perdura. Para fechar bonito, a capital carioca será também o palco da decisão do título brasileiro da temporada entre 08 e 12 dezembro na Barra da Tijuca, com a distribuição da última parcela recorde de um milhão de reais em premiação.



lUCIaNo CaBal / dIVUlGaÇÃo

Lucas Freitas acompanhando Carlos Burle na palestra sobre ondas grandes para os alunos de sua escola de surf no Rio.

A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO NO SURF POR: LUCAS FREITAS

Fazendo uma breve observação no surf mundial hoje em dia, pode-se perceber que a Austrália é o país com o maior número de atletas com nível de brigar por um título no World Tour. Não por acaso, no último mês foi divulgado que o governo federal australiano está inaugurando um centro de treinamento que visa ser o melhor e mais moderno do mundo para os surfistas. Os investimentos devem ultrapassar os dois milhões de dólares segundo a Surfing Australia, que regula o surf australiano e é reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O presidente da entidade, Andrew Stark, afirmou que este centro “foi construído com o propósito de desenvolver a alta performance”. No cenário nacional, o pernambucano Carlos Burle é considerado uma unanimidade no quesito preparação e desempenho em todo o mundo. Aos 42 anos de idade, ele é o atual campeão mundial de ondas grandes. Mas analisando a sua trajetória nos anos que antecederam este título mundial, poderemos perceber o quanto foi investido em saúde, treinos e fisioterapia. E o que mais chama a atenção no processo de treinamento e de tratamento dele em várias lesões é a disciplina, questão obrigatória para quem busca ampliar seus horizontes profissionalmente. Foi dessa forma que Burle resolveu lançar seu novo projeto, o “Surf Advanced”, um centro de treinamento com profissionais de Educação Física e Fisioterapia. A ideia é implantar a metodologia desenvolvida por ele, ao longo dos mais de 20 anos de carreira, para surfistas que já tenham independência no mar. Em paralelo, ainda mantém uma escola de surf para surfistas de “primeira viagem” em que aplica o mesmo método. Os treinos contam com avaliações funcionais periódicas para que se mensurem os resultados, treinamentos funcionais ministrados pelo professor e ex-surfista profissional Salvador Lamas na praia e

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nas instalações da academia, como também atividades filmadas com correções técnicas, orientação fisioterapêutica, exercícios na piscina e a presença constante do próprio Burle treinando e trocando experiências com os alunos. De quebra, ainda existe o projeto “Performance”, onde além dos treinos já citados, a galera terá acesso a médicos, nutricionistas, etc. Dentro dessa metodologia podem-se destacar os treinamentos com o uso de bolas suíças na areia da praia, possibilitando uma infinidade de movimentos combinados que trabalham todos os músculos do corpo em conjunto com um circuito, que utiliza obstáculos de cones, tartarugas e bolas de futebol. Isso proporciona um trabalho com as características físicas necessárias à prática do surf, tais como força, equilíbrio, condicionamento cardiopulmonar e flexibilidade. Além da praia, outros três ambientes também são utilizados. Sala de ginástica, onde são reproduzidos os mesmos exercícios da areia com o auxílio de espelhos, proporcionando uma melhora na consciência corporal. A Sala Surf, ambiente equipado com televisão, DVD e internet, tudo voltado à parte de correção técnica com a utilização de vídeos. E a piscina de 25 metros, onde são feitos os treinos de apneia, resistência cardiopulmonar e força, utilizando equipamentos como paraquedas, pesos, luvas, flutuadores, entre outros. Vários surfistas profissionais já experimentaram estes treinamentos, como Heitor Alves, Wilson Nora, Felipe “Gordo” Cesarano, Carlos Burle e muitos outros. Com ondas de menor qualidade e menos infraestrutura que Ianques e Aussies, o caminho dos brasileiros no Tour pode não ser um dos mais fáceis, mas com investimento e disciplina, o rendimento pode ser bem melhor, basta ver o que os australianos estão fazendo no World Tour. Lucas Freitas - Fisioterapeuta lucas@carlosburle.com





FotoS: pedro MoNteIro

MOLECADA DÁ SHOW NAS ONDAS DE PRAIA GRANDE

Molecada reunida no pódio na Praia Grande de Arraial do Cabo.

A nova geração arrebentou na segunda etapa do Circuito Estadual Sub-14, entre os dias 21 e 22 de agosto, na Praia Grande, em Arraial do Cabo. A final do evento rolou num domingo de sol, terral e ondas com cerca de 0,5m. Na PréPetit, o campeão foi Valentino Belga, que fez a melhor média do dia e do evento, 17,75 pontos. Ele deixou Daniel Templar com o vice-campeonato, Mateus Sena e Kauai Marinho na terceira e quarta posição, respectivamente. Já a categoria Petit teve como vencedor o atleta João Vitor, com Danilo de Souza em segundo, Rodrigo Bandeira em terceiro e Rafael Alla em quarto. E quem levantou o troféu na Infantil foi Theo Fresia, que não deu moleza e deixou como segundo colocado Luca Nolasco, seguido por Dereck Gimenez e Danilo de Souza. Agora na Iniciante quem levou a melhor foi Facundo Arreyes de Búzios. Ele dominou sua categoria deixando Matheus Rodrigues em segundo, Dávio Figueiredo em terceiro e Lucas Soares em quarto. E entre as meninas, a local de Saquarema Wendy Guimarães venceu, com Karol Ribeiro na segunda colocação, seguida por Kaiane Reis e Luara Thompson. As próximas duas etapas que irão definir o campeão estadual de Surf Sub-14 de 2010 serão disputadas nos dias 2 e 3 de outubro, no Recreio, e 4 e 5 de dezembro, na Barra, ambos na cidade maravilhosa.

João Vitor, vencedor da Petit.

FotoS: pedro MoNteIro

ARPOADOR RECEBE O ESTADUAL SUB-18 A terceira etapa do Circuito Estadual Sub-18 do Rio foi realizada no início de agosto em boas ondas de até 1 metro no Arpoador, garantindo um surf de alta performance para a galera da nova geração. Samuel Igo, paraibano radicado no Rio, confirmou sua excelente fase e levantou o caneco na categoria Junior. Ele, que passou todas as suas baterias na primeira colocação, não deu chances para Johny Botelho na final. “O Sub18 aqui do Rio foi um excelente treino, pois saio embalado para competir no Brasileiro Amador na Paraíba e nas etapas do Pro Junior em Santa Catarina”, disse Samuel. Na Mirim, Daniel Munhoz venceu de forma incontestável sua terceira etapa seguida e se consolidou como campeão antecipado do circuito. “Essa era a minha meta principal. Não consegui bons resultados no Brasileiro Amador e me concentrei bastante para conseguir esse título”, disse ele após vencer Uhane Barthel na final. Já Chloé Calmon levou a Longboard Junior e ficou em terceiro na Feminina, vencida por Luciana Sushi. E entre os Surdos, William Fontes foi o melhor no Arpoador.

Pódio da categoria Junior no Arpoador e Samuel Igo vencedor da Junior.

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aNNIBal

Joca Secco e Gustavo Fernandes.

O trabalho conjunto do shaper carioca Joca Secco com o surfista profissional Gustavo Fernandes teve início quando Guga, hoje aos 27 anos, ainda era um garoto prodígio do Recreio com apenas 12 de idade. “O Guga faz parte de um grupo de surfistas que já faço pranchas há muitos anos, desde que eles tinham entre 12 e 13 anos. O mais legal de tudo isso é que todos eles tiveram uma carreira legal. Fico muito gratificado com a história desses moleques”, diz Joca. Entre os maiores feitos alcançados com esse trabalho está o título brasileiro profissional conseguido pelo atleta em 2008 e o bi-campeonato carioca profissional em 2007 e 2008.

JOCA SECCO POR GUSTAVO FERNANDES Tenho muita confiança no Joca, pois ele sabe muito bem como fazer minhas pranchas e está sempre me dando condições de brigar nos campeonatos de igual para igual com os outros competidores. As pranchas do Joca funcionam em qualquer tipo de mar. E ter confiança no equipamento em todas as situações é super importante. Tenho uma 5,11 swalow que estamos desenvolvimento há muito tempo para ondas pequenas. Desde que comecei a fazer pranchas com o Joca, nós trabalhamos nesse tipo de prancha, com rabeta swallow, a que eu mais gosto por ser mágica nas marolas. Fizemos agora uma de isopor com laminação de resina epóxi para eu competir nas etapas do WQS nos EUA e na Europa. Esse tipo de prancha acaba sendo a que eu mais utilizo nas competições, que são quase sempre realizadas em ondas pequenas. Espero trazer bons frutos da Europa.

O Joca sempre foi fundamental na evolução do meu surf e nos resultados que conquistei até hoje. Agora ele será novamente importante nessa minha retomada por bons resultados.

GUSTAVO FERNANDES POR JOCA SECCO O ponto forte do Guga sempre foi o backside, então, ele precisa de uma prancha mais firme, pois ela tende a escapar se for muito solta. Ao mesmo tempo, ele precisa da maleabilidade para usar de fron. Essa é uma linha de desenvolvimento que eu tenho com o Guga, pois é muito difícil a prancha ficar firme e não muito dura. O surf evoluiu para um lado de manobras aéreas, fortes, e as pranchas não aguentam, quebram mesmo. Os competidores precisam de pranchas leves e bem resistentes, pois vão correr a perna européia, por exemplo, e no meio das etapas já estão sem prancha. Estamos trabalhando com outros materiais, como o bloco de isopor laminados com resina epóxi, além das híbridas de poliuretano revestidas com resina epóxi, que esta dando um resultado muito legal também. Cada material tem uma flexibilidade diferente e isso influencia diretamente no design das pranchas. O Guga está levando uma de epóxi 6 pés swallow com 18.½ de largura e 2x5x16 de espessura para os campeonatos na Europa. O Guga sempre foi magro e agora com o amadurecimento é natural que ele fique mais pesado, precisando de uma prancha com um pouco mais de consistência. Antes ele usava em torno de 18.1/4 ou 18.1/8, e hoje em dia ele usa pranchas mais largas, tipo 18.3/8, 18.1/2. Basicamente é isso que estou mudando nas pranchas dele, justamente para aguentar a força das manobras e o peso do atleta.

ÁlVaro FreItaS

Gustavo Fernandes testando o foguete na Prainha.

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POR: DEBORAH FONTENELLE

A estonteante Karol Knopf começou a se interessar pelo surf na adolescência e resolveu investir mais no esporte. Praticante de stand up, atualmente faz yôga e está no curso de paraquedismo, mas diz que surfar é o seu negócio. Aos 21 anos, Karol também trabalha como modelo, apresentadora e já participou de dois programas no canal Multishow. Curta um pouco mais dessa surfista aqui nas páginas da Surfar. A beleza te ajuda na hora de disputar no outside com os marmanjos? (Risos) Eu surfo há seis anos, então, acabei fazendo muitas amizades dentro d’água. No início, a galera liberava mais, hoje não muito porque você já começa a remar junto e entra quase de igual na competição pelas ondas. Claro que não no mesmo nível, pois os homens têm uma remada mais forte, mas a gente está ali no ritmo. Hoje os caras respeitam mais as mulheres dentro d’água? Com certeza! Muitas mulheres estão surfando melhor do que os homens (risos). Qual o significado do surf na sua vida? É o meu estilo de vida. Me interessei pelo surf aos 14 anos, fiz dois meses de escolinha e depois comecei a me jogar sozinha. Já pegava os mares maiores e a galera me incetivava, então, passei a gostar cada vez mais e resolvi me dedicar ao esporte. Quais as surf trips que já fez? Fui para Indonésia, Peru e Hawaii. E aqui no Rio, Saquarema, Búzios e Arraial do Cabo. Mas a que mais gostei foi Bali. O lugar é paradisíaco, sem falar nas ondas que são absurdas! E o pico que você ainda tem muita vontade de conhecer? A Costa Rica pela sua beleza, água quente e, claro, boas ondas. A galera diz que lá não tem altas ondas, mas acho que seria um bom treino. Você também é modelo e apresentadora. Quais os trabalhos que já fez? Já fiz alguns como modelo e gosto disso. Me formei em atriz e minha finalidade era fazer novela, mas aí surgiu a oportunidade de apresentadora e estou investindo cada vez mais nisso. Participei do programa Sem Destino e agora do Osso Duro, que tem como objetivo surfar a Pororoca. Foram 10 dias de barco no meio da Amazônia com mais cinco atletas, uma experiência muito legal. Mas qual é a sua prioridade: modelo, apresentadora ou surfista? O meu objetivo é unir os três em um só projeto. Este ano começo a gravar um programa para 2011, mas ainda não posso falar muito sobre isso. Mande um recado de incentivo para as meninas começarem a surfar. O surf feminino no Brasil vai crescer mais e vale muito à pena investir. Além disso, ajuda a cuidar do corpo, pois o surf trabalha tudo, sem falar que é praticamente uma terapia. Você chega em casa calminha... (risos).

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YUrI SardeNBerG / prodUÇÃo: MarIaH paeS

“SURF É MEU ESTILO DE VIDA”





FotoS: MarCoS MYara

A grande barreira de corais, no leste da Austrália.

INVASÃO SILENCIOSA NOS OCEANOS POR: ANDRÉ BREVES RAMOS

Um considerável aumento das atividades humanas nos oceanos vem ocorrendo desde as últimas décadas, resultado do intenso comércio de mercadorias e petróleo entre os países. Navios porta-conteineres, petroleiros, barcos de apoio, plataformas de petróleo, dentre outros meios, têm servido como transporte para diferentes organismos ao redor do Planeta Terra, tendo como consequência a introdução involuntária destes em locais onde antes não existiam. Com essas introduções, a distribuição pelas regiões costeiras de algumas espécies tem aumentado e o mundo está ficando rapidamente homogeneizado (com as mesmas espécies ocorrendo em muitos lugares). Um organismo transportado de um continente para outro aderido no casco de um navio geralmente pode causar graves problemas, porém o sucesso de uma introdução biológica depende da similaridade ambiental entre o local em que a espécie é nativa e para aonde é carregada. Desta forma, um determinado ser vivo nativo da Antártida dificilmente sobreviveria às condições de temperatura encontradas no Brasil. Por outro lado, seres do Caribe têm maiores chances de terem sucesso no Rio de Janeiro, onde o clima é semelhante. Outros fatores também podem ser relevantes para o sucesso ou o insucesso de uma espécie introduzida, como, por exemplo, a existência ou não de predadores naturais. São consideradas, portanto, espécies introduzidas (ou exóticas) e invasoras aquelas que uma vez transportadas causam algum tipo de modificação no novo ambiente. Elas podem ser consideradas uma grave ameaça à biodiversidade, visto que muitas vezes apresentam uma alta densidade populacional e podem causar o desaparecimento de espécies nativas.

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Em diversos locais no mundo, grupos de peixes, moluscos, corais, poliquetas, crustáceos e algas têm sido os principais protagonistas de uma invasão silenciosa. A estrela-do-mar, predadora natural no Japão e introduzida na Austrália desde 1992, tem sido um sério risco à Grande Barreira de Corais. O Governo da Austrália vem tentando erradicá-la gastando milhares de dólares. Aqui temos o coral-sol, introduzido na década de 80 através de plataformas de petróleo, que vem sendo um invasor marinho que está ameaçando a biodiversidade de toda a zona costeira. Na Ilha Grande, ele chama a atenção pela beleza e agressividade com que disputa espaços com as espécies nativas nos costões rochosos. Em todo o país, diversas universidades brasileiras, centros de pesquisa e órgãos de meio ambiente têm se mobilizado, além disso, a comunidade científica nacional, junto com outros setores da sociedade, já debate o problema, levando bastante a sério os riscos ambientais das bioinvasões. Apesar do grande interesse e preocupação nessa questão, os estudos ainda são escassos no Brasil. Existem também alguns projetos envolvendo a comunidade científica e pescadores, como o Projeto Coral-Sol, que propõe controlar a espécie, visando erradicá-lo em 20 anos, agregando valor a sua extração e contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Para evitar maiores tragédias ecológicas e econômicas em regiões brasileiras todos nós devemos conhecer melhor os ecossistemas marinhos, pois as espécies invasoras são como “penetras” na festa das espécies nativas. Portanto, um fora haole para as invasoras! André Breves Ramos é biólogo marinho. Nos dias de ressaca no Pontão do Leblon, ele é presença garantida dentro d’água. Sugestões de pautas e críticas: envie e-mail para SURFAR@REVISTASURFAR.COM.BR.



MarCelo pIU

arQUIVo peSSoal

Cesarano com o patrão Rusty na Califórnia preparando o quiver para a temporada de ondas grandes.

A COISA TÁ FICANDO SÉRIA Desde moleque meu sonho era ser surfista profissional, viver do esporte e curtir para o resto da vida esse lifestyle maravilhoso. Nunca fui talentoso. Eu era bem gordinho e literalmente atolava nas marolas. Uma vez ou outra ganhava alguns campeonatos menos expressivos, porém sempre perdia de cara nos grandes eventos... Mas lá estava eu, sempre disposto a conseguir o meu lugar ao sol no disputado mundo do surf. Naquela época, eu não imaginava que estava no rumo errado... Competição, com certeza, não era o meu caminho. Talvez se eu ganhasse tudo, iria mudar de opinião e adorar competir, entretanto, vejo o surf como algo muito superior a isso. É um estilo de vida de pessoas alegres e felizes, onde não importa quem é o melhor, e sim o quanto você se divertiu naquela session. É ter guardada aquela imagem do tubão na cabeça, a vibe da galera em uma trip, as mentiras contadas na hora da cervejinha... Isso, sim, faz a minha cabeça! E foi exatamente quando joguei tudo para o alto em busca disso, que o meu sonho de criança começou a se tornar realidade. Em todos esses anos, eu já trabalhei de vendedor em loja de surf, vendi açaí em campeonatos, fui pedreiro e montei barraca de feira no Hawaii, vendi muamba que trazia das viagens... Tudo para estar nos lugares que me davam prazer. E isso meu deu força e motivação para aproveitar todos os instantes dando muito valor ao momento que estava vivendo. Mas a minha vida começou a mudar mesmo quando recebi o e-mail do Sávio Carneiro (team manager da Rusty) com uma proposta de salário, viagem e algumas pranchas por ano para ser patrocinado pela marca. Na época, pensei comigo: “Eu pago para surfar e agora os caras querem me bancar para isso... Bingo!” Demorou para a ficha cair. Na

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verdade, caiu só em 2008. Hoje já estou no meu terceiro ano na equipe da Rusty e só agora resolvi dar um foco real a minha vida, pois descobri que não existe nada que me faça mais feliz do que isso. Sempre levei tudo à moda “caralha” e, por incrível que pareça, sempre deu certo. Estive presente em alguns swells épicos ao redor do mundo, consegui pegar boas ondas, me diverti e fiz muitas amizades pelo planeta... Mas lá no fundo, nunca me senti preparado de verdade para surfar essas ondas. Eu não tinha uma rotina de treinamentos, quase não surfava quando o mar estava marola, porém isso mudou. Agora estou escrevendo minha coluna da Surfar aqui no México, onde estou pensando na próxima temporada havaiana e planejando meu próximo ano. Depois que surfei aquela onda em Waimea na última temporada, eu botei na cabeça que vou seguir com isso e entrar no circuito das Big Waves. Em 2011, quero ter dinheiro e estrutura para perseguir os maiores swells mundo afora. Vejo isso como a realização de um sonho, mesmo sendo alguns pés maiores do que eu sonhei na infância (risos). Foco é a minha palavra-chave para essa nova fase. Agradeço ao Burle por ter me dado uma ideia lá na academia, onde estou treinando com ele. O cara é um mestre e um dos meus maiores ídolos. Também agradeço a ele e a toda sua geração por terem aberto as portas e conquistado respeito para a gente lá fora. Acredito que atualmente o Brasil é uma das maiores potências do surf de ondas grandes no mundo. Resumindo: estou amadurecendo e ainda preciso amadurecer mais, pois abri mão de fazer uma faculdade e de ter uma vida normal para seguir esse sonho. E graças a Deus tudo está dando certo para mim. Hoje tenho a oportunidade de viver do surf e encaro isso como um trabalho. O melhor trabalho do mundo!



Confira tudo o que rolou no coquetel de lançamento e na primeira etapa do Circuito PUC Surf 2010 nas ondas da Barra.

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1 – O casal Gustavo Diuana e Natasha conferindo a Surfar. 2- Os estudantes lotaram o Pilotis da PUC Rio no coquetel de lançamento do evento. 3 - Surfar invadindo a PUC. 4 - Sérgio Marchetti, Gabriel Pastori, João Tepedino e Ricardo “Caicai”, galera na fissura das ondas. 5 - A fotógrafa Júlia Worcman e Bianca Weber marcaram presença no PUC Surf. 6 - Aéreo backflip no Slackline. 7 - A praia ficou mais bonita com as loiras Ana Paula Brandão e Gabriela Lopes. 8 - As amigas Monique, Marina e Ana Luisa curtindo o evento nas areias da Barra. 9 - A simpatia das gatas Naiumi Goldini. Rebecca Morback e Amanda Menezes. 10 - A alegria da campeã Bárbara Rizzeto (lycra preta) e da vice-campeã Monika Takaki. 11 - Os sorrisos de Rebecca e Mariana. 12 - Caicai, Amanda Menezes e Guilherme Braga, organizador do evento. 13 - A confraternização da equipe campeã do confronto PUC Surf.

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FotoS: aNNIBal (1), GrIMaldI leÃo (3, 12), jÚlIa WorCMaN (2), dIVUlGaÇÃo (4, 5, 6, 7, 8 ,9, 10, 11, 13)

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PUC SURF 2010



Ben Borges (surfista): Bad Religion, Linkinʼ Park porque é um som de muita adrenalina e que me instiga antes das caídas.

Caio Lobianco (estudante): Eagle-Eye Cherry, Jack Johnson e MGMT, que é meio psicodélica e me inspira antes e depois do surf.

a Guilherme Lim genharia): En de e nt da (estu deixa de Reggae, pois me ra o surf. cabeça feita pa

as ondas estiverem pequenas e divertidas, o Rap é a melhor pedida.

Marina Yatudo (estudante de Jornalismo): Quando estou mais elétrica, curt o Led Zeppelin ou Sex Pistols para entr ar na água com tudo. E para manter a tran quilidade nas ondas, Mutantes ou King Crimson.

Camila Salles (repórter do Woohoo): Qualquer música do S.O.J.A é ideal Joana M achado para praticar esportes. O som dos (estudan te de Desi caras, além de alto astral, é de gn): What You Waiting Fo qualidade e inspirador. Gwen Ste r, da fan e ao mesm i me deixa anima da o tempo me inspir a.

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Gustavo Farjado (estudante de Publicidade): Punk Rock se o mar estiver pesado e tubular, mas se

Flávia Repsold (empresária): Depende do dia. Gosto de Black Music, Reggae, Rock, mas geral-

mente prefiro música mais agitada.

Pedro Valente (engen heiro de Produção): Punk Roc k pra instigar antes da caída, pois dá aquela acelerada e lembra os filmes de surf.

Pedro Henrique (estudante): Red Hot Chili Peppers, Kings of Leon e Charlie Brown Junior porque as músicas deles me instigam para surfar.

lo Davi “Locréia” Rômu in e Deep pel Zep Led ): dor (vende antigas que Purple, um rock das eu gosto.

i (ator): Gian Bernin ʼ 19 1/4 ra do filme 55 A trilha sono empolgar nk Rock para é animal. Pu isa. é a melhor co antes do surf



FotoS: BIdU

Galera brazuca reunida em Puerto Escondido no dia do grande swell. Bento, Gordo, o local mexicano Coco e Maya.

DEU BRASIL EM PUERTO POR: ROGER FERREIRA

Esta edição estava praticamente definida. Já havíamos separado uma página simples para a cobertura da segunda etapa do Big Wave World Tour, o Pico Alto Invitacional 2010, que, se fosse realizado, seria nossa única matéria de ondas grandes. Mas eis que aponta nos mapas de previsões o maior swell da temporada no Pacífico Sul, praticamente dez dias antes do fechamento. Muito pilhado por ondas grandes, passei a acompanhar a movimentação dos big riders que rodam o planeta em busca das maiores durante o ano. Através dos sites de relacionamentos e e-mail, soube que o pessoal desembarcou para conferir o swell primeiro no Chile. Lá os caras surfaram 25 pés na remada acompanhados pelo local Ramon Navarro e, na sequência, seguiram para Punta Hermosa, no Peru. No dia 19 de agosto, eles competiram em Pico Alto com séries que passaram dos 20 pés. Como o swell subiu para a América Central sem perder força, o time saiu naquela mesma noite em direção ao México. Em Puerto Escondido, uma galera brasileira, que curtia a temporada, adiou sua volta à terrinha para aguardar a bomba. E na manhã do sábado, 21 de agosto, Zicatela, o fundo de areia mais sinistro do mundo, amanheceu totalmente over control. Alguns dos mais atirados surfistas presentes no line up confessaram posteriormente que se decepcionaram um pouco. Os caras dificilmente ficam satisfeitos com o tamanho do mar, querem sempre mais. Entretanto, a questão é que ondas quadradas e fechadeiras de até 20 pés sólidos com muita corrente tornaram o espetáculo ainda mais emocionante. O quarteto brazuca, Maya Gabeira, Felipe Cesarano, Diego Silva e Pedro Scooby, marcou presença na água. Maya não precisa provar mais nada e o Gordo está em plena ascensão no cenário internacional. Já Dieguinho e Scooby eram os francos atiradores. Gordinho usou uma gunzeira do lendário americano Noel Johnson, falecido recentemente quando surfava em Puerto, emprestada pelo local Coco Nogales. Parecia que o espírito de Noel estava ao seu lado. Ele pegou na remada uma bomba para a direita com uns 20 pés que, após a cavada, jogou a

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placa e o engoliu, quebrando a sua prancha. Era o que faltava para o baixinho marrento do Recreio marcar de vez o seu nome no cenário do big surf mundial: pegar novamente a maior do dia na frente dos maiores nomes do cenário na atualidade. Fato que já havia ocorrido em Waimea no início do ano. Go, go, Gordo! A história do tubo mais profundo da sessão foi diferente. Pedro Scooby caminhava na areia, depois do café da manhã, quando seu camarada Bento saiu da água e disse que o mar estava gigante lá dentro. Após duvidar da informação, Scooby foi desafiado a tentar a sorte com a 9 pés do amigo. Ele não hesitou, se jogou e logo que chegou ao outside foi presenteado com a rainha da série, de uns 15 pés. Botou para baixo despencando, cavou na base e no instinto colocou para dentro da craca. Resultado: surfou o melhor tubo do dia na remada. Maya e Dieguinho também representaram e cada um pegou uma esquerda pesada para fechar muito bem a atuação do time brazuca. Também não posso deixar de falar da galera gringa que partiu para o towin, como os havaianos Mark Healey e Jamie Sterling. Healey é, sem dúvida, o mais insano de todos. Caiu sem colete, com prancha de tow sem alças e jogou para dentro das maiores do dia. Outros insistiram em remar, apesar das condições adversas. O recordista de vitórias do XXL e vencedor da última edição do Eddie Aikau, Greg Long, ficou sete horas no mar, surfou apenas duas ondas e ainda saiu com queimaduras nas costas e nos braços por não ter passado o protetor solar. Ele me disse em uma conversa na net que curte bastante surfar em Zicatela, pois os swells nunca geram ondas iguais lá e isso o mantém sempre motivado para voltar em busca do dia perfeito. No resultado final do big day em Puerto deu Brasil na frente! Com o Gordo inscrito na categoria Maior Onda na Remada do XXL 2011, além da confirmação de que o futuro do nosso país no cenário internacional das ondas grandes está garantido. Go Big!



FotoS: pedro MoNteIro

PAIS E FILHOS

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1 – O alto astral de Américo e seus filhos Maui e Kauai. 2 – Gabriel seguindo os passos do seu pai, o ex-surfista profissional Marcelo Bôscoli. 3 - Walter e Lucas Paes, pai e filho sempre presente nos eventos de surf. 4 - Dodysurf, presidente da Assoc. de Surf de Arraial do Cabo, e seu filho Thiago Melo. 5 - Miguel e Chloé Calmon, pai e filha unidos pelo surf. 6 - O jornalista Gerson Filho e sua filha Alanis. 7 - Carol Fernandes, irmã de Pedro Henrique, e seu pai Álvaro. Família que já nasceu com o DNA do surf. 8 - Os irmãos Bruna (8 anos) e Cristiano Silva com sua mãe Araceli. 9 - Luca Nolasco com seu pai coruja Daniel. 10 - Guilherme Henrique com seu filho Carlos Guilherme no Sub-14 estadual.

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POR: TIAGO GARCIA

A trilha sonora fica por conta de Mike Snow, Xavier Rudd, Yeasayer, Jack Penate, entre outros. E a banda brasileira Zilero encerra os quase quarenta e três minutos de vídeo com a música Ai,ai,ai. Cancer to Capricorn pode ser baixado gratuitamente através do site reef.com/ cancertocapricorn Confira agora uma entrevista com Thiago Camarão falando sobre sua participação no filme. Essa foi a primeira vez que você apareceu no filme principal do seu patrocinador. A que você atribui esse convite? Acho que eles me chamaram mais para me conhecer e acabaram usando umas imagens no filme.

O registro de imagens em surftrips que rolaram entre as linhas do Trópico de Câncer e de Capricórnio, essa é a ideia do título de Cancer to Capricorn, a mais nova produção em vídeo da Reef. Entre essas linhas imaginárias do planeta, picos no Hawaii, Austrália, México, Micronésia, El Salvador e Mentawaii foram os escolhidos como locação. A direção e a fotografia ficam por conta de Russel Brownley, que faz um bom trabalho. Em algumas sessões, três câmaras são utilizadas para registrar tudo de ângulos diferentes, o que permite detalhes de cada manobra ao espectador, com destaque para as excelentes imagens de dentro d’água feitas por Chris Bryan. O roteiro é trabalhado em cima das viagens e na narração dos atletas em relação às suas experiências como surfistas. Mick Fanning, Rob Machado, Ben Bourgeois, Tonino Benson e Jay Thompson são alguns que fazem parte da produção e compartilham momentos de suas carreiras. Gostei muito da “volta” de Ross Williams em um vídeo, sim, o mesmo Ross que era uma das estrelas da geração Momentum nas produções de Taylor Steele. O havaiano mostra que, apesar dos anos, continua surfando muito com suas potentes rasgadas de frontside ainda no seu repertório. Já Thiago Camarão pela primeira vez faz parte da equipe em um filme da marca e aproveita a oportunidade para dar uma aula de estilo e aéreos reverses nas ondas de El Salvador.

NEWS: - Confira o projeto INNERSECTION através do site www.innersection.tv, e aproveite para votar nos surfistas brasileiros que estão concorrendo semanalmente. - Durante o fechamento desta edição, a Surfar esteve em Trestles, na etapa do WT, filmando a competição e as sessões de freesurf. Em breve os vídeos no SurfarTV.

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Durante as gravações aconteceu alguma coisa inusitada ou algum perrengue? Dessa vez não rolou nenhum perrengue, a trip foi muito bem programada. Viajamos com três videomakers e um fotógrafo, sem falar que ficamos em um resort alucinante em frente de Las Flores com boas ondas e toda a infra. Você foi quem dirigiu a Kombi da barca. A galera sabia o risco que estava correndo? Se fosse você dirigindo, aí sim seria um perigo, né Tiago?! Aqui é piloto rapaz... VRUUUUUUUUUUUMMMM. Passei e nem me viu. Eu chamei e nem me ouviu! Para encerrar, qual o seu foco para 2010? Foco? O que é isso? Hehehe. Sempre procuro surfar bem, manter um ritmo de surf e um nível alto. Agora foco em competições, eu não tenho muito. Quero surfar bem e se acontecer algum resultado, irado! Tô brincando! Estou mais focado do que nunca, mas resultado que é bom, nada... Hahahaha.

TOP 10 VIDEOS: Por Tiago Camarão

Campaign 2 Wake Up 2 Stranger Than Fiction Day of Stranger 3 Degress Fanning The Fire Wake Up Foquei 2 Burn Subfoco

arQUIVo peSSoal

CANCER TO CAPRICORN

A barca que você fez com a galera foi apenas para El Salvador? E quem surfou mais na trip? Foi sim. E o cara que mais surfou foi o Tonino Benson, com um surf de backside muito moderno e polido, sempre mandando boas manobras. O Nick também surfou muito



ILHA DE NIAS Atração principal: “Montanha-russa” para direita. Quebra em uma bancada de coral morto com um looping, quer dizer tubo, que pode passar dos 10 segundos. Horário de funcionamento: Qualquer maré, swell de sul ou sudoeste entre 3 e 15 pés e ventos do quadrante norte. Como chegar: Saindo do aeroporto de Bali é 1h40 de voo Bali-Jakarta, 2h de Jakarta-Medam, 1h de MedamGunungsitoli e 3h de táxi do aeroporto de Gunungsitoli até Lagundry Bay, onde fica a onda. Valor do ingresso: Média de 750 dólares para ficar uma semana. 500 em voos de ida e volta, mais 100 de táxi ida e volta, uns 50 para uma semana de pousada e uns 100 de rango.

Jakarta é a capital da Indonésia. Principal porta de entrada do país e ponto de partida para picos de surf como Bali, Mentawaii, Lombok, Sumbawa, entre vários outros. Quase nenhum surfista usa a cidade como base para as surf trips, já que ela é infernal e na suas praias não quebram ondas boas.

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Julho é mês de férias. Molecada sonhando em ir para Disney e nós, as crianças grandes, querendo altas ondas. Pensando nisso, fizemos um especial do melhor “parque de diversões” do mundo. Juntamos a melhor esquerda com a melhor direita e criamos um guia da Disney dos surfistas, a Indonésia. De bônus, ainda esticamos nossa trip para uma ilha deserta, com “montanha-russa” liberada só para os nossos convidados. Aperte o cinto, mãos para o alto e se prepare. A diversão só está começando! POR: PEDRO TOJAL

SECRET Atrações principais: São no mínimo três esquerdas e uma direita de nível internacional. Todas tubulares. A esquerda principal quebra em uma rasa bancada de coral vivo e é considerada a onda mais perigosa da Indonésia. Tubos com mais de 15 segundos são normais no pico. Traga roupa de borracha, luva, botinha e até capacete. Pode ter certeza, você vai precisar! Horário de funcionamento: A esquerda principal quebra em qualquer maré. Na cheia fica muito em cima da bancada. Quando seca, a zona de arrebentação fica um pouco mais longe da parte exposta. Ondulação de sul ou sudoeste entre 2 e 12 pés e ventos do quadrante leste. Como chegar: Segredinho! Valor do ingresso: Se você tem grana, uns US$2.800 por oito dias em iate de luxo. Se você está com o orçamento apertado, faça como a gente: vá com barco de pescador e acampe na frente do pico. Nesse esquema vai gastar uns US$500 para ficar cinco dias no melhor “parque” do mundo. Tá valendo?

DESERT POINT Atração principal: “Montanha-russa” para esquerda. Quebra em cima de uma rasa bancada de coral vivo e afiado. Em dias clássicos é possível pegar cinco loopings, quer dizer tubos, na mesma onda. Canudos com mais de 20 segundos não são raros nesse brinquedo dos sonhos. Horário de funcionamento: Meia maré e maré seca, swell de sul ou sudoeste entre 2 e 12 pés e ventos de sul e sudeste. Como chegar: De Bali é 1h30 de moto até Padang Bay, 5h de ferryboat até a ilha de Lombok e mais 2h de moto até Desert. Também é possível alugar um speed boat em Bali (2h) ou ir de avião (30min de voo e mais 2h30 de carro), mas essas duas opções são bem mais caras. Valor do ingresso: Indo de scooter saí em média 200 dólares para ficar uma semana. São 30 de aluguel da moto, 10 de gasolina, 20 para ir e voltar com a scooter no ferryboat, uns 100 de rango e 40 para dormir em uma casinha de palha sem luz e sem banheiro. Caso você queira conforto é possível ficar em bons hotéis, que ficam a aproximadamente 25 km do pico, mas aí o valor da trip sobe consideravelmente.

Bali é a capital do turismo na Indonésia. Ao lado da Austrália e do Hawaii é uma das capitais do surf no mundo. Quase todos que vão surfar no país ficam por lá. Festas, comida boa, hotéis baratos e altas ondas são alguns dos motivos que fazem da ilha uma espécie de base principal dos surfistas. Uluwatu, Padang-Padang e Keramas são as “atrações” principais, mas se prepare porque as “filas” de espera são grandes e todas as “crianças” querem as melhores ondas. Então, é melhor ter paciência ou comprar um ticket para algum “parque de diversões” sem crowd. Tá afim? Quebra o cofrinho!

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NIAS É´ A DISNEY DOS ´ ´ SURFISTAS. VÁRIOS HOTÉIS BARATOS NA CARA DO PICO, RESTAURANTES, PEQUENAS ´ SURFSHOPS, FOTÓGRAFOS E FILMMAKERS LOCAIS REGISTRANDO O SURF. TExTO E FOTOS: PEDRO TOJAL

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Marcos Giorgi entocado nos “encantos� de Nias.

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Igor Morais, local de Maresias, na casa dos espelhos.

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Uma direita perfeita quebrando em um mar de água quente e em cima de uma bancada não muito rasa. Detalhe: a galera chega de cabelo seco de tão fácil que é para entrar na água e a corrente do canal ainda te joga de volta para zona de drop. Quer mais?! Na região existem outras ondas clássicas e quase sem crowd. É só alugar uma motinha ou pegar um barco que a caída diária está garantida. Massagem, rede e restaurante com vista para a onda. Resort? Que nada! Lagundry Bay, praia que abriga a direita mais perfeita da Indonésia, é uma espécie de complexo turístico do surf, só que no estilo rústico. Tudo que um surfista pode precisar, ele vai encontrar com facilidade e preço justo. Desde quartinhos em pousadas por cinco dólares até suítes de US$ 40 em hotéis de verdade. Lá tem oficina de prancha e gente registrando em foto ou vídeo toda a ação.

Abaixo: Tojal teve que fretar esse avião para chegar a tempo pro swell. Olha a carinha de Kamikaze do piloto. Vai encarar? A pousada Marlinto Losmen, branca e verde, é a melhor de Nias.

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O local Justin voando em um parque secreto perto de Nias.

Visual completo da “Disney” das direitas. Coqueiros, pousadas, bancada e o Eric de Souza pegando uma bomba. Tá bom ou quer mais?

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Surf shops vendendo parafinas, quilhas e até pranchinhas gringas. Tem massagistas cobrando dois dólares por uma hora de puro relax. Comer peixe fresco no restaurante com vista para o mar não sai por mais de US$ 4. Se Nias não estiver quebrando, pague três doletas e alugue uma scooter para procurar alguma onda boa e surfar sozinho. Se estiver quebrando, aí é pura alegria. Uma falha na bancada, resultado deixado pelos terremotos de 2004 e 2005, garante a entrada mais fácil em um dos melhores picos de surf no mundo. Nunca vi nada parecido. Dá para levar até a sua avó. E olha que ela nem vai estragar o penteado de laquê e ainda vai ver você pegando tubos com mais de 10 segundos de duração. Imagina você e sua avó no outside! Imaginou? Só em Nias Land mesmo...

O australiano Dale viaja o mundo de barco, mas sempre arruma um jeito de voltar para Nias. “Já rodei tudo e não achei nenhuma direita parecida com essa”.

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aleX MaCaBU

Busca Pé (apelido tirado do filme “Cidade de Deus” pelos locais) pode furar fila. Deu a sorte de nascer dentro do “parque de diversões”.

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Durante a trip, Eric de Souza esperou paciente na fila. Foi recompensado. Pegou a melhor no “Paraíso das Direitas” e deixou a criançada de boca aberta.

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Desert é hoje a atração número um da Indonésia. Quando o mar sobe, quase todos os surfistas de nível que estão em Bali correm para lá. É havaiano, australiano, brasileiro, balinês, japonês, enfim, crianças grandes do mundo inteiro querendo curtir a melhor “montanha-russa” do planeta. TExTO E FOTOS: PEDRO TOJAL Com isso vocês já imaginam. Se em época de férias já têm filas gigantes na Disney, imagina Desert Point quebrando de gala em pleno mês de julho. O crowd passa dos 70 e isso porque o “portão de entrada” da onda não chega aos 20m². Tem horas que simplesmente o parque fica super lotado e nem surfistas com ingresso VIP, como o Mister Desert, descobridor do pico, conseguem pegar onda. Nós, brasileiros, muitas vezes vamos lá para baixo, na última sessão conhecida como Grower. É sem dúvida a parte mais tubular e perigosa, pois a bancada fica quase que exposta e a onda dobra de tamanho. Nem todas que chegam lá abrem, porém quando encaixa é a Pipeline da Indonésia. Poucas pessoas surfam ali, e só em dias muito clássicos é que a galera consegue conectar lá de fora até o Grower, então, acaba sendo a melhor opção para fugir do crowd. Você não vai pegar o tubo de 20 segundos, mas pode pegar o tubão da vida ou a vaca da morte.

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Final de tarde com o parque funcionado a todo vapor. Ian Cosenza esperando o “looping� rodar.

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Yan Guimar達es nos trilhos perfeitos de Desert Express.

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Diferente de Nias, que tem toda uma estrutura na praia, Desert é um lugar bem mais “roots”. Na frente do pico só existem algumas palapas com locais servindo bebidas e comidas, a água doce vem de poço artesanal, não tem luz elétrica e para dormir só mesmo em uns bangalôs de palha bem rústicos. Se em terra o “parque de diversões” não oferece muitos confortos, no outside a conversa é bem diferente. A mecânica da onda é tão perfeita que lembra uma estação de ski, onde você desce a montanha e já pega um teleférico para o topo. Lá a corrente é tão forte que te conduz para o pico. Pegou uma onda é só remar para fora e esperar. Em pouco tempo e sem esforço, você volta para zona de drop e se tiver sorte pode surfar mais de 250 metros em 20 segundos dentro de um único tubo. Faz a conta aí! 250 metros em 20 segundos... Ah, tá! Esqueci que essa reportagem é sobre férias em parques de diversão e que você não vai querer fazer contas. Em Desert a velocidade é tanta que o surfista passa dos 45 km/h. Não é à toa que apelidamos esse parque de Desert Express. Piuiiiiiiiiiiiiii! O paulista Ricardo Ferreira curtindo o parque até o final da tarde.

Gabriel Pastori numa “craca” de botar qualquer “looping” no chinelo.

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O catarinense Ícaro Ronchi no limite da emoção.

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Magno Pacheco, igual a uma crianรงa, curtindo de ponta a ponta a montanha-russa mais perfeita do mundo.

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Antes de o brinquedo fechar sempre dá tempo para a última volta. Tubão de Flávio Nakagima em “The Grower”.

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“Não para de vir onda, meus camaradas tão pegando um tubo atrás do outro, eu tô emocionado, não consigo parar de gritar, a parada tá de outro planeta, é uma atrás da outra... Meu Deus do céu, que onda é essa?...” - Gabriel Pastori, 4 de agosto de 2010. Ilha Perdida, Indonésia. Foram exatamente essas palavras que ele usou. Está lá. Tudo registrado. Com a câmera em mãos, Gabriel não se conteve. Com frases emocionadas, durante uma sessão de tubos perfeitos, ele resumiu o que foi “A” viagem. Uma trip numa ilha deserta, altas ondas, só camaradas e ainda por cima no dia do meu aniversário. Sonho realizado. Completei 28 anos no melhor “parque de diversões” do mundo! TExTO E FOTOS: PEDRO TOJAL

ESSE CROWD TÁ FODA...

SWELL CHEGANDO. VAI PARA AONDE?

Depois da trip para Nias, de algumas investidas em Desert Point e com os picos de Bali lotados, a galera já estava meio cansada de tanto crowd. Juntei Gabriel Pastori, Guilherme Sodré, Yan Guimarães e Eric de Souza e propus uma barca para uma ilha sem crowd, com altas ondas e que eu vinha estudando há anos. Na hora os quatro abraçaram a ideia e começamos os preparativos para aquela que seria a viagem de nossas vidas. Com 50 dólares por pessoa, compramos barracas, lanternas, fogareiro, comida, enfim, tudo de necessário para passar cinco dias em um lugar sem estrutura nenhuma. Onde ninguém mora. Um paraíso perdido no meio do Oceano Índico.

É foda, mas às vezes não explanar é a melhor saída. No mês de julho, Bali é quase uma extensão do Brasil. Quando tem swell chegando, a galera começa a se agitar e um quer saber o que o outro vai fazer. Como estávamos indo para um secret, tentamos ficar o mais quietos possível. Mesmo assim, alguns perceberam que nossos planos eram um pouco diferentes e ficaram um tanto irritados. Mas como a vovó já dizia: “Para mim, cara feia é fome, filhinho!”

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VIVENDO O SONHO Em 2004 vi o melhor filme de surf da minha vida. Só camaradas em uma ilha com altas direitas e esquerdas. Desde então, não parei de pesquisar sobre o pico. Descobri tudo o que podia e botei na minha cabeça que um dia faria o mesmo. Na base da mímica e com o indonesiano básico do Gabriel, conseguimos três ajudantes locais e um barco por 200 dólares a diária para rachar em cinco. Normalmente as grandes embarcações que exploram essa região cobram US$ 2.800 por pessoa durante oito dias. Como somos brasileiros e não jogamos dinheiro fora, criamos nosso próprio “Surf Tour”. Com tudo esquematizado, encaramos mais de cinco horas de mar aberto. Na ilha, nós montamos nosso “resort” com cozinha, rede e cinco suítes, quer dizer, barracas, de frente para o mar. Alegria pura! Depois de seis anos, lá estava eu, vivendo meu maior sonho!

PEGA LADRÃO! Já na chegada, um “meliante” roubou nosso chocolate. O Eric saiu correndo atrás e recuperou. Bem que a gente já tinha visto ele do barco, só olhando o perrengue da galera desembarcando os mantimentos. O macaquinho era esperto mesmo. A cada caixa de rango deixada na areia, lá vinha ele tentando se dar bem. Se a capa de prancha com as comidas não estivesse fechada, o macaco vinha e fazia a festa. Um dia o Gabriel perdeu a paciência e saiu correndo atrás do bicho. Parecia um maluco gritando: “Pega ladrão, pega ladrão!”. Foi hilário!

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Eric de Souza segurando firme na “montanha-russa” mais rasa da Indonésia. Ondas perfeitas e sem crowd. Gabriel Pastori aproveitando suas férias na Ilha Perdida.

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Guilherme Sodré na “roda gigante” mais emocionante do mundo.

Pastori atrasando pro “looping”.

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Transfer particular.


TÔ COM MEDO Eram três pescadores com a gente. O capitão nunca saía do barco, pois não sabia nadar e tinha medo dos animais da ilha. “Lá tem alce, tigre e até rinoceronte!”, ele já foi logo avisando. Os outros dois indonesianos iam à praia para ajudar a fazer o rango e levar comida pronta de volta para o barco. Teve um dia que chegamos tarde do surf e eles tiveram que voltar para embarcação de noite. Foram com prancha e colete salvavidas. Eles não saíram pelo reef em frente às barracas e sim no quebra-coco ao lado. Eu imaginei que podia dar merda e fui iluminar a arrebentação pros caras. No meio do caminho entrou a série. Um conseguiu varar, mas o outro tomou em cheio. Uma bomba de um metro bem no meio da cabeça. Entrei no mar e tirei o cara. Ele perdeu a porra toda. Foi comida para tudo que é lado. Depois do choque, o Guilherme liberou a barraca para o local, que dormiu de lanterna acesa e faca na mão, apavorado com os animais selvagens da ilha. Aí, que meda!

SOL, ÁGUA QUENTE, LONG JOHN... ESPERA AÍ! LONG JOHN? A esquerda quebra em cima de uma bancada muito rasa. É provavelmente a onda mais seca de toda Indonésia. Com um calor de 40 graus, a galera tinha que usar roupa de borracha. Todos foram salvos de algum tipo de corte graças a isso, só que pés, mãos e até a cabeça foram lanhados. Muita cara feia na hora de esfregar o limão. Era palavrão sendo berrado o tempo todo. Um monte de marmanjos chorando com os ralados feitos no parque de diversões. Da próxima vez, vem de armadura neném!

Entocados no paraíso.

Suíte presidencial

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Gabriel Pastori acelerando seu foguete nas pistas do “parque aquático”.

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ANIVERSÁRIO SOZINHO NO PARAÍSO No primeiro dia tinham dois barcos com australianos dividindo as ondas, mas nunca passavam de cinco pessoas no outside. Era tanto tubo rolando que todos se respeitavam. Gabriel, Gui, Eric e Yan se revezavam na prioridade e na filmagem. A galera levou uma câmera à prova d’água. A regra era a seguinte: pegou um tubo, tem que ir para o canal filmar. No segundo dia todos os barcos foram embora. Não sei o porquê, mas eles deixaram para trás esquerdas perfeitas, quebrando com 1,5m, só para gente. Passamos mais três dias assim, sozinhos e com altas ondas. Foi como se tivessem fechado o melhor parque de diversões do mundo para eu e meus amigos brincarmos. Um presente de Deus, bem no dia do meu aniversário.

DE CARA NA PEDRA No quinto dia nosso combustível já estava no nível crítico. Mal tínhamos como voltar para o continente. Na fissura de surfar o máximo possível, rodamos a ilha várias vezes e ignoramos o fato de ter gasolina para a volta. Afinal, não seria nada mal ficarmos ilhados naquele paraíso... Como o swell já havia perdido força, resolvemos desarmar o camping e partir no meio do quinto dia de viagem. Eu e Eric ficamos no barco, mas Gabriel, Gui e Yan resolveram pegar as últimas sem crowd. As séries estavam demorando e, como eu sabia que nossa jornada de volta seria meio arriscada, resolvi dar uma apressada nos fissurados. Fui ignorado. Dez segundos depois de eu gritar “Partiu!”, entrou uma série perfeita. Achei que iríamos ficar lá até o último raio de sol, pois todos queriam pegar mais e mais ondas. É aí que mora o perigo. Geral já tinha pegado mais de 100 tubos na trip e mesmo assim queriam continuar. Até que em uma da série o Yan veio profundo demais, rodou com o lip e foi explodido no coral. Bateu de cara, costas, perna, braço, enfim, se ralou todo. Só sobraram machucados, uma bermuda ensanguentada e uma roupa de borracha rasgada para contar história. Acho até que saiu barato. Ter um ralado a mais ou uma roupinha a menos depois de tanto tubo é lucro!

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Nosso fotógrafo ficou no meio dos trilhos só para vocês sentirem um pouco da emoção do brinquedo. Yan Guimarães no caminho da saída. Volte sempre!

MAIS FOTOS E VÍDEOS DA INDONÉSIA EM NOSSO SITE.

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e 25 pés no Chile os d a m ci a s e até gerar onda r com bombas d a Central após va ic la ér e m d A a in na qu á ou a verdadeira m a cena pegando mporada encost te um ou la da ub l te ro a el e ic sw qu Z , r e io no d o, o ma m a praia ipe Cesara relatos Em 21 de agost extremas tornara aya Gabeira, Diego Silva, Fel s õe iç tos de Bidu e os nd fo co s s a a ra o, ic fi M éx on os C M ir . session Peru. No os brasile bo mais “deep” da line up estavam o tu o N . ou ce et fa pl e m d s co 35 pé cooby, que o dia, e Pedro S d da on r io a m a far. tletas para a Sur exclusivos dos a

Fotos: Bidu

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O local Carlos “Coco” Nogales.

Diego Silva.

Maya Gabeira.

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“ Rolaram ondas bem sólidas em Puerto Escondido. Zicatela é sempre um desafio e, apesar das correntes fortes e condições não tão perfeitas, todo mundo conseguiu achar os seus tubos. A coisa que mais gosto de Puerto é que os swells nunca são iguais, e isso te mantém instigado para voltar lá à procura do dia perfeito.” - Greg Long Jamie Sterling.

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“ Tendo surfado Puerto pelos últimos 10 anos, quando esta grande como nesse swell, eu apenas sento lá fora e espero, pacientemente, por aquela onda da vida...” - Rusty Long.

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“O Gordo definitavemente pegou a maior onda que vi nesse swell. Ele estava melhor posicionado quando a série entrou e percebi que estava um pouco indeciso. Não sou de incentivar, mas como já tinha caído com o Gordo em outros mares gigantes, sabia que ele conseguiria o drop e que estaria disposto ao desafio. Então dei um grito para ele ir. Apesar dele não ter completado, só de entrar num tubo daquele tamanho em Puerto já é um grande feito. Fiquei amarradão de estar la para ver aquilo.” Greg Long

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KaI BeNSoN

Felipe “Gordo” Cesarano.

“ Na véspera do big swell, o Gordo veio me pedir uma prancha. A única que eu tinha para emprestar era uma do Noel Robinson (falecido recentemente surfando em Puerto). Claro que eu não queria emprestar, porque ela é especial. Mas também não podia ser egoísta e acabei achando legal compartilhar aquela prancha, pois tive o pressentimento que ele iria pegar uma das grandes se a usasse. Então, o deixei surfar com ela, que pegou a maior onda que qualquer brasileiro já surfou na remada aqui em Puerto.” Carlos “Coco” Nogales

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MAIS FOTOS E Vテ好EOS DESTE SWELL EM NOSSO SITE.

Dave Wassel.

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“Esse swell em Puerto estava bem irregular e com muita corrente, por isso eu optei pelo tow-in com o Jamie Sterling. Fazia bastante tempo que não segurava na corda do tow e peguei bons tubos lá fora!” - Mark Healey “As ondas estavam imprevisíveis! Foi um trabalho árduo para quem estava lá na remada.” - Grant “ Twiggy” Baker

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O Tão falado tubo de Pedro “Scooby”.

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pedro tojal

Que tal passar uma semaninha numa “clínica de surf” surfando todos os tipos de ondas na companhia de um cinegrafista e um fotógrafo? Nada mal hein! Foi para isso que o time da Volcom desembarcou na Nicarágua, América Central. Lá a galera passou uma semana acordando cedo, fotografando e filmando as sessions nos diversos picos da região. Convidamos Marcelo Trekinho para contar como foi um pouco dessa descontração misturada com trabalho. POR: MARCELO TREKINHO

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pedro tojal

A ESCOLHA PERFEITA

dIeGo Motta

pedro tojal

dIeGo Motta

No sentido horário: Gustavo extrapolando em Santana; Marcos Sifu não perde nenhum momento da onda para voar; Muitas opções e pouco crowd; Mickey Bernardoni bem posicionado para garantir seu espaço na matéria.

A Nicarágua foi um tiro certo! É um lugar barato com várias praias, pouco crowd e água quente. Muitas ondas parecem com as da zona sul do Rio, curtas e perto da areia, além de boas para tubos e manobras. Mas por serem no Pacífico, as ondulações chegam muito limpas, geralmente está terral ou sem vento. Swell de 17 segundos lá é normal. Ficamos na praia de Santana em um hotel com uma boa infra-estrutura de frente para o mar. Durante toda a trip surfarmos em quatro points diferentes: Colorado, Santana, praia Rosada e Popoyo, o mais conhecido. Chegamos com as ondas ainda pequenas e no meio da semana entrou um swell grande de uns 10 pés. O crowd na Nicarágua é bem tranquilo. Não tivemos nenhum problema, briga ou discussão. A galera foi bem educada. Como é beach break, tem ondas em vários lugares. Caíam três aqui, dois ali e não ficava todo mundo aglomerado num mesmo pico e dava para pegar onda tranquilamente.

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Agora Playa Colorado foi o melhor pico para mim. Que beach break! Uma praia bem aberta que no meio tem um fundo de pedra, mas com areia, que faz com que a onda quebre mais no outside, tipo a Macumba, só que quando chega ao inside fica bom. Próximo do canto esquerdo, a onda é mais na beira e muito macia, ótima para aéreos e tubos. Como se fosse o Leblon e Ipanema abrindo perfeito. Já no canto direito tem uma parecida com a do Pontão do Leblon, meio balançada no drop. O clima é quente, a água é morna igual a do nordeste e a galera local é muito gente boa. E o melhor, nunca tem ninguém caindo! (risos) No sentido horário: Santiago Muniz executando um Kerrupt; Trekinho entocado segurando na borda; Shilickman rasgando em grande estilo; Daniel Cortez apresentando seu arsenal de aéreos.

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dIeGo Motta dIeGo Motta

Logo cedo surfávamos na praia de Santana, um beach break perto de um costão de pedras, onde rola um triângulo para a esquerda, tipo São Conrado. Gostei também da Praia Rosada, um point break para a esquerda que dá umas ondas quando está maior, um pouco mais pesada com fundo de pedra que permite umas quatro manobras.


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dIeGo Motta

dIeGo Motta

pedro tojal


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pedro tojal

No final da trip o mar subiu e fomos para Popoyo, onde fica um outer reef. Olhamos lá de cima do cliff e na primeira série que entrou já deu para ver que estava grande, uns 8 a 10 pés no mínimo. Falei para o fotógrafo Pedro Tojal: “Vamos olhar lá de dentro?”. Na hora ele respondeu: “Bora!” Entramos na água e demoramos uns 15 minutos até chegar ao local. A remada foi muito tranquila, apesar de longa. Chegamos por trás do pico pela direita da onda, que eu nem sabia que existia. Tentamos umas para a direita, mas tinha que vir muito de trás, então, achei arriscado. A onda era esquerda, não tem parada! Demos a volta pelo outside e Tojal se posicionou no canal. Numa das primeiras, eu já tomei uma vaca boa. Fui “esmigalhado” por duas ondas e remei muito para voltar. Falei: “Fui batizado Tojal! Agora posso surfar”. Popoyo é sinistro, quebra lá fora e o fundo é de pedra. Você tira um tubo, dá uma manobra e tem que sair. Mas a session foi irada, 6 a 10 pés muito agradáveis. Caí com uma 6’5, que ficou no limite, porém uma 6’10 me deixaria mais confortável. A onda é boa e tem um momento para dropar bem antes de ela ficar buraco. Dá para vir lá de trás. Também existe uma corrente que puxa para baixo do pico e, de repente, você pode tomar uma série na cabeça. Foi muito legal a trip para Nicarágua. Filmmaker, fotógrafo e surf o dia inteiro. Depois a galera toda se reunindo para assistir as filmagens e as fotos para tentar melhorar ainda mais no dia seguinte. Muito bom, pois a gente evolui e opinamos sobre as ondas dos outros. Foi descontração total só com o compromisso de surfar e nada mais...

pedro tojal

dIeGo Motta

TRANQUILO, MAS NEM TANTO ASSIM...

Equipe Volcom com seu material de trabalho.


pedro tojal

Um surfista não identificado mandou ver ladeira abaixo sem medo de ser feliz.

pedro tojal

Acima: Um brinde à vida boa!! Treko era só felicidade...

NSrSUrFSHotS.CoM

Trekinho não se intimidou e fez bonito no dia que o mar subiu em Popoyo.

MAIS FOTOS DESTA TRIP EM NOSSA GALERIA ON-LINE.

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FotoS: dIVUlGaÇÃo

Maior candidato a revelação da ASP em 2010, Jadson André só foi parado graças ao julgamento polêmico no Pier.

ATAQUE BRAZUCA EM HUNTINGTON POR: ROGER FERREIRA

Pier de Huntington lotado durante o US Open.

O “local hero” Brett Simpson conquistou o bicampeonato consecutivo do US Open of Surfing, em Huntington Beach, Califórnia, levando uma multidão ao delírio. O mega evento, que reúne também shows de música, skate, BMx e arte, contou com a participação brilhante dos brasileiros que deram um show à parte, promovendo um verdadeiro ataque aéreo na Califa. Em sua 51ª edição, o US Open aconteceu no início de agosto em ondas de até 1 metro bem ao lado do tradicional píer de Huntington Beach. As pequenas condições do mar favoreceram bastante os atletas da nova geração que abusaram das manobras aéreas, levantando o público presente que delirava a cada voo. Durante os sete dias de competição, o “time brazuca”, que conseguiu avançar até as fases finais, promoveu um verdadeiro show de surf na terra dos gringos. Miguel Pupo, Gabriel Medina, Alejo Muniz, Adriano de Souza e Jadson André foram alguns dos destaques do evento com excelentes performances. Jadson teve as melhores médias, ficando na quinta colocação após uma bateria com notas polêmicas que favoreceram seu oponente, o bicampeão mundial Mick Fanning. Medina e Mineirinho pararam nas oitavas e finalizaram na nona posição. Já Miguel ficou com a quinta colocação no WQS e ainda fez a final da Pro Junior, terminando em quarto. “Minha performance foi boa para melhorar a minha imagem no cenário internacional. Os comentários dos locutores e da galera na mesa do jantar todos os dias me deixaram feliz, sinal que consegui chamar a atenção deles”, disse Miguel, que fez questão de mencionar um fato interessante que rolou na sua melhor bateria na competição. “Contra o Jordy Smith, nas quartas, fiz minha melhor bateria. Ele é o cara hoje, número um do mundo nesse momento, e eu sou fã dele. Somei 16,10 e perdi, mas não vendi o peixe barato. Depois ele veio falar comigo: ‘se classifique para juntar- se a nós no WT’. Fiquei muito amarradão”, completou.

Brett Simpson comemorando um bicampeonato.

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A galera brincando no bowl do evento, Miguel Pupo e o palco do maior evento de surf da atualidade.



SÓ INTERFERÊNCIA TRAVA ALEJO MUNIZ Outra polêmica envolvendo brasileiros aconteceu na final da Pro Junior. Miguel e Alejo vieram na mesma onda, depois de darem várias manobras no outside. Miguel resolveu sair, mas Alejo continuou. Na sequência, a locução informou uma interferência para o catarinense, que perdeu 50% da sua segunda melhor onda e amargou a segunda posição. “Se considerarmos a regra, a interferência aconteceu, pois o Miguel ficou em pé primeiro do que eu. A questão é que a onda dele não tinha tanto potencial como a minha. Fiz um 7,60 e com essa nota venceria o campeonato”, protestou Alejo no e-mail enviado à redação da Surfar. Mesmo tendo feito as melhores notas do confronto, ele teve que se contentar com a vitória do norte-americano Evan Geiselman. “Aprendi bastante com o que aconteceu, tanto na Pro Junior como no WQS. E daqui para frente não vou cometer mais o mesmo erro” finalizou o brasileiro. Na grande final da categoria principal quem se deu bem pela segunda vez consecutiva foi o local Brett Simpson. Ele derrotou com todo mérito o atual líder do WT, o sul-africano Jordy Smith, para sair da praia mais uma vez consagrado.

Brett voando para a vitória em Huntington.

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Alejo Muniz foi vice na Junior. O evento foi repleto de maravilhas.



RAFAELLA Bueno 19 ANOS

FotoS: CelSo pereIra jr.

Rafaella Bueno nasceu em Brasília e atualmente mora em Vila Velha, no Espírito Santo. Frequentadora das praias Itapoã e D’Ulé, ela diz que adora o surf e que pegava onda, mas teve que parar por causa da falta de tempo com o trabalho e estudo. Atualmente ela cursa Técnico em Segurança do Trabalho, porém o seu maior sonho é estudar Medicina. Para manter o corpo em forma, a bela morena faz uma alimentação equilibrada e pratica dança do ventre, que é a sua paixão. Nos fins de semana, Rafaella gosta de ir à praia e sair com os amigos, no entanto, o que curte mesmo é viajar. “Quero conhecer tudo, principalmente aqui no Brasil, pois nossas praias são as mais lindas! Mas pelo fato da dança, tenho muita vontade de conhecer o Marrocos”, diz a gata brasiliense.

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BIQUÍNIS NICoBoCo

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MAIS FOTOS DESTA E OUTRAS MISSES EM NOSSO SITE.

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BIQUÍNIS NICoBoCo

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lUCIaNo CaBal

pedro MoNteIro

idade: 17 anos patrocínio: cyclone quiver: 5’11, 6’1. 6’2, 6’6 shaper: RICARDO MARTINS

Daniel Gonçalves começou a pegar onda com apenas cinco anos e teve como grande incentivador o seu pai. Aos 17 de idade, o local do Recreio diz estar treinando bastante os aéreos, além de curtir ondas grandes e tubos. Segundo Daniel, 2010 é o seu último ano como amador, pois pretende se profissionalizar no ano que vem. 4 meta m 1Outra penasdecoBiologia a , e dorf garoto érd fazer faculdade Marinha. ta r a u ano Nova n s o sobre sesse jovem talento lh começou a sConfira mais a b a tr erso divSurfar. . Fez da ou maisGeração e ir

ade, cena, 25 de id o D r a m O ca larg o alto ta cari ar tudo para o de cara e não g u jo o n té o O ator e surfis a ix a w p o a h is e Ídolo no esporte? o Brasil e ao ador, mas s ra dá nal pago Mult a p ca a o lt n a vo m e d O Yuri Sodré porque me altos toques, éco ótimo ra anos no Arpo o g d u um sentou um pro um pode cabou o trazen competidor u re a o p s a ia e t, tempoamaior know-how surf. E lá s s e é o n b o e lo d s G In n e u à Red m SMick Fanning, Joel Parkinson e Kelly Slater. agem as efora, aii. Mas uma vi ia de ondas bo d m u e rd e p o morar no Haw e nã tuar. Omar, qu Picos preferidos? seu ofício de a urfar. S a d s Saquarema, Barra de Guaratiba, Grumari, Recreio re o it le ra os e Arpoador. da sua vibe pa

Surf competição ou freesurf? Competição porque me incentiva a surfar e melhorar o meu surf cada vez mais. Categoria que compete e principais resultados? Atualmente estou na categoria Junior. E os meus melhores resultados foram o de campeão estadual carioca Mirim e o terceiro lugar na etapa do brasileiro amador Mirim, ambos em 2008. Treino e preparação antes das caídas? Faço em média cinco horas de treino por dia, três pela manhã e duas à tarde. Antes de surfar, sempre vejo vídeos de surf, escuto músicas e falo com Deus. Melhor viagem e session? Minha última temporada esse ano no Peru, onde já fui quatro vezes. E a session foi em Barra de Guaratiba quando estava muito clássico com apenas eu mais duas pessoas na água. Neste dia, bati meu recorde ficando seis horas dentro d´água. Futuras surf trips? Quero muito conhecer a Califórnia, México e Indonésia. Outros objetivos? Atualmente estou me focando no Pro Junior e pretendo correr algumas etapas do WQS perto do Rio. Também pretendo fazer um material fotográfico legal. Maior sonho dentro do surf? Conseguir condições para correr os WQS fora do país para poder entrar no WT e, se Deus quiser, ser campeão mundial um dia!

Promessa do surf carioca, Daniel Gonçalves extrapola os limites no Posto 9 do Recreio.

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BRASILEIROS FAZEM FINAL EM PICO ALTO POR: ROGER FERREIRA

A América do Sul voltou a mostrar sua força no cenário internacional das ondas grandes com a realização do Billabong Pico Alto Invitacional 2010, segunda etapa do Big Wave World Tour, vencida pelo havaiano Jamie Sterling, em séries que passaram dos 20 pés, no último dia 19 de agosto em Punta Hermosa, Peru. Carlos Burle e Marcos Monteiro representaram o Brasil na final com uma excelente performance durante todo o evento. Com janela de espera de 15 de julho até 30 de agosto, o segundo evento do circuito mundial de ondas grandes da temporada aconteceu em condições épicas no Pacífico Sul. Com os mapas de previsões indicando um swell de aproximadamente 15 pés e 16 segundos de intervalo, o diretor da prova, Gary Linden, acertou em cheio ao realizar a competição em um dos maiores mares surfados na remada nos últimos anos em Pico Alto. Campeão do evento, o havaiano Jamie Sterling.

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FotoS: aNdrÉ portUGal

Carlos Burle e Marcos Monteiro garantiram o Brasil no pódio. Abaixo, da esquerda p/direita em pé: Anthony Tashinick, Jamie Sterling e Carlos Burle, e agachados: Greg Long, Marquinhos e Grant Baker.



RESULTADO DO BILLABONG PICO ALTO INVITACIONAL 2010:

1- Jaime Sterling (HAW) 2- Anthony Tashnick (EUA) 3- Carlos Burle (BRA) 4- Marcos Monteiro (BRA) 5- Greg Long (EUA) 6- Grant Baker (AFR)

Marcos Monteiro, local de Saquarema, mostrou com a quarta colocação que está no mesmo nível dos melhores big riders da atualidade.

Os brasileiros no line up eram o atual campeão mundial do BWWT, sexto. Carlos Burle pegou uma grande e, mesmo atrasado, completou Carlos Burle, Marcos Monteiro e Patrick Reis, que estavam na lista o drop antes da morra fechar e ser varrido pelo espumeiro. Os cinco de alternates e entraram no evento com a desistência de outros pontos computados pelos juízes não fizeram justiça ao desempenho competidores. A competição teve início com a tradicional neblina do pernambucano. “Precisamos de um julgamento uniforme. Peguei peruana acompanhada de muito frio com séries grandes e constantes minha maior onda na final e achei a nota muito baixa, já que ondas em Pico Alto. Na fase classificatória, o trio brazuca caiu em baterias idênticas a essa minha levaram até 9,50 nas baterias anteriores”, separadas, que contavam com seis atletas, dos quais três se classificavam. questionou Burle. A enorme distância que separava os juízes do line up e a pouca Burle e Marquinhos passaram seus confrontos na segunda colocação, já Patrick, que utilizava uma prancha pequena para aquelas condições, luminosidade do fim da tarde em Punta Hersosa também foram acabou perdendo após não surfar nenhuma onda na bateria. fatores que jogaram contra os competidores. O sul-africano Twiggy, por exemplo, surfou a Marquinhos ressaltou a importância de se estar “Usei uma 9,8 do Gary Linden (...). Percebi claramente maior onda da bateria, com a prancha certa que o equipamento é um grande diferencial para se dar que não entrou em seu somatório, pois os juízes em condições extremas. estavam com o campo de “Usei uma 9,8 do Gary bem em um evento como esse.” - Marcos Monteiro Linden, bem grossa, quadriquilha, que encaixou perfeita nas ondas e visão completamente nulo naquele momento. Com isso, as colocações me deixou em igualdade de condições com os outros competidores. se mantiveram as mesmas até o término do confronto em Pico Alto. Apesar de tudo, os envolvidos no evento comemoraram mais uma Percebi claramente que o equipamento é um grande diferencial para se dar bem em um evento como esse”, disse Marquinho, que é salva- vitória para a comunidade mundial do big surf. “Estou muito feliz, foi um dia de altas ondas! Fiquei em terceiro e agora estou bem melhor no vidas em Saquarema. A presença de alguns dos melhores big riders da atualidade na final ranking mundial de ondas grandes nessa temporada”, disse Burle. Já deu para ter a noção da importância que o evento vem ganhando. Marquinhos fez questão de mencionar sua evolução no circuito. “Foi Os californianos Greg Long e Anthony Tashnick, o havaiano Jamie bacana ter surfado e competido aqui com ondas de 20 pés perfeitas, a Sterling, o sul-africano Grant “Twiggy” Baker e Burle já eram notícia melhor competição que corri até hoje. E agora que estou entre os 10 para qualquer mídia especializada fazer uma boa matéria. Mas foi o melhores do mundo, fui convidado para a próxima etapa em Oregon, estreante Marquinhos que mostrou serviço e saiu na frente com uma onde vou lutar para me manter bem e poder estar na lista principal dos bomba da série, tirando nota 6. Na sequência, Sterling assumiu a ponta eventos em Mavericks e Todos os Santos”, finalizou. A próxima etapa com ondas 8,50 e 7,17, com Anthony Tashnick em segundo, Burle do BWWT 2010/2011 será o Nelscott Reef Classic, que rola entre em terceiro, Marquinhos em quarto, Long em quinto e Twiggy em outubro e dezembro no Oregon, EUA. Carlos Burle.

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Grant “Twiggy” Baker.



FotoS: FÁBIo MINdUIM / dIVUlGaÇÃo

Alan Jhones venceu no Cupe para assumir a ponta no brasileiro.

RENOVAÇÃO NO BRASIL SURF PRO Brasil Surf Pro na praia do Cupe, Pernambuco.

Renato Galvão ficou na terceira posição.

O potiguar Alan Jhones colocou em prática seu conhecimento das ondas nordestinas para dominar a segunda etapa do Brasil Surf Pro 2010, realizado no litoral de Pernambuco. Com a vitória, o local da Baía Formosa assumiu a liderança do Circuito Brasileiro de Surf Profissional. Após o término da Copa do Mundo, a praia do Cupe foi o palco da única etapa do Brasil Surf Pro 2010 realizada na região Nordeste. A prova, válida como a segunda etapa do Circuito Brasileiro de Surf Profissional na temporada, teve início com ondas de até 1,5 metros em Ipojuca e, após quatro dias de competições, foi finalizada em condições difíceis, com a maré secando e o vento maral prejudicando bastante os atletas. Estreante na elite nacional, Alan Jhones, de 21 anos, conquistou a sua primeira vitória entre os melhores do país derrotando o baiano Rudá Carvalho na final. Os atletas arriscaram bastante as manobras nas poucas chances que tiveram durante a bateria. Alan quebrou em sua última onda e faturou o prêmio de 20.000 reais do Brasil Surf Pro, com um placar final de 12,83 x 11,03 pontos. “Foi show fazer a minha primeira final com o Rudá. Ele é um grande amigo, mas eu estava focado na vitória. Achei uma direita ali que me garantiu o primeiro lugar, porém a ficha não caiu ainda”, confessou o potiguar, que passou a liderar o ranking brasileiro profissional 2010. Na categoria Feminina, a campeã brasileira Suelen Naraisa venceu a final de poucas ondas contra a catarinense Juliana Quint. Suelen festejou a sua nona vitória na história da divisão principal do surf brasileiro, mantendo-se invicta em todas as suas baterias no Brasil Surf Pro neste ano. “Sei que o circuito está só no começo e que todas as meninas estão surfando muito bem, mas já tenho duas vitórias e vou manter o trabalho que venho fazendo para tentar o bi esse ano”, falou a campeã. A próxima etapa da corrida pelos títulos brasileiros será de 22 a 26 de setembro em Búzios, no Rio de Janeiro.

O campeão Alan Jhones. Rudá Carvalho levou o vice para a Bahia.

RESULTADO DA SEGUNDA ETAPA DO BRASIL SURF PRO 2010: 1 – Alan Jhones (RN) 2 - Rudá Carvalho (BA) 3 - Tânio Barreto (AL) 3 - Renato Galvão (SP)

RANKING BRASILEIRO MASCULINO: 1- Alan Jhones (RN) 2- Leonardo Neves (RJ) 3- Rudá Carvalho (BA) 4- Marcio Farney (CE) 5- Hizunomê Bettero (SP) 6- Renato Galvão (SP) 6- Heitor Pereira (SP) 8- Tânio Barreto (AL)

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FotoS: ÁlVaro FreItaS / dIVUlGaÇÃo

Guilherme Ferreira, campeão da Grand Master, quebrando a vala na Prainha.

COMPETIÇÃO ENTRE AMIGOS POR: ROGER FERREIRA

Muito além de uma competição local, o Circuito Master Prainha é o encontro de velhos amigos que há mais de 15 anos se reúnem no paraíso ecológico para disputar as ondas de um jeito bem mais descolado e relaxado. Mas, mesmo com todo esse clima cordial, a galera mostra que não abandonou as raízes competitivas, sempre reclamando das notas dos juízes e da marcação dos oponentes dentro d´água. Hoje o Rio de Janeiro é, sem dúvida, a cidade no Brasil que mais concentra ex-profissionais do surf, basta você ir num dia de onda boa na Prainha e irá ver muitos que já passaram dos 40 arrebentando no outside e remando com a mesma vontade de quando tinham seus vinte e poucos anos. E foi no clima da camaradagem e surf competição que a ASAP (Associação de Surfistas e Amigos da Prainha) realizou no final de julho a sua primeira etapa do ano com muito sucesso e altas ondas. Dando uma caída no canto esquerdo, bebendo uma cerveja com a galera no quiosque do Pedrão, torcendo por um amigo ou mesmo curtindo a família, no Master da Prainha todo mundo sai ganhando. O que vale mesmo é a confraternização! E também é de praxe a ASAP chamar para trabalhar no evento todos aqueles que sejam frequentadores assíduos da Prainha, como comissão técnica,

fotógrafos, alimentação e a mídia que apoia o campeonato (Surfar), ou seja, pessoas que já tem uma longa história naquela praia. Voltando para a competição, o primeiro dia do Master foi bem devagar, com ondas fracas de no máximo meio metro que dificultaram muito a vida dos inscritos nas cinco categorias. Porém, no domingo decisivo, Netuno resolveu prestigiar o tradicional evento do surf carioca. Ondas de até um metro com boa formação em todas as valas foram a dose certa para a disputa fechar com chave de ouro. Quem conseguiu passar pelos confrontos do sábado se deu bem. Os destaques das fases finais foram o niteroiense Ricardo Tatuí e o carioca Aroldo Lopes, que arrancaram as maiores notas dos juízes. Tatuí ficou também com a melhor média, somando 17,50 pontos. Hugo Bittencourt, apesar de ser profissional, só pôde correr a Open em função de estar voltando de uma contusão que o afastou dos eventos em 2010. Ele também deu um show e venceu a final com boa diferença para o segundo colocado. Na categoria Master, os locais do Recreio Alexandre Andrade, Jerônimo Telles e Juan de Souza (primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente) dominaram, com Aroldinho ficando na quarta colocação. MASTER: 1-Alexandre Andrade 2-Jerônimo Telles 3-Juan de Souza 4-Aroldo Lopes

Pódio da Master. Prainha lotada no domingo de sol. Galera reunida no Pedrão. Abaixo: Alexandre Andrade e Ricardo Tatuí.

GRAND MASTER: 1-Guilherme Ferreira 2-Ricardo Tatuí 3-Rodolfo Lima 4-Marcelo Bôscoli KAHUNA: 1-Rodolfo Lima 2-Lula Menezes 3-Guilherme Melo (Guiga) 4-Marcelo Bôscoli

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GRAND KAHUNA: 1-Marcio Mundin 2-Renato Larica 3-Ricardo Bocão 4-Antônio Araújo (Merrê)



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...LOST BAND SEARCH

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1 - A confraternização de Angelo Moore, vocalista do Fishbone, e o artista plástico Itaka. 2 – Som, bebida e gatas, diversão garantida na noite. 3 - A figuraça Rocky George, guitarrista do Fishbone. 4 – Mimi e Joe curtindo o evento. 5 – Pirata num momento relax total. 6 – A energia de Angelo Moore contagiou a plateia. 7 - Vários motivos levaram a galera ao bar, mas alguém tem dúvida da causa principal? 8 – Irene Santos (Lost) e Tico Aquino (Globe). 9 – Marcelo Dourado e Maurício Abraham (Lost). 10 - Bnegão prestigiando o evento. 11 – A beleza das loiras Rafa Miarelli e Patrícia Daltrini. 12 – Thunderbird, figurinha peculiar. 13 – Muita vibe na noite Lost Band Search. 14 – Os amigos Edu (Bleat) e José Roberto Annibal, editor da Surfar. 15 – A banda Abraskadabra, grande vencedora Lost Band Search.

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FotoS: aNNIBal (1,3,6,7,8,14) e dIVUlGaÇÃo (2,4,5,9,10,11,12,13,15)

A Surfar esteve em Sampa para prestigiar o evento da Lost que promoveu o Lost Band Search, festival que procura bandas ávidas para sair da garagem e cair na estrada. A grande vencedora abriu o primeiro show no Brasil do legendário grupo Fishbone, um dos mais influentes da história do rock alternativo.



POR: ROGER FERREIRA

Após duas passagens entre os melhores do mundo no tour da ASP (2000 e 2006), o carioca Yuri Sodré, 32 anos, voltou com tudo às competições internacionais. Com um surf polido e respeitado pelos adversários, o local de Guaratiba venceu recentemente uma etapa do carioca profissional e ficou em segundo no WQS seis estrelas na Escócia. A Surfar conversou com Sodré para saber por onde ele anda e quais são os seus objetivos no momento para continuar na carreira de surfista profissional. Depois de alguns anos viajando pelo mundo, o que você tirou como aprendizado?

O que te mantém motivado para continuar por todos esses anos investindo nas competições?

Hoje quero ficar sozinho no quarto ou levar a minha namorada. Me alimento bem, gasto mais grana para ficar em lugares melhores e isso se reflete em bons resultados. Antes eu não queria nem saber, tudo era festa. Mas vou te dizer uma coisa, o circuito mundial é lindo! WQS, WT, ter amigos no mundo inteiro, conhecer os melhores picos para surfar, poder se divertir em todos os lugares e pegar altas, isso é para poucos! E, com certeza, eu continuarei batalhando para trazer bons resultados para o Brasil.

Adoro competir, tenho amigos no mundo todo e isso me mantém motivado. Por que você faz pranchas com um shaper gringo ao invés dos brasileiros? Morei na Califórnia por um bom tempo, aí comecei a usar as pranchas Channel Islands. Fiquei amigo de todos na fábrica do Al Merrick e, até eles resolverem me patrocinar, eu sempre usei as pranchas brasileiras, que estão entre as melhores do mundo.

Como você define a sua fase agora? Tenho treinado muito, voltei a levar super a sério e quero conseguir resultados melhores pela frente. Sempre tive uma carreira com muitas conquistas, porém acabei ficando um pouco desmotivado. Mas agora estou me preparando novamente com tudo para conquistar meus objetivos. As etapas do WQS não são em ondas tão boas. Qual a sua estratégia para subir no ranking e vencer essa molecada da nova geração que dá aéreos de todos os jeitos? Escolher melhor as etapas e treinar mais as manobras aéreas.

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O que faltou até hoje para termos um campeão mundial brasileiro no WT (antigo WCT)? Acredito que seja por falta de investimento e salários melhores, pois o circuito é caro, você tem que gastar bastante competindo e fazendo surf trips para evoluir como os caras lá fora... Mas já tivemos o Victor Ribas batendo na porta. E acredito que todos os brasileiros que estão lá no tour têm condições de nos trazer esse tão sonhado título. Você ainda tem a pretensão de voltar à elite mundial? Quero voltar sim. Pretendo evoluir ainda mais, estar bem concentrado, com surf no pé e a cabeça focada só nisso. Tive que aprender sozinho, amadurecer... Já estive lá por duas vezes e sei o que fazer para me dar bem.


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aleKo SterGIoU / dIVUlGaÇÃo


pedro tojal

próximo número

RIO

EXPEDIENTE

“Pipe” Leme, Rio de Janeiro.

Editor Chefe: José Roberto Annibal – annibal@revistasurfar.com.br Editor Executivo: Grimaldi Leão - grimaldi@revistasurfar.com.br Projeto Gráfico e Arte: Marcos Myara - marcos@revistasurfar.com.br Redação: Roger Ferreira - roger@revistasurfar.com.br Déborah Fontenelle - deborah@revistasurfar.com.br Estagiário: Conrado Lage - conrado@revistasurfar.com.br Fotógrafo: Pedro Tojal - tojal@revistasurfar.com.br Colunistas: André Breves Ramos, Tiago Garcia, Felipe Cesarano. Colaboradores de fotos nesta edição: Álvaro Freitas, Alex Macabu, André Portugal, Bidu, Celso Pereira Jr, Diego Motta, Fábio Minduim, Júlia Worcman, Kai Benson, Luciano Cabal, Pedro Monteiro, Yuri Sardenberg, Rick Werneck. Colaboradores de Texto: Lucas Freitas, Marcelo Trekinho, Pedro Tojal. Comercial: Bruno Moreira, Sérgio Ferreira, Thaís Havel, Two Go Comunicação. Tratamento de Imagem: Marcos Myara, Aliomar Gandra, Ricardo Gandra. Impressão Gráfica: Gráfica Ediouro. Jornalista Responsável: José Roberto Annibal – MTB 19.799. Tiragem desta edição: 20 mil exemplares. A Revista Surfar pertence à Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna, 250, sala 209, Barra da Tijuca, Cep: 22793-000. Distribuição gratuita no Rio de Janeiro. Contato para publicidade: (21) 2433-0235 / 2480-4206 – surfar@revistasurfar.com.br


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