Felipe Cesarano, Alfa Barra.
Pedro Tojal
Gabriel Pastori verticalizando no Alfa Barra.
Itacoatiara de Cara Feia
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Itacoatiara pra poucos.
Alpha Barrels
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Do caos na areia às ondas mais tubulares do Rio de Janeiro.
Portolio Beto Paes Leme
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O Rio retratado de dentro e fora d’agua por Beto Paes Leme.
Perfil Joca Secco
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Conheça a vida de um dos maiores shapers do Brasil.
Trip Surfar
78
Viaje para uma ilha paradisíaca e sem crowd: Tavarua.
Miss Surfar
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O divã de Natália Goobe.
Surfar Art
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Nathansohn, o big rider do lápis de cor.
www.revistasurfar.com.br
Nesta: João Gutemberg enfiando o pé. Prainha. Na capa: Felipe Cesarano botando pra dentro nos “barrels” do Alfabarra. Foto da capa: Pedro Tojal
Aos 45 do Segundo Tempo Nada como uma matéria de impacto com altos tubos logo na primeira edição do ano. A história começou com a visita do fotografo Pedro Tojal a redação, uma das grandes revelações da fotografia dentro d´aguá. Já tínhamos entrado no mês de dezembro as matérias principais já estavam prontas, faltava apenas a definição dos resultados do Hawaii e fecharmos outros detalhes para sairmos para as festas do final do ano. Tojal, que tinha passado sete meses viajando, deixou recado que iria passar na editora para mostrar um material que ele tinha feito no Alfa Barra e ninguém havia publicado. Logo que ele chegou colocamos o cd com as fotos no computador. No momento que vimos aquelas imagens dentro d´água com altas ondas, o silêncio tomou conta da editora e contagiou a todos. No dia seguinte a equipe estava reunida para mudar a matéria principal que já estava pronta. Sabemos que uma parte importante da evolução da Revista Surfar está em conseguir as melhores fotos, surpreender nossos leitores com as novidades que chegam a nossa redação, aquela oportunidade não dava pra passar. O esforço de todos aos 45 minutos do segundo tempo valeu a pena. Com as fotos fizemos a capa, índice e uma matéria de 10 páginas. De quebra, ainda fechamos com Tojal para ele ir para o Hawaii cobrir os dois meses que faltam para o final da temporada.
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fotografia e não perdem nenhum swell. André Cyriaco, autor da capa da segunda edição (Evaristo
Álvaro Freitas
Nas outras matérias dois “pesos pesados”, profissionais que se dedicam 24 horas por dia à numa morra em Itacoticara) nos enviou a cobertura completa com texto e foto do maior swell já registrado na praia de Itacotiara. Cyriaco estava irradiante com o que ele tinha conseguido. Realmente aquelas ondas são muito grandes. Já Beto Paes Leme, sempre presente nos melhores dias, abriu seu arquivo para fazermos seu portifólio. Pelas suas lentes podemos conhecer melhor as belezas da nossa cidade. Na edição você também vai poder ler o perfil de um dos maiores shapers do Brasil, Joca Secco, autor dos foguetes de muitos atletas de ponta do surf brasileiro. Um cara de personalidade que poderia muito bem se importar apenas com a sua profissão, mas não, está sempre preocupado em trabalhar pelo crescimento do esporte. Sem muita enrolação esse ano promete, temos mais cinco edições pela frente e novos objetivos a serem conquistados para continuar o crescimento da Revista Surfar no Rio de Janeiro. Desejamos à toda a nossa equipe de fotógrafos, colaboradores de textos, clientes e aos leitores que nos prestigiam um ano de muita saúde, paz e sucesso em 2009. Vamos todos pra dentro d´água Surfar!!!! José Roberto Annibal
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Álvaro Freitas
Jorge Spanner mostrando porque foi o escolhido da “Palavra Final” desta edição. Macumba.
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Claudinho Paschoa
Eduardo Rollins encaixado em uma direita de peso na Praia da Vila, Saquarema.
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Alan Simas
Álvaro Freitas
Braz rasgando com estilo na Barra. Mica manobrou no limite para vencer.
Mica É Campeão No Long O Rio de Janeiro confirma sua supremacia em 2008 com mais um carioca com título de campeão brasileiro. Depois de Gustavo Fernandes na pranchinha, o local de saquarema Jeremias “Mica” da Silva levou o Brasileiro de Longboard na praia da Macumba. A etapa decisiva, o Petrobras Longboard Classic, aconteceu de 21 a 23 de novembro. A briga pelo título foi entre os mais experientes: Mica, 40 anos, e o paulista Picuruta Salazar, 48, dono de nove títulos brasileiros. Com a praia cheia mesmo debaixo de chuva, aconteceu a bateria mais emocionante do evento na semifinal, de onde sairia o campeão do ranking. Mesmo com o santista saindo na frente, o saquaremense manobrou até a beira e conseguiu a virada para alegria da torcida. Mica conquistou o título brasileiro e ainda ganhou uma passagem para Mentawai, por ser o melhor no ranking do Petrobras Longboard Classic. “Foi uma emoção muito grande. Lutei para conseguir o título, mesmo sem patrocínio, só com a ajuda de amigos que me ajudam a pagar meus custos de campeonato “, comemorou. Mas na finalíssima, Mica perdeu para o também carioca Eduardo Bagé, o melhor brasileiro no circuito mundial (quinto). Bagé, que vive na França e por isso não participa de todas as etapas brasileiras, ficou com o título da etapa. Além de decidir o título profissional, a etapa do Petrobras Longboard Classic apontou os campeões brasileiros das categorias amadoras Junior (Rafael Cavalcante), Adultos (Geraldo Lemos), Masters (José Herbert) e Super Masters (Cisco Arana). Teve também a disputa da categoria Feminino Open, vencida pela paranaense Fernanda Daitchman, e uma bateria de apresentação de Stand Up, modalidade inovadora de surf, com auxílio de remos, na qual Picuruta Salazar foi o melhor. Ranking Brasileiro Profissional 2008: 1 – Jeremias da Silva (RJ)- 3925 2 – Picuruta Salazar (SP) - 3650 3 – Carlos Bahia (BA) - 3395
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Jaime Viúdes (SP) - 3305 Amaro Matos (SP) - 3105 Phil Rajzman (RJ) - 3050 Danilo Mullinha (SP)- 2900 Eduardo Bagé (RJ) – 2835
Não Leve Cachorro À Praia
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Divulgação
A cachorrada faz a festa.
Felipe Braz, Campeão Júnior Um ano cheio de novidades para Felipe Braz. O atleta de 16 anos e que ano que vem vira profissional fechou 2008 com chave de ouro ao ganhar a última etapa e ainda ficar com o título de campeão do Circuito Estadual Cyclone Sub-18 do Rio de Janeiro, nas ondas da Barra da Tijuca, nos dias 6 e 7 de dezembro. Mas quem entrou na festa de penetra e ganhou a passagem para o Peru foi Krystian Kymmerson, que ficou em primeiro no ranking, mas não levou o título por ser capixaba. Entre as meninas, Bárbara Rizzeto comemorou muito com seu pai o primeiro lugar na etapa e no ranking estadual. Com um final de semana de ondas grandes, apenas duas das sete categorias correram no sábado, Junior e Mirim, que foram até a semifinal. Já domingo, com o mar mais calmo, foi possível realizar todas as baterias restantes numa verdadeira maratona que definiu os campeões do ano. O destaque do Circuito foram Felipe Braz, que subiu mais uma vez ao pódio, agora na categoria Mirim, e Pedro Henrique, que teve excelente atuação na finalíssima e ficou com o primeiro lugar na etapa (Iniciante) e o terceiro no Circuito. Vale destacar o empenho dos pais dos atletas que são os grandes incentivadores dos nossos futuros atletas. Parabéns a todos! RANKING ESTADUAL Junior: 1º. Felipe Braz 2º. Daniel Gonçalves
3º. Caio Vaz 4º. Mariano Arreyes 5º. José Eduardo
Feminino Junior: 1ª. Bárbara Rizzeto 2ª. Isabela Lima
3ª. Rayza Silveira 4ª. Luana Braga 5ª. Taís Soaresv
Mirim: 1º. Daniel Gonçalves 2º. Filipe Braz
3º. Daniel Munhoz 4º. João Paulo Zampier 5º. Caio Vaz
Correu pela internet uma nota que chamou a atenção da redação da Revista Surfar. O texto foi postado pela ONG SOS Praias Brasil, que alerta para o perigo que os animais domésticos oferecem à beira-mar. O conteúdo dizia que levar o seu cachorro para a praia pode ser muito mais nocivo do que se imagina e não se trata apenas de uma questão de saúde pública. A mania que se espalha pelo litoral brasileiro constitui, antes de tudo, uma tremenda falta de respeito com os freqüentadores das areias. Vale lembrar que nas praias a decomposição das fezes caninas - além do cheiro desagradável favorece o desenvolvimento de micoses de pele, parasitas intestinais e da larva migrans, mais conhecida como bicho geográfico, doenças que atacam principalmente as crianças. “As crianças têm a mania de colocar tudo na boca, inclusive areia. Ingerir fezes caninas pode ser muito perigoso”, ressalta a pedagoga Cristiane Tabach. Sem nenhuma fiscalização, é comum ver nos finais de tarde nas praias do Rio a cachorrada nas areias fazendo suas necessidades na maior tranqüilidade. Entre em www.sospraiasbrasil.org.br.
aspworldtour.com
Roberto Price
Jóquei Clube lotado para a sessão de surf.
Mineirinho garantiu o Brasil no Top 10.
Brasil Só Com Três No WCT
Surf Pro Na Telona O Rio de Janeiro recebeu em grande estilo no Jockei Club da Gávea a lenda do surf e ex-campeão mundial Shaun Tomson para a pré-estréia do documentário que conta o nascimento da profissionalização do surf com cenas históricas da década de 70: Bustin’down the door, dirigido por Jeremy Gosch. A noite do dia 7 de dezembro finalizou o maior evento de cinema a céu aberto do país. O Claro Cine contou com uma seleção de 26 atrações musicais e 21 filmes de todos os gêneros exibidos na mega-tela. Todos os olhares voltados para o surf polido dos ainda jovens Wayne Bartholomew, Ian Cairns e Shaun Tomson. O longa metragem mostra a temporada de inverno de 1975 no Hawaii, quando esse grupo de surfistas, vindos da Austrália e da África do Sul, dedicou toda vida e muitas economias para criar um esporte, uma cultura e uma indústria do surf que hoje gera bilhões de dólares. Antes de começar a exibição, Shaun Tomson, hoje com 51 anos e no filme com apenas 18, deixou seu recado. “Espero que todos vocês, com esse filme, sintam-se realizando um sonho que nós pudemos realizar, o sonho de chegar ao Hawaii como completos desconhecidos e mudar a história no surf”, disse o sul-africano, que foi aplaudido por mais de mil pessoas. Shaun foi o único não-australiano a ganhar o título mundial, em 1977, quando já se passavam nove anos de circuito. Ficou entre os seis melhores competidores do mundo entre 76 e 84. Passou 14 temporadas no mundial e se aposentou em 89. Após a apresentação, Shaun posou para dezenas de fotos e mostrou que além de um grande surfista também é uma pessoa de muito carisma.
Feserj Premia Melhores Do Ano Numa reunião para comemorar mais um ano de muito trabalho, surfistas de diferentes categorias compareceram em peso no encontro dos melhores do Rio, dia 17 de dezembro, no Espaço Cades, no Recreio. O evento que marcou o término da temporada teve 55 surfistas homenageados pela Feserj. Os troféus de melhor do ano levam os nomes de duas personalidades marcantes do surf nacional e que nos deixaram recentemente: o carioca Caio Monteiro, ex-técnico da equipe brasileira e hexa-campeão pela equipe do Rio de Janeiro, para a modalidade pranchinha, e Olímpio Batista, baiano radicado no Rio e campeão brasileiro profissional de Longboard, para a modalidade dos pranchões. Também foram homenageados Gustavo Fernandes, campeão brasileiro; Jeremias da Silva e Mainá Tompson, campeões brasileiros profissionais de Longboard; Bruno Santos, campeão mundial da etapa em Teahupoo; Simão Romão, campeão no Arpoador do WQS; e Raoni Monteiro, campeão sul-americano. Mais resultados: www.feserj.com.br.
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O WCT 2008 foi encerrado em dezembro sem o Billabong Pipeline Masters provocar mudanças entre os 27 atletas mantidos na elite para este ano. O Brasil tem apenas três representantes na lista dos 42 classificados: o paulista Adriano de Souza, o cearense Heitor Alves e o paranaense Jihad Khodr. É o menor número desde 1993, quando tínhamos os pioneiros Fábio Gouveia, Teco Padaratz e Peterson Rosa. É também a primeira vez na história que a França e a África do Sul se igualaram ao Brasil. Mesmo perdendo na estréia, Heitor continua no Tour. Já Jihad garantiu seu nome na lista da elite mundial com o vice-campeonato no primeiro desafio da Tríplice Coroa Havaiana e uma das etapas do WQS, em Haleiwa Beach. Mineirinho, mais tranqüilo, permanece ao ficar entre os Top 10 do WCT. Neco Padaratz que voltou a sentir fortes dores nas costas e poderia ganhar um dos convites oferecidos pela ASP aos que se machucaram na temporada, vai entrar com um pedido para 2010, pois este ano pretende fazer o tratamento completo. Ainda assim, o Brasil teve seu pior desempenho no Mundial desde a estréia das duas divisões: apenas dois foram mantidos pelo ranking principal e só um classificou-se pelo acesso, fato que existiu apenas uma vez na história do surf, na primeira edição, em 1992, quando o paranaense Peterson entrou para a elite. Naquele ano, Teco foi o primeiro campeão mundial do WQS e já tinha sua permanência garantida pela WCT, assim como Fabinho. No ano seguinte já eram nove brazucas entre os Top 44 e chegou a onze em 2001, dez em 2002 e voltou a nove em 2003, manteve oito por três temporadas e daí caiu para sete, seis e agora três. A temporada passada teve o maior número de provas importantes no país (seis) em toda história do WQS. Na reta final, chances não faltaram para nossos representantes. Na etapa de Itajaí, em Santa Catarina, por exemplo, dos cinco brasileiros que chegaram as quartas, nenhum deles passou da rodada dos 24 e se complicaram. Só que mais importante ainda era Pedro Henrique, Raoni Monteiro, Léo Neves e Hizunomê Bettero terem conseguido chegar à final. Os dois últimos ficaram em terceiro lugar e dependendo das etapas mais difíceis, Haleiwa e Sunset, para entrar no WCT. Assim, nove brasileiros chegaram com chances de vagas nas etapas do Hawaii, mas para a decepção da torcida brasileira apenas Jihad conseguiu. Para completar, sem a classificação para o WCT, os quatro cariocas: Raoni, Léo, Pedrinho e Simão Romão acabaram perdendo seus patrocínios na virada do ano.
FISH
Competição Entre Amigos Álvaro Freitas
Rafael levou mais uma na Prainha
Para encerrar o ano, a Associação dos Surfistas Amigos da Prainha (ASAP) promoveu a segunda etapa do Circuito Prainha Master Surf 2008, dias 13 e 14 de dezembro. O tradicional evento aconteceu com altas ondas de 1m a 1,5m no canto direito. Os veteranos do surf carioca esqueceram um pouco o tal clima de confraternização e partiram pra briga pelo título – no bom sentido, é claro – e, quem sabe, ganhar uma viagem ao Peru, sorteada entre os três principais vencedores. Diferente da primeira etapa, realizada em maio, não houve as categorias para crianças, mas sim a Pais e Filhos com Fininho e seu pai Wagner no primeiro lugar, deixando para trás Ricardo Bocão e seu filho Bruce. Márcio Mundim, campeão da Kahunas, deu muito trabalho dentro d´água e ainda levou no sorteio de presente de Natal uma trip para o Peru. Na Master (a partir de 35 anos), Sérgio Penna (Penna Glass) ficou em primeiro, seguido de Luís Menezes. O vencedor da Grand Master (a partir de 40 anos) na primeira etapa, Raphael Neto levou mais uma vez a melhor ao surfar nas condições que mais gosta na Prainha. “A direita estava vindo com força, definida, é o tipo de mar que eu gosto, sem dizer que é o pico que eu treino todo dia”, diz. Mas isso não significa que estava fácil ganhar, os competidores são amigos, mas são também ex-surfistas profissionais renomados, com muita sede de pódio. “O nível técnico da competição foi muito bom. O campeonato é uma confraternização, mas dentro d’água todo mundo esquece isso, ninguém gosta de perder”, sorriu o campeão.
Qual o seu surfista preferido ?
André Lemes, 33 anos Oficial da Marinha. Kelly Slater. Não precisa nem falar porque, né?!
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Circe Mikhail, 17 anos Estudante. Kelly Slater, imbatível.
porque
ele
é
Felipe Baltazar, 22 anos Estudante.
Felipe Donato, 17 anos Estudante.
Bobby Martinez. Gosto do estilo dele, acho maneiro.
Adriano Mineirinho, porque é difícil um brasileiro conseguir se destacar no circuito mundial, mas ele consegue.
Inaiara da Costa, 11 anos Estudante.
João Pedro Baltazar, 15 anos Estudante.
Oswaldo Neto, 16 anos Estudante.
Rodrigo Santiago, 36 anos Geólogo.
Rico de Souza, porque, além dele ser um grande surfista, ele incentiva o surf com sua escolinha
Rob Machado. Ele surfa muito e tem um estilo bonito.
Pedro Müller, porque o cara é fera.
Dane Reynolds, porque o cara é um pé de cola, dá todas aquelas manobras e é difícil vê-lo cair. Curto muito ver seus vídeos.
Midia Bacana
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Midia Bacana
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01 – Os atores Cláudio Heinrich e Humberto Martins dão uma pausa nas gravações. 02- Pablo Paulino e seu manager Pedro Robalinho estudando as estratégias. 03- Guga, campeão brasileiro, feliz com sua a capa primeira capa numa revista. 04- A filha de Raoni já tomou o troféu do pai em Ubatuba. 05 - Léo recebe o carinho do pai Zé Carlos após mais uma batalha no WQS. 06 – Guilherme Herdy chega na praia com sua munição. 07 – Eduardo Rolins e seu pai Rosenval sempre juntos. 08 – Beldades no Circuito Vivo. 09 – Nosso primeiro campeão mundial, Phil Rajzman. 10 – Rickson Gracie marcando presença na Prainha. 11 – As meninas da competição dando uma pausa para foto na Surfar. 12 – Mica emocionado ao vencer Brasileiro. 13 – Yuri Sodré e namorada. 14 – Shaun Tomson foi prestigiar a galera na Prainha. 15 – É preciso muita gente pra carregar a maior prancha do mundo. 16 – O charme de Thiara Mandelli na Macumba.
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Fotos: Alan Simas (1), Annibal (3), Manoel Campos (13), Álvaro Freitas (2,4,5,6,7,8,9,10,11,12,14,15,16)
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Para aquecer as tradicionais festas de fim de ano, a galera do surf carioca não poderia deixar de reunir os amigos em boas nights pelo Rio. Guilherme Tripa comemorou um ano de seu programa na Barra, bairro que também foi palco de festa promovida pela Ragnarok com a Roxy. Já na Zona Sul, uma mega telão montado no Jóquei mostrou o filme Bustin’ Down the Door que contou com a presença de Shaun Tomson.
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1 – Belas. 2 – Vivi da Roxy recebe Rodrigo Resende e Ian Alho. 3 – Diana e Simão em noite de cinema. 4 – Rui bem acompanhado 5 – Cesarano com seu patrocinador, Denis da Jamf e namorada. 6- Shaun Tomson e esposa no Joquei. 7 – Miguel Calmon com a filha Chloé e esposa no filme Down the Door. 8 – Bruno da Extreme e Rodrigo Mendes. 9 – Kotait da Bintang e o videmaker Camarão caindo na night. 10 – Invasão paraguaia em terras cariocas. 11 – O casal Léo e Sophia Hereda. 12 – O Shaper Beto Santos e sua amiga Gica Vargas. 13 – Gatas sempre presente. 14 – Stanlei, Ian, Pepeu, Kotait, Omar, Tiago e Blanco. 15 – Diana, Carla, Mariana e Camila.
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Fotos: Pedro Monteiro (1,2,10,13), Álvaro Freitas (3,6,7), Bruno Pinguim (4,5,8,9,11,12,14,15)
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Que venham as bombas! O início da temporada de ondas grandes no hemisfério norte promete fortes emoções com a possível realização de três competições de ondas grandes no Pacífico Norte. Na baía de Waimea o Eddie Aikau deu início ao período de espera no último 1º de dezembro. O Eddie precisa de uma grande ondulação, com ondas acima dos 20 pés, para ser realizado até 28 de fevereiro. Nessa competição, o único brasileiro convidado para a lista principal é Carlos Burle. Burle, Danilo Couto e Alex Miranda são os representantes brasileiros na lista principal dos 24 convidados para o Mavericks Surf Contest 2009, que se encontra entre as três competições de ondas grandes na remada mais importantes da atualidade. O evento acontece na baía de Half Moon Bay, situada na cidade norte americana de San Francisco, Califórnia. Outros quatro brasileiros já competiram em Mavericks nos nove anos em que o evento é realizado: Eraldo Gueiros, Rodrigo Resende, Danilo Couto e Alexandre Martins. No surf rebocado em ondas grandes, a competição com as disputas mais acirradas da temporada deve ser mesmo o Mormaii World Cup Tow-In International, válido como a segunda e última etapa do Circuito Mundial de Tow-In 2008/09, da Associação Profissional de Towsurfers (APT). A janela de espera é de 31 de dezembro a 31 de março, no pico de Jaws, em Maui. Três duplas brasileiras estão na briga direta pelo título mundial: Rodrigo Resende/Danilo Couto, Everaldo Pato/Yuri Soledade e Sylvio Mancusi/Haroldo Ambrósio. Com a possível ausência dos atuais líderes do circuito, os australianos Ryan Ripwood e Koby Abberton, os towsurfers brasileiros são favoritos ao título. Vale ressaltar que Resende foi o primeiro campeão mundial de towin ao vencer em Jaws em 2003, em parceria com o havaiano Garrett McNamara. Correndo por fora, ainda temos Burle e Eraldo. Até meados de dezembro, Maya Gabeira, nossa big rider girl, já havia rodado o mundo em busca de grandes e perfeitos
swells. No Tahiti surfou uma grande ondulação com ondas de até 20 pés, em Teahupoo. No México e na Indonésia, Maya surfou ondas menores, treinando posicionamento em tubos e manobras. Tive o prazer de acompanhar nossa tímida surfista de ondas grandes, onde seu foco foi os treinos para pilotar o jet em condições extremas nos dias grandes na Barra. Com sede de evoluir e muita atitude “go for it”, ela não se deixou abater nem com a fratura no nariz durante uma sessão de tow-in. Pouco antes do início da temporada de ondas grandes no Hawaii, a big rider esteve com companheiros de equipe em uma expedição inusitada com temperaturas abaixo de zero no Alaska, onde surfou ondas de 15 pés com muita neve e água congelada. Agora, no início de dezembro no Hawaii, Maya aproveitou o primeiro grande swell na ilha de Oahu para um treino de tow-in no outside reef de Phantons, onde, em companhia de Burle, surfou esquerdas de até 18 pés havaianos, sendo mais uma vez destaque na mídia em todo o planeta por sua performance e atitude incomparáveis. Maya tem o tricampeonato do XXL Big Wave Awards nas mãos. Digo isso, porque nenhuma outra mulher se propõe a fazer o que a brasileira tem feito ao longo dos últimos anos, submetendo-se a viajar pelo planeta para surfar as maiores ondulações nos lugares mais inóspitos. Maya vai continuar nos representando muito bem, colocando o Brasil ano após ano no lugar mais alto do big surf mundial. O ano de 2009 chega com a promessa de fortes e insanas emoções no cenário big wave internacional, com grandes eventos a serem realizados no Brasil e no exterior, além de performances cada vez mais sensacionais dos nossos atletas nos swells gigantes, que estarão bombando sem cessar nos quatro cantos do planeta azul, seja no hemisfério norte de novembro a março ou no hemisfério sul de abril a outubro. No mais, desejo a todos os leitores da Revista Surfar um ano repleto de grandes e perfeitas ondulações de muito amor, união, paz, positividade e evolução para o planeta. Go Big!
Por Roger Ferreira Fotos: Divulgação
Roger Ferreira é jornalista do CarlosBurle.com, assessor de comunicação e agencia atletas.
Os campeões em sintonia.
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Os finalistas do Red Nose.
Maya no treino.
Da esq. para dir.: Alemão, Marcelo, Sylvio e André.
Fotos: Divulgação
Alemão de Maresias fez jus ao nome e venceu em casa.
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Burle e Eraldo.
Pato na missão.
Carlos Burle teve seu lugar no pódio.
Eraldo Gueiros não deixou por menos.
As pesadas ondas de Maresias, no litoral Norte de São Paulo, foi o palco perfeito para a maior competição de surf rebocado em ondas grandes da história do surf brasileiro, o Red Nose Tow-In Championship International. O evento, que reuniu os melhores big riders brasileiros da atualidade, aconteceu em condições épicas nos dias 17 e 18 de novembro de 2008, distribuindo uma premiação recorde na modalidade: um total de 100 mil reais. Por: Roger Ferreira Nem a ausência dos atletas estrangeiros tirou o brilho do evento, que rolou em ondas de até 12 pés sólidos (quatro metros), proporcionando performances de altíssimo nível, um legítimo show de radicalidade e técnica que só uma modalidade dinâmica como o tow-in é capaz de proporcionar. No primeiro dia de competição, o destaque ficou por conta da dupla pernambucana Carlos Burle e Eraldo Gueiros, que somou um total de 34.8 pontos, em 40 possíveis. Eraldo surfou um tubo difícil em uma direita pesada de aproximadamente oito pés que lhe valeu uma nota dez unânime dos juízes e entrou na briga pela premiação concedida a melhor onda do evento. “É nessas horas que a rotina de treinamentos faz toda a diferença. Eu e o Burle aproveitamos todas as condições de mar para treinarmos juntos no Rio de Janeiro. A sintonia da dupla dentro d’água é fundamental no tow-in”, relatou Gueiros após a sua primeira bateria no evento. Maresias amanheceu clássico para o segundo dia do Red Nose Tow-In, com morras que chegavam a 12 pés plus. As semifinais foram bastante disputadas, com destaque para Sylvio Mancusi, que descolou um tubo muito insano e o segundo dez unânime da competição. Assim, acabou dividindo com Eraldo o prêmio de três mil reais pela a melhor onda da competição. A grande final do evento teve início com três grandes duplas do surf rebocado brasileiro na água: Carlos Burle/ Eraldo Gueiros, Sylvio Mancusi/Alemão de Maresias e Everaldo Pato/Yuri Soledade. As séries continuavam
Danilo Couto extrapolando.
bombando pesadas, sem dar trégua principalmente para os atletas que estavam na pilota do Jet, forçando-os a utilizarem toda sua técnica para vencer os espumeiros gigantes do pico. Mancusi voltou a surfar um ótimo tubo e ainda encontrou uma segunda onda muito boa no início da finalíssima. “Conseguir pegar um tubo daqueles na final, com os melhores surfistas de tow-in brasileiros na água, é coisa de Deus.” Com a responsabilidade de fazer duas boas ondas para garantir um bom somatório final, Alemão de Maresias, seu parceiro, soube explorar o conhecimento do pico para manobrar forte, no lugar exato das esquerdas que quebravam em frente aos juízes. Com isso a dupla garantiu boas pontuações e não deixou dúvidas que o título do Red Nose Tow-In ficaria nas mãos da dupla local. “O Sylvinho pegou um tubo sensacional que só o towin pode proporcionar nessas condições de mar. Estou muito feliz por ter vencido aqui em Maresias, que é a minha casa. Quero dedicar esse título a Zeca Scheffer, tenho certeza que ele está muito feliz vendo essa vitória”, relatou Alemão emocionado ao sair do mar. Classificação final do Red Nose Tow-In Championship International: 1- Sylvio Mancusi e Alemão de Maresias 2- Everaldo Pato e Yuri Soledade 3- Carlos Burle e Eraldo Gueiros
O campeão Sylvio Mancusi arriscando tudo.
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Fotos: Álvaro Freitas
1º Gustavo Fernandes 2º Jorge Spanner 3º Victor Ribas 4º Alexandre Almeida 5º Simão Romão 6º Guilherme Sodré 7º Eduardo Rollins 8º Pedro Henrique 9º João Gutemberg 10º Anselmo Corrêa 11º Angelino Santos 12º Igor Morais 13º Léo Trigo 14º Eric de Souza 15º Ronnie Martins 16º Marcos Alonso
Guga Fernandes, o rei da Barra.
Como Gustavo Fernandes, campeão, e Jorge Spanner, vice-campeão estadual, já estavam garantidos no Supersurf, o veterano Victor Ribas, que venceu a primeira etapa do Circuito Vivo no Arpoador, ficou com a última vaga destinada ao melhor do ranking carioca no Super Surf. Na premiação, mais um pouco de emoção com os alunos do Instituto Benjamin Constant, que foram ao pódio receber os troféus. O campeão foi Júlio “Cego Slater” Cesar, seguido por Ana Carla, Ericksson e Tamires. Com a realização do Circuito Vivo de Surf Profissional, o Rio de Janeiro retoma o lugar de destaque que tinha nos anos 90, quando o Circuito Estadual era o mais importante do Brasil. Agora falta a organização apenas se preocupar mais em fazer uma boa divulgação para que o público se interesse em acompanhar o evento na praia.
Divulgação
O ano de 2008 vai ficar na memória do surfista Gustavo Fernandes por muito tempo. Depois de garantir o título nacional, ele voltou às ondas da Barra da Tijuca e provou porque é o melhor surfista do Brasil: conquistou o bicampeonato estadual na última etapa do Circuito Vivo de Surf Profissional, no inicio de novembro. “Este foi um ano especial para mim. Estou muito feliz por mais uma vez poder comemorar um título em casa, junto da minha família”, disse Guga Fernandes. Mas quem venceu a etapa foi Pedro Henrique, com o paulista Diego Santos em segundo e o baiano radicado no Rio Léo Hereda em terceiro. Pela conquista, Pedrinho recebeu o prêmio de R$ 8.000,00, além de 2000 pontos no ranking estadual e 750 para o ranking do Brasil Tour, a divisão de acesso do surf nacional.
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Pedrinho, o campeão da última etapa.
Spanner, vice-campeão.
HOTSTICK
Texto e Fotos: André Cyriaco
Dia 5 de dezembro de 2008, uma data para entrar na historia do surf carioca e do Brasil. Eu, com 30 anos de água salgada, nunca tinha visto nada parecido com o que rolou na praia de Itacoatiara, em Niterói. Com as condições em que o mar se encontrava no dia, o feeling da parada era colocar para baixo mesmo, sem se preocupar em fazer manobras bonitas. As fotos não precisam estar tão belas como as do Hawaii ou do Tahiti, não é isso que interessa. O dia não estava bonito, a água não estava azul e a luz não estava boa para fotos. Mas todas as ondas surfadas nessa sexta-feira certamente irão concorrer ao prêmio de maior onda surfada no Brasil na remada, e é isso que interessa.
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Benoit
Beg, Marcos e Patrick entrando no mar pela pedra do costão, feito inédito nas condições que rolavam no dia.
Evaristo em sua segunda onda surfada no dia.
Calcule você o tamanho das séries que entravam varrendo a galera.
A previsão nos sites marcava 3.2m a 3.7m, com 13 segundos de período, o que indicava 10 a 12 pés de onda. Surfistas no dia anterior já se preparavam para cair no mar, uns em busca do prêmio de maior onda surfada na remada e outras simplesmente porque gostam. Mas ao amanhecer, tudo estava diferente do que todos imaginavam. Naquela sexta-feira corri para a praia pensando em registrar mais um dia de ondas grandes. Porém, ao chegar, quase não dava para enxergar o mar devido à neblina que rolava. As ondas estavam quebrando na curva onde termina a visão do Costão (canto esquerdo da praia). 12, 15, 20 pés...Como medir aquelas ondas? E se não bastasse o tamanho do mar, a água ainda estava gelada e escura, tornando o dia ainda mais sinistro. Eu ainda comentei com alguns amigos: “Hoje não dá para cair, não tem como entrar no mar, está tudo branco”. A meu ver estava maior que no dia do campeonato de ondas grandes Big Wave Clark Foam, que rolou no ano de 93 e que rendeu muitas páginas nas principais revistas. Mas para minha surpresa lá estava Evaristo “Kiko” Ferreira vestindo a roupa de borracha para entrar no mar. “Mas como pode isso? Simplesmente não dá para entrar!”, pensei, mas eu estava errado. Por volta das sete horas da manhã foi sozinho para o outside a espera da bomba que poderia lhe dar o segundo título da maior onda surfada no Brasil. Seu primeiro prêmio foi em 2006. Na temporada seguinte ele perdeu a briga para Bruno Santos. Depois caiu o bodyboarder Guilherme Lourenço. Guiga foi o primeiro a pegar uma onda: uma esquerda toda branca de uns 12 pés que quase o levou para o outro lado da praia, a vala mais sinistra do local. Após mais de uma hora esperando Kiko conseguiu surfar a onda que o fez entrar para na briga pelo prêmio. A espuma que quebrou em cima dele partiu sua prancha em dois pedaços. Em seguida foi a vez dos bodyboarders Dudu Pedra, Augusto Jorge e Guilherme Corrêa. Rodrigo Resende e Caio Pacheco também tentaram entrar pelo canto do costão, mas deram azar de tentar logo na hora que estava impossível varar a arrebentação. Na ânsia de entrar no mar de alguma maneira, por volta de 11h da manhã os surfistas Beg Rosemberg (Niterói), Marcos Monteiro e Patrick Reis (Saquarema) caminharam até o final do costão e literalmente se jogaram da pedra, atitude que ninguém havia tentado em condições como aquelas.Series de 15 a 18 pés entravam varrendo a galera, apesar do tamanho das pranchas que todos usavam, estava quase impossível dropar alguma da série na remada. Edgar Bishof (Ubatuba) pegou uma esquerda enorme e saiu do mar com dois pedaços de prancha. Marcos e Patrick, após algumas horas de espera, também surfaram uma cada um, Patrick foi em uma esquerda enorme e Marcos, em uma bela direita. Beg, que havia perdido uma quilha de sua prancha ao tentar entrar no mar pelas pedras, também pegou a sua para sair. Duas da tarde ninguém mais se encontrava no mar, o dia estava marcado para historia do surf carioca e brasileiro. Finalizo esta matéria sem querer afirmar que foi o maior mar surfado no Brasil, apesar de achar isso. Deixando para você leitor e amante do surf a resposta para esta pergunta: foi o maior mar surfado no Brasil?
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Marcos descendo a ladeira de Itacoa. Marcos e Patrick, de Saquarema para Itacoatiara.
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Situação crítica.
Benoit Benoit
Benoit
Edgar de Ubatuba pegou horas de estrada para surfar uma Ăşnica bomba.
Patrick esperou por horas e foi premiado com uma esquerda enorme no meio da praia.
Mar grande e algumas ondas perfeitas. Esse dia entrou para historia do surf brasileiro.
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50 Benoit
Evaristo Kiko pegou essa morra que entrou para a briga da maior onda surfada na remada em 2008 no Brasil.
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Arthur Toledo Alisson Louback
Brizolinha, do Arpoador para o Alfabarra.
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Primeiro tubo de Stanley no Alfa.
Texto e Fotos: Pedro Tojal
Conhecido por suas areias lotadas, funk e pagode de fundo musical e muitas vezes com uma onda “fechadeira”, o Alfa Barra está longe de ser o pico favorito do surfista carioca que passa, olha, mas diante das “bombas” segue direto para Macumba ou Prainha. Quem tem disposição para varar a praia cheia e a pesada arrebentação muitas vezes é recompensado com altos tubos e a rara oportunidade de surfar sozinho na cidade maravilhosa. Será que vale a pena?! A SURFAR mostra em fotos porque esse é o beach break mais tubular da cidade do Rio de Janeiro. Base pra frente, joelho flexionado e bons tubos.
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Felipe “Gordo� Cesarano no auge da adrenalina.
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Rodolfo Machado entre o verde e o azul do AlphaBarrels.
Stefano Noel vendo a onda de um ângulo incomum.
Marcos Myara
Alisson Louback
Trabalho em equipe, Gordo e Tojal.
Farofa na Areia, Tubo no Outside Alfa Barra é o nome de um condomínio na praia da Barra da Tijuca, fica entre o posto 8 e o começo da Reserva, um trecho geograficamente abençoado e totalmente diferente do restante da orla. A parte de terra entre a lagoa de Marapendi e o mar afina nessa região e segue assim até o final da Reserva. Isso faz a lagoa ser mais larga e a faixa de areia bem estreita. Por isso as “buraqueiras” que formam no Alfa e na Reserva são diferentes das longas valas da Barra. Outros dois fatores que influenciam muito na formação dos tubos são as lajes do outside e o vento nordeste que, durante as manhãs do verão e outono, sopram forte por causa do calor produzido no subúrbio carioca. Essa é a época em que o Alphabarrels faz jus ao apelido segurando ondulações dos quadrantes leste, sudeste, sul e sudoeste e que podem variar de meio a dois metros e meio, com belos tubos quando lapidados pelo terral. Depois que retiraram o píer em 2006, após a instalação do emissário submarino, os locais perderam não só um dos melhores point breaks que o Rio já teve, mas também a referência no outside. Sem canal e sem ondas de point, os locais foram obrigados a migrar de volta para o Alfa. Com mais experiência em tubos e ondas rápidas, não foi difícil para eles se readaptarem ao que eu costumo chamar de melhor beach break do Brasil. Claro que os locais do posto 10 do Recreio, a galera de Copacabana, os vizinhos de Itacoatiara, os ilhéus de Noronha, os capixabas de Regência e os paulistas de Maresias não concordam muito comigo, mas garanto que cada um deles acha o mesmo de seus picos. Afinal, a melhor onda é sempre a nossa.
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O local Bruno Frene ensinando como se faz. “Dentro do tubo só se respira de boca fechada, senão entra água”.
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Olhares azuis. Gustavo Cavalcante.
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JĂŞ Vargas em sua escola de tubos.
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Nesta: Gabriel Pastori do Recreio provando o que o Alfa tem de melhor. À esquerda de cima para baixo: “Frene” mostra porque o extinto píer deixou saudade; Rafael Pitanga numa manhã sem vento e o cartão de visitas do Alphabarrels.
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Roberto Betim Paes Leme, 37 anos, fotógrafo. Sua história com a fotografia começou nas ondas de São Conrado. O carioca tinha uma visão diferente do momento descontraído entre amigos que se divertiam surfando. Cada onda ele via quadro a quadro, já com uma vontade de registrar, de congelar cada momento especial que acontece em segundos ou milésimos de segundos. “Tinha vontade de eternizar os momentos que via dentro d’água”, diz. Confira nas páginas seguintes os melhores ângulos do Rio de Janeiro imortalizados por Beto Paes Leme, numa sessão escolhida pelo próprio fotógrafo carioca com muito orgulho.
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Poder viver de surf é uma idéia muito atraente. Por isso, Beto, que fez um curso básico de fotografia em 1996 e em seguida entrou para o curso de jornalismo, que contém duas matérias de foto na grade, resolveu que faria do surf sua vida. “Comecei a trabalhar na Gazeta Mercantil, um jornal de economia, sem sequer um departamento de foto, e não me identifiquei. Então, em 98 decidi que seria um fotógrafo. Foi difícil assumir, mas os caminhos me levavam para a fotografia e comecei a conciliar com o jornalismo, só que passei a informar mais por meio de imagens do que das palavras”, conta. “A fotografia foi um meio que encontrei de viver do surf, já que não era um surfista tão bom para participar de competições. Tirava fotos dos amigos e enviava para as revistas”, finaliza. Assim, ele foi fazendo sua história, que já vai além das ondas e abrange áreas diferentes. Para se aperfeiçoar mais, Beto fez outros cursos, como o de fotos aquáticas, com Rick Werneck, que é um dos principais focos do seu trabalho. “Procuro trabalhar bem com a grande angular o line up e o que acontece em volta da ação. Não sou de ficar com o tripé fotografando ação”, define-se o dono de uma Nikon e de lentes que vão de olho de peixe até 300 mm.
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Ao lado: Guilherme dropan do no Arpoador . Nesta: Stephan “Fun� na B arra. Abaixo: A cidade maravilho sa
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Acima: Arpoador. Nesta: Por do sol em Saquarema. ra. Ao lado: Stephan Figueiredo em Itacoatia
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m ce re e of s e ar lug os uc po , io R lo pe do na “Sou um apaixo essa beleza geográfica”
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Leblon quebrando forte Na página ao lado: Pontão do inga. e Trekinho voando na Joat Nesta página: Tiago Arraes ha. o visual da favela da Rocin e ma ne pa I em do an tub en
Mas não é só o surf que a lente de Beto Paes Leme costuma focar. Apaixonado pelo Rio de Janeiro, ele retrata o cotidiano carioca e paisagens, sempre tentando colocar em suas imagens muitas cores e grafismo. “Essa cultura de exercício, de estar bem com seu próprio corpo e tê-lo sempre à mostra é uma coisa muito marcante aqui, então, também procuro retratar isso no meu trabalho. Sou um apaixonado pelo Rio, poucos lugares oferecem essa beleza geográfica. O Rio é minha inspiração”, declara. Apesar de toda paixão pela fotografia, Beto dá um alerta sobre a dificuldade de viver de tal carreira quando voltada para o surf: “Não é uma profissão fácil, a pessoa não vai ficar rica fazendo isso, então, se formos ver bem, quem continua são aquelas que realmente gostam e amam aquilo que fazem. Vi muitos entrarem pro meio, mas os que continuam não são tantos assim, têm que ter persistência.” Não basta amar, tem que estudar e se aperfeiçoar. Com 10 anos de fotografia, indo do filme para cromo e hoje digital, Beto faz mestrado na PUC em Design, além de cursos, constantemente.
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Shaper
por opç
ão
Por: Ca
rlos Ed
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zório
Como em quase todos os esportes, todo final de ano são eleitos os melhores atletas. Sem dúvida, 2008 foi o ano do shaper Joca Secco, já que duas de suas apostas alcançaram títulos de alta importância. Com os foguetes projetados por ele, Bruno Santos chegou ao título da etapa do WCT no Tahiti, em Teahupoo. Além de vencer a competição, considerada por muitos a mais importante do circuito, Bruninho quebrou um jejum de vitórias brazucas no WCT que já durava seis anos. Outra conquista do shaper veio nas batidas de Gustavo Fernandes, campeão do SuperSurf e bicampeão carioca. Com certeza, um ano para ser lembrado. Criado na zona Sul do Rio de Janeiro e filho de um oficial da Marinha, o jovem João Carlos Secco passou a ter contato com o mar aos 11 anos de idade. Como surfista profissional, chegou a ser top 30 do circuito nacional e 16 do carioca. Mas a vida de esportista, que hoje ainda não é fácil, era muito mais complicada naquela época (fim dos anos 70 e início dos 80). Para tirar um trocado, passou a consertar pranchas. Então, em 1982 iniciava uma das mais bem sucedidas parceiras entre shapers no surf brasileiro, quando Joca e Ricardo Martins deram o pontapé inicial à união que anos depois resultaria na Wetworks, fábrica de pranchas de qualidade reconhecida nos mercados nacional e mundial. Aos que se prendem à fisionomia e não conhecem de perto o cara “parrudo”, de 1,78m que é Joca, nem imaginam a sensibilidade do shaper que também tem grande preocupação com os atletas e muita personalidade ao analisar a situação atual do surf nacional. Não é difícil vê-lo se emocionar com as conquistas de seus surfistas e ao lembrar-se de toda a história que viveu até o reconhecimento na profissão. Confira nas próximas páginas um pouco da vida de um mestre das pranchas. 72
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Ă lvaro Freitas
Arquivo
Pessoal
No posto seis de Copacabana e nas esquerdas do Arpoador, o garoto amadureceu. Sua primeira prancha foi um presente que seu pai fez com o pessoal do arsenal de Marinha. “Interessante que já era de resina epoxi, o material usado nos barcos. A prancha tinha o desenho de uma âncora no fundo e foi nessa época que comecei. Meus pais se separaram e morava com a minha mãe e a minha avó. Nos fins de semana, meu pai enchia o carro e me levava para Prainha”, lembra Joca Secco. Na década de 80, em parceria com o grande amigo Ricardo Martins, foi criada a Hidrojets. “Começamos em Copa eu, Ricardo, Luís Ferreira e Paulinho. Continuamos eu e Ricardo. O Luís hoje é Procurador da Justiça e o Paulinho está na Austrália”, lembra. Apesar de algumas dúvidas pelo caminho, não teria mais jeito, Joca e o surf nunca mais se separariam. Pode-se dizer que a primeira fábrica, Hidrojets, teve sucesso. As encomendas aumentavam e já havia uma boa equipe de surfistas. No início, responsável pelo gloss e pelo polimento das pranchas, Joca logo evoluiu para shaper, já que novos funcionários foram contratados. Entretanto, numa época de grande instabilidade econômica e inflação implacável, veio o Plano Cruzado e uma rasteira que seria uma lição para os ainda jovens empresários. A inexperiência faria com que pagassem um alto preço que daria fim de uma vez por todas à Hidrojets, pelo menos sob o comando dos shapers. “Aprendemos quase tudo no início, na base de tentativas e erros. Fomos apanhando e aprendendo. Não tínhamos a marca registrada e um cara (o ex-deputado Turco Loco, de São Paulo) acabou registrando. Ele tentou nos vender, mas não tínhamos como gastar tanta grana, ainda mais por uma marca que era nossa. Foi aí que a Hidrojets acabou de vez”. Durante dois anos, Joca e Ricardo separaram-se. Ricardo manteve-se mais atuante, enquanto Joca dividia seu tempo entre o trabalho com o irmão Pedro e a fabricação de pranchas. Durante o dia trabalhava como corretor de cargas de navios. À noite, voltava à função de shaper na sala montada
na cobertura do apartamento da avó. Foram dois anos nessa vida. De um lado o emprego que garantiria a estabilidade com a menor margem de erros. Do outro, o sonho de viver do surf e a vocação para esculpir pranchas. Joca trilhou os dois caminhos enquanto foi possível, mas o volume de trabalho nos dois seguimentos crescia. Os dois empregos juntos tornavam-se inviáveis, era uma questão de tempo. O casamento com Ana Laura, sua companheira até hoje, também era mais um motivo de pressão. O surfista do Arpoador já não era mais um garoto e uma decisão teria de ser tomada. Qual caminho seguir? O mais provável ou o cheio de incertezas? “O Ricardo começou a dar o gás nessa fase e a equipe de surf ficou toda com ele. Quando cheguei a esse dilema, ele falou que teríamos que continuar. Meu irmão, vendo isso, disse que era para tirarmos umas férias e irmos para Tavarua. Falei para ele: Pô, para Tavarua resolver? Aí é que não vou resolver nada mesmo! Mas quando voltei não teve jeito. Foi muito importante a ajuda do meu irmão e toda a estrutura que tive na família. Se me desse mal, ele me garantiu que poderia voltar a trabalhar com ele, isso foi fundamental.” Ricardo e Joca voltaram a trabalhar juntos. Como estavam sem fábrica, o espaço na fábrica de laminação Superglass tornou-se o novo quartel general da dupla. Lá dividiam as salas com outros shapers, como Gustavo Kronig e Crivella. “Foi uma época muito legal e fizemos bastantes pranchas. O meu volume e o do Ricardo ficaram além do que a Superglass gostaria de trabalhar. Começou a atrasar muito as entregas das pranchas e isso incomodava. Depois (em 1993) viemos direto para cá”, disse Joca, já na atual fábrica, num terreno em Vargem Grande (RJ) de três mil m², mais de 20 funcionários e três shapers, já que Cláudio Hennek, o Alemão, ex-atleta da extinta Hidrojets, entrou para o time. E assim segue o trabalho do shaper. Sempre ao lado de Ricardo Martins, o grande amigo da Rua Santa Clara, em Copacabana, colega de colégio e surfista do mesmo pico. “O Ricardo é uma pessoa espetacular. Posso dar ênfase à honestidade e ao respeito. Na verdade, somos amigos, sócios e concorrentes há 30 anos. Nunca tivemos problema. Sempre respeitei os clientes e atletas dele e vice-versa. Pensamos na mesma linha, com os mesmos ideais.”
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Joca S ecc na Praia o onde tudo co d o único o Arpoador. N meçou, o shaper a ser ca detalhe, revista de surf pa de u ma no Bras il.
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O início: de Hidrojets à Wetworks
adiante
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Pedro Monteiro
Pedro Henrique, atleta Wetworks, voando na Praia do Cachorro, em Noronha.
Um Ano para Comemorar
O tempo passou e, desde a primeira fábrica, nos anos 80, quase uma vida. De futuro incerto, a solidificação de uma carreira como shaper. Se valeu a pena seguir esse caminho? A resposta é sim. Mas o conformismo e a acomodação não podem existir. O mercado não alivia e é implacável. É preciso sempre evoluir, buscar o melhor. Viver no Brasil como shaper é viável, mas não uma tarefa fácil. As incertezas da profissão são evitadas pela maioria dos jovens de classe média, como era Joca no início. Outra questão é fazer o consumidor entender o porquê do valor da prancha. “O mercado está competitivo no mundo inteiro. Quando comecei não havia informação nenhuma e quem as tinha não passava adiante. Hoje você vê tudo na internet e, se quiser fazer uma prancha, faz. Você faz pelo computador, lamina em qualquer lugar e a prancha vai boiar. Acaba que você coloca no mercado um material de quinta categoria e muita gente acha que é tudo igual. A desvalorização da prancha vem com a de todo o mercado brasileiro. Temos um custo elevado, concorrendo com produtos mais baratos e de baixa qualidade. O problema não é o cara não ter dinheiro. Gostaria de comprar uma Ferrari, mas, de repente, não posso. O problema é dizer que tudo é igual, o que não é. É impossível fazer uma prancha barata e de qualidade. São muitos gastos com atletas e material de primeira linha”, diz Joca.
Em termos de resultado em competições, o ano de 2008 foi excelente. Dois de seus surfistas, que foram trabalhados pelo shaper desde cedo, conquistaram títulos importantíssimos. Guga sagrou-se campeão brasileiro e Bruno Santos venceu a etapa do WCT em Teahupoo. Para Joca, que tem entre as prioridades os resultados em competições, um ano quase perfeito. “O Bruninho é o melhor tube rider do Brasil em todos os tempos e provou isso nesses anos de triagem de Pipe Masters e Taiti. O Pepê era muito bom, o Valdir Vargas, o Herdy e mais vários também. Falaram que o Bruno não sabe pegar tubos de backside. O cara que falou isso nunca viu e falou uma besteira com uma autoridade que não tem. Tentou estragar a imagem de um surfista que não merece. Se o Bruno Santos fosse americano, ele estava rico. Seria como o Jamie O’Brien e ganharia não sei quantos milhões para ficar em Pipe pegando onda. Não ficariam contestando ele.” Outro momento que emocionou Joca em 2008 foi o título de Gustavo Fernandes, campeão brasileiro. “É um surfista que tem um dos melhores backsides que já vi, como o Pedro Müller. O Guga é a mesma coisa. É muito bom surfista, pega ondas grandes e é um excelente competidor. Me emocionei com ele porque, como acontece com os torcedores de futebol, sou fanático pelo surf.”
Álvaro Freitas
Viver de shaper no Brasil
Joca em seu escritório.
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Atletas e resultados em competições são duas das prioridades que fazem parte da filosofia de trabalho da Wetworks, compartilhadas por Joca, Ricardo e o terceiro mosqueteiro, Alemão. A descoberta de talentos para equipe é um trabalho que, geralmente, começa com garotos. Com atletas que se destacam ainda na fase amadora. Pelo caminho, muito do investimento é em vão, mas é uma metodologia aprovada por todos na fábrica e que há anos colhe frutos. “Com o Vitinho (Victor Ribas) foi assim. O Ricardo o viu quando era um garoto em Cabo Frio e quis trabalhá-lo. Lembro de inúmeras vezes que ia buscar o Vitinho na rodoviária com a minha esposa. Comecei a trabalhar com Bruninho, Anselmo, Pedro Henrique, Leandrinho e Gustavo Fernandes quando eles tinham 11 anos, todos juntos. Hoje em dia, por talento deles e sorte minha, de alguma forma vingaram. Nesses cinco atletas a coisa deu certo, mas com diversos outros não aconteceu. É um risco que optamos por correr”, comentou ele, que prosseguiu: “Gosto de ir aos campeonatos, ver os novos talentos e acompanhar os surfistas. Isso é uma coisa que falta e é caro. As grandes marcas geralmente querem o cara pronto. Até vão gastar mais dinheiro, mas não terão erro nenhum. Sempre fizemos o contrário. Temos que melhorar muito os campeonatos de base, que foram deixados em terceira opção. Todo mundo quer ver WCT, mas o campeonato no Meio da Barra ninguém quer saber.” E essa preocupação com os atletas entra em outra prioridade apontada por Joca, o surf competitivo. Para o shaper, a competição é onde tudo acontece. Só nela o surfista é levado aos seus limites, é obrigado a evoluir e, conseqüentemente, testará a qualidade das pranchas na função de alcançar o melhor desempenho. Quanto à grande quantidade de surfistas
que largam os eventos para se dedicar ao freesurf, mais uma vez mostra toda sua personalidade ao analisar: “A competição é um momento de alto estresse e de concentração máxima num curto espaço de tempo. Então uma prancha, uma bola, um tênis ou qualquer outro produto testado numa competição será muito melhor. No surf andam querendo vender o contrário. Não vai me dizer que se o cara parar de competir ele vai ser melhor que não vai. É só ver o dobrado que Kelly Slater passou para voltar ao topo depois que deixou o circuito. Para o patrocinador é muito melhor, pois ele gasta muito menos com três viagens por ano do que bancando um circuito inteiro. O próprio surfista se desvaloriza. Daqui a alguns anos vão arrumar outro cara como ele, bonitinho, que sabe dar aéreos e ele será descartado.” Uma análise dura, mas é a sinceridade do que pensa. Questões como essa são rotineiras na preocupação do empresário. Segundo ele mesmo diz, na verdade, não precisaria se importar com nada disso. O surf nunca acabará e sempre se venderá pranchas independentemente dos resultados. Mas Joca fica inquieto ao pensar nesse tipo de questão.
Annibal
Ideologia
Bruninho representou bem com as pranchas do Jocca nas ondas grandes. Acima: Joca com suas “crias”.
Annibal
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
Da esq. para dir. Joca com quiver do Renan Rocha; bons tempos na Zona Sul e ao lado de sua esposa Ana Laura.
Brasil e o Mundo
Anniba
l
Arquivo Pessoal
Um exemplo de assunto que deixa Joca intrigado é o mercado nacional e os brasileiros no WCT, coisas que para ele caminham lado a lado. “Na época de Renan, Teco, Fabinho, Peterson, Herdy e Victor, os caras eram o esquadrão brazuca. O brasileiro tinha muito mais personalidade. Não existe mais personalidade, união. Ninguém trabalha na mesma linha, no mesmo objetivo e fica cada um por si. É uma discussão ampla e seríssima. No final do ano tínhamos apenas três brasileiros com chance no WQS. Por que isso? Os surfistas pioraram? Não. Acho que é porque eles têm menos personalidade, apoio e união. O mercado virou contra eles”, analisou. “O brasileiro já é um povo colonizado por natureza e nos deixamos ser colonizados pelo esporte. As marcas internacionais querem vender a imagem do atleta havaiano, australiano, americano e o produto brasileiro está perdendo o valor. Não respeitam mais o brasileiro porque ele quer se fingir de gringo e o mercado está vendo isso. Vemos várias marcas brasileiras que investem no circuito, em mídia e
atletas. Por que o mercado diz que é uma marca brega? São as mesmas roupas, tecido, estampa. O mercado tem que acordar. Tenho o maior orgulho de usar marcas brasileiras e isso repercuti lá fora”, completou Joca. Assim como acontece com as marcas, Joca acredita que essa desvalorização chega às pranchas nacionais, que esbarram na competição com as estrangeiras, inclusive no mercado interno. “Lá fora eles têm uma proteção muito grande com os nossos produtos e com as pranchas acontece a mesma coisa. Não vou dizer que as minhas pranchas para o Hawaii são melhores que as dos havaianos, mas não podem falar que as pranchas brasileiras não funcionam no Hawaii. O Bruninho mesmo arrebenta com pranchas brasileiras nas ondas mais cascudas do mundo. Isso é tudo imagem. Essa desvalorização da prancha e da roupa brasileira é muito séria. Não sou dono da verdade, mas é uma coisa que acredito que esteja acontecendo. Eles estão querendo que sejamos um mercado consumidor e estão conseguindo”, falou e disse. Quando questionado se a vida de shaper realmente valeu à pena, a resposta de Joca foi imediata: “Faria tudo novamente igual, não me arrependo de nada que fiz, apenas algumas coisas que não fiz.”, reflete com muito orgulho da profissão.
Do shaperoom para dentro d’agua para testar suas pranchas.
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Cloudbreak ĂŠ o sonho de todo surďŹ sta. Abaixo, o line-up de Restaurants.
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A pesca de polvos pelos locais é cena comum.
O local Isei rema pro pico.
Uma ilha paradisíaca, com altas ondas cristalinas e administrada com o objetivo de afastar o crowd do pico, além de oferecer o melhor ambiente para receber turistas. Isso não é sonho, isso é Tavarua, uma das centenas ilhas de Fiji pertencentes à tribo local e descoberta pelo californiano David Clark, na década de 80. Foi ele quem teve a idéia de construir um resort, já que a ilha fica a 3 km da costa e tem acesso apenas por barcos. Clark convenceu os nativos a arrendarem o local e tornarem-se seus sócios no Tavarua Island Resort, um dos lugares onde mais se respira surf no mundo. Cansado do crowd da Califórnia, ele conseguiu criar um negócio onde o número de pessoas é limitado. A qualidade das ondas, a beleza local e o grande atrativo de surfar com os amigos fizeram a fama do lugar. Texto e Fotos: Rick Werneck
Visão aérea de Tavarua.
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Vai encarar?
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Acima, Cloudbreak com o palanque do Globe Pro Fiji ao fundo e e Pedro Müller relaxando no salão azul.
Local: Tavarua é uma pequena ilha na República das Ilhas Fiji, país insular da Oceania, localizada no Pacífico Sul, com menos de 120 mil m². Para se ter uma idéia do tamanho da ilhota, dê uma voltinha por lá, você voltará ao mesmo ponto de partida em apenas 30 minutos. Tavarua é cercada por bancadas de corais, canais marítimos e recheada de fijianos que tratam muito bem os turistas brasileiros. Mas cuidado, esse povo formava uma tribo canibal até pouco tempo atrás. Em frente à Tavarua existe uma ilha menor ainda, a Namotu, onde também existem altas ondas e um surf camp, mas uma lei comercial impede que os hóspedes de um surfe na área do outro. Picos: Tavarua possui duas esquerdas alucinantes entre as melhores ondas do planeta: Restaurants, que quebra em frente à ilha e pode ser apreciada no café da manhã, sua onda rasa sobre um coral muito afiado rodeia a ilha e acaba em um canal, e Cloudbreak, uma bancada oceânica, grande e poderosa que quebra sobre uma bancada de coral a cerca de cinco minutos de barco. Além disso, tem Tavarua Rights, uma direita fácil nos dias menores, mas desafiadora nos maiores.
Época do Ano: A temporada vai de março a outubro, mas quebra onda o ano todo. Como chegar: Vôo do Hawaii até Nadi (a capital), carro até a costa e depois um barco até a ilha. Pacotes de US$5.857,00 + US$254,00 de taxas de embarque saindo do Brasil indo direto a Fiji via Los Angeles. (Estadia por todo o período com pensão completa no Tavarua Surf Resort) Clima Local: Temperatura e água quentes. Crowd: Não há crowd, pois os picos são exclusivos e os hóspedes são divididos em dois grupos que surfam alternadamente. Quando o mar está flat: O mergulho de garrafa ou snorkel é uma das opções. Ou então você pode simplesmente ir pescar. Se liga: Informações Nivana Super Trips. www.nivana.com.br- info@nivana.com.br Tel: 011 32561590
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Natalia Goobe
24 anos Fotos: Celso Pereira Jr.
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Essa futura psicóloga vai ter muito marmanjo deitado em seu divã. A beleza de Natália e a grande paixão pela profissão formam a melhor receita para curar qualquer problema da mente humana, mas a loira de olhos claros e pele dourada também pode confundir a mente e deixar seus pacientes de queixo caído. Outra grande paixão de sua vida são suas irmãs (sim, dessa forma saíram outras Goobe’s). Para encontrar Natália, basta dar uma caminhada na praia, ela deve estar admirando o lindo dia, as boas ondas e os surfistas.
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Apoio: Biquinis Nicoboco
www.cpjfotograďŹ a.com
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Para os cariocas, 2008 foi um ano de muita comemoração. Após dez anos, o Rio finalmente voltou ao cenário do surf mundial feminino com a realização de uma etapa do WCT e duas do WQS. O Rio sempre foi referência do esporte e a realização desses eventos recolocou a cidade no lugar da onde ela jamais deveria ter saído. Apesar de virmos de um ano repleto de eventos e de boas performances das nossas surfistas, infelizmente nem tudo será flores para a elite profissional neste ano que começa. Após nove anos presente em todas as etapas do Supersurf, pela primeira vez a categoria Feminina ficará de fora de uma etapa – mais precisamente da etapa do Nordeste. Depois de muita negociação entre a Abrasp e a Abril Eventos, a campeã sairá de quatro etapas, sendo o pior resultado descartado. Além disso, a categoria perde também a fase de repescagem e as oitavas-de-final no formato mulher versus mulher. Polêmicas à parte, não tenho dúvidas de que a engrenagem da evolução da categoria possa ser afetada.
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Taís de Almeida. Saquarema.
Diana Cristina. Arpoador.
Enquanto isso, duas surfistas comemoram. Silvana Lima continua fazendo história repetindo o feito de Jacqueline Silva em 2002, ao se tornar a atual vice-campeã mundial. Num ano em que fez diversas finais, Silvana bateu na trave várias vezes. Surfando, sem sombra de dúvida, melhor do que nunca, ela sinaliza que sua hora está chegando. Já a paranaense Bruna Schmitz, após uma passagem relâmpago de dois anos pela elite profissional brasileira, conquistou o status de surfista do WCT. Com excelentes resultados em etapas seis estrelas, ela irá inaugurar uma nova fase na sua carreira, competindo entre as melhores do mundo. Porém, devido às regras da ASP, ela terá de abrir mão de correr o SuperSurf. Infelizmente, assim o Brasil deixa de ter a presença dessas excelentes surfistas. É importante salientar que essas duas surfistas, apesar de suas carreiras terem caminhos diferentes, foram formadas pelo Circuito Brasileiro Profissional. Daí a importância da continuidade de um circuito sólido, com a possibilidade das nossas atletas terem condição de exercerem as suas profissões e evoluírem técnica e competitivamente. Reafirmando a tradição desde a criação da categoria profissional Feminino em 1997, o Rio continua sendo o estado com mais surfistas na elite. Taís de Almeida, Andréa Lopes, Gabriela Teixeira, Marina Werneck e eu (Brigitte Mayer) vamos representar o Rio de Janeiro no SuperSurf. Podemos comprovar uma entre safra de novos nomes na categoria profissional, apesar da nova geração amadora estar bem representada, mostrando evolução e deixando claro que o legado carioca estará garantido com Isabela Lima, Bárbara Rizzeto, Wendy Guimarães, Luana Braga, Estrela Blanco, Michelle Schlanger, Taís Soares, entre outras. O Rio, em curto prazo, só conta com Michelle Des Bouillons, a única profissional representante da nova geração carioca. Todo esporte precisa de apoio nas categorias de base para que futuros ídolos e campeões nasçam. As associações locais e a estadual tem um papel fundamental de revelar novos talentos, formando futuras competidoras e ídolos. No Longboard profissional foi um ano de mudanças e adaptações. Apesar disso não ter agradado a todas as longboarders, a divisão da categoria em profissional e amador rendeu frutos. Mainá Thompson mais uma vez comemorou o título profissional e finalmente vai poder representar o Brasil no Mundial, em Biarritz. Enquanto isso, a nova geração do pranchão vem dando o que falar. Meninas como Chloé Calmon, Shayana e Jasmin Avelino, Rayane Amaral e Laura Chaja já começam a se sobressair no cenário competitivo. Com idade variando entre 11 e 18 anos, elas prometem dar muito trabalho no futuro. Na expectativa que 2009 seja um ano de excelentes ondulações, campeonatos de alto nível e continuidade na evolução do esporte, EHLAS desejam a todas as surfistas boas ondas e um ano de inspirações. Brigitte Mayer www.ehlas.com.br BOAS ONDAS e PROTEJA A NATUREZA
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Arquivo Pessoal
Idade: 9 anos Patrocinador: Cyclone e Domino’s Pizza Shaper: Joca Secco Quiver: 5’2 e 5’6
Arquivo Pessoal
Idade: 12 anos Patrocinador: HB Apoio: Insane Shaper: André Cebola Quiver: 4’9, 4’11 e 5’1
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Com três aninhos de idade, Gabriel já estava dentro d’água com sede de surf. “Eu comecei a surfar porque meu irmão e meu pai surfavam sempre e eu queria estar com eles”, conta. Filho mais novo do ex-surfista profissional Marcelo Boscoli, ele começou a disputar alguns campeonatos com oito anos. Em 2008, entrou para a categoria Petit e já ficou “mal acostumado” com o pódio. “Meu filho está surfando direitinho, está super empolgado e evoluindo”, fala o maior incentivador de Gabriel, que já levou o caçula para a Costa Rica e o Peru, acompanhado do irmão mais velho. Os locais de treino com o pai são na Barra da Tijuca, onde aprendeu a pegar onda, no Arpoador e na Prainha, seu pico preferido. Ver os surfistas voarem alto é algo que enche os olhos do pequeno Boscoli. “A manobra que mais gosto, mas nunca fiz, é o aéreo. Das que eu sei fazer, são tubo e rasgada”, conta. Além de surfar, Gabriel também luta judô e joga futebol. Muito ativo, fica parado só no colégio, durante as aulas do quarto ano do ensino fundamental.
Mais Mais de de 40 40 troféus troféus conquistados conquistados em em apenas apenas três três anos anos de de surf surf enfeitam enfeitam o o quarto quarto do do pequeno pequeno Pedro Pedro Neves Neves e e enchem enchem a a família família de de orgulho. orgulho. Esse Esse carioca carioca do do Recreio Recreio começou começou a a surfar surfar com com sete sete anos anos de de idade, idade, desde desde os os nove nove participa participa de de todos todos os os circuitos circuitos que que pode pode e e normalmente normalmente chega chega à àfi final. nal. “Ele “Ele adora adora competir competir e e está está despontando despontando nos nos campeonatos campeonatos regionais”, regionais”, conta conta a a mãe mãe coruja coruja Valéria Valéria dos dos Santos, Santos, que que levou levou o ofi filho lho para para o o Peru Peru ano ano passado. passado. “Lá “Lá ele ele pegou pegou uma uma onda onda de de dois dois metros metros e e eu, eu, como como mãe, mãe, fi fiquei quei louca, louca, ele ele tem tem só só 1,40m 1,40m de de altura. altura. Este Este ano ano vamos vamos para para Costa Costa Rica”, Rica”, diz diz ela. ela. E E como como o o pai pai e ea a irmã irmã mais mais velha velha também também surfam, surfam, incentivados incentivados pelo pelo mais mais novo novo da da casa, casa, todos todos curtem curtem as as trips. trips. Quem Quem está está moldando moldando o o talento talento de de Pedro Pedro Neves Neves é éo o treinador treinador Benjamin Benjamin Athayde, Athayde, quatro quatro vezes vezes por por semana, semana, em em treinos treinos com com três três a a cinco cinco horas horas de de duração. duração. Para Para se se aperfeiçoar aperfeiçoar ainda ainda mais, mais, Pedro Pedro joga joga capoeira, capoeira, futebol, futebol, fez fez pilates pilates e e faz faz curso curso de de inglês, inglês, além além de de ir ir para para o o colégio, colégio, claro, claro, ele ele está está cursando cursando o o sétimo sétimo ano. ano. Seu Seu pico pico preferido preferido é éo o Canto Canto do do Recreio, Recreio, onde onde sua sua história história com com o o surf surf começou, começou, mas mas também também curte curte muito muito as as ondas ondas do do Arpoador. Arpoador. “Às “Às vezes vezes estou estou pensando pensando umas umas coisas coisas ruins, ruins, vou vou surfar surfar e e alivio alivio a a cabeça”, cabeça”, fala fala Pedro Pedro como como se se fosse fosse “gente “gente grande”. grande”.
CHICLETE
DA BAY
Prainha, RJ
Texto: Adriana Berlinck Fotos: Álvaro Freitas
Já foi a época em que o lápis de cor tinha lugar na sua mochila. Hoje, apenas uma caneta, uma lapiseira, de repente um lápis e uma borracha compõe seu estojo meio sem graça. Mas isso é porque, para você, pintar com lápis de cor era coisa de criança. Bem, não é assim que pensa o artista e matemático Carlos Roberto Nathansohn. É com essa ferramenta que ele expõe seu mais profundo desejo de surfar a temível direita de Jaws, a onda dos crânios quebrados de Teahupoo e a gélida Mavericks, “gosto de ondas grandes”.
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Nathansohn tem 63 anos de idade e quase isso como artista plástico. Autodidata, começou tão cedo a desenhar que nem se lembra quando foi. Mas do surf ele lembra muito bem quando se aventurou nas pranchas ainda de madeirite, numa época que crowd nem existia no vocabulário dos surfistas. Ao lado de Fernandinha, Arduino, Tito Rosenberg, Marcos e Paulo Sérgio Vale, Mario “Bração” Brant e muitos outros precursores e desbravadores de praias como Macumba, Prainha e Grumari, Nathansohn ajudou a construir a história do surf carioca no Arpoador. Para unir suas duas maiores paixões, o local de Ipanema pegou sua caixa de lápis de cor e começou a pintar ondas perfeitas no traço a mão livre que não sabe nem de quem herdou. “De repente da minha mãe, ela era muito habilidosa”, acredita. “Na vida real, tanto a onda como o surfista podem não estar bem, mas no desenho posso fazer com que os dois sejam ideais: a melhor onda com o melhor aproveitamento do surfista”, divertese Nathansohn ao explicar que a relação onda/surfista é o que o motiva a desenhar. Deslizando pelas ondas desde a década de 60 até o século XXI, Carlos Roberto acredita que para ser um desenhista de surf é preciso fazer parte da tribo. “É raro conseguir retratar o surf sem ter vivido”, diz, enquanto termina mais uma de suas obras em sua
casa e retiro, em Vargem Grande, numa mesa cheia de lápis de cor Caran D’Ache e papel Schoellers. Em pé, verificando a perspectiva da obra com um cuidado exato, ele deixa o protagonista para o final. “O surfista é a última coisa que faço. Desenho ele no vetorial e mexo como se fosse uma animação, tenho sempre cuidado com seu tamanho na onda, pois precisa ser perfeito”, explica e conta sobre a novidade em seus quadros, a computação gráfica. Estatístico por formação, Nathansohn aliou equações matemáticas a suas obras. Além de usar o lápis de cor, ele utiliza o mouse e desenha com as Curvas de Bézier. As imagens criadas podem ser ampliadas infinitamente, já que não são formadas por pixels e sim equações que ajustam os parâmetros e proporcionam tal amplitude. “A minha relação com a máquina é muito amistosa, vi aparecer o primeiro PC e estou sempre aprendendo coisas novas, buscando com os jovens”, diz o matemático, que adicionou softwares de desenho e tratamento sobre suas ilustrações. Para conferir de perto as obras do carioca Carlos Roberto Nathansohn, basta entrar em contato com o artista pelos telefones (21) 3204-1461 e 8228-7477.
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Contato Carlos Roberto Nathansohn: (21) 3204-1461 e 8228-7477.
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O surfista Jorge Spanner, 22 anos, prometeu e cumpriu. Mesmo da forma mais difícil, sem nenhum patrocínio e apoio, o carioca conseguiu uma vaga, pela primeira vez, na elite do surf brasileiro ao ficar em quinto lugar no ranking do Brasil Tour. Com grande incentivo do pai, ele superou a perda do patrocínio e continuou seu trabalho. Mostrou que é um cara guerreiro, característica presente também em seu surf forte e com bastante explosão, que garantiu o vice-campeonato carioca. Esse novo representante carioca no Super Surf é o atleta revelação de 2008 escolhido pela Revista Surfar. O cara apavorou geral! Por: Adriana Berlinck Foto: Álvaro Freitas Você não acha que foi um erro investir no WQS sem ao menos uma base no brasileiro?
Com novo patrocinador, você vai se jogar novamente no WQS?
Não tem como dizer que foi um erro porque eu adquiri muita experiência, foi muito bom pra eu viajar o ano todo, estar com os melhores surfistas do mundo, aprendi muita coisa, então, eu acho que só veio a somar na carreira. Tentei pular uma fase sim, achei que investindo no WQS no ano de 2007 eu ia conseguir um patrocínio, só que eu vi que no Brasil as coisas estão meio difíceis.
Vai depender exclusivamente da vontade do meu futuro patrocinador, porque não dá mais, meu pai gastou muito dinheiro. Todo dinheiro que consegui em campeonato ia direto pra uma conta que a gente abriu para eu viajar. Por mais que você se dê bem, gasta muito nesses campeonatos. Vai depender só disso mesmo. Se os patrocinadores desejarem que eu fique só aqui no Brasil, ou se eles me apoiarem para ir lá para fora, aí vou com tudo.
Como você reagiu ao perder o patrocínio no momento crucial da sua carreira? Foi complicado, eu estava fora do Brasil quando recebi a notícia e pensei: “Caramba, tô aqui fora investindo mó dinheiro, meu patrocínio...” Dá aquela mexida, você fica abalado, mas eu sempre tive muita garra e corri atrás pra entrar pro Super Surf. Na dificuldade, eu tento buscar aquela força e até me deu mais instigação.
Minha estratégia será treinar muito, voltar a fazer o trabalho que eu fazia com Cacau, meu treinador desde pequenininho. Será um trabalho bem completo, com outras atividades voltadas para o surf, como natação e musculação. Vou voltar com força total a treinar, me dedicar pra conseguir já brigar pelo título no Brasil.
O que passou na sua cabeça quando venceu sem patrocínio a etapa do estadual em Saquarema com os melhores atletas do Brasil?
Qual o estilo do seu surf e a onda que você gosta de surfar?
Três anos atrás estava bem no ranking do Brasil Tour, mas acabei fraturando o joelho e perdendo o resto do ano todo. Quando voltei, em 2007, já foi correndo Brasil Tour e WQS. Fiquei na portinha e só não entrei porque perdi uma etapa em Pernambuco. Em 2008, sem patrocínio, eu decidi ir com tudo pro Brasil Tour. Pensei também em parar, correr atrás de um trabalho e voltar a estudar, só que parei pra analisar e percebi que podia fazer o que fosse pra ficar bem e ter dinheiro, mas longe do surf não estaria feliz. Então, a gente puxa aquela força lá de baixo e vai com tudo, porque vai dar certo. O que achou dessa procura das marcas só neste momento que você se deu bem nos campeonatos? Aqui no Brasil é muito assim. Viajei bastante, fui pra Austrália e lá conheci surfistas profissionais e vi que é diferente daqui: quem surfa bem e tem um surf diferenciado está ganhando um dinheirinho vencendo ou não campeonatos. Como você acha que estão os brasileiros no circuito mundial?
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Qual vai ser sua estratégia de trabalho para esse ano?
O que falta é um pouco de empenho, de profissionalismo e de dar tudo pelo esporte. A galera no Brasil é mais surfista do que atleta, porém tem que ser mais atleta ainda, viver 24 horas o surf, fazer tudo em prol do esporte. Isso engloba alimentação, novos treinamentos, equilíbrio de mente e corpo. E a estrutura todo mundo sabe que deixa muito a desejar.
O estilo do meu surf, eu definiria como surf de linha e forte, que usa bastante a borda, bastante pressão, surf de pegada. E a onda que eu mais gosto é a bem pesada, com bastante área para trabalhar, onde você consegue alongar mais os arcos, fazer um surf mais linha e pressão. . Ver a galera nas competições correndo com patrocínio, enquanto você está numa situação incerta, mexe com teu ego, te deixa irado, como é? Com certeza. Mas em momento algum eu invejo, são meus amigos e eu fico amarradão que eles estão com patrocínio. Porém, isso me dá uma instigação para eu mostrar serviço, meu surf, mostrar que eu tenho qualidade também pra ter patrocínio. Dá uma força, um estímulo. Como você se define como surfista? Sou um atleta que tem um potencial muito grande, bem focado. Desde pequeno, estou sempre fazendo um trabalho com o Cacau. Na academia faço tudo voltado para o surf e sou um surfista que virá com tudo. No Brasil, pode-se dizer que sou uma promessa.pequenininho. Ele vai unir eu e Simão Romão num trabalho bem completo, com outras atividades voltadas pro surf como natação e musculação. Vou voltar com força total a treinar, me dedicar pra conseguir já brigar pelo título no Brasil.
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Verão C arioca Editor chefe: José Roberto Annibal – annibal@revistasurfar.com.br. Editor executivo: Grimaldi Leão Jr. – grimaldi@revistasurfar.com.br. Projeto gráfico e Arte: Marcos Myara – marcos@revistasurfar.com.br. Revisão: Deborah Fontenelle. Colaboradores de texto: Adriana Berlinck, Brigitte Mayer, Celso Pereira Jr., Érica Prado, Roger Ferreira, Pedro Tojal, André Cyriaco. Fotografia: Alan Simas, Aleko Stergiou, Álvaro Freitas, Alvinho Duarte, André Cyriaco, Arthur Toledo, Beto Paes Leme, Bruno Lemos, Celso Pereira Jr., Cláudio Páschoa, Damea Dorsey, Daniel Ferrentine, Daniel Smorigo, Diogo Freire, Fábio Minduim, Fred Pompemayer, Gustavo Cabelo, James Thisted, Júlia Worcman, Jurandréia Santos, Lika Maia, Luiz Blanco, Manoel Campos, Marcelo Piu, Márcio David, Pedro Monteiro, Pedro Tojal, Rick Werneck, Tiago Navas, Tony D’Andrea, Vanessa Moutinho, Wagner Duque, Zeca Cascão. Tratamento de imagens: Aliomar Gandra e Ricardo Gandra. Publicidade: (21) 2433 0235. Comercial: Bruno Pinguim (Rio), André Cyriaco (Niterói), Sérgio Ferreira(Baixada), Regiane Alves. Jornalista responsável: José Roberto Annibal MTB 19.799. Impressão: Gráfica Ediouro. A Revista Surfar pertence a Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatóriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Distribuição gratuita no Rio de Janeiro. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna 250, sala 209 - Barra da Tijuca - Cep. 22793-000 E-mail para contato: surfar@revistasurfar.com.br - Tel.: (21) 2433-0235.
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Sávio Carneiro. Saquarema.