Surfar #42

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NICK ROZSA INVERNO 2015 JUST PASSING THROUGH




ÍNDICE

Off The Wall é conhecida por suas diretas, mas em alguns swells as esquerdas funcionam perfeitas e perigosas, já que terminam em cima da bancada de Backdoor. O carioca Diego Silva é um dos especialistas nessa onda, fazendo a alegria dos fotógrafos, que raramente conseguem alguém para se arriscar ali. Foto: Pedro Tojal.


Entrevista Chloé Calmon

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Conexão Califórnia

.78

Hawaii – Temporada 2015

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Luz, Câmera, Ação!

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Ensaio Surfar

.153

A 3ª melhor longboarder do mundo estava no meio do Oceano Pacífico quando concedeu entrevista à Surfar.

Alejo Muniz, Filipe Toledo, Ian Gouveia, Pedro Scooby e Gabriel André soltaram todo o arsenal de manobras durante o inverno californiano. Alta performance pura!

Nosso fotógrafo Pedro Tojal passou três meses no North Shore e separou o fino do que rolou esse ano.

Sessões no fim de tarde e já no escuro da noite ganham uma “luz” diferente quando Everton Luis usa o flash como acessório para fotos de surf.

Há quatro anos, Carolina Veronesi fez sucesso na edição #18! E para comemorar nosso aniversário de sete anos, a Surfar traz um novo ensaio com a gata.

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EDITORIAL Aniversário é para comemorar! Empolgados! Essa é a melhor palavra para definir o sentimento logo que começamos a trabalhar na edição de aniversário para comemorar os sete anos da Surfar. Poderíamos muito bem ficar aqui reclamando da alta do dólar, do rombo na Petrobras, dos escândalos em séries... Mas não. Aniversário é sinônimo de comemoração e os motivos são muitos! O surf nunca esteve tão em alta como nesse momento. Temos um campeão mundial e Gabriel Medina está na boca do povo. Seja no posto de gasolina, na hora de alugar um carro, na conversa do vôlei de praia, com os amigos no barzinho... Não importa o lugar, o fato é que o garoto virou ídolo nacional com

mais de dois milhões de seguidores no Instagram. A última conquista foi o “Prêmio Faz a Diferença”, do Jornal O Globo, onde Medina levou a categoria de melhor esportista do ano de 2014, nunca vencida por um surfista. Mais um degrau que ele subiu na carreira. Pegando essa onda do bom momento no esporte, na matéria Conexão Califórnia nós seguimos os passos de Filipe Toledo e seus amigos pela Golden State em pleno inverno californiano. O “treino de luxo” ao que tudo indica rendeu bons frutos. Na sequência, Filipinho venceu de forma espetacular o Quiksilver Pro Gold Coast, primeira etapa do circuito mundial, acabando definitivamente com a supremacia de australianos

Dávio Figueiredo, 18 anos, filho da lenda Dadá Figueiredo, foi ao Hawaii pela primeira vez e se destacou entre os surfistas da nova geração, manobrando forte e botando para dentro com estilo. Foto: Pedro Tojal.


e americanos (leia-se Kelly Slater) naquele pico. Novamente o surf foi parar nos principais telejornais e jornais impressos de grande circulação, mais um bom motivo para a gente comemorar. Fugindo um pouco das competições, fomos conferir o trabalho que nosso colaborador de fotos Everton Luis vem fazendo utilizando flash em suas máquinas nos finais de tarde e ao anoitecer, registrando os últimos momentos daquela session que ninguém quer sair da água, o último gás antes do jantar. Já na nossa última matéria da cobertura do Hawaii, selecionamos alguns dos melhores ângulos e momentos dos 120 dias da temporada.

No momento em que eu estava escrevendo esse editorial, recebi um WhatsApp do fotógrafo Pedro Tojal perguntando se tinha mais espaço na revista para uma matéria exclusiva, pois ele estava na estrada voltando de Arraial do Cabo com altas fotos. “Ufa! Calma Tojal! Deixa eu levar essa revista para a gráfica e fazemos a matéria na próxima edição!”, falei para ele. Agora estou vendo a previsão que amanhã o mar vai subir e vamos todos aqui na redação pegar esse swell. Afinal, depois de mais um ano de revista, chegou a nossa hora de comemorar com muita água salgada! José Roberto Annibal

Capa deste mês: Filipe Toledo foi o protagonista da matéria Conexão Califórnia. Foto: Jason Kenworthy.

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FILME DO ANO


S

em busca do Santo Graal, os estranhos rumores (Strange Rumblings) de locais com ondas perfeitas. As filmagens rolam das geleiras da Islândia até as belezas tropicais de Moçambique, dos divertidos beach breaks franceses ao exótico arquipélago de Fernando de Noronha, sem falar em uma ainda desconhecida Indonésia. Gravado em filme de 16mm e criado no mais puro espírito dos clássicos filmes de Bruce Brown e Jacques Cousteau, Strange Rumblings in Shangri La vai te levar a uma aventura que tão cedo você não esquecerá!

Divulgação: Globe

hangri-La é um lugar mágico, idealizado pelo escritor inglês James Hilton, supostamente localizado entre as montanhas do Himalaia, onde se encontra uma completa paz e harmonia. Lá o tempo passa diferente, transformando o momento em uma eterna felicidade. Através desse conceito, Strange Rumblings in Shangri La foi eleito o melhor filme de 2014 pela Surfer Magazine, com uma mistura entre surf de alta performance e uma fotografia exuberante. A produção registra a jornada mundo afora do time de surfistas da Globe

Se surfar na água fria do inverno brasileiro já incomoda, imagina enfrentar as geleiras da Islândia e ainda dar aéreo! Na foto: Dion Agius.

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MELHOR DA SÉRIE


Enquanto todos estavam de olho no Pipe Masters, o pernambucano Alexandre Ferraz surfou altas ondas em Off The Wall. “Peguei vários tubos e ainda vi o campeonato de camarote!”, disse Xandinho. Foto: Pedro Tojal.

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Keale Lemos

WAINUI por BRUNO LEMOS

Em Snapper Rocks, Filipinho conseguiu o resultado que tanto lutava e esperava, o de campeão do Quiksilver Pro. Crédito: Keale Lemos.

Impressionante como cada vez que vou escrever essa coluna me deparo com um desafio. Mas talvez essa vez seja ainda mais difícil do que as outras. Minha vontade era deixar esse espaço completamente sem nada, apenas com a cor preta, representando o grande luto não só meu, mas também de muita gente. Em algumas culturas e religiões, não há tristeza quando alguém morre e eu também acho que devemos sempre lembrar das pessoas queridas que nos deixaram com alegria. Porém, no caso do nosso amado ‘Ricardinho da Guarda’ é difícil não associar o seu assassinato com a falta de respeito e com o nível de incumplicidade e violência em que se encontra o nosso país. Então, prefiro não falar sobre isso e sim tentar lembrar os momentos bons que tive com ele. Um cara que, pensando bem, foi abençoado com uma vida que muitos de nós sonharíamos em ter! E isso já é motivo para nos alegrarmos! Mudando completamente, por falar em alegria, o momento mais incrível que tivemos nessa primeira etapa do Circuito Mundial de Surf na Gold Coast foi que a maioria dos surfistas brasileiros que está no Tour surfou muito, principalmente os que estão

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estreando. Wiggolly Dantas e Ítalo Ferreira mostraram que merecem mesmo estar no WCT e que ainda vão brilhar muito. Isso é apenas uma questão de tempo. Não tenho dúvidas de que nesse evento os brasileiros foram a sensação durante todos os rounds. E não foi só porque as ondas estavam pequenas. Acho que em breve, noutras condições de onda, o surf deles vai acabar atestando o que estou falando. Nessa primeira etapa, nossos atletas fizeram a mala dos principais surfistas do mundo. No Round 3, muitos gigantes caíram! Imagina ver o Ítalo Ferreira vencer na terceira bateria que disputa no Tour o veterano e mestre das competições Kelly Slater. Depois, Miguel Pupo ganhando do local Josh Kerr, Wiggolly Dantas mandando o ídolo Joel Parkinson pra casa mais cedo e, nas semifinais, Adriano ‘Minerinho’ vencendo Mick Fanning numa das baterias mais incríveis que já assisti! E, como se isso não bastasse, Filipe Toledo, que é o atleta mais jovem do Tour, surfou muito o campeonato inteiro e conseguiu o resultado que tanto lutava e esperava: campeão do Quiksilver Pro em Snapper Rocks. Filipinho saiu da água carregado nos

ombros dos amigos e cercado por uma multidão de brasileiros eufóricos que comemoraram como se tivéssemos ganhado a Copa do Mundo. A brasileirada com muita emoção cantava aqueles corinhos famosos dos estádios de futebol que, agora, estão sendo adaptados para o surf. Tenho certeza de que se o australiano Julian Wilson, adversário de Filipe na final, houvesse ganhado o campeonato, não haveria uma comemoração tão grande como foi a nossa. Acho que 70% do público presente na praia pareciam ser de brasileiros. E, como somos um povo muito cheio de energia e sabemos fazer festa, a impressão que se tinha era de que estávamos no Brasil, algo parecido com o que aconteceu na etapa do Pipe Masters do ano passado, onde Medina foi consagrado campeão mundial. Acho que a partir de agora os gringos vão ter que se acostumar não apenas com as vitórias dos brasileiros no Tour, mas também com a nossa forma calorosa e emocionante de comemorá-las. O fato é que agora o Brasil é a nova potência do surf mundial! Vai Brasil! BRUNO LEMOS é fotógrafo carioca radicado há mais de vinte anos no North Shore, Hawaii.



POR TRÁS DAS ONDAS

Steve Robertson WSL

A BUSCA PELA SONHADA VAGA NA ELITE

Forte na briga para voltar à elite, Alejo Muniz venceu o segundo QS6000 do ano em Newcastle no dia do seu aniversário e homenageou Ricardo dos Santos. A principal entidade internacional do surf profissional está com muitas novidades em 2015, a começar pela troca de nome: de Asssociation of Surfing Professional (ASP) para World Surf League (WSL). As principais mudanças ocorreram nas etapas da divisão de acesso, o QS (Qualifying Series), que reduziu para cinco os antigos sete níveis de pontuação classificados por estrelas, além de alterar a nomenclatura.

• QS1000 (1-Star) - premiação de US$ 10.000 no masculino, US$ 5.000 no feminino e 1.000 pontos para o vencedor;

• QS1500 (2 e 3-Star) - premiação de US$ 50.000 no

masculino, US$ 15.000 no feminino e 1.500 pontos; • QS3000 (4 e 5-Star) - premiação de US$ 100.000 no masculino, US$ 30.000 no feminino e 3.000 pontos; • QS6000 (6-Star) - premiação de US$ 150.000 no masculino, US$ 40.000 no feminino e 6.000 pontos; • QS10000 (Prime) - premiação de US$ 250.000 a 400.000 no masculino, US$ 80.000 a 150.000 no feminino e 10.000 pontos. Agora, o que não é mais novidade é assistir os representantes do Brasil levantando as taças no topo do pódio. Após onze vitórias dos brasileiros nas etapas do QS no ano passado, Alejo Muniz já começou vencendo a segunda etapa importante, em termos de pontuação, que teve em 2015. Uma vitória incontestável no QS6000 de Newcastle, Austrália, em que deixou o aussie Jack Freestone em combination na final. Depois do título, Alejo foi direto para a Califórnia treinar em Trestles de olho no primeiro QS10000 do ano, pois as rampas perfeitas de Lowers estão de volta ao calendário do QS após dois anos fora. A etapa de Saquarema também passou por mudanças na data e não será mais realizada depois do WCT Rio, mas sim antes. Além disso, a Abrasp teve dificuldades para manter o campeonato

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como um QS10000 devido à distribuição de no mínimo US$ 250.000 de premiação na atual alta do dólar no país. Apesar disso, o evento está confirmado. Caso o US Open e as etapas de Portugal em Cascais e na Ilha de Açores também se confirmem, serão no total nove competições com a pontuação máxima, uma a mais que no ano passado. Anotem nos seus calendários e fiquem ligados, pois em 2014 os Primes foram dominados pelo esquadrão verde-amarelo com cinco vitórias nos oito eventos.

CALENDÁR IO WS L – Q S10 0 0 0 28 DE ABRIL A 02 DE MAIO – OAKLEY LOWERS PRO – Lower Trestles, San Clemente, Estados Unidos. Atual campeão: Gabriel Medina. 05 A 10 DE MAIO – QUIKSILVER SAQUAREMA PRIME – Itaúna, Saquarema, Brasil. Atual campeão: Wiggolly Dantas. 29 DE JUNHO A 05 DE JULHO – BALLITO PRO – Ballito, KwaZulu-Natal, África do Sul. Atual campeão: Tim Reys. 26 DE JULHO A 02 DE AGOSTO – US OPEN – Sul da Califórnia, Estados Unidos. Atual campeão: Filipe Toledo. (Falta confirmação). 22 A 27 DE SETEMBRO - SATA AIRLINES AZORES PRO – São Miguel Açores, Portugal. Atual campeão: Jesse Mendes. (Falta confirmação) 28 DE SETEMBRO A 04 DE OUTUBRO - CASCAIS BILLABONG PRO – Praia de Carcavelos, Cascais, Portugal. Atual campeão: Jadson André. (Falta confirmação) 02 A 09 DE NOVEMBRO – SP 10.000 – Maresias, São Paulo, Brasil. Atual campeão: Filipe Toledo. 12 A 23 DE NOVEMBRO - REEF HAWAIIAN PRO – Haleiwa, Oahu, Hawaii. Atual Campeão: Dusty Payne. 24 DE NOVEMBRO A 06 DE DEZEMBRO - VANS WORLD CUP – Sunset, Oahu, Hawaii. Atual campeão: Michel Bourez.


Alejo Muniz GLX-5600C-1

•Resistência a Choque •Resistência a Água (200m) •Luz de fundo EL (auto light) •Horário Mundial •Dados da lua •Tábua de maré •Cronômetro de 1/100 seg. •Temporizador •3 Alarmes multifuncionais •Alerta piscante

Casio G-Shock Brasil

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RESISTÊNCIA ABSOLUTA

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INTRODUCING THE COMMODORE AND ADMIRAL

FACEBOOK.COM/SANUKBRASIL INSTAGRAM.COM/SANUKBRASIL


INSTAGRAM GATAS DO SURF

Fotos Arquivo Pessoal

A Surfar completa sete anos, mas quem ganha o presente é o leitor. Confira os melhores cliques do Instagram das mais gatas no mundo do surf. Uma seleção de tirar o fôlego!.

@camilastorchi em sintonia total com a natureza. .

@alanapacelli esbanjando beleza no Hawaii.

@emiliebiason aproveitando a sensação de liberdade.

@lauraenever mostra que manda bem tanto dentro quanto fora d’água.

@camillacallado na luz do sol dourado de um fim da tarde.

@chantallafurlanetto e o belo visual da Cidade Maravilhosa.

@xococoho em momento relax durante os days off em Snapper Rocks.

Não deixe de ficar por dentro de tudo que acontece no mundo do surf. Siga @revista_surfar no Instagram.

Dan Warbrick

@magsymooo

@marcelacallado

@brunasschmitz se divertindo durante uma session.

@nikkivandijk e seu shape sarado.



#DESURFISTAPARASURFAR

@fernandaderzi

Quer ver a sua foto na Revista Surfar? Siga-nos no Instagram e marque suas postagens com a hashtag #desurfistaparasurfar e @revista_surfar. A nossa equipe irá escolher as cinco melhores e respostar outras muito iradas.

@G U I C I V O L A N I 2 5 6

“Apaixonado por esse lugar! O surf de hoje foi talvez o mais perfeito da minha vida! Realizando sonhos todos os dias por aqui. Blacks Beach, San Diego.” @ PA B L O H E L L N O S O

“Hell’s anti-hero no Arpoador.”

@H C E S A R _ PHOTOVIEW

“Sonho de surfista...#indonesia.”

@ J P S F R E I TA S

“Mais um dia normal na zona sul carioca.”

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@ WA L LV I C T O R I N O

“Dia incrível de altas ondas na praia da Barra da Tijuca! Tive a sorte de pegar meu brother Thiago Murcia dentro desse tubo.”


+/+

LOS ANGERED SHOE BY DION AGIUS AVAILABLE NOW AT HOMEGROWN

UNITED BY FATE EST. AUSTRALIA 1994

WWW.GLOB E.TV FOLLOW @ GLOBEBRASIL




BACKSTAGE

A ASCENSÃO DO SURF NA TV por GABRIEL PASTORI

Certamente um dos grandes obstáculos para o crescimento do surf no Brasil e no mundo sempre foi a dificuldade de entrar no maior meio de comunicação de massa, a televisão. O formato das competições e a dependência da natureza para se ter ação sempre impossibilitaram as transmissões ao vivo dos campeonatos, afinal, qual emissora ficaria cinco, dez ou até quinze minutos exibindo uma bateria sem ondas? Cada segundo na TV é valioso demais e as competições acabaram se adequando muito bem ao formato da internet. É claro que, com a recente conquista do Medina, essa situação vem mudando dentro da televisão aberta, que agora cede um pedacinho da grade dos programas de esporte para falar da nossa modalidade. Tal fato já está trazendo para o mundo do surf pessoas que antes não tinham conhecimento e não acompanhavam de perto suas movimentações. Mas o meu objetivo aqui é falar da “recente” entrada dos programas de surf nos canais fechados, que vêm trazendo mudanças significativas para o esporte. Esse conceito teve sua semente plantada possivelmente no início dos anos 80 com o programa Realce, apresentado pelos pioneiros Ricardo Bocão e Antônio Ricardo, que até hoje são referências quando o assunto é surf na televisão. Pensando em um passado mais recente, lembro do Zona de Impacto no Sport TV, que dentre os esportes radicais dava uma atenção maior ao surf. Depois disso, o canal Multishow abriu espaço para alguns programas como o “Batom e Parafina”, da minha amiga Claudia Gonçalves, e o “Nalu Pelo Mundo”, que está hoje na sua nona temporada e é exemplo de sucesso nesse formato de episódios semanais. No cenário atual, dois canais se destacam nesse meio. Um deles é o Woohoo, que surgiu em 2006 como primeiro canal da América Latina dedicado exclusivamente a esportes de ação. O outro é o Canal Off, lançado em 2011 pela GLOBOSAT, proporcionando uma estrutura que antes não

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Kirstin/ WSL

A conquista de Medina vem trazendo mudanças significativas para nosso esporte dentro da televisão aberta, além da “recente” entrada dos programas de surf nos canais fechados.

era comum para o segmento. Diante disso, a galera que antes estava praticamente restrita às revistas e sites especializados passou a ter uma nova opção, os programas de surf na TV. Essa mudança aconteceu não só para o público, mas também para a classe dos surfistas profissionais, que agora tem a oportunidade de mostrar seu trabalho em outro meio de comunicação com alcance muito mais amplo. Hoje em dia é comum ouvir por aí muitas pessoas, profissionais ou não de esportes radicais, tentando emplacar seus “projetos” (possíveis séries para esses canais). É tanta gente que seriam necessários pelo menos vinte canais especializados para exibir tudo isso. Brincadeiras à parte, o legal é ver que a galera curte e almeja estar ali. Sem contar com o reconhecimento nas ruas, que antes ficava restrito a apenas alguns tops do circuito mundial e atualmente se estende a outros atletas que têm seus programas. A verdade é que no ranking de audiência da televisão fechada esses canais não estão nem entre os 50 primeiros, pois não possuem público suficiente. Esse dado deixa claro que ainda estamos com uma “fatia muito pequena do bolo”. No entanto, o fato de termos hoje canais em crescimento que dedicam sua programação aos esportes de ação já faz grande diferença para quem nunca teve nada. Além disso, acreditase que esse novo tipo de entretenimento tem boas chances de crescer, pois atinge um nicho de mercado que é muito fiel e está em desenvolvimento. Portanto, esse movimento vem trazendo mudanças super positivas para o esporte e torcemos para que cada vez mais outras emissoras se interessem por esse segmento. Assim, todos nós poderemos usufruir, tanto quem está na frente quanto quem está atrás da “telinha”. GABRIEL PASTORI, 26 anos, freesurfer profissional. gabrielpastori9@hotmail.com | Instagram: @gabrielpastori



POR TRÁS DAS ONDAS Os grandes vencedores da noite: Raimundo Pena representando seu atleta Lucas Silveira, Tiago Arraes e Bruno Santos.

Em época de “vacas magras”, a nona edição do Prêmio Greenish Brasil 2015 movimentou a comunidade do surf com uma premiação de R$ 66 mil e viagens para as Ilhas Mentawai. Grandes nomes do esporte estiveram presentes no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, para prestigiar o evento e concorrer nas categorias Maior Onda, Melhor Aéreo e Melhor Tubo. Cerca de 300 convidados participaram dessa noite especial de premiação. Além disso, a cerimônia foi transmitida ao vivo, online, para mais de oito mil pessoas que puderam conferir os irmãos Petrônio Tavares e Rubens Tavares, idealizadores da marca Greenish, entregando as premiações. O niteroiense Bruno Santos festejou o seu quarto título no prêmio ao levar a categoria “Maior Onda”. Com a vitória, o surfista embolsou R$ 25 mil. “Muito obrigado e parabéns a Greenish e ao Petrônio. Essa iniciativa valoriza muito o surf brasileiro. O prêmio é feito por quem realmente surfa e está dentro da água. Eu sou um sortudo que aprendi a surfar em

Banda Cena Roots direto do Maranhão para o Prêmio Greenish Brasil 2015.

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Petrônio Tavares, o apresentador Nil Farias e Danielle Tavares.

Bruno Santos venceu pela 4ª vez o prêmio.

Fotos: Robson Pinheiro/ Divulgação Greenish

PRÊMIO GREENISH PRESTIGIA SURF BRASILEIRO



A 9ª edição do Prêmio distribuiu R$ 66 mil e viagens para as Ilhas Mentawai.

Itacoatiara, que é uma onda muito perigosa e merece muito respeito. Meu primeiro prêmio Greenish (Maior Onda em 2008) foi vencido com uma onda surfada em Itacoatiara e estou muito feliz em levar de novo esse prêmio para minha casa”, agradeceu Bruninho com um sorriso estampado no rosto. Os outros vencedores foram os cariocas Tiago Arraes e Lucas Silveira, radicado em Florianópolis. Conhecido pelo seu jeito irreverente e pela facilidade em voar alto, Tiago foi o campeão na categoria “Melhor Aéreo”. Já Lucas, que não pode comparecer e foi representado por Raimundo Pena, seu patrocinador, levou o “Melhor Tubo”. Ambos os atletas embolsaram o prêmio de R$ 15 mil. “Foi um aéreo que eu havia pensando há algum tempo. Na hora que eu dei, já pensei em inscrever no prêmio. Estou muito feliz... Ganhei, né?! Não tem nem o que falar”, falou Arraes.

Melhor Aéreo – Tiago Arraes

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Maior Onda – Bruno Santos

Melhor Tubo – Lucas Silveira





SURFAR EQUIPAMENTOS

QUILHAS

“TEMOS QUASE TODOS OS MELHORES SURFISTAS DA ELITE MUNDIAL”

Annibal

Da esquerda para a direita: os diretores Paulo Nemr e Michael Heath na redação da Surfar.

O australiano Michael Heath assumiu a chefia da Surf Hardware International (SHI), empresa dona das marcas FCS, Gorilla, Softech, Hydro e Headhunter, em março de 2014 após ter trabalhado em gigantes esportivas como Nike, O’Neill, Hurley e Rip Curl. Heath entrou na SHI com o objetivo de conduzi-la a uma nova fase de crescimento, impulsionado pelo sistema FCS II que tinha acabado de ser lançado. Recentemente, ele veio ao Brasil conhecer melhor o trabalho da FCS no país. Com escritórios na Austrália, Estados Unidos, França e Japão, a multinacional tem o mercado americano como o número 1 em vendas e vê um grande potencial no brasileiro, mesmo com a alta do dólar e os altos impostos de importação. Durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, Heath visitou a redação da Surfar e nos concedeu uma entrevista ao lado de Paulo Nemr, representante da FCS no Brasil.

na hora que quiser para se adaptar às condições do mar. E nós viemos com a campanha chamada “Ao redor do mundo com quatro quilhas” (Performer, Accelerator, Carver e Reactor). São quatro modelos que você pode usar pelo mundo com todos os tipos de condições e até agora estão sendo um grande sucesso. Em 2013, Mick Fanning ganhou o título mundial usando a FCS II. A temporada passada os três surfistas que restaram na briga, Gabriel Medina, Mick Fanning e Kelly Slater, estavam usando. Então, foram dois anos seguidos que o campeão mundial utilizou esse sistema. No momento, temos por volta de 18 atletas do Top 34 usando o novo plug. Entre as mulheres são nove das 17 surfistas da elite.

ACCELERATOR

PERFORMER

CARVER

REACTOR

O que os surfistas estão achando do novo sistema de encaixe FCS II?

Quais as inovações que vocês tiveram em termos de material?

A resposta está sendo muito positiva. Na verdade, somos os únicos fabricantes de um sistema de encaixe sem parafusos, e hoje isso representa aproximadamente 40% do mercado mundial. Estamos trabalhando com a FCS II há menos de dois anos, então está indo muito bem. A principal diferença é poder com apenas um click remover e trocar as quilhas

Foi o Neo Glass, a nova força de inovação em termos da estrutura do material da quilha. É uma combinação, com uma grande quantidade de fibra de vidro misturado com o material Glass Flex, uma película de vidro moldada por injeção. Nós também temos os plugs da FCS II vindo esse ano. É uma coisa que estamos muito entusiasmados.

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“EM 2013, MICK FANNING GANHOU O TÍTULO MUNDIAL USANDO A FCS II. NA TEMPORADA PASSADA, OS TRÊS SURFISTAS QUE RESTARAM NA BRIGA, GABRIEL MEDINA, MICK FANNING E KELLY Poullenot /WSL

SLATER, ESTAVAM USANDO. ENTÃO, FORAM DOIS ANOS SEGUIDOS QUE O CAMPEÃO MUNDIAL UTILIZOU ESSE SISTEMA.” – Michael Heath

Gabriel Medina em ação no WCT de Hossegor com as quilhas do modelo Performer.

Mineirinho foi o primeiro brasileiro a ter uma quilha FCS com a assinatura dele. Como é feito esse trabalho?

Como vocês encaram a concorrência nesse mercado de quilhas mundial?

A base da equipe de produção fica na Austrália. Eles trabalham muito próximos do Adriano, que dá algumas ideias sobre o tipo de template e o foil que ele gostaria. Então, a nossa equipe pega as ideias dele, faz algumas amostras e dão para ele. O Adriano surfa, testa, fornece mais feedback para a equipe, eles trabalham mais, dá a ele mais algumas quilhas... É um processo entre a equipe de criação e o Adriano até nós termos finalmente alguma coisa que ele esteja satisfeito para botar seu nome. Agora, nós estamos trabalhando muito perto do Gabriel Medina e esperamos que esse ano a gente possa fazer algo.

Acho que a melhor resposta é que nós estamos constantemente tentando aparecer com inovações para tornar a experiência melhor para o surfista. Então, a gente realmente não foca muito nessa “competição”. Nós apenas nos direcionamos em fazer produtos melhores.

Testamos bastante os nossos produtos antes de colocá-los no mercado de tal forma que os surfistas possam usar várias vezes e nos dar esse feedback. Assim, podemos garantir que quando um produto seja lançado a gente se sinta bastante confiante que isso vá melhorar a performance na água. Nós temos um forte time de surfistas para ter a certeza que os nossos produtos são os melhores. Temos áreas específicas dentro do nosso escritório na Austrália para testar os produtos continuamente e ter certeza de que, quando lançarmos algo no mercado, a gente possa dar garantia da qualidade do produto.

Nós acabamos de lançar uma nova linha de quilhas chamada Neo Glass, que tem propriedades semelhantes às quilhas de fibra de vidro, mas com um preço mais acessível. Então, isso deve dar mais oportunidades para as pessoas no Brasil de ter uma quilha de alta qualidade com um preço mais em conta. Facebook

Como a FCS está se adaptando ao surf de alta performance que a cada dia exige mais dos equipamentos?

No Brasil, muita gente vai atrás dos produtos mais baratos. A FCS está investindo em produtos mais populares?

Adriano de Souza ‘Mineirinho’ com as quilhas do seu modelo assinado ADS.

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Como você vê a situação do mercado brasileiro? PAULO NEMR: A FCS, por ser um produto importado, sofre com a alta do dólar. Mas não é só isso que precisamos enxergar. Hoje a FCS, perante o mercado de surf, tem a mesma responsabilidade que qualquer outra marca grande, como a Quiksilver, Billabong, Rip Curl, empresas que patrocinam grandes etapas do mundial e que alimentam o nosso mercado. Temos quase todos os melhores surfistas da elite mundial usando o nosso sistema e isso encarece o produto, pois também são patrocinados pela marca e têm contratos com a empresa onde recebem salário. Então, isso mostra que a marca investe dentro do mercado mundial, o que tem um custo alto. Não é uma marca que simplesmente vai lá no fundo de quintal, desenha ou copia uma quilha e lança no mercado. A FCS está aqui para liderar, não para ser liderada. Outro ponto que vejo é na parte da cultura do brasileiro que quer o produto barato. Agora, o porquê de o produto ser caro a gente precisa começar a pesquisar um pouco mais para entender. É uma marca que devolve para o surf, ela investe, contrata, gasta dinheiro com pesquisa, com desenvolvimento... Todos esses investimentos com os melhores fabricantes deixam o produto caro. Além disso, o Brasil também tem uma das cargas tributárias mais caras do mundo.

“HOJE A FCS PERANTE O MERCADO DE SURF TEM A MESMA RESPONSABILIDADE QUE QUALQUER OUTRA MARCA GRANDE, COMO A QUIKSILVER, BILLABONG, RIP CURL, EMPRESAS QUE PATROCINAM GRANDES

de todos os benefícios, a praticidade e as melhorias que o produto trás, a FCS está investindo e apostando justamente num sistema que fique mais difícil de ser copiado, isso para que a pessoa que esteja adquirindo o produto saiba que está comprando o original. Eu te garanto isso, muito surfista não sabe que está comprando um sistema de encaixe genérico, acha que é original e não é. Para você saber se é original ou não, nos copinhos está lá gravado FCS. Kirstin/ WSL

SURFAR EQUIPAMENTOS

Kelly Slater costuma escolher as quadriquilhas para condições como as de Fiji.

Qual a estratégia para contornar esses problemas? PAULO NEMR: A única forma que vejo para contornar essa situação é ter a produção aqui no Brasil. É trazer o produto com a tecnologia, a mesma qualidade, para ser produzido no mercado nacional e levá-lo para um custo mais acessível. Isso é uma coisa que já é discutida com a FCS há alguns anos. A gente não descarta essa possibilidade. Na verdade, hoje a discussão está bem avançada. Essa é a única solução que eu vejo. A outra é você comprar mais barato lá fora, mas é quase impossível. Os caras não vão ficar baixando o preço e não ter lucro.

Qual a maior fonte de renda da FCS no Brasil? PAULO NEMR: O produto que mais vende são os copinhos Fu-

NOSSO MERCADO.” – PAULO NEMR

sion. Dos originais FCS, os copinhos são os que mais saem no mercado nacional. Hoje representa, pode se dizer, 60% das vendas. O FCS II já está representando 20% e o restante é o X2. Vendemos muito mais copinho do que quilha porque a produção de prancha não para. Quilha normalmente você já tem um ou dois jogos e acaba não comprando outro. É difícil ficar comprando jogo de quilha a cada prancha nova. Agora, a cada nova prancha produzida é um copinho novo.

Vocês sofrem muito com a pirataria? PAULO NEMR: Sem dúvida. Acho que o Brasil é um dos países que mais copia e pirateia. Não só a quilha, mas relógios, óculos... Essas marcas sofrem pirataria direto. Às vezes, a pessoa acha que isso não faz diferença, mas para um surf de alta qualidade, com certeza, você vai ver uma diferença muito grande. Por exemplo, a FCS desenvolve o copinho Fusion, e hoje têm vários fabricantes que simplesmente pegaram o produto, colocaram ali na fábrica e começaram a copiar, ainda assim mal copiado. Existem alguns produtos bons? Existem, é claro. O produto importado acaba elevando o produto nacional, melhorando a qualidade. Mas eu volto a repetir, com esse produto melhorando o preço também vai elevar porque tem que usar matéria prima de primeira qualidade. Então, tudo que é bom você vai pagar um pouco mais caro. Agora, a vantagem do sistema novo, o FCS II, é ser um sistema patenteado mundialmente, não só a quilha quanto o copinho. O processo de produção é muito complexo, passa por umas oito etapas de produção. Além

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Divulgação FCS

ETAPAS DO MUNDIAL E QUE ALIMENTAM O

X2

FUSION

FCS II - Encaixe sem Parafuso



INSTAGRAM

@lemosimages @kealelemos

Fotos Arquivo Pessoal

Em suas trips atrás das ondas perfeitas pelo mundo afora, os tops e freesurfers aproveitam os momentos entre uma escala e outra para rechear as redes sociais com seus cliques do cotidiano.

@shanedorian entubando uma morra em Mavericks.

@filipetoledo dando um high five com seu parceiro @gabrielmedina.

@whoisjob puxando o limite em Waimea durante as filmagens de Who is Job 5.0.

@raonisilva22 se divertindo com sua Go Pro em Oahu.

@ian_cosenza mostra como é dura a vida de surfista.

@fa_binhonunes e o visual da trilha de Makapu’u Puka Trail, a famosa janela natural do East Side.

@samuel_igo checando as condições num visual alucinante da Joatinga.

@pedroscooby antes de ir embora de Maui, foi ao vale sagrado agradecer toda bênção que essa ilha lhe proporciona.

@jake_of_all_trades

@mattwilko8 foi abençoado com esse dia clássico de outono em algum secret mundo afora.

Não deixe de ficar por dentro de tudo que acontece no mundo do surf. Siga @revista_surfar no Instagram.





Roxy/ Manoela Almeida


“Minha meta é ser campeã mundial”

CHLOÉ CALMON A

longboarder carioca Chloé Calmon, 20 anos, vive o melhor momento de sua carreira. A brasileira ocupa a 3ª colocação no ranking da WSL (World Surf League) com uma grande exposição na mídia nacional nos últimos dois

anos. Além do talento para o surf, o profissionalismo explica o sucesso dessa garota. “Hoje um atleta para ser reconhecido tem que mostrar, além de performance dentro da água, uma postura fora d’água com equilíbrio, cultura e seriedade”, disse a jovem. No Canal Off, Chloé está em seu quarto projeto com a emissora, desta vez a bordo de um barco que iniciou uma viagem pelas Ilhas Marshall com destino traçado às Ilhas Salomon, na região da Melanésia. Uma receita infalível para o registro de imagens alucinantes. A dificuldade foi encontrá-la em meio ao Oceano Pacífico para essa entrevista! A internet na embarcação era bastante limitada, o capitão precisava desligar um dos equipamentos de navegação para que a tripulação pudesse acessar a rede e isso só acontecia quando encontravam algum atol protegido. Diante da adversidade, mais uma vez Chloé deu uma aula de competência e nossa conversa aconteceu sem grandes problemas. Sem falar na simpatia que essa menina esbanja!

–––– por Rômulo Quadra

63


Mark Klintworth

Qual o itinerário dessa sua última trip que começou pelas Ilhas Marshall? Fui convidada para participar da segunda temporada

do programa “Em Busca do Último Paraíso” do Canal Off. Iniciamos a viagem pelas Ilhas Marshall e vamos navegar durante quase dois meses por inúmeras ilhas e atóis, como Pohpei na Micronésia, até chegarmos a nosso destino final que é as Ilhas Salomon. O barco é uma lenda, o Indies Trader, que já levou surfistas de elite a viagens incríveis por ondas quase nunca surfadas... Serão mais de 10.000 milhas náuticas.

Fotos: Arq. Pessoal

No estilo clássico Hang five.

Quem mais embarcou nessa viagem com você? A equipe do barco é

composta pelo Marcos Sifu, um dos melhores aerealistas que tive a oportunidade de conhecer (e que dava aéreos quando ninguém dava ainda), o campeão mundial de kitesurf e excelente surfista Guilly Brandão, além da catarinense Bárbara Müller, que surfa muito e também participa comigo em outra séries do Off (Noronha por Elas e Sul por Elas), e Juliana Meneguel do Guarujá, excelente surfista que eu já conhecia desde o Circuito Petrobras Feminino. O grupo é fantástico! Tem sido uma honra conviver com essas pessoas e estamos otimistas que o programa vai ficar muito bom.

O pai-surfista Miguel Calmon, sempre incentivando a filha no esporte.

Chloé e Phil Rajzman no Ocean Games – Waterman de 2007, Barra da Tijuca. Hoje juntos fazendo um programana no Canal Off, o “9 Pés”.

Você se envolve na elaboração dos programas ou existe um “modelo duro” feito pelo canal? Em alguns programas eu tenho mais es-

paço para fazer sugestões junto ao diretor e/ou produtora. Isso para mim é muito importante, pois me dá uma chance de dar um pouco do meu toque pessoal e ponto de vista. Viajar tanto para fazer filmagens interfere na sua rotina de treinamentos? Sempre interfere, mas tenho feito um esforço para

manter uma alimentação adequada e fazer exercícios físicos. Por outro lado, surfar ondas desafiadoras com surfistas de alto nível durante as viagens me força a aprimorar meu surf e isso é muito bom.

Durante a gravação do “Sul por Elas”, no Farol de Santa Marta, SC.

64


Philpe Demarsan

Jim Walsh

XXXX

Esse é estilo de Chloé, o clássico misturado ao surf moderno.

A caminho de mais um dia de trabalho, dessa vez no México.

Para se virar tanto tempo no exterior é necessário conhecer línguas estrangeiras. Quais idiomas você domina? Falo inglês fluente e tenho

O circuito profissional de longboard tem apenas uma etapa. Então, como fica a sua agenda para o resto do ano? Sempre procuro parti-

bons conhecimentos de espanhol e francês. Também sei me virar direitinho em chinês (risos), mas não sei escrever e nem ler, só falar e entender um pouquinho (risos). Ah, tem o italiano que eu sei X Xentender X X X X as respostas (risos). falar um pouco, mas me enrolo para

cipar de algum campeonato internacional importante, aonde eu sei que vou encontrar algumas tops do circuito para avaliar meu ritmo. Nos últimos dois anos, competi e ganhei no México, no Punta Sayulita Classic, onde competiram várias tops americanas e havaianas. Esse ano, eu pretendo competir na Austrália ou na Europa, mas ainda estou acertando minha agenda. Tem também uma etapa em Malibu, que fui convidada e vou tentar ir esse ano. Fora os campeonatos, estou envolvida com alguns programas do Canal Off e compromissos com meus patrocinadores, o que deixa minha agenda bastante apertada (risos).

Você se manteve entre as Top 5 nos últimos dois anos. Como está a sua expectativa para a etapa do mundial de longboard na China agora em 2015? Desde 2013, algumas pessoas importantes da própria ASP

(hoje WSL), além de comentaristas, acreditam que o título mundial é uma coisa que vai acontecer para mim. Porém, são 32 atletas de altíssimo nível, então tenho que manter meu foco nos treinos e na minha preparação para atingir meus objetivos. Pessoas, como o Robert ‘Wingnut’ Weaver (filme Endless Summer), têm me falado que o meu surf de competição tem evoluído bastante, mas tenho a humildade de reconhecer que faltam algumas coisas. Estou trabalhando intensamente para melhorar isso, pois minha meta é ser campeã mundial.

Como você consegue lidar com a pressão nos campeonatos? Eu não encaro o campeonato como pressão... Encaro como algo que eu gosto de fazer. Antes de surfar, eu já competia pela natação, então tenho essa veia competitiva dentro de mim. Vejo os campeonatos como uma forma de mostrar para as pessoas o quanto eu evolui dentro do esporte.

Instagram/ Arq. Pessoal

“ O b r i g ada v i da p o r m ai s um d i a, m a i s u m d i a d e i n c e rt e z as e m ui tas d e s c o bertas . a i n s eg uran ç a q ue s i n to q uan d o s ai o da m i n h a zo n a d e c o n fo rto dá e s paço À s at i s faç ão d e t e r s up e rad o o s m eu s l i m i t e s . e e s s a é a l i ç ão q ue o pac í fi co t e m m e dad o : faç a d o s e u d i a o m el hor d e to d o s ” , d i s s e C h lo é n o i n stag ram d uran t e a s ua úl t i m a t r i p , o n d e e la pas s o u 5 0 d i as d e b ar c o p e l a O c e a n i a.

Março de 2015, a bordo do Indies Trader pra o programa “Em Busca do Último Paraíso”

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WSL/ Will Hayden

Em 2013, Chloé conquistou o 5º lugar no Mundial da WSL na China.

Quais são as maiores dificuldades para uma mulher se destacar e ter reconhecimento no longboard? Acredito que todo atleta enfrenta

Você começou a surfar por influência do seu pai. Com tantos compromissos, ainda conseguem tempo para surfarem juntos? Meu pai me

grandes desafios para ser reconhecido. É necessária uma mistura de talento e dedicação, mas acredito que hoje um atleta para ser reconhecido tem que mostrar, além de performance dentro da água, uma postura fora d’água com equilíbrio, cultura e seriedade.

ensinou tudo o que eu sei hoje. Ele sempre me levava para a praia. Com 10 anos de idade, eu ganhei um funboard do meu pai e aos 12 resolvi pegar o long dele emprestado e me apaixonei pelo pranchão. Hoje, por conta das minhas viagens, não consigo mais ficar tanto tempo em casa como antes, mas sempre que estou faço questão de surfar com ele. É muito bom para me desligar das filmagens e campeonatos. Estamos tentando agendar uma surf trip de uma semana ainda nesse primeiro semestre, como fizemos em 2013, quando fomos para o Panamá e surfamos muito, caindo umas três vezes por dia. Também fomos para o Hawaii juntos no ano passado e vamos nos organizar agora para uma nova surf trip.

Como seu pai, Miguel Calmon, participa da sua vida profissional? Meu

pai atua como um manager da minha carreira, tratando com patrocinadores, contratos, cuidando para que eu tenha sempre boas pranchas, me orientando como me posicionar junto à mídia... Também assiste vídeos comigo, meus e de outros atletas, assim a gente discute as próximas estratégias e analisa como melhorar meu desempenho. Ele sempre está do meu lado e sei que é uma pessoa que eu posso confiar de olhos fechados. Infelizmente, por conta do trabalho, ele não pode estar comigo em todas as minhas viagens. Mas faço questão de se não for com ele, eu ir junto da minha mãe ou da minha irmã. É muito importante ter alguém da minha família presente.

Você foi elogiada por um dos seus patrocinadores porque foi a primeira atleta a entregar o clipping com todo o retorno do ano. Como é esse trabalho? Entendo que ser profissional é um conjunto de ações

dentro e fora d’água. Portanto, eu e meu manager procuramos manter os patrocinadores sempre informados e atualizados, fornecendo relatórios constantes de retorno de mídia, clipagem, novas oportunidades, mídias sociais, etc. Dessa forma, eles podem mensurar objetivamente quanto o patrocínio (e o respectivo valor investido) teve de retorno.

“A s mí d i as so cia is são u m a f e r ra m e n ta impo rtante para e u m e r e lacio n a r c om meus fãs e da r r e to rn o ao s m e u s patro ci nado res.... e sse re lacio n a m e n to que tenho di ar ia m e n t e co m m a is de 65 .0 0 0 segui d o r e s m e t ra z m u ita s mensag ens de in ce n t ivo e f e e db ack sobre o q ue eu faço , so bre o s prog ramas de T V q u e a p re se n to , e tc.”

Qual o seu diferencial para conquistar patrocínios de grandes empresas, como Furnas e Mitsubishi, em uma realidade nacional desconfortável para se viver de surf? Eu me posiciono usando como modelo

as atletas internacionais, inclusive de outros esportes. Discordo do fato de que a realidade de viver do surf no Brasil seja desconfortável. Como em todos os esportes, o mercado exige atletas que realmente se dediquem como tal, sendo um exemplo para outras pessoas e um importante formador de opinião. Abri mão de muita coisa, festas, shows, namorados, etc, para chegar aonde eu cheguei e dei muito duro por isso. Estou competindo desde os 12 de idade e fui campeã do Circuito Profissional Petrobras em 2009 com 15 anos. Enfim, me dediquei a encarar o esporte de forma séria e responsável e agora posso dizer que estou colhendo os frutos dessa minha dedicação.

66


Fellipe Ditadi

P ra i a da M ac u m b a , R J , q u i n ta l d e c a s a .

profissional e faço com muita alegria, pois esse relacionamento que tenho diariamente com mais de 65.000 seguidores me traz muitas mensagens de incentivo e feedback sobre o que eu faço, sobre os programas de TV que apresento, etc. Acho que as redes sociais ganharam força nos últimos anos e isso influencia bastante na minha carreira. Eu dou a chance das pessoas acompanharem de perto o meu cotidiano. É legal compartilhar a minha vida com as pessoas que me seguem, assim posso mostrar um lado Chloé mais humano.

Você é antenada com as novas tecnologias e realiza um trabalho diferenciado nas redes sociais. Como arruma tempo para cuidar da sua imagem e se divide entre a rotina de treinos e campeonatos? Gosto

Fotos: Arq. Pessoal

de tirar fotos e estou sempre conectada, então não tenho problema nenhum em conciliar meu tempo nas redes sociais com os meus horários de treino. São duas coisas que eu gosto muito de fazer. As mídias sociais são uma ferramenta importante para eu me relacionar com meus fãs e dar retorno aos meus patrocinadores. Portanto, encaro isso como parte da minha rotina de atleta

Chloé é considerada uma “it girl”, menina antenada com a moda. Destaque na capa da revista Toda, Jornal Extra.

Aos 13 anos, em Jacaraípe, ES. Capa da Folha Teen, Folha de São Paulo.

Recebendo o troféu Silver Dragon do ministro dos Esportes Aquáticos chinês. Como gratidão, ela presenteou o ministro com uma prancha.

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WSL/ Will H-S

XXXX

XXXXWSL

XXXXX

Fellipe Ditadi

O 3 º lu g a r n o m u n d i a l da C h i n a d e 2 0 1 4 fo i o m e l h o r r e s u l ta d o da s ua c a r r e i ra .

O mundialmente elogiado footwork de Chloé, Recreio dos Bandeirantes, RJ.

Kelia Moniz, Chloé, Darci Liu, campeã chinesa, e os ex- campeões mundiais Harley Ingleby e Taylor Jensen.

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Arq. Pessoal

Eric Harper/ One World Imaging

XXXX

Chloé com sua irmã Clara e o pai Miguel.

Na Califórnia, comemorando o bicampeonato no México.

Sua mãe foi modelo profissional e hoje trabalha como estilista. Ela influencia na administração da sua imagem exposta nos veículos de comunicação? Da mesma maneira que sempre tive a influência

Qual o conselho que você daria para uma garota que almeja ser profissional do surf? As dicas que eu dou são: siga seu sonho, nunca

desista e não comece pensando no dinheiro; você precisa ser movida pela paixão, isso já é meio caminho andado. Outro lado que precisa ser lembrado é que para ser surfista profissional não basta apenas ser uma boa surfista. Tem que ser realmente uma atleta profissional, cuidar de sua postura fora da água, dormir cedo e sacrificar várias coisas que fazem parte da vida de uma jovem normal.

do surf por parte do meu pai, eu tive da minha mãe na moda. Eu tenho uma pegada artística e acho que levo isso para o meu surf e maneira de me vestir. Ela sempre me ajuda a administrar a minha imagem exposta nos veículos de comunicação. Nós procuramos sempre passar uma imagem de surfista, mas também de uma mulher que se cuida, gosta de moda... Aos 20 anos você é considerada uma das melhores longboarders do mundo. Esperava isso tão cedo? Eu nunca imaginei como seria a

“A n t e s d e s ur far , e u j á c o m p e ti a p e l a n ataç ão , e n tão t e n h o e s s a vei a c o m p e t i t i va d e n t r o d e m i m . Ve j o os c am p eo n ato s c o m o um a fo r m a de m o st rar para as p e s s oas o q uanto e u e vo lui d e n t r o d o e s p o rt e . ”

Arq. Pessoal

minha vida aos 20 anos. Mas comecei a competir muito nova e aos 15 de idade entrei no circuito mundial após ter vencido o Petrobras. Desde então, a cada ano melhorei minha posição no ranking mundial e ano passado eu terminei como a terceira melhor do mundo. A mídia internacional especializada tem me dado bastante espaço e isso mostra o reconhecimento pelo meu esforço e participação já há cinco anos no mundial de longboard profissional.

Aos 16 anos, Chloé foi a primeira mulher a surfar a pororoca chinesa do rio Silver Dragon.

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extremeclub.com.br

lojaextremeclub

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Surfer Eraldo Gueiros - Peahi / Jaws


NA WEB

Kirstin/ ASP

Fotos: Instagram

Fique por dentro do que a comunidade do surf anda falando nas redes sociais pelo mundo afora!

“EU E O GLENN ESTAMOS TOMANDO CAFÉ E VOCÊS AINDA FALANDO DISSO! NA ÁGUA LUTAMOS PELO MESMO OBJETIVO E FORA SOMOS AMIGOS, POR ISSO O ESPORTE É APAIXONANTE, CHEIO DE EMOÇÕES! PAREM DE QUERER FAZER TEMPESTADE EM COPO

“NÃO TENHO PALAVRAS PARA DESCREVER O QUE ESTOU SENTINDO. ESSA FOI PARA VOCÊ

“PARABÉNS PARA ESSE MONSTRO @FILIPETOLEDO. FOI A SUA PRIMEIRA DE

RICARDINHO! QUERO AGRADECER MUITO AO

MUITAS VITÓRIAS CARA! SEU TALENTO É COISA

MEU IRMÃO @SANTIAGOMUNIZ, TE AMO,

DE OUTRO MUNDO! APROVEITA BASTANTE, MAS

E AO @LUANWOOD , @VICTORBERNARD0 ,

SEGURA A TUA ONDA QUE VAMOS NOS MATAR

QUE FICARAM FAZENDO A VIBE ATÉ O FINAL.

HAHAHA! TAMO JUNTO CARA! PARABÉNS,

@Gabriel Medina

OBRIGADO DEUS!”

QUEBROU DEMAIS!”

tentando explicar a declaraçã polêmica sobre sua eliminação na Gold Cost pelo irlandês Glenn Hall. Esta postagem rendeu mais de 140.000 likes e 1.700 cometários

@Alejo Muniz

@Jadson André

sobre sua vitória no Burton Automotive Pro.

parabenizando Filipinho pela vitória no Quiksilver Pro Gold Coast.

D’ÁGUA... #TEESPEROPROCHURRASCONORIO”

“ACHEI MUITO INTELIGENTE E TIVE QUE RESPOSTAR. NÃO TENHO CERTEZA QUEM CRIOU A ARTE, MAS ‘BRAVO’ MEU AMIGO. HAHAHA! #FREDDYSROCK.” @Freddy Patacchia repostou a arte que fizeram sobre a marola que pegou após ser “engolido” por Adriano de Souza nas ondas de Snapper Rocks.

@TOMASHERMES E @PEDROHENRIQUETEAM

“OBRIGADA A TODOS QUE ME AJUDARAM E APOIARAM DURANTE O CAMPEONATO. AMIGOS, FAMÍLIA, PATROCINADORES... SÃO TANTOS NOMES! PARABÉNS À STEPHANIE GILMORE, VOCÊ É UMA LENDA, FOI DIVERTIDO COMEMORAR COM VOCÊ!” @Carissa Moore agradece o apoio que recebeu para chegar ao pódio na God Coast.

Acompanhe a Surfar pelo Twitter: www.twitter.com/revistasurfar.com.br

NA PRIMEIRA BATERIA DE #BELLSBEACH.

“NÃO MEXA COM A GENTE!” @John John Florence numa selfie com seu “amigo” coala.


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APLICATIVO


alé QBuoNBaiogahtards da rld ASuWrfiAngIIAw

Brasil com altas imagens das ondas e também da galera barsileira que sempre invade as areias do arquipélago.

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Fotos: Pedro Tojal

oH ASP W

A Surfar é presença certa durante toda a temporada havaiana e, como de costume, volta para o

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01 – O fotógrafo Bruno Lemos e o videomaker Clebinho em mais um dia de trabalho. 02 - Nova geração brasileira já “dominando” o Hawaii. 03 – Carlos Burle e sua esposa entre uma caída e outra. 04 - Derek Ho, bicampeão do Pipe Masters. 05 - Yago Dora foi muito elogiado em sua estreia no Volcom Pipe Pro. 06 – Hawaii muito bem frequentado. 07 – A descontração de Felipe ‘Gordo’ Cesarano. 08 - Hizunome Bettero após o “dever” cumprido. 09 - O alto astral de Lapo Coutinho. 10 – A videomaker Tatiane Araujo com o fotógrafo Bidu e Diego Silva. 11 - A lenda Tom Curren. 12 - Backside brazuca. 13 - Lucas Silveira partindo para mais uma session. 14 - Brasileiros crowdeando o Hawaii: Diego Santos, Fabio Dias e Sylvio Mancusi.



NA MEDIDA O carioca RICARDO MARTINS competiu como surfista profissional na década de 80, com uma expressiva atuação em vários circuitos. Apaixonado pelo surf, criou anos depois a Wetworks em parceria com Claudio Hennek e Joca Secco. Sempre em busca de qualidade e precisão no design das pranchas, pelas mãos do shaper RM já passaram alguns dos melhores surfistas brasileiros. Esse mês, a Surfar escolheu o potiguar JADSON ANDRÉ, atleta da elite, para saber como é o trabalho que ambos vêm desenvolvendo no circuito mundial.

JADSON ANDRÉ POR RICARDO MARTINS

RICARDO MARTINS POR JADSON ANDRÉ

Acho que comecei a shapear para o Jadson André em 2005 quando já fazia pranchas para outros atletas da Oakley, como o Adriano de Souza. Todo surfista que está no QS ou WCT é muito exigente e com o Jadson não é diferente. Uma relação intensa e que demanda muito tempo. Então, as mudanças para uma nova prancha sempre giram em torno das necessidades futuras, sempre visando à evolução do surf dele. Desde o início da nossa parceria, já produzi algo em torno de 350 pranchas para o Jadson. Atualmente seu quiver é composto por 5’9”, 5’10”, 5’10”1/2, 5’11”, 5’11”1/2 e 6’0”. Mas no dia a dia, para beach breaks, varia de 5’9”a 5’11”squash, com single concaves acentuados, e a última mágica foi uma 5’11”squash com 18.31 x 2.25 e com 25 litros de volume. Um dos pontos altos do surf do Jadson são os aéreos, e temos modelos bem aperfeiçoados para facilitar isso, sendo que nos últimos três anos desenvolvemos mudanças para dar mais power e drive em suas pranchas. Também costumo tentar fazer pequenas mudanças de acordo com as etapas que ele vai correr. Para alguns locais, faço pranchas mais rápidas e soltas (ondas pequenas de beach break). E quando temos condições de ondas boas, tento colocar curvas que deem mais segurança e força nas manobras.

Minha parceria com o Ricardo começou há muito tempo através do Pinga, que foi quem me indicou, e tudo deu certo. Praticamente só falo o tamanho e para onde é a prancha, e o Ricardo já sabe o que fazer. São mais de 10 anos trabalhando com ele, então fica tudo mais fácil. O RM é um cara que sempre pega no meu pé, querendo minha evolução a cada onda surfada. Sempre quer assistir meus vídeos e pede para eu enviar as imagens para ele avaliar, etc. Acredito que o surfista tem que estar com a mente aberta para querer evoluir, e eu tenho o privilégio de trabalhar com o melhor shaper do Brasil e que gosta muito de mim. Hoje minha prancha mágica é uma 5’11”, modelo Lampião, cópia daquela que ganhei novamente Cascais e fiz o segundo lugar na França no ano passado, onde competi em 2 a 3 pés e nos outros dias usei a mesma em 8 a 10 pés. Praticamente completa, pois não é fácil a mesma prancha funcionar em condições tão diferentes. Ela anda em todo tipo de onda. Estou com pranchas boas do RM e ele entende mais do que o suficiente para saber o que deve ou não mexer nelas. Acho que dá para ter um ano incrível no WCT. Agora, em 2015, meu desafio é ficar entre os Top 10. Só vai depender de mim! Modelo Lampião - 5’11”squash - 18.31” x 2.25” e com 25 L.

Daniel Smorigo

Jadson André voando nas ondas cariocas.

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Todo mundo sabe que na Califórnia rola onda durante o ano inteiro, mas o inverno é a melhor época. E a temporada 2014/2015 não decepcionou! Enquanto os swells quebraram na maioria das vezes em condições storms no Hawaii, estas mesmas ondulações chegaram limpas na costa californiana. Vários dias épicos em picos clássicos, como Blacks, Trestles, Seaside, Rincon, Oceanside e Steamer Lane, fizeram a cabeça dos americanos e de quem passou por lá. Como muita gente faz conexão na Califa quando volta do Hawaii, vários estendem esta escala para pegar altas ondas. Além disso, o berço da indústria do surf está lá, então, os profissionais vão resolver negócios, produzir material para o patrocinador e pegar pranchas. Outros, como Filipe Toledo, ainda se mudam para os States e, por serem surfistas, a escolha não poderia ser diferente: decidem morar na Golden State do surf. Juntando todos esses motivos, um time brasileiro de peso aproveitou os swells que entravam um dia atrás do outro com em média 4 a 6 pés sólidos, um parque de diversões para os atletas soltarem todo o arsenal de manobras que possuem. Quando esse time ainda se encontrava para surfar junto, o espetáculo era formado e a galera na areia parava para assistir! Nas próximas páginas, selecionamos as melhores fotos de Ian Gouveia, Alejo Muniz, Pedro Scooby, Gabriel André e Filipe Toledo durante essa temporada. É alta performance pura! ––––– por luis Fillipe Rebel fotos MARCIO CANAVARRO

Filipe Toledo voando com o paredão de Blacks Beach ao fundo durante a primeira pré-temporada que fez em sua nova casa: a Califórnia.


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“Na Califa, você surfa mais tranquilo sem se preocupar se vai se envolver ou não num problema com local, ou se machucar no coral ao pegar uma bomba, ou passar uma situação difícil. Então, é bom para relaxar.”

Sem dúvidas, o estilo corre na veia da família Gouveia.

I

I a n

G o u v e i a

an Gouveia já estava um pouco cansado da pressão do Hawaii após dois meses e meio no arquipélago. Então, quando foi para Califa montar o quiver para o circuito QS de 2015, ele aproveitou para dar um tempo do North Shore. “Fiz umas filmagens legais e treinei bastante, mas nada muito radical. Fui mais

para buscar as pranchas, surfar sem pressão e pegar as ondas da Califa. No Hawaii, você fica ali dois, três meses

80


Momento de tranquilidade em meio ao crowd de Blacks.

O treino em Blacks é completo: vai dos tubos aos aéreos.

Ian Gouveia.

“Lá é o centro do surf. Tanto que você vê muitos caras do WCT optando por morar na Califa, pois as marcas, a maioria dos melhores shapers, os materiais de quilha e de roupa de borracha, tudo está lá. É bom ir para lá e ver como está a evolução das coisas para estar sempre por dentro do que está acontecendo ali.”

de tensão de ter que fazer foto e de pegar um mar grande

nas próximas etapas do ano”, contou. Logo depois, Ian

em Pipe”, disse Ian.

seguiu rumo à neve para fazer snowboard em

Entre os 20 dias na Golden State, o pernambucano

Lake Tahoe. Quando voltou ao litoral, pegou bons

resolveu competir o QS1000 para estrear no ano, botar

swells na região de San Diego, principalmente em

as pranchas no pé e treinar no formato de competição.

Seaside. No entanto, até os dias pequenos valem muito a

“A melhor decisão que eu fiz foi correr esse uma estrela

pena. “A marola da Califórnia sempre é boa para treinar,

esse ano, pois pude me preparar para as etapas da Aus-

a valinha é muito perfeitinha”, destacou Ian.

trália e acabei me dando bem no campeonato (2º lugar), o que me trouxe mais confiança para continuar bem

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Em entrevista à Surfar, Alejo deixou claro que é em Lower Trestles a etapa que ele mais quer mandar bem.

O power de Alejo Muniz.

Isso é um sonho?! Trestles sem ninguém na água. Alejo Muniz em Oceanside.

“Não tinha ninguém em Lowers! É muito raro isso acontecer, parecia mentira! Depois de uma hora e meia, um brasileiro chegou eufórico e falou: ‘Moro aqui há 11 anos e nunca vi isso aqui assim, sempre que há umas ondinhas tem uma galera.’”

A

A l e j o

M u n i z

lejo Muniz viveu uma situação

crowd e, às vezes, você perde a onda inteira com a galera

nesse inverno californiano que

no caminho. Então, poder escolher a onda que quiser e

parece até mentira, mas não é.

não ter ninguém na tua frente... Acho que essa foi a me-

Uma hora e meia surfando em

lhor session que já tive lá. Deixava até onda passar por-

Lower Trestles sozinho às 9h da

que ficava cansado”, disse Alejo eufórico!

manhã! “Não acreditei... Esta-

va sozinho com altas ondinhas.

ida e na volta de quando foi competir na Austrália, tota-

Tava aquele Lowers meio metro, meio metrão, perfeito

lizando 18 dias por lá. A primeira vez, Alejo pegou umas

que dava para fazer todo tipo de manobra. Lá é muito

pranchas para o Hurley Australian Open of Surfing e

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Ele aproveitou para ficar um tempo na Califórnia na


“Eu cheguei no cliff para ver o mar em Lowers e pensei: ‘Não tem onda e nem ninguém na água, então vou descer e bater umas fotos.’ Quando cheguei lá na praia tinham altas ondinhas, mas como o período tava alto e o tamanho pequeno elas não quebravam muito constantes. Então, para quem parava lá em cima parecia que tava flat.”

ficou uns 10 dias testando elas para melhorar ainda mais o equipamento. Já com o título do QS6000 na mão, ele parou novamente na Califa com o objetivo de treinar e acertar as pranchas para o primeiro Prime do ano que rola em Lower Trestles. Durante esses treinos, foi premiado com essa session sem ninguém na água.

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G a b r i e l

G

A n d r é

abriel André trocou a loucura de fim de ano do verão brasileiro pelo inverno californiano. Depois do Natal com a família, ele embarcou em direção à Califórnia para pegar pranchas novas, fazer material para o patroci-

nador e praticar com seu treinador Yufu Penrose, team manager da Sharp Eye Surfboards. Durante os três meses que passou por lá, treinou vários dias com Filipe Toledo, tanto dentro quanto fora d’água, oportunidade de ouro para a promessa brasileira absorver a experiência de um competidor do WCT. Nas ondas perfeitas da região sul, principalmente de Lower Trestles, Gabriel focou em colocar novas manobras no pé para variar o repertório e aperfeiçoou tanto a linha quanto a leitura de onda para encaixar cada movimento no momento certo da onda. A melhor session na opinião dele foi ao lado de Filipinho, Alejo Muniz, Neco Padaratz e Matheus Navarro. “Foi a única vez que surfou apenas a galera ali em Trestles, porém um pouco mais para o lado, que é um direita chamada Middles. Parecia não ter onda, mas quando você

Gabriel André e Filipe Toledo em Oceanside.

chegava na praia tinha meio metro bem servido e per-

“A maior vantagem de vir para a Califórnia é treinar nessas ondas perfeitas, como Lowers, uma onda que todos querem surfar. Além disso, aqui é o cenário do surf, onde tudo acontece. Não tem nada melhor do que estar aqui.”

feito sem ninguém na água, somente nós”, falou Gabriel.

Gabriel treinou bastante para variar mais ainda o repertório de manobras aéreas como o Kerrupt Flip.

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Além dos aéreos, Gabriel André aprimorou os tubos no inverno californiano.

“No começo do ano deu uma semana de flat, mas aí entrou um swell e foi um atrás do outro.”

Durante o inverno, Filipinho e Gabriel rodaram por vários picos da Califa para treinarem juntos.

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P e d r o

P

S c o o b y

edro Scooby não precisa de motivo para ir à Califórnia. Durante as inúmeras viagens que faz pelo mundo, ele não deixa de parar um tempo por lá na casa do amigo fotógrafo Julio Fonyat para aproveitar tanto as ondas quanto a vibe do lugar. Em

janeiro, Scooby pegou ondas de qualidade todos os dias com várias sessões ao lado dos amigos Filipe Toledo e Gabriel André. Os três surfaram em picos clássicos, como Trestles, Blacks Beach e Seaside, onde Rob Machado e Taylor Knox estão sempre na área. Vale destacar quando eles pegaram as ondas de Seaside correndo perfeitas com um metro de onda, além de outra queda em Blacks que rendeu altos tubos, apesar do crowd absurdo presente lá em todos os dias do inverno: “A Califórnia é incrível! Tem todo tipo de onda e todo dia dá onda com todas as direções de swell! O estado respira surf”, disse Scooby. Entre idas e vindas, o carioca passou um mês e meio lá e até já sentiu uma diferença na reação dos americanos quando veem os brasileiros surfando nos picos da Califa. “Com certeza, o respeito aumentou muito! Agora somos o país dos fenômenos, do atual campeão mundial.” Gabriel André, Pedro Scooby e Filipe Toledo em Seaside.

“Em janeiro foi incrível! Peguei ondas todos os dias! Peguei altas em Seaside e Blacks.”

Pedro Scooby, Jerônimo Vargas e Filipe Toledo em Blacks.

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A casa onde Scooby fica na Califa é ao lado de Seaside, onde ele pode colocar os aéreos em dia.

“A Califórnia é incrível! Tem todo tipo de onda e todo dia dá onda com todas as direções de swell! O estado respira surf.” Scooby dá show nas ondas grandes e nos mares high performance, como esse em Blacks Beach.


Só o trem para fazer ele parar... Filipinho não tem freio na busca pelo sonho de ser campeão mundial e a sua evolução nunca para. Ao lado dos irmãos na cidade onde escolheu morar, San Clemente.

Entrada pelo píer de San Clemente.

“Sempre que tinha onda, era de boa qualidade. E surfar Trestles é sempre muito bom.”

F

F i l i p e

T o l e d o

ilipe Toledo não queria se mudar de

Ubatuba por nada, mas San Clemen-

17º colocado no WCT, Filipe aproveitou as férias para re-

te o fez mudar de ideia. No primei-

carregar as energias ao lado da família. Depois, ele focou

ro semestre de 2014, ele se mudou

os treinos na parte física, além de atender aos patrocina-

para a Califórnia junto com a família.

dores. “Pude descansar e treinar a parte física, coisa que

“Aqui tem altas ondas para treinar.

não fazia direto já há algum tempo. Precisamos ter cons-

Também estou mais perto do patro-

ciência e nos preparar para a temporada seguinte”, disse.

cinador, da mídia gringa e melhoro o meu inglês”, falou

Os treinos já renderam um título indiscutível na primeira

Filipinho. Além disso, o ubatubense destacou a van-

etapa WCT do ano, o Quiksilver Pro Gold Coast, com uma

tagem de estar próximo do shaper dele: “Pelo Márcio

performance irretocável. Na verdade, desde que se mu-

(Zouvi) ser brasileiro e eu estar na Califórnia, fica muito

dou, Filipinho conquistou os Primes de Huntington Bea-

mais fácil a gente chegar à prancha mágica!”

ch e Maresias, além do campeonato em Snapper Rocks.

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Após terminar 2014 como campeão mundial do QS e


Os aéreos de Filipinho se tornaram ainda mais constantes.

“Aqui tem altas ondas para treinar. Também estou mais perto do patrocinador, da mídia gringa e melhoro o meu inglês.” Filipe tem confiança para usar o seu diversificado repertório de aéreos, tanto no free surf quanto nas baterias.


Filipe tenta ao máximo fugir do crowd de Blacks Beach, mas às vezes tem que se render porque não dá para ignorar a perfeição da onda.

Entrada pelas pedras em Oceanside.

Na Califórnia, até quando está pequeno vale a queda por causa das valas perfeitas.

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O visual industrial de Carlsbad no centro do mercado de surf mundial.


Mesmo com os swells de norte/nordeste que predo-

minam no inverno e não são muito bons em Tresltes, foi lá que Filipe Toledo teve as melhores sessions de surf, algumas vezes com bons dias de crowd reduzido porque a maioria da galera correu atrás da ondulação favorável para Blacks Beach e outros picos. Na hora de falar sobre a melhor sessão, Filipinho se lembrou da mesma que Gabriel André escolheu: “Tive a oportunidade de surfar com alguns amigos como Gabriel André, Alejo Muniz, Matheus Navarro, além do Neco Padaratz, que é um monstro e está surfando demais, muito conhecimento e experiência de competição. Tenho aprendido muita coi-

“Pude descansar e treinar a parte física, coisa que não fazia direto já há algum tempo. Precisamos ter consciência e nos preparar para a temporada seguinte.”

sa com ele no dia a dia de treino.”

A linha de Filipe também faz a diferença, afinal não falta variedade em seu surf. Sessão em Swami’s Beach.




GALERIA

Hawaii No Hawaii, fotógrafos e surfistas se unem para produzir imagens que irão marcar a temporada. Nunca uma foto vai ser igual à outra no North Shore, já que a cada ano as manobras evoluem, os ângulos mudam e, principalmente, o mar nunca se repete. Quando os quatro meses em Oahu chegam ao fim, os computadores da Surfar ficam lotados de fotos incríveis e escolher quais publicar é uma tarefa difícil. A galeria Hawaii desse ano busca mostrar ângulos e momentos diferentes desse lugar que já é conhecido, mas que nunca vai perder a fama de ser a melhor região de surf do mundo.

O havaiano Mikey Bruneau é salva-vidas no North Shore e sempre arruma uma folga para pegar ondas perfeitas como essa em Pipeline. Trabalhar nas praias havaianas pode parecer um sonho, mas entrar nadando em mares gigantes para fazer resgates é missão para poucos.


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Henrique Pinguim/ Liquid Eye


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Pedro Tojal

Marcio Canavarro

Pedro Tojal

Pedro Tojal

Marcio Canavarro

Pedro Tojal


Pedro Tojal

Lucas Silveira mandando um “air drop� durante o final de tarde em Backdoor.

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Pedro Tojal

Além de manobrar muito bem, Caio Ibelli tem um controle total nas ondas tubulares. Essa foto feita em Off The Wall mostra bem a técnica do paulista que já foi campeão mundial do Pro Junior em 2011.

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Henrique Pinguim/ Liquid Eye

Tubos, surfistas e fot贸grafos: um raio-X do que acontece no Hawaii.

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Pedro Tojal

Durante a temporada rolaram alguns dias de ondas grandes com vento ruim em Pipeline. O havaiano Ezekiel Lau, que conhece todos os picos de Oahu, aproveitou para pegar sozinho altos tubos em um secret bem longe do North Shore.

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GALERIA

Pedro Tojal

Hawaii

Jamie O´Brien mora em frente a Pipeline e sempre que o mar está tubular ele está na água, seja de manhã, tarde ou de noite, nem que para isso use uma lanterna.


Pedro Tojal

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Uma sĂŠrie de ondas alinhadas em Pipeline produzidas por um swell perfeito do PacĂ­fico Norte.


John John Florence em Log Cabins, um dos picos mais perigosos do North Shore, com uma bancada cheia de cavernas e pedras pontudas. Voar ali é coisa de maluco ou profissional!

Leo Neves

Henrique Pinguim/ Liquid Eye

Dávio Figueiredo manobrando com força em Backdoor. O surf está no DNA da família!

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Pedro Tojal

Stephen Koehne pegou essa direita perfeita em Off The Wall durante o Pipe Masters e levou o público da areia à loucura. Parecia que alguém tinha tirado uma nota 10 no campeonato!

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GALERIA

Hawaii

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Pedro Tojal

É muito difícil para um brasileiro pegar onda boa em Pipeline e cada um tem sua estratégia. Diego Silva sempre se posiciona bem para dentro da bancada para fugir dos locais e na maioria das vezes dropa de trás do pico para pegar tubos profundos como esse.

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JAWS



D

iariamente recebemos imagens de diversos fotógrafos e filmmakers brasileiros espalhados ao redor do mundo. Selecionar o material recebido é um dos momentos mais prazerosos do dia a dia de quem

trabalha em uma revista de surf. Vibramos com cada rabetada, rasgada, tubão e aéreo vistos de diferentes ângulos, mas alguns trabalhos nos surpreendem. Foi isso que aconteceu na escolha das pautas para a nossa edição de aniversário. Em meio aos arquivos fotográficos, um deles foi selcionado graças a uma visão incomum apresentada pelo gaúcho morador de Bali Everton Luis ao usar o flash como acessório para fotos de surf. Sessões no fim de tarde e já no escuro da noite ganharam uma “luz” diferente, fugindo do comum (e do crowd) e proporcionando um trabalho plasticamente diferenciado. ––––– por luÍs Fillipe Rebel fotos EVERTON LUIS

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Na hora de ir embora, Everton Luis insistiu para Andrew Serrano voltar ao outside e pegar mais uma. A recompensa veio com a melhor foto da session nessa Ăşltima onda do dia em Padang Padang.

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Floater do local Alik Rudiarta em Uluwatu.

V

endo alguns amigos fotógrafos como o americano Trevor Murphy e o catarinense Marcio David usarem o flash, Everton Luis decidiu aprimorar a sua técnica de fotografia aquática

há um ano e meio para tentar trazer uma luz realmente extraordinária no escuro, coisa que poucos profissionais da área tinham investido. Para iniciar o experimento foram necessários os seguintes “ingredientes”: Adaptar uma recém-adquirida caixa-estanque para se conectar a uma caixa “auxiliar” de flash. No ajuste foram utilizados alguns parafusos para fazer um suporte; Em Macaronis, Yago Dora saiu logo da água com medo de aparecer um crocodilo. Mas nem precisou de muito tempo para render altas imagens.

Testar diferentes configurações da máquina até descobrir a melhor para cada situação; Ajustar o foco e, principalmente, acertar o posicionamento, pois o fotógrafo também só vê o surfista quando está em cima dele; Acostumar-se com o novo peso e volume da câmera

HORA DA AÇÃO

A primeira session de fotos já foi em um estúdio de

ao ser conectada junto ao flash, o que foi a maior dificul-

primeira classe: as esquerdas perfeitas de Padang Pa-

dade;

dang. Um início de poucas imagens registradas, porque

E, para finalizar, o “ingrediente especial”: amigos fis-

ele ainda estavam se ajustando à novidade. Porém, como

surados com disposição para se arriscarem no escuro e

se sabe, quantidade não é sinônimo de qualidade. Com

estenderem as sessões de surf até a calada da noite. Mais

a participação de Ian Cosenza, Cássio Tramontini e Elias

um cena do “Fugindo do Crowd”.

Seadi em um SUP, a sessão experimental foi um sucesso!

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“Não foram muitas fotos, mas as poucas registradas ficaram muito legais. Inclusive, consegui uma do Elias no ângulo de baixo para cima pegando o fundo da prancha

“Minha primeira queda com o flash e já tive uma foto vendida para publicidade. Com esse incentivo, ficou claro que eu deveria ir mais para água neste horário. Fugir do crowd é um bom motivo também, ainda mais nos picos famosos como Padang, Bingin e Uluwatu.” EVERTON LUIS

na cara do flash. Ficou tão legal que vendi para a Maresia (patrocinadora do atleta). Imagine... Minha primeira queda com o flash e já tive uma foto vendida para publicidade!”, lembra Everton.

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Kayu Vianna, carioca que mora em Bali, à vontade no meio da escuridão em Padang Padang. Detalhe para o visual do flash batendo nas gotas d’água.

“Às vezes você vê numa sessão de skate da galera fazendo fotos iradas com flash, mas no surf é complicado. Isso já torna a experiência especial.” ANDREW SERRANO

Muito satisfeito após um trabalho bem feito na pri-

meira queda, ficou claro para Everton que valia a pena investir nesse surf noturno. Fugir do crowd em picos famosos como Padang Padang, Bingin, Macarronis e Uluwatu, além de sair do comum com um visual diferente, com certeza renderiam bons frutos após muita dedicação. Assim, ele explorou sempre o flash ao longo do ano e cada vez mais os resultados saíam melhores: “Consegui obter um vasto arquivo de ótimas fotos, mas têm umas que gosto de ressaltar: as sessions em Bingin e Padang com o Andrew Serrano; as caídas logo que o sol se foi, como a que eu registrei uma foto animal do Dávio Figueiredo; as sessões já no escuro em Padang com o Kayu Vianna e o Jerônimo Vargas e as com os locais em Uluwatu, onde tem um floater animal do Alik Rudiarta.”

Ainda escurecendo, o flash já rende boas fotos, como essa de Andrew em Bingin.

Mas quem está sendo fotografado também precisa se adaptar à novidade. Como os surfistas não estão acostumados a receberem uma luz forte na sua direção enquanto pegam ondas no meio da escuridão, eles levam um susto e se atrapalham. No entanto, depois disso assimilam que vai ter um flash ali e passam a desviar o olhar apenas para a parede surfando normalmente. “Lembro do Jê reclamando de não conseguir enxergar


no escuro. Descia cada onda na adrenalina e ficava to-

“Você toma um soco na cara dentro do tubo quando dispara o flash. A sensação é de estar caindo uma cachoeira na sua cara, mas na real é o flash.” IAN COSENZA

talmente cego quando o flash disparava. Ele tomou um caldo na minha frente que foi muito sinistro (risos),” fala Everton. Outra dificuldade, tanto para o fotógrafo quanto para o surfista, é sair do pico sem ver nada, principalmente com a água na canela em mares de reef como Padang Padang.

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Na primeira queda com o flash, Everton sabia que Ian Cosenza estaria no outside na última hora da luz em Padang Padang. “Poucas são as minhas fotos em Padang porque eu só caio lá quase escuro para fugir do crowd”, disse Ian.

Jerônimo Vargas continuou na água mesmo quando não dava para enxergar mais nada.


Jerônimo Vargas.

“Lembro do Jê reclamando de não conseguir enxergar nada no escuro. Descia cada onda na adrenalina e ficava totalmente cego quando o flash disparava. Ele tomou um caldo na minha frente que foi muito sinistro (risos).” EVERTON LUIS

Yago Dora.

“Macaronis é meio sinistro porque tem várias histórias de ter crocodilo por lá. A gente no escuro já estava ficando com medo. Quando renderam umas legais, a gente já saiu.” YAGO DORA

Andrew Serrano.

“Eu estava de single fin e a maré muito seca. Só tinha eu de prancha na água. A última foi a minha melhor onda, já totalmente escuro. Foi bem louco, nem acreditei que consegui. Na Indonésia, que tem bancada de coral, se torna mais perigoso ainda surfar à noite.” ANDREW SERRANO

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“Você vê só um vulto preto passando e vem o flash assim: ‘pááá’. Fica muito visual, dá um ‘up’ a mais na foto. É diferente... Não é uma parada normal... Dá umas cores. Acho que no futuro vários fotógrafos vão querer ter um flash para tirar foto no final de tarde, escurecendo, é uma evolução.” DÁVIO FIGUEIREDO

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O flash proporcionou um visual completamente diferente para essa foto de Dรกvio Figueiredo no fim de tarde que ele pegou altas ondas sem crowd em Padang Padang.

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A EVOLUÇÃO NÃO PODE PARAR

Assim como à medida que os surfistas colocam no pé

um aéreo irado e já querem acertar outro mais moderno ainda, os fotógrafos também estão sempre fissurados para evoluir. “As sessões foram se criando e tinha que inventar algo mais inovador”, disse Everton. Então, a cada session novos testes eram feitos.

Durante uma trip para Mentawai, Everton se lembrou

de umas fotos que viu do Bruce Irons, onde o fotógrafo estava no barco e apenas o flash foi para dentro d’água. A partir daí, ele já sabia a qual inovação iria se dedicar. Na

Ficaram muito loucas as imagens! As minhas fotos favoritas da trip foram em Pitstop. A gente ia para o lip na sorte para ver se dava para voar. Quando não tinha o lip, a gente dava um ollie, tentava dar um jeito.” YAGO DORA

perfeição das ondas fáceis em Pitstop, rolou o teste do novo formato e os surfistas foram para a água com uma única instrução: manobrar na frente do flash. “Aproveitei

Everton Luis.

“Quando não se consegue enxergar muito, tudo passa a ser assustador. As ondas são o que menos assustam, mas a possibilidade de um tubarão ou qualquer coisa que possa lhe confundir com alimento (risos).” EVERTON LUIS

para abusar dos atletas, pois contava com eles para nadarem com o equipamento entre as ondas e no escuro enquanto eu fotografava da praia. No melhor momento, o flash estava na mão do meu amigo fotógrafo Ricardo Esteves. Uma das fotos dessa noite é a minha preferida, um aéreo alto do Yago Dora girando de backside”, conta Everton.

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“Uma das fotos dessa noite é a minha preferida: a do Yago Dora voando muito alto girando de backside”, disse Everton.

Sempre se renovando, Everton Luis quer desenvolver

faltar, já que todos os fotografados não veem a hora de

ao máximo o flash e buscar ângulos inusitados para usá-

viverem essa experiência novamente. Agora é ficar aten-

-lo. Como hoje é sócio da Box Water Housings, uma em-

to aos próximos capítulos da evolução dessas ideias, pois

presa nova de caixas-estanques, ele está em busca de de-

muito material bom ainda deve vir por aí!

senvolver o melhor modelo para usar o flash nas caixas da Box. “Logo devo aparecer na praia para testar umas ideias...”, garante. Vontade dos surfistas também não vai

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MOVIES

N E W S

Uma nova série do diretor Rafael Mellin vai estrear em setembro no Canal Off com um conceito diferente. Trata-se de um guia de tudo que tem de básico e moderno na fabricação de pranchas: os materiais, designs, modelos, laminação, etc. A equipe de produção foi à Califórnia, Hawaii e Brasil entrevistar no mínimo 20 shapers especializados em cada tipo de prancha, das assimétricas, passando pelas retrô até as de competições. Outros profissionais da área, como os laminadores, também foram entrevistados. Isso tudo liderado pelo sur-

fista Junior Faria, que é um colecionador de pranchas. O guarujaense é formado em jornalismo, assim, além de testar os modelos, ele faz as entrevistas, se tornando o porta-voz da história. Após completar essa primeira fase, Mellin viajou pela América do Sul com os surfistas Andrew Serrano, Junior Faria, Marcelo ‘Trekinho’ e o longboarder Alexandre Walters, que foram os “pilotos de testes” de mais de 20 modelos de pranchas. O objetivo foi fazer uma avaliação técnica de como as pranchas funcionam, como se comportam em cada tipo de mar, qual é boa para aéreo, tubo, batida... Os surfistas não levaram nenhuma prancha deles, foi tudo uma novidade. “É que nem criança em parque de diversão cheio de brinquedo. Ficou todo mundo numa de experimentação mesmo, de tentar levar as pranchas no limite para ver a performance delas, isso foi bem legal. Têm umas pranchas bem famosas, como a do Tom Curren, a do Kelly Slater, o modelo do Martin Potter e umas outras que a gente nunca tinha visto... Tem muita no-

vidade”, disse Mellin. Agora, a produção vai gravar algumas cenas de ação pelo Brasil com mais outros surfistas. A equipe de filmagem, formada por Rafaski, Caio Faria, Bruno Tessari e Pedro Castro, está buscando ângulos diferentes através de câmeras dentro d’água, embaixo das pranchas, presas nas quilhas, dentre outras técnicas para mostrar como cada modelo se comporta. Com 13 episódios de 26 minutos, a série estreia em setembro e ficará no ar até o fim do segundo semestre. O nome do programa ainda não foi aprovado pelo canal, mas o projeto por enquanto leva o nome de “Hidro Dinâmica”. “Estamos fazendo algo que não tem na TV daqui. É muita interferência gráfica em cima das imagens, explicando como as pranchas funcionam dentro d’água, as medidas, aquelas coisas de fazer desenho. É um tipo de teste de prancha que a gente nunca viu. Acho que ninguém nunca ficou tanto tempo com tantas pranchas”, finalizou Mellin.

TO P V Í D E O S N O W W W . S U R FA R . C O M . B R

SASHIMI DE SURF Um verdadeiro “sashimi de surf”, iguaria servida em estado cru. A receita é simples. Junte o sul-africano Jordy Smith a um mar perfeito, quase como unir o útil ao agradável e deixe que a mágica aconteça. Fatie de forma precisa e sirva, sem “presepada”, entendeu? Aaah... e o nome original do vídeo é “Working Class”, ou em português Classe Trabalhadora, que também é um bom título. Não deixe para depois, entre no site e dê o play!

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ERIC DE SOUZA NA CONTRAMÃO DO CROWD

SAD SUMMER: NOTÍCIAS DE UMA TRISTE REALIDADE

Eric deixou o Hawaii de lado e foi em busca de muitos tubos perfeitos pelo mundo no seu melhor espírito “Fugindo do Crowd”. No vídeo, o carioca mostra logo de cara a tranquilidade de exímio tube rider ao caminhar confortável por dentro das ondas. Já no final, Eric apresenta o seu repertório de manobras modernas recheado de aéreos.

Não costuma ser fácil para um surfista profissional produzir material de qualidade durante o verão do Rio de Janeiro. Swells inconstantes e praias lotadas atrapalham o trabalho deles. No entanto, o trickster Tiago Arraes conseguiu pelo segundo ano consecutivo driblar essas dificuldades para gravar “Sad Summer”, uma produção original, divertida e com muito surf.



Pedro Tojal

NOVA GERAÇÃO

Vitor Ferreira aperfeiçoando seu surf nessa última temporada havaiana.

IDADE: 15 ANOS PATROCÍNIO: CYCLONE APOIO: CHICLETE TRUNK (CT), BROTHER-PRAINHA, JOCA SECCO QUIVER: Duas 5’0, 5’2,5’3,5’5,5’9 e 6’4 SHAPER: JOCA SECCO SURFISTA PREFERIDO: GABRIEL MEDINA, JOHN JOHN FLORENCE E RICARDO DOS SANTOS MELHOR MANOBRA:REVERSE

VITOR FERREIRA

Vontade e talento não faltam para o carioca VITOR FERREIRA. Local do Recreio dos Bandeirantes, Vitor começou a surfar aos quatro anos de idade por influência de seu pai, Alexandre Ferreira, e aos oito já entrou no surf competição. Ao longo dos anos, o garoto vem colecionando títulos e conquistas, entre eles o de atual Campeão Brasileiro Amador, o que mostra que está no caminho certo. Depois da sua terceira temporada havaiana, Vitor nos conta um pouco sobre a conquista do título e sua carreira.

COMO FOI SUA JORNADA RUMO AO TÍTULO DE CAMPEÃO BRASILEIRO AMADOR DE 2014? Muito foco e determinação em todas as minhas baterias. Também treinei bastante com meu técnico Pedro Muller e durante o ano todo fiz treinamento funcional com meu preparador físico Gabriel Ferrão.

O QUE ACHA QUE VAI MUDAR NA SUA CARREIRA A PARTIR DESSA CONQUISTA? Fico muito feliz de ter essa conquitsa na minha carreira. Acredito que o título brasileiro seja um dos mais importantes títulos do surf e que pode influenciar no interesse de novos patrocínios futuramente.

QUAL A SENSAÇÃO QUE VOCÊ SENTIU NA HORA QUE SOUBE QUE TINHA LEVADO O TÍTULO? Foi incrível a notícia de ter sido Campeão Brasileiro Amador de 2014! Eu estava muito nervoso, pois ainda tinha a possibilidade de haver mais uma etapa. Quando houve a confirmação de que não haveria a outra etapa, eu fiquei muito feliz.

COMO FOI ESSA TEMPORADA NO HAWAII? Essa minha terceira temporada havaiana foi ótima! Peguei altas ondas, mesmo com tamanho e crowd. Só ventou um pouco mais do que as outras, mas mesmo assim foi animal!

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E QUAIS AS OUTRAS SURF TRIPS QUE JÁ FEZ? Já fui três vezes para a Califórnia, duas para

o Peru, além de uma vez para El Salvador e uma para Costa Rica. Mas quero muito ir ao Tahiti e Indonésia, que são o meu sonho porque têm diversas ondas diferentes e me identifico bastante com elas. QUANDO O MAR ESTÁ FLAT, O QUE COSTUMA FAZER PARA AJUDAR NO SEU DESEMPENHO DENTRO D’ÁGUA? Dou um gás no treinamento funcional e gosto de nadar. E AGORA, QUAIS SEUS PRÓXIMOS OBJETIVOS E EXPECTATIVAS NA CARREIRA PARA 2015? Quero viajar bastante para vários lugares, competir o Circuito Hang Loose Surf Attack, correr alguns Pro Juniors, além de ser campeão estadual e brasileiro.



NOVA GERAÇÃO IDADE: 13 ANOS

Local da praia da Joaquina, Florianópolis,

para alguns destinos mais desejados, como o

PATROCÍNIO: MORMAII

LUCAS VICENTE começou a surfar ainda pequeno,

Hawaii e a Indonésia, e em breve pretende enca-

aos três anos, estimulado pelo pai. E foi paixão

rar as ondas australianas. Mas enquanto isso não

à primeira vista! Já com cinco de idade, ele de-

se realiza, ele afia o condicionamento físico e a

QUIVER: 15 PRANCHAS, mas as preferidas são 5’0, 5’5 e 5’8

cidiu participar de suas primeiras competições.

habilidade em treinos quase que diários na praia

Em seu currículo, carrega os títulos de Bicampeão

da Joaquina e no Matadeiro, pois são dois luga-

SURFISTA PREFERIDO: GABRIEL MEDINA e RICARDO DOS SANTOS

Catarinense 2011/2012 e o vice-campeonato

res onde ele diz poder treinar todas as manobras:

SHAPER: WADE TOKORO

do Rip Curl Grom Search 2012. Em suas surf

“Quero evoluir meu surf e ganhar o Rip Curl Grom

MELHOR MANOBRA: TUBO e AÉREO

trips, Lucas já com carimbou seu passaporte

Search, o campeonato paulista e o catarinense!”

Pedro Felizardo

APOIO: SHAPERS FINS, TOKORO, CLÍNICA EDUCA A DOR e COLÉGIO ADVENTISTA

LUCAS VICENTE PATROCÍNIO: VIDA SURFE APOIO: STAR POINT, BULLY´S , WETWORKS, BILLABONG, G-SHOK, KINETIK RACING, ARNETTE e UBATUBA OUTDOOR FITNESS QUIVER: de 5’10 até 6’1 SURFISTA PREFERIDO: FILIPE TOLEDO SHAPER: RICARDO MARTINS MELHOR MANOBRA: AÉREO

PHILIPPE CHAGAS 130

Aos quatro de idade, PHILIPPE CHAGAS deu suas primeiras braçadas na praia Vermelha do Norte, Ubatuba, onde é local. Em seu primeiro campeonato, aos sete anos, ficou na segunda colocação do Circuito Municipal de Ubatuba, perdendo para Filipe Toledo na final. Assim, com o ótimo resultado de estreia, ele tomou gosto pela competição e já conquistou os troféus do Bicampeonato Ubatubense e das três etapas do Hang Loose Surf Attack. Entre as surf trips, Mentawai, Peru, Equador, Indonésia e, agora,

sua primeira temporada havaiana. “Surfei bastante em Off The Wall e Pipe para me aperfeiçoar, pois são ondas pesadas e de tubos. Mas também peguei Haleiwa e Sunset porque fazem parte do Circuito Mundial, onde irei competir em breve”, diz. Agora, em 2015, seu principal objetivo é se profissionalizar oficialmente, buscar uma vaga para o Mundial Junior e conseguir o maior número de pontos em etapas do QS para aumentar seu “seed” para os 6 estrelas e os Primes.

Philippe Chagas se divertindo nos cilindros da Indonésia.

Arquivo pessoal/ Fernanda Izabel

IDADE: 18 ANOS

Lucas Vicente no Grower.



EVENTOS

QUIKSILVER PRO GOLD COAST 2015

Fotos: Divulgação WSL

“A TEMPESTADE BRASILEIRA VIROU UM CICLONE”


CHUVISCO NO ROUND 1 O primeiro dia de competição não foi muito animador para o Brasil. Seis dos sete surfistas brasileiros foram eliminados, com Gabriel Medina salvando o dia. Aliás, a praia lotou para ver o novo campeão mundial e defensor do título da etapa. Medina era o centro das atenções da World Surf League, do eufórico público brasileiro, das mulheres, dos gringos e de toda mídia. Para completar, Gabriel levantou a multidão com uma virada no final ao tirar um 9,50, que resultou no maior somatório do dia (18,30). Apesar das derrotas, os estreantes Ítalo Ferreira e Wiggolly Dantas deram muito trabalho. Ambos criados em picos conhecidos por suas direitas, respectivamente no Pontal de Baía Formosa e na praia de Itamambuca. Wiggolly quase venceu Medina, enquanto Ítalo ficou a apenas 0,46 ponto de Julian Wilson.

Cestari/WSL Smorigo/ WSL

Gabriel Medina protagonizou uma exibição de gala no Round 1.

O público estava dividido entre brasileiros e australianos.

Cestari/WSL

Com a frase ao lado, Martin Potter, campeão mundial de 1989, definiu a invasão verde-amarela no Quiksilver Pro Gold Coast em Snapper Rocks. A direção de prova estendeu a janela de espera por mais dois dias para aguardar um possível ciclone, mas eles não sabiam que essa previsão se tratava do atropelamento feito pelos brasileiros em plena Austrália. A etapa na tão falada costa dourada australiana terminou com três brasileiros entre os quatro primeiros colocados, sendo Filipe Toledo o incontestável campeão do evento em cima de Julian Wilson. Verdadeiras aulas de surf base lip competitivo com Adriano de Souza, variação de manobras com Filipinho e de como surfar de backside com Miguel Pupo ao lado dos rookies Wiggolly Dantas e Ítalo Ferreira. Em meio a polêmicas alimentadas pela revista australiana Tracks, com matérias depreciando os brasileiros no seu site, o nosso orgulho ficou ainda maior. Já para aqueles que ainda tentam diminuir nossos feitos, a resposta foi dada: o Brasil é uma potência do surf mundial. --- por luís fillipe rebel

A estrela de Ítalo Ferreira brilhou na vitória em cima de Slater.

Após onze dias de espera para o recomeço do campeonato, a redenção das derrotas no Round 1 veio na repescagem com os brasileiros superiores em todas as cinco baterias que disputaram. A série de triunfos iniciou com uma vitória tranquila de Adriano de Souza, que já havia mostrado estar com o joelho 100% recuperado após arriscar alguns aéreos no round anterior. Após Mineiro derrotar o americano C.J. Hobgood, chegou a vez dos australianos sofrerem com o poder de fogo do esquadrão verde-amarelo. Um aperitivo do que ainda estava por vir! Ítalo eliminou Ace Buchan, Filipe passeou contra Adam Melling, já Wiggolly venceu uma disputada bateria contra Kai Otton. Um duelo brazuca entre Miguel Pupo e Jadson André, em que o paulista levou a melhor, foi única maneira de impedir o 100% do Brasil.

Kirstin/WSL

A TEMPESTADE COMEÇA

Mineiro já chegou cinco vezes entre os três primeiros na Gold Coast.

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Cestari/ WSL

EVENTOS

QUIKSILVER PRO GOLD COAST 2015

No dia seguinte, a tempestade continuou na terceira fase mostrando que não era apenas uma chuva de verão. Logo de cara, nas três baterias iniciais, três goofies brasileiros venceram três regular footers veteranos. Ítalo começou a festa eliminando ninguém menos que Mr. Kelly Slater. O potiguar tinha comentado no dia anterior sobre a dificuldade de ter que enfrentar os primeiros do ranking por ser novato no Tour. Por outro lado, após eliminar o “Rei”, a confiança com certeza vai para outro patamar. “O Kelly é uma inspiração para mim e para muitos surfistas da minha geração. Ele é uma verdadeira lenda do esporte, e pena que a nossa bateria não deu muita onda boa. Mas eu consegui achar duas para fazer boas manobras, então estou muito contente por ter conseguido derrotá-lo logo na minha primeira etapa no WCT”, contou Ítalo. A vitória do brasileiro de 19 anos em cima do americano detentor de quase todos os recordes do WCT animou a torcida, e Miguel Pupo não deixou a peteca cair. Pupo manteve o embalo ao superar Josh Kerr num confronto acirrado. O aussie descontou toda a frustração da derrota distribuindo socos em sua prancha. Em seguida, Wiggolly não só continuou a sequência, como aumentou ainda mais a euforia! O ubatubense detonou o local hero Joel Parkinson, vice-campeão nas últimas duas edições do Quiksilver Pro Gold Coast, que não teve nem reação e ficou lá no outside “chorando” por uma suposta interferência cometida por Guigui. “Eu consegui derrotar o Parko, que nasceu aqui e conhece essa onda como ninguém, procurando surfar as ondas maiores”, comemorou Wiggolly. Seis heats depois, Fred Pattachia foi mais um a ficar louco ao perder para um brasileiro. Na bateria em que Adriano de Souza teve uma boa atuação, Freddy P mal conseguiu pegar duas ondas. Na primeira, ele saiu logo após o drop. Na outra proporcionou o momento mais hilário da etapa. O havaiano ficou revoltado ao ver que a onda não era boa e, então, decidiu “matar barata” até alcançar as pedras e arriscar o primeiro bo-

134

Kirstin/ WSL

Wiggolly Dantas colocou em combination o dono da casa Joel Parkinson, que costuma começar o ano bem em Snapper Rocks.

Enquanto Mineiro pegou oito ondas, o adversário Freddy P mal entrou em uma.

ardslide do surf (ou seria um rockslide?). A cena gerou vários comentários e montagens divertidos na internet. Ele até criou uma promoção no Instagram na qual deu uma prancha para quem tirou a melhor foto na #freddysrock. Para fechar a participação do Brasil no round, Filipe Toledo deu um espetáculo de surf na esperada bateria contra Kolohe Andino. O jovem talento americano não surfou mal, mas era preciso ser extraordinário para bater Filipinho, que registrou o melhor score do dia com um 18,50. Nesse momento, ele já se afirmava como o principal candidato ao título naquelas condições. “Eu amo surfar direitas como essas aqui de Snapper Rocks, então estou me sentindo bem confortável e confiante nas baterias”, falou Toledo.


Cestari/ WSL Divulgação WSL

O surf de backside de Miguel Pupo mais uma vez deu resultado em Snapper. Ele ficou em quinto ano passado e na terceira colocação em 2015.

No dia seguinte à polêmica, Medina concedeu entrevista na bancada de transmissão.

MEDINA POLÊMICO A única baixa brasileira no Round 3 foi justamente Gabriel Medina. Depois das eliminações de Slater e Parko, o campeão mundial foi mais um do Top 5 de 2014 a ser eliminado na terceira fase. Medina até surfou o necessário para vencer a disputa, porém os juízes o puniram com uma interferência e o irlandês Glenn Hall se deu bem com a decisão. Já fora d’água, Gabriel estava visivelmente insatisfeito com a derrota e, ao conceder entrevista, disse o que estava pensando sem poupar críticas à direção de prova. “Tive uma interferência na bateria. Acho que eles mudaram as regras e gostaria que me explicassem, porque eu não entendi o que acabou de acontecer na minha bateria. Não vi as imagens, mas não encostei nele. Na verdade, em primeiro lugar, essa foi uma chamada terrível para o campeonato. Nós esperamos tipo dez dias e estendemos dois para pegar ondas

como essas. Eu acho que o KP (Kieren Perrow) não fez um bom trabalho, mas espero que ele possa melhorar. Em segundo lugar, a interferência… Um dia eu tentarei entender essa nova regra. E em terceiro lugar, na próxima vez que Glenn disser ‘fuck you’ para mim, eu vou ensinar para ele alguns palavrões em português…”, contestou Gabriel, até que o repórter Peter Mel tirou o microfone da boca do brasileiro, o que, segundo a mãe de Medina, causou um mal-entendido por ele não ter terminado a frase. Se o campeão mundial já era o centro das atenções em Snapper, ele assumiu ainda mais o protagonismo com a polêmica declaração. O assuntou tomou conta da praia, da imprensa de surf mundial e das redes sociais, dando até um tempero a mais ao campeonato. A revista australiana Tracks aproveitou o acontecimento para atacar Medina, o chamando de “criança mimada”, dentre outras coisas. A também aussie Stab Magazine procurou Kieren Perrow e Glenn Hall para comentarem a entrevista. KP se resumiu a falar que “a entrevista do Gabriel depois da bateria não condiz com a conduta de um atleta deste nível. A Liga foi envolvida em discussões e irá tomar providências se necessário”. Já o irlandês deu a sua versão e tentou amenizar a polêmica: “Assim que dropei, ele estava tentando sair da onda, mas estava muito perto de mim para que eu pudesse fazer um drop limpo. Então, infelizmente para ele foi chamada uma interferência. É para isso que a prioridade existe; para que você consiga se posicionar onde pretende fazer o drop. Não foi nada pessoal. Realmente gosto do Gabriel, é um grande cara, e eu estava amarradão de verdade por ele no ano passado. Em seguida, na festa de premiação desse ano, senti que ele tem um monte de fãs. O seu discurso foi incrível! Ele realmente é um bom cara. Ele é fervoroso na água e é uma lenda fora. Adoro isso, acho que é o que importa. Tivemos algumas palavras, eu estava explicando que estava furioso e ele falando para me acalmar (risos). Está tudo bem, não é nada pessoal.” Apesar do incidente entre os dois atletas ter sido resolvido, a entidade WSL aplicou uma multa no brasileiro, mas não divulgou o valor.

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QUIKSILVER PRO GOLD COAST 2015

Kirstin/ WSL.

EVENTOS

No duelo entre as máquinas de competição Mineiro e Fanning , o brasileiro levou a melhor. Mick venceu no Round 4, mas Adriano tirou o aussie da competição na quinta fase.

O TEMPORAL APERTA COM DIREITO A CLUB SANDWICH O dia continuou e os brasileiros seguiram o ataque nos Rounds 4 e 5. Apenas Ítalo Ferreira não conseguiu avançar para as quartas, quando Taj Burrow deu fim à estreia dos sonhos do potiguar com uma vitória apertada. Já Guigui “vingou” a derrota de Medina quando venceu fácil Glenn Hall por uma larga vantagem. Filipe, Miguel e Mineiro completaram o time das quartas de final. “Estou muito feliz por estar nas quartas desse evento mais uma vez. Essa já é minha décima temporada aqui. E dessa vez é mais especial porque estou contando com a força do Ricardinho dos Santos, que era como um irmão pra mim e está lá em cima no céu passando uma energia positiva para todos os brasileiros, pois ele era um grande amigo de todos nós”, lembrou Adriano durante a boa fase do Brasil na competição. Já Filipinho ficou novamente encarregado do show na quarta fase ao acertar a manobra mais falada e louca de todo o evento. O vídeo do Club Sandwich dele rendeu centenas de compartilhamentos.

CICLONE TOLEDO Semanas antes do campeonato, um fenômeno natural castigou o norte da Austrália ao mesmo tempo em que gerou condições de surf épicas aproveitadas pelos tops em Snapper Rocks e nos outros picos da região. Os fortes ventos receberam o nome de Ciclone Marcia. No entanto, quando tudo já parecia tranquilo, outro fenômeno aconteceu no dia 13 de março. Mas dessa vez os estragos foram feitos no Quiksilver Pro Gold Coast: trata-se do “Ciclone Toledo”.

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Depois dos longos 13 dias da estendida janela de espera, chegou a hora da decisão com pequenas, porém boas ondas. As quartas de finais foram um verdadeiro Brasil x Austrália, tanto na areia quanto na água, onde cada país tinha quatro representantes entre os oito competidores. Em plena terra do canguru, os australianos sofreram na mão dos brasileiros que conquistaram três das quatro vagas da semifinal. O único aussie classificado veio de um duelo entre Julian Wilson x Taj Burrow, no qual o mais novo levou a melhor sobre o veterano. Nos outros heats, Miguel venceu Wiggolly, Adriano levou a melhor na revanche contra Mick e Filipinho despachou Bede Durbidge. Antes das semis rolarem, Kieren Perrow decretou uma pausa de 1h30min devido à maré cheia. A galera no Brasil precisou tomar um café, molhar o rosto, se virar para madrugar enquanto esperava o campeonato recomeçar. Todos estavam empolgados com o histórico domínio brasileiro e Filipinho fez valer a pena cada minuto acordado. Já na primeira bateria contra Adriano, o show de manobras modernas continuou. Quem dividiu a terceira colocação com Mineiro foi Miguel Pupo, que não conseguiu passar pelos aéreos de Julian Wilson. Finalmente o heat decisivo entrou na água. O australiano ainda estava engasgado na garganta dos brasileiros, mas Filipinho lavou a alma de todos! Diante de uma multidão, nada era capaz de frear o ubatubense. Ele pegou um total de nove ondas, onde aplicou uma incontável variedade de manobras. Usou seus aéreos, deu rasgadas, cutbacks, inverteu a rabeta... Tanta variedade deixou Julian sem ter o que fazer e perdido em frente à praia superlotada. O público perplexo via um rolo compressor passar por cima do aussie. A torcida brasileira comemorava! Se não bastasse deixar Wilson precisando de um


Cestari/WSL Kirstin/WSL

Slater diz que Filipe Toledo é o melhor surfista do mundo em ondas pequenas. Realmente, contra Filipinho não tem para ninguém nas condições menores.

Kirstin/WSL

XXX

Pai e filho juntos vivendo o sonho de vencer uma etapa do WCT.

Filipinho, aos 19 anos, conquistou pela primeira vez um evento da elite.

9,67 para virar a bateria, quando o resultado já estava definido Filipe fez um 10 em sua última onda e colocou o adversário numa combination de 19.61 pontos. Estava consumado um massacre no algoz de Medina. “Essa minha última onda foi realmente incrível e fiquei muito contente pelos juízes terem me dado nota 10. O ano passado foi fantástico para o Brasil, com o Gabriel deixando todos nós orgulhosos pelo título mundial. A conquista dele foi definitivamente uma grande motivação para mim, pois mostrou que podemos chegar lá também. Agora, eu sou o número 1 do mundo, nem consigo acreditar, estou muito feliz. E a torcida brasileira é sensacional! Não importa o tempo, se está sol ou chovendo, eles estão sempre nas praias torcendo pra gente e eu adoro o povo brasileiro”, vibrou Toledo. Dessa maneira, Filipe Toledo conquistou o bicampeonato do Brasil no Quiksilver Pro Gold Coast e assumiu a ponta do ranking do WCT em um ano que ele tem como objetivo ficar no Top 5 disputando título. Vai Filipe!

RESULATDO QUIKSILVER PRO GOLD COAST 1 - Filipe Toledo

5 - Wiggolly Dantas

2 - Julian Wilson

5 -Mick Fanning

3 - Miguel Pupo

5 - Taj Burrow

3 - Adriano de Souza

5 - Bede Durbidge

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A tens達o de encarar as ondas pesadas de Pipeline aos 15 anos.


COM 15 ANOS NO HAWAII

HOSSMANN “A primeira vez a gente nunca esquece”

Igor Hossmann em Off The Wall, seu pico preferido no Hawaii.

O carioca IGOR HOSSMANN é um adolescente que já sabe o que quer para a vida. Aos 15 de idade, ele foi para o Hawaii pela primeira vez trabalhar como fotógrafo e surpreendeu surfistas e outros fotógrafos ao entrar em mares para “gente grande”. Com sua caixa amarela, capacete na cabeça e um jeito meio desengonçado, o menino chamava atenção sempre que chegava à praia. “Você é muito novo! Tem certeza que vai entrar nesse mar?”, essas foram as frases que ele mais escutou. Mesmo com tanta pressão, Igor não se intimidou e fez fotos lindas. Durante o tempo que passou na casa da Surfar, conversamos com ele para saber como foi fotografar as potentes ondas havaianas com apenas 15 anos. 141


Foto com composição em Backdoor.

Danny Fuller em Pipeline.

Igor aproveitou a disposição de Diego Silva para fazer esse ‘fotão’ em Off The Wall.

Como começou seu interesse pela fotografia? Sempre gostei de ver as revistas de surf e ficava impressionado com as fotos aquáticas. Quando a Surfar realizou o Alfabarrels (campeonato de tubos e fotos), eu assistia todos os dias e me amarrava na hora que os fotógrafos davam as entrevistas e mostravam as fotos. Foi aí que começou meu interesse pela fotografia.

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Registro histórico.

Quando você começou a fotografar? No início de 2014, comprei uma Go Pro para fazer fotos de alguns amigos e muita gente elogiou as imagens que fiz. Depois de alguns meses, conheci o Felipe ‘Gordo’ Cesarano, que também gostou do meu trabalho e me botou na equipe GO GORDO TEAM para fotografar ele e os atletas Pedro Calado, Dávio Figueiredo e Pedro Ribeiro.


Mark Healey em Off The Wall.

E como surgiu a idéia de ir ao Hawaii com 15 anos? O que sua família achou disso? No meio de 2014, o Gordo disse que se eu quisesse ser fotógrafo profissional teria que ir para o Hawaii e comprar um equipamento melhor. Conversei com meu pai e ele investiu em uma câmera (Canon 7D) e uma caixa estanque para mim, e me fez vender todos os meus vídeo games para eu comprar uma lente olho de peixe. Ele também tinha milhas e me deu a passagem para o Hawaii. Minha família acreditou no meu sonho e percebeu que era isso que eu queria para minha vida.

Como foi fotografar no Hawaii pela primeira vez? Minha primeira sessão foi em um final de tarde em Pipeline. O mar estava muito bonito, com vento terral, água azul, céu dourado e uns oito pés de onda. Meus amigos botaram uma “pilha forte” para eu entrar. Quando criei coragem, chegaram os fotógrafos Fabio Dias e Sebastian Rojas acompanhados do Jadson André, que perguntou se era minha primeira vez e eu respondi que sim. Ele disse para eu não entrar porque o mar estava “faixa-preta”. Mas o Fabio e o Sabastian falaram que se eu estava confiante para entrar junto com eles. Quando cheguei no out-

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O amigo Pedro Calado foi presenteado com uma das fotos mais bonitas feita por Igor Hossmann nessa temporada.

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side, senti toda a força das ondas havaianas e o medo me dominou. Tomei várias ondas pesadas na cabeça, fiquei com muita câimbra e achei que fosse morrer. Saí do mar sem ar porque tenho asma, mas mesmo assim fiquei feliz com a experiência. Pelo menos, eu entrei em Pipe e sai de lá vivo (risos).

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O que mais te marcou nessa temporada? Essa temporada foi um sonho porque pude fotografar em vários lugares paradisíacos, Oahu e Maui. Além das ondas perfeitas, eu tive um workshop na casa da Surfar, onde fiquei hospedado. Lá estavam meus ídolos na fotografia, Pedro Tojal e Henrique Pinguim, que me deram uma aula sobre fotos aquáticas, além do Bidu Correia, que me ensinou muito sobre equipamentos e fotos com composição. Também fiquei muito feliz por ter sido homenageado como fotógrafo mirim no prêmio North Shore Photo Expo, evento que reúne os melhores fotógrafos brasileiros no Hawaii.


Lucas Chumbinho fazendo pose para a foto em Off The Wall.

John John Florence em Backdoor.

A busca por novos ângulos. Jesse Mendes em Backdoor.

A emoção do campeão.

Quais seus planos para o futuro? Minha ideia é terminar o segundo grau o mais rápido possível para poder me dedicar 100% às fotos. Também estou fazendo um curso de fotografia para aprender tudo sobre essa profissão, já que meu objetivo é ser fotógrafo profissional. Meus pais e minha avó, com que eu moro, me apoiam muito e estão orgulhosos por eu já saber aos 15 anos o que quero para minha vida.

“CONVERSEI COM MEU PAI E ELE INVESTIU EM UMA CÂMERA (CANON 7D) E UMA CAIXA ESTANQUE PARA MIM, E ME FEZ VENDER TODOS OS MEUS VÍDEO GAMES PARA EU COMPRAR UMA LENTE OLHO DE PEIXE.” 147




Annibal

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PRÓXIMO NÚMERO

Pedro Tojal

ARRAIAL DO CABO

Felipe Cesarano em Arraial do Cabo.

EXPEDIENTE Editor Chefe: José Roberto Annibal – annibal@revistasurfar.com.br Editora: Déborah Fontenelle - deborah@revistasurfar.com.br Redação: Luís Fillipe Rebel – luisfillipe@revistasurfar.com.br Rômulo Quadra – romulo@revistasurfar.com.br Arte: João Marcelo – joaomarcelo@revistasurfar.com.br Fotógrafo staff: Pedro Tojal – tojal@revistasurfar.com.br Colunistas: Bruno Lemos, Gabriel Pastori e Otavio Pacheco. Colaboradores edição – Fotos: Cestari/WSL, Daniel Smorigo, Eric Harper, Everton Luis, Felipe Ditadi, Fernanda Derzi, Fernanda Izabel, Fred Rozário, Henrique Pinguim, Igor Hossmann, Jim Waslsh, Keale Lemos, Kirstin/WSL, Léo Neves, Manuela Almeida, Marcio Canavarro, Mark Klintworth, Pedro Felizardo, Philipe Demarsan, Poullenot/WSL, Robson Pinheiro, Steve Robertson/WSL e Will Hayden/WSL.

Publicidade: Thaís Havel – thais@revistasurfar.com.br Marcelo Souza Carmo – marcelo@revistasurfar.com.br Sérgio Ferreira – serginho@revistasurfar.com.br Financeiro: Claudia Jambo – claudia@revistasurfar.com.br Tratamento de Imagem: Aliomar Gandra Jornalista Responsável: José Roberto Annibal – MTB 19.799 A Revista Surfar pertence à Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna, 250, sala 209, Barra da Tijuca, Cep:22793-000. Circulação: DPACON Cons. Editoriais Ltda - dpacon@uol.com.br Tel: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional: Dinap S/A - Distribuidora Nacional de Publicações Contato para publicidade: (21) 2433-0235 / 2480-4206 – surfar@revistasurfar.com.br Surfar #42 é uma publicação da Forever Surf Editora.

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