M E NTAWA I O ÍD OLO FABIO G OUVE IA AS SINA A MATÉ RIA D E 2 0 PÁ G I N A S N A S PA R A D I S Í A C A S O N D A S DAS ILHAS
Douglas Silva, Mentawai.
GARDE N A L D E S B R AVA M O S A L A J E M A I S “ TA R J A P R E TA”
DEZ | JAN 2016 R$ 11,90
DO RIO DE JANEIRO
A GRANDE FAMÍLIA DO SURF M A L D I VA S , A M I G O S , MUITO SURF E AQUELA CERVEJA D E F I M D E TA R D E
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T H E R E E F R O V E R W O R N B Y N I C K R O Z SA
Sentido horรกrio: Cam Richards, Jeff MacCallum e Derrick Disney.
v i s s l a . c o m
ÍNDICE
A famosa série das seis horas de Desert Point. Foto: Pedro Tojal.
A GRANDE FAMÍLIA DO SURF
.42
LAJE DO GARDENAL
.60
MENTAWAI
.72
ENSAIO
.91
O privilégio de viajar na companhia dos amigos e da família é o sonho de muitos surfistas.
Stephan Figueiredo, Pedro Calado e Paulo Curi colocaram a coragem à prova na bancada mais “tarja preta” do Rio.
A equipe da Seaway tocou o barco para as Ilhas Mentawai junto ao ilustre convidado Fabio Gouveia, que escreveu a matéria.
“Sou essencialmente ligada ao esporte e à natureza”, disse a atriz Natália Rosa.
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MITCH ABSHERE VANS.COM/SURF
©2015, Vans Inc.
EDITORIAL
A EVOLUÇÃO NÃO PODE PARAR! Chegando perto de completar oito anos, a Surfar também entrou na era digital. O lançamento do novo site surfar.com.br é mais um modelo inovador para distribuirmos o nosso conteúdo pelo celular (6 bilhões de aparelhos no planeta). E essa renovação (digital) trouxe mais interatividade com os leitores através da redes sociais. No Instagram já temos 85 mil seguidores e no Facebook nossas publicações chegam a alcançar 300 mil pessoas por semana. Isso totaliza mais de 1,2 milhão por mês, tornando possível nossa redação falar com os leitores várias vezes por mês e, assim, aumentar a relação que até pouco tempo era casual. Estamos sempre abertos a receber críticas e sugestões de pautas, a revista é feita para os leitores que se interessam por assuntos ligados ao surf.
Na produção de conteúdo para o surfar.com.br, Instagram e Facebook, nossa redacão trabalha num ciclo de 24 horas durante os sete dias da semana, investindo em conhecer melhor os consumidores e produzir um material de qualidade. Diante dessa “revolução”, a maior empresa de auditoria de veículos impressos viu a necessidade de auditar a mídia de multiplataforma; dados de acesso à conteúdo em tablets, celulares, vídeos, eventos, newsletters, além do impresso. Enquanto rolava tudo isso acima, colocamos mais uma edição nas bancas. Este mês você vai conhecer uma galera que adora viajar para pegar onda. Até aí não tem nada de novo. Mas imagina reunir 51 pessoas para uma trip às Maldivas? Um projeto que durou dois anos para sair do papel que está na matéria “A Grande Família do Surf.
Em nossas investidas ao redor do planeta, desbravamos mais um pico de surf, só que dessa vez na Barra da Tijuca, a dois quilometros da nossa redacão. Um grupo de surfistas encarou a Laje do Gardenal, como ficou conhecido o pico por ser tratar de um laje “tarja preta.” O resultado você confere nas próximas páginas. E é com um grande prazer que publicamos uma matéria de Mentawai com o texto exclusivo do nosso ídolo Fabio Gouveia, que foi convidado pela Seaway para se integrar à trip. Além de excelente surfista, em plena atividade, Fabinho investiu na carreira de shaper e vem colhendo bons frutos. Na última conversa que tivemos pelo telefone, falei para ele que “tinha nascido com o dom da escrita”, uma maneira de se expressar que, além de informar com detalhes toda a trip, nos diverte muito com seus textos. Boas ondas em 2016!
José Roberto Annibal
Uma visão diferente de uma onda que já é muito conhecida. Stanley Cieslik no Grower, Desert Point, Indonésia. Foto: Pedro Tojal.
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THE “ALOHA SO-CAL” DREAM HAWAII TO CALIFORNIA COLLECTION VENICE . LOS ANGELES SUMMER 2016
LIVE THE DREAM H D S U R F. C O M . B R - I N S T A G R A M . C O M / H D O F I C I A L - F A C E B O O K . C O M / H D S P O R T S - T W I T T E R . C O M / H A W A I I A N D R E A M S RU A X AVA N T E S , 7 1 9 - 1 2 ยบ A N DA R , S ร O PA U LO - S P
MELHOR DA SÉRIE
O showman Jamie O’Brien dando aula de como pegar tubo no primeiro swell da temporada havaiana 2015/2016. Foto: Sebastian Rojas.
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Alcance sua melhor performance SEAWAY BOARDSHORTS
Foto: Fred Pompermayer
Loja online: seaway.com.br
DANILO COUTO JAWS
BACKSTAGE
COMEMORAR OU NÃO? Fotos: Pedro Tojal
porGABRIEL por GABRIEL PASTORI PASTORI
Cada vez mais, o “claim” faz parte das competições mundo afora, inclusive pelos gringos que no começo criticavam essa prática dos brasileiros. De alguns anos para cá, o “Claim” (expressão em inglês para os gestos comemorativos dos surfistas após pegar uma onda boa) passou a fazer parte da cena mundial de surf, e foram os brasileiros que fizeram com que essa nova atitude fosse “engolida” e posteriormente aderida pelos gringos durante os campeonatos. Esse lado competitivo e fervoroso dos brazucas foi aos poucos passando de “papelão” para uma prática comum. Hoje é difícil ver uma bateria onde nenhum competidor comemore ao final de uma onda. Apesar de quase todo mundo já ter aderido ao “claim”, alguns expectadores, geralmente de outros países, ainda insistem em criticar as comemorações no final das ondas, principalmente quando vêm de brasileiros que, querendo ou não, estão dominando o circuito. Como em qualquer outro esporte, o surf também tem suas particularidades e curiosidades. Quem pega onda entende bem o significado de uma comemoração, mas mesmo assim as opiniões divergem. De uma maneira geral, o cara que comemora ao final de uma onda que não foi tão boa está de certa forma “pagando mico”. Quem nunca tirou onda com aquele amigo que nem entrou no tubo e já saiu com as mãos para o alto? (Risos). É mais ou menos por esse motivo que o “claim” é criticado em alguns momentos. No entanto, há quem pense que como cada um tem um nível, se o cara está feliz com aquela onda, por que não comemorar? Dentro das competições a questão não é só essa. Os gringos, que costumam criticar o “excesso” de competitividade dos brasileiros, até hoje caem em cima dos gestos que são feitos após as ondas surfadas. Já que quase todos os atletas do Tour estão aderindo à prática, esse público acaba argumentando em cima do “exagero”, segundo eles, dos brasileiros. O engraçado é que o fato se tornou tão comum que hoje não apenas as ondas excelentes são comemoradas. Alguns atletas já estão usando o “claim” para ondas medianas ou até nas fracas que podem ser suficientes para uma virada na bateria. Alguns dizem que essas comemorações influenciam na atitude dos juízes na hora de dar a nota. Ainda há quem
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acredite que os atletas que utilizam menos essa atitude são mais bem avaliados quando resolvem fazê-la, como se estivessem valorizando o seu “claim”. Ao pé da letra, a palavra “claim” significa reivindicar, reclamar e em alguns momentos (não todos) é para isso que servem os gestos. Nas competições, reivindicar é possivelmente o principal motivo das manifestações, já que ali o objetivo é ter uma nota maior. Nesse caso, os atletas estão de alguma forma através de gestos “pedindo nota” para os juízes. Talvez seja esse um dos motivos da aversão dos expectadores estrangeiros, que criticam o excesso de reivindicação. Um fato que também chamou a atenção recentemente foram as críticas às comemorações no vídeo do big rider Felipe ‘Gordo’ Cesarano, que em 2015 se destacou na Indonésia surfando as pesadas ondas do Grower. No clip, Gordo comemora após a saída de alguns tubos bizarros e, como as imagens rodaram o mundo, os gringos, “para variar”, caíram em cima. A maioria dos comentários está no site da revista Stab, conhecida por suas abordagens polêmicas. Dentre eles, alguns chamam a atenção, como: “ As comemorações incessantes arruinaram o vídeo” , “O vídeo tem mais comemorações do que mães com seis filhos sem emprego na Gold Coast”. Mas e se fosse o Julian Wilson fazendo exatamente a mesma coisa, você acha que alguém falaria algo? Opiniões à parte, a grande verdade é que de uma hora para outra o mundo do surf e principalmente os australianos viram a cena sendo invadida e tomada pelos brasileiros, e agora eles ficam buscando algum motivo para desmerecer qualquer feito nosso. Hoje temos alguns dos melhores big riders do mundo, o atual campeão mundial de SUP, uma das surfistas mais radicais do planeta, além do atual caneco masculino da WSL. Tudo bem... Enquanto eles estão preocupados com o “claim”, a gente torce pelo título! GABRIEL PASTORI, 26 anos, freesurfer profissional. gabrielpastori9@hotmail.com | Instagram: @gabrielpastori
Foto: Pablo Vaz
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por BRUNO LEMOS
Acima, imagens do novo filme de John John Florence, a produção mais cara no meio do surf.
Desde o primeiro contato que eu tive com o surf, fiquei tão envolvido que as outras atividades já não tinham tanta importância. Depois disso, tudo que eu planejava e fazia era relacionado e direcionado com o surf. Dentro de tudo que experimentei fazer dentro do meio do nosso esporte, uma das coisas que mais curto é captar imagens, tanto em fotos como em vídeos. Acho que toda vez que consigo uma imagem, seja de uma onda vazia ou de um surfista fazendo algo, a sensação que tenho é que de alguma forma você acaba fazendo parte daquele momento. Por isso, acho que hoje vemos um grande número de pessoas querendo trabalhar nessa indústria. Até parece que virou moda ser fotógrafo ou filmmaker de surf. A maioria dos que se “aproximam” dessa atividade são pessoas que, assim como eu, gostam do surf e querem viver esse life style de estar perto das ondas. Outro fator que contribuiu muito para que essa indústria ficasse bem concorrida foi o avanço da tecnologia. Câmeras de alta qualidade por valores razoáveis, assim como sistemas de edi-
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ção cada vez mais acessíveis, facilitaram e contribuíram para que hoje em cada esquina encontrássemos um produtor de vídeo independente. O reflexo disso, é claro, foi uma quantidade absurda de vídeos e filmes dos mais variados no mercado, o que acabou fazendo com que de certa forma esses produtos ficassem meio saturados e desvalorizados. Principalmente depois que sites como YouTube, Vimeo e Facebook entraram forte no nosso meio, o que mais se vê são produções independentes de vídeos de surf e quase todas com uma linguagem meio que parecida. Mas, volta e meia, algo legal e diferenciado sempre aparece. Confesso que não me lembro de ter visto uma produção tão bem elaborada e tão bem produzida como o filme do John John Florence. Parece que a produção inteira custou quase dois milhões de dólares, sem dúvida o filme de surfista mais caro que já existiu. Fora a grana com outros números. Foram dois anos inteiros de captação de imagem em cinco locações diferentes: Hawaii, Austrália, África do Sul, Brasil e um secret spot. O processou de
edição foi feito em aproximadamente 2000 horas de trabalho e o volume de material usado ficou estimado em torno de 250 terabytes. Para fazer as cenas aéreas, a produção usou seis helicópteros diferentes e em algumas situações cerca de seis câmeras RED. De acordo com seu patrocinador de pranchas, John John usou cerca de 60 a 70 pranchas diferentes durante as gravações. Apesar dessas estatísticas, o que mais me chamou atenção, além da qualidade de imagens, foi algumas das imagens aquáticas feitas pelo fotógrafo Daniel Russo. Se existisse o “Oscar” no meio do surf, com certeza Russo ganharia uma estatueta. Sem dúvida, esse filme marcou um novo divisor de águas entre as produções no meio do surf. Parabéns a todos que produziram e trabalharam no filme, principalmente ao garoto prodígio John John, que investiu tempo e dinheiro para que essa produção acontecesse. Mas que vai ser difícil de ver outra produção de surf desse nível, isso vai! Aloha! BRUNO LEMOS é fotógrafo carioca radicado há mais de vinte anos no North Shore, Hawaii.
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Pedro Tojal
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“Bota para dentro e, se der medo, vai com medo mesmo!” #padang
@ J P S F R E I TA S
“Colorindo um dia nublado! Praia da Joatinga.”
@V I C T O R B A I A R D I
“Litoral norte da Bahia sempre presenteando a gente com bons momentos. Gratidão!”
@ M AT H E U S S W E R N E C K
“Rabear tem dessas coisas!”
@MAGNUMG ONC ALO
“Cravando a borda no North Shore, Oahu, Hawaii.”
POR TRÁS DAS ONDAS
ENFIM, A VOLTA DO CIRCUITO BRASILEIRO Hizunomê Bettero comemora a vitória em Saquarema. Os dois finalistas sem patrocínio no pódio.
Pedro Monteiro
por GABRIEL PASTORI
A volta do SuperSurf em 2015 foi aquela luz no fim do tubo que o surf brasileiro precisava. Após três anos sem um circuito de nível nacional, finalmente os surfistas puderam comemorar o retorno às competições. Foram quatro etapas realizadas com boas ondas e um grande número de surfistas inscritos em cada uma (160 atletas), sendo a primeira a de Maresias e as seguintes a de Praia Grande, Joaquina e Saquarema. Os vencedores de cada evento, além do troféu, levaram um cheque no valor de 15 mil reais para casa. Mas diferente dos anos anteriores, o campeão do Circuito SuperSurf não foi reconhecido como o campeão brasileiro. Outras cinco etapas, três do estadual paulista e mais duas do estadual catarinense, também somaram pontos para a definição do campeão brasileiro de 2015, além da última etapa que será realizada em Torres (RS). Por conta do fechamento desta edição, na Surfar de fevereiro divulgaremos o campeão brasileiro com uma entrevista exclusiva. Fazendo um balanço dos eventos do SuperSurf, não podíamos deixar de parabenizar a vitória do paulista Hizunomê Bettero na quarta e última etapa nas ondas de Itaúna, em Saquarema. Uma final histórica entre Hizu e o também paulista Magno Pacheco, local da Praia Grande, Santos, com notas altíssimas em ondas perfeitas entre 4 e 6 pés. Os dois atletas elevaram o nível da competição que foi finalizada com chave de ouro, com direito a uma nota 10. “A Praia de Itaúna nunca negou fogo, os gringos que vêm aqui correr o QS falam que essa onda é de nível internacional e para mim é um privilégio estar aqui mais uma vez,” concluiu Hizunomê muito emocionado, logo após receber a premiação. Com a vitória, o paulista assumiu a ponta do ranking brasileiro.
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Apesar da festa nas areias de Itaúna, que foi considerada a etapa com maior qualidade de ondas do ano, o pódio de Saquarema evidenciou uma dura realidade dos surfistas profissionais. A grande maioria dos atletas que participaram do SuperSurf competiram sem um patrocínio. Um bom exemplo pôde ser visto nos dois surfistas que fizeram a finalíssima. Tanto Hizunomê Bettero quanto Magno Pacheco, campeão e vice da etapa, estavam com o bico da prancha sem nenhum adesivo. O atual presidente da ABRASP, Dunga Neto, reconhece o valor da volta do circuito nacional e aposta em mudanças que favoreçam o espetáculo para 2016: “O Brasil precisava de um circuito forte, visto o atual momento que o surf atravessa no país. Sabemos que o modelo ideal seria o circuito mais restrito para um número menor de atletas, mas temos consciência que não poderíamos fazer esse ‘corte’ sem um período de adaptação, pensando assim o circuito foi aberto para 160 atletas. Em 2016 serão 96 surfistas, assim temos um cronograma um pouco mais folgado caso aconteça algum imprevisto. Alguns ajustes serão realizados para 2016 a fim de tornar os eventos mais atraentes, não só para os surfistas como também para novos patrocinadores. Se em 2015 alcançamos um bom retorno de mídia, temos a certeza que com um intervalo maior entre as etapas e a possibilidade de mais um evento no Nordeste o retorno poderá aumentar ainda mais.” A Praia dos Moles na cidade de Torres, Rio Grande do Sul, será o grande palco da última etapa do Circuito Brasileiro de Surf Profissional da ABRASP (Associação Brasileiras de Surfistas Profissionais) entre os dias 16 e 20 de dezembro. O evento distribuirá R$ 80.000,00 além de 8.000 pontos para o ranking nacional.
SURF FEMININO
A ESPERANÇA PELO SONHO DE VIVER DO SURF “O QUE NINGUÉM ESPERAVA É QUE DEPOIS DE TANTAS CONQUISTAS O SURF FEMININO FOSSE ANDAR PARA TRÁS.” por BÁRBARA RIZZETO
Annibal
O Circuito Sub14 Rio WQS/ Oakley é um dos poucos eventos que trabalham a base do esporte no país. Na foto: As meninas na última etapa no Recreio.
Em 1960, as destemidas Fernanda Guerra e Maria Helena Beltrão se tornaram as primeiras mulheres a surfar e se destacar em águas brasileiras, quebrando um universo até então dominado por homens. Fato histórico que derrubou barreiras de uma sociedade conservadora e abriu caminho para o desenvolvimento do surf feminino no país. Hoje em dia é cada vez mais comum ver mulheres deslizando sobre as ondas, florindo o outside e conquistando seu espaço no esporte. O surf feminino como competição surgiu da união de meninas que vislumbravam tornar o esporte uma profissão, com campeonatos bem organizados e premiações atraentes. Em outras palavras, elas queriam viver do surf. E, em 1997, a categoria feminina foi finalmente incluída no Circuito Brasileiro de Surf Profissional da ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional), dez anos após a criação do evento esportivo. Ao longo de 16 temporadas disputadas, o circuito apresentou ao mundo grandes nomes do esporte nacional. Entre eles, as tetracampeãs Andréa Lopes e Tita Tavares, a tricampeã Silvana Lima, a bicampeã Suelen Naraísa e as campeãs Deborah Farah, Brigitte Mayer e Diana Cristina. O que ninguém esperava é que depois de tantas conquistas o surf feminino fosse andar para trás. E é exatamente isso que está acontecendo. Atletas de diferentes gerações vêm enfrentando uma série de dificuldades, que incluem a falta de formação de base, competições e patrocínios, já que desde 2011 não temos um circuito brasileiro profissional para as meninas. No cenário mundial a situação não é diferente. Em 2015 tivemos apenas uma representante na elite, a cearense Silvana Lima, que até meados desse ano estava correndo as etapas do Tour sem patrocínio. Silvana, que já foi vice-campeã do WLT nas temporadas de 2008 e 2009, não conseguiu se manter na elite e em 2016 vai ter que voltar a correr as etapas do QS para se reclassificar.
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Não é preciso ir muito longe para notar que o futuro da nova geração está comprometido. Basta olhar o ranking da divisão de acesso, o QS, dominado por australianas e americanas e sem nenhuma representante brasileira. Circuito esse que já foi vencido duas vezes pela ex-integrante da elite mundial Jacqueline Silva e que teve grandes atuações de atletas, como a Claudia Gonçalves e a própria Silvana Lima, vencedoras de algumas etapas. Apesar de todas as dificuldades que o surf feminino vem enfrentando, as atletas vêm lutando para a volta de um circuito. Mais de 150 surfistas espalhadas pelo país criaram o movimento “Surf Feminino Sim”, que se resume a uma campanha nas redes sociais com o objetivo de chamar a atenção de empresários e provar que vale a pena investir na modalidade, além de terem formado uma comissão para buscar investidores. Enquanto esse cenário não muda, a realização de uma única etapa por ano traz esperança para inúmeras atletas que ainda sonham em viver do surf. Em 2014 foi realizado o “Saquarema para Mulheres”, campeonato que definiu Silvana Lima como campeã brasileira desse ano. E em 2015, o “Ultra Surf Feminino”, idealizado pelo surfista Wiggolly Dantas, top da WSL e irmão da surfista Suelen Naraísa, que consagrou Jacqueline Silva como campeã brasileira de 2015. Foi preciso que um atleta da elite se mobilizasse para que as meninas tivessem ao menos uma etapa no ano. Grande atitude do Wiggolly, que sirva de exemplo para os grandes empresários e investidores. Que o circuito “Ultra Surf Feminino” possa crescer a cada ano e provar que não faltam talentos, e sim investimento. Vamos lutar pelas nossas meninas, surf feminino sim! BÁRBARA RIZZETO, 23 anos, jornalista e freesufer. brizzeto@gmail.com | instragram: @barbararizzeto
A G R ANDE
Família DO SU R F
A grande família: a Associação de Surf da Galera
O privilégio de viajar na companhia dos amigos e da família é o sonho de muitos surfistas, certo? Agora, imagina reunir os mais chegados numa ilha do outro lado do mundo, com altas ondas e natureza exuberante. A última surf trip da Associação de Surf da Galera para as Maldivas foi nesse esquema: entes queridos, muito surf e cervejinha no fim de tarde.
––––– texto por BETINHO DANG fotos SERGIO OLIVEIRA
Tola perfurando Pasta Point.
Um dia onde tudo estava no seu devido lugar! Betinho jogando água.
Dani Pinho durante a session de antes do almoço.
Baterias entre amigos, já são 17 anos.
A ilha de Dhonveli vista de cima, um paraíso!
“NO OUTSIDE, SÓ AMIGOS DE MUITOS ANOS SURFANDO AO SOM DE DIRE STRAITS E AUSTRALIAN CRAWL E AS FAMÍLIAS SE DIVERTINDO NO DECK DO BAR EM FRENTE AO PICO. ISSO É UM SONHO?” – Paulo Henrique Guimarães, engenheiro
Diante da correria do dia a dia, causada por um cotidi-
vitória memorável. Mas eles foram além, 30 associados mais
ano comprometido pelo trabalho e por outros compromis-
acompanhantes, num total de 51 pessoas, realizaram uma
sos, fica cada vez mais difícil encontrar os amigos com certa
viagem para as Maldivas com intuito de promover uma eta-
frequência. Mas a ASG, Associação de Surf da Galera, é a
pa da ASG no exterior. O pico escolhido e surfado com ex-
prova de que para toda regra há exceção. Tudo começou há
clusividade pela galera foi Pasta Point, localizado ao lado do
17 anos quando um grupo de surfistas cariocas resolveu or-
Resort Chaaya Island Dhonveli, e o clima da trip não poderia
ganizar um circuito de campeonatos de surf. O propósito
ter sido melhor. “Ondas iguais as desenhadas nos cadernos
era simples: promover encontros pelas praias da região.
da escola, água quente e transparente, sensação de estar num
Mais que competir, a ideia era confraternizar e festejar, ini-
aquário a cada golfinho. No outside, só amigos de muitos
cialmente com suas gatas, e hoje, algum tempo depois, com
anos surfando ao som de Dire Straits e Australian Crawl e as
suas famílias.
famílias se divertindo no deck do bar em frente ao pico. Isso
Só o fato do grupo realizar reuniões com o pretexto de
é um sonho?”, se questionou o engenheiro Paulo Henrique
campeonatos regularmente há quase 20 anos já seria uma
Guimarães, deslumbrado com a experiência vivenciada.
43
A G R ANDE
Família DO S UR F
Os locais dizem que a onda de Pasta é “mecânica”. Betinho treinando.
A ESCOLHA DO PICO: ESQUERDA DE PASTA POINT
Uma viagem dessas proporções, envolvendo tantas
O grupo, formado por surfistas, esposas não-surfistas,
pessoas para um local tão distante e com custos nada ba-
mais as crianças, chegou a um total de 51 pessoas! Uma
ratos, não se programa da noite para o dia. Apesar do surf
turma bastante eclética, com surfistas piloto de avião, mé-
estar no sangue do grupo e ser um forte elo que une essa
dico, advogado, designer, empresário, DJ, hoteleiro, chef
galera, cada componente possui as suas peculiaridades e,
de cozinha e por aí vai. A escolha do Resort também le-
até por isso, muitos pontos precisavam ser ajustados para
vou em conta as mulheres e crianças. A ilha do hotel tinha
que a viagem agradasse a todos. Foram dois anos de muita
uma piscina de água doce, uma baía que era uma imensa
expectativa até a realização do sonho. Eles precisavam de
piscina natural de água salgada, com areia branca e mar
uma onda perfeita, sem crowd e, de preferência, que pu-
sempre calmo e transparente, cheio de peixes e corais co-
desse ser exclusiva, somente deles. As opções eram pou-
loridos. Além disso, também tinha quadras de tênis, fute-
cas. Como exclusividade e perfeição da onda eram requi-
bol e basquete, um centro de mergulho e pesca, um spa
sitos essenciais para a realização das baterias, Pasta Point
com massagistas importadas diretamente de Bali e mais
no exclusivo Resort Chaaya Island Dhonveli, nas Maldi-
de um restaurante com menu variado, comida gostosa e
vas, acabou sendo a sede escolhida pela maioria. O grupo
um staff muito simpático. “O grupo de crianças ficou tão
pôde planejar bem o orçamento, tarefa trabalhosa, já que,
à vontade e tão bem entrosado que quase não via meus
além dos 30 surfistas-membros, muitos ainda levariam
filhos o dia inteiro! Apenas nos encontrávamos nas horas
suas esposas e filhos. Essa famosa esquerda de Pasta Point
das refeições”, comentou uma das mães. À noite, a diver-
provou ser uma ótima escolha, pois é uma das melhores
são continuava, com eventos culturais, apresentações de
ondas das Maldivas, tem água quente e transparente, e
músicos locais, DJs, atendendo assim a todo o tipo de
quebra sobre uma bancada de coral perfeita, bem em fren-
turista. Vale ressaltar ainda a competência e cordialida-
te ao bar do Resort. Um verdadeiro parque de diversões!
de dos guias de surf locais e dos funcionários do Resort.
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Passeio de barco entre família para conhecer Maldivas por debaixo d’água.
Carlos Cupim domando as direitas de Sultans nas sessões matinais.
Clemente
Paola colocando no trilho.
Maldivas é um paraíso para qualquer idade. A onda de Pasta Point vista do restaurante.
“O GRUPO DE CRIANÇAS FICOU TÃO À VONTADE E TÃO BEM ENTROSADO QUE QUASE NÃO VIA MEUS FILHOS O DIA INTEIRO! APENAS NOS ENCONTRÁVAMOS NAS HORAS DAS REFEIÇÕES.” – Uma das mães da trip
Pôr do sol visto do restaurante.
Se você não mergulhou, não conheceu as Maldivas. Taissa e Mauricio conhecendo Maldivas a fundo.
“DESDE QUE COMEÇAMOS A ORGANIZAR A VIAGEM, EU SABIA QUE ELA SERIA ESPECIAL, ÚNICA. AMIGOS DE LONGA DATA, ONDAS WORLD-CLASS COM EXCLUSIVIDADE, NATUREZA ABUNDANTE E CULTURA EXÓTICA. TUDO ISSO EM UMA ILHA PARADISÍACA NO OCEANO ÍNDICO. IMBATÍVEL.”
Pai e filho surfando juntos. Zé e Kai, o mais jovem surfista do grupo com apenas cinco anos. Fincamos a bandeira brasileira em Pasta por 11 dias.
As “Divas-das-Maldivas”.
– Betinho Dang, empresário Fernando ‘Birigui’, local de Ipanema, rasgando forte com a capital de Male ao fundo.
Filho assistindo o pai surfar do bar.
A G R A N DE
pos-surfe, umacom tradicao. Cervejinha pós-surf, uma tradição. Cervejinha Beto Martins surfando maestria em uma mini-simmoms.
Família DO SURF
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O PLANEJAMENTO: DOIS ANOS DE ESPERA O planejamento completo da viagem, desde a parte aérea até a terrestre, foi impecável! Apesar da experiência do grupo que já vinha realizando campeonatos há vários anos pelo litoral carioca sem grandes dificuldades, a etapa das Maldivas seria a primeira internacional. Para tanto, foi desenvolvida uma logomarca, em cima da qual foi feita uma produção especial de bonés, camisetas, camisas dry-fits e de lycra, medalhas e troféus feitos artesanalmente com materiais orgânicos. Várias reuniões foram realizadas durante os dois anos de planejamento que antecederam a viagem, para a tomada de decisões democráticas e esclarecimento de dúvidas. Naturalmente, formaram-se “grupos-tarefa” para a divisão do trabalho: o time da galera da Arte, o da Produção, o da Logística, etc. De última hora, a galera resolveu ainda contratar um fotógrafo de surf profissional para registrar os melhores momentos (e ondas). E foi assim que mais um amigo, o Serginho Oliveira, se juntou ao grupo. No final das contas foi uma decisão muito boa, pois voltaram com um acervo de mais de 32 mil fotos, de dentro e de fora d’água. Sem dúvida, um ótimo investimento! Outra boa decisão foi que, ao invés de apenas uma etapa, eles aproveitariam e fariam logo um circuito, com três etapas diferentes, batizado assim de “Tríplice Coroa das Maldivas”. Até o sorteio das baterias eliminatórias foi feito meses antes do embarque durante algumas dessas reuniões ainda em terras “brasilis”. Essas reuniões só faziam aumentar a fissura da galera para que chegasse logo a hora da trip!
Nosso presidente, Tola, passeando com velocidade.
Barcos típicos de Maldivas.
Menu do dia.
25.
Que tal um passeio de hidroavião?
Cultura local.
A TRÍPLICE COROA: ART IN SURF Ao todo foram três etapas de surf realizadas em Pasta Point, sendo as duas primeiras surfadas com pranchas tradicionais. Os destaques foram os atletas Fernando Martins, Jonas Rocha e Pedro Peixoto, que ficaram muito à vontade nas esquerdas de Pasta. A terceira e decisiva etapa foi realizada com pranchas de surf Fish e Mini-Simmons cedidas pela a Art In Surf, um dos patrocinadores da ASG. Já nessa etapa, os critérios foram diferentes, ganhava quem fosse o mais criativo nas ondas, e os que se destacaram foram Beto Martins e Betinho Dang. Além dos premiados em cada etapa, rolaram baterias homem a homem chamadas de “The Clash”, onde foi um luxo a mais poder surfar Pasta Point com apenas mais um amigo dentro d’água. Também foram premiados os surfistas mais jovens com o prêmio revelação. No evento de encerramento, um grande luau na praia, com churrasco, cerveja e música, onde foi feita a premiação da Tríplice Coroa. O presidente da ASG, o Tola, carinhosamente apelidado de ‘Cartola’, recebeu o mais almejado troféu: o “La Carioca Cevicheria & Artesanal Produtos Naturais Fair Play”, que foi votado por toda a galera, inclusive mulheres
Jonas, o grande campeão da Tríplice Coroa das Maldivas, voando em Pasta.
Diversão com as crianças. Gangorra-aquática.
e crianças, e concedido para o cara mais gente boa, o mais “fair” dentro e fora d’água.
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Ramiro acelerando contra o vento.
“QUANDO SOUBE QUE SERÍAMOS 30 SURFISTAS DIVIDINDO A MESMA BANCADA POR 10 DIAS, CONFESSO QUE ME PREPAREI PARA OS CLÁSSICOS DESENTENDIMENTOS NO PICO. PARECIA INEVITÁVEL! HOJE, JÁ DE VOLTA, NÃO ME RECORDO DE NENHUM MOMENTO, DENTRO OU FORA D’ÁGUA, QUE NÃO TENHA SIDO DE PURA ALEGRIA, RESPEITO E AMIZADE. GRUPO NOTA 1000!” – Bernardo Gurgel, empresário
Bruno Broca aplicando um cutback com estilo.
A G R ANDE
Família D O SUR F
Somaglino batendo forte em uma direita em Cokes.
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Pedro Peixoto derrapando com estilo em Pasta.
JÁ BATEU SAUDADE E Tola, fundador da ASG e um dos sócios da produtora 6D, finalizou: “Melhor do que imaginávamos! Passamos dois anos planejando e organizando a viagem. Claro que a expectativa na hora do embarque era enorme. Porém, a trip superou qualquer expectativa prévia, cada dia da viagem foi melhor do que o anterior. E não estou falando apenas de ondas, mas do astral da galera, do hotel, do staff, dos campeonatos... Tudo foi evoluindo para tornar a viagem
No final, o saldo da viagem foi super positivo, com surfistas amigos, esposas e crianças tão felizes que, mal partiram da ilha, já estavam planejando a volta para mais um campeonato internacional da ASG em 2017. “Quero começar agradecendo à família ASG por me integrar nesse time de cascas-grossas do surf e da vida. Com a viagem às Maldivas, refiz contato com antigos amigos, conheci novos e suas famílias, pessoas do bem que me acolheram como a um irmão. Pude reativar minha paixão pelo surf deixada para trás há tantos anos. Altas ondas todos os dias, astral nota 1000 e um clima de harmonia e amizade em todos os minutos”, contou o chef de cozinha Daniel Pinho.
inesquecível!”
“COM A VIAGEM ÀS MALDIVAS, REFIZ CONTATO COM ANTIGOS AMIGOS, CONHECI NOVOS E SUAS FAMÍLIAS, PESSOAS DO BEM QUE ME ACOLHERAM COMO A UM IRMÃO. PUDE REATIVAR MINHA PAIXÃO PELO SURF DEIXADA PARA TRÁS HÁ TANTOS ANOS.”
A grande família.
– Daniel Pinho, chef de cozinha
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A Vissla, marca californiana inspirada no life style do surfwear, comemorou sua chegada no Brasil com uma festa para empresários, atletas e convidados na subida da Pedra da Gávea, Rio de Janeiro. Confira quem marcou presença por lá!
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Fotos: I Hate Flash (01, 02, 03, 04, 06, 07, 13 e 19) e Gustavo Cabelo/Divulgação Vissla (05, 08, 09, 10, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 23 e 24)
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01 – O evento foi um sucesso de público. 02 – O DJ no comando das pick ups colocou a galera pra dançar. 03 – Beleza em dose dupla. 04 – Mulherada sempre marcando presença. 05 – Os atletas Andrew Serrano e Pedro Calado. 06 – Pura simpatia! 07 – A longboarder Chloé Calmon. 08 – Biel Garcia muito bem acompanhado por Bárbara Brigido. 09 – O ator Felipe Roque com Thais Tavares, Camila Garroux e Olivia Nachle. 10 – Frajola e Carol. 11 – Bruno Marinho, Marcelo Andrade, Marcos Sifu, Fabio Barcelos e Jompa. 12 – Os fotógrafos Fabio Minduim e Pedro Tojal (staff Surfar). 13 – Vai uma água de coco geladinha aí?! 14 – As amigas Isabel Cruz, Beatriz Bilik, Julia Veloso e Luiza Aloise. 15 – Luiza Stein e Rafael Millar, designer WQSurf. 16 – Trio da peso: Felipe Cesarano, Ian Cosenza e Gabriel Pastori. 17 – Augusto e Oswaldo Braire também estiveram na festa. 18 – Fe Amaral e Rangel. 19 – Guilherme Braga, com seus amigos, era um dos mais animados na festa. 20 – Rômulo Quadra (Surfar), Mariana e Leonardo. 21 – O alto astral de Bianca e Eduardo. 22 – Good Vibrations: Maria Laura, Emilly e Manu. 23 – Morley, Fabiana e Bruno da Extreme curtindo a noite. 24 – Rodine e Guto Carvalho da Boards Co.
NA WEB
Fotos: Facebook
Fique por dentro do que a comunidade do surf anda falando nas redes sociais pelo mundo afora!
“A NOVA GERAÇÃO TREINA MUITO MAIS. ESTAMOS INDO PARA FORA DO BRASIL TREINAR EM ONDAS GRANDES E PESADAS, ISSO TEM REFLETIDO NOS ÓTIMOS RESULTADOS QUE TEMOS CONQUISTADO. NÓS NÃO TEMOS APENAS SURFISTAS DE ONDAS PEQUENAS, TEMOS CARAS QUE PODEM SURFAR DESDE AS PEQUENAS ATÉ TUBOS GIGANTES DE 30 PÉS.”
“ACHO QUE A MINHA MENTE É O QUE MAIS ME ATRAPALHA. EU DEIXO ELA SOBRESSAIR NO MEU SURF. ONDAS GRANDES TAMBÉM. EU PRECISO TREINAR MUITO PARA O WCT EM ONDAS COMO FIJI E TEAHUPOO.”
“TODOS OS DIAS MINHA MÃE VEM AQUI (PARA O DEPÓSITO), NÓS ESTAMOS NOS PREPARANDO E ELA FICA ASSIM: ‘SÉRIO! POR QUE VOCÊ ESCOLHEU ESSA VIDA? VOCÊ ESTÁ SEMPRE MOLHADA E É FRIO. SÃO TODOS HOMENS E VOCÊ ESTÁ NESTE PORTO. EU GOSTARIA QUE VOCÊ TIVESSE UM POUCO MAIS DE GLAMOUR NA SUA VIDA.’”
@Caio Ibelli
@Alex Ribeiro
@Maya Gabeira
tentou explicar o porquê da atual geração brasileira conquistar mais resultados do que as anteriores.
respondeu ao site da WSL qual considera o seu maior ponto fraco.
“COMO PODE A WSL USAR A MINHA IMAGEM PARA PROMOVER O PE’AHI CHALLENGE DO BIG WAVE WORLD TOUR E NÃO ME CONVIDAR?” @Danilo Couto questionou a WSL com uma postagem na sua página do Facebook e no Instagram.
“PETER MEL ESTÁ MATANDO O CIRCUITO (DE ONDAS GRANDES)! PELO MENOS PODEREMOS VER SE KELLY SLATER VAI BOTAR PRA BAIXO OU NÃO (RISOS)! SE ELE NÃO DROPAR, PROVAVELMENTE VAI QUERER QUE DK (WALSH) FAÇA SEU RESGATE, MAS VAI TER UM DAQUELES PILOTOS FRANCESES DO ÚLTIMO EVENTO DA WSL.”
@ ‘Skindog’ Collins comentou o post feito por Danilo Couto revoltado com as decisões de Peter Mel para o Big Wave World Tour.
Acompanhe a Surfar pelo Twitter: www.twitter.com/revistasurfar.com.br
revela sobre o sentimento da sua mãe em Nazaré, Portugal.
“DESCONCERTANTE DANILO NÃO TER RECEBIDO UM CONVITE E A EQUIPE DE DK WALSH NÃO SER CHAMADA PARA A SEGURANÇA AQUÁTICA. QUASE IGUALMENTE DESCONCERTANTE É VER QUANTAS PESSOAS SKINDOG PODE INSULTAR EM UM ÚNICO POST”.
@Kelly Slater respondeu a ‘Skindog’ também com um comentário no post de Danilo. A discussão foi adiante e a polêmica ganhou destaque nos sites especializados.
NA MEDIDA
Nilton Gibao
Fissurado para surfar com mais velocidade as direitas perfeitas da Itapuca, Niterói, ANTÔNIO MERRÊ decidiu construir suas próprias pranchas, isso em 1973, na transição do longboards para as monoquilhas e Fish Tail. “Descasquei um longboard quebrado no meio e fiz o shape de uma Fish Tail (dois quilhas). Depois disso, não parei mais. Como gosto de design, me tornei um estudioso das linhas. Através da observação dos atletas, do movimento do mar e surfando, fui acompanhando e atuando no desenvolvimento das surfboards, que me tornei um autodidata”, conta. Depois de muita pesquisa, intercâmbio entre shapers experientes e uma temporada shapeando na Califórnia e no Hawaii, Merrê achou que era a hora de comercializar seus próprios surfboards. E foi assim que surgiu a Merrê Surfboards. Hoje, com mais 29.600 pranchas assinadas, Merrê, 57 anos, é um dos mais renomados shapers do Brasil e ainda quer mais. “Quero chegar à marca de 100 mil ainda nesta década, pois agora tenho a tecnologia a meu favor”, conta Merrê, responsável pelos foguetes de JOÃO VITOR CHUMBINHO.
JOÃO VITOR CHUMBINHO POR MERRÊ
MERRÊ POR JOÃO VITOR CHUMBINHO
Há dois anos, o Léo Neves, treinador do João Vitor, conversou com o Marcos Codé (First Glass), que me convidou para fazer a parceria. Quando vi o menino surfar, eu topei na hora! Ele tem talento e é uma promessa do surf nacional e internacional! Estamos sempre em contato e estudamos cada detalhe pensando em suas necessidades e evolução. O João é um atleta muito perceptivo, dedicado e ousado, sempre fala algo positivo ou negativo, assim aperfeiçoamos a cada shaper. Conversamos sobre o modelo que ele usa e reajustamos uma linha e outra. E, como está em fase de crescimento, ele treina muito e seu surf evolui também. O João tem muita técnica, força, foco nas linhas de cada manobra... Acompanho sua performance através de fotografias e assisto os vídeos dele, focado em perceber como o modelo da prancha se comporta na onda. No seu quiver, o modelo que ele mais gosta é a Chosen Pro, round squash, fun concave 5`6, com a curva mais acentuada na rabeta, que é reproduzido em outros tamanhos para se adequar às condições do mar. Para 2016, em cada um dos modelos que ele está usando, queremos mexer nas cinco linhas básicas: outline, curva de fundo, curva do deck, linha do botton e distribuição de volume. Estamos traçando uma estratégia evolutiva, visando uma melhor performance nas próximas competições. Na sua temporada agora no Hawaii muita coisa deve mudar, pois ele já está bem mais maduro, experiente e estamos apostando numa grande transformação do seu surf.
Meu trabalho com o Merrê começou no início de 2014 através de meu treinador Léo Neves e do Codé. A minha primeira prancha shapeada por ele foi para competir em um campeonato no Nordeste, uma das melhores que já tive, então, sabia que o início da parceria era promissor. O Merrê é bastante atencioso, o coroa é sangue bom (risos), e costuma perguntar o que achei da prancha anterior. Conversamos sobre novas medidas e outros modelos até chegarmos a um bom quiver para que eu consiga surfar em qualquer tipo de condição. Além disso, ele é um ótimo shaper e bastante técnico em relação ao tipo de prancha que vai funcionar em todos os tipos de ondas. E, nisso, eu sinto que meu surf vem progredindo desde o início da nossa parceria. Atualmente tenho 10 pranchas no meu quiver, quatro 5’8, cinco 5’6 e uma 5’10, mas a minha favorita é uma 5’6 modelo Chosen Pro, rabeta squash, que vem fazendo com que eu consiga fazer manobras com mais fluidez e perfeição. Em ondas maiores ou menores, ela mostra sempre funcionar de maneira certa. Agora, em 2016, vou tentar correr o máximo de campeonatos profissionais ou mais importantes possíveis e tentar evoluir bastante para que eu consiga chegar ao meu objetivo. Conto com o Merrê e nosso trabalho para isso (risos)!
Modelo Chosen Pro - 5`6 round squash largura 17.62 espessura 2.12 - litros 20.8
Pedro Tojal
João Vitor Chumbinho, o “pestinha do surf”, em Off The Wall, Hawaii.
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L A J E
Igor Hossmann
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T I J U C A
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loucura está instalada na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma laje localizada nas Ilhas Tijucas, no meio da Barra, a 4 km da praia, onde tubos quadrados quebram para a esquerda em um fundo de pedra bem raso e cheio de mariscos. Pico perfeito para satisfazer a insanidade de Stephan ‘Fun’ Figueiredo, Pedro Calado e Paulo Curi, que contaram com os fotógrafos Igor Hossmann e Fernando Andrade para registrar essa missão “tarja preta” de desbravar a Laje do Gardenal. Missão que está apenas começando, como garantiu Calado: “Durante o tempo em que eu estiver aqui no Rio e rolar um swell de sul/sudoeste grande, pode ter certeza que o meu foco vai ser o Gardenal.”
Viciado em adrenalina, Pedro Calado não pensou duas vezes quando foi convidado para desbravar a Laje do Gardenal.
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O carioca Paulo Curi entocado dentro do tubão perigoso que a Laje proporciona. Nada disso seria possível sem o entusiasmo, disposição e o sonho dele de surfar esta onda.
Igor Hossmann
A experiência de Stephan ‘Fun’ Figueiredo foi essencial para adquirir conhecimento sobre o pico.
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POR PAULO CURI
Fernando Andrade
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esde criança sempre vi aquela onda daqui de casa com um binóculo e reparei que nos dias grandes quebrava um tubo gigante lá. Quando passei a ter um jet ski, comecei a ir lá para conferir e vi que a onda realmente existe, porém o risco de se ferrar é muito maior do que de se dar bem. Fui várias vezes sozinho ver a pedra, namorar aquela onda... Via que uma ou outra dava para vir, a única dúvida era se a quilha ia arrastar ou não. Mas nunca consegui arrumar gente a fim de botar para baixo ali comigo. Todo mundo que eu levava dizia: ‘Está maluco, irmão! Vai morrer. Isso aí é insurfável!’ Apenas o Felipe Munga, do Alfabarra, queria puxar o limite lá comigo. Até que certo dia, eu estava com o Felipe Cesarano e o levei lá. Quando chegamos, o gordinho ficou maluco: ‘Caraaalho!Vamos ter que surfar!’.Chamamos o Felipe Munga, o André Portugal e o Henrique Pinguim. Nesse dia estava grande e a gente conseguiu pegar uns rabinhos. Estávamos numa rebocada totalmente inexperiente. A gente vinha no rabo da onda e fazia uma curva para tentar uma foto ali. Agora, no inverno de 2015, o Stephan Figueiredo estava no Rio de Janeiro e combinamos de fazer um tow-in no beach break porque estava uma merda para remar, mas aí ele falou: ‘Pô... Quero ver aquela onda da pedra. Já fui de kite, mas nunca consegui surfar lá com o kite.’ Então, nós fomos e reboquei ele em uma meia dúzia de ondas, assim vimos que dava para vir mais deep. Ele que começou a botar pilhar: ‘Meu irmão, vamos que vamos botar para dentro aqui. A gente vai pegar esse tubo ainda.’ Como estava dando onda direto, surfamos uns quatro dias seguidos lá.
Fernando Andrade
Brincadeira para gente grande, apesar da presença de um fotógrafo de 16 anos.
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Igor Hossmann
L A J E
O f么lego tem que estar em dia para aguentar o caldo longo do Gardenal.
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Igor Hossmann
A adrenalina é máxima quando joga para dentro do tubo.
Na primeira vez foi maneiro porque estávamos apenas eu e ele. Não tinha câmera, não tinha nada e conseguimos pegar umas boas. Já no dia seguinte, resolvemos chamar alguém para registrar. Falamos com o Igor Hossmann, que também chamou o Pedro Calado para surfar. Assim formou a equipe! No início, eu ficava muito preocupado com todo mundo querendo puxar o limite. É muito perigo. Como eu estava puxando eles, tinha medo deles se estreparem na pedra e ter que assumir a responsa. Imagina, as pessoas iam falar: ‘Porra... Paulinho é foda. Rebocou os caras e eles morreram na pedra. Matou os caras.’ Eu estava na maior insegurança porque eles são malucos, mas deu tudo certo. Como teve uma sequência de dias, fomos cada vez mais tendo noção de qual onda é a boa porque apenas uma ou outra é que dá para surfar. O resto é em cima da pedra. Cada vez eles vinham mais deep e assim o Fun tomou o primeiro vacão ali. Foi na base, no momento onde você não pode cair. Voltou junto ao lip. Todo mundo ficou preocupado até ele aparecer do outro lado da pedra 30 segundos depois. A onda te dá um caldão, depois te joga para o outro lado da pedra e te afunda de novo. Na última sessão, todo mundo tomou pelo menos uma vaca meio braba de achar que ia se ferrar e não se ferrou.
A gente não vinha mais do rabo, já vinha colado na pedra. Aos poucos, fomos evoluindo ao ponto de na última sessão do último dia eu e o Fun pegarmos um tubo e o Calado uma gigante. Mas estamos muito inexperientes ainda. Provavelmente, nos próximos anos já vai ter gente entubando na onda grande. É difícil porque se jogar um pouquinho para fora, você já sai do tubo. Tem que ter sangue frio de ficar parado no início, esperar a segunda sessão rodar e botar a prancha reta na direção da praia. Não é toda hora que a onda vem encaixada ali. Precisa vir no lugar certo e estar sem pororoca. Consegui achar a equipe certa para botar para baixo naquela laje e fazer coisas que ninguém nunca tinha feito. Eu sei que já tinham ido lá há muitos anos e pegado uns rabinhos. Apenas os bodyboarders tinham pegado uns tubos na laje. Mas agora conseguimos fechar uma galera maneira para ignorar o perigo e pegar os tubos na pedra. Foi maneiro para caramba! Fiquei felizão de estar com o Calado e o Fun. O Igor também mandou bem nas imagens. O moleque é novo, mas já está representando nas fotos. Fiquei feliz também por termos conseguido fazer algo que ninguém tinha feito. Ainda vamos pegar o tubo numa grande ali. É só questão de tempo. É só Netuno ajudar e mandar um monte de bomba para treinarmos cada vez mais.
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Igor Hossmann
POR STEPHAN ‘FUN’ FIGUEIREDO
Paulinho tinha me chamado para fazer step off no meio da Barra. Surfamos por algumas horas e quando estávamos voltando decidimos passar na laje para dar uma olhada. Ficamos uns 30 minutos olhando as ondas de sudoeste e a corrente jogando para cima da pedra. Então, falei para o Paulinho me puxar em algumas e ele ficou amarradão. Nesse dia estava muito perigoso e estávamos reconhecendo o pico.
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A real é que a onda é sinistra e muito difícil, tanto para o piloto quanto para o surfista. Uma puxada a menos ou a mais vai fazer toda a diferença na hora de surfar. Levamos alguns dias para achar o tempo certo da puxada e o local exato onde o surfista deve estar. Nesse dia, aprendemos a ver a direção exata da ondulação, a maré e o que é essencial para poder surfar e escolher as melhores ondas. Muita gente que olha na foto ou vê a onda da
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Acima, a assustadora onda da Laje do Gardenal nas Ilhas Tijucas. Abaixo, o belíssimo visual da praia da Barra.
Fernando Andrade
Igor Hossmann
L A J E
Mais um desafio vencido na carreira do ‘Fun’.
praia, acha que a onda é de um jeito e fala: ‘Se eu estivesse ali, ia fazer isso ou aquilo.’ A única coisa que tenho a dizer é ‘vai lá e depois me conta.’ Demos um passo muito importante para surfar essa onda e tubos incríveis ainda serão surfados lá. Desde que comecei a pegar onda na Barra, olhava da praia para a laje e via tubos enormes quebrando com baforada. Sonhava em um dia ir lá pegar. Já tinha ido algumas vezes na
remada e de tow-in, mas sem muito sucesso. Dessa vez, achamos a fórmula exata para conseguir surfar a onda. Obrigado Paulinho pela logística e coragem, Calado e Igor pela instigação. Foi foda essa aventura com vocês. A laje nunca mais será a mesma. Que venham os tubos!
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Igor Hossmann
Alma de big rider! Pedro Calado na maior da série em duplo ângulo.
POR PEDRO CALADO
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u já tinha ouvido falar da laje, porém nunca tive a oportunidade de ir. Quem falava muito dessa onda era o Gordo (Felipe Cesarano). Achei muito animal, mas ao mesmo tempo muito perigosa. Rola um tubo bem quadrado parecido com Teahupoo, só que em miniatura, mas a única coisa que deixa a desejar é que a onda quebra bem em cima da pedra e em algumas o lip vai direto na pedra. Na minha primeira vez, fui um pouco devagar para saber como funcionava. Observei bem onde quebrava, aonde eu teria que apontar a minha prancha e o momento certo para soltar a corda. A parte mais difícil, se você quer mesmo pegar o tubo, é a puxada para entrar na onda. Nesse momento, você e o piloto do jet devem estar conectados para acertar o momento do tubo. Estamos evoluindo bastante nessa parte, mas errando
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muito ainda. Acredito que daqui a um tempo, nós vamos pegar altos tubos quando estivermos com essa puxada no pé. Fico feliz de ter uma onda nesse nível bem perto de casa. Muita gente fala que ela não vale a pena ser surfada por ser um tubo muito curto e, se cometer qualquer erro, pode-se machucar feio nas pedras. Mas eu acho que vale a pena correr o risco porque, no momento em que se larga a corda, a adrenalina começa a bater no seu corpo e você percebe que a onda vai ser boa. Isso não tem preço! Daqui para frente só vai ficar melhor. A galera está evoluindo a cada puxada. Então, acredito que daqui a um tempo vão ter umas imagens bizarras desse pico. Durante os dias em que eu estiver aqui no Rio de Janeiro e rolar um swell de sul-sudoeste grande, pode ter certeza que o meu foco vai ser o Gardenal.
Fernando Andrade
Igor Hossmann
O outro 창ngulo da onda do Calado.
Pedro Calado pronto para encarar uma das ondas mais perigosas do Rio de Janeiro.
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om o intuito de levar a nova geração da equipe Seaway para evoluir o surf em ondas de alto nível, Eduardo ‘Rato’ Fernandes montou uma barca para a Indonésia no segundo semestre de 2015. A ideia principal era aproveitar sua viagem anual para levar a molecada
para treinar e produzir um filme. Para completar, também embarcaram na trip o ícone do surf Fabio Gouveia com alguns amigos, além dos fotógrafos Clemente Coutinho e Bruno Veiga, responsáveis por todos os registros da barca. “Pegamos altas ondas! A vibe foi incrível! O clima alegre e leve foi o mais legal da trip. Fabinho também é sempre um destaque à parte! Ele adorou se envolver com a molecada, que aproveitou e aprendeu muito com um dos maiores surfistas brasileiros de todos os tempos”, disse Rato. Nas páginas a seguir, você vai conferir o resultado dessa aventura com o relato exclusivo de Fabio Gouveia. –––– texto por FABIO GOUVEIA –––– fotos por CLEMENTE COUTINHO e BRUNO VEIGA
Clemente Coutinho
Douglas Silva, o surfista da capa desta edição, mostrando suas habilidades em Bang Bang.
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PONTO DE PARTIDA PARA A BARCA
A TRIP
Fazia dois anos que eu aguardava ansioso para mais essa trip nas Mentawai. Em 2014, a barca organizada pelo ex-profissional Eduardo ‘Rato’ Fernandes coincidiu com o evento especial nas Maldivas, o Four Seasons Champions Trophy, sendo assim, não pude ir e só pude acompanhar tudo aqui pela Surfar. Mas agora tive o privilégio de fazer parte dessa barca com a molecada do time Seaway, Diego ‘Didi’ Aguiar, Douglas Silva, Wallace Jr, Gabriel Farias, além do Rato e mais alguns amigos. E para completar foram convocados os fotógrafos Bruno Veiga e Clemente Coutinho. Bruno, baiano arretado, foi quem comandou nossa barca. Ultra instigado, ele não deixava ninguém ficar fora d’água nas melhores horas. Já Clemente, fez as fotos e filmagens durante a trip.
O roteiro da barca foi de uma semana em Nias e mais 12 dias em Mentawai a bordo do barco Moon Palikir. Em Nias pegamos apenas dois dias de ondas de 3 a 5 pés e os outros de marola. Já em Mentawai foram dois swells sólidos durante a trip do barco, onde os melhores picos foram Hideways com esquerdas tubulares de 6 pés, Telescopes com esquerdas de 6 pés e mais, HT’s de 6 a 8 pés e Malakopa com direitas de 3 pés parecendo uma máquina de ondas, exatamente uma igual a outra, ideal para manobras e aéreos. A molecada pirou! Uma trip nota 10. Aliás, nove. O ponto perdido é por causa de uma massa cinzenta que pairou sob o céu das Mentawai e em grande parte da Indonésia. Uma grande queimada em florestas do país precisou de aproximadamente quarenta dias para ser
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Clemente Coutinho
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Dodô foi, sem dúvida, o destaque dessa trip.
exterminada, gerando reclamações de governos vizinhos, como o da Malásia e Singapura, que tiveram inclusive de suspender provas esportivas a céu aberto durante o período crítico. Chegar em uma trip com marolas pode ser até um bom sinal se analisarmos bem. Pois, se está pequeno, o swell vai entrar, né? Então, foram dois dias usando apenas “maroleiras” e, se o mar estava pequeno e o tempo cinzento, fomos agraciados com bons ventos. Aliás, outro agravante do meio para o final da temporada foram os ventos maral para a grande maioria dos picos. Mas nosso terceiro fim de
Clemente Coutinho
O autor da matéria Fabio Gouveia, mostrando intimidade com as ondas em Hideways.
Clemente Coutinho
Clemente Coutinho
Gabriel Farias em sintonia com o fotógrafo.
Diego, Dodô e Gabriel.
tarde em Burguer’s World foi muito legal. Vento parando e com séries longas de até um metrinho foi a pedida. Saímos de “bucho” cheio e a expectativa era grande para o dia seguinte. Surf clássico em Hideways. Maré cheia e um crowdzinho que, em muitas ocasiões, mais atrapalhava por ter um surfista na frente do percurso do que em disputas por ondas propriamente ditas. Foram duas quedas, uma longa pela manhã e outra após o almoço. O sol raiou e brilhou durante o dia, aliás, creio que tenha sido o dia mais claro até então, onde os coqueiros apresentavam mais o verde, pois desde a nossa chegada eles estavam cinzentos.
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Bruno Veiga/ Liquid Eye
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Bruno Veiga/ Liquid Eye
Clemente Coutinho
Clemente Coutinho Clemente Coutinho
GALERA INSTIGADA Com a boa maré, os tubos eram lindos e limpos, seguidos de manobras arrojadas. Nosso caçula Diego ‘Didi’ Aguiar, de 12 anos, que também tinha o apelido de “guaxinin”, parecia maravilhado e ao mesmo tempo com certa adrenalina. Afinal, ondas de até 6 pés de face eram um tanto grandes para sua pequena estatura e tamanho de suas pranchas, abaixo dos 5 pés e com talvez apenas 17 polegadas de meio. Um “skatinho”! Didi, apesar de pouca idade, mostrou muita disposição, estilo, fluidez e uma linha de surf altamente diferenciada. Ele acabou conquistando a todos com seu carisma! Enquanto nos preparávamos para surfar, víamos um Douglas Silva, 17 anos, muito à vontade com os tubos e
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a bancada de coral. Desde pequeno, ele vem mostrando um talento impressionante para os tubos. Nas condições mais pesadas que pegamos, Douglas foi sempre o destaque. Surfou muito! Foram muitas as ondas boas que o pernambucano da Baía de Maracaípe pegou, inclusive despertando a atenção dos gringos presentes. Dodô foi, sem dúvida, o tube rider e o destaque dessa trip! E por falar em gringo, encontramos ali o neozelandês Maz Quim. O cara estava trabalhando de surf guide em um dos resorts ali na ilha e mostrava-se muito familiarizado com as ondas. Ele entrou de mansinho por trás da bancada e por ali ficou por um longo período até que viesse uma excelente onda rodando. Remou com sua
Sentido horário: Dodô aproveitou a trip para colocar seus arsenal de manobras aéreas em dia; Wallace Jr entocado em Hideways; Diego Aguiar rasgando em Macaronis; Os ídolos do surf Rato Fernandes e Fabio Gouveia em momento de relax.
mini model de bico arredondado (devia ser uma 5’4 no máximo) e encaixou no trilho fazendo um tubaço. Mesmo dominando o surf, Quim estava de botinhas, camiseta de lycra comprida, short john e boné, ou seja, proteção parcial quase que total. Com certeza, ele não é bobo, pois, principalmente na maré secante, o negócio começava a ficar mais raso e complicado. Voltando depois de oito meses parado por causa de uma cirurgia no joelho, Gabriel Farias estava receoso de “estolar” para o tubo de backside. Mesmo assim, o especialista em aéreos e dono de um estilo diferenciado arrebentou nas batidas e rasgadas de costas para a onda, evoluindo em cada série. Biel também deu show de aéreos
nas direitas e mostrou que evoluiu muito no surf de borda. Os gringos o apelidaram de “Young Mick Fanning”, tamanha sua velocidade e estilo. Já Rato Fernandes voltou para a segunda queda um pouco antes de mim e consegui ver um bom tubo seu. Isso incentivado por Dodô, que não parava de entubar. O fotógrafo Clemente Coutinho, que fazia pela terceira vez consecutiva essa trip, entrou no mar para aproveitar o momento de luz e água mais clara. Consegui ainda pegar um bom tubo na sua frente, mas na onda seguinte atingi o ombro rente ao reef enquanto dava o joelhinho.
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Com seu estilo inconfundĂvel, elogiado em todas as partes do planeta, Fabio Gouveia na maior onda da trip.
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Biel Farias saiu da Indonésia com o apelido de “young Mick Fanning”, tamanha a sua velocidade e estilo.
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Bruno Veiga/ Liquid Eye
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Com a maré vazante, rapidamente as condições foram ficando mais difíceis e perigosas, então, decidimos sair pra arriscar uma possível parada de vento em HT’s. E aí vale toda a experiência do capitão. Bruno Veiga circula pelas Mentawai desde 2007, fez surf trips, trabalhou em resorts, virou fotógrafo e agora é surf guia da empresa Mentawai Surf Charters que, além do Moon Palikir, tem o Star Koat. Dar tiros para sair de uma área para outra durante o dia não é o ideal, normalmente faz-se as travessias nos fins de tarde e à noite para não perder o surf. Graças à autonomia do Moon Palikir, cinco da tarde estávamos em HT’s. Muitas vezes quando se chega aos picos sem ter uma visão limpa, fica difícil dar um diagnóstico. Mas ao ver o Rato Fernandes, que entrou rapidamente e posicionado, fui ao seu encontro logo quando a primeira série passou. Até então ninguém na água e nenhum barco, apenas o surf guia do resort de Lances Left’s remou no outside em seguida junto com um fotógrafo português amigo da Tatiana, esposa do capitão Bruno. Vento parado, ondas com tamanho... Não demorou para que uma série de uns 8 pés nos pegasse de surpresa. Passei nas últimas, mas Dodô levou na cabeça e partiu a cordinha para depois ter que ir buscar a tabla lá na “mesa de cirurgia”, referência à bancada rasa após o inside de HT’s. Aos poucos notávamos que as ondas vinham mais constantes no bowl do canal. E depois de ter boiado algum tempo deep no pico, Rato Fernandes veio ao nosso encontro para pegar uma boa onda. A turma estava um pouco apreensiva por causa da pouca luz e do tempo escurecendo. Wallace Jr, 17 anos, nunca havia visto ondas daquelas, mas aos poucos ia se soltando. Ele surfou muito bem e evoluiu bastante durante a trip, destacando-se mais nas esquerdas e mostrando uma linha de surf muito polida e segura. Biel pegou umas “clean” e Dodô voltou ao outside para dar altos drops. Quase ao anoitecer, já esperava por minha saideira quando uma enorme veio. Dropei no ar com minha 6’3 e uma cachoeira ficou no meu calcanhar.Consegui completar e, assim que virei minha prancha pro canal, vi Bruno Veiga dropando um bomba em seu stand up 7’4. A prancha era uma quadriquilha e muito solta. Mesmo Bruno não tendo seguido adiante e conseguido pegar a parede, o visual da avalanche em suas costas foi estarrecedor. A turma gritou muito, saímos da session em êxtase pelas ondas finais, mas infelizmente não havia mais luz para fotografar e o momento ficou apenas em nossas mentes.
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MUDANÇA DE ROTA
De cima p/ baixo: Wallace Jr não deixou por menos; Gouveia puxou os limites da molecada; Diego Aguiar na esquerda dos sonhos em Macaronis; O barco da felicidade.
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Rato Fernandes em HT’s.
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Wallace acelerando em Macaronis.
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SONHO OU PESADELO? Navegamos de madrugada e em águas calmas. Chegamos a Telescopes na manhã seguinte. O visual era de sonho e de pesadelo. Ondas clássicas e uns sete barcos, fora as canoas de pequenos resorts terrestres que não paravam de brotar. Então, a conta era de pelo menos 40 cabeças na água. Mesmo assim, tratei de seguir à risca o que o capitão Veiga falara: “Chegou e cai na água, dessa forma você já vê como está o mar”. Nas Mentawai é assim, trabalhamos com a visão. Peguei três ondas depois de ter esperado bastante por minha vez e saí pro café. A turma cansada do dia anterior não fazia muita festa. Sem querer ser chato, falei: “Galera, por nada não, mas tá clássico!” Aos poucos a turma foi caindo após o café e nos divertimos bastante. A onda era muito longa e se pegasse a certa o tubo seguia nessa mesma linha. Séries entre 4 e 6 pés com algumas maiores entravam marchando na bancada. Que onda alucinante! Alguns picos de luz durante o dia, mas nada que fizesse o Clemente Coutinho se empolgar. A maré foi baixando e uma forte correnteza nos tirava do pico rumo ao oceano. Batentes se formavam e atrapalhavam a superfície que estava um azeite. Hora de zarpar.
Clemente Coutinho
Clemente Coutinho
Clemente Coutinho
Clemente Coutinho
Clemente Coutinho
Dodô em mais um dia tubular em Hideways.
Rato Fernandes em Snóbs.
PRÓXIMA PARADA: MACARONIS Mentawai sem Macaronis fica incompleto. Nem me lembro onde dormimos, só sei que quando acordei ao som do motor da âncora o Rato Fernandes já estava junto com Bruno Veiga remando para o outside. De fora e um pouco distante parecia pequeno. As “bichas” vinham quadradas, cada double up da “bixiga”! Constatei isso logo após ter pegado umas duas ondas. Tanto Bruno quanto o Rato já tinham pegado altas ondas sozinhos antes do crowd. Aos poucos outros barcos foram chegando e o crowd aumentando em função também do resort de “Macas” e dos alojamentos, que vêm crescendo na vila local. Dodô, como de costume na trip, ia se soltando ainda mais. Só dava ele totalmente à vontade nos barrels. Gabriel Farias já estava perdendo o medo do joelho recém-operado e “estolava” deixando se envolver pelos lips cinzentos. Sim, mais uma vez a névoa persistia. Minha prancha
maior havia sido trincada no dia anterior, logo minha 5’7 fina não tinha remada. Tomei duas “voadoras” de cinema. “Madeeeeiiiiraaaa”! Foram só risadas, mas tudo correu bem. Já um australiano, que estava hospedado na vila local, não teve a mesma sorte. Ele, que entubava muito, errou os cálculos e retornou ao outside com várias “patadas de tigre”, ou melhor, arranhões do reef. Wallace Jr, mais conhecido como “buguelinho”, ia sempre evoluindo, tanto nos tubos quanto ampliando seu leque de manobras. Aliás, todos esses jovens surfistas chamavam muito a atenção em todas as caídas. Dois dias de Macaronis e chega a hora de partir porque cada barco só podia permanecer ali por esse período mediante uma prévia reserva. E havíamos dado sorte, pois muitas vezes a galera marca a data e se não tiver onda adeus surf em Macaronis.
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Dodô aproveitou a viagem para treinar para as competições em 2016. Que treino, hein!
SECRET SPOT O swell ainda bombava, porém a turma quis mudar o palco e fomos parar em uma pista de testes para voos. Navegamos um pouco durante o dia, mas no fim de tarde já estávamos em Snóbis. Bom, esse não é o real nome do pico, pois não dá para ficar dando todas as dicas. Vale a imaginação de quem um dia for às Mentawai. Snóbis é uma direita cavada e para frente com uma ligeira mudança de ângulo em seu trajeto, ou seja, perfeita para se alçar voos. Pegamos pequeno e, na hora da chegada, a maioria “entronchou” o olhar. Caramba, saímos de um pico com altas ondas para pegar marola?! No local havia dois barcos, incluindo o Sibom e o Star Koat, mas ambos de saída. Mesmo assim, ainda tivemos a oportunidade de surfarmos juntos com outros brasileiros, entre eles o elétrico Miltinho Morbek (no Star Koat), além de Pedro Huzadel e Ícaro Ronchi (no Sibon), que também estavam arrebentando.
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Do barco, a marola parecia fraca, mas era só entrar para ver que mesmo pequena era forte e muito divertida, sendo totalmente high peformance. Os moleques foram à forra! Biel deu seus aéreos incríveis e não saia da água um instante se quer. Wallace se mostrava com menos aéreos, mas com muitas pontadas de backside, que faz dele a fama de matador em eventos que compete. Nessa onda, o backside de Didi Aguiar estava perfeitamente encaixado. Ô moleque para surfar bonito, esse tem muito futuro! “Vish”, ia me esquecendo de nosso amigo e “coroa style” Alan Gueiros, também presente na barca. Alan, assim como Rato Fernandes, é amigo de longa data e ali relembrávamos os bons tempos dos “surfaris” nas bancadas de Pernambuco. Aliás, ambos se superaram nessa marola. Também surfaram bem em outras ondas, mas nessa eles estavam afiados e isso representa o potencial da onda mesmo com tamanho pequeno, então, imaginem ali grande?
Bruno Veiga/ Liquid Eye Bruno Veiga/ Liquid Eye
Clemente Coutinho
Rato Fernandes nas ondas paradisíacas de Macaronis.
Dodô tentando executar o desafio proposto por Fabio Gouveia.
“SUVÁCO” AIR
COM A CABEÇA FEITA
No meio da bagunça, lancei um desafio: o“suváco” air. Criei essa manobra, mas nunca consegui executar e acho difícil que eu venha conseguir. No entanto, existe um grande número de aerialistas que podem realizar facilmente. A manobra consiste em mandar um “super man” e logo após colocar a prancha em baixo do “suváco” para em seguida aterrizar. E Dodô, por muito pouco, não conseguiu essa proeza e com um grau maior, ou seja, de backside. O cara mandou o aéreo, botou a tabla embaixo do “suváco” e voltou deitado. Ele quase conseguiu, mas como tinha descido deitado na prancha a manobra foi incompleta, logo não pôde obter o prêmio de uma prancha FG. Dodô foi o quem chegou mais perto e provou que é possível. E aproveitando o “merchan”, o double “suváco” air vale duas FG zero bala (risos)!
Tivemos mais dias de surf em outros picos. Voltamos a HT’s, onde pegamos menor, só que divertido. Mas para fechar, rolou um bom surf em Lances Left’s com direito a sol e pouca gente na água. Metade da turma ainda estava instigada. Devido ao dia lindo, muitos aproveitaram para fazer fotos de life style na ilha ou até mesmo dar uma caminhada, pois em 12 dias embarcados se rema muito e se anda pouco. O importante era também o alto astral da trip que terminava ali. Negociar forte com os artesões locais tomou boa parte do dia e rendeu muitas risadas, com mímicas e trocas por relógios, óculos, peças de roupas e muitas outras bugigangas, além das rúpias que sobraram em fim de trip. Uma felicidade estampada, pois a natureza voltava ao normal, sem sinal de névoa, ou seja, pelo menos saímos das Mentawai com o sentimento que estivemos ali por completo. Terima Kasih!
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Foto: Fred Pompermayer
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DANILO COUTO JAWS
NOVA GERAÇÃO Rodrigo tem muito talento e disposição para trilhar uma carreira de sucesso.
IDADE: 11 ANOS PATROCÍNIO: HURLEY e CABIANCA DESIGN APOIO: BULL WAX E ORGANICS QUIVER: 4’4 , 4’5 , 4’6 e 5’0 SURFISTA PREFERIDO: JOHN JOHN FLORENCE e GABRIEL MEDINA SHAPER: JOHNNY CABIANCA MELHOR MANOBRA: RABETADA
IDADE: 08 ANOS PATROCÍNIO: PENA APOIO: BALI GRIP E COLÉGIO IRMÃ MARIA MONTENEGRO QUIVER: 11 PRANCHAS (4’5 a 5’0) SURFISTA PREFERIDO: GABRIEL MEDINA SHAPER: ANDRÉ CABOIM
tegoria Estreante na 3ª etapa do Hang Loose em Pitangueiras, ambos em 2015. O currículo do “prodígio” já rendeu frutos e Rodrigo conta com um patrocínio de peso. “A Hurley sempre foi o meu sonho. Adoro usar as roupas e equipamentos e participar dos eventos da marca, como a première do filme ‘View from a Blue Moon’. Estar na Hurley me deixa mais perto de atletas importantes, como Miguel Pupo, Filipe Toledo, Alejo Muniz. Acho que tenho muito para aprender com eles”, diz. Com certeza, Rodrigo vai longe!
Considerado um dos destaques da novíssima geração do surf brasileiro, GUILHERME LEMOS já mostra maturidade nas ondas. Não é para menos, filho do vice-campeão brasileiro de longboard Geraldo Lemos, o moleque deu suas primeiras remadas muito cedo, aos dois de anos idade, e aos cinco ganhou sua primeira prancha. “É maravilhoso ver que tudo que ele me ensina, eu posso mostrá-lo que aprendi e ainda continuo aprendendo. Tenho um professor de peso!”, diz Guilherme sobre o pai e mentor. As surf trips sempre estiveram presentes no seu cotidiano. De todas as ondas surfadas por essa
ferinha mundo afora, as direitas equatorianas e as esquerdas peruanas ocupam um espaço especial na sua memória. “No Equador tem direitas extensas, o que enriqueceu minhas manobras de frontside. E as esquerdas perfeitas do Peru foram boas para a evolução do meu backside”, conta. O know-how conquistado nas viagens se reflete em títulos, entre os mais importantes estão o Dore Surf Kids no Rio Grande do Norte, ASN Cyclone no Rio de Janeiro, Cearense Kids, Pena Little Monster na Bahia e Rio Sub 14 Oakley/WQS, todos em 2015. Como diz o velho ditado popular: Filho de peixe, peixinho é!
Jocildo Andrade
MELHOR MANOBRA: LAYBACK
Aos três anos de idade, o paulista RODRIGO SALDANHA trocou as fraldas pela sua primeira prancha de surf. O esporte entrou muito cedo na vida do garoto graças ao pai, seu maior incentivador, que costumava frequentar as praias de Maresias e Guaecá, litoral norte de São Paulo. Hoje, com apenas 11 anos, ele possui uma sala recheada de troféus. Entre os principais, o de campeão do Circuito Sebastianense nas categorias Petit e Estreante em 2014, além de campeão da etapa do Sub 14 Rio na praia do Recreio na Infantil e o terceiro lugar na ca-
Roberto Nabruzzi
RODRIGO SALDANHA
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Apesar da pouca idade, Guilherme já mostra maturidade dentro d’água.
Fred Pompermayer Tiago Navas
“Enquanto eu tiver fôlego, vou estar remando e pegando onda.” – Renan Pulga
IDADE: 17 ANOS PATROCÍNIO: RUSTY APOIO: WIDEX TRAVEL, CAMBURY SAT, SKULLCANDY, ARTHUR VARGAS PREPARAÇÃO FÍSICA E MALHA SETE ACADEMIA QUIVER: 5’7 (JOCKERR), 5’8 (KERROSOVER), 5’8 (SISTHA BROTHA), 5’8 (YARD DOG), 5’9 (JOCKERR), 5’11 (BLACK BIRD) e 6’4 (BLACK BIRD) SHURFISTA PREFERIDO: MICK FANNING SHAPER: RUSTY SURFBOARDS MELHOR MANOBRA:TUBO e AÉREO
RENAN PULGA VOCÊ TEVE UM ÓTIMO DESEMPENHO NO HANG LOOSE SURF ATTACK, CHEGANDO A LIDERAR O RANKING NA JUNIOR APÓS TRÊS ETAPAS E ACABOU COMO VICE-LÍDER. ACHA QUE ESTÁ NA MELHOR FASE DO SEU SURF? Consegui ter uma constância boa em todas as etapas e fazer boas baterias. O circuito é muito difícil, pois há muitos atletas bons lá, então surfar bem esse campeonato é importante para minha carreira. A grande maioria dos caras que estão no WCT passou por lá. Sem dúvida, é o melhor e mais forte circuito de base do Brasil. Acho que surfar bem nele te prepara e te deixa confiante para os próximos passos: Pro Junior, QS, etc. COMO FOI A FINAL NA DISPUTA DA JUNIOR NA PRAIA DA BALEIA? ONDE ACHA QUE FALHOU PARA CONQUISTAR O TÍTULO, JÁ QUE A DIFERENÇA DE PONTOS ENTRE VOCÊ E O NATHAN KAWANI ERA PEQUENA? Foi incrível! A cada bateria que eu passava, ele também passava e assim foi até o fim, bateria por bateria. Chegamos à final e sabia que dali iria sair o campeão. O mar estava grande, storm, sem formação nenhuma e ventava muito, então, não conseguíamos escutar nada. Só fomos saber o resultado na praia fazendo as contas de cabeça, pois fiquei em terceiro na final e ele em quarto. Mas com os descartes e tal, ele acabou ganhando.
Atual vice-campeão Paulista Amador na categoria Junior, o local de São Sebastião RENAN PULGA vem colecionando títulos desde o início da sua carreira no surf, aos nove de idade, e hoje se considera um bom competidor. “Amo competir! Aquela adrenalina de bateria em ter que pegar onda e fazer o seu melhor sempre... Também participo dos campeonatos mais fortes para poder ganhar experiência e surfar bem ao lado de bom competidores. Isso, com certeza, é muito importante para se sentir confiante”, fala. Sempre focado em seu crescimento, Renan, que vai se profissionalizar agora, segue para sua segunda temporada no Hawaii para cada vez mais melhorar sua performance e alcançar todos seus objetivos. Se eu ficasse em segundo na bateria, seria campeão e para isso só precisava de quatro pontos, mas como o mar estava bem ruim e ninguém escutava nada foi difícil. Fiz tudo que pude, Nathan é um ótimo competidor, então, tem méritos. ALÉM DO CIRCUITO PAULISTA, QUAIS OUTROS CAMPEONATOS VOCÊ PARTICIPOU EM 2015? Fiz dois ótimos resultados fora do Brasil. Um nono lugar no QS 1500 na Argentina que foi espetacular! Saí do Round 1, passei bastante baterias, consegui soltar meu surf e surfar bem com surfistas mais experientes de todo o mundo. O outro foi meu terceiro lugar no Pro Junior sul-americano em San Bartolo, Peru. Com esse resultado, fiquei a uma vaga do Mundial Pro Junior, sou o primeiro alternate. Também competi as duas etapas do Paulista Profissional, válido pelo Brasileiro Profissional, e consegui avançar algumas baterias contra grandes nomes do surf brasileiro. Tudo isso só tem acrescentado experiências na minha carreira. VOCÊ ESTÁ INDO PARA SUA SEGUNDA TEMPORADA HAVAIANA. QUAIS SUAS EXPECTATIVAS E O QUE ACHA QUE VAI SER DIFERENTE E MELHOR? Minhas expectativas são as melhores! Não vejo a hora de pisar lá,
pegar boas ondas, aprender mais sobre bancada e ondas grandes e treinar meu inglês. Estou muito ansioso! A cada surf nos fundos de corais é uma ansiedade e uma adrenalina alta. Acho que estou mais preparado, então vou conseguir me sentir mais à vontade e tentar pegar alguns tubos em Pipe e Backdoor. Também quero muito conhecer o México e a Indonésia. Gosto muito de tubos e esses dois lugares são perfeitos pra isso. COMO VOCÊ ANALISA SUA PERFORMANCE DURANTE 2015? QUAIS OS ACERTOS, ERROS E ONDE ACHA QUE PODE MELHORAR NA SUA CARREIRA? Acho que tem sido bom. Tenho feito bons resultados e surfado bem. Em anos anteriores, consegui ganhar etapas, mas não consegui ter a constância, que é muito importante. Estou na fase de transição de amador para profissional, por isso já competi as etapas do Paulista Profissional, do QS e do Pro Junior para me adaptar. Acabei fazendo bons resultados nesses campeonatos super importantes. Em 2016, vou me profissionalizar e me dedicar ao máximo no QS e Pro Junior para chegar nos Primes e tentar uma vaga no WSL, que é o sonho de todo competidor.
E N SA IO Natรกlia Rosa 26 anos fotos Fred Rozรกrio
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Paulista de São Caetano do Sul, NATÁLIA ROSA trocou São Paulo pelo Rio de Janeiro há dois anos e já se adaptou perfeitamente ao life style da Cidade Maravilhosa. “Sou muito solar, praieira... Pelo meu estilo de vida e pela minha profissão, meu lugar no mundo hoje é aqui”, falou. Ginástica artística, futebol, vôlei, atletismo, yôga e boxe são algumas das muitas atividades físicas já praticas pela gata, mas no momento ela vem se dedicando a um mix de treino funcional, corrida e musculação para manter o shape perfeito. Mas e o surf? Mesmo quando morava em Sampa, Natália sempre dava um jeito para estar perto do mar. “Sou essencialmente ligada ao esporte e à natureza. Pra mim, o surf casa lindamente essas duas paixões. E como boa paulista que ama praia, passei grande parte dos fins de semana da minha adolescência descendo para o Litoral Sul e Norte. Era nossa redenção semanal!”, conta. Morando atualmente no Posto 5 da praia da Barra da Tijuca, ela costuma frequentar mais seu quintal de casa, porém diz que prefere as praias mais afastadas e menos “bombadas”: “Quando tenho tempo durante a semana, Reserva e Prainha são sempre boas pedidas!” E quem pensa que a vida da morena se resume apenas à malhação e à praia está muito enganado. Natália possui duas formações, Comunicação Social e Interpretação Dramática, mas a profissão de atriz acabou prevalecendo e hoje ela atua numa série da TV a cabo. “Estou gravando a segunda temporada da série Magnífica 70, da HBO, que ilustra bem a fase da pornochanchada, da ditadura e da censura. Participei da primeira temporada, que foi ao ar em 2015, e devemos estrear a segunda no primeiro semestre de 2016. Minha personagem é uma garota paraguaia, um tanto quanto trambiqueira, que atravessa a fronteira ‘pra causar’ com a vida dos personagens da Boca do Lixo,” explica.
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EN S AIO
Natália Rosa 26 anos
Biquíni e wetsuit Rip Curl.
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PRÓXIMO NÚMERO
Pedro Tojal
HAWAII
Backyards, Hawaii.
EXPEDIENTE Editor Chefe: José Roberto Annibal – annibal@revistasurfar.com.br Editora: Déborah Fontenelle - deborah@revistasurfar.com.br Redação: Luís Fillipe Rebel – luisfillipe@revistasurfar.com.br Rômulo Quadra – romulo@revistasurfar.com.br Arte: João Marcelo – joaomarcelo@revistasurfar.com.br Fotógrafo staff: Pedro Tojal – tojal@revistasurfar.com.br Colunistas: Bárbara Rizzeto, Bruno Lemos, Gabriel Pastori e Otavio Pacheco. Colaboradores edição – Texto: Betinho Dang e Fabio Gouveia. Fotos: Bruno Veiga, Clemente Coutinho, Fernando Andrade, Fred Rozário, Igor Hossmann, I Hate Flash, @instadomagro, Gustavo Cabelo, Jocildo Andrade, @jumartinss, @likamaiaphotography, Mick Curley, Nilton Gibao, Pedro Monteiro, Roberto Nabruzzi, Sebastian Rojas, Sergio Oliveira, Smorigo/WSL e Tiago Navas.
Publicidade: Marcelo Souza Carmo – marcelo@revistasurfar.com.br Financeiro: Claudia Jambo – claudia@revistasurfar.com.br Tratamento de Imagem: Aliomar Gandra Jornalista Responsável: José Roberto Annibal – MTB 19.799 A Revista Surfar pertence à Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna, 250, sala 209, Barra da Tijuca, Cep: 22793-000. Circulação: DPACON Cons. Editoriais Ltda - dpacon@uol.com.br Tel: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional: Dinap S/A - Distribuidora Nacional de Publicações Contato para publicidade: (21) 2433-0235 / 2480-4206 – surfar@revistasurfar.com.br
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