Surfar #6

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ÍNDICE Hawaii 2009

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Surfar foi a última revista brasileira a deixar o North Shore.

Verao Carioca

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Verão atípico, água quente e altas ondas!

Portolio Marcelo Piu

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Um pouco de adrenalina do Rio retratada dentro e fora d’água.

Entrevista Guilherme Herdy

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Sua dedicação ao circuito brasileiro e sua experiência como profissional.

Trip Surfar

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Conheça San Diego, a cidade dourada.

Miss Surfar

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Catherine Pacheco mostra porque esse verão foi o mais quente.

Surfar Art

Marcos Sifú, surfista com alma de artista.

Marcelo Piu

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Rio 40º. Barra da Tijuca.

www.revistasurfar.com.br






EDITORIAL SEMEANDO PARA COLHER NO FUTURO Para quem faz uma revista de surf, um quesito importante é ficar sempre nos melhores meses que quebram ondas em determinados points. É o que chamamos de “temporada” do Tahiti, Hawaii, México, Noronha, Mentawaii... Assim vamos atrás das melhores imagens e ondulações. Mas nem sempre isso funciona na prática. Esse ano, o ínicio da temporada havaiana foi considerado ruim. No mesmo tempo que recebíamos notícias que o North Shore não estava dando muita onda, aqui no Brasil o início do verão bombou com muito swell bom. Na virada do ano dois swells grandes entraram em Noronha. No Rio, Grumari, Prainha, Macumba, São Conrado, Pepino, Meio da Barra e várias outras praias tiveram seus dias de gala. Mas como diz aquele velho ditado: “depois da tempestade, vem sempre a bonança”, então, tínhamos que estar presentes no Hawaii quando a situação melhorasse. Esse é nosso objetivo: surpreender o leitor com imagens inéditas.

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Pedro Tojal

Nesta: Pipeline através das lentes de Pedro Tojal. Na capa: nosso entrevistado do mês, o niteroiense Guilherme Herdy, que representou o Brasil no WCT por 11 anos, rasgando tudo em G-land, Indonésia. Foto: Jep Hepler

Já garantido um bom material produzido aqui no Brasil, conseguimos embarcar no final de janeiro o fotógrafo Pedro Tojal para a cobertura da nossa segunda temporada havaiana. Sua finalidade era trazer material para as edições de março e maio, quando completamos um ano. Tojal não decepcionou e, como de costume, se jogou em Pipeline. Para completar o time, o fotógrafo Bidu passou aqui na redação, disse que estaria indo na mesma semana e ficaria na casa do Tojal. Perfeito! Teríamos um dentro d’água e outro na areia clicando todos os momentos. O resultado vocês vão poder conferir nas próximas páginas e numa edição especial de aniversário em maio. Essa história poderia ser de um dia-a-dia de qualquer redação de uma revista de surf, mas o que fica de lição para nós é que, chega um momento na vida, seja em qualquer ramo, com projetos bem elaborados, você tem que arriscar para colher os frutos. É com essa determinação e vontade de acertar, que no próximo mês a Surfar completa um ano de existência, a primeira revista de surf gratuita do Brasil. Vamos todos pra dentro d’água Surfar! José Roberto Annibal

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Eric de Souza: Uma combinação de explosão, velocidade e radicalidade, são alguns itens para completar uma manobra perfeita, Prainha. Foto: Álvaro Freitas

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Em certos momentos o faro do fotógrafo para achar o melhor ângulo faz a diferença. Aqui está à prova disso, André Cyriaco, posicionado no costão de Itacoatiara, clicou esse belo momento do seu amigo Guilherme Sodré.

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Alan Simas

Divulgaçåo

Álvaro Freitas Clemente Coutinho

O bloco da limpeza em Copa. Mica manobrou no limite para vencer.

A hora da surpresa no Check-in da GOL.

A Polêmica Cobrança das Pranchas Numa decisão inédita a Gol foi obrigada a pagar em dobro o valor cobrado pela taxa de excesso de bagagem pelo transporte de pranchas. Aqueles que costumam viajar de avião a hora do check in é uma adrenalina, o surfista é obrigado a deixar uma grana para embarcar sua prancha. Com o estudante de odontologia Gustavo Barreto, de 19 anos, não foi diferente, mas ele correu atrás dos seus direitos e conseguiu ganhar a ação movida contra o pagamento de excesso de bagagem, cobrado abusivamente pelas companhias aéreas. “Estava viajando para Florianópolis e só embarquei minha prancha após o pagamento da taxa exigida pela companhia, quando voltei entrei em contato com a minha advogada que me orientou a correr atrás dos meus direitos”. Para entrar com a ação foi preciso apresentar o comprovante do pagamento da taxa cobrada, além da passagem (por isso é importante que o consumidor ao realizar o pagamento da tarifa exija o comprovante). No primeiro momento o juiz não considerou a cobrança indevida, sob o argumento de que o consumidor deve consultar as disposições contratuais e, em caso de discordância, possa optar por outra companhia . Logo julgou improcedente o pedido. No entanto, Gustavo não ficou satisfeito com o resultado e recorreu baseado em que a ANAC, estabelece em vôos domésticos, a franquia de bagagem de 23 quilos por passageiro, independentemente de ser uma mala com seus pertences pessoais ou um objeto como a prancha. No caso de viagens internacionais o peso é de 32 quilos. Portanto, as cobranças realizadas pelas empresas aéreas não tem respaldo legal, nem mesmo nenhuma regulamentação junto à ANAC. Embora as empresas aéreas tenham liberdade tarifária, não podem causar prejuízos aos seus usuários. A decisão publicada no Diário Oficial no dia 12/01/2009 deu a causa para o estudante. “Não existe a possibilidade de novo recurso por parte da Gol, agora temos que aguardar o processo iniciar a execução”,afirma a advogada Rejane Soares. Gustavo receberá o valor em dobro do que pagou das taxas como está previsto no artigo 42 do Código de Defesa Consumidor. “O fato de se ter sido julgado procedente pela Turma Recursal abre precedente para outras pessoas ingressarem na justiça com o mesmo pedido, desde que tenham como comprovar o pagamento e a ausência de informação”, conclui a Doutora Rejane. Apesar da Gol estar apoiando eventos e algumas escolinhas de surf, a empresa que comprou a Varig, e que agora utilizam as mesmas regras de cobrança, continua remando contra os surfistas. Hoje para cada prancha é cobrada uma taxa de R$ 100 reais. Até a pouco tempo o valor era de R$ 25 reais e R$ 50 reais na Tam. Em alguns vôos com conexão, como Fernando de Noronha, a taxa pode ser cobrada mais de uma vez. “Se todos os surfistas forçados a pagar as taxas de excesso buscar por seus direitos, é muito provável que as companhias deixem de cobrá-las”, conclui o surfista Gustavo Barreto. Por Liana Azeredo

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Projeto Limpeza na Praia A fim de conscientizar a população quanto ao problema do lixo, o Instituto Ecológico Aqualung, com o apoio de diversas empresas e entidades, promove o 7º ano consecutivo do Projeto Limpeza na Praia. “Originalmente, uma das ações que trouxemos da ONG australiana Clean up the world, da qual fazemos parte”, explica Anna Turano, responsável pelo projeto. O Instituto também criou três novas ações. Cada uma com a iniciativa de usar datas comemorativas para mobilizar voluntários a realizar todo tipo de prática pela limpeza, como recolhimento de materiais na praia, campanhas de reciclagem etc. O objetivo é a retirada do microlixo (guimba de cigarro; canudinhos; palitos queijo coalho etc), materiais que só são retirados da natureza manualmente. “Os projetos crescem a cada ano. Cada vez recebemos mais voluntários; no Brasil já chegaram a mais de 10 mil. O EcoNatal é realizado em 25 localidades do país ao mesmo tempo. E o Dia Mundial da Limpeza acontece simultaneamente em 125 países diferentes pelo mundo”, conta Anna. Em 2009 as quatro ações que serão realizadas pelo Projeto Limpeza na Praia: O Bloco Limpeza 2009, foi à primeira ação do ano e arrastou muitos foliões. Realizado no dia 21 de fevereiro, o evento deu seu grito de “Carnaval Sem Sujeira”. Muitos voluntários ajudaram no trabalho de distribuição de sacolas plásticas biodegradáveis e compostáveis(feitas a base de milho) e na coleta do micro lixo em diversas localidades do Rio de janeiro. Na Barra da Tijuca, foram retirados do manguezal e do Canal de Marapendi, os mais inusitados objetos como baldes, tamanco, bandejas, luvas cirúrgicas, vassoura, chinelo, bóia de descarga de sanitário, seringas descartáveis, latas de tinta, entre outros. Todo lixo recolhido, em cerca de 1.5 km, foi colocado em 5 sacos de 150 litros da COMLURB, totalizando 337.50 kg ou 750 litros. Os eventos previstos para 2009 não param por ai. O Limpando & Reciclando (em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente), marcado para o dia 30 de maio, reunirá instituições de ensino, entre professores e alunos, para praticar a educação ambiental. O Dia Mundial da Limpeza que acontece em19 de setembro, vai levar educação ambiental a pessoas em todo o Brasil. E, finalmente, o EcoNatal 2009, no mês de dezembro. “Esse ano Instituto planeja mais uma ação. Um evento na Baía de Guanabara, fazendo o recolhimento de lixo flutuante, ação que já foi feita em 2007”, adianta Anna. O recolhimento dos materiais contribui para a diminuição de mortes por asfixia ou inanição dos seres marinhos e habitantes do nosso litoral. Algumas cooperativas de catadores inclusive reaproveitam o material coletado. Informações de como participar: (21) 2225-7387 ou limpezanapraia@institutoaqualung.com.br Para saber mais sobre Projeto Limpeza nas Praias 2009: http://www.institutoaqualung.com.br/limpeza.html



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Lobitos, no Peru.

Surf Adventures 2 Preparem a pipoca e o guaraná que o Surf Adventures 2 -A Busca Continua vem aí. Com data de estréia para 27 de março o filme vai levar para a telona a nata do esporte nacional e internacional. O primeiro filme em 2002 atraiu 250 mil espectadores, consagrando-se como um dos cinco documentários mais vistos do cinema brasileiro. Marcelo Trekinho, Phil Rajzman, Raoni Monteiro, Fábio Gouveia e Adriano Mineirinho são alguns atletas que aparecem em destaque. Entre os gringos estão Kelly Slater, Andy Irons e seu irmão Bruce e Mick Fanning. A equipe colheu imagens no Peru, México, Austrália, Taiti, Chile sem esquecer as altas ondas do litoral Rio-São Paulo. “Muita gente me disse que o primeiro Surf Adventures foi uma forma de conhecer outros lugares, outras praias, outras culturas. Por isso, eu não quis repetir os locais mostrados no primeiro filme. Escolhemos um circuito que privilegiasse a América Latina, com esticada para a Austrália e o Taiti, e algumas ondas maravilhosas no litoral Rio-São Paulo”, explica Roberto Moura, diretor e produtor. Apesar do surf ser o ponto forte do filme, há muito que se apreciar até mesmo para quem não for aficionado pelo esporte. Há belas paisagens, viagens culturais, conversas entre os surfistas que mostram como é o dia-a-dia deles. “Conseguimos imagens sensacionais, uma imersão maior que leva o espectador para dentro da água, vale a pena conferir”, afirma Moura.

Mineirinho garantiu o Brasil no Top 10. A molecadinha na Prainha

A Natureza Criou. Nós Cuidamos! Um lindo dia para as crianças darem uma lição de cidadania nos adultos.Com música, arte, brincadeiras, brindes e claro muita animação, aconteceu,no inicio de fevereiro, a Oficina de preservação da nossa Prainha “A natureza criou. Nós cuidamos!”. O intuito era alertar muitos banhistas sobre os problemas de não se preservar a praia. “Estamos promovendo esse evento para despertar o interesse de preservar a natureza nas crianças e chamar a atenção dos adultos para essa problemática”, comenta Viviane, responsável pela organização da oficina. O evento contou com uma programação voltada para as crianças que foram os artistas do dia. Com muita criatividade elas pintaram placas alertando sobre os problemas de poluição dos mares e rios, lixo no chão, extinção dos animais marítimos dentre outros temas ecológicos. “Eles mostraram que não estão de bobeira”, diz Eduardo Duca um dos organizados. Os jovens surfistas não ficaram de fora da festa. Esses orientavam os menores e ajudavam nas brincadeiras que rolou solta pela manhã do sábado. O projeto “A natureza criou. Nós cuidamos!” foi uma iniciativa criada a fim de conservar a praia da Prainha limpa, pra futuras gerações.

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Rocinha Surf Escola

Bocão e Rico na Rocinha.

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A escolinha de surf da Rocinha recebeu equipamentos novos proporcionando para as crianças carentes da comunidade mais um incentivo para a prática do surf. A Rocinha Surf Escola foi fundada por José Ricardo Ramos, o Bocão, em 1994. No inicio do projeto eram apenas cinco pranchas. Bocão resolveu dar aulas de surf porque as crianças sempre pediam as pranchas emprestadas. “De lá pra cá, o projeto só fez crescer e contar com o apoio de muitas pessoas”, comenta. A escolinha atualmente possui 32 crianças da comunidade da Rocinha procurando um futuro melhor através do esporte. Em fevereiro, as crianças puderam contar com mais um incentivo para a prática do surf. Na praia de São Conrado, em frente ao hotel Nacional, o surfista Rico de Souza entregou quatro pranchões (longboard), quatro sandboards, três pranchinhas entre outros assessórios de surf para as escolas Rocinha Surf Escola e Escola Arpoador de Surf. A entrega do equipamento foi a parte final de um projeto apoiado pela GOL Linhas Aéreas, fornecedora do material, que já beneficiou outras quatro escolas no Rio de Janeiro. O evento contou com palestras do surfista Rico e da Surfrider, além do apoio do ator Marcelo Faria, conhecido pelo engajamento social por meio do surf.



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Alimentação Saudável Burle no Natural do Recreio.

Eraldo e Maya no Bibi da Barra. Para manter a disposição durante a agitada rotina do dia-a-dia, os campeões mundiais de ondas gigantes, Carlos Burle e Eraldo Gueiros, dão suas dicas de alimentação saudável e funcional para os leitores da Revista Surfar. Ambos nasceram em Pernambuco e, no início de suas carreiras, vieram morar no Rio de Janeiro para se desenvolver no esporte. Eles tiveram que se adaptar a um novo clima, cultura e algumas mudanças no estilo de se alimentar. Após vários anos morando na cidade, estabeleceram em suas rotinas uma alimentação regrada e saudável. “Gosto de uma dieta balanceada, passando por todos os grupos de alimentos, dando prioridades aos mais saudáveis, como os orgânicos, naturais e de produção local. Quando se busca estes aspectos que visam o equilíbrio, a qualidade da alimentação se torna primordial”, ressalta Burle. Ainda segundo ele, “a busca por qualidade de vida remete a um modo de viver que leva em conta uma boa saúde física e mental. É fundamental estar de bem com você mesmo, mantendo a simplicidade e harmonia.” O auto-conhecimento e a prudência servem como base para as boas atitudes do cotidiano. Eraldo Gueiros, parceiro de Burle no tow-in, é outro que encontrou na alimentação uma maneira de levar uma vida mais regrada, podendo aproveitar seu melhor em cada momento. “Quando eu era mais novo, comia de tudo. Hoje em dia tomo muito mais cuidado, comendo alimentos mais saudáveis. Evito os enlatados e os conservantes. Dou preferência aos alimentos orgânicos, frutas, saladas e legumes”, disse Gueiros. Os dois passam, no mínimo, um terço do ano viajando em busca das maiores ondas do planeta, o que os obriga a experimentar a culinária de vários países do mundo, aprendendo a respeitar e conviver com as diferenças. Hawaií, Chile, Califórnia, Oregon, África do Sul, Japão, Tahiti, Irlanda e Austrália são alguns dos lugares pelos quais eles passaram,

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mas admitem que a base da comida brasileira, o tradicional feijão com arroz, ainda é a preferida. “Curto muito a comida mexicana, mas das estrangeiras a que mais me atrai é a japonesa. Na minha opinião, nos alimentamos muito bem aqui no Brasil. Costumo tomar o café da manhã no Bibi da Barra. Como um bom biju de tapioca da minha terra. Faço uma das refeições em casa, que normalmente é o almoço, com arroz, feijão, proteína animal e saladas, que são indispensáveis no meu dia-a-dia. Me sinto muito fraco sem isso”, comenta Eraldo Gueiros. Burle também declara seu amor pela comida brasileira: “É muito bom viajar e descobrir os sabores do mundo. Na realidade me adapto facilmente à culinária local, sempre dando preferência aos pratos com temperos mais amenos. Mas de todas que já provei, ainda prefiro a do Brasil. Eu gosto de tomar sucos verdes, comer frutas, raízes, legumes, proteínas e carboidratos, além de ser um grande fã do feijão com arroz - de preferência integral. E isso tudo eu encontro no Restaurante Natural do Recreio, que é do lado da minha casa, pertinho da Prainha”, diz. Para aqueles que têm de enfrentar o cotidiano de uma cidade grande, seja em casa, no trabalho ou no seu esporte, esses dois super atletas deixam suas sugestões. “Não exagerem na quantidade, comam comidas orgânicas, bebam muita água e sucos para hidratar. Procurem consumir comidas que vão fazer bem para seu organismo, cuidando do corpo para aguentar o tranco, muito mais do que da estética.” diz Eraldo. Já Burle destaca outros fatores primordiais nas refeições. “É muito importante comer com prazer e tranqüilidade, sem paranóia de dietas, mas sempre com equilíbrio. O auto-conhecimento é fundamental, pois somos únicos. O que pode ser bom para você, pode não ser legal para outra pessoa. E nunca se esqueça de agradecer antes das refeições”, completa. Por: Roger Ferreira e Daniel Vianna



Como você contribui com o meio ambiente ?

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Adriana Araújo, 26 anos Secretária da Dsurfskate.

Pedro Cunha, 39 anos Instrutor de Surf.

Cristovan Baltazar, 20 anos Instrutor de surf e surfista pro.

Gabriel Kranz, 12 anos Estudante.

Eu preservo a natureza gastando menos água e tendo a consciência de não jogar lixo na rua.

O trabalho que a gente costuma fazer na escola é de prevenção, porque o lugar mais limpo não é o que mais se limpa e sim o que menos se suja. Não adianta ficar limpando a praia, o ideal é não sujar.

Tem sempre que manter as praias limpas. Andar com a sacolinha e se ver alguém fazendo coisa errada ir lá corrigir.

Eu procuro dar um toque nos meus amigos para eles se ligarem e não sujarem as praias, porque depois irá fazer mal no futuro, ela vai estar toda suja, poluída.

Izabela Lima, 15 anos Surfista.

Ana Carolina Proggi, 22 anos Estudante.

Marcelo, 48 anos Mecânico de manutenção.

Marcos Carvalho, 45 anos Publicitário.

Lá em casa a gente tem o lixo reciclável, então estamos sempre separando o plástico, do vidro, do metal e do papel. Isso já facilita a vida dos lixeiros e dos recicladores.

Quando vou à praia procuro sempre trazer um saquinho para jogar o lixo na lixeira mais próxima.

Lugar de lixo é no lixo! Se vejo papel na areia, apanho e não permito que ninguém abra a janela do meu carro para jogar lixo na rua. Coloco um lixo no carro, quando chego em casa jogo fora

Eu procuro andar mais de bicicleta do que de carro para não jogar gás carbônico na atmosfera. Respeitar a si e o ambiente como se fosse o próximo.

Thiago Baldino, 28 anos Empresário.

Juliana Reis, 23 anos Estudante de moda.

Sérgio Parra, 48 anos Juiz de surf.

Thiago Cunha, 42 anos Shaper.

Evito jogar lixo na rua e não destruir a natureza. É pouco, mas se cada um fizer um pouquinho, ajuda.

A galera tem que se conscientizar e levar saquinhos plásticos. Jogo no lixo o resto da parafina, não deixo no areia, raspo, faço uma bolinha e jogo fora

Acho que o ponto principal é transmitir para nova geração a consciência do nosso planeta, de conservação de um todo.

Reutilizar o lixo. Eu pessoalmente estou fazendo um estudo para reutilizar o lixo da fabricação da prancha.



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12 Gralha acompanhando seu filho nos eventos. 13 Galera do Arpex: Carlos Matias, Jean Carlos, Mari Taboada, Paulo Dolabella, Rogério e Roberto Mé. 14 Erick de Souza na disposição.

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Fotos: Álvaro Freitas (3,4,6,7,8,9,10,14), Manoel Campos (5), Annibal (1,11,13), Beto Paes Leme (2,12)

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1 Marcelo Boscoli e Fred Rosário pós surf. 2 Fotógrafo Rick Werneck com a editora do site Ehlas e colaboradora da Surfar Brigitte Mayer. 3 Jano Belo na concentração antes da bateria. 4 Garotada na Prainha. 5 Beldades da Nova Schin. 6 Bruno Santos campeão do Hang Loose Noronha. 7 Nova geração da Prainha. 8 Os campeões da máster Prainha Márcio Mindin,Rafael Neto e Pena Glass. 9 Flávio Costa, Lorraine e Pedro. 10 Pedro Henrrique e família. 11 Dadá Fiqueredo seguindo os passos do pai.



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8 7 Nelson e Daniel comemorando o sucesso da Bitang House. 8 Como o verão faz bem as mulheres. 9 e 10 Sorrisos e mais sorrisos. 11 Exposição Bob Bintang Store Búzios.

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1 e 2 Gatas curtindo a noite. 3 Bê Sadala trabalhando durante a exposição Bob Roots house. 4 A galera fazendo uma frente: Bernardo, Lauro, Leandro e Lucas. 5 Juliana e Bill da Bintang. 6 Bia e Pedro, a dupla de frente da loja de Búzios.

13 12 O charme da bodyboarder Renata Cavalleiros. 13 O vocalista da banda Tafari Roots, Tande e sua namorada Xana. 14 As apresentadoras Talitha Morete e Nanda Pontes. 15 André da Bintang, Gabi, Alexia e Juliana - Open Roots House. 16 A banda Roots Vibe na Bintang House.

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Fotos: Divulgação

Pra comemorar a chegada do verão a Bitang House realizou dois eventos com shows e exposição do artista plástico Bê Sadala nas suas lojas: Búzios e Joatinga. Confira a galera que esteve presente.



Fotos: Pedro Monteiro

A WQSurf inaugurou sua mais nova loja no Barra shopping com a presença da galera do mercado.

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Festa da Billabong e Ragnarok na Nuth.

11 1 O casal Vivi (Roxy) e Duca da Rusty. 2 Marcelo e seu irmão Fabio da WQSurf recebendo Lula e Joca da Wetworks 3 Guto Carvalho da Rip Curl procurando sua foto na surfar. 4 Rasta e Paulinho da QuikSilver. 5 Bruno da Oakley, Tony da WQSurf e amiga. 6 Serginho da Split bem ao estilo carioca 7 Os amigos Guto Medici da MCD e Zé Roberto Annibal da Surfar. 8 Alexandre da Reef e esposa com a família WQSurf. 9 Fred da Lost e sua esposa ao estilo hardcore. 10 Galera feliz com a Surfar na mão. 11 Loiras, morenas, ruivas, mulheres bonitas pra todos os gostos. 12 Equipe de vendas da Jamf também marcou presença. 13 Noite florida no Rio. 14 Paulinho da Billabong, acompanhado da esposa Cilene e amiga. 15 A curtição dos amigos Marcelo Ragnarok e Betinho 16 Guilherme Braga e Rafael “Queixinho” sempre na atividade. 17 O surfista profissional Igor Moraes.

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Bruno Santos provou mais uma vez que é o melhor tuberider do brasil.

“O mar estava do jeito que eu gosto, com altos tubos. Noronha é o lugar que eu gosto de voltar todo ano e vencer foi sensacional.”

BRUNINHO CONQUISTA NORONHA elo segundo ano consecutivo em águas nordestinas, o Rio de Janeiro levou a melhor. O tuberider de Itacoatiara Bruno Santos venceu Raoni Monteiro, que buscava o bicampeonato, conquistando Fotos: Celso Pereira Texto: Roger Ferreira um dos mais cobiçados eventos do circuito WQS.

A estrutura em harmonia com o meio ambiente. A alegria de Bruninho ao vencer uma etapa em Noronha.

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Girls on the beach.


A histórica edição de aniversário do Hang Loose Pro Contest, realizado com sucesso em Fernando de Noronha há 10 anos, teve início em ótimas condições já no primeiro dia da janela de espera (09/02). Duas grandes ondulações na semana do reveillon tiraram areia, deixando a bancada mais limpa e acertando o fundo. A sensação do evento foi o atleta da nova geração Ian Gouveia, que chegou até as quartas-de-final. O garoto pegou altos tubos com muito estilo lembrando seu pai, o mestre Fábio Gouveia. As fases decisivas do WQS 5 estrelas foram marcadas por uma sucessão de altos tubos e duas notas 10, com domínio total dos surfistas brasileiros. O carioca Marcelo Trekinho e o catarinense Marco Polo chegaram à somatória máxima após passarem por dentro de ondas perfeitas e inacreditáveis. Com as quartasde-final definidas, Netuno deu uma trégua na ondulação de dois dias, deixando a final para o último dia da janela. Na manhã de domingo, com ondas perfeitas de até 1.5 m, a festa estava completa para a grande final. Na primeira semi, Bruno passou por Trekinho, mais um forte candidato ao título. Raoni levou a melhor sobre Marco Polo, que sempre faz bonito em Noronha. Na grande final carioca, Bruninho, usando toda a sua técnica, surfou um tubo sensacional que lhe rendeu nota 9.9, faturando o título da histórica edição do Hang Loose Pro Contest. Raoni, que começou o ano sem patrocínio, repetiu a excelente performance do ano anterior e saiu com preciosos pontos no ranking. Bruno engrossou sua conta bancária em mais 16.000 dólares e, com os 2.000 pontos da prova, assumiu a liderança dos rankings WQS. Na próxima temporada, o evento pode transformar-se em uma das etapas da divisão principal do surf mundial. “É o sonho pelo qual continuaremos batalhando. Se não der no ano que vem, vamos tentar para o próximo e assim vamos até conseguir. Este ano tivemos altos tubos, o lugar é fantástico, uma beleza natural maravilhosa e acredito que Noronha tem tudo o que a ASP procura para as etapas do WCT”, finalizou Álfio Lagnado da Hang Loose.

Raoni Monteiro mostrou que ainda é um forte candidato a voltar ao WCT.

Resultado:

RANKING WQS 2009 – 3 etapas:

1º 2º 3º 3º 5º 5º 5º 5º

1º Bruno Santos (BRA-RJ) – 2.000 pontos 2º Darrell Goodrum (EUA) – 1.925 3º Raoni Monteiro (BRA-RJ) – 1.750 4º Manuel Selman (CHI) – 1.631 5º Leonardo Neves (BRA-RJ) – 1.531 6º Márcio Farney (BRA-CE) – 1.525 7º Nathaniel Curran (EUA) – 1.500 7º Marco Polo (BRA-SC) – 1.500 7º Marcelo Trekinho (BRA-RJ) – 1.500 10º Jean da Silva (BRA-SC) – 1.425 11º Bernardo Pigmeu (BRA-PE) – 1.300 11º Ian Gouveia (BRA-PE) – 1.300

Bruno Santos (RJ) Raoni Monteiro (RJ) Marco Polo (SC) Marcelo Trekinho (RJ) Leonardo Neves (RJ) Márcio Farney (CE) Ian Gouveia (PE) Bernardo Pigmeu (PE)

Trekinho só foi parado pelo campeão do evento, mas saiu em terceiro.

Léo Neves largou bem no ranking com uma quinta colocação.

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Felipe Cesarano em total sintonia com o fot贸grafo e a bancada de Pipeline.


Pedro Tojal

O inverno havaiano não dá para passar batido. Mesmo numa temporada com pouco swell e muito vento, surfar no North Shore é sempre uma alegria e um sonho realizado. Para nós também, que estamos prestes a completar um ano da Revista Surfar e vamos para a segunda cobertura do Hawaii. Confira nas próximas páginas um aperitivo do que aconteceu nesses três meses em que as atenções estão completamente voltadas para a meca do surf mundial.

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44 Bidu

Lika Maia


Lika Maia Lika Maia

À esquerda: a tradicional cerimônia em memória de Eddie Aikau. Nesta foto, Trekinho usando toda sua experiência do Pontão do Leblon para Off The Wall. Abaixo: Phill Rajzman aplicando sua técnica apurada em Pipe e Jamie O’Brien, soberano no quintal de casa em Back Door.

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Uma vis達o privilegiada de Backdoor pelas lentes de Pedro Tojal.

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Bidu

Bruno Lemos

Bidu

Pedro Tojal

Sessão Backdoor: Stephan Figueiredo fazendo o que mais gosta; botar pra dentro nos buracos. Acima à direita: Ian Consenza estudando a hora certa de atacar; Evaristo encarando qualquer tipo de parede. o campeão Junior carioca, Felipe Bráz sobrevoando Rocky Point.

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Essa foto retrata bem a perfeição das bancadas havaianas. Na mesma onda Sylvio Mancusi para Backdoor e Shane Beshen para Pipeline.


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Bidu




54 Alan Simas


Tony D’Andrea

Beto Paes Leme

Álvaro Freitas

Pedro Monteiro

No sentido horário: Amir Teixeira refrescando a cabeça, Itacoatiara; Alexandre Franklin inovando no calçadão do Leblon com sua prancha-skate; Juliana Reis “passeando” em grande estilo na Prainha; Molecada no treino: Barbara, Samuel, Pedro, Daniel e Bejamim na Macumba; o fotografo Álvaro Freitas cobrindo o swell em Saquarema.

Contrariando a máxima de que verão é sinônimo de mar flat, nas próximas páginas você vai poder ver que Netuno foi generoso nessa temporada. Com boas ondulações que chegaram ao nosso litoral, muitos points quebraram perfeitos, o que fez a alegria de muitos surfistas e fotógrafos de plantão. O calor do asfalto e a agitação nas areias levaram todo mundo para dentro d´água surfar. Entramos nesse clima e registramos todo o movimento dessa galera que bota para baixo.

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Álvaro Duarte André Cyriaco

A movimentada Copacabana também tem seus dias clássicos. Michel Irani se jogando no Posto 5.

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Caroço em Itacoatiara.


Pedro Monteiro

Duda Carneiro tirando o mรกximo que a onda pode lhe oferecer. Praia da Macumba.

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Álvaro Freitas Álvaro Freitas

Jorge Spanner aplicando sua manobra preferida na Prainha: água pra tudo quanto é lado. Acima: Daniel Hardman jogando todas suas fichas no Meio da Barra.

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Tony D’Andrea Álvaro Freitas

Quem não sabe de onde vem a base firme de Bruno Santos para surfar Pipeline e Teahupoo, essa foto explica bem suas vitórias pelo mundo. Itacoatiara quebrando pesado.: Abaixo; Enquanto no Hawaii as ondas não vinham, Saquarema quebrou grande em pleno mês de janeiro. No mês seguinte, Raoni ficou em segundo em Noronha. Valeu o treino!

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Pedro Monteiro Claudinho Paschoa

O negócio é decolar, não importa pra onde. André Pastori

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Michel Angelo no expresso na praia da Vila.


Alan Simas Arthur Toledo

O vice-campeão carioca júnior, Caio Vaz, vem dando trabalho nas suas sessions. Barra da Tijuca.

O editor da Surfar, Zé Roberto Annibal, presente no swell de dezembro na Prainha.

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Arquivo Pessoal

Aos 17 anos ingressou na Marinha e seguiu carreira militar por 10 anos, mas trocou a estabilidade federal para apostar na paixão pela fotografia. Praticante de surf de peito e longboard, Marcelo Piu, 36 anos, começou sua história na praia do Diabo, querendo eternizar os momentos mágicos dos tubos. “Via aquelas cenas bacanas e queria gravar de alguma forma essas imagens. Achei na fotografia essa maneira.” Por: Liana Azeredo

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Piu e seu capacete quebrado por um quilhada.


Pedra da Gávea uma das maravilhas do Rio.

Felipe Cesarano, Recreio.

Domingo no “Maraca”.

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Um dia pra ďŹ car na areia. Recreio.

Halley Batista bem posicionado. Recreio.

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Fun: pura diversão.

A partir dali, surgiram viagens e muitos momentos eternizados. Seu primeiro trabalho com o surf foi em 2001 no Hawaii. Marcelo fez uma seqüência alucinante do Rodrigo Koxinha em Pipe, que foi disputada pelas revistas de surf do Brasil. “Minhas primeiras fotos tinham que ser dentro d’ água. Acho que se eu não começasse minha carreira assim, hoje não seria fotógrafo”, diz. Nas revistas especializadas, em especial a Hardcore, onde teve seu trabalho reconhecido, pôde mostrar um pouco do seu talento com diversas páginas publicadas. Procurando ângulos diferentes e arriscando tudo para ter a melhor foto, Piu é daqueles fotógrafos que só sai da frente do surfista no último instante antes de fazer a imagem e afundar. Em uma manhã no Recreio, ele foi salvo pelo equipamento de segurança. “Tomei uma quilhada logo depois de fazer a foto, se eu não estivesse de capacete, tomaria pelo menos uns dez pontos na cabeça”, conta ele, que já levou outras pranchadas. Obstinado a trabalhar num grande jornal, Piu teve sua primeira imagem publicada em 2002. “Eu estava fazendo um anúncio publicitário no Recreio quando um acidente terrível aconteceu, não pensei duas vezes, registrei o fato e levei ao jornal O Dia.” Na manhã seguinte, suas fotos haviam sido publicadas na primeira página. Era o inicio do sonho de ser fotojornalista. Sempre quebrando barreiras, tentando levar o surf para os jornais diários, trabalhou no Jornal JB por quatro anos e conseguiu dar destaque ao esporte. “Fiz várias primeiras páginas com o surf e outros editoriais que foram muito bem aceitos pelos leitores.”

Fim de tarde na Macumba.

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Biel Garcia, Recreio.

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Atualmente ele continua com uma vida de muita adrenalina. Funcionário do jornal O Globo, sua agenda é super lotada, tira fotos de diversos segmentos, desde uma viagem paradisíaca até uma operação policial na favela. Segundo Piu, situações de risco estão sempre presentes na profissão de repórter-fotográfico numa cidade como o Rio de Janeiro. “Tiroteios e balas perdidas fazem parte do meu dia-a-dia. Infelizmente, minhas imagens mais emocionantes foram, sem dúvida, de violência. Nesses momentos, você sente a adrenalina à flor da pele e a emoção rola solta. No Complexo do Alemão, já tive que me jogar no chão quando os traficantes atiravam na direção da imprensa. Nesse tipo de cobertura, o fotógrafo precisa entender que ele deve se tornar invisível.” E finaliza: “para fazer um bom trabalho com segurança, você tem que passar despercebido.” Quando perguntado sobre o seu maior diferencial, a resposta já está na ponta da língua: “trabalhar com muita disposição e empolgação. Não desanimo com foto nenhuma, seja para fotografar um casamento de cachorro, como um dia de mar clássico dentro d’água. Empolgação é isso que me diferencia!” Para alcançar o sucesso, Piu acredita que o fotógrafo não pode esperar que o assunto aconteça para depois dar o clique. “É fundamental estar sempre à frente do acontecido. O fotógrafo precisa ser rápido, ter respeito por todos e frieza. Dependendo do assunto que está sendo fotografado, é bom saber onde está pisando. Descer do carro e sair disparando pode ser fatal. Em alguns lugares, a câmera tem o mesmo peso de uma arma”, afirma. Jerônimo Vargas, Barra. Abaixo, Piu em ação.

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Bibi na Macumba. Acima: Marcos Sifu, Leblon. Um jump no Leme. Baleia encalhada na Barra.

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Jerônimo Telles, Recreio. Foto vencedora do concurso de fotografia da Prefeitura. Praia Grande, Cabo Frio.

Para aqueles que querem se candidatar a uma vaga no mercado fotojornalístico, ele avisa que é necessário gostar muito da profissão e ter certeza de que não é só aventura, além de dispor de muito ânimo e força de vontade. “Há matérias calmas e entediantes. É preciso fazer tudo para todas as editorias. Um repórter fotográfico deve ser versátil e, claro, gostar muito daquilo que faz”, diz ele. Você encontra o trabalho de Marcelo Piu no Orkut e no blog www.marcelopiu.blogspot.com.br

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Durante os onze anos (1995-2006) que participou do WCT, o niteroiense Guilherme Herdy teve uma carreira exemplar como surfista profissional. Caçula de três irmãos, Joca e Alexandre também competiram. Com apoio da família, desde quando começou a viajar para participar de campeonatos já era uma promessa. Herdy fez história no circuito mundial e conseguiu por mais de uma década figurar entre os melhores atletas do mundo. Hoje, aos 34 anos, classificado para o Brasileiro, ainda tem muita lenha para queimar. “Consegui minha vaga no Super Surf e daí passei a me dedicar mais ao circuito brasileiro. Comecei a deixar aquele meu sonho de voltar para o WCT um pouco em segundo plano”, diz. Na entrevista, com a experiência de quem já rodou o mundo várias vezes, Herdy abordou assuntos importantes para a formação e o futuro dos atletas que pretendem seguir carreira no esporte. Acompanhe nas próximas páginas um pouco da história Por: José Roberto Annibal desse brilhante atleta. 70


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Ă lvaro Freitas


Herdy, onde tudo começou. Itacoatiara.

Você se espelhou no seu irmão Alexandre quando ele competia? Com certeza. Acho que não só no nele, mas em todos. Me espelhava no meu irmão mais velho e nos amigos que competiam. O Alexandre sempre foi um cara que puxou muito o meu limite. Na época que eu era Mirim, ele já competia na Junior e Open. Fui campeão carioca e ali eu vi que realmente tinha futuro e que podia seguir uma carreira. O que você acha que mudou no WCT desde que você entrou até os dias de hoje? O que melhorou muito dentro do surf mundial foram as locações dos eventos. Antigamente costumava-se aposentar com 30 anos. Hoje você vê que tem uma galera como o Kelly, superando cada vez mais, chegando aos seus 36 anos e arrebentando. O Occyluppo saiu do WCT com 41 anos. Mesmo com uma idade avançada, você tem o desejo de voltar ao circuito por causa das locações que são cada vez melhores. Em termo de profissionalismo mudou, mas não no ritmo do profissionalismo das empresas. Tudo ficou muito grande, a Quiksilver e a Billabong ficaram gigantes, mas o esporte que deveria ser colocado no patamar mais alto não foi posto. Houve mudança dentro do propósito de haver renovação de atletas, isso foi perfeito.

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Só que faltou o acompanhamento das premiações, no valor que o atleta deve receber para se manter nas competições. Hoje para entrar no round da grana tem que passar muitas baterias, para chegar e ganhar 400 dólares. O que isso paga? Não paga nem o excesso de prancha e nem a sua alimentação nos lugares. Então, acho que faltaram algumas coisas nessas mudanças, como pensar na evolução no geral. O que aconteceu foi que os atletas do WCT hoje correm menos etapas do WQS por causa dos custos. Se você vai correr um WQS para fazer dinheiro, você tem que chegar à final. Depois de muitos anos viajando, como está sua rotina de vida? Mudou bastante, pois não tinha muito tempo para os amigos e família. Não vivo aquela correria de ter que pensar em visto, passagem ou onde estarei daqui a dois meses... Competir na Bahia é bem diferente de você sair pra Fiji ou ir para o Japão. Consigo ficar bastante em casa e, por isso, tive tempo para casar e cuidar principalmente mais da minha saúde. Nesses anos todos no circuito, você não tem tempo pra fazer um tratamento dentário, nem pra cuidar de uma lesão.


Acaba até se superando para algumas coisas, mas também acaba acontecendo coisas ruins, vamos dizer uma lesão na coluna ou alguma coisa assim. Com tempo, isso vai se agravar. Como foi sua volta para o Super Surf depois de muitos anos no WCT? Eu já tinha saído do WCT, não estava ranqueado em lugar nenhum e fui presenteado por essa vaga no fim do ano. Fiquei em terceiro no primeiro evento e, assim, entrei para briga do titulo, onde cavei a vaga durante o ano. Na segunda etapa fiz um terceiro novamente, ou seja, fiquei mais perto ainda. Acabei terminando na sétima colocação e foi alucinante pra mim. Consegui minha vaga no Super Surf e passei a me dedicar mais ao Brasileiro. Deixei aquele meu sonho de uma volta para o WCT em segundo plano. Hoje em dia a molecada está voando de todas as maneiras. O que pensa na hora de competir com essa garotada? Procuro surfar o mais forte possível, trocar bastante de borda e fazer um surf de linha que a gente chama de surf clássico, utilizando o fundo da prancha, forçando os juízes a olharem de uma forma diferente e não só para os truques. Eu sei que num mar ruim essa galera tem uma vantagem por fazer essas manobras aéreas. Mas também existe a forma de você fazer uma cavada real, entrar com uma borda e voltar com a outra. Então, faço isso bem nítido para não ter dúvida. Se você fosse manager de uma equipe de ponta, o que faria para conseguir colocar um atleta na elite mundial? Faria um trabalho bem completo em termos de parte física e mental. Hoje as pessoas pegam crianças de

10, 12 anos e preparam para o circuito mundial. Faria também uma cobrança para que freqüentasse a escola o máximo possível, aprendesse línguas e incentivaria todo esse lado junto da família para que ele realmente seja um campeão de surf e na vida. A gente nunca sabe o dia de amanhã. Quando chegar aos 18 ou 20 anos e, por algum problema não quiser continuar competindo, pelo menos vai estar preparado para seguir na vida de uma forma decente. Como você acha que as gerações poderiam fazer para se unir em prol do surf? A gente representou o país durante 10 até 15 anos no WCT. A nova geração ficou sem referência durante muito tempo aqui no Brasil. Acho que isso é um trabalho mais unificado entre patrocinador, revistas e nós da velha guarda passarmos nossas experiências para a nova geração, além deles também virem buscar. Isso acontece muito pouco. Os australianos e os havaianos fazem isso já há muitos anos. As revistas poderiam promover trips com as duas gerações e as empresas produzirem filmes com atletas brasileiros. Talvez isso seja uma das grandes causas de hoje termos apenas três atletas dentro no WCT. As empresas precisam alimentar a antiga e a nova geração para podermos ter uma continuidade na história do surf mundial, senão, vamos ficar a mercê das três maiores empresas de surfwear, onde talvez tenha um brasileiro no meio. Então o que você faria pra colocar mais atletas no WCT? Falta buscar um pouco no passado, como tudo iniciou aqui no Brasil. Quando só o Teco e o Fabinho estavam no circuito, algumas empresas nacionais sonhavam em ter um atleta dentro do WCT. Nós fomos trabalhando e conseguimos chegar lá da nossa maneira. A galera que competia era sempre muito unida, torcíamos um em prol do outro e íamos treinar juntos. Os próprios australianos aprenderam conosco esse calor, a maneira da gente viver, curtir, estar sempre ali fazendo um churrasco, uma

Jep Hepler

Fotos: Álvaro Freitas

Você fica meio naquela... se eu sair do WCT, o que vai acontecer amanhã?

Ondas tubulares sempre foram seu forte. G-Land, Indonésia.

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reuniãozinha. Eles viram que isso funcionava, tiraram esse exemplo e começaram a trabalhar forte. Mas com as dificuldades, os brasileiros foram se separando, uns ficavam num hotel, outros ficavam em outro, e isso foi se perdendo com o tempo. Temos que olhar para trás para ver o que funcionou. Unificar as empresas, os meios de comunicação, fazer um trabalho forte para que possamos ter um campeão do mundo de verdade, tanto dentro como fora d’água. No Brasil está faltando ter esse cara de representatividade como foi o Teco, como foi a nossa geração, neguinho tinha uma relação maneira e hoje está um pouco perdida.

mas pensar nele. Comprar sua casa, procurar fazer investimentos em algo que possa proporcionar algum retorno. Acho que precisa ter cabeça para pensar nisso. Eu vejo muita gente tendo filho novo, o que dificulta mais pensar num investimento futuro, já que possui mais uma boca para alimentar. Acho que se pode procurar ter filhos mais tarde. Da minha geração, talvez, eu seja o único que não tenha ainda, mas eu via as dificuldades de quem tem filho de poder fazer as coisas. Para essa galera que está chegando, vale pensar no dia de amanhã, salvar o máximo que puder, pois uma hora você vai comprar sua casa, seu carro, suas coisas, acho que é por ai.

O tempo de carreira de um esportista é bem curta. O que fazer para garantir um futuro?

Você acha que o surfista brasileiro depois de certa idade é desvalorizado e não tem o reconhecimento do mercado?

Eu costumo conversar sobre isso com a galera mais nova. O problema não é gastar a sua grana, mas investir para o dia de amanhã. Isso não quer dizer viver o futuro,

Eles utilizam muito pouco essa galera. Grandes nomes, como Picuruta, Paulinho, Tinguinha e Jojó até hoje estão

Fotos: James Thisted

Herdy chegou ao terceiro lugar no Pipe Masters de 1996 botando pra dentro de tubos como este.

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André Cyriaco Arquivo Pessoal

Herdy utilizando uma de suas armas, seu surf de backside. Abaixo, à esquerda: Herdy e seus irmãos.

tendo que batalhar muito. Tudo é uma questão de querer enxergar o atleta que você está trabalhando. Eu tive contato com Daniel Friedmann, Rico e Ricardo Bocão. O que eu aprendi com esses caras foi alucinante, sabia o quanto de experiência tinham para me passar. Se for parar para pensar, existem inúmeros atletas que poderiam estar somando. Acho que as empresas poderiam olhar melhor para esses exemplos. A geração mais antiga está começando a ser reaproveitada pelos patrocinadores brasileiros, ainda é muito pouco, mas esse é o caminho. O que você faria se começasse a correr o tour agora? É difícil falar assim. O que eu talvez aproveitasse mais seriam as oportunidades de viagens. Hoje é diferente de antigamente e o WQS lhe favorecia. Vamos dizer que se eu corresse a perna da França, competíamos sexta, sábado e domingo e o campeonato começava na quarta, então, você tinha de 2 a 3 dias de folga para poder aproveitar a cultura local. Depois de uns 5 ou 6 anos, quando já estava um pouco cansado do circuito, foi que comecei a enxergar isso. Dentro das possibilidades, eu moraria em alguns lugares para aprender melhor outras línguas e estabelecer contato com os gringos. Acho que foi uma coisa que pesou muito para essa geração presente, como Léo Neves, Pedro Henrique e Raoni Monteiro, que tiveram a oportunidade de representar grandes marcas mundiais e conversar com os donos delas. Para mim é uma honra estar dentro da HB e poder fazer isso com o Terry Fitzgerald, que é uma lenda viva do surf mundial. Temos que buscar, crescer como ser humano através desses contatos e aprender outras culturas.

O que o surfista tem que fazer para manter seu patrocinador e mostrar o retorno esperado por ele? Procurar, lógico, se destacar nas competições e também dar um retorno fora da água na hora de representar a marca na frente de uma televisão, sabendo falar direito e com calma, tanto para a mídia brasileira como a internacional. Por isso, a importância de falar outras línguas. Estar sempre presente quando o patrocinador solicitar, tanto numa feira, em sessão de fotos ou lançamentos de algum produto. Manter contato, afinal é um time e você faz parte da empresa. Ser solícito o máximo possível, mesmo que esteja sempre viajando, manter contato hoje é fundamental. Existem muitos surfistas que não fazem isso, a galera fica focada em dar o retorno na competição, mas acho que vai além disso, tem que dar retorno em tudo que você enxergar de espaço. Ter uma imagem mais positiva possível, para numa hora de maior dificuldade, venha a lembrança de que você é um cara que compensa estar dentro da empresa. De um recado para os leitores da Surfar? Acho que todo carioca, ou melhor, todo brasileiro, sentia falta de ter uma revista feita na praia. O Rio sempre foi uma cidade do surf. Desde o início do esporte, aqui nós conseguimos passar para todos o que é o surf real. Muitos surfistas que estavam esquecidos, além de alguns fotógrafos que estavam encostados com um arquivo alucinante, agora estão podendo divulgar seus trabalhos. É muito bom ter a oportunidade de poder ver essas fotos, ver essa geração que ficou pela Barra, zona sul, canto do Recreio, Grumari, Região dos Lagos e Niterói. Acho isso alucinante. A Revista Surfar está de parabéns e que cresça para sempre!

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Sni em Ocean Side. Ao fundo a perfeição de Delmar.

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Localizada no extremo sul da costa Oeste dos Estados Unidos, a cidade de San Diego possui boas razões para uma surf trip. Há poucos quilômetros do México e pouquíssimas horas dos picos mais conhecidos da Baja Califórnia, San Diego tem uma variedade enorme de lugares. Durante o outono e o inverno, quando a Califórnia recebe os swells vindos do norte e o vento terral, as condições se encontram perfeitas freqüentemente. Durante o verão, os swells de sul trazem ondas e clima bastante quente para a cidade. A quantidade de ondas diferentes é de impressionar. Beach breaks, point breaks e alguns piers possibilitam a prática de surf quase todos os dias. Texto e fotos: Julio Fonyat

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La Jolla tubular. Foto acima Dean Randazzo rasgando no pĂ­er. Blacks.


O carioca Andre Gionarelli que trocou o Rio por San Diego.

PICOS: San Diego possui muitos picos diferentes para todos os gostos e habilidades. O mais conhecido e, sem dúvida, o mais consistente, é um beach break chamado Blacks Beach. Para chegar ao outside, você estaciona o carro e caminha por volta de 20 minutos numa reserva ecológica, alucinante. Outro lugar muito conhecido é o Mission Beach, outro beach break bem grande e com vários picos. Geralmente é uma onda que fecha bastante, mas tem seus dias de glória. No canto sul da praia existe um banco de areia, que gera altos tubos no swell certo, porém nessa praia existe um localismo bem forte. Windansea, em La Jolla, também é uma onda muito surfada por todos. Conhecida pelo antigo Windansea Surf Club, esse point break oferece ondas bem longas e muito manobráveis, apesar de um pouco gordas. Existem também alguns secrets que necessitam de um barco ou um jet ski, além disso, o crowd é bem menor sempre. LOCAL: San Diego se localiza na costa Oeste dos Estados Unidos. É a cidade mais ao sul do estado da Califórnia e faz fronteira com a cidade de Tijuana, no México, sendo está a fronteira internacional mais movimentada do mundo.

ÉPOCA DO ANO: Setembro é uma boa época para pegar boas ondas, com o famoso terral, os ventos Santana quentes que vem do deserto e clima muito parecido com o do Brasil. Além disso, o circuito do WCT está na cidade, por isso, você tem a chance de ver todos os pros de perto. No inverno, dezembro, janeiro e fevereiro, rolam as ondas maiores, os swells de norte e norte oeste, mas não esqueça seu wetsuit, porque a água e bem gelada. Na verdade, quebra onda o ano todo. ALIMENTAÇÃO: Bastante variedade de lugares para comer perto do surf. Muita gente acaba optando pela comida mexicana: rápida, nutritiva, barata e bem fácil de encontrar. CROWD: Com certeza, o sul da Califórnia é um dos locais mais crowdeados do planeta Terra. No entanto, com um pouco de conhecimento local e vontade de explorar, você pode surfar sozinho ou com bem pouca gente no pico. COMO CHEGAR: Muitas companhias aéreas fazem essa rota. Atenção para vôos com destino à vizinha Los Angeles, pois vale à pena dirigir de lá até San Diego e economizar na passagem. CLIMA LOCAL: San Diego tem o clima perfeito! Quente e seco, quase nunca chove. O inverno é ameno, com certeza um dos menos gelados do país, nunca com temperaturas abaixo de zero.

A ONDE FICAR: Pacific Beach é um bom local para ficar por causa das noitadas e ainda tem alguns beach breaks perto. Além disso, o píer de Pacific Beach dá boas ondas.

La Jolla.

Matheus Vargas.

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Catharine Pacheco

23 anos Fotos: Celso Pereira Jr.


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Estudante de empreendedorismo na área de administração, Catharine pretende investir no curso de pós- graduação. Com certeza pra muitos leitores ela já está aprovada e com nota 10. Fissurada em musculação, como toda boa capixaba gosta de curtir uma praia. Quando está no Rio freqüenta o posto 9 em Ipanema. Muito fã do surf seus surfistas preferidos são o Kelly Slater e Mineirinho


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Com Hawaii fora, XXL chega à reta final Estamos chegando ao final de mais uma temporada de inverno no Hemisfério Norte e, com ela, se encerra também o prazo para inscrições de candidatos ao prêmio máximo do surf de ondas grandes mundial, o XXL Big Wave Awards 2009. Por incrível que pareça, temos mais uma temporada sem nenhuma onda consideravelmente gigante surfada no berço do big surf mundial, o Hawaii, concorrendo nas categorias do XXL. A temporada havaiana 2008/09 foi marcada por swells entrando com muito vento nas ilhas de Oahu e Maui, tornando muito difíceis as condições na maioria dos dias consideravelmente grandes. A maior e mais perfeita ondulação da temporada aconteceu no início de dezembro, quando Maya Gabeira surfou em Phantons uma onda com aproximadamente 18 pés, a única do Hawaii inscrita até agora no XXL. O maior swell da temporada no Pacífico Norte encostou-se à costa da Califórnia em 30 de novembro de 2008. Na ocasião, ondas com até 30 pés sólidos foram surfadas na remada, sendo algumas delas inscritas na categoria Paddlle Wave, ou seja, Maior Onda na Remada do XXL Big Wave Awards. O brasileiro Alexandre Martins, residente em São Francisco, estava presente em Mavs e surfou uma dessas bombas que concorrem ao prêmio, com grandes chances de trazer mais uma vitória para o big surf brazuca. Em função da escassez de grandes ondulações no Pacífico, as quatro competições de ondas grandes em janela de espera, o Eddie Aikau, o Mavericks Surf Contest, o North Shore TowIn Contest e o Mundial de Tow-In em Jaws, ainda não foram realizadas na Califórnia e no Hawaii, sendo que o Eddie Aikau, que foi realizado pela última vez em 2004, teve seu prazo de espera finalizado em 28 de fevereiro. Quem roubou a cena do inverno no Hemisfério Norte foram os “outer reefs” europeus, com suas bancadas quebrando gigantes no último mês de janeiro. O oceano Atlântico recebeu mega ondulações. E o francês Benjamin Sanchis, no pico de Belharra, próximo à fronteira com a Espanha, surfou rebocado uma das maiores ondas já registradas na região, uma das favoritas a Biggest Wave. No litoral espanhol, nos arredores da Isla Pancha, região da Cantabria, e em El Bravo, nas Ilhas Canárias, os big riders europeus Axier Muniain, Ibon Amatriain, Mikel Agote, Aritza Saratxaga, Zebenzui Perez e Oscar Gomez aproveitaram o big swell para surfarem esquerdas monstruosas, que entraram na briga

direta pela Biggest Wave, categoria pela maior onda fotografada da temporada. Vídeos das ondas de Zebenzui, nas Ilhas Canárias, e de Axier, em Belharra, também estão concorrendo na Ride of The Year, que premia o vencedor com 50 mil dólares. A nona edição do XXL Big Wave Awards chega à reta final tendo como grande favorito o pico de Shipterns Bluff, no oeste australiano, que deve eleger os vencedores em duas categorias do prêmio. O prazo para novas inscrições vai até o dia 20 de março, com a grande festa de premiação acontecendo em abril, na Califórnia, EUA, distribuindo um total de 130 mil dólares. Confiram as categorias, respectivas premiações e favoritos ao Oscar mundial das big waves: . Ride of The Year (melhor onda da temporada documentada em vídeo) - 50 mil dólares, mais 5 mil para o cinegrafista - O pico de Shipterns Bluff, no oeste australiano, é o grande favorito. . Biggest Wave (maior onda fotografada da temporada) - 15 mil dólares e um jet ski Honda, mais 4 mil para o fotógrafo - Bombas surfadas na África do Sul e Europa disputam em igualdade de condições. . Paddlle Wave (maior onda na remada fotografada da temporada) - 15 mil dólares, mais 4 mil para o fotógrafo - Uma das ondas surfadas no swell de 30 de novembro em Mavericks, na Califórnia, deve levar. . Monster Tube (maior tubo fotografado da temporada) - 5 mil dólares, mais 2 mil para o fotógrafo - Shipterns Bluff também deve vencer nessa com vantagem. . Melhor performance feminina - 5 mil dólares - A carioca Maya Gabeira deve consagra-se tricampeã. . Melhor performance masculina da temporada - 5 mil dólares Grande incógnita da temporada, com uma pequena vantagem para o sul africano Grant “Twiggy” Baker, que venceu o Big Wave África, além de ser concorrente a maior onda da temporada (também com uma morra surfada em seu país de origem) e está no páreo da Paddlle Wave, com uma bomba em Mavericks. Façam suas apostas. Go Big!

Por: Roger Ferreira

Maya Gabeira, Teahupoo.

Rodd Owen/BillabongXXL.com

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Frank Quirarte/BillabongXXL.com

Tim Jones/BillabongXXL.com

Roger Ferreira é jornalista do CarlosBurle.com, assessor de comunicação e agencia atletas.

Alex Martins, Mavericks.

Ryan Hipwood, Tasmania.



Fotos: Roberta Borges / Ehlas

Esta edição vai ao ar no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Em 1910, durante a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, foi proposto que o dia 8 de março seria a data em que o mundo iria homenagear as mulheres. Existem algumas versões para a escolha do mês de março, mas todas levam as greves que as trabalhadoras das fábricas têxteis fizeram durante a Revolução Industrial no século 19 reivindicando a diminuição da carga horária, melhores condições de trabalho e direitos iguais aos dos homens. Desde então, mais intensamente após ter sido oficializada pela Unesco em 1977, nessa data pretende-se chamar a atenção para o papel da mulher na sociedade, levando as pessoas a uma consciência maior sobre a importância da equidade de valores que deveria existir entre homens e mulheres nos mais diversos níveis, além de alertar sobre conceitos, preconceitos e limitações que até os dias de hoje são impostos às mulheres. O surf feminino começou a ser praticado no Brasil no meio da década de 60 e, de lá até os dias de hoje, muita coisa mudou. Porém, outras continuam engessadas, por isso alguns conceitos deveriam ser revistos e outros repaginados. Mas apesar da resistência de alguns, o surf feminino vem em franca evolução no Brasil e no mundo. Aéreos, rabetadas e batidas retas são parte desse cotidiano.

Resistências à parte, a unanimidade entre as mulheres que praticam o surf é que o desejo de sentir a sensação de deslizar sobre as ondas revela-se maior que qualquer preconceito. De acordo com Fernanda Guerra, uma das surfistas pioneiras que desbravou as ondas no Arpoador nos anos 60, o respeito é a palavra chave: “Desde que aprendi a surfar, sempre tive o desejo de pegar altas ondas e me divertir bastante. Só que isto tem que ser feito sempre com respeito e não usar o fato de ser mulher e desrespeitar os surfistas. Como sempre agi assim, fui muito bem aceita em todos os lugares que já surfei. Até hoje, quando chego ao outside, sempre espero a minha vez e nunca entro na onda de ninguém. Só na do meu marido.” Após décadas desde a primeira onda surfada por uma mulher, a única coisa que parece não mudar é a alegria e o sorriso que ficam estampados nos rostos de quem acabou de surfar “aquela” onda. E é nessa onda que a EHLAS e a SURFAR apresentam algumas fotos que ressaltam a alegria e a serenidade que o surf pode causar. Este efeito não poderia deixar de ser diferente nas mulheres e, com uma certa pitada de feminismo, me parece que essas sensações se refletem de uma maneira especial nas mulheres, demonstrando a importância do papel feminino no nosso esporte. Essa é a nossa homenagem especial para todas as mulheres surfistas, competidoras, free surfers, iniciantes ou profissionais. Simplesmente para todas as mulheres do nosso planeta. Mulheres, vão para o mar e divirtam-se.

Alan Simas

Brigitte Mayer www.ehlas.com.br

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Marina Werneck

Gabriela Teixeira

Estrela Blanco


Maya Gabeira

Alan Simas

Michelle de Bouillons

Juliana Guimar達es

Michelle Schlanger

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Arquivo Pessoal

Idade: 17 anos Patrocinador: Insurf Apoio: Insane Shaper: Base Quiver: 5’8, 5’10, 5’11 e 6’1t

Pedro Monteiro/Divulgação

Idade: 16 anos Patrocinador: Local Apoio: Insane Shaper: Braz Barros Quiver: 5’9, 5’10 e 5’11

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Moradora da Freguesia, Bárbara ia para Saquarema e pedia para aprender a surfar. A insistência foi tanta que seu pai decidiu não só colocá-la na escolinha, mas também cair nessa onda. “Foi muito bom meu pai começar a surfar, assim surfamos juntos e ele me entende, acorda cedo comigo para cairmos”, conta. Logo que começou, com 10 anos de idade, ela participou de um campeonato da escolinha e ficou em segundo lugar. O gosto da vitória foi tão bom que decidiu levar o surf a sério e não parar mais de praticar. Começou a treinar com Benjamin Athayde no Canto do Recreio, seu pico favorito. “Lá eu conheço a galera há muito tempo. É muito alto astral.”, declara. Os resultados mais expressivos começaram a aparecer em 2006 e, com o terceiro lugar no Circuito Brasileiro de Surf Feminino 2007, Bárbara foi convocada para fazer parte da equipe Feserj. Em 2008, ela se consagrou campeã estadual Junior com uma bela vitória na última etapa.

Luana Braga terá um ano difícil em 2009. A jovem, que começou a surfar há quatro anos e já coleciona muitos primeiros lugares, acaba de entrar para o terceiro ano do ensino médio e tentará vestibular para Engenharia Química. Isso não quer dizer que suas adversárias não terão mais a menina de Copacabana em seu caminho, ela continuará treinando forte, mas precisará de muito mais força e dedicação a cada dia, pois ficará dividida em escola, surf e cursinho. Para relaxar dessa loucura de pré-vestibular, pretende ir para Austrália no meio do ano. Sem nenhum surfista na família, Luana começou a surfar numa escolinha do Arpoador. “Minha mãe perguntou se eu queria entrar, eu disse que sim e nunca vou parar”, fala. Hoje ela treina com Benjamin Athayde terças e quintas, já nos outros dias, sozinha. Paralelo ao surf já fez musculação, mas assume que essa não é a sua “praia”. Gosta de onda extensa e muito de tubo, “adoro treinar em onda buraco”, e seu forte é a batida.


CHICLETE

DA BAY



Prainha, RJ


Conhecido por suas manobras aéreas e radicais, o free surfer Marcos “Sifu” nos revela porque o surf e a arte andam lado a lado. Fazendo do surf uma life style, tendo essência de surfista e criando arte para retratar sua vida, Sifu encontra inspiração naquilo que gosta mais de fazer: pegar onda com os amigos. “A onda já é um manifesto artístico. Ali você faz a sua linha, o seu estilo, as suas manobras, os seus pulos, seus rodopios. Então o surf é arte”, afirma. Por Liana Azeredo

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Com influência e incentivo da família, Sifu logo cedo se mostrou interessado e fascinado por arte. Nascido e criado no Leblon, desde o início se destacou nas sessions de surf. Poderia muito bem seguir carreira no surf competição ao lado dos seus amigos Marcelo Trekinho e Pedro Henrique, mas preferiu o freesurf e logo conseguiu o patrocínio de uma marca muito ligada à arte que o aproximou desse segmento. “Eu gostava das fotos, desenhos e anúncios, achava aquilo alucinante, então, a partir dali, comecei a fotografar”, diz. Fã de todos os tipos de arte, Sifu encontrou na Lomo câmera sua maneira de expressar. “O lance da fotografia surgiu mais para eu retratar a minha vida. Nunca gostei de máquina digital. Sempre achei que a foto digital dá um ar de circuito interno de TV, de telejornal. Gosto mesmo de fotos mais artísticas, em preto e branco, com o filme usado de uma maneira diferente”, comenta. A paixão pela máquina fotográfica russa, ou melhor, a Lomo câmera, abriu novas possibilidades para uso das câmeras antigas. Na lomografia as regras são simples: tirar fotos sem pensar, usar técnicas de revelações diferentes, brincar com alturas e ângulos, basicamente esquecer tudo que se aprendeu na fotografia tradicional e usar meios alternativos para proporcionar um resultado bem artístico. “Não se sabe o que esperar do material que está sendo produzindo na hora. Isso é tão legal que você registra sua vida de um jeito que parece que é a câmera que retratou e não você”, explica o free surfer. Sifu já tirou diversas fotos e ainda possui muitos filmes não revelados. De todas as viagens sempre traz muito material lomográfico. As imagens possuem texturas diferentes, cores exóticas, uma saturação mais intensa, tudo para ilustrar seu estilo de vida de uma maneira bem criativa. Suas intervenções artísticas não param por ai. Ele está sempre envolvido em alguma atividade que vai desde pintar uma prancha, uma parede ou até mesmo editar um vídeo, seu novo hobby que quer aprimorar. Nos próximos meses, pretende passar uns tempos em Nova York para investir em um curso de cinema. O importante para Sifu é a arte despertar algum sentimento. “Eu não sei se o surf abriu o meu lado da arte, muito menos se foi ele que me colocou nessa, mas a ligação entre o surf e a arte tem tudo haver”, conclui.

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Apontado como promessa da nova geração do surf, Jerônimo Vargas, 19 anos, está de malas prontas para o Guarujá, onde vai morar nessa próxima temporada. Filho da primeira bodyboarder do Brasil, Gica, e do surfista Valdir Vargas, que brilhou nos anos 80, Jerônimo vem se destacando na mídia nacional com boas atuações. Cresceu acostumado a surfar as ondas tubulares do Alphabarra, pico que ele acha o melhor do Rio. É a nova geração carioca que ainda vai dar muito trabalho pelo mundo afora. Por: Liana Azeredo Foto: Álvaro Freitas

Você esta sendo apontado como um dos surfistas da nova geração que vai dar trabalho. Como encara isso? Eu gosto. Acho que me motiva esse lance de ser apontado, mas ao mesmo tempo procuro pensar que isso ai não quer dizer muita coisa. Você busca inspiração nos surfistas mais experientes ou vai pela sua cabeça? Sou um cara que tento ao máximo assimilar dos outros, sempre perguntando sobre equipamento, o jeito de ler a onda, tudo com os caras que surfam do jeito que eu gosto. Se estou numa trip com Sthefan Fiqueredo, Trekinho e Bruninho, com os caras que eu admiro muito, sempre fico igual a um moleque perguntando tudo para tentar tirar a minha conclusão e melhorar dessa maneira. Quais são os melhores picos para surfar no Rio? Tirando Itacoatiara, que eu considero de nível bom, o meu pico Alpha Barra é único no Rio. Pode não ser tão constante quanto os outros, mas quando quebra, sem dúvida, é o melhor. É uma onda de verdade. Já viajei para vários lugares e continuo achando aqui um beach break muito bom nos dias ideais. Quais foram suas últimas viagens? Minhas duas últimas foram Hawaii e Marrocos. No Hawaii, fiquei de outubro até o fim de dezembro, mas acabei voltando porque sofri um acidente de carro e passei janeiro inteiro no Brasil de molho. Voltei a pegar onda em Marrocos. Foi uma viagem muito boa, nunca tinha surfado direitas tão longas. Acho que foi muito bom para a minha evolução. . . Quais são os surfistas que você admira aqui no Brasil e lá fora? No Brasil, Bruno Santos, Stephan Figueiredo e Trekinho. Já tive a oportunidade de ver o Marcio Farner competindo, o cara surfa muito. Lógico, também não pode tirar o Mineirinho, mas o meu surfista favorito, apesar de não ser competidor, é o Marcos Sifu. Lá fora escolheria Andy Irons, Dane Reynolds e Bede Durbidge.

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Como você define seu estilo de surf? Eu procuro fazer de tudo. Hoje em dia não é só surf. Se você for um skatista, vai andar na vertical e no street. No motocross, você vai correr e vai fazer freestyle. Então, tem que ser versátil em qualquer esporte. O que levou você a seguir a carreira de surf profissional: foram seus pais que já pegavam onda ou a convivência com os amigos? Minha família pode ter me influenciado a começar a surfar, porém teve uma fase que minha mãe não queria que eu fosse surfista profissional. Ela queria que eu tivesse uma carreira como advogado, médico, etc, fizesse uma faculdade. Eu optei com 14 ou 15 anos. Botei na minha cabeça que eu queria isso, porque a coisa que eu mais gosto no mundo é viajar. Seu pai foi um surfista renomado na década de 80. Como é que ele vê esse lado de ter um filho surfista? Como ele vivenciou várias coisas boas com o surf e eu tenho o mesmo gosto dele, ou seja, viajar, surfar ondas boas e competir, ele me apóia, mas também se eu falasse que não queria ser surfista, me apoiaria da mesma forma. Algumas mídias especializadas fazem comparação do seu pai com você? Isso lhe incomoda? Me incomoda muito e também a ele. O problema não é você falar que o Jerônimo é filho do Valdir e pegou um tubão. O caso é que muitas vezes a mídia bota assim: “Com o DNA do Valdir, o Jerônimo pegou um tubão”. Parece que eu só fiz aquilo porque eu sou filho dele. O que meu pai fez foi muito bom na carreira dele, na minha não tem nada haver. O que tem em mente para 2009? Esse ano eu vou morar no Guarujá para fazer toda essa parte de treinamento. Tudo bem que o Rio tem as melhores ondas, mas a estrutura de treinamento para o atleta não é boa. A galera é muito desunida, cada um faz o que quer. Já era para eu ter ido no ano passado, mas agora vou encarar isso e me preparar para meter a cara no ano que vem. Esse é meu último ano de Pro Junior e a meta é ficar entre os 150 do WQS.


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Bidu

PRÓXIMO NÚMERO

Fun se preparando pra mais um tubo em Pipe.

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