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FreD roSÁrIo
ÍNDICE
Raoni Monteiro no WT
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Hawaii 2011
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A volta triunfal do brazuca a elite.
Depoimentos e imagens de quem fez bonito na temporada.
odizUDIBa Saquarema? Não... Hawaii 98 saus atnoc udiB ofargótof o dia em que a Barrinha quebrou como Backdoor.
rafruS pirT
Logo Ali em Arraial
114 atneserpa illenaroiG érdn
Tow-in em Pleno Verão
138 euq acasser ad snegamI
o paraíso de águas cristalinas à duas horas do Rio.
Barra da Tijuca recebe big riders com swell de 8 pés.
A morenaça Miss Surfar Mônica Melissa mereceu mais uma página nessa edição.
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É sÓ acrediTar! Como todo início de ano, as revistas de surf do mundo todo publicam matérias do inverno havaiano. Não adianta dizer que aquele lugar tem um crowd insuportável, que o clima é horrível, que tudo é caro e por aí vai... O Hawaii sempre será Hawaii. Nada é parecido com uma onda de Sunset e nenhum outro pico recebe tanta ondulação nessa época como o North Shore. É ali que surfistas praticamente anônimos podem de uma hora para outra saírem do anonimato para o estrelato em questão de segundos. Aquele tubo insano em que a praia toda grita, um drop no limite sobre uma bancada rasa de corais afiados ou mesmo a “onda da temporada” tão esperada e disputada na remada (às vezes até no tapa). Para não ficarmos aqui no Brasil chupando dedo nas marolinhas do verão, enviamos dois fotógrafos para passarem três meses no North Shore cobrindo tudo o que rolar. Pedro Tojal, especialista em onda tubulares em qualquer condição, e Bidu, que com todo o seu aparato tecnológico filma e fotografa as sessions e em poucas horas já nos envia o material, proporcionando uma cobertura muito rápida do que está acontecendo. Mas quem pensa que tudo é uma maravilha quando se trata de Hawaii, está enganado. Quando emitimos os tickets ano passado, a previsão era de uma temporada fraca por consequência do fenômeno La Niña. Então, o que fazer? Esperar quebrar onda para mandar a galera? Ou acreditar, como fizemos em 2010 nas trips que realizamos para o Tahiti e a Indonésia, onde Tojal passou pelo menos dois meses nesses picos? Acreditamos mais uma vez. Depois de um dezembro de poucas imagens, janeiro começou a bombar sem parar. Numa ligação aqui para redação, Tojal estava eufórico: “Ligaram a máquina das ondas e agora é um swell atrás do outro!”.
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Certamente essa poderia ser uma história qualquer de um dia a dia de uma revista de surf, mas o grande diferencial é que nós sempre acreditamos muito em tudo que fazemos aqui na Surfar, colocando muita energia para que dê certo. Nesta edição, você já vai poder conferir algumas fotos que foram escolhidas entre centenas que chegaram à redação dessa temporada. Destaque para a capa, uma verdadeira obra prima do fotógrafo Bruno Lemos, que será o nosso novo colunista. No entanto, se tratando de uma publicação “Made in Rio”, não podíamos abandonar nossa cobertura regional. Em pleno início de verão, o mar subiu e fechamos uma barca para Saquarema com surfistas locais que fizeram as festa nos tubos, todos registrados pelo fotógrafo Arthur Toledo. A rapaziada mostrou por que Saquá continua sendo considerada a melhor onda do Brasil. Alguém duvida? Tire as suas conclusões nas páginas seguintes. Para completar, a Surfar esteve com uma galera acompanhada por quatro fotógrafos em outro paraíso de águas transparentes: Arraial do Cabo, distante apenas a duas horas do Rio. Lá encontramos ondas perfeitas, água limpa e pouco crowd para fazer a cabeça da molecada que ficou eufórica. Mas voltando para o início deste editorial, você deve estar perguntando o que essas duas matérias estão fazendo em uma edição de Hawaii? Esse é o resultado do trabalho de profissionais de diversas áreas envolvidos em um mesmo processo, acreditando no projeto da Surfar e colocando muita dedicação e energia positiva para que você, leitor, possa ter acesso a um conteúdo de alto nível da primeira revista de surf gratuita do Brasil. José Roberto Annibal
Na capa: Manobras que só existiam no skate agora estão sendo executadas Na capa: o designer de pranchas Nelson Pinto, que veio do sul para dentro d’água, Gabriel Medina que o diga. Na foto, ele executa um backflip muito estudar aqui, fez a foto mais comentada dos últimos meses no Rio de alto em off the Wall. Foto: Bruno Lemos. Janeiro. Momento de glória na direita do Leme. Foto: Henrique Pinguim
EDIToRIAL GUStaVo CaBelo
Nesta foto: Altas ondas e um visual alucinante como este são coisas que só o Nesta foto: Nada como trocar uma noite de sono pelas perfeitas esquerdas Hawaii pode proporcionar. Rocky Point em um dia especial. Foto: Bruno Lemos. do Arpex. o life style do carioca é inconfundível...
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peDro tojal
Depois de um dezembro com poucas ondas, valeu à pena esperar o swell chegar. Na quinta feira, 13 de janeiro, Diego Santos pegou uma das melhores ondas da temporada em off The Wall na cara do fotógrafo Pedro Tojal. Nada mais justo que presenteá-lo com a Melhor da Série.
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coNfira o VĂ?deo desse TuBo Na surfar TV e Mais foTos desse dia Na Galeria.
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coNfira Mais foTos e VĂ?deos desse dia No Nosso BloG.
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BIDU
arQUIVo peSSoal
No swell gigante do dia 2 de novembro no PacĂfico Norte, o carioca radicado em Maui Tiago Candelot fez a mala sem crowd em Jaws.
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BIDU
Diego Silva se atirou no maior dia da temporada em Pipeline e pagou o preço. Foi catapultado pelo lip e arremessado de encontro à sinistra bancada de Pipe. E ele ainda teve o que comemorar por ter saído ileso, apenas com a prancha em dois pedaços.
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esTe e ouTros Piores MoMeNTos da TeMPorada No eP. 6 da sÉrie HaWaiiaN sessioNs No surfar TV.
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raoNi MoNTeiro de VolTa À eliTe Depois de três anos fora do tour, o saquaremense Raoni Monteiro, de 28 anos, está de volta ao grupo dos melhores surfistas do planeta. Na trajetória para alcançar a vaga, Raoni conquistou a etapa Prime em Sunset, Hawaii, um dos eventos mais cobiçados do mundo. Após deixar o WCT em 2007, Raoni Monteiro ralou bastante nos últimos três anos longe do tour. Durante boa parte desse período, ele teve que viajar pelo mundo sem patrocínio para dar a volta por cima. “Foi uma fase bem difícil para mim. Depois que eu saí, fiquei desmotivado e sem aquela vontade de competir. Aí juntou tudo e foi muito ruim... aquele sentimento de ter que batalhar no WQS para retornar”, desabafou. No seu primeiro ano fora, o local de Saquá bateu na trave e quase conseguiu voltar, mas o seguinte foi osso duro de roer para ele. “Calhou de eu ficar sem patrocínio e torcer o pé na África. Então, tive que repensar se o meu futuro seria parar de competir, virar freesurfer, fazer tow-in ou outra coisa.” Raoni, que já havia sido uma das promessas para chegar ao tão sonhado título mundial para o nosso país, estava agora no hall dos ex-integrantes da elite, sem o reconhecimento devido para um atleta do seu naipe. No entanto, como diz o jargão popular adaptado pelos surfistas: “Depois da tempestade, vem o swell”, o garoto que foi criado nas ondas mais cascudas do Brasil começou 2010 com o pé direito, obtendo uma ótima colocação na primeira etapa seis estrelas Prime do ano em Fernando de Noronha. “Eu consegui melhorar da contusão no pé e cheguei à final. Fiquei em segundo e vi que ainda tinha aquele gás, o que meu deu motivação para continuar competindo.” Na sequência, ele foi para a Escócia como convidado do patrocinador do evento, a O’Neill, arrancou um terceiro lugar e fechou um contrato de patrocínio com a marca. “Fiquei amarradão naquele momento, pois estava tudo dando errado e isso aconteceu na hora certa. Era a motivação que eu estava precisando para me dar bem.” A batalha continuou... Na última etapa em Sunset, Raoni precisava de um ótimo resultado para alcançar os pontos necessários e chegar ao tão sonhado retorno à elite. “Durante o campeonato, eu nem lembrava que o Fabinho (Gouveia) era o único brasileiro que tinha vencido um evento no Hawaii. Na hora eu não pensei em nada, fui só tentando passar as baterias e focando em me dar bem.” A competição foi realizada em boas ondas, porém pequenas para os padrões do pico. Mas nada que tirasse o mérito do brasileiro, que escovou nomes como Mick Fanning, John John Florence, além de Josh Kerr, Julian Wilson e o local Granger Larsen na final, que garantiu mais 6500 pontos fundamentais para o saquaremense. “Depois que venci, a ficha que eu tinha entrado para a história caiu. Foi uma sensação muito boa ganhar em Sunset, que acabou sendo mais importante, pois eu nunca tinha vencido um evento desses na minha carreira. Além disso, consegui fazer os pontos que precisava.” Porém, ainda restava a última etapa em Pipeline, na qual dez atletas brigavam para continuar no tour. “Eu sabia que se vencesse aquele campeonato estaria dentro. Me informei com o Al Hunt (diretor da ASP) e ele falou que eu tinha 90% de chances de estar na elite. Fiquei relaxado, pois já tinha feito minha parte até aquele momento. Graças a Deus consegui voltar”, comemorou. Mais maduro aos 28 anos, Raoni acredita que a experiência acumulada durante os quatro anos em que esteve no WCT irá lhe ajudar muito. “Sei como cada um compete e vou tentar fazer o meu jogo, usando mais a prioridade, o que não fiz em outros anos porque não queria me envolver em interferência. Percebi que para passar certas baterias, você tem que ir pra cima mesmo e usar a tática. Entrei no WT de novo e não quero sair!” De volta a Saquá, ele agora treina forte com o seu pai, Ronaldo Jacaré. “Os caras do tour estão fortes, surfando bem e é isso que eu pretendo fazer: malhar bastante fora d’água com treinamento aeróbico e surfar muito. Quero ficar em forma e não dar margem para nenhuma contusão.” O mais importante para voltar com tudo Raoni tem de sobra: surf no pé e muita força de vontade. “Eu ralei muito, fiquei sem patrocínio e correndo atrás igual a um maluco. E agora que dei a volta por cima, vou agarrar com unhas e dentes. Tenho que aproveitar que estou bem, cheio de gás. Esse é o meu momento!”
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PoR:RoGER FERREIRA
BIDU
escolas de surf
FotoS: peDro MoNteIro
Daniel Munhoz, grande promessa carioca.
o fuTuro esTÁ GaraNTido os circuitos amadores Sub-18 e Sub-14 definiram os campeões do estado do Rio. Muitos atletas se destacaram em 2010 mostrando que a capital do surf no Brasil continua sendo aqui. Por isso, jovens surfistas de outros estados se mudam para cá com frequência em busca de mais ondas de qualidades e de um treinamento específico para se tornarem profissionais. PoR:CoNRADo LAGE Foi o caso de Samuel Igo, natural da Paraíba, que veio morar no Recreio e durante o Sub-18 levou três das quatro etapas na categoria Junior (16 a 18 anos), venceu na Barra, Arpoador e em Búzios. Como Samuel não está inscrito na federação, ele não pôde se tornar campeão e a taça foi parar nas mãos de Daniel Gonçalvez, dono de um estilo único e muito radical. Ele levou o título mesmo não vencendo nenhuma etapa, mas mostrou seu valor com um surf de alto nível. Agora Daniel está focado em se tornar profissional. “Este ano vou competir os Pro Juniors, pois quero buscar a minha vaga para o mundial de 2012,” disse ele. Na categoria Mirim, o xará Daniel Munhoz mostrou que vai dar muito trabalho quando se profissionalizar. Ele venceu três etapas consecutivas e se tornou bicampeão na categoria. Com um surf power e excelente repertório de manobras, Munhoz está em busca de mais um desafio este ano. “Quero me dedicar aos campeonatos
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profissionais em 2011. Vejo o Gabriel Medina que tem a mesma idade que eu e já ganhou um WQS. Tenho potencial e vou buscar uma vitória em algum evento desse nível. Também quero me dedicar aos Pro Juniors e tentar uma vaga para o mundial.” Outra revelação da região do Recreio foi Chloé Calmon, campeã da Longboard com apenas 16 anos. Chloé, que era a única menina da categoria, tirou onda com muito marmanjo e mostrou que tem um futuro brilhante. Na Feminino, Luciana Sushi foi a grande vencedora, ganhando a etapa do Arpex e ficando em segundo no Recreio e em Búzios. E na categoria especial para surdos, Ângelo Moura fez as melhores apresentações e levou para casa o caneco de 2010. Já no Sub-14, o circuito com idade até 14 anos, Wendy Guimarães e Pedro Neves foram os destaques. Irmã do surfista profissional Yan Guimarães, a local de Saquarema mostrou que o DNA do surf está no sangue da família e venceu a categoria Feminina Iniciantes por antecipação. E na Iniciantes (12 a 14 anos), Pedro venceu três etapas (Arpoador, Recreio e Barra) e não deu chances aos adversários mostrando que tem talento de sobra. Na Infantil (10 a 12 anos), Theo Fresia foi o melhor e levou o título de 2010. João Vitor Chumbinho, surfista de Saquarema e já conhecido por gostar de ondas grandes, venceu a última etapa na Barra e levou o bicampeonato na categoria Petit (até 10 anos). E na Pré Petit, que premia os surfistas de até oito anos, Daniel Templar conquistou também o bi, confirmando o favoritismo.
arQUIVo peSSoal
Galera reunida na escola Ricosurf na Barra.
a reGulariZaÇÃo das escoliNHas PoR: DÉBoRAH FoNTENELLE
Durante os últimos anos as escolas de surf do Rio de Janeiro proliferaram e muitas delas atuavam de forma irregular. Para organizar essa atividade, há dois anos foi fundada a ACAES (Associação Carioca de Escolas de Surf), que tem como objetivo controlar e avaliar o funcionamento das escolinhas. A Surfar conversou com o fundador e presidente da entidade, Marcus Cal Kung, para saber um pouco mais do que está rolando nesse cenário. Quais foram os benefícios com o surgimento da ACAES? Primeiro foi conseguir oficialmente o reconhecimento das escolas como uma atividade profissional pelos órgãos municipais, estaduais e até federais. E isso é o mais importante. O segundo está diretamente ligado à população, que vai poder confiar nos serviços oferecidos por essas instituições que estão ligadas à associação, já que elas cumpriram uma série de exigências para dar segurança aos seus alunos. Quantas escolinhas têm em média no Rio? Temos 23 escolas filiadas na ACAES que estão na zona oeste, do Quebra-Mar até a praia da Macumba. Também já foram catalogadas as da zona sul, uma média de dez, do Leme até o Leblon. Então, no total são de 35 a 40 escolinhas na cidade do Rio. Como elas provam que estão capacitadas para funcionar? Todas apresentaram um projeto técnico que foi aprovado pela associação, Feserj e demais órgãos, como a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, G-Mar e Conselho Regional de Educação Física, para depois receberem o documento de homologação. Também haverá o reconhecimento pela Assembléia Legislativa do Rio da profissão de instrutores de surf. Além dos profissionais qualificados, quais são os equipamentos exigidos? Obrigatoriamente uma estrutura mínima, denominada módulo de praia, que são as softboards, pranchas de iniciação, além das pranchas
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convencionais, camisetas de lycra para a identificação de alunos e instrutores, tenda por 3X3, guarda-sóis e caixa de primeiros socorros. Sem falar dos instrutores de surf e professores com registro no conselho regional de Educação Física, graduado e provisionado, sendo que o professor responsável tem que possuir um plano de emergência para o caso de acidentes. Também é obrigatório o curso de salvamento e primeiros socorros. Existe uma metodologia padrão a ser seguida nas aulas? Atualmente cada escola possui seu plano de atividade e método de ensino. Queremos implantar um padrão mínimo básico como forma de aprendizado para que cada uma desenvolva sua própria metodologia respeitando as normas da ACAES. O que a associação faz para coibir a existência de escolas não legalizadas? Na verdade, hoje a associação recebe e apura as denúncias. Depois ela encaminha o que foi apurado, dependendo do problema, para o órgão competente. A ACAES não é um órgão fiscalizador, sua função é controlar e verificar quem está funcionando dentro do padrão exigido. Como a população pode ter acesso às escolas aptas a funcionar? A ideia em curto prazo é a associação se fixar na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, pois já temos disponível um espaço lá, e posteriormente no Centro Cultural do Surf, onde vamos disponibilizar um telefone para atendimento, como também um quadro com a relação de todas as escolas, seus endereços e horários de funcionamento. Para maiores informações: Marcus Cal Kung pelo telefone (21)9933-4555 e no site www.kungbodyboard.com ou Henry (diretor administrativo) nos telefones (21)7857-8482 e 2490-3271.
Acima: Pedro Neves campe達o da Iniciantes. Abaixo: Jo達o Vitor. Lucas Base. Wendy Guimar達es, a campe達 feminina.
DIeGo Motta
Diego Motta e Trekinho se reidratando na trip para a Nicarágua, na América Central.
Heitor Alves colhendo os frutos de um treinamento bem feito.
BeBeu ÁGua? TÁ coM sede? PoR: ALESSANDRA TABANELA
Finalmente o clima mais esperado do ano chegou! E por causa do calor nesta época, devemos dar mais ênfase à HIDRATAÇÃO. Devido o surf ser um esporte aquático, a maioria de nós esquece que o nosso corpo produz suor, além do fato da água do mar possuir mais sódio do que o nosso organismo, então, acabamos perdendo muito líquido. E o mais agravante é que fica praticamente inviável a reposição líquida durante as caídas. De acordo com o American College Sport Of Medicine (ACSM), em exercícios de duração maior que 1 hora, deve-se ter um consumo de líquidos a cada 20 minutos de atividade. Por que é importante se hidratar para melhorar o desempenho no treino ou competição? A desidratação pode causar cansaço, náusea, fadiga, convulsão, coma e até morte. Em condições quentes, o organismo perde de 2 a 3 litros de água por hora de exercício, e no surf faltam estudos para quantificar esta perda. Mas sabemos que um surfista perde ainda mais água e os motivos são claros, como os citados acima (dificuldade de hidratação durante sua prática, falta de percepção da produção de suor, água salgada do mar). A água pura é indicada para exercícios de até 1 hora de duração (ACSM, 1996), ou seja, quando a caída é rápida. No entanto, os praticantes e atletas de surf costumam surfar muito mais horas. Portanto, é recomendável a reposição de nutrientes (carboidratos e proteínas), como também de líquido e eletrólitos, já que a ingestão de água pura produz saciedade mais rápida antes da completa hidratação, além de uma maior produção de urina. A solução é ingerir líquido junto com sódio (principal eletrólito perdido no suor). Então, qual seria a hidratação ideal para a prática do surf ? Uma que contenha 500 a 700mg de sódio por litro, 4 a 8% de carboidratos complexos e/ou simples para, desta forma, retardar a fadiga e evitar a desidratação voluntária. Esta bebida é a que chamamos de isotônica. A água de coco contém estes nutrientes, porém a composição nutricional varia de acordo com a sua maturação. Já os isotônicos que
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temos no mercado possuem as mesmas características conforme as recomendações para a hidratação, mas sem tais variações.
ORiENTaÇÃO PaRa HiDRaTaÇÃO aDEQUaDa • 24h antes do exercício: ingerir volume generoso de líquidos. No mínimo 2 litros de água. • 2 horas antes: 250-500 ml de líquido com o objetivo de garantir a adequada hidratação. • 15 minutos antes: ingerir de 125-250 ml de líquido para permitir uma máxima absorção sem provocar vontade de urinar. • Durante o exercício: 600-1000 ml/hora divididos em pequenos volumes e intervalos regulares, sendo150-250 ml a cada 15-20 minutos para minimizar os riscos de comprometimento do desempenho. Obs.: Por ser inviável a reposição de líquidos durante o surf, a solução é treinar no máximo até 2 horas por caída. Assim, o surfista pode se hidratar fora da água e retornar para a bateria sem prejudicar sua performance. • Após o exercício: 450-675 ml para cada 0,5kg perdido durante o exercício, ou seja, em torno de 1 litro de líquido para cada kilograma de peso perdido. Receita de Isotônico Caseiro: 1,5 litro de água para diluição, 4 colheres de sopa (50g) de mega maltodextrin, 2 colheres de sopa (30g) de dextrose, 2 colheres de café (3g) de sal e 1 xícara de café (50ml) de suco de limão. Boas Ondas! Alessandra Tabanela Nutricionista Esportiva - CRN4ª04101628 aletabanela@yahoo.com.br
FÁBIo MINDUIM
Bezinho otero remando de SUP no canal do Jardim de Alá, por onde o esgoto é jogado irregularmente da lagoa Rodrigo de Freitas no mar da zona sul carioca.
Para oNde Vai o seu esGoTo? PoR: ANDRÉ BREVES RAMoS
Todos os dias milhões de brasileiros levam a vida normalmente: acordam, escovam os dentes, tomam banho, vão ao banheiro... Nessa correria, um simples toque de botão leva embora de nossas casas todas as impurezas colocadas para fora do nosso corpo. E quem se preocupa para onde vai o seu próprio esgoto? A maioria das pessoas fica sem dar resposta ou simplesmente diz que não sabe. Na verdade, não sabe ou não quer saber. Mas esse problema é de todos e constantemente empurrado para “baixo do tapete”, jogado nos rios, baías, lagoas e, por fim, no mar. Nem sempre as nossas impurezas vão pra longe! Os oceanos recebem todo o esgoto final despejado nos corpos d’água menores. Existe uma mentalidade ainda antiga que o mar pode ser tratado como um grande “pinico”, isto é, considerado o melhor local para despejo de detritos domésticos. De fato seria o local mais adequado se o volume não fosse tão grande nos dias atuais e também se houvesse algum tipo de tratamento antes do despejo. Além disso, qualquer que seja o tratamento sempre haverá algum impacto nos seres vivos do meio ambiente que o recebe. O Planeta Terra azul está ficando marrom! O Rio de Janeiro é um exemplo clássico de município onde durante décadas aconteceu o descaso a respeito deste assunto. Na década de 70, o Rio tinha um dos melhores sistemas de esgotamento sanitário de todo o mundo, mas devido à ausência de investimentos, suas praias passaram a ser uma “cloaca” a céu aberto e praticamente todas apresentam algum tipo de fonte de poluição. Em determinadas condições de corrente, elas podem ficar impróprias ao banho. O Emissário Submarino de Ipanema, o mais antigo do Brasil, quando comparado com outros mais modernos,
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como o da Barra da Tijuca, apresenta sérias limitações. A pior delas é que o esgoto não possui nem tratamento primário. E do modo que as fezes, a urina e o lixo vão para os vasos sanitários, são lançados no mar de Ipanema e Leblon. Isso sem falar nos esgotos clandestinos que vazam das residências que não são contempladas pelo sistema de coleta do mesmo. Nos últimos anos, no entanto, novos emissários e estações de tratamento, além de obras em elevatórias e substituições de galerias, têm melhorado o quadro tenebroso que a cidade apresentava. Saneamento básico é fator de proteção à qualidade de vida. Sua inexistência compromete a saúde pública, o bem estar social e degrada o meio ambiente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada real investido em saneamento básico se tem uma economia aproximadamente de quatro reais em saúde. É lógico que investir em coleta e tratamento em esgoto é fundamental, mas infelizmente nunca deu voto aos políticos. Para piorar, a população brasileira, de uma maneira geral, não é esclarecida e nem se informa sobres os gastos públicos equivocados dos governantes. O crescimento populacional, o desordenamento urbano e a falta de investimentos vão piorando o quadro do saneamento básico no Brasil. Porém, a estabilidade da moeda nacional, a possibilidade de realizar investimentos de grande porte e a chegada de eventos esportivos internacionais farão com que esse quadro mude rapidamente. Mesmo assim, serão dezenas de anos para melhorar consideravelmente a vida da maioria dos brasileiros. André Breves Ramos é biólogo marinho. Nos dias de ressaca no Pontão do Leblon, ele é presença garantida dentro d’água. Sugestões de pautas e críticas: envie e-mail para SURFAR@REVISTASURFAR.CoM.BR.
YUrI SarDeNBerG
aliViaNdo a “HiPer” TeNsÃo PoR: DÉBoRAH FoNTENELLE
Personal trainer e atriz, a carioca Emanuela Meirelles sempre gostou de esportes, principalmente os radicais, e tem o surf como sua maior paixão. Desde pequena, ela gostava de desenhar ondas, então, resolveu aprender a surfar e contou com o incentivo de seu instrutor, que virou um grande amigo. Manu recentemente participou do Hipertensão, da Rede Globo, e disse que o fato de pegar onda a ajudou bastante para manter o equilíbrio mental durante o tempo em que ficou confinada por causa do programa. Confira um pouco mais sobre essa corajosa surfista aqui na Surfar. Como foi a sua experiência no Hipertensão? Loucura! Uma experiência muito doida, pois fiquei 70 dias longe de tudo e sem falar com ninguém, além de ter que conviver com 15 pessoas que nunca vi e fazer provas como se jogar de 45 metros, ficar debaixo d’água presa dentro de um caixão e ter que se soltar, etc. Qual a parte do programa que você mais teve que se superar? Sem dúvida, a parte da comida. Eu já tenho dificuldade para comer um montão de coisas, tipo carne, presunto. E por mais que você saiba que tudo é de laboratório, comer rato, cérebro de boi, barata, é difícil (risos). O fato de pegar onda te ajudou na realização das provas? Muito pelo equilíbrio mental que o surf me dá. Os outros participantes tinham muita dificuldade de ficar debaixo d’água. Já tomei caldos até não aguentar mais, então, para mim era muito fácil, tanto que sempre queriam me eliminar porque eu era muito boa nas provas de água. E realmente era onde eu tinha mais facilidade. O que essa participação agregou a sua vida? Me fez acreditar mais em mim e que sou muito mais forte do que achava. Lá você lida com seus maiores medos. Hoje sei que sou capaz de fazer muita coisa que eu nem imaginava, como me tacar de uma onda de dois metros e ficar tranquila. Sem falar que a gente começa a dar valor para pequenas coisas e para nossa vida. Quais os outros esportes que você pratica? Normalmente algum que tenha prancha. É a minha paixão. Gosto muito de andar de skate, escalar e também fiz tecido acrobático um tempo atrás. Na verdade, eu gosto de me movimentar. Se for para praticar uma atividade física ao ar livre, eu tô dentro. E o que o surf representa na sua vida? Nossa! O surf é a minha alma! Muda a vida e nos transforma para o bem. Eu troco qualquer coisa por ele, como o luxo de viver na Europa para morar numa casa em frente a um pico irado. Também me faz concentrar e ter tanto equilíbrio mental quanto físico. Eu digo que é bom demais! (risos). Todo mundo devia aprender a surfar, entrar numa escolinha, mesmo que não vá fazer isso para sempre. apreender a lidar com a natureza e ser uma pessoa melhor. Para mim, a vibe do surf é absurda! agora, quais são os seus planos? (Risos) Descansar, surfar muito... Meu foco hoje é a minha carreira de atriz, trabalhar com publicidade e também continuar como personal.
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roGer FerreIra
Jano e Alemão na sala de shape da Wetworks.
o shaper carioca Cláudio Hennek e o surfista profissional paraibano Jano Belo vêm trabalhando juntos há quase uma década para aprimorar o equipamento, visando sempre se enquadrar nas mudanças físicas do atleta e no que está sendo usado pelos surfistas competitivos. “o Jano é um cara bem tranquilo para trabalhar, pois mesmo quando usa um equipamento e não consegue se adaptar, ele volta a testar e acaba se dando bem. Foram poucas as vezes que ele não gostou e me devolveu uma prancha. Existem outros atletas da equipe que são psicóticos e ficam fissurados em uma prancha mágica. Se eu não consigo fazer uma idêntica, eles questionam e faço duas, três, quatro, cinco, quase chegando à loucura, até desencanarem. É mais chato de trabalhar assim, porém também faz parte, uns são mais difíceis e outros não”, diz Hennek.
CLÁUDiO HENNEK POR JaNO BELO Trabalho com ele desde 2001 e tínhamos um modelo de prancha pré- estabelecida, que eu sempre me adaptava e não precisava nem treinar muito que já estava no pé. Mas com a evolução normal do surf nos últimos anos, com novos tipos de quilhas, rabetas, outlines, etc, estamos tentando acompanhar esse processo. Eu notei que é mais fácil dar uns aéreos com pranchas menores, mais largas, e nas marolas isso está sendo bem valorizado. No entanto, em outras ocasiões estou usando mesmo as de seis pés, que são do dia a dia. As pranchas finas são mais fáceis para executar rasgadas, batidas e rabetadas por serem mais rápidas. Em contrapartida, as menores e mais
grossas são melhores para os aéreos e rasgadas. Nas ondas maiores, as pranchas muito finas também são mais complicadas e não aturam a pressão. Estamos trabalhando para manter o que vem dando certo. Em 2011 o nosso foco será subir no ranking do WQS, além do Brasil Surf Pro.
JaNO BELO POR CLÁUDiO HENNEK A mudança mais radical que fizemos de dois anos até agora foi porque o Jano ganhou mais massa muscular. Em função disso, mexemos um pouco na largura e espessura das pranchas, além de diminuir o tamanho em proporção das que ele usava, extremamente finas e estreitas. Antes eu ficava até impressionado por ele conseguir surfar com aquele equipamento, mas colocamos mais borda, largura e reduzimos entre uma e duas polegadas. E ele vem tendo um bom resultado. Jano só usava 6 e 6’1. Hoje está com uma 5’11 e até as fishs menores. o equipamento básico dele é essa 6 pés com 2.1/4 e 18.1/4, que tem curvas básicas, com bastante concave, desde as quilhas. De um ano para cá, eu fiz algumas pranchas para ele com concave até o bico, tipo duplo concave, vindo do bico até a rabeta. Foram as que ele gostou muito, inclusive ganhou uma etapa do WQS em Floripa. Como o Jano está mais forte atualmente, seu surf também está mais potente e precisamos reajustar o equipamento, colocando um pouco mais de “carne” nas pranchas para acompanhar isso e fazer com que as manobras apareçam para os juízes. o atleta que sabe valorizar o seu shaper e usa essa ferramenta a seu favor, tem tudo para se dar bem. Eu acho que cada um tem que ter seu shaper titular para fazer um trabalho de longo prazo, senão, pode ficar sem referência.
6’0 - 2.1/4, 18.1/4 rabeta Squash
peDro MoNteIro
Jano voando de Hennek.
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Comecei com esse negócio de surfar ondas grandes meio sem querer. Sempre vou ao Hawaii surfar Pipeline e Backdoor, porém quando Waimea cresce, não dá para ficar na areia olhando, né?! Numa dessas investidas, eu peguei a onda da minha vida, que me ‘catapultou’ inesperadamente ao status de big rider. Eu até pensava nisso, só que num futuro mais distante, pois nunca me achei preparado. Mas como não sou bobo, logo percebi que essa onda foi meio que um divisor de águas entre o Gordo antes e depois da bomba do dia 11 de janeiro. Bem, um dia eu iria querer expandir meus limites, então, teria que estar pronto para isso. Fiquei sabendo do projeto que o Burle está desenvolvendo com o Salvador Lamas e o Lucas e me inscrevi neste treinamento, que consiste em muitas atividades na praia, além de um intenso treino de natação e apneia na piscina. Através disso, fiquei mais em contato com o Burle. Aí, um dia ele liga e me dá uma notícia muito legal (risos): “Gordo, compra uma passagem e vai para Mavericks, pois vai bombar e eu quero ver você lá. Nem pensa, vai”. Fiquei apavorado (risos), mas ao mesmo tempo instigado com a ideia de surfar essa onda, me botar à prova e ter minha primeira experiência no pico. Pô, nunca fui para lá, não tenho prancha grande, nunca usei uma roupa de borracha mais grossa que 2 mm, odeio água fria, minha grana estava contada para ir ao Hawaii e tenho minhas contas para pagar. Juro, eu fiquei louco ao ponto de dar uns berros no carro no caminho de casa para dissipar a adrenalina (risos). Não só por causa da onda, como também por largar tudo tão rápido para ir. Mas quer saber, as coisas boas sempre acontecem assim e senti uma vibe muito boa. Agora estou aqui no avião rumo à Califórnia na maior ansiedade e com o coração um pouco partido, pois nessa última semana conheci uma menina tão legal que ficar longe dela vai parecer não ter fim... Bom, exagerei um pouco, porém eu não conhecia uma pessoa assim há anos. E isso é verdade! Esse conto do Forrest foi escrito em duas partes. Até aqui, expressei minha ansiedade e vontade de surfar no desconhecido. Agora, depois dessa experiência única e fundamental na minha vida, me sinto com o dever cumprido. Não peguei grandes coisas em Mavericks. Na real, eu me senti acuado, travado e totalmente desambientado naquele lugar, porém isso vai me instigar a voltar um dia para conseguir surfar bem aquela onda. Posso dizer que foi um “tapa na cara” que me botou no devido lugar e me fez perceber o quanto eu ainda tenho que treinar e evoluir para chegar ao nível que quero: no mesmo patamar dos melhores do mundo. No entanto, senti o gostinho de viajar para um swell específico e gostei muito de toda essa adrenalina. No voo para Los Angeles, encontrei com o Gary Linden, organizador do BWWT (Circuito Mundial de Ondas Grandes) e, como quem não quer nada, tive que mostrar umas ondas minhas na esperança de um dia conseguir uma vaga (risos)! Mais uma vez eu vejo que é isso o que quero fazer da vida. Bom, agora é só curtir a temporada havaiana. Se rolar Mavericks, eu pego um voo e vou para lá surfar, mas a verdade é que estou doido para pegar Pipe e Backdoor. Nada mais (risos)!
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jUlIo FoNYat
ViVeNdo e aPreNdeNdo
Gordo namorando sua gunzeira para Mavericks na fábrica da Rusty, Califórnia.
Num sábado com sol forte e em clima de total confraternização, as ondas do Posto 6 na Barra receberam o Desafio Pais & Filhos, promovido pela Nike 6.0, que reuniu personalidades do surf carioca e seus filhos.
FotoS: DIVUlGaÇÃo
DESaFiO PaiS E FiLHOS
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1- De passagem pelo Brasil, o fotógrafo Bruno Lemos e seu filho Kealy também participaram do evento. 2 - Felicidade total dos campeões da competição, Dadá e Dávio Figueiredo. Alguma semelhança? Muitas... 3 - Tico, surfista das antigas e criador dos calções By Tico, e sua bela filha Bruna Cavalcanti. 4 - o alto astral do shaper Gustavo Kronig com seus filhos Mark e Kaio. 5 - Ricardo Bocão com seus filhos Vitor e Bruce. 6 - Vince com seu pai, o shaper Victor Vasconcellos. 7 - Simon e Daniel Friedman dando um check nas ondas. 8 - os vice-campeões Jean Des Bullões e Jean Noel fizeram bonito no evento. 9 - João Pedro e seu pai Fred Baltazar, que também é shaper, num relax entre as baterias. 10 - o ex-surfista profissional Marcelo Bôscoli com seu filho Gabriel. 11- Lucas Paes e seu pai Walter minutos antes de enfrentar as ondas. 12 – Confraternização total!
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FotoS: DIVUlGaÇÃo
A união de vários esportes em um só lugar.
casa da NiKe aGiTa o rio Quem passou pela praia da Barra da Tijuca durante o mês de dezembro se perguntou o que era aquela mega estrutura com rampas de BMx, telão com imagens alucinantes e música rolando em alto e bom som. Em uma iniciativa pioneira, a Nike 6.0, divisão de esportes de ação da marca, entrou no Rio com um projeto bastante inovador. o espaço, que antes abrigava um posto de gasolina e o Bob’s, foi reformado para receber a molecada apaixonada por esportes radicais, principalmente o surf e o BMx. Quem passou pela praia da Barra da Tijuca durante o mês de dezembro se perguntou o que era aquela mega estrutura com rampas de BMX, telão com imagens alucinantes e música rolando em alto e bom som. Em uma iniciativa pioneira, a Nike 6.0, divisão de esportes de ação da marca, entrou no Rio com um projeto bastante inovador. O espaço, que antes abrigava um posto de gasolina e o Bob’s, foi reformado para receber a molecada apaixonada por esportes radicais, principalmente o surf e o BMX. O local, que recebeu o nome de Posto 6.0, se tornou o point da garotada nos finais de tarde com várias opções de entretenimento durante os dias 9 a 19 de dezembro. Exposições de arte, palestras, entrevistas, demos de BMX, shows, oficinas de edição de vídeo, workshops, jogos, entre outras atividades, fizeram da “Casa” da Nike, como a galera chamava, um evento único no Rio de Janeiro. Paralelamente ao Posto 6.0, a marca realizou algumas ações que fizeram história na cidade maravilhosa. Todos os dias um ônibus equipado com Surf bus rumo à Prainha.
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pranchas, quilhas, vídeos de surf e rango, batizado de “Surf Sessions”, levava a molecada para surfar, realizando o sonho de muitos surfistas adolescentes. Todas as caídas eram registradas em fotos e vídeos que depois foram disponibilizados na internet. No comando, o irreverente Pedro Scooby, que foi a pessoa certa para entreter os moleques. Alejo Muniz e Gabriel Medina também marcaram presença. Já na linha de frente, Guilherme Braga, o responsável pelo ‘busão’, afirma que vivenciou uma experiência incrível trabalhando em prol da diversão da garotada. “Selecionamos 120 jovens fissurados em surf, sendo 100 meninos e 20 meninas. Quando eles estavam no ônibus não existiam diferenças sociais ou de religião, o que importava realmente era a alegria de estar pegando altas ondas com os amigos”, disse Braga, que também é organizador do circuito PUC Surf. As famílias também tiveram seu momento. Em um sábado de sol e altas ondas, rolou o Desafio Pais & Filhos, primeira competição realizada pela marca no Brasil. O evento contou com a participação de lendas do surf o circo montado.
A Sala de edição de vídeos aberta para a molecada.
o ônibus era só alegria. Nova geração.
Diversão garantida na casa. Pedro Scooby, o “embaixador” da casa, mostrou o que sabe nas Surf Sessions.
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carioca, como Ricardo Bocão, Dadá Figueiredo, Tico Cavalcanti, Daniel Friedman, entre outros, e teve o objetivo de unir as gerações do surf no Rio. O shaper Jean Noel e seu filho Jeanzinho fizeram uma final disputada contra Dadá e seu filho Dávio. Dadá mostrou que aos 45 anos ainda tem surf para escovar muito garoto de vinte. Com a vitória, o clã Figueiredo ganhou duas passagens para a América Central, já os segundos colocados levaram outras duas para algum destino da América do Sul. Por trás de todas essas ações estava Alexandre Reis, gerente de marketing da Nike 6.0. “O projeto surgiu a partir de dois eventos realizados pela Nike, um nos Estados Unidos e outro na França. Peguei as melhores ideias e misturei com as influências brasileiras, adicionando o conceito da 6.0, que envolve música, cultura e os seis esportes que compõem a marca: surf, BMX, wake, skate, motocross, snowboard e ski.” A realização do Surf Sessions e do Desafio Pais & Filhos também foi um sonho concretizado para Alexandre. “Quando era mais novo, tudo que eu queria era ter uma sessão de surf registrada por um fotógrafo ou filmmaker. Fico amarradão de poder proporcionar isso aos 120 jovens que fizeram parte do ônibus. Já o campeonato buscou resgatar duas gerações do surf carioca. Ver o Dadá e o Dávio competindo lado a lado foi algo incrível! E o mais bacana foi a confraternização de todos os envolvidos”, declarou Alê, que também é um surfista fissurado. Durante os 11 dias do Posto 6.0 sempre havia alguma atração envolvendo o público presente, como a comemoração da vaga para o World Tour de Alejo Muniz, o lançamento do Gibi 6.0 Comics, o show que André Jesus proporcionou no BMX, além do dia em que a Surfar foi homenageada, com palestra do seu editor José Roberto Annibal e a apresentação de um vídeo do fotógrafo aquático Pedro Tojal. Mas, sem sombra de dúvida, 15 de dezembro foi um dos mais marcantes. A galera da ADAPTSURF apareceu em peso e deu um show de superação e alto astral. A ONG exibiu as atividades que vem fazendo para garantir acessibilidade àqueles que possuem algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida. Outra ligação que o Posto 6.0 criou entre o público e a marca foi com as artes. Artistas eram convidados para pintar quadros ou customizar pranchas. E quem marcou presença foi o projeto Briza Arte, uma ONG de Irajá, subúrbio do Rio, que apoia jovens de todas as classes sociais por meio do esporte e da arte. O Briza Arte, em parceria com a Nike 6.0, criou uma linha de bermudas inspiradas em três praias da cidade: Arpoador, Barra e Prainha. Cultura, arte, música, surf e esportes radicais foram os instrumentos que a Nike 6.0 utilizou para entrar em solo carioca. E, diga-se de passagem, ela foi muito bem vinda à Cidade Maravilhosa!
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Molecada aterrorizando o ônibus.
A prancha do Medina foi a mais disputada.
Curtição total. Todas as atenções para André Jesus.
Sessão pipoca. Dávio Figueiredo deu trabalho no desafio pais e filhos.
o relax de Chloé Calmon.
Gui Braga, Alê Reis e Scooby. Medina, Alejo e Wesley.
De carona com o tio Scooby.
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Wainui
Bruno Lemos e seu filho Keale fotografando Pipeline.
“MaHalo Ke aKua” PoR: BRUNo LEMoS
Que emoção! Mais de 20 anos trabalhando no meio do surf e essa é a primeira vez que sento para escrever uma coluna para uma revista especializada. Confesso estar meio perdido. Já escrevi muitos textos antes, então, não teria por que ficar apreensivo. Talvez o meu subconsciente esteja achando que agora como colunista da Surfar e sendo essa a primeira coluna, eu teria a obrigação de impressionar. Não só aos leitores, mas também o editor, que me deu essa oportunidade. Só pode ser isso! Primeiro pensei em falar sobre a onda de Laniakea, que funciona com uma ondulação de norte e quando fica grande com até 10 pés se transforma num J- Bay havaiano. Eu passo todos os dias por Lanes, pois trabalho numa montanha em frente ao pico com uma visão privilegiada. Por isso, se tivesse escolhido esse tema, teria chances de fazer um bom texto. Também cogitei falar sobre Pipeline, “a onda que mais tirou vidas no meio do surf ”. Estamos na era do tow-in e nunca tivemos tão perto de ver alguém conseguir surfar uma morra de 100 pés, porém, segundo as estatísticas, a onda mais assassina que existe é Pipe. Nessa temporada, nós tivemos alguns dias épicos neste pico. Em novembro foram três dias consecutivos e esse swell coincidiu com a data do funeral de Andy Irons. Fora isso, ainda teve um brasileiro que pegou a melhor onda durante esse período e quase levou para casa 25 mil dólares de uma premiação oferecida pelo site Surfline. Então, seria perfeito eu estrear a minha coluna falando sobre Pipe, o swell do Andy, além de meter o pau nos gringos por terem garfado o Thiago Camarão. Mas não! Achei que não seria legal. O ser humano é assim mesmo, né? Quando há muitas opções, sempre demora a se decidir. Aqui no North Shore isso acontece muito. São tantos picos de onda, que primeiro você quer checar todos antes de escolher um para cair. Aí quando você decide, crowdeou, a maré encheu, o vento entrou. Se o editor tivesse me falado: “Escreve sobre isso”, talvez eu não estivesse aqui dando voltas. Outro dia um cara disse o seguinte: “Você sabe qual é a diferença entre os homens e os animais?
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Os animais possuem instinto, já os homens têm sentimento”. Acho que sentimento é aquilo que vem do coração. E por algum motivo, o meu hoje não queria escrever muito sobre surf, mas sim sobre algo que aconteceu há alguns anos atrás. No meu primeiro ano de Hawaii, um dia eu estava sozinho assistindo o pôr do sol, cheio de dúvidas e de emoções estranhas dentro de mim. Ao mesmo tempo feliz e triste por estar no North Shore, pois não tinha perspectiva nenhuma de ficar. Sem grana, nem visto e muito menos trabalho. Mas no meu coração eu tinha certeza que estava onde sempre quis. Não conseguia imaginar como iria conseguir sobreviver numa terra tão difícil, então, naquele momento resolvi entregar toda minha angústia nas mãos de Deus. “Deixe me ficar, deixe me ficar…” era a única coisa que conseguia pedir ao papai do céu. Isso aconteceu em 1991 e estamos em 2011. Vinte anos se passaram e eu continuo aqui. Foram várias roubadas, mas também vivi muitos momentos de êxtase e alegria. Independente do que passei para hoje estar aqui escrevendo essas linhas, eu tinha que seguir os meus “instintos”, ou melhor, meus “sentimentos”. Em vez de falar apenas sobre surf, queria aproveitar a oportunidade para desabafar e compartilhar que não foi fácil e que continua não sendo estar aqui. No entanto, o Hawaii tem algo que de alguma forma mantém a chama do surf acesa. Não só em mim, porém também nas pessoas que um dia tiveram a oportunidade de vir para cá ou até mesmo as que viram uma foto, uma imagem do paraíso e, assim como eu, “foi amor à primeira vista”. Minha intenção nessa página era a de passar um sentimento de gratidão por ter o privilégio de ter conseguido ficar todo esse tempo aqui no North Shore. Por isso, para finalizar, gostaria de ensinar três palavras em havaiano: “MAHALO KE AKUA”, que traduzindo para o português são bem conhecidas dos brasileiros e principalmente dos cariocas: OBRIGADO SENHOR. Bruno Lemos é fotógrafo carioca radicado há mais de vinte anos no North Shore, Hawaii.
Foi dada a largada! A temporada Hawaii 2010/2011 já está bombando e a Surfar montou sua base no North Shore para não deixar escapar nada do que está rolando.
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1- Mineirinho e Sylvio Mancusi unindo forças. 2 - o tempo passa... E Picuruta Salazar está surfando cada vez melhor. 3 - Você ficaria de fora? A surfista californiana Jamilah Star não amarelou em Pipe. 4 - A vibe do locutor Rick Lopes e Luquinhas depois de pegar altas ondas. 5 - Stephan Figueiredo, hoje o brasileiro mais respeitado em Pipe. 6 - Ian Gouveia depois de uma manhã de trabalho. 7 - Passa hipoglós aqui pra mim... Gordo e Dieguinho em um momento de lazer nada convencional... 8 - os fotógrafos da Surfar Pedro Tojal e Bidu registrando tudo que está rolando em terras havaianas.
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FotoS: BIDU ( 1, 4, 5, 6 ), DUDa ( 2 ), BrUNo leMoS ( 3, 8 ), peDro tojal ( 7 ).
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Hawaii 2011
No maior clima de alto astral, a Quiksilver promoveu em novembro um coquetel na Extreme Club para lançar a sua nova coleção.
FotoS: DIVUlGaÇÃo
QUiKSiLVER Na EXTREME
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1 - Pedro Muller e esposa com o casal Luciana Figueiredo e Ricardo Bocão prestigiaram o evento. 2 - o sorriso das gatas mostrou a vibe da noite. 3 - Beleza em dose dupla! 4 - Bruno Mattos e Larissa. 5 - A confraternização de Marcelo Machado, Vitor Marçal, brasileiro chefe dos guarda-vidas no Hawaii, e Rico de Souza. 6 - As amigas Joana e Camila. 7 - A simpatia da massoterapeuta Priscila Barcik e de Danielle, vendedora da Extreme. 8 - Guilherme Tripa, sua namorada e Eraldo Gueiros, proprietário da Extreme. 9 - Rogério da Quilsilver e Akemi Gouvêa da Red Bull. 10 – Thaís Havel da Surfar foi conferir a nova coleção da Quiksilver. 11 - os fotógrafos Alvinho Duarte e Gustavo Cabelo não deixaram nada escapar de suas lentes. 12 - Felipe “Frajolinha” com o seu pai Frajola. 13 - o atleta Rodrigo Bandeira, o “Digão”, entre seus pais e maiores incentivadores: Shaia e Bernard. 14 - A galera lotou a Extreme Club.
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BrUNo leMoS
Essa onda foi em novembro no primeiro Pipeline bom da temporada. Pela manhã, o mar estava flat. Já no final de tarde, estava quebrando com séries em Banzai. A onda veio lá de trás e o cara que tava no pico não conseguiu entrar. Como eu era o próximo da fila, dropei meio atrasado por causa do vento terral e não consegui ficar muito deep, mas valeu muito, pois o Hawaii é demais! Basta uma onda pra você fazer a cabeça. Rodrigo Dornelles
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Todo início de temporada a história se repete. A surfistada e a mídia especializada ficam ansiosas de olho no forecast à espera das primeiras tempestades no Pacífico. E já era de se esperar a grande expectativa neste inverno, pois no ano passado tivemos vários dias seguidos de swells gigantes. A bandeirada de largada para a temporada 2010/11 no Hawaii rolou em meados de novembro, quando Pipeline acordou com ondas de até 10 pés, mas dezembro chegou e com ele vários dias seguidos de “marolas” com no máximo 6 pés. Até que nos primeiros dias de 2011, Banzai voltou a funcionar e a galera pode colocar as gunzeiras pra descer ladeira abaixo em Pipe. Confira agora uma seleção de fotos de toda a primeira parte da temporada, com depoimentos exclusivos de quem fez a coisa acontecer no Hawaii.
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Depois de um mês sem quebrar Pipeline, a galera estava na maior expectativa. Não foi um Pipe qualquer, pois estava grande, uns 12 a 15 pés, com várias séries varrendo o canal. Tinha que tá na dispô de tomar as bombas na cabeça pra poder pegar as boas. Essa minha onda foi linda, veio lá em Banzai e no meio do crowd sobrou pra mim... Naquela adrena toda eu só escutei o Gabriel gritando: “Go Gordo!”... Dei um dropão irado e ela foi correndo na bancada, porém só foi rodar lá embaixo. Nem foi um tubão gigante, mas foi uma onda linda, grande, que só quem já surfou no Banzai sabe descrever o que eu senti. Felipe Cesarano
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Essa temporada foi uma merda pra mim. E esse foi um dos poucos dias que consegui surfar feliz no meio do crowd havaiano... Jer么nimo Vargas
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Essa foi a onda da minha vida! Estou morando aqui no Hawaii há cinco anos e ainda não havia conseguido pegar uma boa em Pipeline, principalmente em função do crowd e pela onda ser medonha. Na minha primeira caída pela manhã, peguei quatro ondas, uma delas até grande, mas não muito boa. Aí, depois de comer e descansar um pouco, eu voltei pro mar. E após quase duas horas de caída, peguei essa. Ela veio sozinha pra mim. Eu fui na fé, remei com tudo, dei um botton turn pela minha vida, botei num salão muito largo e consegui sair no canal muito feliz mesmo! Alessandro Costa
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Neste dia Rocky Point estava clássico, muito clássico! Devido às condições épicas estava muito difícil de pegar as boas da série em função do crowd, que eram sempre as direitas de Rocky Rights. Fiquei algumas horas tentando pegar essas direitas sem sucesso. Desisti e sinalizei para o Tojal que eu estava indo mais para o lado tentar pegar umas esquerdas que vinham com certa demora em Gas Chambers. Não demorou muito e logo a série entrou. O Antony Walsh veio na primeira e a segunda era minha! Tojal nadou na minha direção, gritou para eu ir e o resultado foi esse aí! Gabriel Pastori
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De manhã não tinha nada de onda e no final de tarde já vinham séries de 6 pés plus. Entrei em Off The Wall pra fazer umas fotos com o Pastori e Gordo, porém a formação estava ruim. Vi que em Pipe estava bom, mas só locais na água. Fui pra lá fazer umas fotos antes do sol se pôr. Fiquei meia hora e tive a sorte de fazer essa do Mikey Bruneau e uma do Gordo, que vocês conferem na última página dessa edição.
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O Tojal estava posicionado quase levando a onda na cabeรงa, mas foi rรกpido e adiantou bem a nadada para fazer a foto. Foi uma onda bem tubular e alucinante em Rocky Rights!
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Sem dúvida, essa foi a melhor onda da temporada e a mais incrível que já vi em Pipeline. Os locais que ficam na casa da Volcom começaram a assoviar quando essa série estava chegando. E quando ela encaixou na bancada, Kalani Chapman mostrou por que ganhou o prêmio da melhor onda do inverno em 2010. Pegou um tubo nota 12 (no Backdoor Shootout as notas vão de 0 a 12) saindo numa baforada absurda que, com certeza, daria pra pintar um caminhão inteiro!
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Bidu
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o MelHor do BacKdoor sHooTouT eM Nossa Galeria de foTos e No surfar TV.
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Enquanto no Hawaii a galera amargava o pior início de temporada dos últimos anos, os locais de Saquarema se esbaldavam na Barrinha com altas ondas de 6 a 8 pés quebrando perfeitas com sol e vento terral. As condições estavam melhores do que em qualquer dia de dezembro no North Shore. o top mundial Raoni Monteiro voltou para casa logo após vencer o WQS de Sunset e chegou na hora certa. A SURFAR enviou o fotógrafo Arthur Toledo para cobrir esse dia de tubos quadrados em que só PoR: RoGER FERREIRA FoToS: ARTHUR ToLEDo os sortudos locais estavam no pico.
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Assim que essa foto do Raoni Monteiro pintou na redação, ela gerou uma pergunta que acabou dando nome a essa matéria. Realmente a comparação com as famosas fotos de fins de tarde em Backdoor e off The Wall é inevitável.
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Comparar Saquarema ao Hawaii pode parecer um exagero, mas não é. Além de altas ondas, os dois lugares têm algumas particularidades em comum. O life style tem aquele “country feeling”, ou seja, a galera leva uma vida tranquila, totalmente voltada para o surf e longe daquela loucura dos grandes centros urbanos A rapaziada local toma conta dos picos da cidade, enfim, exige respeito. “Saquarema é uma cidade pequena, que não tem nada pra fazer além de pegar ondas. É acordar cedo e ir direto pra água, dormir e acordar pensando em surf, assim como no North Shore. A vibe da galera que vive do surf é bem parecida nos dois lugares”, diz Raoni Monteiro, que através do esporte divulga Saquá por onde passa pelo mundo. Raoni em casa.
Cartão postal clássico de Saquá.
“Foram 4 a 5 horas de tubos. Um dia abençoado para finalizar o ano com muita sorte.” – Léo Neves. Line up pesado na Barrinha.
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Patrick Reis achou o melhor tubo da sess達o matinal na Barrinha.
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Com a energia renovada ap贸s garantir o retorno ao WT no Hawaii, Raoni Monteiro parecia um moleque brincando no quintal de casa.
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Nesta época do ano em que todas as atenções estão voltadas para o Pacífico Norte, Netuno surpreendeu a todos enviando um swell de 6 a 8 pés que atingiu em cheio o litoral do Rio de Janeiro na sexta-feira (17/12). Em Saquarema, a ondulação encaixou perfeita na Barrinha, pico situado ao lado direito na praia de Itaúna, onde os locais apostaram suas fichas e se deram bem no outside do “North Shore brasileiro”. “Estou com muita sorte este ano! Na verdade foi um grande presente pra mim chegar em casa após conseguir me classificar pro WT, com a sensação de dever cumprido, e ser recebido com um swell como esse. Pegamos altos tubos, foi demais!”, disse Raoni sem arrependimento por ter trocado o Hawaii pelo quintal de casa. Yan Guimarães, umas das grandes revelações de Saquá, adiou o embarque e se deu bem. “Sempre monitoramos as previsões de olho nessa onda da Barrinha. Desta vez sabíamos que o fundo estava legal e que iriam rolar boas condições. Ir surfar em Rocky Point como fez a galera em dezembro, foi melhor ficar em casa com a família e pegar altas ondas com apenas cinco amigos dentro d’água como aconteceu agora.” Sem sombra de dúvidas, o garoto fez a escolha certa! O que todo surfista sonha em encontrar nesta época do ano quando vai ao Hawaii desta vez estava lá em Saquarema. “Ao sair do mar, encontrei com o Léo Neves entrando. Ele olhou pro pico e me falou amarradão: ‘Olha isso… é Off The Wall!’”, lembra Raoni. Outro local “hero” de exportação “made in Saquá”, Marcos Monteiro, atual quinto colocado no circuito mundial de ondas grandes, também estava amarradão por estar em casa na segunda semana de dezembro. “Esse swell estava perfeito, 8 pés sólidos que quando encaixavam na bancada rodavam muito. Em várias ondas dava pra entubar profundo e ainda conseguir sair no final. Posso afirmar que as ondas se assemelham às havaianas, e o melhor, sem crowd, só com os amigos dividindo o outside!”, disse Marquinhos feliz igual a pinto no lixo.
Ajuda mais que bem vinda.
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Raoni (foto acima) e Léo Neves (foto abaixo) mostrando por que as comparações entre Saquarema e o Hawaii não são nem um pouco exageradas.
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os locais de Saquá são cascas-grossas em quaisquer condições de mar. Jonas Marcos Monteiro é o representante de Saquá no circuito de ondas grandes.
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A Barrinha é a melhor escola para se aprender a entubar de backside, Yan Guimarães que o diga.
Raoni e Yan amarradões após a sessão de tubos no North Shore brasileiro.
Saquarema dá onda power o ano inteiro. Basta trocar uma ideia com os locais e você irá ouvir relatos de mares perfeitos, ondas de 10 pés atrás da laje, tubos que cabem um carro dentro e por aí vai… Quando tem fotógrafo para registrar, o material fala por si só. “Aqui é bem parecido com o North Shore. Em 1,5 km de distância, você encontra diversas ondas boas e bem diferentes umas das outras. E toda hora dá um mar clássico”, compara Yan. Assim como no Hawaii, quem pensa que as ondas da Barrinha são para qualquer surfista está enganado. A galera que está acostumada com um surf mais tranquilo prefere outros picos porque as séries são muito pesadas mesmo. “É muito difícil para entrar no mar quando está grande, pois se toma muito na cabeça por não ter canal. Nós cansamos de pegar tubos grandes e profundos, mas você precisa remar muito e dropar no lugar certo”, alerta Raoni. E conclui Yan em grande estilo: “Quando o mar está grande e tubular, eu me sinto bem à vontade em qualquer lugar do planeta”.
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coNfira as iMaGeNs desse dia Na surfar TV e alTas foTos eM Nossa Galeria.
Raoni fechou o ano com chave de ouro pegando as maiores do swell de dezembro no quintal de casa.
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Rafael Teixeira nĂŁo se arrependeu de partir na barca para Arraial pegando um dia de tubos clĂĄssicos na Praia Grande.
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A galera do Rio sabe muito bem que quando o swell entra por aqui as opções para pegar altas ondas são inúmeras. Além dos diversos picos espalhados pela cidade, temos outras praias na Região dos Lagos, a duas horas de carro, que fazem a cabeça de quem se aventura para uma sessão bate-volta em Saquarema, Cabo Frio, Arraial do Cabo ou Búzios. Foi assim que um grupo de freesurfers cariocas aproveitou um sábado com ondas de 1.5 metros, águas cristalinas e vento terral na Praia Grande, afinal, Arraial é logo ali! PoR: GABRIEL PASToRI
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Dieguinho aproveitou tudo que as ondas de Arraial do Cabo podem oferecer: tubos cristalinos e manobras de alta performance.
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aNDrÉ portUGal
HeNrIQUe pINGUIM
Após uma sexta-feira corrida e sem ondas legais no Rio, a previsão de um bom swell para o sábado deixou a galera animada para pegar uns tubos. O fotógrafo Henrique Pinguim me telefonou naquela noite botando a maior pilha para partimos rumo à laje da Jaconé. Pinguim dizia que as previsões estavam perfeitas para o pico. Eu não conhecia o lugar, mas já tinha visto boas fotos de lá e não hesitei em confirmar minha presença na barca. Na trip estariam também os fotógrafos André Portugal, Pedro Fortes e Joana Souza, além dos surfistas Gabriel Garcia, Diego Silva, Stanley Cieslik, Nelson Pinto, Rafael Teixeira e Peu. Resumindo, nossa equipe era formada por doze cabeças, com pranchas, equipamentos fotográficos, quatro carros e um jet ski. Na manhã seguinte, acordamos cedo e partimos para o litoral norte do Rio de Janeiro. A primeira parada seria para ver como estavam as ondas em Jaconé. Uma hora e meia depois, já estávamos na deserta praia que faz parte do município de Saquarema. Algumas ondas de um metro quebravam na tal laje, mas definitivamente não eram aquelas as condições que estávamos esperando. A galera queria mesmo os tubos. Começamos, então, a avaliar outras possibilidades de picos próximos para onde poderíamos ir. Não pensei duas vezes e liguei para meu amigo Babu, morador da Região dos Lagos, que sempre me passa o informe das ondas em Arraial, lugar que frequento há muitos anos. Praia Grande é onde eu mais gosto de surfar lá. E com aquela ondulação de sudoeste com vento leste era certo dos cilindros cristalinos estarem rolando.
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Biel, Fortes, Dieguinho, Rafael, Pinguim, Peu, Nelsinho, Portugal, Stanley e Pastori.
A cor da รกgua de Arraial sempre impressiona em momentos como este do Gabriel Pastori.
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peDro ForteS
Com mais uns quarenta minutos de estrada, nós chegamos com o comboio em Arraial do Cabo. Logo depois da curva que permite o encontro com a praia, vimos que tínhamos acertado na escolha. Areia branquinha, água azul turquesa e tubos penteados pelo terral tornavam o cenário um verdadeiro estúdio fotográfico a céu aberto. Aproveitamos os carros com tração 4x4 que tínhamos e descemos pela areia para escolher a melhor vala. Em poucos instantes o jet estava no mar e a galera se esbaldava com as condições épicas. Já na minha primeira onda, botei para dentro e voltei para o pico ouvindo os gritos do Pinguim: “Essa ficou animal Gaga!”. A sessão rendeu muitas fotos, tanto de dentro quanto de fora d’água. Todo mundo pegou altas. Depois de
algumas longas horas de surf, estávamos mortos de fome. Nada que um PF não resolvesse. Depois do almoço as condições na Praia Grande mudaram totalmente com a virada do vento para sudoeste, mas a posição geográfica de Arraial fez toda a diferença para não perdermos o resto do dia. Por ser uma ponta para dentro do oceano, as condições são muito distintas entre uma praia e outra. Um vento que é terral de um lado pode ser maral do outro. Da mesma forma que, enquanto de um lado o mar está flat, o outro pode estar clássico. Diante disso partimos em direção à praia do Pontal, onde sabíamos que a ondulação não estaria tão grande, porém agora era terral do lado de lá.
Stanley Cieslik.
HeNrIQUe pINGUIM
Diego Silva.
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Duplo ângulo de Peu passeando tranquilamente pelos tubos da Praia Grande.
Algumas marolas quebravam na Ilha do Pontal, mas nada de especial. Daí, o Dieguinho sugeriu uma sessão de tow-out nas marolas que quebravam na beira. Eu não dei a mínima para o comentário, entretanto, o resto da galera se amarrou na ideia e em cinco minutos o jet já estava novamente na água. No fim das contas, os aéreos foram, sem dúvida, uma excelente pedida para o final de tarde. Com o fim do dia, o dilema era dormir na cidade ou voltar para o Rio. Aí entrou em cena o Biel, que ligou para um camarada dele que tem uma casa de frente à Praia Grande. A “cachanga” do cara era alucinante e foi lá que ficamos hospedados naquela noite. No dia seguinte nos deparamos com condições totalmente distintas.
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Gabriel soltando o pé no segundo dia da trip.
O tempo não estava tão aberto, o vento não era terral e as ondas não estavam no mesmo lugar. Mas, logo de cara, percebemos que uma vala tinha se formado próximo ao canto da praia. Dava para ver da areia que as esquerdas estavam funcionando. Preparamos o equipamento e fomos para a água de novo, pois, após um dia de tubos e aéreos, tudo que queríamos era umas perfeitas para manobrar. No final, a galera já estava morta, de cabeça feita e com muitas imagens registradas. Amarramos as pranchas, batemos um rango e pegamos a estrada. No meio de chuva e raios que caíam no caminho de volta, a nossa única certeza era que ainda voltaríamos muitas vezes para aquele lugar. Afinal, Arraial é logo ali.
HeNrIQUe pINGUIM
HeNrIQUe pINGUIM
aNDrร portUGal
Lip cristalino sobre a cabeรงa de Dieguinho.
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peDro ForteS
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Biel sobrevoando o Charel, do outro lado de Arraial.
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aNDrÉ portUGal peDro ForteS
Cieslik trocando de direção em alta velocidade na Praia Grande.
peDro ForteS
coNfira Mais foTos dessa TriP eM Nossa Galeria.
Nas alturas, Nelsinho brinca com a lei da gravidade no Charel.
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PoR: TIAGo GARCIA
FotoS: peDro tojal
Marco Giorgi, único brazuca no Innersection, em Nias.
iNoVaÇÃo ou eXPloraÇÃo?
NEwS: - Who is J.O.B, nova produção de Jamie O’ Brien, chega ao Brasil em janeiro com distribuição da VAS. - Taj Burrow disponibilizou em seu site boa parte de seus clipes nos principais filmes de surf em que foi protagonista, como Trilogy, Fair Bits e Montaj. Acesse http://tajburrow.com/video/ e confira.
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de Notes For a Young Surfer e pós-doutor em Cultura Surf pela Universidade de Sydney. Em seu blog kurungabaa.net, ele conta que ao saber do projeto questionou se era uma piada. “Sim, faça todo o trabalho para Taylor que depois você será recompensado no futuro. Isso é exploração!”, fala. E ainda dispara outra crítica: “Taylor está sem ideias e quer lucrar à custa da criatividade de outros videomakers. Tudo isso como um mero retorno de ter um clipe em um projeto da Poor Specimen (produtora do diretor californiano).” Dr. Evers também acha que nenhum videomaker precisa disso para ter reconhecimento, pois é apenas necessário que todo diretor faça um bom trabalho por si mesmo sendo independente. E se Steele quer usar vídeos de terceiros em seus projetos, ele deveria pagar. Na verdade existe um valor pago pelos clipes inseridos no Innersection. Segundo Marco Giorgi, seu videomaker recebeu algo simbólico. Entrei em contato com Taylor para que ele se pronunciasse sobre as críticas do Dr. Ervers, mas até o fechamento da edição não obtive resposta. o escritor australiano ainda questionou quem pagaria por um vídeo onde os clipes já foram assistidos anteriormente pela internet. Mas a realidade é que todos foram reeditados com músicas diferentes e alguns contam com imagens adicionais que não fazem parte dos clipes que concorreram no site do filme. A maioria das imagens são as mesmas, porém com outra edição. Críticas à parte, a jornalista e fissurada em vídeos de surf Daniela Paiva acha que o projeto é inovador e instigante, além de conter imagens alucinantes, esportistas de primeira categoria e uma produção de tirar o chapéu, que merece a atenção do público que pratica ou aprecia o esporte. Bem, em breve teremos a oportunidade de tirar nossas próprias conclusões, pois o Innersection chega ao Brasil em fevereiro com distribuição da VAS e venda nas melhores surfshops.
TOP 10 ViDEOS: Por Marcos Sifu
156 Tricks Cambito 1 Cambito 2 Focus Momentum 1 Momentum 2 What’s Really Going Wrong? Campaing Campaing 2 Surf Adventures 2
ÁlVaro FreItaS
o século xxI mal começou e já trouxe inovações tecnológicas geniais em termos de praticidade e interatividade. Se aproveitando disso, o mercado de filmes de surf está cada vez mais dinâmico, com produtos oferecidos para a exibição em cinema, TV e na WEB. Hoje em dia assistir esses filmes em celulares, Ipods e Ipads faz parte da realidade da maioria dos fissurados do gênero. Diante de toda essa conectividade, o diretor californiano Taylor Steele lançou o projeto Innersection, no qual videomakers e surfistas do mundo inteiro podem enviar seus clipes a uma plataforma na internet para serem selecionados pelo público e integrar o filme. De todos os inscritos, vinte foram selecionados e entre eles está Marco Giorgi, o mais brasileiro dos uruguaios, com um vídeo produzido por Loic Wirth. Conversei com alguns diretores, jornalistas e fãs para saber a opinião de cada um em relação ao Innersection. o australiano Kai Neville, diretor de Modern Collective, acredita que o projeto é uma excelente oportunidade para se conhecer novos talentos e que também existem muitos videomakers criativos para serem descobertos. Por outro lado, ele odiaria que os filmes de surf fossem apenas veiculados na internet no futuro. “Espero que sempre exista um público que queira assistir os filmes em telas grandes e não somente na web”, diz Kai. Já o diretor de - Q 21, Gustavo Camarão, gosta desta ideia como uma forma de revelar novos talentos, mas acha que o fato do público escolher os clipes a serem inseridos no vídeo final não funciona. Ele acredita que seria melhor uma comissão fazer esta seleção para, assim, aumentar a qualidade do projeto, pois podem existir campanhas realizadas pelos concorrentes e nem sempre os melhores serem os escolhidos. Entretanto, a opinião mais ferrenha é a do australiano Dr. Clifton Evers, autor
o carioca e local do Recreio João Vitor começou a surfar ainda pequeno por influência do seu irmão, Lucas “Chumbinho”, e aos seis anos partiu para as competições. Com apenas dez de idade, o moleque se tornou bicampeão na categoria Petit e agora, depois da conquista desse título, pretende fazer sua primeira viagem internacional. Para esse pequeno campeão, o surf é tudo de bom. Confira um pouco mais desse jovem talento que diz ter nascido para pegar altas ondas. Começou no surf com quantos anos e incentivo de quem? Aos quatro anos com o incentivo do meu irmão, Lucas, e do meu pai.
Categoria que compete e principais resultados Petit. Campeão carioca 2010.
Ídolo no esporte Meu irmão, pois ele manda umas manobras maneiras e bota pra baixo nas morras.
Melhor viagem e session de surf da vida Estou ansioso para a trip do Peru e a melhor session foi a da Nike 6.0 surf bus.
Picos preferidos Praia da Vila, em Saquarema, onde pego altos tubinhos junto do meu irmão. onde costuma treinar? Prainha e Canto do Recreio.
João Vitor “Chumbinho” radicalizando em Saquarema.
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Qual o seu pico dos sonhos? V-land no Hawaii objetivos no surf Ser um surfista profissional, pegar altas ondas em Teahupoo e, claro, ser campeão mundial.
FotoS: arQUIVo peSSoal
Idade: 10 anos Patrocínio: Cyclone e Flyer Figueiredo Surfboards Quiver: 4’10, 5’0 e duas 5’2 Shaper: Ricardo Martins
MÔNiCa
Melissa 24 aNOS
FotoS: FreD roZÁrIo
Dona de uma beleza única, a morena Mônica Melissa trabalha como atriz, modelo e atualmente cursa Estética e Cosmética, pois tem o projeto de abrir no futuro uma clínica na área. Para manter cada curva no lugar, joga vôlei e pratica outros exercícios físicos, além de fazer uma alimentação equilibrada. Mônica, que nasceu em Campinas, escolheu morar no Rio por causa da qualidade de vida e, principalmente, por ter a praia como lazer. Nos fins de semana, costumar ir à praia da Barra, ao cinema, teatro e frequentar bons restaurantes. Para essa gata, o surf é um dos melhores esportes pelo prazer de estar em contato com a natureza, mas diz que lhe falta talento e coragem para se jogar nas ondas. Com o passaporte já carimbado para Nova York, Miami e Fort Mayers, ela pretende viajar para Las Vegas para conhecer os tradicionais cassinos e tem como meta de vida realizar todos os seus objetivos
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Mais foTos desTa e ouTras Misses eM Nosso siTe.
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peDro MoNteIro
Pela primeira vez um surfista de Santa Catarina é campeão brasileiro. Jean da Silva.
lUCIaNo CaBal
doBradiNHa caTariNeNse
Campeões e grandes amigos: Jean da Silva e Tomas Hermes comemorando.
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Como acontece todo ano, a última etapa do Brasil Surf Pro rolou na praia da Barra e foi o grande palco da disputa entre os melhores surfistas do país. Pela primeira vez desde a criação do circuito em 87, um representante de Santa Catarina se tornou campeão brasileiro profissional. Jean da Silva fez o seu dever de casa, chegando até as quartas de final, e, assim, garantiu o título. Com poucas ondas nas finais e a praia totalmente vazia, o evento foi literalmente uma prova de nervos, pois para alguns competidores todo o ano de trabalho pode estar em jogo na última etapa. Com a ajuda do amigo Tomas Hermes, que venceu nas oitavas de final o potiguar Alan Jhones, principal concorrente ao título, Jean da Silva se tornou pela primeira vez campeão brasileiro. Ele assumiu a liderança do ranking após a penúltima etapa na Joaquina, onde ficou em terceiro lugar. “Minha trajetória no circuito foi crescente. Depois do quinto lugar no Cupe, eu sabia que poderia me tornar campeão esse ano. Em seguida, venci em Búzios, concretizando ainda mais a minha meta. Já na Joaquina, consegui a terceira colocação e me tornei o líder do ranking. Então, cheguei à Barra tranquilo, sabendo que tinha que passar duas baterias. Estou amarradão por ser o primeiro catarinense a ser campeão do Circuito Brasileiro”, contou Jean. O investimento nas pranchas, a mudança para o Rio e o foco em um só circuito foram fundamentais para o catarinense conquistar o título. “Em 2010, priorizei o BSP, já que em outros anos eu me dava bem nos campeonatos, mas todos de circuitos diferentes. Realizei um trabalho com o Xanadu, que fez excelentes pranchas para mim. Agradeço também ao Wagner Pupo e o Thiago Cunha que me ajudaram bastante nessa conquista. A minha mudança para o Rio foi crucial e muito positiva em função dos meus treinamentos”, finaliza. Após a definição do campeão do circuito, as atenções voltaram para a competição. Todos estavam determinados em conseguir a vitória e, com ela, o considerado décimo terceiro salário dos surfistas: R$ 25.000 para o vencedor da etapa. Nas semifinais, Tomas Hermes, Heitor Pereira, Leo Neves e Ricardo Ferreira apresentaram um surf com manobras modernas e mostraram por que mereceram um lugar no pódio.
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Tomas Hermes venceu pela primeira vez uma etapa do circuito brasileiro. Manobrando assim, ele vai longe.
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No domingo, a final foi disputada em ondas pequenas e em péssimas condições. Ricardo, da Praia Grande, e Tomas, de Floripa, fizeram milagre nas merrecas da Barra da Tijuca. O paulista dominou o confronto até os minutos finais, mas um erro na prioridade lhe custou o campeonato. “Na onda da virada, o Ricardo escolheu ir pra direita. Eu entrei na esquerda, vi que tinha potencial, arrisquei tudo e a nota saiu. Depois foi só esperar o tempo acabar para comemorar”, falou Hermes após sua primeira vitória no BSP.
Brasil surf Pro 2010 RANKING FINAL: 1 Jean da Silva (SC) – 2.950 pontos 2 Alan Jhones (RN) – 2.630 3 Bruno Galini (BA) – 2.620 4 Heitor Pereira (SP) – 2.590 5 Leonardo Neves (RJ) - 2530 6 Hizunomê Bettero (SP) 2330 7 Pedro Henrique (RJ) – 2.330 8 Tomas Hermes (SC) – 2.290 9 Ricardo Ferreira (SP) – 2.260 10 Rudá Carvalho (BA) – 2.160
RESULTADo DA 3ª ETAPA: 1 Tomas Hermes (SC) 2 Ricardo Ferreira (SP) 3 Leonardo Neves (RJ) 3 Heitor Pereira (SP) 5 Gustavo Fernandes (RJ) 5 Alanderson Martins (BA) 5 Jean da Silva (SC) Ricardo Ferreira voou alto na Barra.
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Gatas da Casa Bonita fizeram a alegria de quem esteve na praia.
Léo Neves foi o carioca melhor colocado no BSP 2010.
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Rodrigo Resende, local da Barra, sabe o caminho certo para um high score.
8 PÉs Na Barra eM PleNo VerÃo! PoR: RoGER FERREIRA
A Associação Carioca de Tow-In (ACT), criada em 2009 e que tem como presidente o campeão mundial de surf rebocado, Rodrigo Resende, realizou em pleno início do verão carioca o seu primeiro evento reunindo grandes nomes do surf brasileiro em ondas de até 8 pés na Barra da Tijuca. PoR: RoGER FERREIRA Você provavelmente guarda na memória um dia de altas ondas em pleno verão aqui no Brasil. Mas lá no fundo, quando essa época do ano vem chegando, é inevitável: sempre rola aquele sentimento chato de ter que ficar longos dias sem surfar em função do flat que geralmente acompanha a maioria dos meses entre dezembro e março aqui no Hemisfério Sul. Aí você pensa: sortudos são os caras que podem viajar para o Hawaii e aproveitar a temporada de ondas grandes. Pois é, só que no último mês de dezembro quem se deu bem mesmo foram os profissionais que estavam no Rio e puderam curtir o grande swell atípico que encostou por aqui na sexta-feira (17/12). Na noite anterior, os mapas de previsões indicavam 3,3 metros com 15 segundos de intervalo, o que na prática significa séries perfeitas de até 8 pés, com sol e vento terral fraco. Condições realmente inacreditáveis para o verão brasileiro. Com tudo conspirando a favor, Kleber Pires, vice-presidente da Associação Carioca de Tow-In, teve que correr contra o tempo para realizar o primeiro evento da entidade. Grandes nomes do surf brasileiro foram convocados, como Phil Rajzman, Bruno Santos, Marcelo Trekinho, Haroldo Ambrósio, Alemão de Maresias, Costinha, Carlos Bahia, João Capilé, Wilson Nora, Eric de Souza, entre outros, que se encontravam no Brasil e não titubearam em aceitar o convite. Klebinho acertou com a Red Nose, maior incentivadora do tow-in no Brasil, que bancou os custos com comissão técnica e segurança. Na manhã do dia D, todos os envolvidos estavam cedinho em frente do posto 5 da Barra para dar início na competição, que na real foi uma
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grande confraternização entre os presentes. Algumas séries passavam dos 8 pés e as primeiras baterias que entraram na água foram as mais emocionantes. Destaque para a dupla formada pelo carioca Ylan Blank e o guarujaense Haroldo Ambrósio, que quebraram no primeiro confronto. Ylan surfou o melhor tubo completado de todo o evento, enquanto Haroldo fez a manobra mais insana, um floater absurdo, despencando no ar em uma ‘craca’ de 2 metros. O dia seguiu literalmente pegando fogo com os towriders detonando dentro d’água enquanto o sol de 40º não dava trégua na areia. O baixinho Bruno Santos, local de Itacoatiara, Niterói, botou pra dentro na morra mais cabulosa de toda a sexta-feira. Uma esquerda de aproximadamente 8 pés, que jogou uma placa pesada a sua frente, nada que intimidasse um dos melhores tube riders da atualidade. Bruninho andou muito deep por duas sessões até a onda correr e fechar com ele lá dentro, levando a galera presente à loucura. A dupla formada no dia anterior pelos cariocas Rodrigo Resende e Eric de Souza também quebrou. Monster jogou pra dentro de bombas cascudas enquanto Eric manobrava sempre no crítico com sua prancha de surf convencional. Até a grande final entrar na água, por volta das 14h, mesmo com o mar perdendo força e os largos tubos dando lugar para as ondas mais manobráveis, as quatro duplas remanescentes deram um show no ensolarado e típico dia de verão carioca. Apesar de ser um evento de confraternização da galera, todos os atletas presentes mostravam muita disposição para vencer. Phil Rajzman, campeão mundial de longboard, e Wilson Nora, atual campeão brasileiro de tow, destruíram para ficar com
Bruno Santos, como de costume, se jogou no caroรงo mais sinistro do dia.
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outside nervoso.
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Eric de Souza nรฃo decepcionou na sua primeira vez de tow-in.
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Finalistas reunidos sob o sol de 40° do Rio.
Swell de gala na Barra da Tijuca.
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a primeira posição. Nora e Phil mostraram entrosamento, apesar da primeira vez juntos, além de um surf de muita força e radicalidade para deixar Alemão de Maresias e Costinha em segundo, Rodrigo Resende e Eric de Souza em terceiro e Ylan Blank e Haroldo Ambrósio em quarto. “Foi irada a iniciativa da ACT e a união da galera para realizar o evento. Eu e o Phil, que tem sangue campeão, pegamos altas ondas e nos divertimos muito. Vibramos em cada onda boa que pegávamos com uma energia bem maneira”, disse Nora, enquanto seu parceiro fez questão de exaltálo. “O Nora é casca-grossa. Já o conheço há bastante tempo. E agora que tive essa oportunidade de competir com ele, estou muito amarradão”, relatou o campeão Phil. Eufórico após a realização do evento com sucesso, Kleber Pires anunciou que a competição será melhor ainda em 2011. “Cara, estou super cansado, mas muito feliz. Nós já vínhamos sonhando com isso há muito tempo e quando vi esse swell corri muito, pois acreditei que iríamos conseguir realizar esse sonho com atletas tops competindo com altas ondas aqui na Barra. Cada dia nós temos um novo aprendizado e para o ano que vem estamos batalhando para realizar novamente o evento, só que desta vez com mais estrutura e premiação alta para os competidores”, finalizou.
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Wilson Nora mostrou muita técnica e voltou a vencer um evento de tow-in no Brasil.
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Você arriscaria um floater numa onda de 2 metros? Haroldo Ambrósio na manobra mais insana do dia.
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Ylan Blank quebrou durante todo o evento com tubos e manobras no crítico.
coNfira as iMaGeNs desse caMPeoNaTo Na surfar TV e Mais foTos Na Galeria.
De longboard ou tow-in, Phil Rajzman está sempre dando show.
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Com apenas 20 anos, alejo Muniz garantiu a quinta vaga para os brasileiros no world Tour. apesar da ótima regularidade de resultados durante o ano, ele teve que esperar o final da etapa de Pipeline para comemorar a sua classificação. Conversamos com o catarinense quando ele esteve no Rio conferindo o Posto 6.0, um grande evento do seu novo patrocinador, que rolou na Barra da Tijuca no mês de dezembro, onde ele também foi homenageado. PoR: RoGER FERREIRA
Quais foram as experiências de maior aprendizado para você em 2010, quando se classificou para o WT? Aprendi bastante na minha derrota na final contra o Heitor Alves no WQS em Paracuru (Ceará). Como também na final do Pro Junior no US open em Huntington e na bateria contra o Taj Burrow em Sunset, a única dessas três disputas que acabei passando. o que vou levar disso tudo é que até a buzina tocar, a bateria não acabou. Eu sou um cara que quando não começo tão bem, acabo ficando um pouco nervoso. Mas aprendi com essas experiências que tenho que manter a calma, já que até o último minuto sempre é possível virar e vencer o confronto. Seu técnico, Paulo Kid, disse que em seu primeiro ano no WT o grande desafio será você se acostumar ao formato de baterias do Dream Tour. Você concorda? Acho que sim, pois é uma coisa bem nova. Competir no WQS, que até certa fase são baterias de quatro atletas e depois passa a ser homem a homem, é uma situação. Mas entrar numa bateria com três atletas de alto nível, com muitas pessoas te vendo na areia e mais milhões na internet, além do sonho realizado de estar ali vestindo aquela lycra de competição... Bem, tem muita coisa envolvida e meu objetivo principal nesse primeiro ano será me manter e me enquadrar nessa galera. Em que etapas você acredita em um desempenho melhor e quais terá mais
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dificuldades no Dream Tour desse ano? Snapper, Trestles e Barra são as ondas que surfei e conheço bastante. Meu surf se encaixa um pouco melhor nesses picos e acredito que vou me dar bem. Já Teahupoo, G-Land (se rolar) e até mesmo Pipe são onde eu acho que terei maiores dificuldades. Mas tudo pode ser superado. o negócio é estar lá, esperar chegar o dia, treinar bastante e tentar fazer o meu melhor nas etapas que serão mais difíceis. Quais as suas manobras que agradam mais aos juízes da ASP? Hoje em dia os caras estão fazendo todo tipo de manobras lá dentro. Mas acredito que o que vai agradar mesmo é o ‘combo’. Você vir, dar um rasgadão, um floater, um aéreozão, voltar e fazer outro. ou então, começar a onda com um aéreo. Eu acho que os combos vão dominar essa nova safra do WT. Você é o mais novo representante brazuca no Word Tour deste ano. Acha que isso vai gerar uma grande expectativa em cima de você? Acho que vai rolar uma expectativa muito grande em função de todo esse ano em que estive no WQS. Já os outros brasileiros, a galera viu competir no tour, ao contrário de mim, que nunca participei do WT. Mas o surf é um esporte muito individual e vou fazer o meu melhor. Também estarei sempre lá na praia torcendo pelo Heitor, Raoni, Mineiro e Jadson em todas as baterias. Se Deus quiser, todos nós estaremos representando o Brasil da melhor forma possível.
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NIltoN BatISta
SURFAR HOUSE, Hi
EXPEDIENTE
pedro tojal
próximo número
Gordo comemorando seu aniversário dia 15 de janeiro em Pipeline.
Editor Chefe: José Roberto Annibal – annibal@revistasurfar.com.br Editor Executivo: Grimaldi Leão - grimaldi@revistasurfar.com.br Projeto Gráfico e Arte: Marcos Myara - marcos@revistasurfar.com.br Redação: Roger Ferreira - roger@revistasurfar.com.br Déborah Fontenelle - deborah@revistasurfar.com.br Estagiário: Conrado Lage - conrado@revistasurfar.com.br Fotógrafo: Pedro Tojal - tojal@revistasurfar.com.br Colunistas: André Breves Ramos, Bruno Lemos, Felipe Cesarano, Tiago Garcia. Colaboradores de fotos nesta edição: Alvinho Duarte, André Portugal, Bidu, Bruno Lemos, Duda, Fábio Minduim, Fred Pompemayer, Fred Rozário, Henrique Pinguim, Joana Souza, Julio Fonyat, Luciano Cabal, Manoel Campos, Pedro Fortes, Pedro Monteiro, Yuri Sardenberg. Colaboradores de Texto: Alessandra Tabanella, Gabriel Pastori. Comercial: Sérgio Ferreira, Thaís Havel, Two Go Comunicação. Tratamento de Imagem e Finalização: Marcos Myara. Impressão Gráfica: Gráfica Ediouro. Jornalista Responsável: José Roberto Annibal – MTB 19.799. Tiragem desta edição: 20 mil exemplares. A Revista Surfar pertence à Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna, 250, sala 209, Barra da Tijuca, Cep: 22793-000. Distribuição gratuita no Rio de Janeiro. Contato para publicidade: (21) 2433-0235 / 2480-4206 – surfar@revistasurfar.com.br