JOSH BROWN BIDU
O brasileiro Kiron Jabour, criado no Hawaii, em uma das maiores do Ăşltimo grande swell em Teahupoo.
ANNIBAL
surfar #19
ROTA DE FUGA
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Uma session exclusiva no secret mais explanado da cidade.
FÉRIAS NO CARIBE
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A equipe Hurley vai à Barbados.
SEM CENSURA
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O ícone Dadá Figueiredo fala sobre surf, drogas e rock n’ roll.
LAR TUBULAR
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Nossa “redação móvel” chega à Austrália.
TEAHUPOO TERAPIA
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A volta triunfal do brazuca a elite.
SWELL DO DIA DAS MÃES
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O swell que deixou muitas mães com o coração na mão!
MISS SURFAR Rebbeca Lopes, nosso presente de aniversário aos leitores.
Poucos foram os surfistas que escolheram pular da pedra para encarar o Pontão do Leblon nos Dia das Mães. É a natureza dando as cartas...
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ALEKO STERGIOU
TAHITI
trÊs anos De surfar Chegamos na 19a edição. Quanta água salgada ficou pra trás... Em três anos rodamos muito pelo mundo afora atrás das melhores ondas. Foram várias trips: Hawaii, Califórnia, Nicarágua, Tahiti, Austrália, Barbados, México... Com a publicação das matérias regionais, resgatamos lugares que estavam esquecidos. Surfistas de renome e anônimos tiveram suas fotos publicadas. O melhor disso tudo é que aqui não tem politicagem: mandou bem dentro d’água, a gente publica. Podemos até dizer que já viramos referência para uma geração que, futuramente, vai poder mostrar para seus filhos como o pai surfava bem. São muitos os motivos para comemorar o aniversário de três anos de nossa existência. Hoje temos um grupo muito forte envolvido no projeto da Surfar. Todos aqueles que querem ver o esporte e o mercado crescer estão colaborando de alguma forma. Aliás, essa sempre foi a nossa proposta: levantar o surf no Rio de Janeiro. Não estamos preocupados em apenas vender um anúncio para as marcas divulgarem seus atletas e produtos. Nosso propósito vai muito além disso, é como escolher um estilo de vida. O nosso é trabalhar em prol do surf (e nas horas vagas correr pra dentro d’ água, é claro!). Deve estar até parecendo discurso de político querendo votos, mas quando você faz alguma coisa
12 editorial
com convicção, tudo fica mais fácil. Por isso, acreditamos que boa parte do sucesso alcançado nesses anos tem muito haver com esse nosso modo de agir: dev olver de alguma forma ao esporte o que se tira dele. E o bacana é saber que tem muita gente do nosso lado, compartilhando desse mesmo pensamento, cada um fazendo sua parte. Para não ficar na mesmice, fizemos uma edição de aniversário com matérias de todos os tipos. Desde as caseiras, com o Elevado e a Ressaca, como em viagens internacionais: Barbados, Tahiti e Austrália. Ondas para todos os gostos e tamanhos. Para fechar, uma entrevista com Dadá Figueiredo, um ícone do surf brasileiro que influenciou toda uma geração. Minutos antes da revista entrar na gráfica, comemoramos a vitória de Adriano Mineirinho que venceu a etapa do World Tour, na Barra, e levou a praia lotada ao delírio, como em um estádio de futebol. Com o resultado, ele assumiu a liderança do ranking, sendo o primeiro brasileiro a conseguir esse feito inédito. Uma volta triunfal do circuito mundial para o Rio de Janeiro que deve continuar por aqui nos próximos anos. Vamos todos pra dentro d´água Surfar ! José Roberto Annibal
ANNIBAL BRUNO LEMOS
Um dia clássico de domingo no Leblon. A tranquilidade do parque contrasta com outside bombando pesado séries de até 10 pés. A escolha é toda sua!
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18 Maior da Série
Por onde Mark Healey passa é show garantido para os fotógrafos. No Tahiti, ele mostrou todo seu conhecimento nas ondas tubulares.
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BIDU
24 Melhor da Série
Não foi à toa que Nelson Pinto trocou o sul pela Cidade Maravilhosa. Depois que veio morar aqui, ele foi capa na edição de novembro e agora emplacou a Melhor da Série na Barra.
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PEDRO TOJAL
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PEDRO TOJAL
Pior da SĂŠrie
Essa foto ĂŠ para deixar qualquer surfista brasileiro feliz, um havaiano vacando na melhor onda do dia!
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ANNIBAL
38 Por trás
das ondas
O berço do surf brasileiro volta a sediar uma etapa do World Tour.
De Volta aonDe tuDo coMeÇou POR: DIOGO MOURÃO
Depois de dez anos sem receber a elite do surf, o Rio de Janeiro voltou a ser o palco principal da festa com o Billabong Rio Pro, terceira etapa do World Tour. A última vez que a ASP trouxe para a cidade suas principais estrelas foi em 2001, num campeonato móvel, vencido pelo australiano Trent Munro no Arpoador. Este ano, o evento teve um palanque montado na Barra, no tradicional pico em frente ao Sheraton, além de outro no Arpoador que serviu como segunda opção. O Circuito Mundial aconteceu pela primeira vez em 1976 e o Arpoador já estava entre as ondas escolhidas, com os inesquecíveis Waimea 5000. Quem já passou dos 40 lembra até hoje da praia e das pedras totalmente tomadas de gente para ver aquele esporte novo, em que uns malucos e cabeludos faziam coisas inacreditáveis. Num desses anos, o havaiano Reno Abellira levou o público ao delírio simplesmente por surfar com uma prancha de duas quilhas mínimas e dar 360 sem parar, mesmo na espuma. De 76 até agora, o surf profissional sofreu muitas mudanças no formato de seu circuito. E ficou bem mais rico. Na primeira vez que passou pelo Brasil, a premiação total da etapa era de U$ 5 mil (por isso levou o nome de Waimea 5000). Organizada pela Geo Eventos dentro da plataforma Verão Sem Fim, a etapa de 2011 distribuiu U$ 500 mil no Masculino e U$ 120 mil no Feminino. Atualmente, a elite mundial é formada por 32 surfistas, que disputam o Dream Tour. Após a quinta etapa poderá haver mudanças neste grupo, pois ele passará a ser formado pelos 32 melhores do ranking unificado da Association of Surfing Professionals (ASP). Os oito melhores resultados de cada surfista nos últimos doze meses serão computados, como acontece no tênis. O Feminino continua com o mesmo formato dos anos anteriores, a elite é formada pelas dez primeiras do ranking da ASP Women´s World Tour, além das seis melhores ASP Women´s Star, antigo WQS.
BERÇO DO SURF
Apesar do registro que o primeiro brasileiro a ficar em pé sobre uma prancha de surf foi em Santos, o esporte nasceu de verdade no Rio de Janeiro nas ondas que quebram no Arpoador. Foi ali que surgiu a primeira geração de surfistas. No final da década de 50, começo dos
anos 60, mergulhadores se arriscavam nas ondas nos dias em que o mar ficava agitado e não era possível sair para pescar. Nomes como Jorge Paulo Lemann, Arduíno Colassanti e Jorge Grande fizeram história nos primórdios do surf nacional. Nos anos 70, o surf engatinhava rumo à profissionalização com o surgimento do primeiro Circuito Mundial em 1976. No Waimea 5000 dessa época, mesmo com feras como Reno Abellira, Buzzi Kerbox, Shaun Tompson e Michael Ho, as duas primeiras edições tiveram brasileiros como vencedores. O inesquecível Pepê Lopes foi campeão em 76, enquanto Daniel Friedman venceu em 1977. A primeira vitória gringa aconteceu no ano seguinte, com o australiano Cheyne Horan. Até 1983, o Waimea 5000 fez parte do calendário da ASP, mas o Brasil ficou fora do tour por três anos, voltando com uma etapa em Florianópolis. O exílio carioca durou até 88, quando o Circuito inaugurou as ondas da Barra, com a realização do Alternativa Surf International. A presença dos melhores do mundo, como o mito Tom Carrol, parou o trânsito no local, que ainda não tinha pista dupla na orla. De 1988 até 2001, o Rio esteve presente no Circuito Mundial de Surf ao lado de outras cidades como Florianópolis, Guarujá e Ubatuba até 1991. A partir de 92, a ASP mudou o formato da competição, criou duas divisões e o Brasil passou a contar com apenas uma etapa da elite mundial, o chamado World Championship Tour (WCT), no tradicional ponto da Barra da Tijuca, próximo ao Posto 4. O público carioca teve o privilégio de ver Kelly Slater conquistar o primeiro de seus dez títulos mundiais em 1992. E assim como ele, Mark Ochilluppo e Sunny Garcia também garantiram o título da temporada nas ondas cariocas. A primeira vez de Slater e do mito Tom Curren no Brasil foi em 92, provocando um verdadeiro alvoroço. A primeira sessão de freesurf dos dois foi cercada de mistério, com direito a perseguição da imprensa aos carros dos surfistas, que foram até Guaratiba e se dividiram. Curren ficou por lá, enquanto Slater voltou para Grumari. Como já citado, 2001foi o último ano de disputa no Rio, com os dois dias finais de competição acontecendo nas pequenas, porém excelentes ondas do Arpoador. Já em 2002, a etapa continuou por aqui, mas desta vez em Saquarema, e depois partiu para Santa Catarina, em Imbituba, onde ficou até o ano passado. E agora, em 2011, finalmente foi a vez dos cariocas voltarem a ver os melhores do mundo em ação, aonde tudo começou... Acompanhe a cobertura completa na próxima edição ou acesse nosso portal veja matérias exclusivas.
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ANNIBAL
Plantar hoje, Pra colher no futuro POR JOSÉ ROBERTO ANNIBAL
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Trabalhando no mercado de surf há quase duas décadas, o empresário Marcelo Plaisant, 36 anos, é uma daquelas pessoas que se orgulha da sua trajetória de vida. Começou no comércio como vendedor e, passo a passo, foi construindo uma história. Prestes a inaugurar sua 20º loja em apenas seis anos, hoje ele está no comando da WQSurf e da Board Session, tornando-se a maior rede de surfwear do Rio. Para provar que sua teoria “plantar para colher” vem dando certo, Plaisant abraçou três circuitos este ano. Em parceria com algumas marcas, está patrocinando os eventos de base Sub-14 e Sub-18, como também o Master da Prainha. Na entrevista para a Surfar, dois dias após promover uma grande festa de confraternização, ele falou da importância de se investir no mercado de surf carioca.
Por trás
das ondas
DIVULGAÇÃO
Como está sendo patrocinar três circuitos em 2011? Este é o ano chave de investimentos da empresa. Estamos na terceira temporada do Sub-14, em parceria com a Oakley, e a competição já é um sucesso. Todo mundo satisfeito, inclusive o Matte Leão, que também entrou como patrocinador. No Master, conseguimos o apoio da WG para investir num circuito que é alucinante, além de toda a característica da Prainha de envolvimento com a natureza e proteção ambiental. E a novidade no momento é o Sub-18. Fomos convidados pela Federação um pouco em cima da hora, mas conseguimos o patrocínio da Reef e da Rusty. Vai ser um grande teste pra gente mostrar que o Rio tem potencial para fazer campeonatos e dar um retorno forte às empresas.
PEDRO MONTEIRO
Marcelo apoiando a base do surf carioca no Sub-14. Acima, em seu escritório na Barra.
Fale um pouco da equipe que você patrocina hoje. Com a Surfar no Rio, o retorno ficou muito maior. Antes nós tínhamos dois atletas e hoje temos treze. É muito gratificante você folhear a revista e ver um patrocinado seu lá, nos representando na praia. Quem antes dava voz ou imagem às ações das surf shops? Isso fez também com que as marcas quisessem estar junto com a gente patrocinando vários atletas. Com uma visualização maior na mídia, você consegue trazer as parcerias. Envolve muito mais que a simples venda de uma camiseta. É toda uma retaguarda que faz as coisas acontecerem. Além disso, a gente acompanha através do nosso marketing todo o dia a dia dos nossos patrocinados. Nos preocupamos com os estudos, se todos frequentam a escola... É muito mais do que simplesmente surfar. É formar pessoas. Essa é a ideia da nossa equipe. O resultado é o que menos importa. Como foi o início da sua história no mercado de surf? Comecei a trabalhar com 18 de idade e atualmente estou com 36. Fiquei 12 anos em outra empresa e estou há seis aqui de frente ao grupo. Tenho muito orgulho da minha trajetória. Trabalhei numa grande rede de lojas de surf do Rio como vendedor e lá aprendi muita coisa. Fui subgerente, gerente, cheguei à supervisão e tinha aquele sonho: será que um dia vou ter a minha lojinha? E aconteceu! Abri a primeira junto com o meu irmão e minha família. Deu certo e hoje posso contar essa história.
JAY ALVES
SALT
FS NOSEBLUNT TRANSFER / FOTOS: ALEX BRANDテグ
PEDRO TOJAL
42 Por trás
das ondas
Diego Silva em Pipeline. Atleta patrocinado pela WQSurf para fazer freesurf pelo mundo.
O que significa ter a maior rede de surf shops do Rio? Na verdade, a ficha não caiu muito, né? Realmente a gente cresceu e quando vimos já estávamos com 13 lojas da WQS e seis da Board Session, inclusive estamos abrindo mais duas. O grupo tem pessoas competentes. Nossos sócios tocam as lojas das suas regiões e isso faz com que a gente fique muito mais forte. Sozinho é muito difícil, mas com um “exército” junto é mais fácil. Porém, vamos melhorar, pois ainda não somos uma surf shop e sim uma vendedora de marcas de surf. E um dos projetos principais pra 2012 é tornar a empresa uma verdadeira surf shop. Você imaginava que chegaria a esse ponto? Sinceramente não. Mas também não estamos acomodados com a situação atual e temos projetos de crescimento da empresa, investimentos no mercado, que é de onde a gente tira o nosso ganha pão. Então, me preocupo bastante em devolver para o surf o que ele nos dá. Qual o seu grande mérito como empresário do surf ? O grande mérito é da empresa e não meu. Primeiro é o relacionamento. Tivemos milhares de funcionários que trabalharam com a gente. Hoje muito deles cresceram, são clientes ou amigos e torcem pelo grupo. Atualmente patrocinamos atletas, campeonatos e estamos na melhor revista do Brasil. Isso tudo vai construindo relacionamentos e, quando você vê, a empresa chegou onde está. É tudo muito natural. Conte como foi a festa em comemoração aos 6 anos. Foi uma loucura! A gente tinha o sonho de fazer uma festa de aniversário diferente, com cara de “feira” de surf. Conversamos com todas as marcas e tivemos o ok da grande maioria. A ideia foi cada uma ter seu stand, contar a sua história e poder interagir. Nós levamos todos os nossos funcionários, cada loja levou seus 10 melhores clientes e convidamos o mercado todo. E para nossa surpresa, todos os diretores das empresas e o pessoal do marketing compareceram. No total foram mais de 1.000 pessoas. Acho que estamos dando início a uma nova fase. Vamos ter campeonatos de surf sim, mas também ter eventos em que as marcas mostrem a sua história diretamente ao cliente, funcionário e mercado. Como as marcas com as quais você trabalha ajudam a fomentar o mercado do Rio? Essa é a grande briga. A gente é uma empresa revendedora de marcas de surf mundiais, então, pra mim o básico é apoiar o esporte. As marcas que trabalham com a gente, na sua maioria, têm atletas, participam de campeonatos e eventos junto conosco. É todo um conjunto de plantar um pouco hoje para poder colher depois. Não tem fórmula mágica, todo mundo tem que estar unido! Não adianta vir por Rio e querer se aproveitar. Os olhos do mundo estão aqui por causa da Copa do Mundo,
Olimpíadas... Não é começar agora para querer aparecer. É todo um histórico do dia a dia e de parcerias. Uma crítica que se faz as suas lojas é que não há pranchas à venda. Isso não afeta a imagem de ser uma verdadeira surf shop? Essa crítica é totalmente procedente. A gente é especialista em loja de shopping onde o metro quadrado é muito caro. As lojas começaram pequenas vendendo as marcas de surf. Pra colocar duas pranchinhas e se chamar de “surf shop”, como algumas fazem, eu prefiro não fazer. Hoje a gente investe no esporte de outra maneira. Patrocinamos três escolas de surf, que somadas chegam a mais de 500 alunos. Quando eles querem comprar pranchas, nós fazemos as indicações diretamente aos shapers que têm parceria conosco. A loja não lucra com isso, mas ela alimenta o mercado. Confesso que essa é uma situação que ainda não conseguimos ter tudo como a gente gosta e sonha. Você acha que o espaço é o maior empecilho? A gente escolheu esse caminho e ainda não conseguimos mudá-lo. É um desafio. Nós somos uma multimarca que vende marcas de surf, mas sonhamos em nos tornar uma surf shop nos próximos dois anos e estamos trabalhando para isso. Como você vê o mercado do surf wear no atual cenário econômico? O momento da economia é difícil. Nossa carga tributária é alta, os shoppings estão com os valores altíssimos, mas o mercado de surf, principalmente aqui no Rio, está ‘limpo’. Digo isso porque acho que alguns estados estão sufocados de “lojas que se dizem de surf ” trabalhando de forma feia, querendo só vender. Hoje o mercado tem poucos lojistas de multimarcas e fica fácil de projetar um crescimento pra todos eles. Quem trabalhar certo, vai se dar bem e terá retorno. O que você quer dizer com “trabalhar certo”? Começa na escolha do ponto, passa pelas suas compras, atendimento, o investimento que você faz no esporte... Não adianta falar que é uma loja de surf e não investir nada. Hoje o cliente é muito informado. Ele sabe quem está investindo e quem quer só aproveitar. Trabalhar certo para mim é um conjunto de fatores. Como empresário do ramo, o que você diria para as empresas de outros segmentos investirem no surf? Graças a Deus todo o preconceito com o surf é uma coisa do passado. Hoje nosso esporte representa alegria, natureza, saúde, família reunida, etc. E é tudo isso que as empresas buscam: ter o seu nome associado a toda essa história. Atualmente o mercado é bem profissional: marcas, lojas, federação, toda a mídia... Então, as empresas podem investir sem medo nenhum.
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PEDRO FORTES
Apesar do grande potencial de perigo por causa da usina nuclear, Angra dos Reis ainda continua um paraíso.
habitat André Breves
Mar: fonte De energia Computadores, celulares, câmeras, projetores, veículos, máquinas e equipamentos, todos precisam de energia para funcionar. Grandeza física que o homem aprendeu a utilizar e a gerar, a energia é extremamente requisitada no mundo moderno e industrial, sendo fundamental para o desenvolvimento da economia dos países. Recentemente, um terremoto de nove graus na Escala Reicher, seguido de um tsunami de proporções arrasadoras no Japão, deixou a população mundial em estado de choque e causou uma séria crise atômica internacional. O mundo assistiu a destruição pelas “ondas gigantes” da parte norte de uma das ilhas mais habitadas do planeta e a morte de milhares de pessoas em poucas horas. Em um país preparado para terremotos e uma população que não teme tremores momentâneos de terra, mas que tem pesadelos com tsunamis, a destruição de três das suas 52 usinas atômicas agrava a pior situação vivida pelos japoneses desde o fim da Segunda Guerra Mundial. No Brasil, o debate sobre as usinas nucleares também tem voltado de forma calorosa e ideológica, sendo que as antigas discussões de políticos oportunistas e ambientalistas, que as demonizavam nas décadas passadas, parecem ter ficado para trás. Consideradas por muitos especialistas como a melhor fonte já inventada pelo homem e a solução para os problemas de geração de energia, as usinas nucleares enfrentam novos desafios pela frente. Dentre as discussões mais ríspidas está o problema sem solução do armazenamento do lixo atômico. Nosso país não foge à regra e estoca todo o material radiativo nas imediações das suas usinas. A esperança é que novas tecnologias proporcionem a geração de energia a partir do lixo radioativo. A cidade de Angra dos Reis, ao sul do estado do Rio de Janeiro, foi escolhida no período da ditadura militar para a instalação das usinas nucleares de uso pacífico, principalmente por se encontrar entre as duas maiores cidades do país (Rio e São Paulo) e pela facilidade de acesso dos equipamentos pelo mar. Nos dias atuais aquela região provavelmente não seria escolhida para abrigar a Central Nuclear, visto que é considerada como um paraíso ecológico e de lazer, onde moram e frequentam centenas de milhares de pessoas e existem diversos hotéis, resorts e condomínios de luxo. Além disso, um dos melhores picos de surf da região frequentemente quebra perfeito na Praia Brava, vila dos funcionários de FURNAS, bem pertinho da usina atômica. Mesmo
assim, o Governo Federal decidiu não dar um passo atrás e aprovou o término da construção da usina nuclear de Angra 3, que já possui equipamentos comprados na Alemanha ao custo de bilhões de dólares. E qual o real perigo das usinas nucleares para a região e para o Brasil? O problema das encostas, que frequentemente caem em dias de chuvas fortes, parece ser o mais grave empecilho para o tranquilo funcionamento das usinas e para a garantia de escape da população. Para quem não sabe, em 1985 uma onda gigante foi formada a poucos metros da saída de água da refrigeração das usinas de Angra a partir de uma enxurrada que causou um gigantesco deslizamento de terra e como uma avalanche destruiu um trecho da Rodovia Rio-Santos, o Laboratório de Radioecologia, a marina dos funcionários, além de ter destruído duas praias e coberto uma ilha em frente. Já o risco de vazamento de radiação na atmosfera ou no mar é bastante pequeno e improvável, tendo em vista o criterioso sistema de segurança adotado, um dos mais eficazes do mundo. Para se ter uma ideia da proteção das usinas, a cúpula onde fica o material radioativo aguenta a queda de um Boeing 747. Os impactos no ambiente causados pelas usinas nucleares, portanto, são locais e relacionados à saída do efluente da usina que altera a temperatura e a composição química da água. Praticamente nada comparado aos impactos causados pelas usinas hidrelétricas e termelétricas, que causam principalmente grandes alagamentos com perda da biodiversidade e emissão de gás carbônico no ar, respectivamente. Para muitos, a solução da geração de energia para o homem seria as usinas solares, eólicas ou de marés, porém infelizmente são de alto custo, geram pouca energia e também causam impactos na natureza. Além disso, nem todos os lugares possuem muita iluminação, fortes ventos ou se encontram em regiões costeiras. Investimentos em ciência e tecnologia para o surgimento de novas fontes de energia e para uma maior eficiência das atuais fontes geradoras de energia são cada vez mais necessários para a sobrevivência e o bem estar do homem no mundo atual, sendo que cada ser humano pode fazer a sua parte, principalmente economizando energia em casa e no seu lugar de trabalho.
André Breves Ramos é biólogo marinho e doutorando em Zoologia no Museu Nacional da UFRJ. Sugestões de pautas e críticas: SURFAR@REVISTASURFAR.COM.BR.
46 feminino
surf na Veia! Patricia Sodré nasceu praticamente deslizando sobre as ondas. Seu pai, Guy Sodré, é surfista e jogou vôlei de praia por muitos anos. Mas ela só começou seu interesse em surfar profissionalmente na adolescência. Competiu de 2001 até 2008, porém acabou dando um tempo para se dedicar mais a sua outra paixão: a moda. Aos 31 de idade, Patricia está investindo no seu trabalho de designer e pretende voltar às competições, além de lançar projetos relacionados ao longboard. Conheça um pouco mais desta carioca aqui na Surfar. POR: DÉBORAH FONTENELLE
Por que você optou pelo longboard? Comecei no bodyboard, mas aos 13 anos passei pra pranchinha e de vez em quando brincava no long do meu pai. Sempre havia pranchas de todos os tipos espalhadas pela minha casa (risos). Até que em 2000 fui com meu pai para a praia do Rosa. Levei minha pranchinha, porém no meio da viagem me viciei no long e não larguei mais (risos). Quais lugares você mais gosta de pegar onda? Na Macumba consigo surfar ondas maiores e para o longboard é perfeito. Já na Prainha gosto de cair em todos os picos. Morei na Marambaia e acho que é de sonho quando está quebrando, pois parece até a Costa Rica em alguns dias. E o Arpoador, que é especial para mim, porque foi lá que praticamente aprendi a surfar, além de ter sido onde ganhei meu primeiro campeonato. Já fez alguma viagem dos sonhos? Hawaii, Costa Rica e praticamente o litoral do Brasil inteiro, inclusive Noronha. Todas foram viagens dos sonhos! Adoro fazer surf trips, principalmente com as minhas melhores amigas. São momentos que não há preço que pague! Quero ter sempre saúde pra poder fazer isso pro resto da vida! Tem algum outro esporte que você pratica e ajude no surf? Fiz todo tipo de esporte. Natação, balé, jazz, vôlei... Inclusive joguei pelos clubes e participei de alguns torneios, porém a essência do surf já estava na veia! (risos) Faço musculação, só para ganhar força, e alongamento. Tenho que manter a leveza no longboard, mas com força muscular, principalmente para evitar contusões. E quando você decidiu parar de competir? Estava envolvida com meu trabalho, pois tinha aberto uma loja de roupa infantil e decidi me dedicar mais a ser designer de moda. Também já tinha outra marca, por isso comecei a treinar menos, fui abrindo mão de algumas etapas e parei com os patrocinadores. Mas fiquei triste, porque sentia que faltava alguma coisa. Hoje estou reorganizando minha vida, fechei a loja e só continuei com a outra marca. Por que a opção de ser designer de moda? Sempre gostei de desenhar e criar coisas. Meu pai também trabalha com moda, já foi diretor de grandes marcas, teve loja e atualmente é consultor de moda e varejo. Acho que, assim como o surf, também nasci com essa veia artística (risos).
Para finalizar, quais são os seus planos dentro e fora d’água? Seguir em frente com a minha marca de biquínis, voltar a competir e lançar os projetos que idealizei junto com a minha amiga Fernanda Daichtman (atual campeã paranaense e vicecampeã brasileira), visando fortalecer o longboard feminino por meio do resgate dessa essência Vem novidade aí em 2011!
YURI SARDENBERG
Como pretende aliar surf com moda? Criei minha marca de biquínis em 2001 porque eu tinha necessidade de modelos específicos pra surfar. Comecei criando algumas peças para eu mesma usar e aí decidi comercializar.
PEDRO TOJAL
50 nas canhotas Stephan Figueiredo
coMeÇanDo coM o PÉ Direito Se você é um daqueles surfistas goofy footers fissurados que não dispensa uma boa esquerda por nada nesse mundo, sabe do que a gente está falando. O freesurfer profissional Sthefan “Fun” Figueiredo faz parte dessa turma. Agora imagina passar um ano na estrada atrás das melhores esquerdas do planeta! É exatamente isso que Fun vem fazendo: surfar esquerdas até cansar, realizando um sonho de criança. A primeira parada foi em Raglan, na Nova Zelândia, um bom aperitivo para a jornada que promete muito e que você vai acompanhar tudo aqui na Surfar. O sonho de viajar pelo mundo para surfar ondas grandes e tubulares sempre foi o que me motivou a ser surfista profissional, dedicando todo meu tempo para viver disso. Mas sempre tive um desejo que nunca realizei. E foi em busca desse objetivo que planejei meu ano para fazer uma das coisas que mais queria na vida e nunca fiz: surfar as esquerdas mais longas e perfeitas do planeta. Com base em algumas informações de revistas, sites e amigos, comecei a organizar a trip em busca dessas ondas pelo mundo. A minha primeira parada foi em Raglan, na Nova Zelândia. A NZ fica localizada entre o Oceano Pacífico e o mar da Tasmânia, conhecida como a terra dos esportes radicais e turismos de aventura. Esta pequena cidade fica a 150 km ao sul de Auckland e tem toda estrutura que um viajante precisa: hotéis, biblioteca, PUB, restaurantes e lojas de surf.
A ONDA DE RAGLAN Quando você chega a Raglan e vê o line up de cima do cliff, a primeira coisa que imagina é que vai surfar toda a extensão da onda, do início ao fim. Só que na realidade isso é algo quase impossível! O pico é dividido em três sessões distintas: Manu Bay, Whale e Indicator. Manu Bay é a primeira sessão de Raglan, uma onda um pouco mais fácil e menor, boa para a galera que não tem muita experiência em surfar esquerdas rápidas em fundo de pedra. Nos dias maiores rola um outside chamado Boneyards. Whale é a segunda e melhor parte para se fazer um surf de alta performance. No meio da onda tem uma pedra e é bom tomar cuidado, senão você vai acabar abraçando-a, principalmente nos dias menores. Já Indicators é a terceira e mais longa. Nesse pico tem três ondas diferentes. A primeira é o Vale, uma mais curtinha, por onde a galera entra e sai do mar. Quando o crowd do fim de semana está em peso, vale a pena descer e surfar as marolas por ali mesmo. A segunda é a preferida pela maioria dos surfistas, uma esquerda rápida e para frente, mas que permite algumas boas manobras e escolhendo a certa dá para achar uns tubos. E nos dias acima dos 3 pés, o Outside Indicators começa a funcionar. Essa sessão é bem rápida e em poucos momentos você terá oportunidade de mandar manobras para dentro. O negócio é acelerar, curtir a velocidade e guardar um pouco de energia para a parte principal, senão suas pernas vão ficar cansadas e você não conseguirá aproveitar a onda. Minha próxima viagem ainda está guardada em segredo! Acompanhem na próxima edição...
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Fun conferindo as linhas perfeitas de Raglan.
Séries dos sonhos de qualquer surfista na Nova Zelândia.
Stephan Figueiredo nas canhotas de Raglan.
resuMo Do Pico Direção Swell: sudoeste e oeste. Direção Vento: sul, sudeste e leste. Condição ideal: 3 a 8 pés. Melhor Maré: troca de maré. Sessões da onda: Manu Bay, Whale, Outside Indicators, Vale e Boneyards. Crowd: Tranquilo durante a semana e crowd no fim de semana. Prancha: fish e prancha regular. Roupa ideal: long john 3/2mm. Fundo: pedras redondas. Melhor Temporada: jan/maio.
RIO DE JANEIRO
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Abril foi o mês que rolaram várias etapas de competições na Cidade Maravilhosa. Confira a galera que prestigiou o Sub-14 e o Carioca Profissional, ambos nas ondas do Recreio.
FOTOS: PEDRO MONTEIRO
Qualé a Boa?
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1 - Os niteroienses Bruno Santos, Guilherme Sodré e Guilherme Herdy com Anselmo Correia durante o Arnette Rio Surf Pro Recreio. 2 - O pequeno Kauai Pinheiro comemorando sua vitória na categoria Pré Petit do Sub-14. 3 - O atual campeão carioca, Igor Morais, entrou na briga pelo bi. 4 - Líder do ranking carioca, Jano Belo ficou em segundo no campeonato. 5 - O local de Saquá Gustavo Aigner (de amarelo) com seu amigo após a caída nas ondas do Recreio. 6 - Joca Secco não perde uma oportunidade de ver seus atletas nos eventos. 7 - As meninas também arrebentaram no Sub-14. Karol Ribeiro foi a melhor e levou o troféu da Feminino Iniciantes. 8 - A molecada zoando geral no Recreio. 9 - Flávio Costa levou a família para torcer por ele no Arnette Rio Surf Pro.
FOTOS: PEDRO PEDROMONTEIRO TOJAL
58 na Medida
Kronig e Sodré na sala de shape.
Gustavo Kronig, 53 anos, começou a fazer pranchas em 1973 quase que por necessidade, como ele mesmo diz, pela escassez de fabricantes na época. Kronig faz questão de exaltar a galera das antigas, mas não poupa críticas aos “shapers” atuais. “Hoje em dia todo mundo acha que sabe fazer uma prancha, mas na verdade o que vejo por aí são objetos parecidos com pranchas, uma grande mistureba... É muito ruim quem tem experiência ser considerado velho e ultrapassado”. Segundo ele, o trabalho que faz com o Gabriel Sodré, de desenvolver a “hidrodinâmica da coisa”, infelizmente não tem valor no Brasil na era da máquina de shapear. “A máquina apenas interpreta as ideias do shaper, não faz milagres e pranchas mágicas com qualquer um...”, finaliza.
GABRIEL SODRÉ POR GUSTAVO KRONIG A gente começou um trabalho visando fazer pranchas maiores, depois o Gabriel veio com essa ideia de desenvolver uma específica pra pegar tubos. Aí resolvemos shapear uma prancha grande e depois cortá-la em um determinado tamanho, pois assim ela ficaria pequena, grossa, com pouco rocker, mas ao mesmo tempo com rocker de rabeta de uma maior. Nossa primeira prancha nesses moldes foi uma 7’2”, que quando cortada se transformou em uma 5’11”, com o bico no estilo single fin, como era feito lá atrás nos primórdios. Depois de ser Guilherme Sodré aprovando o modelo para barrels.
testada e aprovada por ele no México, continuamos evoluindo e no segundo protótipo fizemos uma 6’6” que se transformou em 5,8”. As duas tinham as mesmas características. Eram super rápidas, com curvas de pranchas maiores, fáceis de manobrar, com o bico reto, mais área e volume proporcionando sustentabilidade de correr dentro dos tubos com muita segurança. Agora estamos aperfeiçoando o projeto e trabalhando em um modelo que, sem querermos, acabou se tornando viável para qualquer surfista. É uma prancha fácil de andar dentro dos tubos e difícil de quebrar por ser mais grossa, o que também facilita a remada.
GUSTAVO KRONIG POR GABRIEL SODRÉ Comecei a fazer um trabalho com o Kronig em meados de 2006, quando por problemas pessoais eu estava desanimado e usando pranchas emprestadas. Aí o Kronig veio trocar uma ideia comigo e perguntou como eu estava de equipamento. Falei que não estava fechado com nenhum shaper e ele logo me ofereceu de iniciarmos uma parceria. Minha primeira prancha já foi mágica! A partir daí eu me empolguei e voltei a dar o gás no surf. De lá pra cá estamos desenvolvendo um trabalho muito legal e começamos a dar ênfase nas pranchas especiais para tubos. A proposta dessa prancha é ter a segurança e a velocidade de uma prancha grande só que sem bico, o que ajuda muito na hora do tubo, pois tem menos área pra o lip da onda bater e te derrubar. Ainda minimizamos o problema que todo tube rider enfrenta de quebrar dezenas de pranchas, pois por ela ser bem pequena e com as medidas de uma prancha intermediaria é quase inquebrável. Acredito que isso seja o futuro pra quem ama os tubos e cansou de quebrar suas pranchas.
RIO DE JANEIRO
60 Qualé a Boa?
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1 - Gralha e seu filho no campeonato da ASAP. 2 - Local do Arpex, o surfista profissional Simão Romão também mostrou que manda bem nas ondas da Prainha. 3 - Dois especialistas em aéreos: Ícaro Rodrigues e Guilherme Tripa no The Roots Surfing Festival. 4 - A união faz a força: Marcelo da WQS, Guto Médici, Edimilson e Cleyton da WG com Tony e Adriano Gringo. 5 - Renata, Carol e Pri em confraternização na Joatinga. 6 - Campeão do The Roots Surfing Festival, Roni Martins e seu filho curtindo o momento da vitória. 7 - Roger Ferreira, staff Surfar, e seu filho Enzo, presentes em todos os eventos. 8 - Ricardo Bocão, do Woohoo, prestigiou o evento na Joatinga. 9 - Rafael Paiva é só alegria.
FOTOS: ÁLVARO FREITAS (1, 2, 4, 7) E GUSTAVO CABELO (3, 5, 6, 8, 9)
A galera também marcou presença e mostrou a vibe do surf na primeira etapa do Master da Prainha e no The Roots Surfing Festival na Joatinga.
FOTOS: BRUNOBRUNO LEMOSLEMOS
62 Wainui Bruno Lemos
Jaws, a onda mais famosa da ilha havaiana de Maui.
jaWs: a “Bola Da VeZ” Do surf No mundo do surf muita gente presta bastante atenção em quase tudo que acontece no North Shore da ilha de Oahu. É um lugarzinho que tem tanto pico bom, um do lado do outro, que aqueles que vêm pela primeira vez fazem de tudo para voltar todo ano. Já os que não conseguem, devem ficar sempre pensando quando terão a oportunidade de estar de volta no paraíso dos surfistas. A mídia especializada também não deixa esse lugar despercebido. Todo ano são milhares de matérias, notícias e fotos que saem pelo mundo afora ajudando com que a fama do North Shore fique ainda maior. Mas em 2011, se repararmos bem, acho que seria no mínimo razoável dizer que Maui “roubou a cena”. No início da temporada, tivemos uma promoção inédita feita pelo site Surfline que daria a bela quantia de U$25.000 para o surfista que pegasse a onda de mais impacto entre as praias de Haleiwa e Velzyland. E com um tubaço em Pipeline, o surfista local Kalani Chapman levou o prêmio. O interessante é que depois disso ainda teríamos outra iniciativa também inédita. Dessa vez uma ideia do diretor de filmes Taylor Steele, que premiaria a melhor performance de um surfista expressada em um vídeo de no máximo três minutos. O local de Maui de apenas 21 anos Matt Meola, que era mais um surfista underground do pico, de uma noite para outra virou o mais novo “super star” do surf depois de ganhar U$100.000 oferecidos pelo concurso chamado “Innersection Freesurf Contest”.
Apresentação de Tandem durante evento em Waikiki.
Mas seria essa a maior premiação em dinheiro já vista no mundo do surf até o momento? Vamos ver... O Eddie Aikau paga U$50.000, os eventos do WT (antigo WCT) pagou recentemente pela vitória do Kelly Slater em Snapper Rock U$75.000 e o maior cheque feito no Billabong XXL, se não me falha a memória, foi de U$70.000 nominado a Pete Cabrina por ter surfado uma onda em Jaws no dia 10 de Janeiro em 2004. Porém, a real é que esse ano o maior prêmio da história ficou em Maui em vez de Oahu. Outro fato interessante também ocorreu na “Valley Island”, que foi a “descoberta” de uma nova onda. Um “slab” para a esquerda, achado na saída da Baía de Maliko, que esse ano foi surfado pelos locais de Maui e ganhou grande exposição na mídia mundial. Mais um ponto pra Maui, não? Para finalizar o argumento de quem foi a “bola da vez” em 2011, não podemos ignorar e deixar de mencionar uma das coisas mais em evidência no nosso meio ultimamente: as sessões memoráveis de surf na remada que aconteceram em Pe’ahi, Jaws. Neste pico tivemos ondas históricas, como a do Danilo Couto no dia 18 de janeiro e a de Shane Dorian em 15 de marco, que colocaram definitivamente a ilha de Maui como um dos lugares mais surf do mundo!
Bruno Lemos é fotógrafo carioca radicado há mais de vinte anos no North Shore, Hawaii.
FESTA WQSURF
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A rede de lojas WQSurf fez uma grande festa para comemorar seus seis anos de existência. O evento foi uma grande confraternização entre empresários, clientes, funcionários e a galera do surf, sem falar, é claro, da presença das gatas! Confira a noitada que rolou muito som, desfile e diversas atrações.
FOTOS: PEDRO MONTEIRO
Boa da night
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1 - Carolina Veronesi, nossa Miss Surfar #18, com outras gatas que enlouqueceram a rapaziada presente! 2 - O surfista e ator (ou vice-versa) Omar Docena vestiu a WG no desfile. 3- As belas Bruna, Rafaele e Nicolle. 4 - Duca e Vinicius Matos bem acompanhados. 5 - Para todos os estilos e gostos! Tem moral pra chegar junto? 6 - Equipe Nike 6.0 chegando com tudo no Rio: George, Pedro Scooby e Max. 7 - O presidente da ASAP, Zé Alla, e sua esposa prestigiaram o evento. 8 - Viviane Dandolini (Roxy) com os atletas Felipe Braz e Marcelo Bispo. 9 - O anfitrião Marcelo Plaisant da WQSurf e sua esposa. 10 - Guga, gerente WQSurf, e sua noiva Lara. 11 - A gata da Reef fez sua parte. 12 - A descontração de Jerônimo Teles e Vitor Ribas. 13 - A Lost fez a alegria da molecada na “sessão de tattoo”. 14 - Quarteto show! Rebeca, Rhaíssa, Bárbara (WQSurf) e Bárbara.
BIDU
70 Billabong XXL
É nossa VeZ Após 10 anos batendo na trave, os brasileiros puderam, enfim, soltar o grito de campeão no Billabong XXL Big Wave Awards 2011. Durante a festa de premiação, realizada na Califórnia no último dia 29 de abril, Danilo Couto sagrou-se vencedor da Ride of the Year, a categoria máxima do XXL, com uma onda gigante surfada na remada no dia oito de fevereiro em Jaws, que lhe rendeu o prêmio de U$50 mil dólares. “Foi uma grande realização pessoal conquistar este título remando numa bomba em Jaws. Mas a vibração da galera, a presença de minha família e vários amigos no auditório dando esse orgulho a todos no Brasil, com certeza, valeram muito mais do que o cheque que recebi”, disse Danilo após se tornar o big rider do ano.
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72 forrest gordo Felipe Cesarano
Time brazuca dominando o XXL 2011: Rodrigo Koxa, Danilo Couto e Bruno Lemos.
os gringos VÃo teM Que nos engolir! Nossa... É totalmente emocionado e feliz que começo a escrever mais essa coluna. São 2h:45min aqui no Brasil e acabo de acompanhar pela internet meu ídolo e amigo, Danilo Couto, ser o grande nome do Billabong XXL ao vencer honradamente a categoria mais cobiçada, a Ride of the Year (onda do ano). Parabéns Danilo, quem te conhece sabe o quanto você merece! E isso nada é mais do que o resultado de anos de dedicação e luta. Esse prêmio já era seu há muito tempo, desde aquela onda GIGANTE em Jaws em que você foi roubado e deram pra uma esquerda daquele cara lá. Assistindo a premiação, fiquei emocionado com as homenagens feitas ao Sion Myloski , que faleceu surfando Mavericks há alguns meses. Comecei a pensar em um monte de coisas: Danilo campeão, Sion no caixão... Eu vivo isso. Amo surfar ondas grandes, estou em busca do meu lugar e acredito que posso. Mas sei lá... Em duas horas de transmissão, me coloquei no auge da carreira de um surfista de ondas grandes, no caso do Danilo, e também numa situação como a do Sion, que pagou com o preço máximo, deixando uma família linda para trás. Porém, continuo no meu raciocínio de que Deus sabe a hora. Se não fosse no mar, seria de alguma outra forma. Então, o que eu gostaria era de ver todos os surfistas de ondas grandes sendo valorizados, pois uma vida não tem preço. Agradeço à Rusty por me dar esse valor! O Shane Dorian falou exatamente o que sinto sobre o prêmio: “Não vejo isso como uma premiação. E sim como uma noite de confraternização pelo ano que se passou, por mais uma temporada de ondas grandes”. 50 mil dólares podem deixar qualquer um atraído, mas isso não é nada! O Danilo jamais remou naquela onda pensando em dinheiro. Ele estava ali por amor, porque gosta e nada mais. E se o prêmio evoluísse para 1 milhão? Acredito que todos que se qualificam como um surfista profissional de ondas grandes buscam uma melhor remuneração. Não consigo nem imaginar o que caras como Shane Dorian, Mark Healey, entre outros, iriam aprontar.
Bem, tô começando a viver isso. Na hora de ver um swell, comprar uma passagem e decidir ir pra tal lugar, a gente até pensa no prêmio, se vai valer a pena investir a grana, se vai ser grande mesmo, etc. Mas quando a onda vem daquela forma, não tem jeito, é o seu instinto! Nesse caso não existe mais dinheiro, fama... Só a vontade e a decisão de “não importa o que vai acontecer depois, EU VOU!”. Abrir mão da vida mesmo pra viver aquele momento intenso. Se alguém fizer um cheque de 1 milhão, me botar no outside de Waimea sozinho e mandar uma onda exatamente igual aquela que peguei com o Yan , eu não sei se iria. Não sei mesmo! Porém, naquele instante, sem valer porra nenhuma, lá fui eu. Surf de ondas grandes é muito louco, uma coisa que não tem jeito e toma conta da pessoa. O que o Danilo fez foi a coisa mais linda do mundo: estender a bandeira verde e amarela na cara dos gringos! Foi demais! Os caras tiveram que engolir, pois rola uma panela sim e eles fazem o que podem para fechar os olhos da gente. Mas brasileiro não desiste nunca! Um dia vai lá e lava a nossa alma! A prova disso foi o Rodrigo Koxa não ganhar a categoria Biggest Wave... A onda dele era surreal, incrivelmente gigante, muito buraco e com várias sessões na frente. Entretanto, o Koxinha acabou de passar o que o Danilo viveu uns anos atrás. Quem sabe daqui a pouco ele não está roubando a maior fatia do bolo na festa dos gringos? Ou quem sabe não sou eu (risos) ou o Lucas Silveira... Renovação! Couto acabou de provar que a gente também pode estar lá... E que mesmo com a roubalheira comendo solta no XXL, um dia ou outro eles têm que nos engolir. Obrigado Danilo Couto por nos dar esse orgulho! E também a todos os big riders do Brasil por abrir as portas para uma nova geração. No Forrest Gordo desse mês, eu ía escrever sobre o Rodrigo Resende e Carlos Burle, uns dos melhores surfistas de ondas grandes de todos os tempos, mas que levam uma vida bem diferente. Vou ter que deixar isso para a próxima edição, já que hoje o dia é do Danilo. Ídolooooooooo ! Parabéns, porra! É o Brasil, cara....! O baiano Marcio Freire preparando-se para encarar Jaws na remada nesta temporada.
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PEDRO FORTES
PEDRO FORTES
POR: CONRADO LAGE
Com certeza você já passou por lá e viu quebrando ondas perfeitas sem ninguém por perto, e pensou, será que dá pra surfar ali? Um grupo de surfistas fissurados comprovaram que sim.
ANDRÉ PORTUGAL PEDRO FORTES
ANDRÉ PORTUGAL
Fotos menores: Trekinho quebrou a prancha e ainda se ralou saindo do mar. Pastori fez a mala no Elevado. Gordo se preparando para beijar as pedras. Galera reunida no pico.
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PEDRO FORTES
“Foi muito diferente conhecer um pico no Rio, que é a minha cidade, mas que eu nunca tinha surfado antes...” - Felipe Cesarano Todos os dias milhares de veículos passam da zona oeste à zona sul do Rio sempre na função de algum compromisso de trabalho, estudo ou lazer. O fato é que para atravessar de uma área para outra, você terá que passar por um pico que rola uma esquerda animal, mas que poucos tiveram a disposição de quebrar a rotina e encarar esse famoso “secret”. Esse termo pode até parecer contraditório, um secret em plena cidade como o Rio, porém, nesse caso, descreve perfeitamente essa onda que é conhecida por muitos, mas praticamente inexplorada. O Elevado do Joá, que liga a Barra a São Conrado, é um dos lugares mais bonitos da Cidade Maravilhosa, bem aos pés da Pedra da Gávea.
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Quando entra ondulação de leste/ sudeste, uma onda power e tubular dá as caras, mas só quem está atento sabe do potencial deste pico. No primeiro sábado de abril, entrou um bom swell para o “Viaduto”, como é conhecido, com ondas de até um metro e meio nas séries. Apesar de outros lugares da cidade estarem quebrando clássicos, pegar uma onda diferente vai ser sempre o desafio de quem gosta de surfar. Por isso, os surfistas Gabriel Pastori, Felipe Cesarano e Marcelo Trekinho, junto com os gaúchos Nelson Pinto e Vini Fornari, optaram por uma rota alternativa e acabaram se dando bem.
ANDRÉ PORTUGAL
Gordo comprovando que também é bom em ondas “pequenas”.
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Visual único do Rio de Janeiro.
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Trekinho extrapolando. .
Conhecedor da onda, Trekinho só pegava as boas.
PEDRO FORTES
ANDRÉ PORTUGAL
Os gaúchos Nelson Pinto e Vini Fornari (abaixo) conferindo a esquerda do Elevado.
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PARADO NO TRÂNSITO, MAS DE FRENTE PARA AS ONDAS... A melhor coisa de morar em uma cidade como o Rio é que, mesmo no trânsito, você pode a qualquer momento dar de cara com um mar clássico. Seja nas avenidas Delfin Moreira, Atlântica, Sernambetiba ou no Elevado, o congestionamento te obriga a enxergar novos horizontes. Foi o caso de Gabriel Pastori, local do Recreio e estudante de Publicidade da PUC. “Desde quando entrei na faculdade, passei a acompanhar o Viaduto direto. Sempre que estava de leste quebravam altas ondas. Sexta-feira, um dia antes do swell, parei o carro numa entradinha entre os túneis para analisar bem as condições, porque sempre que passo ali estou em movimento, então, deu pra ver que mesmo quebrando perto das pedras a onda é muito boa.” A razão do Elevado funcionar sempre nas ondulações do quadrante leste é por causa da formação rochosa ao redor, que faz com que a onda quebre próxima das pedras, abrindo uma esquerda que lembra outros picos da cidade. “A onda é alucinante, ela bate nas pedras e forma um triângulo tipo o do canto esquerdo de São Conrado, com potencial para rolar altos tubos!”, disse o marinheiro de primeira viagem, Gabriel Pastori. Outro que explorou pela primeira vez as esquerdas do Viaduto foi Felipe Cesarano, que se surpreendeu com o lugar. “Quando resolvemos ir surfar lá, o circo já estava armado com a galera dentro d’água e os fotógrafos posicionados. Depois que eu entrei no mar parecia estar em outro lugar, com aquele visual animal da Pedra da Gávea e os carros passando.”
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ANDRÉ PORTUGAL
PAULO BARCELLOS
Uma lavadinha não faz mal a ninguém...
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PAULO BARCELLOS
Galera delirando com a esquerda quebrando solitária.
Nesse momento, o que não pode acontecer é vacar, senão vai direto na pedra que está exatamente atrás de Gabriel Pastori.
PAULO BARCELLOS
Gabriel n達o aliviou as esquerdas.
PAULO BARCELLOS
Trekinho curtindo o visual do pico.
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Trekinho em uma da sĂŠrie onde dĂĄ para perceber exatamente o potencial das esquerdas.
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PEDRO FORTES
“No final da sessão, todos estavam aliviados por estarem inteiros” - Trekinho
Agora que a onda está devidamente apresentada, a pergunta que fica no ar é: Por que nunca tem ninguém surfando lá? A resposta é simples. A entrada e a saída do pico são bastante complicadas, que o diga Marcelo Trekinho, que já esteve lá outras vezes e passou por algumas roubadas. “Surfei uma vez com o Bezinho em um swell de sul e tivemos que sair remando por São Conrado, tava sinistro sair pelas pedras e preferi não arriscar. No dia das fotos a bruxa estava solta! Na hora de pular das pedras, fui arrastado por uma onda inesperada e cortei o pé todo. Alguns foram mal tratados pelas ondas que não davam trégua e batiam nas pedras com violência. No final da sessão, todos estavam aliviados por estarem inteiros”, contou Trekinho amarradão depois de pegar altas ondas.
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/quiksilverbr
quiksilver.com.br/wetsuits
O que são férias para os surfistas? Normalmente é o tempo em que eles passam em casa com a família descansando de uma trip ou campeonato. A equipe Hurley Brasil decidiu largar o sossego do lar e embarcou para a paradisíaca ilha caribenha de Barbados, famosa pelos piratas, rum e altas ondas.
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Fotos menores: Icaro e seu mais novo amigo. Calรงadรฃo no centro da capital de Barbados. As cavernas de Soup Bowl.
FOTOS: HENRIQUE PINGUIM
Nesta: A vista da porta de casa.
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Rua principal de Bathsheba.
FOTOS: HENRIQUE PINGUIM
Hora de ver o material produzido no dia.
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Como os tubos de Soup Bowl não deram as caras, o que restou foi sobrevoar o pico.
Biel estava se sentindo em casa com as direitas de Soup Bowl.
O pico mais famoso é chamado Soup Bowl, na cidade de Bathsheba, um point break onde quebram direitas quadradas nos dias maiores e valinhas boas para manobras quando está marola. A região mais parece uma área rural com praia, onde as vans dos turistas passam diariamente entre dois pequenos bares, um restaurante e uma vendinha. Nada é muito longe em Barbados, afinal o pequeno país tem 430 km quadrados. A ilha de Barbados é uma mistura da cultura inglesa com os costumes americanos. Eles adoram um café da manhã recheado de omelete, bacon e outras friturinhas a mais. Logo na primeira manhã, ao acordarmos, vimos que era só descer as escadas e estávamos na areia da praia. Surfamos para conhecer a onda, que apresentou um enorme potencial, com direitas um pouco mexidas, porém iradas. Em Soup Bowl fizemos as melhores sessões enquanto estivemos na ilha. Uma curiosidade interessante sobre o pico é que foi ali naquelas ondas que Kelly Slater fez a foto de capa do seu segundo livro, “Pelo Amor”, em um tubão que, infelizmente, não achamos nas duas semanas em que estivemos por lá. Para os locais, parecíamos extraterrestres devido aos materiais e toda nossa estrutura. Podíamos ver no olhar de cada um, como se fossemos pessoas super importantes! Depois de cada caída, íamos para casa – que estava a apenas a alguns passos de distância da água – e tomávamos um café da manhã olhando para as ondas. Assim, recarregando as energias e vendo que outro ângulo ou outra manobra que iríamos trabalhar na próxima caída.
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Biel Garcia
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BIDU
Outro lugar sensacional de Barbados é o West Side, pra onde fomos atrás das outras ondas, conhecidas como Tropicana, Duppies e Church Point. Mas como diz o ditado: “A pressa é inimiga da perfeição”. E seis marmanjos que não conheciam nada do lugar, não poderiam ter outro destino a não ser se perder, mesmo em um lugar relativamente pequeno como Barbados. Demoramos horas para achar o pico de Tropicana. Na verdade, já havíamos passado por ele algumas vezes enquanto procurávamos, mas não sabíamos aonde era e, além do mais, estava flat. O azul turquesa da água chegava a doer os olhos de tão claro e chamativo. O lugar era realmente incrível, lindo, coqueiros, areia branca e aquele mar que costumamos ver em fotos de revistas onde os milionários passam férias. Porém, o que queríamos mesmo estava em falta… Voltamos outro dia para o West Side, mas dessa vez não pra procurar ondas e sim para curtir o “Caribe” (que era como chamávamos o outro lado da ilha devido a diferença de cor da água). Paramos no pico de Church Point, um lugar realmente magnífico, e dava pra perceber que com um bom swell ali fica perfeito. Sem dúvidas, quero voltar ao West Side da próxima vez que for a Barbados. E com o swell certo, é claro!
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Icaro Ronchi
O sul da ilha também tem seus dias. Icaro aproveitando as ondas de South Point.
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FOTOS: HENRIQUE PINGUIM
Icaro Ronchi provou que Soup Bowl tem boas esquerdas.
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Fotos menores: Arco da independĂŞncia em Bridgetown, capital de Barbados. Mestre cuca da casa preparando o rango. Visual das estradas de Barbados.
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BIDU
HENRIQUE PINGUIM
Thiago aproveitou as direitas para treinar as manobras com pressão.
Os picos de Barbados não mostraram sua verdadeira força enquanto estivemos lá, mas a beleza do lugar era deslumbrante. Ficávamos na água até o último raio de sol. E depois de um bom rango, todos se juntavam para ver as imagens. Além das ondas, aproveitamos para dar um role em Bridgetown, a capital de Barbados, onde muitos turistas se “misturam” com os dreadlocks do povo local, já que 90% da população são de origem negra. Em certo dia decidimos ir até o centro, no local chamado Harbour Lights, uma espécie de bar/night club. A entrada custava 20 dólares americanos e as bebidas eram liberadas até três da madrugada. Uma ótima opção para quem queria se divertir e beber sem gastar muito. O lugar era alucinante, na beira da praia, bem espaçoso e com pessoas de toda parte do mundo. Depois de alguns drinks e muitas risadas, fomos pra casa. Um caminho que deveríamos percorrer em 30 minutos, levou uma hora e meia. Nos perdemos no caminho inúmeras vezes, pois as ruas não tinham iluminação e muito menos placas – sem falar que eram muitas estradinhas no meio das plantações de cana, ou seja, um verdadeiro labirinto para os desconhecidos. Mas, felizmente, quase todos os caminhos levavam a Bathesheba, local onde estávamos hospedados.”
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Thiago Barcellos
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Ao lado: Cinema de Barbados, o ponto de referência para chegar a Bathsheba.
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O line up de Soup Bowl estava florido, tanto que Thiago Barcellos n達o sabia se olhava para onda ou para a gata.
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confira os VÍDeos Dessa triP online no surfar tV.
“ No último dia, com a ‘caranga’ que alugamos, acordamos com uma ligação da Melanie (nossa anfitriã) avisando que poderiam ter boas ondas no South Shore da ilha. Não pensamos duas vezes e em 15 minutos estávamos arrumando as coisas para partir para o tal de South Point. Dessa vez não demos mole e chegamos rápido ao local. Entramos em um condomínio de mansões, onde encontramos uma pequena esquerda com vento terral e água caribenha. A animação foi geral! Mesmo com as ondas estando pequenas, seria o primeiro dia de surf com vento terral da viagem. Pegamos boas e divertidas ondinhas, mas dentro d’água só conseguíamos pensar no potencial que aquele lugar tinha. A esquerda era longa e, segundo informações, com swell de Norte a onda tem sessões tubulares e também proporciona manobras iradas! Como diz o dito popular: “No fim tudo dá certo”. E apesar de não termos pegado o swell esperado, não poderíamos ter escolhido melhor lugar para passar as merecidas ‘férias’ nessa época do ano.
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Diego Silva 94
HENRIQUE PINGUIM BIDU
Mesmo nรฃo pegando o swell ideal, as esquerdas de South Point fizeram a cabeรงa de Dieguinho.
Acostumado com os tubos, Diego Silva teve que treinar as manobras nessa trip. Parece que o garoto estรก afiado!
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JOSH BROWN
A nova tattoo de Dadรก com as iniciais JCHC (Jesus Cristo Hardcore).
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Escovando de backside no início dos anos 80.
POR: ROGER FERREIRA
Ídolos nunca morrem. Mesm o que mudem seus hábitos, reneg uem o passado ou percam a vida, suas atitudes permanecerão sempre vivas. O carioca Dadá Figueire do, 47 anos, é um desses imortais. Maior ícone do surf brasileiro, o anti-h erói, que revolucionou o esporte com manobras sempre à frente do seu tempo e influenciou uma ge ração com sua atitude undergrou nd, mantém sua essência intact a. Em um tempo que as pessoas tei mam em querer ser o que não são, Da dá se mantém verdadeiro a suas ori gens. Quem o conhece sabe que não é fácil entrar em sua vida, então aprov eite essa oportunidade de testemun har a intimidade de uma das figuras mais carismáticas e originais da his tória do surf brasileiro. 99
Roberto Valério e o pupilo Dadá no início da carreira.
Eram sete horas da manh ã, eu seguia ao encontro de Dávio Correia de Figueiredo, ma is conhecido como Dadá Figueiredo. Combinamos próximo a casa dele no Itanhangá par a nos encontrarmos e passarmo s o dia juntos. O cara é me u ídolo desde moleque. Por seu surf exp losivo, atitudes, além da identificação através de nossa origem da zona norte carioca e o gosto pelo punk rock. Mas chegar ao pon to dele abrir o jogo sobre sua vida não foi tão fácil quanto possa parecer. Tive que ganhar a confiança de Dadá para tocar em assunt os polémicos de sua vida. O Golzinho preto de dua s portas encosta buzinando com algumas pranchas no tet o. É ele, acompanhado do filho mais velho Dávio, de 14 anos - Dadá tem mais duas fi lhas com a esposa Renata: Samara de 12 e Alissa de 11. Seguim os para deixar o garoto no colégio e o pri meiro comentário dele foi com relação à camisa que eu estava usa ndo. “Isso aí é Misfits, né? Sei qual é. Os caras fazem um som assim meio horror-punk... Já ouv i muito”, disse ele mostrando conhecim ento de causa. Deixamos o moleque e seguimos para a praia do Pepê, onde Dadá mantém sua escola de surf.
O famoso layback que deu nó na cabe
ça dos juízes na década de 80.
O Dávio gosta de estud ar? Nada, brother. Tá sempre enrolando pra ir à escola. Mas toma altas duras da mãe, pois em pri meiro lugar tem que ser os estudos. E no surf, acha que ele se parece com você? Só tem a mesma fissura. Ma s ele vai ser sur fista de ond as maiores. Numa bateria, quando está precisando de uma nota pra virar, se vier uma da série, ele vir a. Porém, se vier uma me rreca pra tirar leite de pedra mesmo, Dá vio não arranca uma not a, fica travado. Ele vai se dar bem em Off the Wall, Pipeline... Não é maroleiro como eu. Ele tem o surf inovador como no início da sua car reira? Não, brother, ele não tem . Até porque hoje neguinho já faz altas paradas. Em 1981, eu já dava dois 360 na mesma onda e ninguém fazia isso. A galera não gos tava das manobras que eu fazia. Diziam que era truque, que o sur f tinha que ser na onda... Segundo Dadá, rolou até uma repressão contra o iní cio das tentativas de aéreos, que eram executados para pas sar a sessão da onda, além das outras manobras futurísticas daq uela época. A primeira vez que ele ma ndou um layback numa bateria, os juízes deram a nota antes que completasse. Quand o viram que ele conseguiu ficar em pé de novo, não sabiam o que fazer. Tiveram que apagar as notas e esc rever de novo, pois não tin ham noção de como julgar aquela manob ra. “Depois disso, sempre que eu mandava um layback, eles ficavam esp erando pra ver se eu ia vol tar para poder soltar as notas... Eu fazia um bagulho que dava nó na cabeça dos caras (risos).”
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E o que era necessário par a vencer uma bateria naq uela época? O Pedro Muller era malan dro, já dropava no corte e fazia uma troca de bordas pra depois começa r a manobrar. Aí os juízes contavam aquilo como a primeira ma nobra. E o que valia era a quantidade de manobras que o cara fazia na onda. Eu pegava umas buraqueiras no inside e dava na cara da junção. Aquilo não contav a tanto e perdi muitas baterias naquela. Teve um cara que me falo u uma vez: ‘Tu tem que usar pranchas ma iores, pois não tá saindo o bico nas tuas manobras’. Porra, não tem que sair bico nenhum, o que tem que sair é a rabeta (risos)! O que ninguém imaginav a era que surfar com pra nchas menores e fazer manobras aéreas, soltando cada vez mais a rabeta, impulsionariam o surf com petitivo alguns anos dep ois. Dadá era um visionário, mesmo sem sab er.
MARCOS MYARA
Dadá
Apesar da base inversa
há m
uito t
empo
atrás
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, o filho Dávio (acima) ma
ntém o mesmo estilo e
agressividade do pai (a esquerda).
Primeiras fotos de Dadá surfando, em 1981. Muito a frente de seu tempo, ele já arriscava nas tentativas de aéreos.
Voltando com
tudo após as
facadas para
ser campeão
carioca em
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JOSH BROWN
Shapeando em sua casa, após a caída. Ensaio fotográfico de 85 produzido
Ficamos ali, sentados, aguardando os alunos chegarem. A praia estava vazia àquela hora da manhã. Solto um comentário despretensioso: “Parece um dia de campeonato de surf, totalmente vazio.” E Dadá metralha: “Hoje não tem mais público nos campeonatos de surf e isso é culpa dos caras que estão lá nas cabeças. Uma vez, quando fui campeão carioca (89), corri uma final com o Ricardo Tatuí em Itacoatiara, que tinha uma camada grossa de gente na beira da praia de uns 10 metros, igual como vemos nos campeonatos na Europa. Depois teve o Circuito Limão Brahma, que apareciam umas ondas da galera e os resultados depois do Fantástico aos domingos. Hoje não tem mais isso. Não tem mais surf na televisão, só futebol.” O tempo vai passando... “Os alunos não vêm mais nessa hora (08h30min)...”, diz Dadá. Então, resolve dar uma checada pra ver se rola um treino no meio da Barra. Quando fazemos o retorno no posto 6, ele vê uma valinha muito marola de direitas e estaciona o carro. Resolve cair ali mesmo. Pega seu Stand Up, remo, e vai pra água. Enquanto tenta surfar umas merrecas, fico sentado na areia lembrando o tempo em que eu permanecia por horas seguidas o vendo treinar nas valinhas da Barra. Um show a parte que dava gosto de assistir. E Dadá fazia disso sua rotina diária. “Pra um surfista ficar bom mesmo, precisa treinar pelo menos oito horas por dia em qualquer condição de mar”, disse ele uma vez. Logo desistiu e saiu da água. Aí mando na lata: “Não gosto dessa parada de SUP, acho chato pra cacete.” Dadá me retribui com uma gargalhada e fala: “Brother, é um ótimo treino pro surf, pras pernas... E hoje tenho muito mais chances de vencer um campeonato de Stand Up do que de pranchinha (risos)!”
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para a primeira edição da Trip.
É hora de partimos para sua casa no Itanhangá, a menos de dez minutos da Barra. No caminho, toco no assunto do tempo em que ele ia surfar de ônibus... “Eu era o único que tinha que pegar um ônibus pra vir competir. Até então só tinha ‘menino do Rio’ da zona sul, que vinha de carrinho ou com motorista. Eu saía da Tijuca, pegava minha prancha lá na casa do Guto (Carvalho), no 3.100 (condomínio na Barra), pra depois treinar por ali ou pegava outro busão pra ir competir no Arpoador. Abri caminho pra uma galera mais underground...”, fala Dadá, soltando sua tradicional risada na sequência. A essa altura do dia, fico amarradão, constatando que a essência do velho e bom Dadá Figueiredo permanece inalterada. Subimos as ladeiras até chegarmos na casa dele. Marcos, designer da SURFAR, com seu amigo Josh, fotógrafo australiano encarregado de fazer os registros pra matéria, nos seguem até o portão. Vamos direto para a sala de shape. Enquanto Josh fazia algumas fotos, Dadá explicava o processo. Ele faz tudo: prepara os blocos de isopor colando as duas partes, coloca a longarina, dá a curva com as réguas, shapeia, lamina, põe as quilhas, lixa... “A única parada que não faço é pintar. Só quando o cliente quer uma pintura mais punk, daquelas que a gente gosta (risos). Aí pego o pincel e mando ver...” Nos anos 80, Dadá criou as marcas Anti-Fashion e Necrose Social, que foram totalmente na contramão do que as empresas de surf vendiam. Era o tempo do movimento New Wave, com cabelos mullet, camisas de ombreira e bermudinhas fluorescentes. Sem o colorido escandaloso que ditava a moda na época, ele trouxe roupas com estampas de caveiras, que fizeram a cabeça de muitos fãs em todo o Brasil.
JOSH BROWN
Após um breve tour pela oficina, subimos até o escritório. Lá, em meio a algumas prateleiras, estão os troféus da carreira dele. O mais antigo que conseguimos achar em boas condições é de 1983, de um campeonato do condomínio 3.100, no meio da Barra. Dadá aponta uma foto na parede em que ele está dando uma entrevista em uma competição. Era o Hang Loose Pro Contest, etapa brasileira do circuito mundial na década de 80, que rolava na praia da Joaquina, em Florianópolis, quando ele passou 16 baterias e venceu as triagens antes do evento principal. No dia anterior da sua primeira bateria entre os tops mundiais, ele e os amigos Eduardo Crivela e Fernando Corrêa foram a um show da banda de punk rock paulista Cólera. Quando acabou, do lado de fora estava cheio de policiais dando geral em todo mundo. “Eu tava vestido todo camuflado e o cara chegou pra mim falando: ‘Onde tu arrumou essa roupa aí? Estão roubando umas do exército aqui... Tem papo não, carioca, entra ai!’. Os caras me prenderam do nada! Acho que eles nunca tinham visto um show punk por lá. Me levaram no camburão e passei a noite toda na delegacia”, contou Dadá dando várias risadas. Às 07h 30min da manhã, ele saiu de lá viradão e foi direto correr sua bateria. Não teve jeito e acabou perdendo. Segundo ele, a foto na parede foi no momento em que o Flávio Boabeyd (organizador do evento) perguntou sobre o lance da prisão. “Falei pra ele: ‘É brother, eu fui em cana porque essa cidade subdesenvolvida nunca viu um show punk. Isso lá no Rio é normal.’ Esculachei mesmo”, diz soltando mais uma gargalhada debochada. “Dadá, isso tudo daria um filme espetacular!”, digo em voz alta babando com todos aqueles troféus e prêmios do ídolo. “Tem dois caras lá de São Paulo fazendo um documentário meu”, emenda ele. “Já fizemos várias sessões aqui e eles foram pra El Salvador comigo e o Dávio. Filmaram direto lá”, finaliza. A viagem pra América Central foi o prêmio que Dadá e Dávio ganharam por terem vencido o campeonato de pais e filhos da Nike 6.0, realizado em janeiro no Rio.
Quatro momentos de Dad
á destruindo no auge da
carreira profissional.
Dávio filho e pai com seus troféus em casa.
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O que rolou por lá? Brother teve uma parada que eu fiquei meio nervoso nas filmagens... Um dos caras ficou só filmando meu pé, mano! Primeiro começou no teaser do filme, que só aparecia meus pés quando eu estava shapeando. Aí ele chegou lá em El Salvador, começou a filmar umas ondas minhas, mas só pegava meus pés! Eu dando batida e o cara só filmando os meus pés... Fiquei meio nervoso com o cara. O documentário sobre Dadá tem previsão de ficar pronto até o final deste ano. E falando em viagens, entro na questão da molecada dos tempos modernos, que vai ao Hawaii, mas só quer fazer fotos e passar mais tempo nos sites de relacionamentos do que dentro d´água. Na sua época também tinha isso? De jeito nenhum! Eu ia pro Hawaii, ficava dois meses lá e só dava uma ligação pra casa. E ainda era pra pedir alguma coisa (risos). O resto era surf. Só tinha o Ala Moana Shopping, pra onde corríamos pra fazer umas compras quando o mar ficava grandão... (risos). Hoje em dia é mole, qualquer celular tira foto e já manda direto. Antes eu voltava dos campeonatos e neguinho nem sabia o que tinha acontecido. E a previsão do swell, como vocês faziam? Previsão? (risos) Teve um campeonato da Mormaii, na Silveira, que o mar ficou 10/12 pés a semana inteira. Todo dia nego dizia que o mar ia baixar, mas não baixava. Só dava pra entrar pelas pedras. Você tinha que pular de uma rocha que parecia um penhasco e remava pra caraca! Eu fui catar uma prancha pra cair numa garagem do Carlinhos em Imbituba.
O velho e bom Dadá em El Salvador no início de 2011.
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Tinha uma single fin grandota, velhona, das antigas. Peguei aquela prancha, botei um leash de 10 pés e fui pra minha primeira bateria contra o Beto Cavallero. Ele pulou, mas veio uma série e varreu. Não conseguiu mais entrar. Com aquela prancha velha, me joguei do penhasco, saí remando e varei. Tava grandão e fechando. Faltando um minuto pro final, peguei uma onda, fui reto e passei a bateria (risos). Teve um cara lá de Santos que foi pular e uma onda o jogou de volta na pedra. Ele quebrou várias costelas e depois ficou falando: ‘Eu vou processar o Morongo (dono da Mormaii)’. (risos) Esse campeonato foi sinistro, a maior roubada! Aproveitando o assunto sobre competições, quero saber a opinião dele sobre a camaradagem dos competidores de hoje em dia durante os eventos, coisa que não acontecia antigamente. O que você acha dessa camaradagem dos competidores na hora das baterias? Eu falo pro meu filho: ‘Tu tá muito amigo do moleque, brother. Não é querer o mal dele, mas não fica muito de conversa’. Teve um campeonato Master em Ubatuba que fui cair com o Jair de Oliveira, que também é surfista de Cristo. Antes do início da bateria, ele veio falar comigo: ‘Pô Dadá, nós vamos cair juntos, vamos passar eu e você! Vamos orar juntos aqui... Senhor em nome de Jesus...’. Aí na primeira onda que fui remar, o cara veio pra cima de mim botando o bico pra impedir minha passagem e me marcou o tempo todo assim. Não me aliviou em nenhuma! Ele passou em primeiro e eu me arrasei! Fiquei muito amigo dele. Mas, dali pra frente, antes da bateria, ele ora de um lado e eu do outro... (risos).
Estileira radical inconfu
ndível.
uito mundial em 1990.
Na etapa carioca do circ
Meio da Barra no final dos anos 80.
Com a esposa
Renata nos an
os 80.
.
ovador de Dadá
trada do surf in
ca regis Layback, a mar
Naquele tempo a rivalidade realmente existia e dava uma pitada a mais de emoção nos eventos. Teve uma vez que Dadá só precisava passar duas baterias no Arpoador para ser campeão carioca. Ele ia cair com Felipe Dantas no domingo decisivo. Felipe ligou na noite anterior pro Marcelo Andrade, técnico de Dadá, e falou em tom ameaçador: “O Dadá vai cair amanhã comigo e eu vou ganhar. Não vou dar chances. Ele não vai ser campeão! Pode tirar o cavalinho da chuva”. Antes da bateria já rolava a maior dura, tudo pra abalar o rival emocionalmente. Não tinha essa parada de amiguinho. Mas não teve jeito, Dantas se arrasou e Dadá sagrou-se campeão carioca de 89. “Fiz a mala dele! (risos)”, conta tirando certa onda. Em outra ocasião, Dadá e Felipe Dantas estavam voltando de um campeonato com o taitiano Vetea David no mesmo voo. Felipe ficou o tempo todo sacaneando Dadá com o lance dele ter sido preso em Floripa. “Aí, Vetea, ele pegou cadeia, ficou preso!”, zoava Dantas dando risadas. Quando chegaram ao aeroporto no Rio, ele sugeriu que rachassem um táxi, já que viriam os dois pra Barra. Assim que o Opalão encostou, Dadá arriou o banco da frente e colocou suas três pranchas. Felipe pegou os elásticos e pediu ajuda para amarrar as dele no teto. Entraram no táxi e seguiram. Ao chegarem no condomínio Barramares, onde Dantas morava, as pranchas não estavam mais no teto, haviam voado pelo caminho... “Ele tinha uma prancha de isopor cor de rosa do australiano Shane Horan que andava muito, boa pra caramba! Ele quis entrar numa comigo, mas não dei ideia... Depois tentou entrar numa com o taxista, porém não teve jeito.” Dois dias após tinha o campeonato Alternativa (etapa mundial no Brasil), no Meio da Barra, e os rivais caíram juntos. “Depois da bateria, a gente tava saindo e ele sabia que tinha perdido pra mim... Daí me falou putão: ‘Se eu estivesse com a minha prancha de isopor, tu ia ver só! ’. Ele ficou só me sacaneando no avião, sacou cumpadi? E depois se deu mal”, falou Dadá em voz alta dando sua famosa gargalhada, que podia ser ouvida por toda a vizinhança.
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O baixo de Dadá na época de “Os Norm
JOSH BROWN
ais” decorado com sangue, ao estilo
Sid Vicious.
Uma prévia de “Bodyboard e Jetski” para a SURFAR.
Os Normais: Dadá, Lúcio Flávio e Bochecha.
Aliás, sua vizinhança no Itanhangá já teve muita dor de cabeça na época em que ele (no baixo), o skatista Lúcio Flávio (bateria) e Bochecha (guitarra) formavam a banda de hardcore Os Normais e ensaiavam até oito horas por dia. A surfistada naquele tempo ouvia Spy Vs. Spy, Midnight Oil, Men at Work, Paralamas do Sucesso... E Dadá trouxe para o meio do surf bandas do underground, como Olho Seco, Cólera, Social Distortion, Ratos de Porão, Napalm Death, entre outras. Em um canto do escritório, visualizo a caixa de seu baixo, peço pra que ele pegue o instrumento e toque alguns acordes.
Russinho e Dadá.
Levando um som, já como Aliança
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Incorruptível.
Conte alguma história engraçada de um show dos Normais. Sempre que íamos tocar rolava uma parada errada. Ou acabava a luz ou o tempo, sempre rolava isso na hora dos Normais tocarem... Uma vez a gente foi tocar numa festa no play de um prédio aqui na Barra, que tinha uma galera do surf e do skate misturada, uma molecada... Quando chegou a nossa vez, o cara falou que não dava mais, que já passava das 10 da noite e os vizinhos iam reclamar... Eu fiquei putão brother, todo mundo puto na parada. Aí resolvemos pegar tudo e ir tocar na praia. Botamos todo o equipamento dentro do meu Corcel velho e fomos pro Galera (trailer que ficava no posto 4 do meio da Barra). Mermão, saiu todo mundo da festa atrás da gente. Paramos no Galera, falamos pro cara de lá: ‘Liga aí, liga aí, liga aí’. Montamos a bateria, ligamos os amplificadores e começamos a tocar. Vários carros foram parando e o show ficou lotado. Foi uma parada muito maneira, a maior zoeira que no dia seguinte rendeu muitas reclamações dos condomínios vizinhos! (risos) Porém, tanto a galera do surf quanto os punks torciam o nariz para Os Normais. “A gente era meio embarreirado. Éramos muito punks pra galera do surf e playboys pros punks... Neguinho não compreendia a gente (risos).” Aponto para o iPod em cima da mesa e Dadá solta a letra: “Hoje estou ouvindo só hardcore cristão. Mas naquela época, eu escutava muita coisa diferente: metal, punk rock e hardcore pauleira mesmo...” A banda mudou seu nome para Aliança Incorruptível, que, apesar das letras gospel, manteve o mesmo som rápido e sujo dos velhos tempos.
MINDUIM / ARQUIVO PESSOAL
Voltando a destruir em 97 após se recuperar das drogas.
Após o papo sobre música, chegou o momento de entrarmos fundo na fase negra do anti-herói. Confesso que não me sentia à vontade para abordar essa parte da vida dele e, por isso, comecei meio que na brincadeira. Então você era o maluco e o resto dos caras os certinhos? Brother, eu era o maluco assumido. Porém, a maioria dos caras que eram metidos a certinhos, na real, eram os maiores malucos! Neguinho era tudo mauricinho, mas não viajavam sem um baseado, cheio de flagrantes... Quebravam os hotéis, faziam um monte de merdas e eu é que era o maluco! (risos) Durante o Gotcha Pro (mundial de 89, disputado em Sunset), que fiquei em quinto, tava eu e mais uns quatro brasileiros juntos. Aí fui cair na bateria e pedi pra galera pra dar uma olhada, pois eles já tinham rodado. Quando voltei, não vi os caras na arquibancada. Fui pro carro, num estacionamento, e eles estavam lá, estranhões... Perguntei se tinham visto minha bateria e eles começaram a contar. ‘Pô Dadá, maior merda! A gente tava fumando bagulho no carro e chegou a polícia dando dura geral. Nos algemaram e colocaram de joelhos na grama. Tivemos que dar muita ideia pra nos liberarem... Passamos a maior vergonha’. Eu detestava essa parada de bagulho, brother, nunca fumei... Fui do álcool direto pra cocaína... Dadá havia chegado ao ponto mais delicado do nosso papo. E, para minha surpresa, abriu o jogo em tom sério, melancólico, mas sem meias palavras. E como rolou essa transição do álcool para a cocaína na sua vida? Eu gostava de beber muito e comecei a ter vários acidentes de carro. Da primeira vez, tava voltando com meu fusquinha azul do Circo Voador, um ônibus bateu em mim e me jogou em cima da parede. Não morri por muito pouco, fiquei todo arrebentando. Me levaram pro hospital e tomei vários pontos. Depois tive uma capotagem aqui no Itanhangá, quando fiquei com um buracão na cabeça, cheio de hematomas e ferrei
os ligamentos do joelho. Porra, mermão, não sei como não morri. Aí os ‘amigos’ começaram a falar: ‘Para de beber e dá um tequinho que tu vai ficar na moral’. Eu já estava num estágio que ficava bêbado rápido, sacou brother? Perdia a linha, queria brigar, pagava mico, ficava largadão... Foi quando conheci uma mulher que era traficante aqui na Barra e comecei a cheirar. Em pouco tempo fiquei muito viciado. No final, eu nem bebia mais, só queria cheirar... Não tinha nem mais o surf, mano... Às vezes, eu ia pegar onda... Em que ano foi isso? Até 92, eu tava surfando direto, daí em diante fui parando... Larguei o circuito quando ainda era top 16 em 94. Fiquei no fundo do poço, passei uns três anos pancado mesmo. Aí vi que não tava dando mais e eu mesmo me internei em 97. Então foi por vontade própria? É. Eu e meu irmão mais velho procuramos umas clínicas. A gente era leigão... E a Renata (sua esposa) deu um toque na minha família que eu tava precisando de tratamento. Você já estava com a Renata nessa época? Antes a gente tinha uns casos. Aí ela tinha acabado de voltar do Hawaii, onde tava morando, e a gente começou a namorar sério. Neguinho já tinha falado pra ela lá no Hawaii que eu tava mal. Ela tentou me levar pro Narcóticos Anônimos, porém não deu, tinha que ser internado mesmo. Eu até queria melhorar, mas não dá brother... Quando você tá doente naquela parada ali, fica muito dodói e precisa de tratamento, terapia... Foi aí que rolou a primeira internação de Dadá, com 29 anos, numa clínica para dependentes químicos. Ele ficou na boa uma semana. Mas no sábado seguinte, quando rolava um programa familiar, teve uma recaída.
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Você abandonou o tratamento? Minha família toda estava lá e eu disse: ‘Não quero ficar nessa porra aqui não!’ Minha mãe não conseguiu me segurar... Saí, não desfiz nem a minha mala da parada, fui pra rua e me endoidei... Mas naquela semana que fiquei lá, consegui aprender certas coisas e ver que estava doente mesmo. Não tinha jeito, tinha que voltar. No domingo de manhã, liguei pro meu irmão e disse: ‘Me leva de novo pra aquela porra, não tem mais jeito!’ Por isso que neguinho fica tentando sozinho, mas não dá. Mesmo parando de usar, você fica doente, tem os mesmos hábitos e tem que se tratar. Fazer uma reformulação total na sua vida, no seu caráter. A droga destrói suas qualidades e põe seus defeitos muito em evidência, tua autoestima vai lá embaixo... Dadá ficou 75 dias internado e após muita terapia saiu recuperado. Quase um ano depois, ele se converteu numa igreja evangélica. “Nos Alcoólicos Anônimos você é incentivado a acreditar em uma força superior, qualquer que seja, um objeto, uma energia ou até mesmo o próprio grupo. Depois de um tempo limpo, cheguei à conclusão que dificilmente conseguiria melhorar meu caráter, contaminado pelo vício, sem uma crença mais convincente. Foi aí que encontrei Deus através da Sara Nossa Terra. Desde então, já mudei de igreja algumas vezes, sempre buscando um grupo diferente para frequentar”, diz ressaltando a importância de se unir a outras pessoas com o mesmo objetivo. Já passava das duas da tarde e era hora de fazer uma pausa para o rango. Dadá sugere uma pensão bem ao lado de sua casa. Ele desce para tomar um banho. Enquanto aguardávamos ele, o relato sobre seu envolvimento com a cocaína, única coisa que parou seu surf revolucionário, ecoava na minha cabeça. Pela primeira vez na vida, vi o cara falando em voz baixa, cabisbaixo, demonstrando total reprovação pelo que fez no passado, mesmo nos momentos em que contava sobre sua recuperação. Isso só aumentou a minha admiração pela figura de Dadá Figueiredo. Descemos até a pensão e pedimos nosso almoço. Durante o rango, ele ainda conta mais uma penca de histórias hilárias do passado. E na hora do cafezinho pós-refeição, pergunto sobre outro fato sinistro que aconteceu em sua vida. Em 1990, Dadá foi agredido com várias facadas e quase morreu. Como foi o lance das facadas? Já ouvi várias versões, mas qual é a real? O lance da facada foi o seguinte... Teve um show punk que uns caras apareceram metendo a porrada na galera que tava na roda. Aí neguinho ficou putão e juntou os caras, que tiveram que ser escoltados pra saírem do show. Como eu era o mais famoso, eles me marcaram e resolveram me pegar. Um dia eu estava andando numa rua em Copacabana com o Bochecha, que era guitarrista da minha banda, quando os caras chegaram. Eles me juntaram, bateram muito e um deles me deu várias facadas pra matar mesmo, só atingindo os lugares certos para me fazer sangrar até a morte. Mas o Bochecha, assim que tomou a primeira porrada nas costas, correu muito, conseguiu fugir e chamou a polícia. Fui levado pro hospital
MARCOS MYARA
O layback matador continua o mesmo. Alfa Barra 2011.
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jorrando muito sangue, brother... Era pra eu ter morrido ali. Tava deitado na maca e escutei uma enfermei ra falando: ‘O que esse cara tá fazendo aqui? Ele vai morrer!’. Dadá não morreu e dois anos depois (1992) venceu duas etapas do Circuito Brasileiro Profission al. Uma dessas vitórias foi em Ubatuba, derrotando Jojó de Oliv ença, bicampeão brasileiro, numa final que ficou conhecida com o “Deus X Diabo”. Jojó foi um dos pioneiros Surfistas de Cristo, mas Dadá, que não havia se convertido ainda, levou a melhor. Voltamos para a oficina de pranchas e pedimos a ele que chamasse seu filho Dávio para uma foto juntos. Ainda preciso saber sua opinião em relação aos tema s atuais envolvendo o mercado do surf. Na época em que com petia, havia diversas equipes de marcas locais com investim ento pesado em viagens e equipamentos. Qual a sua opinião em relação ao atua l mercado do surf brasileiro? As marcas antigamente faziam roupas e pranchas, ganhavam dos dois lados. Aí as gringas entraram aqui quebrando quem fazia roupas, pois ninguém queria mais usar as nacionais. E quem quebrou as pranchas foram os camelôs lá do Terr eirão (no Recreio), que têm pranchas de 300 contos. E o que você acha dessas marcas que já investiram e hoje só exploram o lifestyle do surf ? Os caras viram que tava ficando mal e passaram a investir num outro lado. Os anúncios deles têm quilh as, pranchas, ondas... É surf, mas os ‘zé ruelas’ dizem que não são surfw ear pra não patrocinarem ninguém. São uns parasitas brother! Um cara desses me falou outro dia: ‘Meu filho, ser surfista, se juntar com um monte de maconheiros, não quero!’ Pô, ele que viveu e ganhou grana a vida toda no meio do surf e tem esse preconceito... É escroto! No passado, Dadá não poupava ning uém em seus discursos inflamados e imortalizou a frase “Mo rte aos parasitas!”, gritado após cuspir cerveja na plateia durante a premiação em um evento. Atualmente, ele e seu filho Dávio nego ciam patrocínio até com empresas gringas, que ficam amarrad onas, dando uma clara demonstração de que lá fora os ídolo s do passado são valorizados de verdade.
Passar um dia com Dadá Figueiredo foi indescritível! O mais marcante foi constatar que ele não se tornou um religioso chato com suas pregações, não mudou seus conceitos e nem se tornou fashion para fazer dinheiro. O cara cont inua firme em suas convicções. A alma punk do maior antiherói do esporte brasileiro permanece intacta e seu legado deve ser passado de geração para geração. “Naquela época, eu nem me ligav a na influência que tinha sobre a galera que se amarrava em mim . Só fui ter mais noção disso agora, de uns tempos pra cá... Fico ama rradão”, finaliza Dadá.
MARCOS MYARA RICK WERNECK
Em uma caída rápida no Alfa Barra, Dadá m que mesmo ao ostrou s 47, continua com surf de ga roto.
to vencido por Dadá este ano.
Família Figueiredo reunida no even
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NICARÁGUUA
MÉXICO
HAWAII
EUROPA TAHITI IINDONÉSIA
TEXTO E FOTOS: PEDRO TOJAL POR: PEDRO TOJAL
AUSTRÁLIA
Costumo dizer que a minha casa é onde eu estou. Desde que comecei a parceria com a Surfar, quase não parei no Brasil. Foram três anos dormindo e acordando em lugares diferentes. Das barracas de camping da Indonésia ao conforto de hotéis europeus. Nesse tempo, comi muito bem, mas também já interditei muitos banheiros depois de comer “gororobas” pelo mundo. Ondas nem preciso falar. Foram de todos os tipos e para todos os gostos. Grandes e pesadas, pequenas e perfeitas. Praticamente vi de tudo, porém o que me fez viajar incansavelmente por esse enorme planeta foram as ondas tubulares. Dentro delas conseguia me sentir no conforto do meu “Lar, Tubo Lar”. Para fechar essa série de viagens e completar a “Volta ao Mundo da Surfar em Três Anos”, escolhemos um dos picos mais tubulares do mundo. O oeste australiano, lá do outro lado do planeta, foi o destino final dessa caça pelas ondas mais cilíndricas. No volante de um Motor Home, busquei as direitas mais perfeitas da região de Margaret River e vou mostrar nas próximas páginas como foi fotografar perto dos tubarões, dirigir no meio de cangurus e morar num carro durante um mês. Uma aventura imperdível da “Redação Móvel Surfar”!
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MINHA CASA É ONDE ESTOU Depois de viajar dois dias, cheguei ao oeste australiano, na cidade de Perth. Lá aluguei uma van toda adaptada. Era praticamente uma casa de quatro rodas. Tinha fogão, pia, geladeira e microondas. Só não tinha privada, mas na verdade nem fazia falta, já que na Austrália tem banheiros públicos por toda a parte. Assim que peguei a mansão móvel, parti rumo ao sul em busca das direitas perfeitas da região de Margaret River. Cheguei de madrugada e fui direto para a praia. Como minha casa era o carro, eu só precisava escolher a vista. E foi justamente de frente pra North Point que escolhi passar a noite. Muita ingenuidade! Às 7 da manhã já tinha um policial batendo na minha porta com o bloco de multa na mão. Queria me multar em 500 dólares! Após argumentar muito, experiência adquirida com os PMs cariocas, consegui que o guarda me aliviasse sem perder nenhum centavo. Depois dessa, passei o mês acordando às 6 da matina, horário que não tinha fiscalização e que o crowd ainda estava dormindo.
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Acordei e essa foi a minha primeira visão da Austrália. North Point clássico e com quase ninguém dentro d’água.
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A SEMANA DOS SONHOS Na minha primeira semana, o mar estava simplesmente perfeito, variando de 6 a 12 pés. Durante os sete dias, o sol brilhou forte e o vento terral soprou constante. Na região, os surfistas locais priorizam as ondas mais fáceis e manobráveis. O que vi foram ondas perfeitas quebrando nos picos tubulares sem um surfista dentro d’água. Um dia o californiano Alex Gray caiu quase que sozinho em The Box e pegou altos tubos. Quando não tinha ninguém surfando, eu aproveitava para mapear toda a área e explorar picos secretos.
Alex Gray chegou uma semana antes do WQS começar e pegou altas ondas sozinho, como essa perfeita em The Box.
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SANTO YURI Essa viagem foi planejada para acompanhar os surfistas mais tops do Brasil. Durante a primeira semana, todos estavam na Nova Zelândia para uma das etapas do WQS. Conforme foram sendo eliminados por lá, eles iam desembarcando na Austrália. Porém, a galera ia chegando e as ondas partindo. O primeiro que chegou foi Yuri Sodré, que ainda conseguiu surfar no último dia de swell e pegou altas em The Box perfeito, com ondas de 6 pés, sol e vento terral. Como já conhece muito bem a região, Sodré foi meu guia e deu todo o suporte possível. Algumas noites eu dormi na casa dele e sempre passava por lá para carregar o equipamento. Um dia fui cozinhar e quase botei fogo na casa. O cara é todo saudável e deixei tudo fedendo à gordura. Sorte que ele é gente boa e riu muito da situação.
Yuri Sodré chegou no último dia do swell e pegou The Box do jeito certo. Parecia uma máquina de tubos perfeitos.
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10 DIAS DE MARAL Impressionante, mas foi só o resto da brasileirada chegar para o mar ficar horrível. Os dias de sol e terral foram substituídos por chuva e maral. Sem opção para treinar, a galera fazia de tudo pra passar o tempo. Futebol, facebook, noitadas, enfim, cada um se virou do jeito que deu para não cair na depressão. O campeonato em si não fugiu à regra. Ondas balançadas e grandes fizeram os surfistas brazucas caírem um a um. O último a resistir foi Willian Cardoso, que chegou em terceiro lugar. No dia em que todos os brasileiros se preparavam para partir, as coisas começaram a melhorar. O sol e o terral voltaram a aparecer, porém as ondas estavam pequenas. Fiz uma session com o Pedro Henrique e o Raoni Monteiro. Alguns momentos bons foram registrados, mas o sentimento era que se a natureza tivesse contribuído, nós teríamos rendido muito mais. Um dia depois que o WQS acabou, o sol resolveu dar as caras, só que as ondas já estavam menores. Mesmo assim, Pedro Henrique e Raoni Monteiro partiram pro pico de Gas Bay e pegaram boas ondas.
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Perfeição solitária.
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Secret Spot estilo Backdoor e sem crowd. O brasileiro e morador da região, Oscar Guiss, explorando sozinho as direitas secretas do Oeste australiano.
CANGURUS, TUBARÕES E ÁGUA FRIA Quando saí do Brasil, todo mundo me dizia pra tomar cuidado com os cangurus, prestar atenção nos tubarões e levar roupa de frio. Na real, as duas primeiras dicas foram válidas e somente a história do frio era lendária. Foram vários cangurus avistados na estrada, diversos mortos e um deles por mim. Não teve jeito, voltando do surf atropelei um em cheio. Não é à toa que eles morrem tanto. Vi um no meio da estrada e buzinei para fugir, mas ele se jogou bem na frente do carro. Bicho mais burro esse tal de canguru! Os tubarões também são uma realidade e a cada barbatana avistada eu rezava para que fossem golfinhos. Na maioria dos casos era mesmo, mas durante três vezes as praias foram fechadas por causa da presença de tubarões brancos, inclusive presenciei um ataque de um deles a um cardume de peixes grandes, bem no pico de The Box. A sorte é que por lá tem muito alimento e nós não somos o prato principal. Mesmo assim, não quis ficar pra correr o risco de ser a sobremesa.
Redação móvel.
Sorte que eram golfinhos!
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A SALVAÇÃO DA PÁTRIA Marco Giorgi, uruguaio radicado no Brasil, e o brasileiro Oscar, que mora por lá há mais de 10 anos, foram meus salvadores. Depois que o circo do WQS partiu, eles resolveram se dedicar ao freesurf. Giorgi, que deveria continuar acompanhando o circuito, resolveu estender sua trip por uma semana. Alugou uma Van toda personalizada dos Beatles e caiu com tudo em picos como The Box, North Point, SuperTubes, Gas Bay e um secret que lembra muito BackDoor. Ele pegou sozinho altas ondas e fez várias fotos de tubos e aéreos. O local Oscar também não ficou pra trás e nas suas folgas investiu nos cilindros do secret, que ele mesmo nos apresentou. Foram dias de sonho com apenas dois amigos, comendo e bebendo muito bem e pegando ondas perfeitas sozinhos no oeste da Austrália, um dos melhores lugares de surf do mundo.
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Marco Giorgi ficou sozinho depois do WQS e pegou altos tubos. Nessa foto ele mostra um pouco do que rolou em Gas Bay.
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Boodjidup.
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Super Tubes.
The Box. North Point.
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FOTOS: BIDU
S찾o tantas sess천es de relaxamento nos tubos quadrados de Teahupoo, que dificilmente os locais se estressam com a galera que invade seu quintal nos melhores dias. Na foto, o taitiano Heiarii Williams em momento de total prazer.
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Quando está flat no Brasil, você enlouquecendo sem ondas, abre o Surfline.com e vê Teahupoo quebrando clássico... Depressão na hora, né? Que nada! O que seria motivo para horas no psicólogo, logo vira motivação. Sem nem pensar, um grupo de brasileiros partiu para uma semana no melhor retiro espiritual do surf, o SPA de Teahupoo. Sete dias de muito tubo, sombra e água salgada, que garantiram a saúde mental dessa galera por muito tempo. Agora é sua vez de relaxar! Separamos 12 páginas para você meditar no conforto da sua casa apreciando o melhor do segundo grande swell de 2011 na bancada taitiana. Aproveitem!
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O comandante do “SPA�, o local Raimana Van Bastolaer, mostrou como se faz para passar por dentro das maiores do dia totalmente relax.
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“Acho que sou viciado em adrenalina. Quando passo muito tempo sem pegar onda grande, eu acabo ficando meio surtado... Quando vi esse swell em Teahupoo, não deu outra, peguei o avião e embarquei rumo a mais uma terapia de malucos. E deu muito certo! Agora estou calminho (risos)...” - Felipe Cesarano
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O havaiano Adam D’Esposito, que há alguns anos mora no Tahiti, colocou à prova o estado de espírito “zen” de Maya Gabeira nesta onda.
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O nordestino Charlie Brown sintonizado com os buracos de Teahupoo.
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Em dias de ondas perfeitas no Tahiti, n達o tem lugar melhor para estar do que dentro de um tub達o refletindo sobre a vida. Na foto, o sortudo Tuhiti Haumani.
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Fotos menores: Mark Healey, Kiron e a galera no camarote de Teahupoo. O fot贸grafo Renato Tinoco e seu barquinho na cara do gol. Maya Gabeira. E o visual de Teahupoo.
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Cesarano veio direto de uma competição no Sul para encarar a ressaca no Sheraton. Na foto, dropando no limite ao lado da bancada de pedra.
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HENRIQUE PINGUIM
ANDRÉ PORTUGAL
Marcos Monteiro, que ano passado terminou como quinto colocado no circuito mundial de ondas grandes, não perdeu a oportunidade de treinar na laje de Manitiba, Saquarema. Hoje Marquinhos é considerado um dos principais expoentes do big surf brasileiro, mas ainda sofre com a falta de apoio. Quando o mar sobe, ele é presença garantida em qualquer condição.
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O local Rafael Malafaia surfou uma das maiores ondas do swell no Canto do Recreio.
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GABRIEL QUEIROZ
Marcelo Trekinho experimentando novas emoções na Laje do Sheraton, seu quintal de casa. Será que ele completou o drop? Veja no Portal SURFAR a sequência desta onda.
Na manhã de domingo, Caio Vaz surfou uma das maiores ondas na Laje do Sheraton. Com uma prancha 6.8, ele fez o drop com muita dificuldade, segurou na base e depois correu pra galera...
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PEDRO MONTEIRO
HENRIQUE PINGUIM
ANNIBAL
Evaristo Ferreira foi o grande nome no Pontão do Leblon neste dia. Com sua prancha 8.4, ele dominou o pico e dropou o que vinha pela frente. Sua experiência de muitos anos de Hawaii fez a diferença na hora que o bicho pegou no outside com ondas de até 12 pés.
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ANNIBAL
nova geração
Bem articulado e falante, o carioca local do Recreio Matheus Brivio começou a pegar onda aos quatro anos com a ajuda do seu irmão mais velho. Hoje, aos 13 de idade, o moleque diz que quer ser surfista profissional, mas também pretende cursar Direito ou Medicina para garantir um futuro melhor. Além do surf, Matheus anda de skate, que lhe garante uma boa base para os aéreos que está arriscando nas suas caídas no Canto do Recreio. Confira um pouco mais sobre essa “figuraça” que, apesar de novo, sabe bem o que quer. Com quantos anos você começou a surfar e quem te incentivou? Comecei aos quatros anos no Canto do Recreio com o incentivo da maior galera, principalmente do meu irmão, que me levava pro mar, me colocava na ponta do longboard e quando chegava dentro d’água ele me dava a mão para eu subir. Super irado! Ídolos no surf Jadson André, o cara é um atleta exemplar pra molecada, além de Jordy Smith, que vem quebrando e surfando demais. E, é claro, Kelly Slater, o maluco não para de ganhar!Temos que nos inspirar nele. Picos preferidos Canto do Recreio, Prainha, que nem sempre tem onda boa, mas é difícil sair de lá e dizer que não pegou uma maneira, como também a Barra e o Peru, o pico dos sonhos! Onde costuma treinar mais? Canto do Recreio, né! Quintal de casa, eu vou treinar aonde?! (Risos) Matheus “Miquimba” atacando a junção na Reserva.
Que viagens você já fez para pegar onda e qual a melhor? Saquarema, Arraial do Cabo e Búzios, mas fora do Brasil ainda não. E a melhor foi em Arraial. Eu estava com a minha família, todo mundo me dando apoio para competir na etapa do Sub-14. Não tive um bom desempenho, porém o fato de ver a minha família me apoiando já foi uma grande força e isso é o melhor de tudo no surf! Qual o pico dos seus sonhos? A Austrália, o Hawaii, que é o sonho de todos os surfistas, e o Peru, porque é um lugar perto e mais fácil de ir. É só juntar um dinheirinho, a mesada... Lá tem uma onda que dá para você ficar quase uns 10 minutos. Uma esquerda perfeita! Pô, o sonho da molecada! O que pretende no surf? Eu quero ser um surfista profissional. O surf é um bom caminho pra mim, o que eu gosto e quero! Futuramente eu tenho que ter uma carreira por fora para sustentar a minha família e pretendo me formar em Direito para ser Delegado Federal ou fazer Medicina. Mas é no surf que vou buscar a alegria e as coisas boas para mim!
FOTOS: MINDUIM / NIKE 6.0
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Idade: 13 anos Patrocínio: Não tem Quiver: 4’11 Shaper: Base
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156 eventos
Brasileiro Sub-18 Nike 6.0 Lowers Pro
O capixaba Krystian Kymerson utilizou dos aéreos para vencer o campeonato e se tornar o novo campeão brasileiro Sub-20.
kk leVa o Brasileiro suB-20
oakleY Pro jr 2011
A promessa do surf capixaba Krystian Kymerson tornou-se realidade. Krystian venceu o Oakley Pro Junior, evento realizado no Campeche, Florianópolis. Com a vitória, o surfista foi coroado campeão brasileiro Sub- 20 e garantiu seu passaporte para competir o Circuito Brasileiro Profissional em 2012, além de ganhar nove mil reais de premiação e 1000 pontos no ranking que classifica para a final mundial do Pro Junior em North Narrabeen, Austrália. Durante toda a competição, KK abusou dos aéreos, uma de suas especialidades, e na final venceu o catarinense Cauê Wood. Krystian já vinha de excelentes resultados. No início do ano, ele venceu uma etapa da seletiva Pro Jr na Austrália. E junto com os campeonatos da sua categoria, o surfista da nova geração vem dando gás nas etapas do circuito de acesso ao World Tour. “Eu vim de uma viagem pela Austrália, depois fui para Escócia e em seguida direto para este campeonato. Treinei muito para tentar o título e agora que consegui é muito bom. Não comecei bem, cai para a repescagem, mas depois fui encaixando meu surf aqui nas valas do Campeche e agora é só comemorar”, disse Kymerson amarradão com o resultado. Os melhores cariocas na competição foram o local do Recreio Filipe Braz e o surfista de Búzios Mariano Arreyes, que terminaram na nona posição.
1 Krystian Kymerson (ES) 2 Cauê Wood (SC) 3 Marco Fernandez (BA) 3 Caio Ibelli (SP) 5 Yuri Gonçalves (SC) 5 Luel Felipe (PE) 5 Peterson Crisanto (PR) 5 Luan Carvalho (SP) 9 Felipe Braz (RJ) 9 Pedro Husadel (SC) 9 Vitor Valentim (PR) 9 Mariano Arreyes (RJ) 9 Samuel Igo (PB) 9 Jonathan Busseti (SC) 9 Diego Michereff (SC)
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PuPo faZ choVer na califórnia
Miguel Pupo fez história na Califórnia.
O Nike 6.0 Lowers Pro, evento de nível prime realizado em Trestles, Califórnia, Estados Unidos foi um marco para o surf brasileiro. O campeonato foi literalmente dominado pela nova geração tupiniquim que arrancou aplausos de toda a mídia gringa. O auge desse ataque brasileiro em águas estrangeiras foi na final quando o paulista de 19 anos, Miguel Pupo venceu o local e prata da casa Tanner Gudauskas em uma final emocionante decidida somente nos últimos minutos. Pela vitória o paulista levou para casa 40 mil dólares e 6.500 pontos no ranking de acesso, até o fechamento desta edição Pupo estava na 28º posição e se o corte fosse realizado ele estaria dentro do World Tour. Miguel, Medina, Camarão, Jessé Mendes, Junior Faria, Jadson André, Caio Ibelli, Willian Cardoso e Heitor Alves abusaram dos aéreos e mostraram para o mundo todo que em ondas de alta performance como Trestles, quem manda são os brasileiros. Para se ter uma idéia nas quartas de final, de oito surfistas disputando a prova seis eram brasileiros. A vitória de Miguel Pupo foi a verdadeira prova de que a nova geração do Brasil deixou de ser promessa para se tornar realidade.
nike 6.0 loWers Pro 2011 1 Miguel Pupo (BRA) 2 Tanner Gudauskas (USA) 3 Jesse Mendes (BRA) 3 Thiago Camarão (BRA) 5 Heitor Alves (BRA) 5 Kolohe Andino (USA) 5 Jadson André (BRA) 5 Junior Faria (BRA)
Com a vitória no Canto do Recreio, Jean da Silva mostrou por que é o atual campeão brasileiro.
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FOTOS: PEDRO MONTEIRO
Circuito Carioca
jean Da silVa Volta a Vencer no rio
POR: CONRADO LAGE
Catarinense veio comendo pelas beiradas e na final não deu chances a Jano Belo, Danilo Costa e Igor Morais. O Arnette Rio Surf Pro, segunda etapa do Circuito Carioca de Surf Profissional realizada no Canto do Recreio, rolou com altas ondas de até um metro, sol e água quente. Com 30 mil reais em premiação, a competição atraiu surfistas de vários estados, dando um clima mais de etapa do circuito brasileiro do que de um evento regional. Não foi por acaso que o título de campeão ficou com um atleta de outro estado. O catarinense Jean da Silva, atual campeão brasileiro, encaixou o surf nas direitas do Canto e com um backside polido venceu na final Jano Belo, Danilo Costa e Igor Morais, segundo, terceiro e quarto, respectivamente. “Acabei de voltar da Indonésia, onde peguei muita onda boa, mas o curioso foi que eu só treinei em ondas para a esquerda de frontside. Estava muito amarradão surfando lá todo dia às 5 da manhã. Quando voltei para o Brasil, aproveitei para descansar, porque estava meio mal devido ao fuso horário. Mas hoje, ao passar as baterias, retomei aquele feeling que estava na Indonésia e deu tudo certo”, contou Jean.
Durante o campeonato vários surfistas de outros estados se destacaram. O potiguar Danilo Costa, ex- WT, mostrou toda a sua experiência e alcançou a terceira posição. Ian Gouveia de 18 anos, filho de Fabio Gouveia, representou a família e com um excelente repertório de manobras chegou até as semifinais. Já o baiano Bruno Galini, que fez a maior média da competição, 16.00 de 20.00 possíveis, só foi barrado nas semis por Danilo Costa e Jano Belo, atual líder do ranking carioca. Jano é natural da Paraíba, porém mora no Rio há mais de dois anos e hoje compete representando a Cidade Maravilhosa. Uma das baterias mais alucinantes do evento rolou na segunda semifinal. O atual campeão carioca, Igor Morais, fez a melhor apresentação do último dia de competições, somando 15.67. Igor surfou com muita força e velocidade, sempre manobrando no crítico da onda, e levantou a torcida local. Ele deixou para trás Jean da Silva, Dennis Tihara e Ian Gouveia, mas na grande final não encontrou as ondas. “Era o dia do Jean, não tem jeito. Chegar nessa final foi provar para mim mesmo que tenho condições de brigar novamente pelo título”, falou Igor, que entrou na briga pelo bicampeonato.
arnette rio surf Pro 2011 1 Jean da Silva (SC) 2 Jano Belo (RJ) 3 Danilo Costa (RN) 4 Igor Morais (RJ) 5 Bruno Galini (BA) 5 Dennis Tihara (BA) 7 Ian Gouveia (SC) 7 Martins Bernardo (RJ) Abaixo: Jihad voltou com tudo após um ano sem competir. A estrutura do enveto em Noronha. O pódio do evento.
O atual líder do ranking carioca, o paraibano Jano Belo se filiou à federação e agora veste a camisa do Rio nas competições.
ranking aPós 2ª etaPa 1 Jano Belo – 2150 pontos 2 Igor Morais – 1365 3 Flávio Costa – 1305 4 Simão Romão – 1270 5 Martins Bernardo – 1233 6 Anselmo Correia – 1175 7 José Eduardo – 1175 8 Samuel Igo – 1070 9 Jean Des Bouillons – 1050 10 Marcelo Bispo - 1050
A boa estrutura do Arnette Rio Surf Pro.
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REBBECA Lopes 19 ANOS
FOTOS: CELSO PEREIRA JR.
Estudante de Design de Moda, a bela capixaba Rebbeca Lopes é o melhor presente de aniversário que a Surfar poderia dar aos seus leitores. A gata acha o surf incrível e até já se aventurou na pranchinha. “É muito interessante ver a forma como as pessoas conseguem se equilibrar e deslizar sobre as ondas. Mas o que mais me encanta é ver o amor dos surfistas pelo esporte, sem falar na ligação direta com a natureza”, diz. Para manter as curvas em dia, ela cuida da alimentação, malha bastante e faz dança, sua atividade favorita por “dar leveza na alma”. Atualmente a modelo e dançarina mora em São Paulo e sempre que pode dá uma escapada para as praias do Espírito Santo ou as do Rio, como Ipanema e Búzios, na Região dos Lagos. Também viajou para diversos picos do Brasil, como Porto Seguro, Arraial D’Ajuda, Trancoso e Itacaré, porém sua maior vontade é conhecer Fernando de Noronha. “Se o visual pelas fotografias já é maravilhoso, imagine pessoalmente!”, conta. Agora é só torcer para se esbarrar com essa deusa por aí!
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TIM MCKENNA/DIVULGAÇÃO
PEDRO TOJAL
170 Movies Tiago Garcia
Jack McCoy filmando “A Deeper Shade of Blue”.
Rasta em um dia clássico na Índia.
uMa VisÃo Mais ProfunDa De jack MccoY
Quando você começou e percebeu que era um bom filmmaker? Dei o passo inicial ao assistir meu primeiro filme quando eu tinha 13 anos e depois distribuindo e mostrando filmes após o segundo grau. Fiz o meu primeiro, Tubular Swells, em 1975. Atualmente tenho mais de 35 anos como filmmaker e acabei de finalizar meu 25º filme: A Deeper Shade of Blue. Mas acho que foi depois de terminar The Green Iguana que acreditei que poderia fazer um filme decente para surfistas. Então, foi no início dos anos 90 que me senti bem em relação aos meus filmes que estavam percorrendo o mundo. Quais os tipos de câmeras e lentes que você geralmente trabalha? No momento eu amo minha Panasonic P2 202 e tenho feito excelentes imagens com ela. Desde que descobri que eu poderia fazer diferentes imagens filmando uma onda, fiquei viciado nisso, conseguindo até mesmo pegar detalhes da parte branca da onda. O que você acha dessa nova era de tecnologias digitais? Amo isso! Coisas novas e excitantes para manter um homem velho sempre aprendendo. Qual o seu filme de surf favorito? Eu gostava muito de Riding Giants, mas tive um problema assistindo ele recentemente. Filme de surf favorito... Acho que Tubular Swells, pois foi o meu primeiro e tudo era muito novo e empolgante para mim. Você costuma assistir filmes de surf do Brasil? Tem algum favorito? Lamento dizer que até agora não vi nenhum. Eu ainda tenho que ir ao Brasil e ninguém nunca me enviou um. Assisti o trailer do Wake Up 2 e está ótimo. O que acha de enviá-lo para mim? Qual a visão de A Deeper Shade of Blue e quanto tempo você trabalhou nesse projeto? Trabalhei durante cinco anos. ADSOB é sobre o verdadeiro soul surf que é profundo
NEWS • Novo filme de Josh Kerr, Kerrazy Kronicles está disponível para download gratuito no site da Rusty (www.rusty.com). • Year Zero (0000), novo filme da Globe dirigido por Joe G. (ex Poor Specimen e responsável pelas produções da Globe desde 2002) tem estréia ainda este ano e promete inovar no conceito audiovisual de surf. Com novos ajustes de cor e qualidade cinematográfica incrível o filme conta com os surfistas Damien e C.J. Hobgood, Taj Burrow, Dion Agius, Nate Tyler e Yadin Nicol. Assista o trailer no Portal SURFAR (www.portalsurfar.com.br).
nas raízes havaianas. Uma apreciação aprofundada a respeito do que o surf significa, além disso, também aborda a evolução das pranchas de surf e do espírito “Aloha”. O que podemos esperar deste filme além do espírito Aloha havaiano? Uma grande e memorável história de 11 capítulos ligando os principais surfistas de hoje com os do passado. Quais surfistas estrelam ADSOB? Mais de mil surfistas! Ha, ha, brincadeira! Nós abordamos muitos ícones da nossa arte, mas as histórias contemporâneas consistem de surfistas como Jamie O’ Brien, os irmãos Marshall e Manoa Drollet, Stephanie Gilmore, Jordy Smith, Tom Wegener, Derek Hynd, Marti Pardisis e Terry Chung. Alguns nomes você conhece, outros talvez não, porém todos vivem o espírito Aloha. Em relação ao espírito Aloha abordado no filme, como você utilizou a trilha sonora? Usei algumas bandas que já fizeram parte em outras produções. Não planejei ter uma música do Foo Fighters no filme, mas encontrei uma que funcionaria muito bem nele. Em uma sequência de ondas grandes é que esses caras mostram por que são uma das três melhores bandas de rock atualmente. O Coldplay era perfeito para nossas imagens, então, usamos a música deles na trilha de novo. Iggy Pop, Paul McCartney e Jack Johnson também fazem parte da trilha sonora, mas há muitos outros e fiquei muito satisfeito com o resultado final. Já está pensando em novos projetos ou só curtindo as premières de A Deeper Shade of Blue? No momento estive surfando por duas semanas e foi muito bom. Estarei em algumas premières, porém ainda não sei de todas. Entre em nosso website e poderemos enviar nossas atualizações. Fazer filmes está no meu sangue, então, não posso dizer que não haverá outro. Este, por enquanto, é meu último filme de surf, mas veremos. Para finalizar, quais dicas você daria a um filmmaker iniciante? Acho que a coisa mais importante é tudo pelo menos uma vez. Comece com uma ideia, a escreva, faça um storyboard simples, vá filmá-lo, reúna o material filmado, escolha músicas, edite o filme, crie uma unidade de cor, faça a mixagem de som e o finalize. Uma vez terminado esse processo, mostre-o ao máximo de pessoas que puder.
TOP 10 VIDEOS
Jamie O’ Brien
1. Hawaii 9-0 2. Surfers of Fortune 3. Kelly Slater in Black and White 4. Wave Warriors 5. Loose Change 6. Sabotaj 7. Campaign 2 8.The Bruce Movie 9. Cop it 10. Occy The Occumentary
ÁLVARO FREITAS BIDU
Jack McCoy, sem dúvida um dos maiores filmmarkers de surf de todos os tempos, tem documentado por mais de 30 anos o nosso esporte lançando filmes com uma abordagem em diferentes aspectos. Criador de clássicos como The Green Iguana (1992), Sik Joy (1994), Occy The Occumentary (1998) e Blue Horizon (2005), ele lançou recentemente A Deeper Shade of Blue com foco nas raízes e cultura do surf. Confira a entrevista exclusiva que McCoy concedeu para Surfar.
A P R E S E N TA
SA Q UA R E M A ✰✰✰ PRIME ✰✰✰
Campeonato Mundial de Surfe ASP World Prime Tour
24 a 29 de
maio de
2011
Praia de Itauna ‘
COBERTURA
US$250.000 P R E M I A Ç ˜A O
APOIO
REALIZAÇÃO
176 Palavra final
O catarinense Jean da Silva, 26 anos, iniciou sua carreira no surf como amador aos 13 de idade. Foi campeão brasileiro em todas as categorias por onde passou. Um currículo de respeito! Ele também tem em sua bagagem o título de campeão catarinense em 2006 e venceu o Brasil Surf Pro em 2010. Natural de Joinvile, Jean se mudou para o Rio ano passado e vem treinando forte para novos desafios. POR: JOSÉ ROBERTO ANNIBAL Por que você resolveu se mudar pra cá? Comecei um relacionamento e queria ficar próximo da minha namorada. Aí tudo foi conspirando. Tenho passado pouco tempo aqui e ainda não peguei muita onda boa, mas sei que o Rio tem muito potencial. Na verdade, as ondas daqui são difíceis e é bom que eu esteja treinando, pois é uma onda que quero dominar. Como é o seu dia a dia? Aqui é bem diferente do Sul. O trânsito é mais intenso e tudo eu tenho que fazer de carro. Já a questão do treinamento é bem positiva. No Rio tenho um lugar específico para treinar e os atletas daqui são muito dedicados, então, estou sempre puxando meus limites, além das ondas que são boas. Quais são os pontos positivos e negativos hoje do Brasil Surf Pro? Hoje só tem ponto positivo. De uns anos pra cá, o circuito só tem evoluído. A premiação tem aumentado consideravelmente, mas ainda poderia subir mais por causa da diminuição do número de atletas e também por ter poucas etapas ao longo do ano (cinco eventos). A competição deveria ter mais dias de janela para rolar sempre nas melhores condições do mar. Atualmente entrou uma galera da nova geração que está surfando bem, então, o circuito tá com o nível bem alto. Você acha que dá para correr o WQS lá fora e ainda disputar o Brasileiro? Acho que dá para ser campeão brasileiro e se classificar para o World Tour. São poucos os eventos no Brasil, já no circuito de acesso tem praticamente campeonato todo final de semana. Então, basta escolher as etapas com mais pontuação para conseguir lidar com os dois circuitos tranquilamente.
O que mudou na sua vida após o título de campeão brasileiro? Só me deu mais confiança para seguir com meu trabalho. É um peso a mais no meu currículo, as pessoas enxergam como se fosse um resultado na minha profissão. Quero alcançar novos objetivos e, junto com as competições, procuro agregar o meu trabalho de viagens: vídeos e fotos. Isso é muito importante para o marketing do atleta. Você tem alguma estratégia na hora que veste a lycra de competição? Cada condição de onda pede uma estratégia. Existem mares que você precisa fazer um ‘feijão com arroz’ para passar a bateria, já outros que precisamos arriscar. Ao longo dos anos que competi no BSP e no mundial, perdi várias baterias por ter feito um surf básico, então, hoje procuro arriscar mais. O que você considera um surfista completo? Acima de tudo tem que ser uma grande pessoa, um exemplo para todos. Nossa área de trabalho é a praia, então, temos que ter uma consciência ecológica. Não custa nada plantar uma semente em cada pico que você passar. Também é muito importante ter uma base familiar e de estudos. O surfista não pode sair mundo a fora sem ter estudo. É claro que a vida vai ensinar muita coisa, mas estudar é essencial. O relacionamento com a família, patrocinadores, mídia, fotógrafos, vídeomakers, enfim, tem que estar de bem com todo mundo. Quais seus objetivos para 2011? Continuar competindo no BSP e correr os campeonatos do circuito de acesso ao World Tour. Hoje a dificuldade para entrar no WT aumentou muito e os patrocinadores estão cientes disso, então, o investimento é muito maior para conseguir ingressar na elite.
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MARCOS MYARA
NILTON BATISTA
PEDRO TOJAL
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WorlD tour no rio
Próximo número
eXPeDiente
Um dia para ficar na história do surf brasileiro. Adriano Mineirinho vence na Barra da Tijuca e assume a liderança do Circuito Mundial
Editor Chefe: José Roberto Annibal – annibal@revistasurfar.com.br Editor Executivo: Grimaldi Leão - grimaldi@revistasurfar.com.br Projeto Gráfico e Arte: Marcos Myara - marcos@revistasurfar.com.br Redação: Roger Ferreira - roger@revistasurfar.com.br Déborah Fontenelle - deborah@revistasurfar.com.br Estagiário: Conrado Lage - conrado@revistasurfar.com.br Fotógrafo: Pedro Tojal - tojal@revistasurfar.com.br Colunistas: André Breves Ramos, Bruno Lemos, Felipe Cesarano, Tiago Garcia. Colaboradores de fotos nesta edição: Álvaro Freitas, André Portugal, Bidu, Bruno Lemos, Celso Pereira Jr, Gabriel Queiroz, Gustavo Cabelo, Henrique Pinguim, José Roberto Annibal, Josh Brown, Marcos Myara, Pedro Fortes, Pedro Monteiro, Rick Werneck. Colaboradores de Texto: Diogo Mourão, Pedro Tojal, Stephan Figueiredo. Comercial: Sérgio Ferreira, Thaís Ravel, Two Go Comunicação (Agências RJ). Tratamento de Imagem e Finalização: Marcos Myara. Portal Surfar – Editor: Roger Ferreira - roger@revistasurfar.com.br Repórter: Conrado Lage – conrado@revistasurfar.com.br Impressão Gráfica: Gráfica Ediouro. Jornalista Responsável: José Roberto Annibal – MTB 19.799. Tiragem desta edição: 20 mil exemplares. A Revista Surfar pertence à Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna, 250, sala 209, Barra da Tijuca, Cep: 22793-000. Distribuição gratuita no Rio de Janeiro. Contato para publicidade: (21) 2433-0235 / 2480-4206 – surfar@revistasurfar.com.br