SURFAR #40

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90º

270º

DEZ | JAN 2015 R$ 11,90

180º

Ítalo Ferreira, o novo integrante do WCT.

FAMÍLIA PUPO

PORTFÓLIO PEDRO TOJAL

MENTAWAI

OS PUPO SÃO O EXEMPLO CLARO DE QUE O DNA DO SURF EXISTE.

UM DOS MELHORES FOTÓGRAFOS AQUÁTICOS DO MUNDO ABRE O SEU ARQUIVO.

DANILO COUTO E EDUARDO ‘RATO’ FERNANDES LEVAM O SEU PUPILO ÀS ILHAS DOS SONHOS.


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B E R N A R D O





MITCH CREWS & TÊNIS RIDGE S 28 48' 26.83'' - E 153 36' 10.60''

reef.com.br

JUST PASSING THROUGH





ÍNDICE


Ohana Pupo

.42

Visão Acima do Lip

.70

Portfólio Pedro Tojal

.92

A família é sinônimo de surf de alto nível e prosperidade, tanto dentro quanto fora d’água.

20 páginas sobre um assunto que os brasileiros se tornaram especialistas: os aéreos!

Considerado um dos melhores fotógrafos aquáticos do mundo, Tojal abre o seu arquivo para contar sua trajetória e parceria de sucesso com a Surfar.

Mentawai - Trip dos Sonhos

Os registros do fotógrafo Clemente Coutinho da trip que colocou os renomados surfistas Danilo Couto e ‘Rato’ Fernandes ao lado da promessa nordestina Douglas Silva.

Palavra Final

Ítalo Ferreira conta como foi garantir a vaga no WCT 2015 e as pretensões para um ano desafiador que vem por aí.

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Pedro Tojal frequentemente está posicionado em ângulos que poucos conseguem, como nesta visão do tubo de Eric de Souza. Foto: Pedro Tojal.

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EDITORIAL Se 2014 foi bom, 2015 será ainda melhor! Quando fomos fazer a pauta dessa edição, todos os nossos pensamentos estavam em uma só direção: a disputa do Gabriel Medina pelo título mundial. O garoto rompeu todas as barreiras do esporte com uma exposição nunca antes dada para um surfista. A lista é grande: Jornal Nacional, Esporte Espetacular, Atleta do ano do jornal O Globo, programas de TV a cabo, sites e muitas capas de revistas. Orgulho, esta é a palavra que toda a comunidade do surf sente quando o assunto é Medina. O surf precisa de um ídolo, ou melhor, o Brasil está carente de um. Além do futebol, já tivemos ídolos no vôlei, fórmula 1, tênis, basquete e, agora, pode chegar a hora

que o maior ídolo do esporte brasileiro seja um surfista. Independente do resultado do Pipe Masters, Gabriel Medina já é uma realidade. Por outro lado, mais promessas estão surgindo. O ubatubense Wiggolly Dantas e o potiguar Ítalo Ferreira, que fez a capa e Palavra Final dessa edição, acabaram de se classificar para o WCT 2015, fortalecendo a equipe nacional e a renovação de brasileiros no tour. Ainda falando da elite do surf mundial, fizemos uma reportagem com a família Pupo, com sua história de sucesso dentro do esporte. O pai Wagner Pupo, ex-surfista profissional de Itanhaém, litoral sul de São Paulo, competiu em alto nível até os 40 anos e agora


acompanha seu filho Miguel pelo mundo como shaper e técnico. Samuca, o caçula, vem faturando eventos importantes e é a prova que o “DNA do surf” existe. Saindo do clima das competições, trazemos uma matéria completa sobre a cena de aéreos no Brasil. Fomos do Sul ao Nordeste atrás dos especialistas no assunto, os tricksters, que buscam a cada dia romper os limites do surf com manobras jamais executadas. Mantendo a linha da revista de sempre surpreender os leitores com imagens aquáticas, abrimos a “caixa de ferramentas” do nosso fotógrafo Pedro Tojal em um portfólio de literalmente tirar o fôlego. Além do visual, Tojal revelou segredos de como fazer os melhores ângulos de dentro d’água.

Enquanto todas as crianças estão esperando os presentes de Natal, o pernambucano Douglas Silva, 16 anos, já ganhou o seu. Foi para Mentawai ao lado de dois ídolos do esporte, Danilo Couto e Eduardo ‘Rato’ Fernandes. O fotógrafo e parceiro da Surfar Clemente Coutinho embarcou nessa trip dos sonhos para qualquer surfista e registrou os três atletas nas melhores ondas do arquipélago. Essa edição vem recheadas de variedades, onde você vai poder andar tanto por dentro, como por cima da onda. Um feliz 2015 e vamos todos para dentro d’água surfar!r! José Roberto Annibal

NA CAPA: Ítalo Ferreira, o mais novo brasileiro no WCT. Foto: Basílio Ruy. Nesta página: Laje de Ipanema, mais uma “pintura” feita por Pedro Tojal .

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OS PRODUTOS GABRIEL MEDINA GOLD SERIES VOCÊ ENCONTRA NA


MELHOR DA SÉRIE Pastori esperou a maré secar em Super Sucks para conseguir pegar este “diamante” em uma das bancadas mais rasas da Indonésia. Neste momento, o fotógrafo Pedro Tojal estava praticamente em pé na bancada para registrar a Melhor da Série.


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INFILTRADO NA GRAVAÇÃO


Antes do Prime de Maresias, Gabriel Medina gravou um comercial para o Guaraná Antártica no Canto do Moreira com direito a três jet skis, várias câmeras e arco de Go Pro para imagens em 360º. A super produção proibia qualquer tipo de registro por pessoas de fora. Mas ali do lado, Alexandre Ruas, colaborador da Surfar, não deu mole e conseguiu capturar este aéreo gigante do Medina que em breve estará nas telinhas de todo Brasil! Foto: Alexandre Ruas.






BACKSTAGE

O “PADRÃO MEDINA” Kirstin/ ASP

por GABRIEL PASTORI

Não é todo dia que nasce um Gabriel Medina. Para estrear a minha coluna aqui na Surfar, escolhi falar sobre um assunto que surgiu em uma conversa que tive com Alejo Muniz durante o WCT aqui no Rio em 2014. Na ocasião, perguntei para o Alejo como estava seu irmão, o Santiago Muniz. O Santi é alguns anos mais novo que o Alejo e também surfa muito. Teve uma carreira de amador excelente, que culminou com o título mundial na categoria Open do ISA Games em 2011. No entanto, na época da conversa, ele tinha recentemente perdido seu patrocínio e Alejo comentou: “Os caras estão achando que todo mundo agora tem que ser igual ao Medina... Não dá cara!”. Que o Gabriel Medina vem mudando os padrões dentro d’água, todos nós estamos vendo. Mas o talento e a enorme exposição que o Gabriel alcançou tão cedo fizeram com que as pessoas passassem a esperar mais da nova geração, complicando a situação da molecada que busca o sonho de ser surfista profissional. Não que o Medina esteja prejudicando o mercado do surf, muito pelo contrário, sem ele o esporte estaria muito pior no Brasil. No entanto, o “Padrão Medina” virou uma realidade. A grande verdade é que o Gabriel explodiu muito novo e do nada. De uma hora para outra, um moleque de Maresias começou a ganhar todos os campeonatos amadores do país. Pouco tempo depois, quando tinha apenas 15 anos, Medina venceu seu primeiro WQS 6 estrelas na Praia Mole. No mesmo ano, ele foi consagrado campeão mundial até 16 anos no Quiksilver King of Groms, na França, com duas notas 10 na final. A partir daí, o mundo passava a saber que um novo fenômeno do surf estava vindo do Brasil. O “boom” da carreira aconteceu em 2009, mas aquelas vitórias eram apenas o começo da saga do paulista. Aos 17 de idade, o local de Maresias estreou no World Tour e conquistou duas vitórias em seu primeiro ano. Daí para frente, inúmeras foram as conquistas em todos os níveis de evento e de onda, que culminam hoje na disputa do título mundial na última etapa do ano em Pipeline. Tudo isso é lindo e enche de orgulho todos nós, brasileiros vidrados no surf. No entanto, a molecada da nova geração acabou ganhando, além do estímulo, certa

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pressão para despontar mais cedo. Tanto os empresários, quanto as pessoas que acompanham ou trabalham com surf, passaram a exigir de alguma forma o “Padrão Medina” para as novas gerações. Para “piorar” a situação, ainda me aparece o Filipinho esculachando todo mundo no WQS e depois tirando onda no WCT antes mesmo de completar a maioridade. Aí ferrou! Não dá para achar que um moleque de 15 anos vai sair por aí ganhando WQS 6 estrelas, muito menos entrar no Tour com 17 anos e bater de frente com o Slater! Até porque, a média de idade que os tops entram para o Tour está entre 20 e 22 anos, mas ainda temos muitos casos de surfistas que passaram dessa idade e se classificaram para o WCT. Caras como Tiago Pires, Kai Otton e Dion Atkinson entraram no Tour com 27 anos, Michel Bourez aos 23, Freddy Patacchia com 24, Sebastian Zietz aos 25 e ainda tem o Glenn Hall que, depois de anos tentando, alcançou seu objetivo aos 31! O que eu quero dizer aqui é que não é normal no Brasil nem no mundo esse destaque tão precoce. É natural que alguns atletas precisem de mais tempo para ganhar maturidade, experiência em competições e entrar bem no circuito mundial. O Brasil tem hoje diversos talentos que não podem ser descartados porque não entraram no WCT aos 17 anos. Seria alucinante se surgissem vários Gabriel Medina para representar nosso país e impressionar o mundo do surf, mas fenômenos não aparecem a toda hora. Não podemos deixar de dar atenção para um monte de talentos espalhados Brasil afora, que também podem nos trazer muita alegria no circuito mundial. Para finalizar, hoje, Santiago Muniz, aos 22 anos, tem claras chances de um dia entrar para o WCT. Em 2014, Santiago venceu seu primeiro evento WQS e atualmente é número 34 no ranking. Ele está com o patrocínio da Quiksilver Argentina, país que ele passou a representar. GABRIEL PASTORI, 26 anos, freesurfer profissional. gabrielpastori9@hotmail.com Instagram: @gabrielpastori



#DESURFISTAPARASURFAR Quer ver a sua foto na Revista Surfar? Siga-nos no Instagram e marque suas postagens com a hashtag #desurfistaparaSurfar e @revista_surfar. A nossa equipe irá escolher as cinco melhores e respostar outras também muito iradas.

@ricardoborghi.com

@ YA N S O N D A H L

@S E R G I O R I O 1

“O Ian Vaz (foto), o Caio e a Marcela Witt me arrastaram para esse pico em baixo do viaduto do Joá. Eu nunca tinha encarado a caminhada para lá porque a passagem pelo túnel é sinistra! Mas quando chegamos estava perfeito. Esquerdas, direitas e só a gente na água!”

“O Gabriel falou que era para eu rabear ele, e o Borghi registrou esse momento que está guardado para sempre aqui em casa. Afinal, não é todo dia que você tem seu ‘AMÍDOLO’ voando em cima de você na mesma onda.”

@minduim

@I G O R H O S S M A N N

“Meu celular tocou às seis da manhã e quando atendi era o Gabriel Pastori falando: ‘Desce, estou chegando aí’. Não entendi nada, mas peguei meus equipamentos correndo e desci. Fomos de jet até a Praia do Meio com o André Pastori (foto), Scooby e o Pedro Velasco. Essa foi a minha melhor sessão de fotos, nunca fiz tanta foto na vida!”

@J E S S I C A B I O T

“Era a primeira vez que eu surfava com aquela prancha old school, a Lightning Bolt, e foi uma experiência muito divertida. Só amigos aproveitando aquela água inacreditável e fazendo fotos animais!”

@_ F E R N A N D O A N D R A D E

“Como de rotina, eu estava no Leblon às 5h30min da manhã antes do trabalho. Nesse dia, tinha meio metro, terral, água clara e tive a oportunidade de enquadrar esse cartão-postal do Rio dentro do tubo!”



WAINUI

BIG WAVE WORLD TOUR EM JAWS SEM NENHUM BRASILEIRO?!

Bruno Lemos/Liquid Eye

por BRUNO LEMOS

Os brasileiros que deram o pontapé inicial no surf de remada em Jaws estão fora da etapa do circuito mundial de ondas grandes do pico.

Sempre acreditei que falar bem das pessoas, assim como admirar o que os outros fazem, é uma excelente prática. Baseado nisso, jamais gostaria de usar um espaço, como esse de uma revista, para falar mal de alguém ou alguma coisa. Então, vou tentar me expressar da melhor maneira possível, tentando não desprezar ninguém. Não tenho dúvida de que preciso de alguma forma abordar esse assunto que, para mim, é frustrante. Quem acompanha as notícias no mundo do surf, provavelmente já deve estar por dentro de que o circuito mundial de ondas grandes (idealizado e produzido por Gary Linden) foi recentemente comprado pela ASP, ou melhor, pela nova WSL (World Surf

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League). Imagino que principalmente para Linden e sua equipe isso seria como que uma verdadeira recompensa pelo trabalho e tempo que investiram antes dessa aquisição. Eu mesmo tive a oportunidade de estar presente em alguns desses eventos e vi de perto a evolução de tudo isso. Se não me falha a memória, no campeonato de Todos os Santos em 2010, que Mark Healey venceu, alguns dos surfistas investiram grana do próprio bolso para que essa etapa fosse realizada. Greg Long foi um deles, colocando “na roda” a grana que ganhou como “bônus” de seus patrocinadores depois que venceu o Quiksilver Pro em homenagem a Eddie Aikau. Foi com atitudes desse tipo que o

“Big Wave World Tour” nasceu e cresceu. Vi a organização com o decorrer do tempo se mobilizando em realizar certo número de etapas por ano para que o circuito realmente fosse se concretizando. Também fui testemunha do esforço para que todos os anos se coroa-se um campeão. Talvez, se não fosse por essa estratégia, as coisas não tivessem andado tão bem assim. Sou grande admirador do trabalho de Gary Linden e fã de muitos, se não, de todos os surfistas que competem no circuito. É claro que quem procura acha e, se fossemos investigar todos os detalhes, sem dúvidas iríamos achar uma falha ou outra. Então, independente do valor de grana que é dado aos primeiros colocados de cada etapa, ou do tamanho das ondas



Bidu

WAINUI

Carlos Burle e Danilo Couto, que na foto dividem uma onda da série, costumam se destacar quando as condições estão extremas em Jaws.

que os campeonatos vêm acontecendo, ou se estão comercializando demais o surf de ondas grandes, uma coisa é certa, ou melhor, uma coisa está errada, já estão anunciando que esse ano vai ter uma etapa do Big Wave World Tour em Jaws, e não acreditei quando vi a lista de convidados dessa etapa! Não tem nenhum brasileiro! Fiquei chocado! Afinal de contas, não foram os brasileiros que deram o pontapé inicial em toda essa história de remar nas ondas de Jaws? Então, como que não chamam nenhum deles? Tive a oportunidade de estar presente em algumas das melhores sessões de surf em Jaws e sempre vi os brasileiros dentro d’água, surfando de igual para igual com os outros. Danilo Couto venceu o XXL, Yuri Soledade mora quase em frente ao pico e não perde uma

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sessão, como também Marcio Freire, que pega altas bombas lá e é idolatrado pelos próprios locais com seu jeito simples e carismático de ser. Além dos “Mad Dogs” da Bahia, o pernambucano Carlos Burle, que dedicou anos de surf ali em Pe’ahi, tanto na época do tow in quanto na remada, também não parece estar entre os convidados. Sei que a organização tenta incluir os melhores ranqueados em cada competição, assim como alguns locais de cada área. Imagino que com esse critério talvez fique realmente difícil de “trazer” alguns dos brasileiros para o evento de Jaws, pois é muito improvável que deixem de dar uma vaga de um havaiano para um brasileiro num evento aqui no Hawaii. Ouvi falar que o encarregado em fazer a lista de convidados foi o californiano Peter Mel,

que também é o diretor da prova. Na verdade fiquei surpreso, pois ele parece ser um cara que sabe quem pega ou quem não pega as bombas, assim como quem que começou com essa história de remar em Jaws. A impressão que tive pelos nomes que estão na lista é que o evento seria em Mavericks e não em Jaws. Não sei o que precisa ser feito para que esse quadro mude, mas com um ano de El Ninho é bem capaz que tenhamos um 2015 intenso de ondas grandes no Norte Pacífico e, quer queira ou não, estamos próximos de ter um campeonato em Jaws sem a participação de nenhum dos nossos “Mad Dogs” brasileiros. É mole?! BRUNO LEMOS é fotógrafo carioca radicado há mais de vinte anos no North Shore, Hawaii.



Família Pupo toda reunida.

A N HA

O P PU

O

Na cultura havaiana, Ohana significa família e foi este termo que Wagner Pupo tatuou em suas costas. “No Hawaii conheci uma família que tinha uma loja chamada Ohana e eles me explicaram o verdadeiro significado desta palavra. Foi aí que eu decidi tatuá-la”, diz o patriarca. Wagner sabia que isso uniria e tornaria a sua família ainda mais forte. O clã dos Pupo é o exemplo claro de que existe DNA do surf, mas nessa matéria você vai descobrir por que união e determinação também os definem. ––––– por RÔMULO QUADRA fotos MUNIR EL HAGE


Fotos: Arq. Pessoal

Vários momentos do clã Pupo.

Filho de peixe... Natural de Itanhaém, São Sebastião, litoral norte de São Paulo, o patriarca Wagner Pupo cresceu à beira-mar e no oceano passou boa parte da sua vida. ‘Vala’, como também é conhecido, começou a se destacar no final dos anos 80, quando fez parte do time do Brasil que foi a Porto Rico para o mundial amador que teve Fabio Gouveia como campeão. Nos anos 90, ele teve uma brilhante carreira como surfista profissional. Fez parte dos tops da Abrasp por 16 anos, sendo um dos principais atletas da “era do Circuito Super Surf”. Hoje, Wagner vem conquistando o mesmo respeito da época das competições como shaper, tendo seu piloto de teste o próprio filho. Miguel, atleta do WCT, surfa com as pranchas do pai.

Entre os mais chegados, Vala é tido como um cara correto e centrado, a única culpa que carrega é a de ter gerado e soltado ao mar três “tubarõezinhos”, opa, melhor dizendo, seus filhos! Da união de 25 anos com Jeane Pupo surgiram descendentes que, de tão ambientados com o mar, mais parecem “predadores” em competições de surf: Miguel (23 anos), Dominik (19) e Samuel (14), três competidores natos.

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Amizade e fraternidade entre irmãos.

Wagner Pupo: pai, técnico e shaper.

‘Vala’ mostra que ainda pode levantar muita água.

Esposa e filhos sempre fizeram parte da sua vida como surfista “Pro”. Eles o acompanhavam em suas andanças pelo mundo atrás dos campeonatos de surf e funcionavam como o “ponto de equilíbrio” necessário para todo atleta. Durante uma surf trip em família ao Hawaii, aprenderam o significado do termo Ohana e a identificação foi imediata. “No Hawaii conheci uma família que tinha uma loja chamada Ohana e eles me explicaram o verdadeiro significado daquela palavra. Foi aí que eu decidi tatuá-la nas minhas costas. Eu sabia que com isso (fazendo a tattoo) nos uniríamos cada vez mais e deu certo”, diz Wagner.

Jeane é o alicerce dos Pupo, pois, enquanto o pai estava ocupado entre o shape room e as competições, ela ficava responsável pela educação dos filhos e também pelo treinamento da molecada, assim passava horas na praia. “A parte técnica eu fazia muito bem, mas o dia a dia de levar a criançada para surfar era com ela, que é a grande responsável pelo crescimento deles”, completa Vala.

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“Prefiro o surf de linha ao de aéreos”, diz Miguel.

“A MINHA MAIOR FONTE DE INSPIRAÇÃO DENTRO DO ESPORTE SEMPRE FOI MEU PAI. É LEGAL VER A FORÇA DELE EM SEGUIR EM UM NOVO CAMINHO. COM CERTEZA, ESSA RENOVAÇÃO FOI COM INTUITO DE AJUDAR A GENTE. ” M I G U E L P U P O A HORA DA RENOVAÇÃO Ainda no fim de sua carreira como atleta, perto dos 40 anos, Wagner passou a estudar o design das pranchas. Em certo momento, um amigo o chamou para trabalhar como “back shaper”, foi daí que surgiu a ideia para fazer a sua marca de prancha à OHP, que é a abreviação de Ohana Pupo. Mas sabia que para evoluir precisava conhecer e meter a mão na massa: “Trabalhei com vários shapers de peso, como o Matt Biolos e o Simon Anderson, e aprendi muita coisa com eles. Eles gostavam do jeito que eu shapeava. Diziam que eu entendia por que surfava e consegui desenvolver meus próprios outlines, minhas próprias curvas. Cheguei a competir com as minhas próprias pranchas.”

Seu primogênito Miguel, atleta do WCT, utiliza os foguetes shapeados pelo pai nas competições e não economiza elogios. “A minha maior fonte de inspiração dentro do esporte sempre foi meu pai. É legal ver a força dele em seguir em um novo caminho. Com certeza, essa renovação foi com intuito de ajudar a gente. Diante de tanta experiência adquirida no circuito profissional, ele sempre me deu toques como técnico e quando percebeu outra chance de nos ajudar foi em frente”, conta Miguel. Mas os outros dois filhos não ficam de fora, ambos também competem com pranchas OHP.

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“Amo o que faço e amo muito minha família”, disse Samuel em sua fan page.

Sangue brasileiro pede uma bolinha de vez em quando.

O caçula Samuca e Vala.

“A Dominik sempre se jogava nas maiores quando era pequena, cheguei a pensar que ela seria uma big rider”, fala o pai coruja.

DIFERENÇAS ENTRE GERAÇÕES

O equipamento é peça fundamental do atleta e, apesar de não se aventurar com a plaina como o pai, Miguel sabe da importância em adquirir conhecimento sobre a fabricação do seu “instrumento” de trabalho. “Ainda não me arrisquei a fazer uma prancha, mas sempre que eu estou aqui em casa acompanho todo o processo de fabricação. Graças ao meu pai passei a entender melhor o meu equipamento”, explica Miguel Pupo.

Filhos de um ex-surfista profissional e shaper, a linhagem Pupo, que dá as caras para o mundo, teve todo o suporte para alcançar o pódio. Mas a realidade do pai foi bem diferente. De origem humilde, o acesso de Wagner aos equipamentos para o aprendizado e a prática do esporte foi através de muita luta. “Quanto aos meus filhos foi diferente. Vivemos outra época, temos mais condição e eles têm um pai surfista, então, foi tudo mais fácil. Prancha para eles nunca faltou. Hoje o esporte tem um incentivo maior também”, fala Wagner, que ganhou seu primeiro campeonato na Praia do Sonho em Itanhaém, com uma prancha emprestada, derrotando Picuruta Salazar.

ENTRE OS ESTUDOS E AS ONDAS Foi-se o tempo em que atleta descartava os estudos, Jeane e Wagner marcaram em cima dos mais velhos, Miguel e Dominiki, e hoje não dão mole para Samuel, o caçula: “O Miguel sempre foi muito estudioso, quando estava no Brasil estudava dois períodos, de manhã e de noite, para poder surfar de tarde. Ele até hoje leva grandes amigos dos tempos de escola. O Samuel até gosta, mas agora o atleta tem muito mais compromissos com campeonatos e viagens, diferente da época do Miguel, em função da evolução do esporte. Não é por ser mãe, mas eles são muito dedicados naquilo que pegam pra fazer”, diz a mãe babona.

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Munir El Hage

Samuel é promessa brasileira para o circuito mundial.

“O terror” da nova geração.

Tubo na praia da Paúba, São Sebastião.

Sequência tubo na Paúba.

E o pai completa: “O Miguel sempre foi muito estudioso, a gente nunca teve muito problema com ele. Partiu dele a vontade de terminar o colégio para depois se dedicar integralmente ao circuito. Já para o Samuel ir a escola é uma luta, mas acho que são gerações diferentes e essa garotada quer antecipar as coisas, até mesmo pela ascensão do esporte e por ter contato direto com o Miguel e o Gabriel que chegaram ao WCT. Acho que a própria mídia força o ingresso deles cada vez mais novos. Mas a molecada tem que estudar, com certeza.” Já Dominik é mais uma menina que sofre com esses altos e baixos do surf feminino no mundo. A pouca exposição da categoria na mídia, a falta de incentivos e um circuito não consolidado a obrigaram a trilhar caminhos diferentes dos irmãos. Hoje,

aos 18 anos, cursa educação física, mas a vontade de ajudar e estar presente na vida competitiva dos irmãos é tão grande que brotou o desejo de uma segunda formação: a de fisioterapeuta. “ A Dominik quer estar junto dos irmãos nas competições mais para frente e dar um respaldo para eles no treinamento, caso sofram alguma lesão ou algo nesse sentido. Mas ela surfa muito! Mesmo sem treinar, ela vai lá e ganha os campeonatinhos dela”, comentou o pai orgulhoso.

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Miguel Pupo é um dos nossos melhores tube riders top WCT. Na foto, ele alisa um paredão em Maresias, SP.

HOJE O FOCO É O SAMUCA. AFINAL, A ATENÇÃO E A EXPERIÊNCIA PASSADA AO IRMÃO MAIS VELHO TÊM QUE SER PASSADAS AO SAMY TAMBÉM. O WAGNER SE DESDOBRA COMO PAI, ALÉM DE TRABALHAR E ATENDER SEUS CLIENTES DA OFICINA DE PRANCHAS.” J E A N E P U P O LAÇOS FAMILIARES Assim como em qualquer família, cada membro tem suas responsabilidades e Miguel sabe muito bem isso. “Por ser o mais velho, eu sempre tento dar bons exemplos aos meus irmãos, mas confesso que às vezes essa cobrança fica um pouco chata. Me cobro e não posso mostrar um caminho errado a eles”, fala. O irmão caçula, Samuel, foi o grande destaque em 2014 no Grom Search, o principal Circuito Sub 16 do país, com duas vitórias nas três etapas disputadas. Samuca, aos 14 anos, já conta com o patrocínio da Rip Curl e deve seguir os mesmos passos do pai e do irmão. “Meus pais o levaram para Portugal e a França, então ele está vivendo um pouco da minha história também e quem sabe um dia poderá estar lá”, diz Miguel.

Para quem conheceu Wagner nos muitos anos que ele competiu, sabe que a voz mansa e o semblante tranquilo são características suas que nunca mudavam, mesmo na hora que o bicho pegava dentro d’água. Essa tranquilidade ajuda em outra relação que aproxima ainda mais essa família: a de pai técnico. “Ele ressalta o erro bem depois de ter acabado a bateria, já que na hora os ânimos estão exaltados (risos). O Wagner sempre foi técnico do Mig, mas hoje, aos 22 anos e competindo desde os sete, ele já não tem muito que aprender sobre as competições. Eles só acertam alguns detalhes, decidem onde estão as melhores ondas ou que prancha usar e analisam os adversários. Hoje o foco é o Samuca. Afinal, a atenção e a experiência passada ao irmão

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Para a família Pupo, estudar é fundamental.

Fotos: Arq. Pessoal

Como de costume, a família reunida dentro d’água.

Hora de criar, pai e filho sempre trocam ideias no shape room.

Samuel comemorando o título de campeão Paulista Mirim no Hang Loose Surf Attack.

Irmãos, unidos para sempre.

mais velho têm que ser passadas ao Samy também. O Wagner se desdobra como pai, além de trabalhar e atender seus clientes da oficina de pranchas,” diz a mãe, orgulhosa do maridão. O primogênito Miguel apareceu para o mundo em 2009, no top 100 da Surfer Magazine. Em 2011, ele entrou para o WCT, no corte do meio do ano, junto de Gabriel Medina e John John Florence. Nessa mesma época, Miguel ficou conhecido como ‘Papa Prime’ por ter faturado o Nike 6.0 Pro em Lowers Trestles e o O’Neill Santa Cruz, ambos em 2011, além do Hang Loose Pro Contest de Fernando de Noronha em 2012. Para o jovem, a Ohana foi a base para suas vitórias. Sempre que possível, a família o acompanha nos campeonatos. Mesmo

quando tudo deu errado, ela estava presente dando forças e tranquilidade. O top WCT explica: “Minha família está sempre me ajudando e tem total influência sobre mim nessa caminhada. Na maioria das etapas, eu tenho pelo menos a presença da minha mãe ou do meu pai. Sei que independente do resultado, eles vão sempre me amar e dar forças, e isso me deixa feliz e tranquilo para cumprir minhas funções. Na verdade, a Ohana se estende para todo mundo que me apoia, meus amigos... De certa forma, para mim ela significa a união da minha tribo do surf.”

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INSTAGRAM BRASIL

Fotos Arquivo Pessoal

Mesmo com toda a correria de aeroporto em aeroporto para participar das competições e ir atrás dos melhores swells mundo afora, nossos tops sempre arrumam um tempinho para uns cliques divertidos do cotidiano. Aqui você confere uma seleção dos brasileiros que bombam no Instagram!

@surfamily Filipinho mostra não ser tão corajoso como dentro d’ água na hora da tattoo.

@carlosburle escolheu um lugar inusitado para meditar.

@gabrielmedina e Neymar, nossos talentos brasileiros, trocando suas “lycras” de competição.

@jadsonandreoficial mostra seu talento no free surf entre uma competição e outra.

@italoferreira10 num “duelo Davi contra Golias”.

@wiggolly se diverte dando uma de “adestrador” na pausa de uma caída e outra.

@pedroscooby “tirou o pé da prancha” para mostrar suas manobras no futebol.

@raonimonteiro renasce sempre no Hawaii.

@silvanalimasurf não resistiu aos encantos

Não deixe de ficar por dentro de tudo que acontece no mundo do surf. Siga @Revista_Surfar no Instagram.

do Pateta.


Finalmente no Brasil a marca mais irreverente do mundo





MO C H ILA S R IP C U R L PA R A VO LTA À S AU LA S VO C Ê E N CO N TR A N A S LOJA S

P RO S C H O O L LE T TE R S

D O ME

D R IVE MD 1 GR A P H


INSTAGRAM GATAS DO SURF

Fotos Arquivo Pessoal

Depois do sucesso conquistado na estreia, a coluna promete seguir tirando o fôlego da rapaziada. Não perca os melhores cliques do Instagram das mais gatas do surf no mundo afora.

@alanarblanchard livre, leve e solta....

@mgabeira esbanjando sensualidade.

@tatiwest mergulhando em algum secret spot pelo mundo afora.

@marcelawitt num momento de puro relax.

@manudalmeida alinhando corpo e alma.

@emiliebiason beleza iluminada entre os girassóis.

@liviamesalira mostrando um pouco de sua intimidade numa ‘selfie’.

@brunasschmitz sempre bela seja dentro ou fora d’água.

@ellawilliams parecia estar mergulhando entre as nuvens.

Não deixe de ficar por dentro de tudo que acontece no mundo do surf. Siga @Revista_Surfar no Instagram.


VA N S S U R F. C O M ©2014, Vans Inc. photo: Acosta

CLASSIC STYLE. MODERN COMFORT. THE ALDRICH

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O Vans Aldrich é o novo membro da família Surf Sider, construído com a forma mais espaçosa “Easy Fit”. Estampado com inspirações das raízes nativo-americanas do Sr. Fletcher, o Aldrich é a escolha perfeita para remar até a praia ou viajar pela cidade.

10/11/14 06:45 PM


NA WEB

Fotos: Instagram/ Facebook

Fique por dentro do que a comunidade do surf anda falando nas redes sociais pelo mundo afora!

“ESTOU MUITO AMARRADÃO COM O GRANDE PÚBLICO QUE ESTEVE AQUI. EU PODIA SENTIR A TORCIDA DELES DE DENTRO D’ÁGUA. SURFEI BEM EM TODAS AS MINHAS BATERIAS, CONSEGUI HIGH SCORES E TER A MINHA FAMÍLIA AQUI COMIGO TEM SIDO AINDA MAIS ESPECIAL. VENCER O PRIME NA CALIFÓRNIA FOI IRADO, MAS ESSE FOI UM DOS MELHORES

“DURANTE A COMPETIÇÃO, ELE PODE SER BEM FRIO E MUITO COMPETITIVO. ELE NÃO ESTÁ AQUI PARA FAZER AMIGOS, E ISSO É VERDADE. ELE ESTÁ AQUI PARA COMPETIR. A PERSONALIDADE DELE O FAZ CONSTRUIR AMIZADES PELO CAMINHO, MAS ELE ESTÁ NO TOUR PARA COMPETIR E NÃO PARA FICAR

CAMPEONATOS QUE EU JÁ SURFEI. ”

@Filipe Toledo comemora a vitória arrasadora no O’Neill SP Prime 2014 em Maresias.

“SE EU FOSSE UM AMERICANO OU AUSTRALIANO SERIA FÁCIL ME MANTER COMO FREESURFER, MAS MINHA REALIDADE É OUTRA!”

À TOA.”

@Ícaro Rodrigues

@Charles Medina

um dos melhores aerealistas do Brasil reflete sobre o motivo dele querer competir.

orgulhoso do espírito competitivo que o filho Gabriel carrega durante o circuito mundial.

“ESSA É PROVAVELMENTE UMA DAS

“SINTO MUITO ORGULHO DO GABRIEL E DE

“MUITA GENTE MERECE ESTAR AQUI. TODOS

CORRIDAS PELO TÍTULO MAIS FRUSTRANTES

TUDO QUE ELE CONQUISTOU ESSE ANO. ELE

TÊM CHANCE, MAS TÊM QUE LEMBRAR QUE

QUE EU JÁ TIVE. PORQUE CONTINUO

É A JOIA QUE O BRASIL NUNCA TEVE. ESTÁ

AQUI É CADA UM POR SI. TEM QUE CHEGAR,

SENTINDO QUE TIVE A OPORTUNIDADE

SE TORNANDO UM NOVO ÍDOLO. ESPERO TER

BOTAR A CARA E SE CLASSIFICAR! PORQUE

E TODA VEZ EU CONTINUEI DEIXANDO

INSPIRADO MEDINA NO PASSADO, MAS O SURF É

SE NÃO FICA ESSE ‘NHE NHE NHE’ DE QUE

A BOLA CAIR.”

UM ESPORTE INDIVIDUAL. SUAS CONQUISTAS SÃO

FULANO DEVERIA ESTAR NO WCT. NÃO ESTÁ

DECORRENTES DO SEU TALENTO.”

@Kelly Slater perdeu todas as oportunidades que teve para se aproximar de Medina.

@Adriano de Souza destaca o talento de Gabriel Medina durante entrevista para o site da Red Bull.

Acompanhe a Surfar pelo Twitter: www.twitter.com/revistasurfar.com.br

POR QUÊ? PORQUE NÃO CONSEGUE... MEU CAMARADA, AQUI SÓ OS FORTES SOBREVIVEM!”

@Raoni Monteiro em resposta às críticas sobre ele não merecer um lugar no WCT.



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Fotos: Divulgação O’Neill (01, 02, 04, 05, 06, 08, 09,10, 11, 12, 13), Instagram (03) e Fernando Gomes (07)

oL S AOS’NP EWIL

Maresias voltou a receber um importante campeonato de surf. O O’Neill SP Prime 2014 rolou no quintal de casa de Gabriel Medina e o público paulista, que compareceu em peso para acompanhar as baterias, sempre lotava ainda mais a areia quando o fenômeno brasileiro entrava em ação. Mas quem se tornou o dono da festa foi Filipe Toledo! Do início ao fim, ele proporcionou um show de aéreos para toda a torcida presente.

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01 - Yan Söndahl, Davi Toledo e a molecada zoando em Maresias. 02 - Segurança reforçada para Gabriel Medina. 03 - Medina, Pupo e Toledo, três dos principais representantes de São Paulo que competiram no evento. 04 - Mineirinho fazendo ‘selfie’ com um bebê cheio de estilo. 05 - Maresias sempre muito bem frequentada. 06 -Ítalo conquistou o público com seu show de aéreos. 07 - O público lotou a praia no maior evento de surf do ano em Sampa. 08 - Charles, o ‘paidrasto’ de Medina, cuidando do equipamento do garoto. 09 - Tomas Hermes e Daniel Cortez com Fillipe, Ricardo e Davi Toledo trocando uma ideia entre as baterias. 10 - Matt Bating amarradão com seu vice-campeonato. 11 - O público estava à vontade para curtir a festa em Maresias. 12- Filipinho sendo carregados após o show na água para o público, família e amigos! 13 - Yago Dora e a molecada assistindo as baterias da areia.


Foto: Pedro Tojal

Já pensou em registrar os tubos na sua próxima trip? Agora você também pode com a Neo Cam!

- eletrônicos www.see-eletronicos.com.br Rua Major Acácio 234, sala 2 Taubaté – SP – Brasil Tels.: 12 99128-6609 | 12 3622-1988 e-mail: adm@see-eletronicos.com.br


POR TRÁS DAS ONDAS PERNA BRASILEIRA - MAHALO SURF ECO FESTIVAL

Fotos: Fabriciano Junior/Dendê

CONEXÃO SURF, MÚSICA E ECOLOGIA EM ITACARÉ

Com as vitórias em Itacaré, na Bahia, e Mar Del Plata, na Argentina, Alex Ribeiro foi campeão sul-americano pela segunda vez, uma como Pro Jr e agora profissional.

Alex Ribeiro, o ‘orelhinha’, levou a melhor em um dos campeonatos mais alto-astral do Brasil, o 4 estrelas de Itacaré. O público não perdeu a oportunidade de assistir ao show de surf e lotou a praia para ver o surfista da Praia Grande sagrar-se campeão ao vencer o francês Paul Cesar Distinguin. Yago Dora representou a nova geração no pódio que também contou com o ex-WCT Jihad Khodr. ---- por LUÍS FILLIPE REBEL O evento, que reúne surf, música e ecologia, mais uma vez foi um sucesso. Vale destacar a preocupação da produção com o meio ambiente, que é um exemplo a ser seguido. O Mahalo Surf Eco Festival foi a primeira competição de surf do mundo a utilizar energia solar gerada no próprio local com 84 metros quadrados de painéis solares instalados. No dia da final, Alex Ribeiro deu início à festa ao manter o título do campeonato em mãos brasileiras. A noite terminou no melhor estilo dos festivais, com show do O Rappa, Ponto de Equilíbrio, Strike e Massa Sonora. “Foi alucinante! Além do lugar ser mágico, a praia cheia, sol e altas ondas fizeram tudo ser perfeito. Foi gratificante para mim vencer o evento, lembro o tempo todo dele (risos). Sem contar com o show de encerramento do O Rappa, que foi animal!”, disse o campeão. A vitória foi a segunda de Alex nas etapas da América do Sul, o que o deixou com uma boa vantagem para ser o campeão sul-americano, título que foi confirmado em Maresias após as derrotas de Jesse Mendes e Michael Rodrigues.

Festa no pódio, esq. p/ dir.: Jihad Khodr, Yago Dora, Paul Cesar Distinguin e Alex Ribeiro.

Yago Dora, de 18 anos, conquistou um bom resultado através dos seus aéreos.



POR TRÁS DAS ONDAS PERNA BRASILEIRA - OCEANO CATARINA PRO

MICHAEL RODRIGUES ENCAIXADO NA VALA DA JOACA

Fotos: Daniel Smorigo/ASP

Michael Rodrigues aproveitou que o campeonato rolou nas ondas onde ele treina e se acertou na vala para mandar os aéreos.

A praia da Joaquina recebeu a primeira etapa da perna brasileira que rendeu preciosos pontos e prêmios para os surfistas do país. O palco que já viu Shane Dorian, Fabio Gouveia, Neco Padaratz, Travis Logie, Jojó de Olivença e outros grandes nomes serem campeões, coroou o prata da casa Michael Rodrigues, de 20 anos, que venceu Santiago Muniz na final. ---- por LUÍS FILLIPE REBEL A cidade de Florianópolis, uma das mais surf do país, voltou a receber campeonatos importantes na praia da Joaquina: o Pro Junior em 2013 e o 6-Star Oceano Catarina Pro em 2014, que teve como campeão Michael Rodrigues. “Foi inexplicável, pois além de ser uma praia com tanta história, é também o lugar onde treino constantemente e que, com certeza, vai ficar marcado pelo resto da minha vida. Todas as pessoas que eu conheço estavam presentes e torcendo por mim!”, disse o primeiro colocado. Os catarinenses sempre abraçam esses eventos e curtem muito do início ao fim. Michael também fez questão de destacar toda a atmosfera da praia: “É um lugar que merece muito! Além de ser muito surf, é muito bonito e com altas ondas. Com esses eventos acontecendo bem perto do verão, a vibe fica outra. A praia lotada de pessoas bonitas que admiram o surf de verdade. Na final, depois que a buzina tocou, eu olhei para praia e vi que tinha vencido, não deu para acreditar! Tinha muita gente, todos queriam falar comigo e tirar uma foto. Foi demais!”

Michael Rodrigues, Santiago Muniz e Tomas Hermes no pódio.

Tomas Hermes conquistou mais um importante resultado em 2014.



NA MEDIDA O carioca JOCA SECCO começou a trabalhar com pranchas nos anos 80, quando ainda era surfista profissional. Alguns anos mais tarde, em parceria com outros dois shapers, Ricardo Martins e Claudio Hennek, surgiu a Wetworks. Os três amigos queriam desenvolver não só o shape, como também todo o processo de fabricação e métodos com uso de materiais exclusivos. Obcecado por qualidade, design e desempenho dos surfistas, Joca se especializou em pranchas de alta performance e hoje é considerado uns dos melhores shapers do mundo. A lista de surfistas que já brilharam com suas pranchas é extensa. Em especial, o tube rider BRUNO SANTOS, que dispensa comentários e surfa com seus foguetes em todos os tipos de ondas.

BRUNO SANTOS POR JOCA SECCO

JOCA SECCO POR BRUNO SANTOS

Minha parceria com o Bruno começou junto com o que chamo hoje de “Dream Team”, que era formado por ele, Leandro Bastos, Anselmo Correa, Pedro Henrique e Guga Fernandez. Bruno é um surfista único! As principais características dele que gosto de explorar em seus designs é a técnica de andar dentro da onda, entubar e ficar lá por mais tempo possível. Mas não se enganem, pois ele surfa muito ondas pequenas de high performance, batidas, curvas, aéreos... Nosso trabalho flui de forma muito tranquila e nossa sintonia é muito grande. O Bruno me fala como quer surfar e vou adequando seu equipamento para que possibilite ele chegar a seus objetivos. Todo surfista de alto nível é exigente, principalmente aquele que surfa as ondas mais perigosas do mundo e se coloca sempre na situação mais extrema, então, seu equipamento tem que acompanhar seus reflexos. E assim nossa parceria tem dado muito certo. Normalmente ele gosta de pranchas entre 5’8/5’9. Na temporada passada, fiz umas com mais área no bico e ele adorou, rabetas Round e Round Squash com fundo Concave e Double Concave sempre. E agora, para 2015, hoje mesmo ele me pediu pranchas para o Hawaii e a maior foi 6’7 para pegar Pipe terceiro reef… Depois disso, ele passa para Waimea Gun… Vou continuar atendendo suas necessidades, como e aonde quer colocar a prancha na onda.

Comecei a parceria com o Joca quando eu tinha 14 anos. Era patrocinado pela Company e a esposa dele, chefe de equipe na época, me apresentou a ele durante uma etapa do Circuito Carioca no Arpoador. Trocamos umas ideias e encomendei uma prancha. O Joca é um dos melhores e sempre achei que meu surf combinava com o estilo de suas pranchas. Com tantos anos de parceria, essa relação só foi aumentando e ele está diretamente envolvido na minha evolução. Além disso, hoje converso mais com ele sobre as ondas que quero surfar, pois é tanta confiança que acabo pedindo apenas o tamanho e o resto fica por conta dele. Meu quiver vai de 5’6 a 6’8 que uso de acordo com a trip que vou fazer. Mas uma das últimas pranchas mágicas que tive foi uma 5’9 round com a borda preta que levei para o Tahiti duas vezes e para a Indonésia umas três, entre outras viagens. Com certeza foi com ela que peguei mais tubos na minha vida! No momento estamos trabalhando uns modelos diferentes que tenho usado bastante na Indonésia. São pranchas menores com a rabeta round e o bico mais largo, muito boas para os tubos. Mesmo sendo pequenas, como têm o bico mais largo e são um pouco mais grossas, elas ficam com boa remada e são muito boas para ganhar velocidade dentro dos tubos. Agora em 2015 vou participar de alguns eventos de tubos e viajar atrás das melhores ondas para produzir imagens para meus patrocinadores.

5’9 x 18 1/4 x 2 1/8 x 24,5L Round Pin Quadriquilha

Henrique Pinguim/Liquid Eye.

Bruninho num belo tubo na Indonésia.

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a B BooNaiigghhttards g Abwe ddaa rlN finlo SurG da o W ASPFest 68

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Durante o evento Prime de Maresias, a Globe fez um festão para o lançamento de “Strange Rumblings In Shangri La”, o melhor filme do ano de surf de alta performance que, com uma fotografia deslumbrante, documenta uma inesquecível jornada ao redor do mundo em busca do santo graal do nosso esporte. Das águas geladas da Islândia à beleza tropical de Moçambique, das praias de sonho francesas às ilhas exóticas da costa do Brasil até o tubo mais profundo da Indonésia.

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01 - Sonzeira na festa. 02 - Um pouco do “estilo Globe” nas paredes. 03 - Thiago Camarão, o fotógrafo Binga e Jonathan. 04 - Aí que calor... 05 - Loiras, ruivas, morenas, loiras... Muitas gatas! 06 - Quanta felicidade! Alemão, Beatriz Cordeiro, Tamie e amiga. 07 - Alguém sabe o nome das gatas? 08 - Letícia, Isa e amiga. 09 - Dupla de sucesso: DJ Asma e DJ King. 10 - Rudney, Fabio Guska, Paulinho e camaradas. 11 - Miguel Pupo com seu brother de Maresias. 12 - Vitor Mendes e Wesley Santos com um amigo. 13 e 14 - Swell de loiras! 15 - Quanta simpatia... Cacá Mitelo, Talita e Bruna. 16 - Difícil escolher quem é a mais gata! 17 - Luisa Mund, Mari D’Ávila e Rudney. 18, 19 e 20 - “Strange Rumblings In Shangri la” bombando em Maresias. 21 - Casal 20. 22 - Rafa Alves e Cintia Folco. 23 - Nova geração do surf. 24, 25, 26 e 27 - A festa bombou a noite inteira! 28 - Pedro Scooby, Jé e Rudney. 29 - Thiago Camarão com os gringos. 30 - Lu Galvão e amigas. 31 - Paulinho Vilhena, Daniel Cortez e amigo. 32 - Difícil foi ir embora da festa com tanta mulher bonita!

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90º

270º

180º

Kerrupt Flip, Stalefish, Slob, Full Rotation... Hoje existe uma incontável variação de grabs e rotações incorporados ao surf de alta performance. Desde a sessão com Marcos ‘Sifu’, Wellington ‘Gringo’ e Rodrigo ‘Sino’ no filme Lombrô 3 do videomaker Rafael Mellin em 2003, um marco no início do movimento dos tricksters no Brasil, os aéreos não pararam de evoluir e ganharam destaque no cenário nacional. Os voos passaram a fazer parte do dia a dia das praias brasileiras que produzem em série aerealistas para representar a nossa bandeira mundo afora. Assim, quando se fala nesse assunto, logo vem à mente nomes como Gabriel Medina, Filipe Toledo e Yago Dora. Mas a intenção da Surfar é ir além desses grandes nomes ao apresentar uma galera que tem como objetivo principal acertar manobras jamais realizadas no surf. Uma lista com diferentes tipos de especialistas em aéreos do Sul ao Nordeste, desde os tricksters com a cena underground até os surfistas que buscam voar a todo o momento e levam os tricks para as competições. A certeza é que durante essa matéria os seus olhos estarão sempre voltados para cima do lip. ––––– por LUÍS FILLIPE REBEL


O trickster vive e surfa para voar e inovar, fazer o surf aprender com o filho moderno: o skate.

Arq. Pessoal/ Jo達o Portuga

DANIEL CORTEZ, UM DOS PIONEIROS DA CENA DE TRICKS NO BRASIL.

Gustavo Schlickmann olhando a onda pela perspectiva que mais gosta: bem acima do lip.

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Regi ão S u l A evolução do surf deu um salto com o surgimento dos tricks influenciados pelo skate. Assim, Florianópolis representa muito bem o cenário dos aéreos devido à forte união entre surfistas e skatistas, onde o tetracampeão mundial no bowl, Pedro Barros, está sempre voando dentro d’água e

o freesurfer Ricardo Wendhausen é fera sobre rodinhas. Além de Riquinho, a cidade conta com grandes tricksters como Gustavo Schlickmann, Daniel Kuerten, Yuri Castro e Marlon Klein. O Etam Paese, de Curitiba, e Alan Fendrich, de Balneário Camboriú, também são importantes representantes da região Sul. James Thisted

Aéreos muito impressionantes de backside são uma marca registrada de Riquinho.

RICARDO WENDHAUSEN

Riquinho, um dos caras mais

26 ANOS

undergrounds do surf, é dono de

FLORIANÓPOLIS - SC

um estilo único e aéreos como o

LOST

540 Rodeo Clown. A influência do

TIRUS SURFBOARDS

skate é tão grande que, às vezes, é mais fácil encontrá-lo em pistas e

BACKSIDE RODEO CLOWN

bowls do que na água.


Osvaldo Pok

O trickster vê a onda como uma rampa e, se ela ficar g o r d a , e l e d á o v a r i a l a o i n v é s d o c u t b a c k . ÍCARO RODRIGUES

Alan começou a tentar o Coco Wrap como se estivesse em uma moto. Agora, ele está tentando completar a manobra com uma volta a mais.

Alan alcançou reconhecimento mundial quando criou o Coco Wrap, uma variação do Shrink Wrap com o Sushi Roll. O aéreo venceu o prêmio de melhor

ALAN ‘COCO’ FENDRICH 27 ANOS ALAN FENDRICH IDADE: BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC LUGAR: VOLCOM PATROCÍNIO: BERNARDO PORTO AÉREO PREFERIDO: SURFBOARDS

manobra do mês da Surfline duas vezes em 2012.

COCO WRAP

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Arq. Pessoal/ João Portuga

Regi ão S u l

Schlickmann mandou muito bem nos campeonatos amadores usando seus voos. Quando profissional, ele largou as competições e ganhou destaque no free surf com o vasto arsenal de aéreos que possui.

GUSTAVO SCHLICKMANN 26 ANOS FLORIANÓPOLIS - SC NENHUM SCHLICKMANN SURFBOARDS, AESTHETIC ART E CASA DAS PRANCHAS TODOS. O QUE IMPORTA É VOAR

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Mais um aéreo alto de Gustavo Schlickmann. Dessa vez, um Frontside Grab 360 Reverse.


São Paulo Pioneirismo e inovação, a maior parte da história dos aéreos no Brasil foi escrita em São Paulo. Quando se fala nos tricksters, logo se pensa no forte cenário underground de Santos e Guarujá. Os santistas Rodrigo ‘Baby’, Cristiano ‘Pinguim’, Daniel Cortez, Rodrigo ‘Sino’ e Wellington ‘Gringo’

estão entre os principais percussores desse estilo no país e lutaram pela consolidação dos tricks na mídia. Já o Guarujá tem como destaque Ícaro Rodrigues, Rodrigo Generik e Murilo Graciola. A partir daí, a cena se espalhou até o litoral norte, e você comprova isso ao assistir caras como Thiago Camarão e Matheus Toledo em ação. Marcio Canavarro

Considerado por muitos o melhor do Brasil em aéreos técnicos, Ícaro sabe da importância de valorizar o clássico No Grab reto.

Quando se pergunta sobre os

ÍCARO RODRIGUES

melhores aerealistas do Brasil, o

25 ANOS

nome de Ícaro aparece em todas

GUARUJÁ - SP

as repostas. O guarujaense tem um

NENHUM

dos repertórios mais completos do mundo em termos de grabs

ACHILE CERULLO SURFBOARDS, MONSTER ENERGY, WANTED DREAM, SKULLCANDY E WIDEX TRAVEL

e rotações.

FULL ROTATION


Paula Costa

É incrível como Generik consegue levantar voos altíssimos em ondas cheias.


São Paulo

RODRIGO GENERIK 27 ANOS GUARUJÁ - SP ONBONGO HARD WAVE SURFBOARDS E ETNIES KICKFLIP

O primeiro brasileiro a completar um flip no surf, Generik é sinônimo de trickster. Conhecido pela habilidade para andar de switch stance, ele busca inovações através do skate e se amarra no cenário urbano.


Arq. Pessoal

São Paulo

Slater usou o mesmo grab da foto maior para completar o 540.

WELLINGTON ‘GRINGO’ 32 ANOS SANTOS - SP NENHUM

Everton Luis

Frame/ Hurley

Gringo foi inspiração para muitos tricksters brasileiros. Ele não para de se renovar e segue tentando manobras jamais executadas.

NEW CULTURE, WANTED DREAM, FU WAX, XCEL, 1981 SKATE E LEMONDE TURISMO

BACKSIDE VARIAL NO GRAB

Daniel Cortez manda tão fácil esta manobra que por onde passa é chamado de Mr. Varial.

DANIEL CORTEZ 39 ANOS SANTOS - SP VOLCOM NENHUM

VARIAL

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Alexander Ruas

Burns mandando um Indy Grab.

FÁBIO ‘BURNS’ 31 ANOS SANTOS - SP NENHUM INFLUENCE VIDEOS

SHOVE IT

Arq. Pessoal/ Roberto Grandini

O Nast e o Burns eram uma referência para mim no estilo de surf e lifestyle punk. Na época, eu apenas tinha visto c a r a s a s s i m e m f i l m e s c a l i f o r n i a n o s . WELLINGTON ‘GRINGO’

Nast tem facilidade para os aéreos de backside.

GUSTAVO NASTASI 33 ANOS SANTOS - SP NENHUM RB SURFBOARDS

FULL ROTATION

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Ri o de Ja n eiro radicado no Rio), Marcelo ‘Trekinho’, Pedro ‘Scooby’ e Tiago Arraes, que hoje é o trickster mais ativo da cidade ao espalhar seus Supermans nas ondas cariocas. Ainda tem o novo integrante que carrega um nome de peso, Dávio Figueiredo. O filho de Dadá traz toda a contracultura do pai, que influenciou o estilo underground dos tricksters. Se você estiver pela praia de Ipanema e olhar para cima, é bem capaz de ver Tiaguinho mandando o Superman ou alguma variação dele.

Pedro Fortes

A maior surf city do Brasil não poderia ficar “presa ao chão”. Com ondas fortes e buracos que facilitam os voos altos, mas dificultam muito as aterrissagens, Marcos ‘Sifu’ e Guilherme Tripa escreveram um capítulo à parte na evolução dos aéreos. Também é impossível se esquecer de Léo Hereda (baiano

TIAGO ARRAES

O “superman” do Rio de Janeiro

27 ANOS

une bastante as manobras que

RIO DE JANEIRO - RJ

assiste no motocross à sua mente

LOST

criativa para buscar sempre o

JANGA WETSUITS

diferente. Atualmente, ele se dedica à variação do Superman

SUPERMAN

com o flip.


Luiz Blanco

Provavelmente 90% das pessoas vão dizer ‘esse cara desperdiça a onda inteira para aproveitar um momento’. E 10% vão chegar para você e falar: ‘Que aéreo animal maluco!’. Muita gente vai te criticar por isso, mas ‘foda-se’, o trickster quer acima de tudo s u r f a r d o j e i t o q u e e l e g o s t a . TIAGO ARRAES

O primeiro no mundo a acertar o Kerrupt com perfeição quer expandir ainda mais a manobra e completar o Kerrupt Flip 720.

A evolução dos aéreos no Brasil

MARCOS ‘SIFU’

passa por Sifu. Sendo um dos

34 ANOS

percussores do país, ele teve

RIO DE JANEIRO - RJ

destaque internacional ao abrir

VOLCOM

o Campaign 2 de Taylor Steele

SNAPY SURFBOARDS E BULLYS

por ser o primeiro a acertar com precisão o Kerrupt Flip.

KERRUPT FLIP


Manoel Campos

R i o de Janei r o

LÉO HEREDA 29 ANOS SALVADOR - BA NENHUM EDGO SURFBOARDS E HEREDA SURF HOSTEL SUPERMAN

O baiano é sempre lembrado quando se fala na cena carioca devido aos seus aéreos altíssimos. Segundo ele, o tow out ajuda muito a treinar as rotações.

André Portugal

Dávio representa a nova geração underground carioca. O garoto anda de skate, tem uma banda de rock, carrega o estilo punk do pai e não para de evoluir nos aéreos.

DÁVIO FIGUEIREDO 18 ANOS RIO DE JANEIRO - RJ LOST DADÁ FIGUEIREDO SURFBOARDS, EVOKE, BAR399 E BAJA BARRA

NO GRAB FULL ROTATION

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SUL ão Nor deste Regi nordestinos, portanto não se espante se você ver Junior ‘Lagosta’, Halley Batista, Messias Felix, Heitor Alves, Ítalo Ferreira e Gabriel Farias se juntarem durante a janela de espera de um campeonato para dar o máximo nos aéreos e, assim, surpreender nas baterias.

Gabriel Farias prefere mandar os aéreos de backside. Mas quando a rampa se forma para a direita, ele também sabe variar muito bem, como nesse Slob Air.

Gabriel foi muito criticado até

GABRIEL FARIAS

pelo pai por “perder a onda

19 ANOS

inteira” para aprender a mandar

PORTO DE GALINHAS - PE

os aéreos. Mas ele nem ligava,

SEAWAY

queria voar de qualquer jeito e

TECCEL, WAVE GRIP E SUNSET TEMAKERIA.

quando passou a acertar nunca mais parou.

BACKSIDE FULL ROTATION

Clemente Coutinho

Os constantes ventos que sopram no Nordeste transformam o estado em uma fábrica de especialistas em aéreos. A atitude underground não é tão presente entre os aerealistas da região, mas eles têm os tricks na manga e buscam sempre as inovações. Hoje os voos estão no sangue dos


MESSIAS FELIX

O bicampeão brasileiro de

28 ANOS

surf Messias Felix é o exemplo

FORTALEZA - CE

de aerealista nordestino que,

NENHUM

mesmo focado nas competições,

MELQ FERREIRA PREPARADO FÍSICO, CLÍNICA POSTURE, NEGREIROS GASTRONOMIA, CT WAX, DRAGON ALLIANCE, CDC ARAGUA E LUCIANA RADEKE NUTRICIONISTA.

sempre se dedica a mandar os

KERRUPT FLIP

aéreas no pé. Frame/ Tchô Mondego

tricks e tem todas as manobras

Com esse Shrink Wrap, Messias entrou na série Punt of The Month da Surfline, prêmio que elege a melhor manobra do mês.

Os tricksters são uma base para nós que somos da competição. É uma galera que tem mais tempo livre para arriscar e inovar. Fica mais fácil conseguirmos evoluir nos aéreos vendo eles i n v e n t a n d o p r i m e i r o . MESSIAS FELIX

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SUL ão Nor deste Regi

Para mim é mais fácil mandar um McTwist do que uma b a t i d a , u m K e r r u p t d o q u e u m a r a s g a d a . J U N I O R L A G O S TA

Iaponã / Neuronha

Esse é o lema de Junior ‘Lagosta’: bico para cima e “Go Air!”

Com muita elasticidade

JUNIOR ‘LAGOSTA’

e uma base perfeita nos

25 ANOS

aéreos, Lagosta volta

IPOJUCA - PE

muito fácil de manobras

NENHUM

como o Kerrupt Flip

FIRST GLASS, VECTRO, D´KOCO e BAR DO MARCÃO

e o Mctwist.

MCTWIST


Vo o s da el it e e cada vez mais é necessário ter as variações na manga para ser um integrante do WCT, principalmente porque os beach breaks do WQS são perfeitos para os voos. Isso resultou na tão falada tempestade brasileira, onde Gabriel Medina, Filipe Toledo, Miguel Pupo, Jadson André e o novo integrante Ítalo Ferreira são especialistas no assunto.

SergioRio

“Os tricks foram incorporados para o competidor, que sempre foi um atleta e isso ajuda muito o cara a ter um desempenho melhor. Eles acabaram até superando os tricksters em potência e regularidade, mas ainda não em criatividade”, destacou Marcos ‘Sifu’. Os aéreos entraram de vez nos campeonatos

Entre as baterias do Billabong Pro Rio, Filipinho não deixou de arriscar manobras aéreas como esse Crazy Spin durante o free surf em Grumari.

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Acho que os tricks iam deixar os locutores e juízes com um nó no cérebro (risos). O Filipe Toledo está dando um show nas baterias e era isso que faltava, as manobras modernas.

James Thisted

ALAN ‘COCO’ FENDRICH

Quando entrou no WCT, Gabriel deixou todo mundo em choque por voltar constantemente dos aéreos com diversas variações como esse Alley-Oop.

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Para fechar a matéria, Yago Dora! O paranaense radicado em Santa Catarina ainda não faz parte do WCT, mas constantemente ganha destaque internacional através dos seus aéreos. E se você quer saber como é um Stalefish, olhe bem esta foto porque ele sabe mandar com perfeição.

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Tom Carey

Essa é a parte mais legal dos aéreos. Quando você consegue colocar um no pé, já quer aprender outro. Assim cada surfista p u x a o n í v e l d o o u t r o . YA G O D O R A

Fotos de perfil: James Thisted, Osvaldo Pok, Márcio Canavarro, Diego Motta, Rodrigo Metrinho, Larissa Rios, Sergio Rio, André Portugal, Clemente Coutinho, Carlos Muriongo.




Um dia de Alfa Barra pesado, com ondas de 10 pés, e só surfistas de tow in no outside. Entrei nadando, tomei várias bombas na cabeça e fiz essa foto do Trekinho, uma das maiores ondas que já registrei de dentro d’água no Brasil.


PORTFOLIO

“Mais do que fotos, experiências de vida!”

O carioca PEDRO TOJAL é considerado um dos melhores fotógrafos de surf do mundo. Staff da Surfar desde o nascimento da revista, ele viaja o planeta em busca das ondas mais tubulares e perfeitas. Tojal, como é conhecido, costuma passar meses nos destinos escolhidos para as reportagens. Imergido na cultura local, sempre apresenta uma visão mais realista dos lugares visitados, nem que para isso ele tenha que acampar em ilhas desertas ou no meio da selva. Ele diz que os “perrengues” nos aproximam da realidade local e fazem as histórias ficarem mais interessantes. Além dessas experiências de vida, Tojal sempre volta das trips com fotos que misturam arte com ação e fazem com que os leitores da Surfar tenham uma visão que somente os surfistas conhecem. 93


NASCIDO: 04/08/1982 CIDADE NATAL: Rio de Janeiro RESIDÊNCIA: Seis meses na Indonésia, três meses no Hawaii e o resto do ano entre aeroportos e o Rio de Janeiro TEMPO DE FOTOGRAFIA: 14 anos EQUIPAMENTO ATUAL: Câmera Nikon D7100, caixa estanque Del Mar Housing e algumas lentes, sendo que a favorita é uma fisheye 10.5mm. MELHORES PICOS PARA FOTOGRAFAR: Qualquer lugar que tenha tubo e pouco crowd... Meus 10 favoritos são o Alfa Barra, Apocalipse, El Gringo, Greenbush, Grower, Off The Wall, Puerto Escondido, Teahupoo, The Box e um secret na Polinésia Francesa. CAPAS PUBLICADAS: Mais de 40 capas, sendo que 16 delas na Revista Surfar. INFLUÊNCIA: Scott Aichner está no topo de uma lista grande de referências na fotografia de surf SITE E REDES SOCIAIS: Minhas fotos podem ser vistas no site, Facebook e Instagram da Surfar.

O COMEÇO Desde muito pequeno, eu fui acostumado a ficar dentro d’água. Meu pai, que além de jornalista é velejador e mergulhador, sempre fez questão de me ensinar sobre os oceanos. Aos três anos de idade, nós já velejávamos juntos e não demorou muito para ele me apresentar ao fundo do mar. Com o tempo passei a fazer caça sub, mergulhos profundos, surf, até que cheguei à fotografia, a minha grande paixão. Todo esse contato com a água salgada me ensinou sobre os principais quesitos para se trabalhar dentro do mar: conhecimento sobre os oceanos, respeito à natureza e tranquilidade psicológica. Dominando esses fatores, eu não precisei ser um atleta para encarar condições extremas, muito pelo contrário, só faço exercício quando estou fotografando.

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A fotografia aquática entrou na minha vida em 2000, quando eu surfava diariamente com um amigo chamado Daniel. Um dia ele chegou com uma câmera descartável à prova d’água e propôs: “Cada um pega três ondas e o outro fotografa, depois trocamos até o filme acabar”. As fotos que eu fazia dele ficavam boas, mas as que ele fazia de mim ficavam horríveis. Cansado de gastar dinheiro com câmera e revelação, pensei: “Ou eu sou péssimo surfista ou tenho algum dom para fotografar!” Preferi acreditar que tinha talento como fotógrafo e investi em uma câmera digital de bolso da Sony (P-93), que era a única da época que possuía caixa à prova d’água. Naquele ano, os fotógrafos profissionais ainda trabalhavam com câmeras de filme e viam esse tipo de máquina como um brinquedo, mesmo sendo uma das inovações dos anos 2000.


Cart達o-postal. Laje de Ipanema, no RJ.

Vis達o do tubo. Pedro Manga, em Teahupoo.

El Gringo nervoso. Ian Cosenza, no Chile.

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Píer da Barra emoldurado pelo lip da onda.

A CAMERA DE BRINQUEDO Incrivelmente a P-93, que todos chamavam de brinquedo, era capaz de fazer fotos nítidas e com aspecto profissional. A explicação estava na qualidade ótica utilizada pela Sony, que montou essas câmeras com lentes Carl Zeiss, uma das melhores do mundo. O único defeito desse modelo era a falta do modo sequência, então, eu só podia fazer três clicks por onda: um do drop, outro da cavada e o último do tubo ou manobra.

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Essa limitação da câmera acabou me ajudando na questão do “time” e posicionamento dentro d’água. Sempre que um surfista pegava uma onda, eu já tinha que prever onde seria o momento mais bonito para assim poder me posicionar e clicar no lugar certo, já que a máquina demorava muito entre um click e outro. Só como exemplo, minha câmera atual faz seis fotos por segundo, enquanto essa Sony fazia apenas uma por segundo.


Final de tarde na Reserva, RJ. Dia clássico na Barra da Tijuca.

Je Vargas no Alfa Barrels, onde tudo começou.

Entre 2001 e 2006, o Rio de Janeiro foi meu cenário e eu encarava qualquer tipo de mar com a P-93, não importava o tamanho das ondas. O resultado das minhas aventuras com a “xeretinha”, apelido carinhoso da câmera, era publicado no meu instinto site Zona Surf. Os visitantes eram surfistas cariocas e o boca a boca sobre a qualidade das fotos fez com que jornais e revistas começassem a solicitar meu trabalho.

Naquela época, poucos fotógrafos faziam imagens aquáticas do Rio e essa perspectiva única da Cidade Maravilhosa começou a me ajudar a ser reconhecido no mundo da fotografia e entre os veículos de comunicação. Esse foi um momento decisivo na minha carreira, pois mesmo eu cursando uma faculdade e trabalhando em uma agência de publicidade, ainda tinha dúvidas sobre qual caminho seguir e essa demanda pelas minhas fotos me ajudou a tomar uma decisão.

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CHILE - A 1ª TRIP COMO FOTÓGRAFO Eu aprendi os fundamentos básicos de fotografia na faculdade de comunicação. Assim que me formei na ESPM, em 2006, vendi meu carro, comprei uma passagem de ônibus Rio x Arica e pedi demissão da agência que trabalhava. Eu já sabia que escritório e vida de cidade grande não eram as opções que queria para mim. Junto com meu amigo Daniel, parti rumo ao Chile para fazer a minha primeira trip internacional como fotógrafo. Meu objetivo era registrar El Gringo, uma onda extremamente perigosa e conhecida como a Pipeline chilena.

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Depois de 120 horas viajando, cheguei a Arica e fui direto registrar a final do campeonato chileno de surf. Os locutores falavam mais de mim do que sobre a competição. “Quem é o louco que parece uma foca, com roupa de mergulho e câmera de brinquedo?”, diziam eles. No fim do evento, passei um CD com o material para o pessoal da organização. No dia seguinte, fui surpreendido com uma foto minha na capa do jornal chileno. Ironicamente, escolhi Arica pelos tubos e a minha primeira capa internacional foi de uma rasgada.


ESTREIANDO NO HAWAII Depois do Chile ainda fiz algumas viagens com a “xeretinha”, inclusive a minha primeira temporada havaiana. Os surfistas e fotógrafos locais não acreditavam quando me viam em Pipe, Backdoor, OTW e Waimea com aquele equipamento. Várias vezes ouvi xingamentos por causa da câmera, mas sempre que eu partia para cima os caras “amarelavam”. Era constrangedor entrar nos mares com a “xeretinha”, porém eu sabia que podia fazer boas fotos. Na época, as câmeras digitais profissionais eram novidades muito caras e eu me virava como podia.

A disposição que eu tive na época me ajudou a superar a limitação do equipamento. Mesmo com uma “câmera de brinquedo”, eu consegui vender fotos dessa temporada para revistas e marcas de surf. Apesar dessas publicações, eu sabia que precisava de uma lente olho de peixe para fazer ângulos diferenciados. Procurei por câmeras profissionais, mas eram caríssimas. Depois de muita pesquisa, achei uma solução improvisada, mas que me permitiu fotografar os surfistas bem mais de perto.

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Coco Nogales, Puerto Escondido.

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Felipe Cesarano, capa da Surfar #5.

PORTFOLIO

Alfa Barrels, o estúdio de testes.

Gustavo Cavalcante sendo cobaia da “Âncora”.

A PRIMEIRA FISHEYE MÉXICO – A PRIMEIRA FISHEYE Essa foi a primeira caixa adaptada para a lente olho de peixe que usei. Fiz essa adaptação e testes no Rio usando um chuveiro, durepox, cola e parafusos. O único problema era o peso, tanto que a caixa ganhou o apelido de “Âncora”. Cheguei a fazer trips para o México e Hawaii com esse equipamento. Depois de quase me afogar diversas vezes, tomei vergonha na cara e comprei uma câmera profissional com uma caixa estanque de verdade.

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Já em posse de uma caixa estanque de qualidade e uma câmera profissional, ficou mais fácil trabalhar. Diego Silva, no estúdio Alfa Barrels.

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O MELHOR ESTÚDIO DO MUNDO Uma pergunta que sempre me fazem é: Qual o melhor lugar para fotografia aquática do mundo? Para mim o Tahiti é o melhor de todos e os motivos são simples. O mar é azul, a água é quente, o clima é tropical, as ondas são perfeitas, tem pouca gente e é certo que o sol vai brilhar em algum momento do dia, já que as nuvens não param nessa ilha perdida no meio do Pacífico Sul. Além dos fotógrafos de surf, diversos outros profissionais visitam o arquipélago para fazer fotos publicitárias. Quem nunca viu aquelas propagandas com ilhas desertas, coqueiros e mar azul? Pois é, provavelmente essas fotos foram feitas lá!

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Duas das minhas ondas favoritas para fotografar se encontram na Polinésia Francesa. Teahupoo, que eu considero a onda mais perfeita do mundo por quebrar sempre no mesmo lugar e com qualquer tamanho, é o paraíso para os fotógrafos que podem trabalhar dentro d’água ou nos barcos que ficam bem pertinho da bancada, proporcionando uma visão lateral rara de se conseguir em picos de surf com ondas extremas. Atualmente é um dos lugares mais procurados pelos big riders e, consequentemente, por dezenas de fotógrafos que lotam o canal em dias de ondulações grandes em busca do melhor click.


Secret spot em algum lugar da Polinésia Francesa.

Stanley Cieslik em Teahupoo, a onda mais perfeita do mundo.

Vencedor do Prêmio Pulso do canal OFF, como melhor fotógrafo de ação do Brasil.

No entanto, é em outra ilha polinésia que se encontra uma das ondas mais raras e tubulares do mundo. Uma direita longa, com cinco seções de tubo, que precisa de uma combinação exata de vento e swell para quebrar. Costumo comparar essa onda com Desert Point, só que para a direita e mais pesada, inclusive uma das seções é conhecida como “Hospital Bowl”. A bancada faz uma curva tão grande que às vezes a onda começa com vento maral e termina com terral. Os surfistas locais proíbem qualquer tipo de registro do pico e preservam esse lugar como uma joia rara.

Quando fui lá pela primeira vez, eu não sabia sobre a proibição das câmeras e sem perder tempo corri para dentro d’água. No outside, vi um taitiano pegar um tubão azul e sem hesitar fiz a foto. O cara era o maior local da área e voltou gritando: “Não pode fotografar aqui!”. Na hora, mostrei a foto para ele e disse que jamais explanaria o nome do lugar. Para minha surpresa, ele sorriu, pediu a foto para fazer um quadro e disse duas frases que levo para minha vida: “Guarde seus tesouros em segredo e só assim eles se manterão intactos... O que não é conhecido, não é cobiçado!”.

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Backdoor e as cores mágicas do pôr do sol havaiano. Uma visão geral da ação em Pipeline.

HAWAII – ENTRE O CÉU E O INFERNO O Hawaii é o berço do surf e com isso milhares de surfistas e fotógrafos buscam no arquipélago a onda e a foto da vida. Minha primeira temporada havaiana como fotógrafo foi em 2007 e, desde então, nunca deixei de passar um inverno por lá. Todo ano regresso, mesmo sabendo que vou me estressar com outros fotógrafos, que irei tomar muita onda na cabeça e que corro riscos de me machucar ou até morrer. O Hawaii é como uma droga! Aquela adrenalina de entrar no mar grande ou a sensação de passar por ondas pesadas acaba se tornando um vício. Mesmo com crowd, estresse e riscos, eu continuo amando o North Shore.

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Pipeline é a onda mais cobiçada do mundo e certamente a que mais foi fotografada na história. O localismo não é apenas de surfistas, lá também existe o localismo de fotógrafos. Já cansei de discutir com outros profissionais por questões de posicionamento ou preferência na hora de fotografar um atleta específico. Quando entro na água, eu não falo com ninguém, gosto de ficar concentrado e sei que se eu der brecha os havaianos “crescem para cima”. Então, eu fico de cara fechada, faço meu trabalho, tento não atrapalhar ninguém e respeito todos, principalmente o mar, já que é ele quem manda. Já vi muito cara que se acha “fodão” se quebrar todo por lá.


PORTFOLIO

Pipeline em dia de ondas grandes é um dos maiores desafios para os fotógrafos aquáticos.

Existem linhas imaginárias em Pipe que determinam aonde cada fotógrafo vai ficar. Aqueles que usam lentes objetivas (o popular zoom) ficam mais no canal, sempre alinhados para um não atrapalhar a foto do outro. Os fotógrafos que usam lentes “olho de peixe” ficam mais perto da ação e disputam braço a braço o melhor ângulo. Os havaianos acabam tendo a prioridade, já que estão trabalhando com os surfistas locais, que pegam 99% dos tubos. Os fotógrafos do Brasil que buscam registrar os conterrâneos acabam sofrendo, já que ficam horas “tomando na cabeça” esperando um brasileiro conseguir pegar uma onda.

Off The Wall acabou sendo um refúgio para os brazucas no Hawaii. As ondas não são tão perfeitas e a maioria fecha, porém os tubos são tão largos quanto Pipe e Backdoor. Para os surfistas isso é ruim, mas para nós fotógrafos isso não é problema, já que buscamos por momentos perfeitos e não ondas abrindo. Nas minhas primeiras temporadas, eu fotografava praticamente sozinho ali. O Manga e o Gordo sempre iam para lá quando cansavam de disputar ondas em Pipe e sobrava para mim a missão de fotografar e tomar as “bombas na cabeça”. Hoje OTW já está crowd, mesmo assim continua sendo meu pico favorito no Hawaii.

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Gabriel Pastori fugindo do crowd em Off The Wall, um estúdio para fotos aquáticas com tubos largos e cores incríveis.

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Eric de Souza em Nias, uma das melhores ondas para a fotografia aquática na Indonésia.

INDONÉSIA - A SEGUNDA CASA Dizem que surfar é como fazer sexo com o oceano, então pegar um tubo seria o orgasmo máximo! Agora, imagina gozar por um minuto? Na Indonésia é possível, pelo menos se você é surfista. Com bancadas perfeitas, esse é o lugar para quem gosta de ondas tubulares. Como eu sempre busquei por isso, achei por lá amores salgados que não consigo largar. São paixões “apocalípticas” que passam por Greenbush e vão até o Grower. Costumo dizer que se as ondas fossem mulheres, a Indonésia seria o maior harém do mundo.

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Se para os surfistas a Indonésia é um paraíso, para os fotógrafos trabalhar por lá pode ser perigoso, já que as correntes são fortes e as ondas quebram em cima de corais afiados e venenosos. Mesmo assim vale o risco, já que os tubos e os cenários proporcionam fotos incríveis. Para minimizar as chances de acidente, eu sempre uso luvas e blusa de borracha para evitar cortes e machucados. Outro acessório que uso é a nadadeira de mergulho, que é mais longa e me ajuda a nadar melhor contra a correnteza.


A boa relação com os locais permitiu que a Surfar realizasse o primeiro campeonato da história de Desert Point.

PORTFOLIO

A visão do bangalô da Surfar no Grower.

Um mês acampado em Apocalipse.

One Palm, a esquerda mais longa da Indonésia.

A minha base na Indonésia é Bali, por questões de logística. Na ilha consigo voos para qualquer lugar, tenho acesso à internet e consigo trabalhar em conexão direta com a redação da Surfar no Rio de Janeiro. Quando entra swell, eu sempre saio de lá, já que os principais picos da ilha ficam lotados de surfistas e fotógrafos. Como passo meses na Indonésia, eu já criei uma relação especial com o povo, principalmente o de Desert Point. Com as reportagens na Surfar, o turismo de brasileiros aumentou e isso leva dinheiro para a comunidade, que vive basicamente do surf.

Essa divulgação pode parecer ruim para alguns surfistas, porém para os locais é motivo de alegria e a chance de uma vida melhor. Além de movimentar a economia local, fazemos diversas doações e ensinamos as crianças a surfar, a cuidar do lixo e a falar inglês e português. A fotografia é uma arte que eterniza momentos, porém pode ser usada para fazer o bem e ajudar os outros. Através das fotos, eu pude ter experiências de vida que me fizeram ser uma pessoa melhor.

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Foram 16 capas publicadas na Surfar e, sem dĂşvida, esta ĂŠ uma das favoritas. Eric de Souza, no Grower.

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TOP

RETO PARA A PRAIA É preciso ficar na seção mais tubular da onda e bem colado na parede. Quando o surfista está quase chegando, eu miro reto para a areia e espero ele passar entre mim e a cortina de água para fazer o click. É preciso ter cuidado para não acertar a câmera na cabeça do surfista ou voltar com o repuxo. Esse ângulo é muito bom para fotos publicitárias que buscam mostrar camisas, bermudas, acessórios ou roupas de borracha.

VISÃO DO TUBO DE LADO Procuro ficar onde os tubos estão rodando. Quando o surfista bota para dentro, eu fico do lado dele, na parte da base, mirando reto paro o outside. Assim que ele passa por mim, eu estico a câmera e faço o click. Não viro a câmera para nenhum lado e boto o atleta no centro. Esse ângulo exige atenção, já que o surfista pode cavar demais e te atropelar. Esse ângulo também é muito bom para fotos publicitárias.

MEIA ÁGUA Pode ser utilizada em qualquer ângulo e dá um aspecto plástico para as fotos. Utilizo uma frente grande para a caixa estanque, o que facilita na hora de fazer a meia água. Deixar o fundo do mar tão claro quanto o lado de fora é quase impossível, já que as configurações são diferentes nesses ambientes. Caso queira fazer isso é preciso ir para lugares com águas rasas e claras ou utilizar um flash na parte submersa.

POR BAIXO D’ÁGUA É preciso entrar no mar com esse objetivo, já que a configuração da câmera é diferente quando fazemos fotos dentro e fora d’água. Outro fator que influencia na nitidez é o tipo de frente que usamos na caixa estanque. Se ela for esférica, as fotos não sairão nítidas. Para fazer essas fotos com nitidez é preciso uma frente plana. Um exemplo são as novas GoPros, feitas com frentes planas por esse motivo.


VISÃO DO TUBO POR DENTRO Fico bem perto e para baixo da área de drop, praticamente no caminho do surfista. Quando o atleta está cavando para o tubo, eu dou as costas para ele, fico na parte de cima da parede, miro a câmera para fora do tubo e assim que ele passa faço o click. É preciso ter sintonia com o surfista para não acertar a cabeça dele. Esse é o tipo de foto que mostra a visão que o surfista tem.

VISÃO DO TUBO POR BAIXO Esse ângulo exige que eu fique em baixo da seção mais tubular da onda. Quando o tubo começa a rodar, eu me posiciono na reta do lip e espero o atleta passar. Depois que ele passou, eu miro a câmera para as costas dele e faço o click, mostrando o caminho que ele está seguindo. Esse tipo de foto é difícil de fazer, já que eu fico na base da onda e normalmente a prancha levanta muita água na lente.

FRONTAL COM VISUAL Para fazer essa foto, eu fico no caminho que será percorrido pelo surfista. Não é preciso ficar muito perto do atleta, já que o objetivo é mostrar a onda e o visual. Essa é a foto aquática mais clássica e perfeita para mostrar o ambiente que está sendo registrado. Excelente ângulo para emplacar página dupla, já que o surfista fica de um lado e o visual do outro.

FRONTAL FECHADO Esse ângulo exige que eu me posicione bem perto e para baixo da área de drop do surfista, ficando praticamente em seu caminho. Quando o atleta bota para dentro do tubo, eu estico meu braço em direção ao rosto dele, o mais dentro possível da onda. Essa foto é feita bem de perto, o que aumenta o risco para o fotógrafo e surfista. Ótimo ângulo para fotos publicitárias.

FRONTAL POR CIMA Fico do lado da área de drop. Quando o surfista bota para dentro do tubo, eu levanto o braço e faço a foto na parte de cima da parede, com a onda já passando por mim. Esse ângulo dá ao leitor a sensação de estar passando por cima da onda vendo alguém pegar um tubo. É preciso cuidado para não espumar o lip. Foto boa para aberturas de matérias e editoriais.

FRONTAL POR BAIXO Para esse tipo de foto, eu me posiciono na linha que o surfista irá seguir, ficando na reta da prancha. É importante mirar a câmera para cima em direção do atleta e assim que ele estiver quase batendo na lente afundar. Esse ângulo é muito arriscado para o equipamento e fotógrafo, que pode ser atropelado pela prancha ou até mesmo sofrer cortes com as quilhas.

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Foto: Clemente Coutinho

GABRIEL FARIAS

M É X I C O



O

ano de 2014 foi especial para a Indonésia. Logo no início da temporada, vídeos, fotos e relatos dos swells não paravam de pipocar na internet. Mas a crise no Brasil e no mundo afetou o turismo de uma forma geral, então, o crowd, que costuma ser intenso por lá, estava mais

tranquilo do que de costume. E aproveitando as condições favoráveis, a Seaway levou seu mais novo atleta Douglas Silva, o Dodô, para uma surf trip nas ilhas Mentawai em companhia dos tutores Eduardo ‘Rato’ Fernandes e Danilo Couto. –––– texto e fotos por CLEMENTE COUTINHO


Os quilômetros de tubo acumulados pelo Rato lhe dão a tranquilidade de abrir os braços mesmo em situações críticas como esta, onde toda a potência de Greenbush pode maltratar os menos experientes.

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...pudemos usufruir de momentos com apenas o nosso grupo na água. Essa é uma das vantagens de uma boat trip.

Yellow Fin pescado a bordo do Star Koat.

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Danilo, conhecido pela atitude nas ondas gigantes, foi vencedor do XXL em 2011 com uma bomba surfada em Jaws e é destaque todos os anos pela sua performance quando as condições estão extremas. Já o Rato, abandonou as competições cedo e se tornou o astro do extinto programa de televisão “Surf Adventures” na década de 90, acumulando quilômetros e mais quilômetros de tubos ao redor do mundo. Ambos estavam ali observando todos os passos do coadjuvante na função de passar toda a experiência adquirida ao longo dos anos. Dodô é mais uma promessa nordestina que vem com tudo. Garoto humilde com garra de gente grande, apetite e faro para os tubos. Com apenas 16 anos, ele já viajou para o México, Equador, Nicarágua e agora para a Indonésia. Em 2014, acumulou os títulos de vice-campeão Brasileiro, campeão Pernambucano, terceira colocação no Rip Curl Grom Search e campeão da primeira etapa do Pena Little Monster, todos na categoria Sub 16.


Danilo e Dodô dando um rolé em Thunders.

Dodô não se intimidou com a profundidade em The Clit. O coral afiado pode não ser tão amigável com os iniciantes.

Os primeiros dias de viagem são sempre mais complicados. O fuso horário, o balanço do barco, as expectativas que deixam a cabeça confusa... Porém, os relatos sobre a temporada garantiam que teríamos fartura de ondas pela frente. Via de regra, as boat trips começam ao norte do arquipélago e finalizam no sul, onde o caminho de volta para o continente se torna mais tranquilo. Acordamos em Bank Vaults para a estreia e, apesar de as ondas não estarem grandes, foi bom para colocar as pranchas no pé e tirar o cansaço do avião. Ali foram surfados os primeiros tubos da trip e, por estarmos embarcados, pudemos usufruir de momentos com apenas o nosso grupo na água. Essa é uma das vantagens de uma boat trip. Além disso, o capitão Kadu Maia é um profundo conhecedor das Mentawai. Ele sabe exatamente onde as melhores ondas vão quebrar durante a viagem e não mede esforços para satisfazer seus clientes. E por ser brasileiro, a comunicação se torna ainda mais fácil com a tripulação.

O rack com as melhores opções de pranchas da atualidade.

Rato Fernandes mostrando sua habilidade em Lances Left.

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Passo o ano todo esperando esse momento para desconectar do meu dia a dia e poder ficar 12 dias surfando de verdade, sĂł pensando nas ondas, pranchas, manobras, evolução... É fonte de rejuvenecimento!

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Voltando às ondas, nós ficamos no norte por dois dias surfando Bank Vaults, The Clit e Nipussy. Depois seguimos na direção sul para aguardar o swell que estava se formando, abastecer o barco e formalizar os impostos cobrados pelo governo da Indonésia para as embarcações que levam turistas para a redondeza. Lances Left sempre faz a cabeça, a onda é longa e muito manobrável, além de duas sessões de tubo. A vantagem dessa ilha é que se o vento ficar maral na esquerda, a direita vai virar terral. Dois dias foram suficientes para perceber o quanto Dodô havia evoluído. O garoto já mostrava uma linha de surf mais afinada e o repertório de manobras aumentava a cada caída. Apesar da pouca idade, Douglas sabe que para ser um campeão é preciso observar e escutar os mais experientes. E, por isso, ele sempre sentava no outside ao lado de seus professores, analisava o posicionamento, a remada e o papo que rolava entre as séries. Esse aprendizado vai ser colhido daqui a alguns anos.

POR EDUARDO ‘RATO’ FERNANDES

A Em The Clit, com o mar ainda pequeno, Rato imprimiu pressão ditando o ritmo que iria dar nos próximos dias de viagem.

trip para as Mentawai significa o momento do ano que tenho para ficar 100% conectado com o surf! Passo o ano todo esperando esse momento para desconectar do meu dia a dia e poder ficar 12 dias surfando de verdade, só pensando nas ondas, pranchas, manobras, evolução... É fonte de rejuvenecimento! Sempre levo comigo um dos moleques que trabalhamos com a Seaway para treiná-los e poder absorver um pouco de juventude também. Dodô é um menino especial! Vem de uma condição social com muito poucas oportunidades e estamos tentando construir através do surf uma história de vida melhor para ele! Ele é um diamante bruto! Surfa muito, principalmente em ondas boas! Também tem um talento natural para os tubos e na viagem podemos perceber ainda mais isso! Em 2014 ainda tivemos a companhia do Danilo, que fazia muitos anos que não voltava na Indo e, mesmo sendo especialista em ondas grandes, surfou muito e mostrou que tem muito surf em ondas pequenas e médias. Foi muito boa essa mistura! O Danilo puxava o limite nos dias maiores e nos mais tubulares, Dodô puxando o limite nas manobras e nos tubos também e eu sempre perturbando eles para não perderem a linha e o estilo. Acho que todos nós evoluímos muito! Foi uma trip incrível!

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Marcio Sarmento, ex-surfista profissional e agora renomado arquiteto, surfando a melhor onda do dia em Greenbush.

Thunders é sempre uma boa opção para repor as energias despendidas no início da barca. Esse pico geralmente é escolhido quando não tem muito swell, pois sempre vai ter alguma marola. De lá partimos para Macaronis. Considerada por muitos a melhor onda das Mentawai, ela pode ser surfada por surfistas de todos os níveis até cinco pés, acima desse tamanho começa a ficar mais difícil. A grande vantagem desse pico é que em qualquer direção de swell ou vento as ondas estarão ali, enroscando em cima da bancada. Um pequeno barraco, estilo palafita, cravado em cima dos corais é o point perfeito para produzir fotos e vídeos.

Danilo vai guardar para sempre a cicatriz provocada pela rasa bancada de HT’s.

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A previsão começava a se concretizar e sabíamos que algum lugar iria quebrar especial com aquela ondulação grande. As vagas eram enormes e avistávamos barcos rodeando as ilhas à procura do pico certo. O storm estava muito próximo e o único pico abrigado que encontramos foi Roxys, uma direita muito boa para fotos. Porém, ainda não era o que procurávamos e o crowd estava intenso, com cinco barcos parados no canal. O capitão percebeu uma nuvem carregada e com muito conhecimento nos levou direto para Greenbush. A maré ainda estava muito seca e as ondas cabulosas.


Danilo rasgando com muito estilo em Macaronis. No final da manobra, a prancha desgarrou e ele percebeu que uma das quilhas tinha pulado fora com a pressão.

A previsão começava a se concretizar e sabíamos que algum lugar iria quebrar especial com aquela ondulação grande. Danilo e Dodô foram os primeiros a se atirarem na água. Em seguida, o baiano Marcio Sarmento, um dos integrantes do nosso grupo, se juntou aos dois. Marcio, competidor antes de seguir a carreira de arquiteto, foi agraciado com a melhor onda do dia. Com categoria de um ex-surfista profissional, ele dropou com segurança e botou para dentro do tubo com tranquilidade até ser envolto pelo lip maciço da onda mais pesada da área.

HT’s quebrando apenas para amigos em um fim de tarde mágico.

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Dodô tem uma habilidade incrível para tubo. Não importa o tamanho da onda, ele sempre vai procurar ficar o mais deep possível.

POR DANILO COUTO

Dodô é uma surfista com um faro para tubo fora do normal para a idade dele. Ter a oportunidade de ver e fazer parte da primeira viagem dele para Indonésia foi irado. Tivemos a oportunidade de interagir bastante, tanto eu quanto o Rato, nosso chefe de equipe. Nós temos muitas temporadas de Indonésia no nosso currículo e aproveitamos essa para passar ao máximo nossa experiência para o moleque. Foi algo muito natural a maneira como esse intercâmbio aconteceu. Não medi esforços para passar o máximo de confiança a ele e dar diversos toques importantes para um garoto fissurado e deslumbrado com o paraíso.

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A parte mais gratificante foi ver a evolução dele dia após dia. Muito impressionante! No fim da trip, ele já tinha a noção e, principalmente, paciência de esperar pela série com a leitura e conhecimento para aproveitar ao máximo as longas ondas indonesias. Acredito muito no futuro desse garoto que surfou com pressão, usando as bordas, com uma técnica de dropar por trás do pico e atrasar no momento certo para o tubo. Moleque sangue bom, grato pela estrutura que tem e com um grande futuro pela frente.


Douglas aproveitando os dias sem tubo para soltar todo o seu repertório de manobras futuristas.

Era tanta onda boa que os caras desperdiçavam séries inteiras esperando a melhor. O filhote de macaco encontrado abandonado na floresta agora vive com os humanos.

Danilo tomando um banho de água doce após uma sessão épica.

Era apenas o nosso barco e tudo estava se encaixando perfeitamente até o vento maral estragar a brincadeira. Macaronis fica bem próximo e fomos direto para lá. O mar tinha séries de seis pés, mas o volume devido à proximidade do storm deixava a onda um pouco fora da bancada. Sem problemas, tudo tinha sido maravilhoso. No dia seguinte, ainda no escuro, ancoramos mais uma vez em Greenbush, mas dessa vez com a maré e vento a nosso favor. Novamente, apenas o nosso barco no pico. Surfar ondas como aquelas em companhia apenas dos amigos não tem preço. Muitos tubos foram surfados. Era tanta onda boa que os caras desperdiçavam séries inteiras esperando a melhor. Foi a chave de ouro para fechar a surftrip. Ano que vem tem mais! Terimakassi!

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Acostumado com as ondas gigantes, Danilo parecia estar de férias. De braços para trás, ele segue no trilho esperando a próxima placa cair na sua frente em Greenbush.

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EVENTOS

O’NEILL SP PRIME

Smorigo/ ASP

FILIPE TOLEDO COMANDOU O SHOW

Filipe Toledo conquistou quatro das cinco maiores notas e somatórios do evento.

Tiago Navas

A volta de um campeonato de peso para Maresias fez a praia ficar lotada para ver o ubatubense Filipe Toledo conquistar o segundo Prime do ano com soberania, batendo recordes de maiores notas e somatórios. O potiguar Ítalo Ferreira chegou às quartas de final do evento e, com a pontuação conquistada, garantiu a vaga no WCT 2015. E ovacionado pela torcida até mesmo quando foi eliminado, Gabriel Medina seguiu para o Hawaii para a disputa do título mundial. ---- por RÔMULO QUADRA e GABRIEL PASTORI

ondas de Maresias funcionariam como rampas para um verdadeiro show de aéreos que foram executados de forma massiva pelos atletas. Os brasileiros foram os protagonistas nos voos. Nomes como Gabriel Medina, Filipe Toledo, Ítalo Ferreira e Ian Gouveia abusaram das manobras aéreas para avançar nas baterias.

360 FULL ROTATION E KERRUPT FLIP No terceiro dia de baterias, Filipe Toledo brilhou e arrancou a primeira nota 10 da competição com um aéreo 360 full rotation perfeito de backside, que colocou o paulista como recordista absoluto da etapa. Instigado, na última bateria do mesmo dia, Filipinho mostrou que não tem medo de arriscar e voou em um kerrupt flip incrível! A manobra rara de se ver em um campeonato recebeu a nota 10 de três dos cinco juízes.

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Crowd pesado na praia de Maresias.

Smorigo/ ASP

MARESIAS SKATE PARK Logo no primeiro dia do evento, já deu para sacar que as

Gabriel Medina precisou dividir seu tempo entre as baterias e as “selfies” com os fãs.


Smorigo/ ASP

Ítalo Ferreira venceu duas vezes o líder do ranking mundial Gabriel Medina no campeonato.

BEM - VINDO AO WCT 2015, ÍTALO FERRERIA Smorigo/ ASP XXX

Carlos Muñoz acertou o “Superman”, manobra extremamente técnica.

Smorigo/ ASP

Smorigo/ ASP

O menino de Baia Formosa começou o campeonato roubando a cena ao vencer na sua primeira bateria o favorito Gabriel Medina numa disputa basicamente entre aéreos de backside. A partir daí, Ítalo foi ganhando cada vez mais confiança e “quebrou” nas baterias. Ele venceu Medina mais uma vez no terceiro round e só foi parado na semifinal por um inspirado Matt Banting. Mesmo assim, o potiguar terminou o evento de cabeça feita com a terceira colocação, pois seu principal objetivo do ano já tinha sido conquistado: a vaga no WCT 2015.

Julian Wilson, sempre plástico em seus aéreos, eliminou Medina do evento.

O palanque do O’Neill SP Prime esteve constantemente lotado.

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O’NEILL SP PRIME

Divulgalção/ O’Neill SP Prime

EVENTOS

Filipe Toledo elevou o nível da disputa acertando aéreos em todas as baterias.

O SHOW DE FILIPINHO É impossível falar do O’Neill SP Prime 2014 sem contar o Smorigo/ ASP

show de Filipe Toledo. Com performances impressionantes do início ao fim, o garoto de Ubatuba passou a ser o mais cotado ao título logo nas primeiras fases do evento. Filipe estava tão encaixado na vala que não perdeu nenhum confronto e colecionou “combination” para os adversários. A superioridade dele era tanta que até os outros competidores estavam com medo de enfrentá-lo. A prova disso foi a interferência aparentemente proposital feita por Jack Freestone na oitava bateria do Round 3, vencida com folga por Filipe, para perder a bateria da fase “no loser’ em terceiro lugar ao invés da segunda coloca-

O aussie Matt Banting já está classificado para o WCT de 2015.

ção. Dessa forma, o australiano não enfrentaria o brasileiro no XXX

Round 5 caso avançasse para quarta fase. E foi exatamente isso que aconteceu, Freestone avançou o quarto e quinto round, mas deu de cara com Toledo nas quartas de final e acabou a

Smorigo/ ASP

“farra” do aussie. Filipe Toledo registrou as maiores notas e somatórios do evento, terminando a festa com chave de ouro. Na finalíssima, ele enfrentou Matt Banting que havia passado por dois brasileiros, Wiggolly Dantas, pelas quartas, e Ítalo Ferreira, na semifinal, eliminando as chances de uma final verde e amarela. Filipinho foi fantástico e atingiu um somatório acima dos 19 pontos de 20 possíveis. Fim das contas: 40 mil dólares embolsados e mais um Prime para o currículo do jovem prodígio.

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A praia de Maresias vibrou com o título e ergueu Filipinho.



Divulgalção/ O’Neill SP Prime Tiago Navas

O integrante mais jovem do WCT comemorou a liderança isolada no ranking do WQS e os 40.000 dólares a mais em sua conta bancária.

DOMÍNIO FILIPINHO MAIORES NOTAS

Casa cheia na praia de Maresias

RESULTADO O’NEILL SP PRIME

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MAIORES SOMATÓRIOS

10.00 Filipe Toledo

19.63 Filipe Toledo

9.93 Filipe Toledo

19.04 Filipe Toledo

9.93 Filipe Toledo

19.00 Filipe Toledo

9.87 Ítalo Ferreira

18.43 Filipe Toledo

9.87 Filipe Toledo

18.16 Julian Wilson

9.73 Filipe Toledo

17.83 Filipe Toledo

1 - Filipe Toledo

5 - Wiggolly Dantas

9.70 Matt Wilkinson

17.80 Joan Duru

2 - Matt Banting

5 - Julian Wilson

9.63 Filipe Toledo

17.80 Filipe Toledo

3 - Ítalo Ferreira

5 - Nathan Hedge

9.53 Ítalo Ferreira

17.70 Matt Wilkinson

3 - Carlos Muñoz

5 - Jack Fesstone

9.33 Julian Wilson

17.53 Ítalo Ferreira



NOVA GERAÇÃO

Pedro Monteiro

Valentino Belga em ação no Sub 14.

IDADE: 12 ANOS PATROCÍNIO: MERRÊ e FIRSTGLASS APOIOS: AQUAFISH QUIVER: 5’2 e 5’4 SHAPER: MERRÊ SURFISTA PREFERIDO: JOHN JOHN FLORENCE, FILIPE TOLEDO, CRAIG ANDERSON MELHOR MANOBRA:BATIDA

VALENTINO BELGA

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Campeão estadual nas categorias Infantil e Iniciantes do Sub 14 em 2014, o niteroiense VALENTINO BELGA começou meio por acaso a surfar. “Eu estava indo para a praia apenas para dar um mergulho, aí, vi uma escolinha de surf, me interessei e comecei com o incentivo dos meus pais”, conta. No surf competição desde os sete de idade, ele também acumula outros títulos, como o de vice-campeão estadual Pré Petit 2010, campeão estadual Petit 2012, vice-campeão Infantil 2013 e a terceira colocação no ranking Mirim 2013 ASN. Entre seus picos preferidos para treinar, o surfista destaca as ondas de Itacoatiara: “Treino muito lá porque é uma

onda forte e buraco.” Já suas surf trips até agora foram para Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, onde correu um campeonato da Mormaii estadual em Baía Formosa e ficou em quinto no ranking 2013 estadual, porém destaca que a melhor foi a do Peru por suas esquerdas bem longas e manobráveis. Mas o garoto não quer parar por aí! Em 2015, além do desejo de conquistar muitos títulos, Valentino tem como meta fazer várias trips internacionais, entre elas o seu maior sonho, a Indonésia: “Lá é um lugar muito bonito, com ondas tubulares e tubos alucinantes!”



NOVA GERAÇÃO

Lima Jr

Cauã Costa nas ondas cearenses.

CAUÃ COSTA IDADE: 11 ANOS PATROCÍNIO: PENA APOIO: SUPERZON PURIFICADOR DE ÁGUA, JPSURFBOARDS, FISK E FUNCIONAL GIOVANII SIMI QUIVER: 5’0 SQUASH, 5’0 ROUND, 4’11 FISH e 4’10 FISH SURFISTA PREFERIDO: GABRIEL MEDINA SHAPER: JUNIOR PACHECO MELHOR MANOBRA: AÉREO

O cearense CAUÃ COSTA começou bem cedo no surf. Com apenas dois anos, ele já enfrentava as ondas de Icaraí, seu local de treino até hoje, e aos quatro iniciou nas competições com o pé direito, fazendo uma final num evento em Paracuru. E, de lá para cá, só vem conquistando títulos. Entre os principais, o de bicampeão Cearense Infantil (2012 e 2013), campeão Potiguar Infantil (2013), além da quarta colocação no Brasileiro Iniciante e campeão da etapa na Bahia do Pena Little Moster Sub 12, ambos em 2014. Para derrotar os adversários,

Cauã treina bastante e conta com sua manobra preferida: o aéreo. “Gosto muito de inverter nas batidas e rasgadas fortes”, fala. Com algumas surf trips no currículo, a de Noronha foi a mais importante porque foi aonde diz ter perdido o medo das ondas maiores. Mas seu sonho é uma temporada no Hawaii: “Não vejo a hora. Lá tem altas ondas e tubos pra caramba!” E agora em 2015, o atleta pretende correr as etapas do nordestino e do brasileiro, como também fazer trips pelo mundo afora para aprimorar mais seu surf e construir sua carreira.

Pedro Monteiro

Raphael Castro prefere o surf de linha aos aéreos.

RAPHAEL CASTRO IDADE: 10 ANOS APOIO: ARNETTE, CTWAX E BROTHER PRAINHA-RJ PATROCÍNIO: WQSURF e PYZEL SURFBOARDS QUIVER: 4’11, 5’0 E 5’1 SURFISTAS PREFERIDOS: PYZEL SHAPER: PYZEL MELHOR MANOBRA: BATIDA REVERSE

Apesar de ter nascido na Califa, RAPHAEL CASTRO começou a surfar na Guarda do Embaú com dois anos de idade. Competiu pela primeira vez quando descobriu que seu pai poderia empurrá-lo nas baterias do Pré Petit e foi campeão da categoria aos oito anos. A partir daí, Raphael conseguiu ganhar o título estadual sempre que disputou. Até que em 2014 ele conquistou o seu principal resultado ao ser o primeiro colocado das quatro etapas do Circuito Paulista Estadual Amador (Hang Loose Surf Attack)

na categoria Petit. Inspirado nas imagens das viagens do pai Luiz Castro, o garoto já tem 11 surf trips internacionais no currículo, onde aperfeiçoa suas manobras de linha, técnica nos tubos, surf em ondas maiores e até toma alguns caldos. Em uma época que os aéreos estão na moda, Raphael surpreende com seu surf de linha e na escolha de seus ídolos: “Tom Curren, Rob Machado, Mick Fanning, Joel Parkinson. Surfistas que têm uma linha de surf bonita porque eu tento imitar isso.”


R D O

S U R F C

O

A

U B

A R P

L

D

A

S

IL

O R I

E

B J A N E I R O

R


PALAVRA FINAL Ítalo Ferreira

CALOURO QUE VAI DAR TRABALHO

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ÍTALO FERREIRA acaba de garantir uma vaga no WCT 2015. O 3º lugar conquistado na etapa Prime do WQS, realizada em Maresias, lhe rendeu pontos suficientes para a classificação. O potiguar, de apenas 20 anos, é considerado um dos aerealistas mais completos do país e agora terá a chance de provar seu valor para o mundo. E pensar que tudo começou com uma tampa de caixa usada pelo pai para guardar peixes e mais algumas marolas. Pretensões para o ano desafiador que vem por aí? Ele resumiu bem: “Bons resultados!” ––––– por RÔMULO QUADRA

só queria me divertir e poder passar o dia na praia pegando onda com aquela tampa da caixa... Mas as coisas foram acontecendo aos poucos e isso foi mudando minha mentalidade. Depois meus primos me falaram que eu tinha futuro. Daí para frente, eu botei na minha cabeça que queria me tornar um surfista profissional. VOCÊ FOI COMENDO PELAS BEIRADAS. COMO FOI CONQUISTAR UMA DAS VAGAS PARA O WCT 2015? As coisas aconteceram muito rápido. No início de

2014, eu estava competindo os WQS 3 estrelas, 4 estrelas... Até que consegui uma vaga no WQS 6 estrelas em Los Cabos. Eu sabia que esse campeonato era importante para mim, pois com um bom resultado poderia entrar nos Primes, então, aproveitei a oportunidade e finalizei o evento na terceira colocação. Logo em seguida, no meio do ano, eu entrei nos Primes, continuei no ritmo e aí foram surgindo os resultados. O QUE LHE VEIO À CABEÇA DEPOIS DE CONQUISTAR A TÃO SONHADA VAGA? A pri-

meira coisa que veio foi a minha família. Eu abri mão deles esses anos todos para correr atrás de um sonho e hoje levanto as mãos para o céu e agradeço a Deus por tudo! Em Maresias, quando passei a bateria que poderia me confirmar na elite, assim que ela terminou eu olhei para o céu e gritei: “Obrigado senhor! Mãe essa é para você!” E aí comecei a chorar de alegria naquele momento. Foi incrível! QUAIS FORAM OS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS QUE VOCÊ ENFRENTOU PARA CHEGAR À CLASSIFICAÇÃO (VIAGENS, ROUBADAS, BATERIAS...)? Foi perder nas quar-

tas de final nos dois Primes: Cascais e Azores. Eu não consegui trabalhar bem a prioridade, deixei o cara surfar uma onda faltando um minuto e ele virou, mas isso acontece. Não é bom, mas só assim você vai crescendo e aprendendo com os erros. EM QUE MOMENTO VOCÊ ACHOU QUE PODERIA CONSEGUIR A VAGA? Quando fiz

o quinto em Cascais, eu me senti muito confiante e pensei: “Acho que agora é a minha hora. Não posso perder essa oportunidade. Preciso ir para cima e não dar mole!”

VOCÊ VÊ ALGUMA VANTAGEM EM TER O DOMÍNIO DE UM VASTO ARSENAL DE AÉREOS NA ELITE MUNDIAL? Acredito que sim. Todos que estão no Tour sabem

mandar aéreos, claro que alguns têm mais facilidade em executar esse tipo de manobra. Mas não é só aéreo, também é preciso saber fazer um surf de linha! QUAL SERÁ A SUA PREPARAÇÃO DIANTE DE UM CIRCUITO COM ONDAS TUBULARES E OUTRAS QUE EXIGEM UM SURF DE LINHA? O tempo é muito curto para

fazer surf trip, etc. Eu tiro pelo Jadson, que em 2014 só competiu. Enfim, eu penso em chegar algumas semanas antes no local onde será realizada a competição para treinar, tentar me adaptar na onda e saber como surfar, como fiz agora em quase todos os eventos. QUAL ETAPA DO WCT VOCÊ ESTÁ MAIS ANSIOSO PARA DISPUTAR? Estou ansioso

para competir no Tahiti. Acho aquela onda espetacular, desafiadora! VOCÊ VAI INVESTIR NO HAWAII PARA TREINAR ESSE ANO? ATÉ QUANDO PRETENDE FICAR POR LÁ? Vou ficar no Hawaii até dezembro. Tenho mais um ob-

jetivo agora, que é ser campeão brasileiro profissional. Mas estou treinando bastante aqui em todos os picos. Sempre tentando melhorar, principalmente nos tubos, pois acredito que eles “ainda” não são o meu forte. QUAL FOI A IMPORTÂNCIA DE TER O LUIS HENRIQUE PINGA COMO MANAGER NA SUA CARREIRA? O Pinga foi e é muito importante na minha carreira, tanto

profissional quanto pessoal. Aprendi muito com ele... Ele foi quem me descobriu, apostou suas fichas e hoje sou muito grato por tudo que já fez. O Pinga sempre está do meu lado. Ter um profissional como ele não tem preço! AGORA COMO MEMBRO DA ELITE, PRETENDE SE MUDAR PARA OUTRA CIDADE OU PAÍS? Ainda não sei os planos para 2015, mas provavelmente vou

para o Guarujá montar uma base e ficar lá no intervalo entre um campeonato e outro. E O QUE VOCÊ ESPERA PARA O ANO DE 2015 NA SUA CARREIRA? Posso resumir?

Bons resultados (risos)!

Basílio Ruy/ Divulgação Oakley

QUANDO VOCÊ PEGOU AS SUAS PRIMEIRAS ONDAS USANDO A TAMPA DA CAIXA QUE O SEU PAI USAVA PARA GUARDAR PEIXES, EM BAÍA FORMOSA, JÁ DESLUMBRAVA UMA CARREIRA COMO SURFISTA PROFISSIONAL? Sinceramente, não! Eu

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HAWAII

Os swells não param de entrar e como sempre o Hawaii promete. Fiquem ligados na cobertura completa da Surfar!

Pedro Tojal

PRÓXIMO NÚMERO

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MICK FANNING - 3X ASP WORLD CHAMPION


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