Ano IV - Número 14 Julho de 2011
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Movimento estudantil A opinião de grupos organizados da UFSM em relação à UNE página 13
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entrevista
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categorias
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paralelo
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é possível
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geral
Atividades físicas gratuitas para servidores Funcionamento da Lei Antifumo na UFSM
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Rúgbi: um esporte de valores
Foto: Carolina Bonoto
Pré-história é desvendada
Trânsito e os novos acessos à Universidade
capa
A organização dos grupos estudantis e a UNE
geral
História da moradia dos estudantes na UFSM
de dentro para fora
Conheça mais sobre a Incubadora Tecnológica
de fora para dentro
Projeto auxilia crianças com HIV/AIDS
cultura
Para além dos muros da Universidade
cultura
Festas acadêmicas no Centro de Eventos
perfil
A atriz entre o camarim e o palco
expediente ReRevista Laboratório do 4º semestre de Jornalismo da UFSM Edição: Viviane Borelli Sub-edição: Dairan Paul Diagramação: Carolina Bonoto, Daniele Bubans, Jean Senhorinho, Marina Castilho, Ronei da Cruz e Vítor Dornelles Revisão: Andréa Ortis, Bruna Bordignon, Bruna Vasconcellos, Diosana Frigo, Gabriela Gelain, Guilherme Granêz, Letícia Fontoura, Maria Angélica Varaschini, Mariana Henriques e Taís Megier Foto e Arte: Carolina Bonoto, Dairan Paul, Guilherme Silveira, Pedro Henrique Porto e Ronei da Cruz Divulgação: Briana Klaus, Daniela Huberty, Grazielle da Fonseca, Pâmela Cézar e Natascha Carvalho Edição online: Carolina Barin, Camille Chiarelli, Grasiela Faccio e Patrícia Michelotti Capa: Vitor Dornelles Foto da capa: Carolina Bonoto Professora Responsável: Viviane Borelli Mtb/ RS 8992 Endereço: Campus da UFSM, prédio 21, sala 5234 Telefone: (55) 3220 8487 Impressão: Imprensa Universitária Data de fechamento: 4 de julho de 2011 Tiragem: 700 exemplares www.ufsm.br/revistatxt txt.revista@gmail.com
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O DESCASO COM OS ANIMAIS SOLTOS É comum estar no campus da UFSM e encontrar algum cachorro ou gato abandonado. Essa situação lança a dúvida de quem seria responsável por esses animais soltos que, diariamente, correm riscos de atropelamento e oferecem preocupação à comunidade acadêmica no que diz respeito a zoonoses. A Pro-Reitoria de Infraestrutura (PROINFRA) não tem estudos quantitativos desse caso, o que dificulta dimensionar o tamanho do problema. O Hospital Veterinário Universitário (HVU) considera o recolhimento e tratamento desses animais uma responsabilidade da Prefeitura Municipal. A PROINFRA também defende essa idéia, mas se coloca a favor da criação de um projeto do HVU para recolher, tratar e disponibilizar os animais para doação ou encaminhá-los para o biotério, local onde ficam os animais utilizados nas aulas práticas. A criação de um projeto nesse sentido não seria viável, segundo a direção do HVU, pois o Hospital não possui recursos suficientes nem permissão legal para abrigar esses animais.
carta ao leitor NOVO PRÉDIO DO CCSH A empresa responsável pela construção do novo prédio do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) no campus da UFSM – Rutênio Construções Ltda. - conclui a obra até o segundo semestre de 2011. Segundo a direção do CCSH o novo edifício passa a ser utilizado somente no começo de 2012, quando estará mobiliado e pronto para receber a direção do centro e os cursos de graduação e pós-graduação de Administração, atualmente localizados no centro de Santa Maria, no prédio da antiga reitoria. O prédio 74c tem uma área total de 4,3 mil metros quadrados. Também está em fase de construção o prédio 74b e a Biblioteca de Humanidades, também nas imediações do prédio 74. A área total da três construções será de 18.507,6 quilômetros quadrados, com um custo de mais de R$11,5 milhões. O objetivo das construções é a unificação de todos os cursos do CCSH na cidade universitária.
VOLVER COM RENOVAÇÕES O Projeto Volver completa 10 anos em 2011. Atualmente, ele conta com a participação de 4900 pessoas. Criado para estreitar as relações entre os ex-alunos da graduação, pós-graduação e da escola técnica, o programa encontra-se sob a coordenação da Professora Doutora Elisângela Mortari. A partir de um banco de dados, os cadastrados possuem facilidade para entrar em contato com seus ex-colegas. Desde o início do ano, mudanças no Volver são realizadas com o objetivo de aumentar o número de participantes e, assim, proporcionar uma melhor interação entre a UFSM, sua comunidade acadêmica e aqueles que já passaram por ela. A meta principal a ser alcançada é gerar benefícios aos participantes do Programa, como descontos em livrarias e acesso às bibliotecas da UFSM. Para cadastros e mais informações acesse www.ufsm.br/ex-alunos.
A liberdade de expressão de pensamento é um direito de todo cidadão e é garantido por lei. O Artigo 5º, IV, da Constituição da República do Brasil prevê: “é livre a manifestação de pensamento”. Da mesma forma, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos orienta os Estados a garantirem a liberdade de expressão de forma plena através do Artigo 13: “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão”. Entretanto, o exercício da liberdade de expressão, tão restrito no passado recente do Brasil, ainda é confundido com ‘baderna’ e confusão. Aqueles que vão às ruas questionarem leis e trazerem à tona temas polêmicos – como legalização da maconha e do aborto, e direitos das mulheres e homossexuais – são taxados, muitas vezes, de ‘desocupados’. De rostos pintados ou oferecendo a cara à tapa, o movimento estudantil posiciona-se como uma voz para a maioria da população que compartilha de mesma opinião e permanece calada. Mesmo que a reivindicação não surta efeito, mesmo que não haja impeachment, o debate foi realizado. Irônico pensar que nas manifestações mais recentes do país, o protestor clamou pelo próprio direito de... protestar. O filósofo francês Jean-Paul Sartre utilizou peças teatrais como arma para difundir sua mensagem de que estamos “condenados à liberdade”. Sim, somos amaldiçoados pela nossa própria autonomia. E, se temos liberdade suficiente para ser o que queremos ser e escolher o que queremos ser, também temos liberdade para mudar o que somos. É no exercício diário da liberdade e nos gritos que ecoam pelas ruas que mostramos o que nunca precisaria ser provado: liberdade de pensamento significa o direito de mandar em nós mesmos. Dairan Paul e Viviane Borelli
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entrevista
Pólo paleontológico Como a UFSM ajuda a esclarecer a pré-história da região de Santa Maria Pedro Henrique Porto e Ronei da Cruz
Foto: Pedro Henrique Porto
O Núcleo de Paleontologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi criado para dar sequência aos estudos e à exploração de fósseis encontrados na região. Esses estudos, compartilhados com outras instituições, ajudam a remontar e entender a vida que existiu nesses locais, assim como colaboram para a descoberta de novas espécies de animais pré-históricos ainda não catalogados. O professor do Departamento de Geociências da UFSM, Átila Augusto Stock da Rosa, é o entrevistado dessa edição e conta como funciona o Núcleo. .txt - Quando e como foi estruturado o núcleo Paleontológico da UFSM? Átila: A paleontologia na UFSM é quase tão antiga quanto a própria Universidade. Nós tivemos a criação do instituto, hoje chamado de Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), que se baseia na criação do Instituto de Ciências Naturais e Exatas lá da década de 60. O principal mentor e um dos primeiros diretores foi o professor Romeu Beltrão, um aficionado em ciências. Na década de 70, nós temos a criação de um núcleo de paleontologia no CCNE. Começamos com professores do Departamento de Ciências e de Biologia, que trabalhavam em conjunto para fazer campanhas de preservação e sensibilização da comunidade em relação à paleontologia. .txt - A estrutura de trabalho oferecida é satisfatória e bem assistida pela Universidade? Átila: Eu cheguei aqui em 1998 e encontrei uma sala de professor, um laboratório de preparação de fósseis e uma sala de exposição. Essa estrutura já era razoável para poder pesquisar e, ao mesmo tempo, conscientizar – transmitir esse conhecimento para a comunidade. Quando assumi, fiz um projeto para revitalização e reorganização do laboratório. Hoje, temos aulas de paleontologia nesse laboratório com parte da coleção didática que já existia, além dos fósseis que coletamos nesses últimos tempos. .txt - Qual descoberta do grupo de Paleontologia da UFSM é considerada a mais importante? Átila: Eu tive a felicidade de que, logo que entrei aqui, nós encontramos um material muito importante: um dinossauro. Embora nós tenhamos muitos outros animais na nossa coleção, um dinossauro coletado em 1998, o Unaysaurus tolentinoi – considerado, até aquele momento, o mais completo e mais bem preservado encontrado no Brasil. Hoje já se tem outros materiais importantes também, mas naquela época era esse. Rendeu, inclusive, dissertação de mestrado e um trabalho de doutorado de um ex-aluno. Esse estudante foi para o Museu Nacional no Rio de Janeiro, pesquisou esse material, trabalhou, preparou, fez a publicação em um periódico internacional e esse material, que está hoje aqui na Universidade, recebe visitas de várias pessoas no mundo que vem a Santa Maria só para reestudá-lo. .txt - Quando o professor assumiu o laboratório de Paleontologia, quais foram os primeiros projetos executados? Átila: Criamos uma comissão especial de resgate do patrimônio paleontológico e arqueológico. Eu trabalho com paleontologia, há colegas que trabalham com arqueologia e nós nos reunimos para formar essa comissão. A comissão foi responsável pela
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confecção de um projeto para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e conseguiu angariar fundos de um auxílio especial existente naquele período. Hoje esse subsídio não existe mais, mas nós conseguimos, através dele, equipar o laboratório, comprar computadores, bibliografia, material para coletas e, com isso, mudamos a história da participação da UFSM na paleontologia do Brasil. Ou seja, a Universidade tinha só um papel de transmissor de conhecimento, conscientização e sensibilização da sociedade. A partir de então, começamos a fazer um projeto, um trabalho mais integrado de ensino, pesquisa e extensão. Com essa comissão, nós trabalhávamos não só dentro do município, mas também na região – dando palestras, fazendo tra-
Professor Átila Augusto
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Trabalho de campo para localização de vertebrados fósseis na região de Candelária
É um projeto do CNPq que se chama Pró-Sul e quem tem por objetivo selecionar pesquisadores da Argentina, Rio Grande do Sul e Uruguai que se reúnem para ver fósseis e rochas sedimentares – onde encontram-se os fósseis do chamado período Quaternário. .txt - Quais lugares já foram explorados por esse projeto? Átila: Já estudamos as rochas fossilíferas em Caçapava do Sul, Pantano Grande, Uruguaiana, todo o rio Quarai, que é exatamente no limite do Uruguai. Nós já pesquisamos essas rochas aqui no Brasil, no Uruguai, na região do Paraná, Santa Fé, cidade de Diamante (na Argentina). Agora vamos para uma região conhecida como Luján, que foi um dos primeiros lugares estudados na América do Sul. .txt – A criação de um museu de Paleontologia em Santa Maria traria crescimento econômico e representaria difusão de conhecimento para a sociedade? Átila: Com certeza. Algumas pessoas acreditam que turismo é uma indústria chamada de “indústria sem chaminés”, pois, ao mesmo tempo em que o turismo oferece lazer ou conhecimento, também tem serviços como de hospedagem, alimentação, serviços de guia de transporte – uma grande quantidade de ofícios. Pessoas que poderiam vir para cá vão utilizar esses serviços e vão observar as coisas importantes que existem na região. O turismo, quando bem preparado, não só ajuda a comunidade, porque começa a movimentar recursos, mas também ajuda as pessoas que estão aqui e as que vêm de fora a obter um conhecimento maior. O turismo paleontológico é um turismo educativo, não é um turismo só de lazer. .txt - Quais são os empecilhos para que isso aconteça? Átila: Uma das dificuldades é que, aqui na Universidade, somos dois paleontólogos: eu e uma colega da Biologia, mas nós precisamos de mais pessoas. Eu sou geólogo por formação, mas, ao mesmo tempo, eu dou aula, faço pesquisa e extensão. É preciso nuclear esse museu, ter uma pessoa que vai se responsabilizar, um diretor do museu, mas tem de ter também um diretor de ensino e pesquisa, pessoas que trabalhem só com isso. Nesses 12 anos em que estou aqui, consegui muita coisa, porém para que esse sonho do museu dê certo, eu preciso mais ainda, é preciso que várias pessoas trabalhem juntas. .txt Julho de 2011 .txt
Foto: Arquivo pessoal de Átila Augusto da Rosa
balhos de conscientização e dando ajuda a museus de municípios da região. .txt – De onde vem as verbas para o desenvolvimento do trabalho de campo e no laboratório? Átila: Durante muito tempo, quando o paleontólogo solicitava recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou da Coordenação de Desenvolvimento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ele tinha de encaminhar os chamados “projetos de balcão”. Aqueles projetos que instigassem mais interesse, os que tinham mais pessoas e mais publicações conseguiriam os recursos e a paleontologia sempre ficava “a ver navios”. Nos últimos anos, a Sociedade Brasileira de Paleontologia tem atuado mais e conseguiu, pela primeira vez na história da paleontologia do Brasil, um edital específico em que o Ministério de Ciência e Tecnologia e o CNPq distribuíram alguns recursos. Nós conseguimos também um valor para o projeto só de pesquisa, coleta de fósseis, melhoria das coleções, compra de armário, equipamentos e disseminação do conhecimento. .txt - A Universidade disponibiliza as peças de sua coleção ou faz permutas com outras instituições para fins de estudo? Átila: O nosso projeto, por exemplo, é um projeto para a confecção de réplicas dos materiais que estamos coletando. Muitos deles têm pessoas de todo mundo que têm interesse em ter esses fósseis ou para coleta, ou para comparação. Quando se faz parte de um outro grupo de pesquisa, precisa-se desses materiais para fazer uma comparação anatômica com o material encontrado, a fim de saber se é da mesma espécie ou não. Algumas instituições fazem permuta, ou seja, elas já têm réplicas, o que também auxilia na disseminação do conhecimento dentro das universidades. Entre os próprios museus se faz a permuta de réplicas para que haja, em cada ‘casa’, uma peça dos fósseis encontrados em várias regiões para que se possa disseminar seu conhecimento. .txt – Então a UFSM possui parcerias com outras instituições? Átila: Temos intercâmbio com os principais centros de pesquisa paleontológicos do Brasil e em alguns lugares de fora do país, como a Argentina, onde eu faço parte de um projeto que é coordenado pela Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
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de dentro para fora
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Empreendedorismo Incubadora Tecnológica tem trabalho voltado à sustentabilidade de empresas acadêmicas Grazielle da Fonseca e Guilherme Leopold
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ou serviço pronto, disponível no mercado - o que dura, aproximadamente, três anos. Uma das exigências principais para ter o projeto validado é que pelo menos um dos sócios tenha vínculo com a Universidade, como destaca o administrador e gerente da ITSM, Gilberto Timm Flores. Hoje a incubadora tecnológica de Santa Maria conta com 20 empresas* de diversas áreas de ensino da Universidade. Uma das mais antigas empresas da ITSM é a GSI Gestão Empresarial Ltda , que visa desenvolver cursos de capacitação para que as instituições possam treinar seus funcionários via internet. Esses cursos podem ser feitos em formato e-learning (cursos com conteúdos personalizados, de acordo com as necessidades e público-alvo da empresa); mobile learning (materiais de instrução para smartphone) e jogos educacionais. A empresa GSI possui diversos clientes como Sicredi, Lojas Renner, Grupo RBS, Eurofarma, Eletrolux e Eletrobras. Segundo o gerente de vendas da GSI, Rodrigo Madeira, o que difere sua empresa das demais é a qualidade visual dos cursos produzidos pela mesma, que busca tornar o produto mais agradável de utilizar. Outra agência residente na ITSM é a Decadium Studios Ltda, criada em 2004 por um grupo de cinco alunos do curso de Ciência da Computação da UFSM, que decidiram aliar seu hobby de jogar games eletrônicos ao desejo de se tornar um empreendedor. Hoje seus maiores parceiros são da Alemanha, Canadá e EUA. Atualmente a Decadium trabalha no desenvolvimento de jogos e soluções de entretenimento para companhias que têm interesse em utilizar esses recursos para divulgação de seus negócios e comercialização desses produtos. Segundo o Sócio-fundador da Decadium, Ricardo Donato Iop, a empresa possui parcerias fora do Brasil, como A ITSM localiza-se logo após o Arco da UFSM
Foto: Guilherme Leopold
Incubadora Tecnológica de Santa Maria (ITSM) é um projeto de extensão do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), criado em 1999, e tem como coordenadora a professora Nilza Luiza Venturini Zampieri. A Incubadora visa incentivar novas empresas da região, propiciando condições para que essas instituições mantenham-se financeiramente e cresçam, a fim de que sejam organizadas o suficiente para se consolidarem no mercado. Na ITSM, a empresa passa por dois momentos: a pré-incubação e a incubação. A pré- incubação é a fase em que o projeto (plano de negócio) desenvolvido dentro da UFSM por alunos, funcionários ou professores, passa por uma seleção e avaliação de um técnico. Essa etapa de pré-incubaçao dura em média um ano. O projeto deve ser recomendado por um professor tutor. Já a incubação é o momento em que a empresa passa a ser residente, ou seja, atua na incubadora e possui seu produto
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por exemplo, a alemã Big Point que atua na área de games, a Seven One Interactive, que atua em um portal de jogos germânicos e a UOL games. Donato também ressalta que um dos diferenciais para entrar no mundo do empreendedorismo é aprimorar-se em outras línguas, principalmente o inglês. Embora a ITSM tenha serviços reconhecidos fora do Brasil, muitos estudantes da própria instituição não a conhecem, conforme comenta Rodrigo Madeira, “dentro dos cursos mais voltados para a área técnica, existem muitos alunos com boas ideias, com cérebros que produzem, mas que não conhecem essa possibilidade”. Segundo o economista e gerente da ITSM, José Airton Brutti, a Incubadora Tecnológica é um dos projetos de extensão mais representativos dentro do Centro de Tecnologia, e que abrange todas as áreas do conhecimento. .txt
Empresas Residentes
Plural Consultoria em Planejamento Territorial DECADIUM STUDIOS GSI Gestão Empresarial IMAGNATION Desenvolvimento de Sistemas On line de Entretenimento ANIMATI Sistemas de Informática ALVO Agricultura com Precisão WEEVEE Eletronic solutions D&A Escola de negócios G7 Soluções em automação residencial ENG+ engenharia e geomática SUSTENTASUL Consultoria e gestão ambiental LINKARE Excelência em ensino a distância ECOSUL Soluções Ambientais STÃRKE Máquinas operatrizes BVM Máquinas automáticas ltda SULJARDINS Paisagismo CAMPO VIRTUAL Tecnologia de apoio à educação ZARKRE Web solutions OTIMALOG Tecnologia da decisão RSWA LTDA
de fora para dentro
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Espaço acolhe crianças em tratamento no HUSM
Cantinho Mágico
Projeto cria espaço para acolher crianças com HIV/AIDS antes de consultas no HUSM
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realizam acompanhamento clínico no ambulatório de pediatria do HUSM. Atualmente, o auxílio aos adolescentes é dificultado pela falta de um espaço e atividades apropriados. Entretanto, a possibilidade da criação de um local específico para essa faixa etária tem sido estudada. Apesar dessa carência, cria-se um vínculo com a ala da pediatria. A mestranda destaca que os pacientes que frequentaram o Cantinho Mágico quando crianças, muitas vezes, dão continuidade ao tratamento no mesmo local. “Justamente por não ter esse espaço para os adolescentes, as crianças começam a fazer o tratamento, passam pela adolescência e, às vezes, chegam à fase adulta ainda consultando aqui, na ala pediátrica”. O sucesso do projeto pode ser percebido pela alegria dos pacientes. Muitas pedem para ficar mais tempo ali e após as consultas querem voltar logo para o Cantinho. “Alguns choram por não querer ir embora, outros nos dão de presente os desenhos que fazem. Nos chama a atenção a vontade que eles têm de vir para um hospital, que não é algo bom para uma criança. Eles gostam de vir, não pelas consultas, mas porque eles vêm para um espaço onde eles podem brincar, desenhar” relata Tassiane. O Cantinho Mágico propicia às crianças momentos de diversão e relaxamento
através de suas atividades lúdicas e educativas, onde elas podem desenvolver a criatividade e a imaginação. Além de proporcionar um tempo para o lazer, o projeto incentiva os pacientes a aderirem ao tratamento, enfatizando a sua importância. O acompanhamento multiprofissional conta com o auxílio de enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas em conjunto com o médico responsável pelo paciente. A mestranda fala da emoção em acompanhar o pré-natal de algumas mães com gravidez complicada pela HIV/AIDS: “As mães que fazem o acompanhamento no pré-natal, que é no ambulatório aqui ao lado, trazem o filho para consultar aqui. A maior gratificação que temos é quando, ao final de uma consulta, no final de todo o acompanhamento, recebemos um abraço apertado daquela mãe dizendo que deu tudo certo, que a criança está com alta e que conseguimos fazer a diferença. Isso eu acho que é a maior gratificação de tudo”. Podem participar do Cantinho Mágico crianças e adolescentes que façam acompanhamento clínico no Ambulatório de Pediatria do HUSM. O projeto acontece nas terças-feiras a partir das 13h30 e faz parte do programa “AIDS, Educação e Cidadania” do Departamento de Enfermagem da UFSM. .txt
Foto:Carolina Bonoto
projeto de extensão Cantinho Mágico: um espaço lúdico para crianças em ambulatório, coordenado pela professora do curso de Enfermagem, Stela Maris de Mello Padoin, surgiu em 1999 e está localizado no Ambulatório Pediátrico do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Enquanto isso, o grupo “Anjos da Guarda” oferece apoio e preparo para familiares e cuidadores. Com a intenção de tornar o ambiente hospitalar mais ameno, o espaço aconchegante dispõe de brinquedos educativos, filmes infantis e materiais para desenho. Durante as atividades, os responsáveis pelo projeto conversam com as crianças e observam seu comportamento. A enfermeira e aluna do curso de Pós-Graduação em Enfermagem, Tassiane Ferreira Langendorf, participa do Cantinho Mágico há cerca de três anos e conta que “enquanto eles estão desenhando, brincando, a gente procura conversar. Perguntamos sobre a escola, como estão em casa, com a família”. O objetivo do projeto é auxiliar e incentivar a adesão do tratamento. Ao mesmo tempo, acompanha o desenvolvimento da criança, previne doenças oportunistas e proporciona uma qualidade de vida melhor. No projeto, podem ser atendidas crianças e adolescentes de todas as idades que
Bruna Bordignon e Daniele Bubans
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é possível?
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“O bichinho do rúgbi” Entenda porque os atletas foram “contaminados”
Guilherme Granêz e Jean Senhorinho
Jogo entre as equipes Corsários e URSM
Fotos: Pedro Henrique Porto
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rugby ou rúgbi - no português do Brasil - não é um esporte recente em terras tupiniquins, contudo ainda é desconhecido por boa parte dos brasileiros. A primeira equipe do desporto foi formada ainda no século XIX, mas não se popularizou como o seu parente próximo: o futebol. O futebol e o rúgbi eram um só, porém, por divergências em relação às regras, eles seguiram caminhos diferentes. O intenso contato físico associou a imagem do rúgbi à violência. O esporte tem grande apelo visual, motivado pelo uso recorrente da força corporal nas jogadas. A forma de desarmar o adversário pode causar espanto aos espectadores. Entretanto, o rúgbi tem a sua formação edificada em valores que vão além do mero contato físico. Como explica a estudante de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a fundadora da equipe feminina do Universitário Rugby Santa Maria (URSM), Luíze Wächter, 19 anos: “Há violência em todos os esportes e para quebrar esse tabu no rúgbi, só começando a mostrar o que é de fato. A gente procura mostrar que o rúgbi é um esporte de valores, educação, respeito, união e família”. O URSM surgiu a partir da união entre dois clubes da cidade: o Fênix Rugby Club
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e o Santa Maria Rugby Clube. Em oito de maio de 2009, o URSM começou a caminhada para desenvolver o rúgbi na região. As principais dificuldades são encontrar um local adequado para a prática e vencer o receio de quem o desconhece. A luta não é apenas no campo. A equipe trabalha para conseguir apoio financeiro. A superação dos obstáculos está na organização interna da equipe, como aponta o estudante do curso de Desenho Industrial da UFSM e jogador da equipe masculina, Maurício Ribeiro, 26 anos. O Universitário Rugby adquiriu recentemente o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). A estruturação jurídica torna-se fundamental para a atração de parceiros financeiros, uma vez que demonstra a consolidação do projeto. Entretanto, há outra barreira a ser encarada: o fato de que boa parcela da população desconhece o esporte. Para alterar essa realidade, o clube promove a inserção do rúgbi na comunidade. O “Rugby Cidadão” é um projeto que não só demonstra as regras e o funcionamento do desporto, mas também os seus valores: respeito, amizade e união. Todos os sábados pela manhã, cerca de 30 estudantes se reúnem na Escola Estadual Augusto Ruschi, da Cohab Santa Marta, onde aprendem que o rúgbi exige empenho para conquistar cada centímetro de espaço, assim como na vida.
Garotas também praticam rúgbi Em agosto de 2010, foi formada a equipe feminina do URSM. Assim como o time masculino, as jogadoras sofrem com a dificuldade de conciliar os horários e a falta de um local apropriado para os treinamentos. As praticantes do esporte ainda têm de enfrentar o preconceito e buscar a desvinculação da imagem do rúgbi como um esporte exclusivo para homens. Mesmo assim, a equipe cresce gradativamente: já são 18 atletas. Os treinos que ocorrem aos domingos, a partir das 14h, exigem sacrifício e entrega, mas são recompensadores. O estudante do curso de Pedagogia da UFSM, jogador do URSM e treinador do time feminino, Bryan Backes, 20 anos, afirma: “A coragem é a mesma, se tem chuva ou tem barro, elas treinam, elas tão lá da mesma forma e sempre empolgadas”. O rúgbi é um esporte democrático por permitir a participação de pessoas de qualquer biotipo, como exemplifica Luize: “Você pode ser rápido, mas pode não ser também, pode ser pesado como pode ser leve, pode ser alto ou baixo, sempre vai ter uma posição para você”. A prática do rúgbi ainda encontra muitos desafios pela frente, mas é como o estudante de Administração da UFSM e jogador do URSM, Felipe Ravanello, 21 anos exalta: “Eu vou estar lá, independente do que possa acontecer”. Conheça a equipe pelo : www.universitariorugby.com.br. .txt
O tackle - denominação do desarme no rúgbi - consiste em agarrar o adversário para impedir o seu avanço e possibilitar a retomada da posse de bola.
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Movimento caótico
É assim que grande parte da comunidade universitária define o trânsito na UFSM Camille Chiarelli e Taís Megier
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cos os que param na faixa de segurança. “Não dá para generalizar, mas os motoristas podiam respeitar mais os pedestres”. Segundo o Chefe do Núcleo de Vigilância da UFSM, Romeu Lemes Ozório, o problema do excesso de velocidade ocorre por falta de conscientização. “Como a Brigada Militar não atua ostensivamente dentro da Universidade, a não ser quando solicitada, as pessoas têm a impressão de que aqui não existe lei de trânsito”, esclarece. Exemplo disso é que alguns instrutores de autoescola indicam a UFSM como um local para aprender a dirigir. Outro grande problema enfrentado é o desrespeito aos locais adequados para estacionar. O fio amarelo - que sinaliza estacionamento proibido - é bastante utilizado em ruas da Universidade. Mesmo assim, os motoristas estacionam seus veículos em lugares demarcados. Muitas vezes, até mesmo as vagas destinadas a cadeirantes são ocupadas indevidamente. “Isso é um grande
Foto: Pedro Henrique Porto
maioria dos acadêmicos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) passa longos minutos dentro do ônibus para chegar até o campus. Após terem enfrentado o trânsito congestionado nas rodovias que levam à Universidade, esses alunos, agora pedestres, ainda dependem dos motoristas que transitam pelo campus para se locomoverem com segurança. Basta observar por um curto período de tempo a circulação de veículos na Avenida Roraima para perceber várias infrações às leis de trânsito. Automóveis estacionados em local proibido, desrespeito ao limite de velocidade e à faixa de pedestres são comuns no dia a dia da Universidade. O limite de velocidade na Roraima é 40 km/h e nas ruas secundárias é 20 km/h, mas isso não significa que os motoristas respeitam esses parâmetros. A graduanda do 5° semestre de Farmácia, Suelen Osório, avalia que os carros andam muito rápido dentro do campus. E que quando o movimento é maior, são pou-
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problema para nós, porque não temos vigilantes suficientes para colocar em cada local proibido. É humanamente impossível”, lamenta Ozório. O Chefe da Vigilância também ressalta a falta de conscientização por parte dos motoristas profissionais, como os das prefeituras da região. Conforme Ozório, eles vêm trazer pacientes ao Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) e estacionam seus ônibus, micro-ônibus e ambulâncias em locais proibidos.
Foto: Pedro Henrique Porto
“As pessoas têm a impressão de que aqui não existe lei de trânsito”
Veículos estacionam em locais proibidos na UFSM. 10 .txt Julho 2011
Em contrapartida, para o Coordenador de Obras e Planejamento Ambiental e Urbano, Edison Andrade da Rosa, não há mais espaço para estacionar. Os locais onde o estacionamento é permitido estão sempre lotados, o que obriga os motoristas a ocuparem lugares onde é proibido. Andrade menciona que está prevista a construção de estacionamentos no prédio das engenharias, ao lado do Restaurante Universitário e na Reitoria. Dados do Núcleo de Vigilância mostram que, em média, nos horários de maior fluxo, entram 26 carros por minuto na UFSM e em horários de menor fluxo, o número cai para 15. Diariamente circulam pela Universidade cerca de 11 mil veículos (veja o quadro). Em 2008 esse número era de aproximadamente seis mil. Uma consequência disso é o aumento do número de acidentes. O acadêmico do 4° semestre de Agronomia, Wagner Soares Petri, usa o carro como meio de transporte até o campus. Para ele, a maioria dos motoristas não respeita as normas de trânsito, o que pode ocasionar acidentes. A esquina do Banco do Brasil é um ponto crítico de acidentes na Universidade. Ela fica entre a Avenida Roraima e a rua que dá acesso ao HUSM e aos prédios do Centro de Ciências da Saúde, locais de muito movimento. Em dias de chuva, o calçamento torna-se bastante escorregadio. Ao ocorrer um acidente de trânsito, a Vigilância faz o primeiro atendimento e, em seguida, contata a Brigada Militar. O Núcleo de Vigilância é responsável por proteger o patrimônio da Universidade. Mas, mesmo não sendo uma atribuição oficial, vigiar o trânsito faz parte de suas atividades. Ozório destaca que a atividade principal da Vigilância é manter uma universidade segura para os alunos, porque sem estudante não existe universidade. O pós-graduando em Química, José Neto, observa que na UFSM circulam muitos carros com uma só pessoa. Ele ainda afirma que há horários em que o trânsito é caótico. Também é assim que o Chefe do Núcleo de Vigilância define o tráfego na Universidade hoje: caótico. É por isso que estão sendo construídos novos acessos à UFSM. “É um problema que vai ter solução e a curto prazo, já que as obras estão bem adiantadas”, garante Romeu Lemes Ozório.
Relação do número de veículos que entraram na UFSM no dia 04 de maio de 2011:
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Pontos de carona na UFSM Cada vez mais pessoas acessam a Universidade de forma motorizada, tornando o trânsito sobrecarregado. O Coordenador de Obras e Planejamento Ambiental e Urbano, Edison Andrade da Rosa, chama atenção para o grande número de carros que vem para a Universidade com apenas uma pessoa. Pensando nisso, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSM formulou um projeto de pontos de carona na Universidade. O acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, Felipe Dotto, faz parte da Coordenação de Ciência e Tecnologia do DCE, e afirma que o projeto está em discussão. A previsão é que ele seja implantado durante
a Semana da Calourada do primeiro semestre de 2012, quando será realizado um cadastramento daqueles que desejam receber carona e daqueles que preferem uma companhia ao voltar para casa. Os motoristas cadastrados receberão um adesivo para colar no carro e facilitar a visualização. Segundo Dotto, a UFSM provavelmente terá dois pontos de carona,
“um em frente à Biblioteca Central, devido a sua centralidade dentro do Campus, e outro ponto próximo ao arco de saída da UFSM, devido ao fato de concentrar todo o fluxo de saída veicular da Universidade”. O projeto também envolve o debate sobre a agressão ao meio ambiente: “A construção de paradas com materiais alternativos, como bambu e/ou garrafas pet fazem parte do caráter e agregam valor ao sistema de pontos de carona da UFSM”, acrescenta Dotto. O projeto ainda não tem um nome definido. O DCE pretende fazer uma enquete para decidir o nome e introduzir o assunto na comunidade acadêmica.
Mudanças no tráfego trutura da UFSM, Valmir Brondani, conta que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) vai construir um trevo de acesso nesse local. O acesso para o Hospital inicia na Rua 5 de março, conhecida como Rua da Água Boa, e acompanha a divisa da zona urbana da cidade com o Aeroporto. Essa via dá acesso ao campus através da rua da Biblioteca Central e termina no estacionamento do HUSM. O Coordenador de Obras e Planejamento Ambiental e Urbano, Edison Andrade da Rosa, informa que esse acesso vai desviar o fluxo de ambulâncias vindas de cidades que entram em Santa Maria pelo lado leste. As obras iniciaram em janeiro de 2011 e tem previsão de término para agosto deste ano. O engenheiro civil responsável pela fiscalização das obras, Daniel Bellina-
so, afirma que os acessos serão asfaltados. Segundo ele, o acesso Oeste totaliza 1580 metros, e o do HUSM, 610 metros. Quando questionado sobre o porquê dos locais escolhidos para entrada na Universidade, Brondani explica que as novas rotas vão tentar resolver a dificuldade que se tem na travessia de Camobi. Com os novos acessos, o tráfego vai ser dividido entre a Avenida Roraima, Estrada dos Pains/ Jardim Botânico e Estacionamento do HUSM, que vai passar a ter uma via própria. Essa diversificação de rotas de entrada diminuirá o tempo de viagem até o campus. Conforme o pró-reitor de Infraestrutura, por enquanto, os ônibus não usarão esses novos acessos, mas, futuramente, isso irá ocorrer. Brondani afirma que as mudanças na condição de tráfego da Universidade vão
Arte: Ronei Da Cruz
A necessidade de crescimento fez com que o projeto de novos acessos à UFSM saísse do papel. O número de veículos que circula na Universidade aumenta anualmente, e esse acréscimo no fluxo faz com que o trânsito fique cada vez mais congestionado. Isso não acontece somente dentro da Universidade, mas também nas rodovias de acesso. Hoje, a única forma de chegar ao campus é através da Avenida Roraima. Mas, em breve, outras duas rotas de entrada estarão disponíveis. Uma delas é o acesso Oeste, que fica localizado ao lado do Jardim Botânico e do prédio da Fatec; a outra é o acesso que vai até o HUSM. Para chegar à Universidade pelo acesso Oeste, na BR 287, próximo ao Ginásio de Esportes Dalla Favera, deve-se entrar na Estrada dos Pains. O pró-reitor de Infraes-
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geral proporcionar que os veículos entrem por três alternativas. Poder chegar à UFSM por dois acessos, que seriam pelo Dalla Favera e pela Avenida Roraima, e sair por um terceiro, que seria o do Hospital será uma grande vantagem nos dias de vestibular, quando sempre há congestionamentos. A inspetora-chefe da 9ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Liana Maria Cassol Comassetto, esclarece que ainda não existe uma definição de como será feita a fiscalização nas novas vias de acesso ao campus, ou qual órgão irá se responsabilizar por isso. “O importante é que elas estão sendo feitas de forma planejada, visando escoar o trânsito, reduzir o número de acidentes e facilitar o acesso àqueles que se deslocam especificamente para a Universidade Federal de Santa Maria”, ressalta Liana.
Fotos: Pedro Henrique Porto
“Tudo que estamos fazendo tem o sentido de agilizar o tráfego interno e facilitar o acesso diário dos veículos dentro do campus” Somente neste ano a Polícia Rodoviária Federal registrou 70 acidentes no trecho compreendido entre a rótula da UFSM e o viaduto de entroncamento das BRs 287 e 158, o que ocasionou três mortes e 40 feridos. Conforme a inspetora-chefe, a PRF desenvolve um trabalho contínuo junto ao DNIT, a Prefeitura Municipal de Santa Maria e a UFSM na busca de melhorias que venham minimizar os acidentes e dar fluidez ao trânsito. Entre essas melhorias estão: pintura das vias, colocação de semáforos, de redutores de velocidade, e muito em breve colocação de tachões no eixo da pista para direcionamento do trânsito nas áreas de maior número de acidentes. Além dos novos acessos, também estão sendo construídas novas ruas dentro da própria Universidade. Um exemplo de rua secundária que irá ajudar a distribuir o tráfego é a que passa ao lado do novo Restaurante Universitário. Ela é paralela à Avenida Roraima e será uma forma de reduzir o fluxo de veículos dentro da própria Roraima. O engenheiro civil responsável pela fiscalização das obras coloca que a soma dos novos acessos com as ruas secundárias totalizarão 3,6 Km de extensão. Segundo o Coordenador de Obras e Planejamento Ambiental e Urbano, também há previsão de que todas as ruas da Casa do Estudante Universitário sejam calçadas. O recurso para a construção dos novos acessos e das ruas secundárias veio
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Acesso Oeste, pela Estrada dos Pains.
Acesso pela rua da Biblioteca Central até o estacionamento do HUSM
do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), no valor aproximado de 3,8 milhões. Andrade cita um projeto de mudanças na Avenida Roraima, especificamente, entre o arco da UFSM e a rótula da Faixa Nova. Essas mudanças serão feitas pelo DNIT e consistem na construção de ciclovia, entradas para paradas de ônibus, iluminação nos canteiros e canalização das valas paralelas à Avenida.
O pró-reitor de Infraestrutura resume o objetivo da construção de ruas secundárias e de novos acessos à Universidade: “Tudo que estamos fazendo tem o sentido de agilizar o tráfego interno e facilitar o acesso diário dos veículos dentro do campus”. A expectativa é de que com as novas rotas de entrada na UFSM o fluxo de veículos seja melhor distribuído, facilitando a movimentação tanto de motoristas como de pedestres. .txt
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Estudante, o que te UNE? Mas, quando entre camaradas nos encontramos e ousamos sonhar futuros. Quando a teoria nos aclara a vista e com o povo, ombro a ombro, marchamos.
Vale a Pena, de Mauro L. Iasi
Bruna Homrich, Diosana Frigo e Gabriela Gelain
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ilegalidade. Apesar disso, a mobilização continuou o ponto referencial da UNE em tempos passados. De caráter combativo, impulsionou campanhas que tiveram grande peso no percurso da história nacional, como o “Petróleo é Nosso” (1974), as “Diretas Já” (1984) e o “Fora Collor” (1992). Esta última, porém, demonstra a crise de legitimidade que a UNE passa a sofrer na década de 90: enquanto uma parcela significativa do movimento estudantil exigia um novo pleito eleitoral para a Presidência da República, a UNE defendia a ascensão de Itamar Franco, vice-presidente de Fernando Collor. No decorrer desses anos, também, a União da Juventude Socialista (UJS), vinculada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), consolida-se na UNE como direção majoritária e passa a centralizar a atuação do movimento estudantil. A UJS, que segue até hoje no comando da entidade, encontra-se afastada da realidade dos estudantes brasileiros, não possui uma comunicação efetiva nas universidades e não há, dessa forma, a democratização da informação nem o debate político necessário. Nos últimos anos, a UNE tem se burocratizado, massificando a produção de carteirinhas estudantis, enquanto age de modo negligente perante as lutas do
movimento, afastando-se, assim, da base social em que foi construída. Percebe-se hoje o quão difícil é a tarefa de mobilizar as pessoas em prol de uma causa coletiva. Dificuldade que deriva muito do momento histórico apresentado: com a ascensão do neoliberalismo, não só as relações econômicas transformaram-se, mas também as relações sociais. Uma inversão de valores ocorreu e o individualismo é enaltecido e concebido como virtude. Dessa forma, o contexto social, somado à postura distante da direção da UNE, torna-se favorável à fragilização gradual dos segmentos e movimentos organizados.
ANEL A Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL) foi fundada no dia 14 de junho de 2009, no Congresso Nacional dos Estudantes, através dos votos da ampla maioria de delegado(as) eleitos nas escolas e universidades do país. Essa entidade realiza, de dois em dois anos, O Congresso Nacional dos Estudantes (CNE), fórum máximo de discussão. A criação da ANEl foi estimulada por militantes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), numa tentativa de construir um novo instrumento de luta para o movimento estudantil brasileiro.
Foto: Divulgação
á 73 anos, os estudantes brasileiros marcavam a história política do país com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE) - entidade que nasce com o fim de representar o setor estudantil nas lutas sociais. Ela congrega grupos e coletivos organizados politicamente, com ligações partidárias ou não, que vão desde a extrema esquerda até a direita, diferente de outros países, em que cada partido político tem sua entidade nacional de representação estudantil. Logo nos seus primeiros anos, a UNE apresenta um perfil crítico e combativo. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a entidade estudantil condena o nazi-fascimo e, através de campanhas e protestos organizados, passa a exigir que o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, rompa com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa postura fez com que a UNE fosse duramente reprimida durante o Estado Novo, pelo mesmo governo que a reconheceu como entidade representativa dos estudantes em 1942. Mantendo a ideologia de lutas nos anos em que o Brasil viveu sob a égide dos militares, a UNE teve sua sede destruída em 1º de abril de 1964, após o golpe que destituiu o presidente João Goulart e, através da Lei Suplicy de Lacerda, foi colocada na
Reconquistar a UNE em atuação no último Conselho Nacional das Entidades de Base da UNE (CONEB)
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E se a UNE perde o perfil combativo... os estudantes combatem Ao invés de impulsionar as lutas históricas do movimento estudantil, a direção majoritária da UNE inibe-as; gerando assim, uma constante inércia social. O projeto de reforma universitária não sofre resistência da direção da UNE. Esse projeto prejudica diretamente os estudantes das universidades federais no país, através de medidas como a legalização das fundações, a MP 520 (que cria uma empresa pública de direito privado para gerenciar o setor administrativo dos hospitais universitários), a MP 525 (lei de contratação de professores substitutos, que podem lecionar durante um ano, podendo ser pror-
indenização de 44,6 milhões pela destruição da sede durante a ditadura civil-militar nos anos 60 – devido à lei de reconhecimento aprovada pelo Senado e reconhecida por Luis Inácio Lula da Silva, na época presidente do Brasil. Ao longo dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, a UNE recebeu 1,3 milhões, enquanto que, de 2003 a 2009, recebeu quase 13 milhões do governo federal. “Nunca, em sua história, a UNE esteve tão visceralmente ligada ao governo como agora, a ponto de adaptar sua ação de acordo com a política oficial”, declarou o presidente da Sedufsm, Rondon de Castro, que atuou no movimento estu-
da UFSM, Pedro Sérgio da Silveira, explica que há uma falha na política de comunicação da entidade e, por isso, ocorre o distanciamento com os estudantes: “Nos anos 80, a UNE tinha um ‘jornalzinho’ que chegava em massa nas universidades para ser distribuído nas salas de aula. Hoje ninguém conhece os meios de comunicação da UNE, quase nenhum estudante acessa o site da UNE”. E complementa com a afirmação de que os diretórios acadêmicos da UFSM não recebem a revista Movimento, que é a revista trimestral da entidade. Pedro integra o Reconquistar a UNE, uma das teses da disputa do Congresso da UNE
Foto: Carolina Bonoto
Marcha da Liberdade reuniu dezenas de estudantes dia 18 de junho em Santa Maria
rogado por apenas mais um ano: o que os impede de realizar pesquisa e extensão, que conjuntamente com o ensino, formam a tríade básica das universidades públicas) e o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que promove a expansão de vagas nas universidades federais, porém tal expansão não vem acompanhada de melhorias, nem na infra-estrutura, nem no corpo docente. A negligência que a UNE apresenta ao projeto de reforma universitária e a outras lutas do movimento estudantil combativo explica-se, em grande parte, pela forte ligação entre a UJS e o governo federal. Em 17 de dezembro de 2010, a UNE recebeu 30 milhões do Ministério da Justiça – parte da
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dantil na década de 80, tendo participado do Congresso de refundação da entidade (1979/Salvador). “Para falar a verdade, até durante a clandestinidade provocada pela ditadura, a UNE era mais atuante do que parece ser agora, uma mera extensão do governo. Ao menos resistia, agora, aceita de bom grado a ajuda oficial”, completa. Atualmente, a UNE é deslegitimada por alguns grupos organizados dentro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e desacreditada por outros. Contudo, há os que debatem alternativas de inserção na entidade e a possível recuperação da mesma como símbolo maior da classe estudantil. O diretor de movimentos sociais da UNE e acadêmico do curso de História
(CONUNE), atuante na UFSM há cerca de 15 anos. O estudante afirma que “a postura da tese Reconquistar a UNE é de disputar a UNE para que ela volte de fato a cumprir o papel de organizadora e mobilizadora dos estudantes. Que tenha uma maior autonomia frente ao governo federal, que não concorde necessariamente com tudo que o Ministério da Educação (MEC) implementa”. A tese defende uma série de alterações com relação à entidade, como a descentralização das finanças (somente uma pessoa é responsável por essas), melhorias na política de comunicação e uma maior inserção nas universidades. Outro integrante da Reconquistar a UNE, o acadêmico do curso de Agronomia da UFSM, Diego Pitirini, acrescenta:
.txt da possui, devido à herança histórica que a acompanha. Apesar de atualmente ela apresentar uma estrutura verticalizada e antidemocrática, o Barricadas Abrem Caminhos entende que é importante a participação nos congressos porque há debates e discussões paralelas: “é um grande espaço onde a esquerda vem a discutir uma série de fatores e vem a se organizar para ver como é que vai estar tocando a luta em cada localidade”, afirma Paulo. Compartilhando dessa ideologia está a União da Juventude Comunista (UJC), inserida em Santa Maria desde 2005 (em 2007 o grupo extinguiu-se, retornando à ativa em 2009). O grupo luta por uma universidade popular, que garanta a todos o direito de acesso e permanência nas instituições públicas de ensino superior. O
tura, não é viável: “A gente acha extremamente importante estar dentro da UNE, participar dentro dos espaços que a UNE tem para tentar fazer um debate político lá dentro, mas muitas vezes a UJS não permite que o façam”. Contrapondo-se aos grupos anteriores, há também, na UFSM, quem não reconheça a UNE como entidade máxima dos estudantes e não acredita que ela possa vir a representar novamente a classe. É o caso do Diretório Acadêmico do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM (DACEFD), grupo que iniciou em 2006 e, desde 2008, rompeu com a UNE, apesar de salientar seu importante papel histórico. O integrante do Diretório, Bacharel em Educação Física e acadêmico de Licenciatura em Educação Física, Vinícius de Moraes
O acadêmico do curso de Física, Paulo Sérgio Montedo, ressalta a importância da organização como meio para potencializar as vozes individuais: “A importância de se organizar é justamente pra gente vir a combater essa estrutura da UNE, mesmo entendendo que ela hoje não está em disputa. Organizar sempre, sem organização a gente não vai conseguir ir além em luta nenhuma”. Paulo integra o coletivo Barricadas Abrem Caminhos, que se originou em 2011 na UFSM, porém é fruto de uma militância de quatro anos dentro da universidade. O grupo acredita não ser o momento de romper com a UNE, justamente por hoje não existirem mobilizações com força para construir uma outra entidade que tenha a mesma representatividade que a UNE ain-
acadêmico do curso de História da UFSM e integrante da UJC, Evandro Both, ressalta que, apesar de a UNE não estar mais no seio do movimento estudantil, não é rompendo com ela que se alcançarão maiores conquistas. E completa: “Não concordamos com a criação de novas entidades estudantis, como a ANEL*, por exemplo, pois isso só irá fracionar cada vez mais a base e, uma vez atuando em uma delas, você não conseguirá dialogar com a outra base”. O mesmo critério, no que tange à UNE, é utilizado pelo Movimento Construção Coletiva (MCC), com representatividade na UFSM desde fins de 2009. Para a acadêmica de Agronomia e membro do coletivo, Laila Garcia Marques, a opção de rompimento com a UNE, na atual conjun-
Brasil, explicita o posicionamento do grupo: “A gente entende que há a necessidade de uma entidade a nível nacional que organize os estudantes, porém hoje a estrutura da esquerda brasileira, a própria luta de classes, não nos propicia margens para que essa entidade se consolide de forma a fazer os enfretamentos necessários”. O DACEFD organiza-se através de reuniões semanais, em que há espaço para grupos de estudo e planejamento da gestão. Os membros do Diretório Acadêmico entendem que as lutas dentro da universidade não devem acontecer somente no seu campo de concentração – CEFD - mas em qualquer questão referente ao movimento estudantil, como as lutas contra o aumento da passagem e a defesa de uma universidade pú-
Foto: Carolina Bonoto
“a UNE, nos últimos anos, é uma entidade muito burocratizada. Ela não tem uma transparência financeira e não possui uma política de comunicação efetiva com os estudantes. Assim, não consegue se enraizar nas lutas e nas reivindicações diárias dos estudantes”. Questionado sobre como, afinal, pode-se reconquistar a UNE, ele diz que é preciso disputar a entidade pelos espaços de direção, construir pela base e mobilizar muito os estudantes. Além da Reconquistar a UNE, outros grupos organizados atuam na UFSM nas questões que tangem ao movimento estudantil. Em sua maioria, os grupos são convergentes nas teorias políticas de esquerda, tendo como finalidade dar voz aos anseios da classe estudantil, mas devido às suas especificidades, divergem quanto à abordagem na práxis.
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capa blica, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. A ideologia do grupo quanto ao seu posicionamento em relação a UNE é complementada pelo estudante de Licenciatura em Educação Física e também membro do Diretório, Guilherme Stürmer Lovatto: “Acredito que esse debate de estar dentro de uma entidade ou não se torna muitas vezes estéril, fratricida, e a gente vê que só compor uma entidade não dá o saldo político necessário para avançarmos nas lutas”.
“A gente vê que só compor uma entidade não dá o saldo político necessário para avançarmos nas lutas”
Foto: Carolina Bonoto
Na atual conjuntura, o movimento estudantil combativo e de luta tenta resgatar as energias transformadoras da sociedade, a ação política necessária à juventude, o desenvolvimento do pensamento crítico e a consciência de classe. Tal processo dá-se a partir da organização coletiva, da atuação
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.txt dos indivíduos como grupo que, além de questionar as relações predeterminadas, insere-se na práxis estudantil com o propósito de alterá-las. Com a mobilização dos esforços, o movimento estudantil manifesta o inconformismo e não mais a submissão à ordem apresentada, passando a reivindicar causas históricas, concebendo o sujeito coletivo como agente da transformação social
necessária. Seja dentro da União Nacional dos Estudantes, posicionando-se de forma coerente frente à direção dominante e majoritária, seja buscando alternativas contrahegemônicas fora dela, ou ainda não mais a reconhecendo como entidade representativa dos estudantes, mas buscando um diálogo na base, legitimando, assim, as lutas do movimento estudantil. .txt
CONUNE Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE) ocorre a cada dois anos e tem o papel de discutir qual vai ser a política estudantil defendida e implementada pela UNE no próximo período. Também há, no CONUNE, a eleição da diretoria da UNE. As teses organizam-se em chapas envolvendo mais teses, articulam-se conjuntamente por possuírem afinidades político-ideológicas, disputam as resoluções do encontro e também a diretoria da entidade. Pedro da Silveira assinala um problema recorrente nos últimos Congressos, o do forte atrelamento ao turismo e à diversão: “A gente acredita que o principal seria que o Congresso da UNE fosse um espaço para de fato o movimento dar um salto na elaboração e na discussão, mas infelizmente tem muita
gente que vai para o encontro mais com o intuito de passear e fazer festa, o que na nossa opinião é negativo”. Paulo Montedo tem a mesma idéia sobre esses encontros: “Eu tive a oportunidade de participar de alguns espaços, como em Salvador, há dois anos. É uma grande festa, onde tu tem som até altas horas da madrugada. Até os locais que são propostos são locais com viés turístico, porque as pessoas vão lá para passear”. Além do CONUNE, há o Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG), que reúne DCE’s, a UNE e as Executivas de Federação de Curso, objetivando convocar os demais fóruns da UNE, para aprovar regimentos e discutir suas políticas. Há, também, o Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB), que reúne Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos.
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Moradia Estudantil
A maneira mais modesta de se manter durante a vida acadêmica
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Andréa Ortis e Daniela Huberty
riada com o intuito de suprir as necessidades dos estudantes de baixa renda vindos da região, a Casa do Estudante Universitário (CEU) foi criada em outubro de 1963, no centro de Santa Maria. Composta por sete andares de moradia, a CEU I tem capacidade para abrigar, em média, 231 alunos, acadêmicos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). São oito apartamentos por andar com quartos para quatro alunos, e um individual, totalizando 63 apartamentos, e a cada dois quartos há um banheiro. Para dar continuidade às moradias da Universidade, no ano de 1968 foi criada a Casa do Estudante Universitário no campus da UFSM, a CEU II. Inicialmente era composta apenas pelo bloco 11. Porém, com a crescente procura de alunos, foi feita uma ampliação e, até a década de 80, a Casa era constituída pelos blocos 11, 12, 13 e 14. Hoje, a CEU II tem quatro pavimentos divididos em cinco blocos, com doze apartamentos cada, totalizando 240. O primeiro pavimento possui alojamentos com quartos para dois alunos e banheiro coletivo. Os outros são compostos por apartamentos de seis dormitórios (seis dormitórios ou 6 camas?) e banheiro próprio. O bloco 34, por lei, é só para menores de idade. Por ter sido criada em uma época de forte turbulência política, e em que a moral e os bons costumes prevaleciam fortemente, só homens moravam em ambas as Casas. Segundo a assessora da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), Marta Gasparetto, era alugado um apartamento só para as mulheres num prédio localizado próximo à Casa do centro, que tinha em torno de 18 a 20 lugares. Porém, nos anos 70, houve uma reviravolta e as mulheres protestaram, enfrentando a sociedade e se instalando em quartos dos apartamentos das duas Casas.
Nos anos 90, com a grande demanda de alunos de pósgraduação, criou-se a Casa do Estudante Universitário III. Desde o ano de 1994, os critérios de seleção para entrada são feitos pelos próprios moradores e estudantes da pósgraduação. Nesta época, os apartamentos eram ocupados por duas pessoas cada. Hoje, a CEU III é composta por 12 apartamentos com três alunos em cada, além de três apartamentos no bloco dos servidores.
Fotos: Daniela Huberty / Dairan Paul
“No início, por causa da falta de verbas, uma taxa era cobrada dos estudantes para manutenção e limpeza das Casas Universitárias. Com o tempo, devido à persistência dos moradores, a Casa do Estudante se tornou totalmente gratuita.”
Prédios da CEU I, CEU II e CEU III. Julho 2011 .txt 17
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Do espaço de lazer ao alojamento estudantil
Fotos: Dairan Paul
Inicialmente, a União Universitária era um restaurante da Universidade, porém apenas para professores e servidores, além de ser um espaço para assembleias, conferências e lazer para os alunos. Em 1993, devido à falta de vagas na Casa do Estudante, alunos invadiram a União e se instalaram no local. A assessora da PRAE conta que nessa época só havia dois blocos prontos na CEU II, e mais três em construção. “Antigamente, os alunos entravam direto na Casa, mas era outra realidade. Em 1993 tínhamos em torno de 500 alunos com benefício, esse número aumenta a cada ano, e hoje são quatro ou cinco mil”, explica Marta. Desde então, a PRAE instituiu que os alunos que chegam à UFSM e querem moradia devem ficar um tempo na União até conseguir vaga na CEU II. Assim, a União Universitária se tornou alojamento para quem quer morar na Casa. Para o pró-reitor adjunto da PRAE Ubiratan Tupinambá da Costa a União Universitária é como se fosse um rito de entrada na Universidade para alunos que vêm de outras cidades e que desejam benefício socioeconômico (BSE). Esse benefício é deferido pela PRAE e é através dele que os alunos terão direito à moradia na Casa do Estudante. A condição é que
Acomodações da União Universitária. 18 .txt Julho de 2011
a família não resida em Santa Maria. Faz parte do benefício o uso do Restaurante Universitário nas três refeições básicas (café da manhã, almoço e jantar) com 80% de desconto e auxílio-transporte, onde a Universidade cobre 50% do que o aluno gasta no semestre com passagem de ônibus.
“A União Universitária é como se fosse um rito de entrada na Universidade para alunos que vêm de outras cidades e que desejam benefício socioeconômico”. A União pode abrigar cerca de 300 alunos que se dividem em três alojamentos: feminino, masculino e misto. Há apenas dois banheiros, com dois chuveiros cada e dois tanques para lavar roupa. Em cada alojamento são oferecidos beliches e colchões, se necessário. Além disso, há uma cozinha com apenas um fogão e alguns refrigeradores. “A União não é o ambiente mais apropriado para os alunos, mas é o que a Universidade tem a oferecer no momento. Sua infraestrutura está precária, mas temos planos para fazer uma reforma,
principalmente nos banheiros”, argumenta o pró-reitor. A estrutura da União conta com um laboratório de informática, com computadores que podem ser usados de segunda à sexta-feira. Além disso, está sendo organizada uma extensão da PRAE, com clínicas de tratamento odontológico e ginecológico, ministradas pelos graduandos de Odontologia e Medicina, e também tratamento psicológico, que será feito por assistentes sociais. Os aparelhos que serão usados já foram comprados, faltando apenas a assistência das máquinas e limpeza do lugar. A previsão para o início das atividades é a partir de setembro. A cada começo de semestre os alojamentos estão cheios. Com o tempo, o número de moradores diminui. Cada alojamento escolhe um líder e vice-líder que se dispõem para representá-los quando necessário. Um dos problemas enfrentados pelos alunos na União é a limpeza dos banheiros. Todos os dias às 11 horas da manhã ela é feita, mas apenas de segunda a sexta-feira. A União é cuidada por porteiros que se dividem em três turnos. Entre as reclamações que chegam a eles está a sujeira e a bagunça, principalmente à noite, quando acontecem mais atritos.
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A luta pelo Benefício Socioeconômico Para conseguir o benefício socioeconômico (BSE) é preciso ter a renda per capita familiar de no máximo R$ 750,00, além de uma série de documentos necessários para comprovação. Os alunos interessados em obter o BSE devem agendar pessoalmente uma entrevista com a PRAE. O objetivo é verificar se a família do aluno se enquadra no perfil socioeconômico daquelas que podem receber o benefício. Mas o fator econômico não é o único. “Antigamente, quando a renda máxima passava uns R$ 10,00, o benefício não era concedido. Hoje, se passar um pouco e o candidato tiver toda uma situação complexa, como, por exemplo, pais separados ou despesas com remédios, ganha o benefício igual”, argumenta o próreitor Ubiratan. A assistente social da PRAE Tânia Maria Flores explica que na entrevista o aluno é questionado a respeito dos pais, escolaridade, trabalho, questões de saúde e moradia. “Nós temos nesse semestre em torno de mil entrevistas agendadas, e temos a agenda completa até o fim do semestre. E já temos agenda nas três primeiras semanas de agosto também”, conta ela. Não há
A coordenação na CEU I
“O foco do nosso atendimento é a vida acadêmica. Precisamos evitar que as dificuldades que o aluno encontra, coloque isso em risco. Questões com familiares e de relacionamento fazem parte da vida do aluno, mas não é nosso foco”. quais os alunos os procuram é a adaptação na Universidade, morar longe de casa pela primeira vez, dúvida na escolha do curso e da carreira. “O foco do nosso atendimento é a vida acadêmica. Precisamos evitar que as dificuldades que o aluno encontra, coloque isso em risco. Questões com familiares e de relacionamento fazem parte da vida do aluno, mas não é nosso foco”, comenta. Para ele, o plantão é apenas uma porta de entrada para o aluno, voluntariamente, ir até lá. Os plantões psicológicos acontecem sem agendamento durante todo o semestre. São atendidos cerca de 40 a 50 alunos por semana.
Instalações da Casa do Estudante do centro.
muito acomodado com essa situação. Há um bloqueio da entrada de certas pessoas”, conta. Outro problema enfrentado é a Boate do DCE, e por isso a relação com o DCE é conflituosa. Além do intenso barulho provocado pelos frequentadores, não há isolamento acústico na popular Catacumba. “A gente tem consciência de que não vai mudar. Todas as sextas-feiras a Casa se fecha. A portaria tem um controle muito mais rígido, portanto, a partir da meia noite só sobem pessoas acompanhadas por algum morador”, ressalta Anelise. Por estar distante do centro administrativo da Universidade, a CEU I conta com uma estrutura diferenciada, com salas de estudo no final de cada andar, um labo-
ratório de informática, biblioteca, cozinha coletiva, sala de TV com sofá e DVD, além de uma churrasqueira e quadra de vôlei de areia. A coordenadora informa que vão instalar internet sem fio. “Os roteadores já foram todos comprados, só não foram instalados ainda.” Geralmente, no início do semestre, quando a procura por vagas é alta, os alunos ficam alojados em uma das salas de estudos, a sala 69, até achar uma vaga em um dos apartamentos. “A diferença daqui para a CEU II é que lá o morador precisa ter o benefício definitivo para poder ocupar um quarto, e aqui não. Como a ‘nossa União’, é uma sala de estudos, o quanto antes os novos acharem um quarto é melhor. Até porque é só um lugar para colocar um colchão no chão”, finaliza a coordenadora.
Fotos: Daniela Huberty
Como na Universidade há três Casas do Estudante, cada uma delas é composta por uma direção. Todas têm como objetivo zelar pelos direitos e assuntos dos seus moradores. Porém, cada uma tem uma organização distinta. A CEU I chama sua direção de coordenação e, assim, controla as vagas, a entrada e saída de moradores, além de resolver problemas de manutenção. Ela é composta por nove membros, todos moradores e alunos regulares da Instituição. Segundo a coordenadora da CEU I Anelise Bavaresco um dos maiores problemas enfrentados pela coordenação é instalar os alunos novos. “O pessoal não recebe de bom grado. A casa hoje tem sobra de vagas, então, onde deveriam morar quatro pessoas, moram duas ou três. O pessoal está
necessidade de levar nenhum documento que comprove a situação socioeconômica da família, pois é a partir da entrevista que o aluno fica sabendo quais documentos precisa apresentar para solicitar o benefício. Depois, o aluno tem 15 dias para encaminhar os documentos necessários, e a PRAE tem 30 dias para aprovar ou não o benefício. Para Ubiratan, mesmo com o aumento da procura e da burocracia, agora é mais rápido que antigamente. Atualmente, a PRAE disponibiliza plantões com quatro assistentes sociais e quatro psicólogos. “A procura tanto no plantão psicológico quanto no plantão do BSE é diária. Nós temos três dias de plantão psicológico (terças, quartas e quintas) e o BSE tem atendimento todos os dias, das 12h às 15h, exceto quarta-feira”, conta Tânia. Para ela, muitas vezes basta o aluno ir até lá uma ou duas vezes para se sentir acolhido e protegido. Outros, porém, precisam de mais tempo e se necessário são encaminhados para outros serviços que a Universidade possui. O psicólogo da PRAE Jaisso Vautero conta que os principais motivos pelos
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geral
Direção da CEU II atendendo os moradores.
Fotos: Dairan Paul
Diretoria: uma forma de organização política O membro da diretoria da CEU II Fabrício Teló esclarece que o principal objetivo da Casa é representar os alunos, principalmente na organização política dos moradores. A direção do CEU II, que está localizada no térreo do bloco 11, tem a ficha dos 1240 moradores, juntamente com uma planilha, que mostra onde cada aluno mora. Ela é composta por três alunos que trabalham junto com o Conselho dos Moradores, já que cada bloco tem um conselheiro. O aluno que está na União aguardando vaga na Casa precisa passar pela diretoria, onde deixa uma cópia da identidade e guia de matrícula. Após conseguir o BSE, o estudante deixa uma declaração na direção e parte em busca de um apartamento. Caso não consiga nenhuma vaga, há a ajuda da direção. É a diretoria que faz o controle das vagas na Casa, e que, por questão de afinidade, tem uma melhor relação com os próprios moradores, justamente por ser composta apenas de alunos. O projeto de extensão da PRAE visa disponibilizar um agente público que administraria essas vagas. “São pessoas que não moram na casa, portanto não sabem como é morar em um apartamento pequeno. Seria mais cômodo não ter uma diretoria porque quase todos os dias tem algum problema em relação à Casa, mas é importante tê-la”, conta Fabrício. A diretoria propôs a aprovação do projeto, porém, com algumas alterações, como, por exemplo, que estes continuem fazendo o controle das vagas, e que tenham autonomia. Alguns dos problemas que a Casa enfrenta é a ocupação irregular. De acordo com o membro da diretoria, há alunos que se sentem donos dos apartamentos, negam
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vagas porque querem morar sozinhos ou porque só aceitam dividir o apartamento com algum amigo. A diretoria tenta ser flexível neste tipo de caso, dando ao morador um prazo de 15 dias para colocar alguém na vaga. Caso isto não aconteça, é feito um sorteio. “Eu acho que o sorteio é muito ruim, porque uma pessoa pode cair com alguém que não se dê muito bem”, defende Fabrício. Também há os que já se formaram e continuam morando na Casa. Uma das hipóteses é de que estes estudantes estejam esperando uma vaga no CEU III. Porém, os
“São pessoas que não moram na casa, portanto não sabem como é morar em um apartamento pequeno. Seria mais cômodo não ter uma diretoria porque quase todos os dias tem algum problema em relação à Casa, mas é importante tê-la” estudantes que terminaram ou trancaram o curso e continuam ocupando um quarto precisam sair. E, para que isto ocorra, a diretoria encaminha um ofício para o morador regularizar a situação, ou desocupar o quarto. A Casa do Estudante Universitário III fica localizada atrás da CEU II. A integrante da diretoria Luciele Alves Fagundes diz que apesar do menor trabalho em relação à direção da CEU II, muitos problemas são enfrentados, como o barulho por causa dos filhos dos servidores que vivem nos blocos ao lado, e a falta de infraestrutura, principalmente relacionada aos encanamentos e
à rede elétrica. “Sempre tem o problema da liberação dos apartamentos e enfrentamos problemas de vagas para a pós-graduação, já que a cada ano os cursos aumentam. A demanda acaba sendo maior que o número de vagas”, explica. Alunos que vêm de fora da Universidade para fazer a pós-graduação e desejam morar na Casa não precisam ficar na União, e ficam no próprio CEU III, em apartamentos que tenham vagas. Assim, duas pessoas ficam em cada quarto provisoriamente. A direção do CEU III é composta por sete alunos, e assim como as outras direções, realiza eleições todo ano. “Temos assembleias periódicas onde tratamos dos problemas da Casa, além de apresentar os novos moradores e explicar como tudo funciona e escolher a nova diretoria”, conta Luciele. Tanto a União Universitária quanto a Casa do Estudante é reflexo da sociedade lá fora, e por isso tem vários problemas. A procura por vagas aumenta a cada ano, principalmente devido à demanda de novos cursos e o aumento de vagas nos cursos já existentes. .txt
Prédios novos a caminho Estão sendo construídos três novos blocos na CEU II e CEU III. Cada um é composto por onze apartamentos e um de convivência, que será um salão com copa. O coordenador de obras e planejamento urbano Edson Andrade da Rosa informa que com as novas construções serão abertas 66 vagas por bloco num total de 198 novas vagas, totalizando 273 apartamentos e 1638 vagas. (tá muito confuso o numero de vagas) Um dos blocos ficará pronto no fim o semestre e os outros dois no final de outubro.
Estrutura da Moradia Estudantil no campus
Legenda Prédios novos Prédios antigos União Universitária
categorias
Intervalos mais saudáveis
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Atividades físicas gratuitas para servidores da UFSM Letícia Fontoura e Mariana Henriques
Espaço alternativo oferece várias oficinas
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reocupada com o bem-estar físico e mental dos servidores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Coordenadoria de Qualidade de Vida do Servidor – ligada à Pró-Reitoria de Recursos Humanos (PRRH) - criou, em 2002, o Espaço Alternativo. Inicialmente a ideia do projeto era simples: ocupar o tempo livre dos servidores que aguardavam o começo de um novo turno de trabalho após o intervalo de almoço. “Nós percebemos que os servidores não iam para casa no intervalo dos turnos, cada um deles ficava isolado em sua sala utilizando a internet. Então, pensamos em juntar essas pessoas para participarem das primeiras palestras”, relata a coordenadora do projeto, a assistente social Carmen Regina Borges. As primeiras atividades realizadas eram palestras semanais com diferentes temáticas, como saúde, decoração, mecânica e aulas de ioga e eutonia corporal (ampliação da percepção e da consciência corporal). Hoje o projeto conta com nove oficinas: ioga, dança de salão, alongamento e relaxamento, fotografia, Pilates, Tai Chi Chuan, jardinagem, tear e canto-coral. Além de promover o bem-estar físico, o projeto também tem por objetivo a melhoria do bem-estar mental. De acordo com o coordenador do curso de Terapia Ocupacional e orientador da oficina de alongamento e relaxamento, professor Jadir Lemos, é fundamental que todas as pessoas,
independentemente de faixa etária, cuidem da saúde nos aspectos físico e mental. “Há uma influência muito grande de um sobre o outro: quando eu estou doente do corpo, eu sofro e proporciono um sofrimento mental e vice-versa”, completa. Visando o bem-estar mental, o projeto não limita suas atividades aos espaços físicos das salas, o Espaço Alternativo promove viagens lúdicas de integração aos participantes inte-ressados e sela relações de amizade e companheirismo. Para aqueles que frequentam as aulas de fotografia, as viagens são uma ótima oportunidade para colocar em prática o co-nhecimento adquirido. Os distúrbios relacionados ao trabalho são muito comuns e não atingem somente àqueles que trabalham sentados à frente do computador. Hoje é possível destacar dois tipos de comportamento: postura estática e dinâmica. O professor explica que a estática é a postura séssil em uma mesma posição (por exemplo, quando se trabalha no computador) e que a postura dinâmica é quando utilizamos nosso corpo para realizar as atividades do dia-a-dia. Lemos completa que o ideal é alternar entre as posturas e que isso pode ser feito de maneira simples, ao levantar da cadeira para ir beber água. Dar alguns passos e sair da posição estática, combinado à prática de exercícios, como os oferecidos pelo Espaço, melhora significativamente a qualidade
de vida. No Espaço Alternativo também há lugar para a solidariedade: os componentes do projeto empenham-se em arrecadar ou confeccionar quadrados de lã, que são emendados para virarem mantas. Esses agasalhos são doados para as crianças internadas e recém-nascidas no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). De acordo com Lemos, o benefício da atividade física pode ser percebido a médio prazo. É o que confirma o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo, professor Edson Bortoluzzi, que participa das oficinas: “Estou frequentando o Espaço há três meses e já não me sinto tão cansado”. O Espaço Alternativo possibilita que aconteçam mudanças de comportamento e bemestar gratuitos, em prol de uma jornada de trabalho com mais disposição dentro da Universidade. Segundo Carmen, o Espaço Alternativo expandiu-se significativamente, pois as atividades que começaram com 30 participantes, hoje contam com 110 pessoas. As oficinas acontecem diariamente das 12h às 14 h no Prédio da Unidade de Atenção à Saúde Ocupacional do Servidor da UFSM. Todos os servidores técnico-administrativos e professores da instituição podem participar do projeto gratuitamente, basta inscreverem-se no local. O telefone para contato é (55) 3220-8826 e o e-mail é espacoalternativo0@gmail.com. .txt Julho de 2011 .txt 21
paralelo
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É proibido fumar! Como a Lei Municipal Antifumo funciona dentro da UFSM
Foto: Guilherme Silveira
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esde o dia 18 de abril passou a vigorar em Santa Maria a Lei Municipal Antifumo (Lei Municipal nº 5.434/2011). Com o objetivo de estabelecer normas de proteção à saúde e defesa dos direitos do consumidor, a nova lei, proposta pela vereadora Maria de Lourdes Castro, determina a proibição do uso de qualquer produto fumígeno derivado ou não de tabaco em ambientes de uso coletivo, públicos ou privados. No dia 29 de abril de 2011, através da publicação de uma notícia no site do Portal da UFSM foi divulgada a validade da Lei Municipal na Universidade. Apesar disso, podem ocorrer dúvidas sobre sua aplicação, já que se trata de uma instituição Federal e a fiscalização compete ao Procon e à Vigilância Sanitária, que são órgãos municipais. O coordenador do Procon, Vitor Hugo do Amaral Ferreira, explica que a lei tem vigor em qualquer espaço coletivo, como, por exemplo, no hall dos prédios da Universidade. “Essa Lei anti-fumo se aplica no município de Santa Maria e a Universidade Federal, mesmo sendo um espaço público federal, está na territorialidade do município de Santa Maria”. Para Ferreira, a Lei Municipal também é uma contemplação do direito do consumidor. “No Código de Defesa do Consumidor, no artigo 6º, está entre os direitos básicos do consumidor o direito a proteção à vida e à saúde. Todos sabem quais são os males do cigarro. Então há o direito de fumar, mas aquele que não fuma tem o direito de estar num espaço ao
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Briana Klaus e Pâmela Cézar
qual ele não vai ser prejudicado pelo cigarro”. Além da lei municipal, o agente fiscal da Vigilância Sanitária de Santa Maria, Jefferson Müller, comenta: “Independente dessa lei, já existe uma Lei Federal (Lei 9.294, de 15 de julho de 1996, no artigo 2º, alterada pela Lei 10.167, de 27 de dezembro de 2000) aplicável para a Universidade. Só que nós sempre buscamos ter uma lei municipal para ter mais força”. A responsabilidade pelo monitoramento do cumprimento da Lei Federal 10.167 cabe também à administração pública da Universidade. Através de uma reclamação é possível que se inicie um processo interno para a validação da Lei. Segundo a Ouvidoria da UFSM, já existe um processo em andamento na Reitoria, iniciado por uma denúncia, referente ao cumprimento da Lei 10.167. Há planos de campanhas para a divulgação da Lei dentro da Universidade. Cabe ao cidadão a escolha de agir através da Ouvidoria ou através da Vigilância Sanitária e Procon. A fiscalização da Lei Municipal Antifumo é realizada numa ação conjunta da Vigilância Sanitária com o Procon. Ferreira informa que a fiscalização, tanto na Universidade como em outros locais, não é permanente e que os fiscais são encaminhados aos locais a partir de denúncias feitas pela população; lembrando que para formalizar uma denúncia, é necessário identificar-se. As penalidades vão de multas em dinheiro de R$ 1.000,00 a R$ 5.000,00 até a cassação do alvará de funcionamento. As denúncias podem ser feitas através do telefone
(55) 3217-1286, das 8h às 12h e das 14h às 17h, e pelo e-mail procon@santamaria. rs.gov.br. CAL sem tabaco Numa manifestação ao Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio), o Centro de Artes e Letras (CAL) da UFSM realizou uma campanha com os alunos do curso de Desenho Industrial. No dia 7 de junho houve a produção de cartoons com o tema ‘antifumo’ no hall de entrada do prédio do CAL. O professor do curso de Desenho Industrial, Mário Lúcio Bonotto Rodrigues, conta que a ideia partiu do diretor do CAL, Pedro Brum, ao receber algumas reclamações sobre fumo em ambientes fechados. Partindo dessa situação o diretor pensou em tratar o assunto através do humor, como forma de chamar a atenção do público. A manifestação contou com os professores Mauro Lúcio, Simone Melo da Rosa e Ronaldo Martins Glufke, juntamente com os alunos do curso de Desenho Industrial. Para Mauro Lúcio, utilizar o humor é uma forma eficiente de tratar o tema: “O humor é sempre uma crítica, uma postura, um comportamento. Ele desarma porque critica de uma forma que leva ao riso. Essa é a grande propriedade do humor. Nós não batemos de frente, nós colocamos uma pulga atrás da orelha, de uma forma a se pensar sobre. Não estamos fazendo cartoons contra os fumantes. O foco é a favor das pessoas que se incomodam com o fumo. Para se respeitar o espaço do outro”. .txt
cultura
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Quando a Universidade não é o suficiente Alunos expandem suas atividades culturais para públicos cada vez maiores Carolina Barin e Dairan Paul
Até quando você espera? Coletivo (Des) Esperar desafia o público com intervenções provocadoras.
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lhor e o outro ajuda no que um não sabe. O coletivo abre para a proposta da autoria compartilhada”. A autoria compartilhada aparece em algumas matérias da Revista o Viés, como no caso da cobertura dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte urbano no final de 2010. A reportagem foi feita por toda a redação da revista, além de receber colaborações de outros estudantes da UFSM. “Muita gente leu, divulgou e mandou fotos. Fomos reconhecidos por ser um dos poucos meios que fez a cobertura pelo olhar dos estudantes”, diz a aluna do 7° semestre do curso de Jornalismo e redatora da revista, Nathália Drey Costa. Além de Nathália, o Viés conta com outros redatores do mesmo semestre: Bibiano Girard, Caren Rhoden, Felipe Severo, Gianlluca Simi, João Victor Moura, Liana Coll e Thiago Miotto, além de Mathias Rodrigues do 5º semestre e Rafael Balbueno, formado no curso em 2010. Inicialmente, a revista começou como uma idéia para toda a turma que ingressou
no Jornalismo em 2008. Com o passar do tempo, o projeto amadureceu na medida em que o grupo se afunilou até chegar aos atuais dez redatores. A intenção era produzir uma revista impressa, mas a criação se tornou inviável pela falta de condições financeiras. Optou-se, então, pelo formato online, lançando a primeira edição da www.revistaovies.com em novembro de 2009. “Em uma aula de jornalismo digital, tu aprende que o texto tem que ser curto e rápido porque as pessoas não lêem na internet. Mas a gente não é um blog nesse sentido, nós fazemos reportagens grandes, bem trabalhadas, bem apuradas”, explica Rafael Balbueno. O funcionamento da Revista acontece porque o grupo possui na amizade a sua espinha dorsal. As reuniões não ocorrem por obrigação, mas por vontade própria. Não há editores e cada um escreve o que considera interessante para o Viés. O comprometimento é sério; a cobrança, individual. Todas as pautas são decididas em assembléias e os redatores têm votos igualitários.
Foto: Divulgação
ma Universidade é, por excelência, o local onde diversos grupos se organizam para realizar projetos de pesquisa e extensão. Mas, além das turmas coordenadas por professores, alunos também se reúnem em coletivos para produzir trabalhos que ultrapassam as salas de aula. Com o apoio ou não das instituições de ensino, procuram levar a experiência acadêmica para a comunidade externa. Dentro da UFSM, encontramos diversos coletivos que se utilizam do meio exterior para afirmar sua liberdade de expressão, como nas Artes ou nas Ciências Sociais e Humanas. Enquanto um aluno solitário precisa de um professor orientador, o coletivo possui maior dinâmica. A ausência da liderança é compensada na divisão de tarefas e na discussão de idéias. Segundo a professora Rebeca Stumm, do Departamento de Artes Visuais, “o coletivo é um trabalho de relação social antes de expor a produção. Eles dão certo quando contêm pessoas bem diferentes, que sabem no que cada um é me-
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cultura União pela sobrevivência artística
Fotos (por ordem): Francieli Rebelatto, Cláudia Schulz, Eduardo Ramos, Carlos Donaduzzi, Divulgação.
O mesmo senso de equipe também se brevivência no teatro é impossível quando encontra no Teatro Por Que Não?, em que se está sozinho. Logo, o surgimento de um cada integrante do grupo é ator, diretor, coletivo dentro do Centro de Artes e Letras iluminador, operador de som ou de luz. As (CAL) acaba sendo natural. A aluna do curso de Artes Visuais, Anprimeiras reuniões da Companhia aconteceram em 2009, quando o atual catálogo de dressa Argenta, possui uma posição semepeças estava em processo. Com as apresen- lhante. “O que faço dentro do CAL, faço lá tações de O Abajur Lilás e Fim de Partida, fora, pois é uma coisa só. O processo da arte no início de 2010, o grupo se formalizou. se dá dessa forma. Mas, para alguns professores, o que imAtualmente, o Teatro Por Que Não? possui oito inte- “Se quero montar um evento porta é a produção artística e ponto figrantes: Aline Ribeiro, Cauã de teatro e a Universidade nal”. O coletivo que Kubaski, Luiza di Rossi e não dá condição, eu vou mon- Andressa faz parte Rafaela Drey Costa são do tar mesmo assim” é o (Des) Esperar, curso de Artes Cênicas – Informado por outros terpretação; Felipe Martinez cursa Artes Cênicas – Direção; e Deivid cinco membros: Fábio Purper Machado, Machado Gomes, Juliet Castaldello e An- Francieli Garlet, Tamiris Vaz, formados em dré Galarça são formados em Interpretação Licenciatura em Artes Visuais; e Florence e no momento estão cursando Direção. Endres, graduanda do curso, juntamente No campo das artes, a produção indivi- com Andressa. dual muitas vezes recebe mais atenção que O (Des) Esperar iniciou suas atividades a coletiva. Felipe Martinez relata que, den- em 2009, a partir de uma oficina de arte tro da UFSM, formas avaliativas prezam o pública e urbana. Através de materiais de trabalho de cada um. “Tu não é avaliado baixo custo e reciclados, o grupo realiza exem função da tua contribuição para um perimentações em ambientes livres, como trabalho, mas sim pela tua evolução pes- já aconteceu na Praça Saldanha Marinho e soal. Todos os alunos têm que sair iguais”. na Gare, sempre buscando um diálogo com O estudante completa afirmando que a so- a sociedade. Assim como a Revista o Viés
O Abajur Lilás
e o Teatro Por Que Não?, os integrantes do (Des) Esperar já se conheciam. O nascimento do coletivo se deu aos poucos, na saída do típico ateliê em busca de outros espaços que abrigassem maior liberdade artística.
Aquele que Diz
Gabriela Cravo e Canela
Fim de Partida
Espaço Cuca, Gare e DCE foram alguns dos lugares que o (Des) Esperar realizou experimentações. 24 .txt Julho de 2011
.txt Apoios e Entraves
Parte da equipe o Viés: amizade é a espinha dorsal que une o grupo.
não é o suficiente. Felipe Martinez do Teatro Por Que Não? acredita que para o trabalho ter qualidade ele não deve ficar apenas no meio acadêmico. “A UFSM é um universo que, mesmo sendo abrangente, ainda é restrito e impõe uma limitação no desenvolvimento do trabalho. Quando tu expande essa fronteira, tu recebe opiniões e troca com o público, amadurece o trabalho e, naturalmente, vai ter um crescimento muito grande”. Quanto ao auxílio da Universidade, o grupo teatral sente falta de um plano de retorno melhor e de verbas que apóiem a produção artística e a extensão da produção do CAL. Por essência, todo professor de teatro é um artista, embora isso nem sempre se concretize na prática. O grupo comenta que a participação de alguns professores foi decisiva para a sua estruturação, ainda que haja os de pensamento cético que não acreditam no trabalho do Por Que Não?. Segundo o coletivo, quem geralmente trabalha com teatro tem uma tendência maior a valorizar alunos que saem da universidade e montam suas companhias. Tanto no discurso quanto nas atitudes de alguns professores e colegas, os grupos observam o apoio que recebem. Os integrantes da Revista O Viés explicam que isso é notado nos comentários das matérias ou nas colaborações. Quando a revista fez um ano, a reda-
ção produziu uma edição impressa, que teve patrocínio do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH). Para Bibiano, essa foi a prova do reconhecimento pelo trabalho sério que a equipe faz. Felipe, do Teatro Por Que Não?, reitera que limitações sempre vão existir, “principalmente num curso que não apóia [as iniciativas]. Se quero montar um evento de teatro e a Universidade não dá condição, eu vou montar mesmo assim”. Frente às novas atitudes por parte dos alunos, cria-se um cenário de intensa produção cultural na UFSM. Se antigamente as peças “nasciam mortas”, sem continuidade, hoje elas são criadas buscando a manutenção de um grupo para sua posterior expansão. A Universidade se encontra em um momento de efervescência cultural. Os alunos têm se organizado para contrapor a ausência de apoio, valorizando seu próprio trabalho. Andressa, do (Des) Esperar, entende que a cultura estacionária “se encaminha para modificar caso as pessoas façam alguma coisa para isso. Se não partir dos alunos, não vai acontecer nunca”. Com a união dos estudantes nos cursos, busca-se atingir o público externo à UFSM. Por conseqüência natural, as produções dos alunos tendem a amadurecer e, assim, conquistar cada vez mais aplausos. .txt Julho de 2011 .txt
Foto: Dairan Paul
Para que uma intervenção artística aconteça, a liberdade de criação torna-se fator fundamental. Porém, ainda há restrições na UFSM. “Não pode pintar parede, não pode fazer experimentação sem autorização do reitor. Até dentro do CAL, onde ocorrem algumas intervenções, mandam pintar as paredes de branco, por cima. Os seguranças perguntam o nome do aluno, seu número de matrícula, o que é a intervenção”, conta Andressa Argenta. A estudante comenta que as restrições em lugares que supostamente seriam mais abertos às experimentações acabam sufocando a expressão artística dos alunos. João Victor Moura, da Revista o Viés, também cita a falta de liberdade dentro da UFSM. “Nós não nos sentíamos totalmente recompensados dentro da Universidade. Ela nos ajudou na formação, mas não permitia que fizéssemos jornalismo com uma maior liberdade”. Bibiano Girard completa: “Nós tínhamos aquela visão do que deveria ser pautado, mas não existia espaço para os assuntos serem debatidos nos trabalhos do curso ou nos projetos de extensão. O Viés é essa nossa válvula de escape. Mesmo com reuniões, dias fixos e periodicidade, a gente se sente mais livre”. Os estudantes não negam o conhecimento acadêmico adquirido, mas concordam que o espaço proporcionado pela Universidade
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cultura
Universitários fazem a festa Centro de Eventos é local de integração entre alunos
Maria Angélica Varaschini e Natascha Carvalho
Foto: Pedro Henrique Porto
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ngresso acessível, música boa e muita diversão, tudo isso sem precisar sair do campus da Universidade. As já tradicionais festas, produzidas pelos acadêmicos no Centro de Eventos (CE), cativam cada vez mais o público geral. O Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi inaugurado no ano de 1965, mas só na década de 90 começou a sediar as festas acadêmicas. Tudo teve início quando alunos dos cursos do Centro de Ciências Rurais (CCR) começaram a reservar o espaço para realizar churrascos, com a finalidade de arrecadar fundos para a formatura. Aos poucos, os alunos envolvidos na organização dos eventos começaram a perceber que os almoços - que se prolongavam noite a dentro - davam mais lucro na
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parte da noite. Era depois das 19 horas que os freqüentadores se divertiam mais e a arrecadação de dinheiro crescia. Com a venda de bebidas, somado ao valor arrecadado nos churrascos, o lucro se aproximava dos R$ 5 mil. Grupos nativistas deram o toque que faltava, a música fez com que as confraternizações virassem grandes festas, verdadeiros bailes, que trouxeram ao público universitário uma alternativa de diversão. Formado na turma de 2003 de Medicina Veterinária, Fabrício Freitas relembra detalhes das festas: “No churrasco ia mais o pessoal do CCR. De noite o público variava, chegava lotar o ginásio com pessoas de vários cursos”, conta o veterinário. A facilidade em reservar o Centro era um atrativo a mais. As festas não tinham hora para terminar e
as regras para o uso do local eram poucas. Os alunos saiam das aulas e iam direto para as festanças, que chegavam a abrigar cerca de 5 mil pessoas. “A gente chegava antes do meio dia pro churrasco e só ia embora de madrugada. As festas não tinham cerimônia alguma”, relembra Fabrício, referindo-se ao caráter informal do evento. Mas se engana quem pensa que o Pavilhão Polivalente, como também é conhecido o Centro de Eventos, é um lugar exclusivo às festas dos cursos como Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia. As festas ficaram marcadas pelo caráter rural pelo simples fato de as turmas desses cursos iniciarem a tradição. Os churrascos foram crescendo, o público variando, e hoje as festas são conhecidas como ‘as festas das rurais’.
Novas Regras Há mais de dez anos a mistura de música tradicionalista, agora com o sertanejo universitário, com o bom churrasco e a integração com os amigos, características marcantes das festas no Centro de Eventos, atrai um público diversificado, muito além dos que freqüentam a Universidade diariamente. As festas trazem uma alternativa de diversão próxima aos moradores, tanto da Casa do Estudante Universitário (CEU II e III) quanto de Camobi. Mesmo com o valor do ingresso mais alto para os não-universitários, esse público não deixa de freqüentar os bailes. A programação já tem data marcada no calendário do público que vem de fora para prestigiar os eventos e se divertir no ‘arrasta- pé’. “As festas do CCR no CE são muito boas, sempre muito divertidas, diferentes das outras, as pessoas são mais animadas”, comenta a estudante do curso de Farmácia do Centro Universitário Franciscano (Unifra), Camila Schiavo. Outra característica curiosa, que demonstra a importância do público para a organização, é a disponibilização de ônibus particulares para garantir a segurança na volta para casa.
“O povo é mais animado, as pessoas se vestem de maneira mais à vontade, sem contar que os gastos sempre são menores”
Três festas ocorreram este ano obedecendo às regras da nova resolução. O 3º Carneiraço da Zootecnia, o Churrasco do 9º Semestre da Veterinária e o 6º Batataço da Agronomia deram início a essa nova fase. Na opinião do vice-reitor, para a confraternização dos cursos e a arrecadação de fundos para a formatura, oito festas por semestre letivo são suficiente. Esse limite está estipulado no novo regulamento, bem como a lotação máxima de 2,5 mil pessoas. A partir da resolução, o descumprimento no limite de horário- além da meia noite- foi único problema apontado por Dalvan Reinert. Acadêmicos dos demais cursos comparecem e se divertem muito na festança das rurais. Estudante de Odontologia, Luísa Batistella fala de sua participação nas festas e a importância delas para o público universitário em geral: “Por curiosidade, no primeiro semestre fui a uma festa e, desde então, prestigio sempre os eventos lá realizados. O povo é mais animado, as pessoas se vestem de maneira mais à vontade, sem contar que os gastos sempre são menores”. Para as turmas do CCR que tradicionalmente realizam as suas festas no CE é importante que elas não deixem de
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Vice-reitor da UFSM, professor Dalvan Reinert
existir. “Uma formatura custa muito caro, não é fácil juntar todo o dinheiro apenas com as associações de turmas. Logo, a permanência das festas é de extrema importância para que possamos ter este extra para realizar a tão sonhada formatura”, conta o estudante do 9º semestre de Medicina Veterinária da UFSM, e responsável pela organização do Churrasco do 9º Semestre, Heleno Bolzan. Depois de uma semana cansativa, aulas e trabalho, a animação tem endereço garantido na Universidade. Criado para ser um parque de exposições, o Centro de Eventos hoje, além de abrigar atividades de pesquisa e extensão, serve como lugar de encontro para vários públicos que freqüentam as festas. O espaço representa uma opção aos acadêmicos, tanto para organizar uma festa quanto para se divertir, “O mais importante são as lembranças e as amizades que são feitas durantes as festas e divulgações”, finaliza Heleno. O Centro de Eventos não cobra aluguel para as festas acadêmicas, apenas taxas de manutenção. Agendamentos devem ser feitos com a secretaria do local (3220-8160). .txt
Fotos: Natascha Carvalho / Divulgação
Porém, as alegres e descontraídas festas do Centro de Eventos quase deixaram existir. Os problemas do uso do Centro aumentavam. As brigas ocorriam com frequência, o barulho das festas afetava os moradores da Casa do Estudante e chegava até os prédios mais próximos, como o 74, que abriga cursos noturnos. A situação estava saindo do controle das autoridades da Universidade. O pró-reitor de Extensão, João Rodolfo Flores, explica o porquê da suspensão das festas no final do ano passado: “O patrimônio público era afetado, começaram haver roubos, agressões físicas, não havia uma segurança institucionalizada, então, prezando pela segurança do público geral, decidiu-se parar com as festas, antes que algo mais grave acontecesse”. Diante disso, em um acordo com a Próreitoria de Extensão, órgão que administra o Centro, o Gabinete do Reitor decidiu pela paralisação das festas até que houvesse uma nova e mais específica regulamentação pelo uso do espaço. Para que as tradicionais festas continuassem ocorrendo, algumas adaptações e novas regras foram feitas. A Pró- Reitoria de Extensão criou um regulamento do CE que foi aprovado pelo Conselho Universitário. Além disso, em reuniões do Gabinete do reitor,
com o DCE e as associações de turmas, alguns acordos foram firmados, assim como explica o vice- reitor, professor Dalvan Reinert: “Agora é proibida a entrada de carros dentro do CE, o pessoal que vem de fora só pode entrar nas festas acadêmicas se apresentado por algum estudante da UFSM. Os horários de inicio e término devem ser respeitados segundo a resolução aprovada em 2010, das 19 horas até a meia noite”. A resolução pode ser encontrada no site da UFSM (www.ufsm. br/pre), onde estão especificadas as regras a serem seguidas pelos interessados em realizar festas no local.
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perfil
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Rosto ea Máscara Grasiela Faccio e Patricia Michelotti
Fotos: Arquivo Pessoal
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nquanto experimentava as roupas e sapatos de sua mãe, fazendo caras e bocas na frente do espelho, brincando de ser adulta, Aline Ribeiro, 25 anos, não imaginava que quando adulta poderia brincar de ser criança. Ao concluir o Ensino Médio, com 17 anos, teve a oportunidade de fazer um intercâmbio cultural e chegou até o Conservatório de Teatro Irkutsk, na Rússia. Fascinou-se pelos palcos. Antes disso, a única relação que tinha com o Teatro era quando não queria ler as obras literárias solicitadas em sala de aula, então ia ver as peças. Durante os dois anos em que ficou na Rússia, teve contato com piano, dança, canto, francês e descobriu o prazer de atuar. Voltou ao Brasil transformada e com um objetivo estabelecido: “Vou trabalhar com Teatro”. Decidida a fazer Artes Cênicas (Bacharelado) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), enfrentou, mais uma vez, a saudade da família e a distância que separa sua cidade natal, São Paulo, de Santa Maria. Atualmente, cursa o 5° semestre da graduação e optou pela interpretação. Juntamente com alguns colegas criou, em 2010, o grupo Teatro Por Que não?. Além de atuar na peça Abajur Lilás com o personagem Célia, dirige, maquia e cuida da iluminação. Com o grupo viajou para cidades como Santiago, Vale do Sol, Rosário do Sul, Blumenau, Curitiba e São Paulo. Apesar do pouco de tempo de carreira, já recebeu prêmios de melhor atriz, direção, espetáculo e maquiagem. A atriz admira nomes consagrados como Fernanda Montenegro e Bibi Ferreira. Para Aline, o Teatro não é apenas uma profissão, mas também uma forma de se comunicar, onde há uma relação direta entre o ator e o público. “Não existe troca melhor que essa. Você dar voz a um per-
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“O ator parece pertencer a um universo mágico. O seu lugar é o ‘outro lado do espelho’. No sonho coletivo, o monstro sagrado, a diva e depois astar. Vieram naturalmente substituir os deuses e as feiticeiras, as figuras e os mitos que não poderiam se adaptar aos tempos modernos”. Jean-Jacques Roubine
sonagem e a pessoa se permitir receber isso, pensar sobre. Teatro é o contato que ultimamente tem se tornado tão raro. É isso que me fascina”. A maior gratificação, segundo ela, é perceber que o público está pensando sobre a peça. “Acho interessante a pessoa se sentir tocada, se sentir invadida pelo que ela acabou de assistir”. O processo de criação do personagem é influenciado pela experiência pessoal do ator. Aline admite que coloca traços de seus familiares em seus personagens e os alimenta através de sua vivência. “Quando você está mexendo com um personagem, querendo ou não você está mexendo com você mesma”, conclui. A jovem atriz confessa que seus personagens favoritos são Célia, da peça Abajur Lilás, e a velha de Acordo Íntimo, inspirados respectivamente em seu pai e em sua avó. Quando chega o momento das cortinas se abrirem vem ansiedade, tensão e silêncio. “Daí é só gritar Merda* e entrar em cena.”. Para ela, a sensação de atuar é sempre um pulo na piscina: durante a apresentação ela fica imersa, quando acaba o espetáculo, volta à superfície. Aline confessa que, até hoje, sempre dá um frio na barriga minutos antes de começar a peça. “Já quis fugir antes da cortina abrir”, brinca. Lembra que já faltou um objeto em cena, que já se machucou e caiu no palco. Diz que erros são normais e, apesar de já saber lidar com eles, revela: “sempre há a emoção da primeira vez”. Em cima do palco, quando as cortinas se abrem, não existem mais limites, tudo se torna possível e a magia começa. Ator e espectador passam a fazer parte do mesmo cenário. *Merda: expressão utilizada por atores para desejar Boa Sorte. .txt