Revista .txt - Edição 17

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Ano VI / Número 17 Maio de 2013

.txt Como são destinados os resíduos químicos página 12

LIXO

INFECTANTE

Candidatos a reitor falam sobre suas propostas e projetos

página 4

Universidade presta serviços de saúde após a tragédia página 8

União Universitária passa por reforma em sua estrutura página 14


sumário 4

entrevista

Candidatos a reitor falam à .txt 7 8

ciência

Iniciação científica durante trajetória acadêmica

comunidade

UFSM oferece assistência pós-tragédia

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comunidade

CTCriaC na luta contra o câncer infantil

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capa

Gerenciamento consciente de resíduos 14

geral

Melhorias na União Universitária após reforma 16

geral

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geral

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paralelo

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cultura

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cultura

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memória

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perfil

Os alimentos que são produzidos na UFSM Projeto Bombaja completa dez anos Soldiers: mais que um time, um batalhão Extensão Musical: do erudito ao popular Retratos artísticos em exposição no CAL

CAFÉ INTERCOM Foi realizada, no dia 07 de maio, a segunda edição do Café Intercom de Santa Maria, encontro que debate assuntos referentes à Comunicação. O Café, que fazia parte da programação da 40º Feira do Livro de Santa Maria, aconteceu na Choperia Alemanha e teve o lançamento de cinco títulos relacionados às Ciências da Comunicação da Editora Facos. O evento contou com a presença da patronesse da Feira do Livro deste ano e autora de um dos livros da noite, Eugênia Mariano da Rocha Barrichello. As obras lançadas foram: - “Rádios: sociedade, fronteiras e educação”.Organizadores: Maria Ivete Trevisan Fossá; Ada Cristina Machado da Silveira; Flavi Ferreira Lisbôa Filho; -“Ecologia da Mídia”.Organizadoras: Anelise Rublescki; Eugênia Mariano da Rocha Barichello; - “Histórias da mídia: campos da publicidade e da comunicação institucional”.Organizadores: Ana Luiza Coiro Moraes; Flavi Ferreira Lisbôa Filho; Marília de Araujo Barcellos; -“Apre(e)nder publicidade: aproximações entre academia e mercado santa-mariense”. Organizadoras: Juliana Petermann; Milena Carvalho Bezerra Freire de Oliveira-Cruz; -“Comunicação organizacional e cidadania: olhares sobre a presença das corporações e da comunidade na mídia”.Organizadoras: Maria Ivete Trevisan Fossá e Patrícia Milano Pérsigo.

Assufsm e Sedufsm: a memória dos sindicatos A história de quem vive 24 horas na UFSM

expediente

Revista Laboratório do 3º semestre de Jornalismo da UFSM Edição: Viviane Borelli Sub-edição: Eduardo Simioni e Paula Mattos Diagramação: Barbara Pesamosca, Diossana da Costa, Guilherme Borges, Guilherme Gabbi, Joelison Freitas, Jonas Migotto e Rodrigo Thiel. Revisão: Bernardo Zamperetti, Cibele Zardo, Dafne Lopes, Elisa Beatriz Sartori, Giulia Pozzobom, Jéssica Ribeiro, Kelem Duarte e Renata Grzegorek. Foto e arte: Arianne Teixeira de Lima, Carolina de David, Francys Albrecht, Hellen Barbiero e Laura Moura de Quadros Divulgação: Francielli Campestrini, Letícia Malinoski e Luíza Tavares Edição Online: Eduardo Molinar, Felipe Tubino , Joelison Freitas e Paola Spencer Capa: Diossana da Costa Professora responsável: Viviane Borelli Mtb/RS 8992 Endereço: Campus da UFSM, prédio 21, sala 5234 Telefone: (55) 3220-8487 Impressão: Imprensa Universitária Data de fechamento: 21 de maio de 2013 Tiragem: 700 exemplares www.ufsm.br/revistatxt txt.revista@gmail.com 2 txt. maio de 2013

Allana Willers A inspiração que se faz necessária para todo e qualquer jornalista a fim de que se consiga a produção de informação de qualidade foi de fundamental importância para a produção a revista .txt, edição 17. A memória de uma colega que buscava a inspiração e fazia dela a sua principal fonte motivou a todos nós, da 41ª turma de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria, a produzir a décima sétima edição da .txt. Allana primava pela união e pela alegria da turma, e idealizava a produção da revista sem que houvesse discussões, e todos produzindo suas matérias com sorriso no rosto. Onde você estiver, Allana, queremos agradecer por ser a nossa fonte de inspiração, e por nos ter ensinado que, no jornalismo, o trabalho em equipe pautado na união e na alegria é fundamental para o recrudescimento de nossas ações na área que escolhemos seguir no futuro. Muito obrigado por tudo, colega.


carta ao leitor Foto: Bruna Forgiarini

Eleições na UFSM

Alunos viajam para Inglaterra No dia 15 de maio, dez alunos da UFSM foram sorteados para uma viagem de sete dias para a Inglaterra com todas as despesas pagas. Os estudantes irão participar de uma missão acadêmica na Universidade de Montfort. A oferta da viagem à UFSM partiu do vice-chanceler da universidade inglesa, Dominic Shellard, após o incêndio da boate Kiss em janeiro deste ano. A instituição inglesa costuma oferecer missões acadêmicas para universidades de cidades que foram atingidas por tragédias em todo o mundo. O reitor da UFSM, Felipe Müller participou do sorteio e agradeceu a Universidade de Montfort pela oportunidade e ação solidária. A viagem será realizada de 15 a 23 de outubro de 2013. As despesas aéreas e de hospedagem serão custeadas pela universidade inglesa. O trajeto até o aeroporto de Porto Alegre e o seguro internacional serão financeados pela UFSM. O grupo de alunos deverá ser acompanhado pelo reitor. A lista de alunos foi divulgada em www.ufsm.br e pode ser conferido em www.ufsm.br/revistatxt.

Nos dias 1º e 2 de julho, o novo reitor da Universidade Federal de Santa Maria será escolhido. A Universidade, fundada em 1960, já teve dez reitores. Até hoje, apenas dois se ficaram no cargo por mais de quatro anos: o fundador da UFSM, José Mariano da Rocha Filho, de 1960 até 1973, e Paulo Jorge Sarkis, que ficou de 1997 até 2005. Nesse ano, três chapas lançaram candidatura. A chapa 1 tem como candidato à reitoria o diretor do Centro de Ciências da Saúde, Paulo Burmann. Na chapa 2, o atual reitor, Felipe Martins Müller. E pela chapa 3, concorre o diretor do Centro de Tecnologia, Eduardo Rizzatti. A partir do pressuposto de que o jornalismo deve ser um espaço democrático que estimula a pluralidade de vozes e opiniões, a .txt conversou com os três postulantes ao cargo de reitor da UFSM. Os candidatos apresentaram suas propostas e projetos e também fizeram suas avaliações sobre os desafios que envolvem a administração de uma instituição pública de ensino superior. Tendo em vista que a eleição não é apenas uma disputa política, mas principalmente a garantia pela luta por uma universidade pública, que atenda aos direitos e demandas de seus alunos, professores e funcionários. A atenção para a comunidade em que está inserida e o reconhecimento como polo produtor de conhecimento também são frutos de uma boa administração. A revista .txt convida a todos para a leitura das entrevistas com os candidatos. Cada um revelou suas prioridades, avaliações do momento da UFSM e desafios a serem enfrentados como reitor. Conheça os candidatos, avalie as suas propostas e, principalmente, exerça o seu direito de voto nos próximos dias 1º e 2 de julho. Eduardo Simioni, Paula Mattos e Viviane Borelli maio de 2013 txt. 3


entrevista

Universidade autônoma A chapa 1 é formada pelo diretor do Centro de Ciências da Saúde, Paulo Burmann, e pelo professor do Centro de Ciências Rurais, Paulo Bayard Bernardo Zamperetti e Elisa Beatriz Sartori

.txt - Por que a decisão de concorrer novamente? Burmann - Desde 1997, quando concorri como vice-reitor, nós discutimos um conjunto de ideias pra Universidade. Em 2005, quando houve a primeira incursão como candidato a reitor, defendíamos um modelo democrático, transparente, de participação, com a concepção de que as pessoas que fazem o dia-a-dia da UFSM constituem a centralidade do processo. Buscamos uma Universidade que possa se colocar num patamar de destaque e cuja repercussão do seu trabalho se faça sentir positivamente na sociedade como um todo, e por acreditar nesse conjunto de ideias é que a gente persiste. E, dessa vez, se o projeto não for acolhido novamente, não haverá nova tentativa.

Foto: Arianne Teixeira de Lima

.txt - No que o projeto da chapa se difere da atual gestão? Burmann - Nós temos algumas diferenças importantes. A primeira e principal delas é o sentimento de que a Universidade precisa definir o seu destino, e nisso entra a questão da autonomia didática, pedagógica, administrativa e política da UFSM. A Universidade não consegue estabelecer um diálogo com todos os setores da sociedade. Hoje, não há disposição ao diálogo. Outro ponto é a questão da transparência em todas as ações, que se faz necessária em todos os momentos e em todos os lugares. O atual modelo de gestão é de 20 anos, ultrapassado, precisa ser mudado. .txt - Quais são as prioridades da gestão? Burmann - Resgate da autonomia e da grandeza da nossa instituição. Nós precisamos resgatar as relações internas, estabelecer uma gestão humanizada, de oportunidade, moderna, onde todos os docentes, professores e técnico-administrativos tenham consciência da sua importância para a Universidade. E, com isso, a valorização dos saberes dentro da UFSM, do ensino, da pesquisa e da extensão. A Universidade também precisa ter outro olhar sobre a questão socioambiental. Há a necessidade de recuperação e equilíbrio ambiental, que passa pelo tratamento dos resíduos, pela urbanização do campus, dentro de um projeto que traduza em bem-estar a toda comunidade que frequenta a Universidade diariamente. .txt - Quais os projetos vão atender as demandas de professores, técnicos e alunos? Burmann - Primeiro, nós temos que repensar o nosso quadro de servidores. Há setores com faltas significativas, tanto em relação a docentes quanto a técnico-administrativos. Fundamentalmente, nós precisamos valorizar ainda mais os servidores, pois cada quadro da Universidade tem uma razão para existir. E devemos dedicar toda a

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atenção às demandas dos estudantes. A razão da existência da Universidade é o aluno. Os estudantes precisam ser ouvidos e terem voz. .txt - Apesar da aprovação do Reuni na UFSM ter sido em 2007, ainda hoje, existem problemas, como a situação dos prédios e a falta de professores da área nos cursos implantados. Como devem ser resolvidos esses problemas? Burmann - O projeto Reuni foi mal negociado para a nossa Universidade. E, nesse ponto, entra, novamente, a questão do diálogo. Nós nos dispusemos a receber mais de dez mil alunos, além dos que já tínhamos, mas não houve negociação em contrapartida para a Universidade. De nada adianta abrir as portas para os estudantes, se não vamos disponibilizar professores e estrutura educacional. É evidente que a Universidade precisava ter se preparado melhor pra isso. Esse projeto de expansão foi muito importante, mas também foi realizado de forma equivocada.


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Expandir e unificar A chapa 2 é formada pelo atual reitor, Felipe Martins Müller, e por seu vice, Dalvan José Reinert

.txt - Por que tentar a reeleição? Müller - Nós temos a intenção de dar continuidade aos projetos que extrapolaram o tempo do mandato. Em virtude disso, nós decidimos que seríamos candidatos novamente, pois tendo em vista como estávamos conduzindo a Universidade, e onde gostaríamos de chegar no futuro, entendemos que a Universidade precisava de mais quatro anos com a nossa administração. .txt - Quais foram as principais conquistas e o que não foi realizado na atual gestão? Müller - A Universidade nunca esteve tão bem em relação a equipamentos e obras. O Centro de Ciências Sociais e Humanas é um bom um exemplo. Pela primeira vez, tem-se a perspectiva de unificar, dentro de um complexo, todos os cursos do Centro, de ter laboratórios qualificados, e de ter, acima de tudo, uma grande estrutura. Conseguimos, também, democratizar o acesso à Universidade, oferecemos mais vagas no ensino superior, gratuito e de qualidade para a população. O que ainda desejamos é unir alunos, funcionários e docentes e introduzi-los dentro da vida universitária. Ou seja, fazer com que atuem mais fortemente no ensino, pesquisa e extensão através de programas de pós-graduação e, especialmente, mais projetos voltados para comunidade.

.txt - Quais projetos em andamento que, em caso de reeleição, receberão uma atenção especial? Müller - Temos o Centro de Convenções, a Casa de Comunicação, uma sala multiuso com restaurante e espaço para eventos. Dentro desse Centro, inclusive, está previsto o Centro de Documentação e Memória da Universidade, que tem como grande objetivo resgatar

.txt - Qual é a posição da chapa sobre a democracia nas decisões que cabem à comunidade universitária, em relação ao diálogo da reitoria com estudantes e servidores? Müller - Hoje, temos uma democracia muito consolidada na UFSM. Em todos esses processos que nós sofremos, como greves, invasões na reitoria, enfim, em todas as demandas que tivemos, em momento algum fomos contra o diálogo. Em todas as situações, nós dialogamos ao extremo, encaminhamos as pautas e fizemos o possível para que tudo se resolvesse. Então, isso significa que, hoje, em todas as decisões que nós tomamos, os estudantes e funcionários tiveram participação direta na decisão. O diálogo, com certeza, está bem estabelecido na Universidade.

Foto: Hellen Barbiero

.txt - Apesar da aprovação do Reuni na UFSM ter sido em 2007, ainda hoje, existem problemas, como a situação dos prédios e a falta de professores da área nos cursos implantados. Como devem ser resolvidos esses problemas? Müller - A Universidade tem um orçamento limitado, logo, no momento em que priorizamos a extensão, contratamos docentes, técnicos administrativos, equipamentos, espaço físico para agregar essas pessoas. Tem-se todo um planejamento em relação a isso, mas, ao se fazer uma expansão como essa, o risco de ocorrer problemas que atrapalham o andamento do processo é muito grande. E esses problemas, muitas vezes, não competem à Universidade, por exemplo, o não cumprimento de prazos ou até mesmo a falência de algumas empresas.

a memória histórica, artística e cultural e vai oferecer também exposições permanentes de obras de arte à disposição da sociedade.

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entrevista

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Humanização das relações A chapa 3 é formada pelo diretor do Centro de Tecnologia, Eduardo Rizzatti, e pelo diretor do Centro de Ciências Rurais, Thomé Lovatto

.txt - A atual gestão é oriunda dos mesmos Centros que vocês. Por que lançaram a candidatura? Rizzatti - Nos candidatamos, pois acreditamos que a Universidade está indo na direção errada, e estamos preocupados com os rumos da instituição. Não concordamos, principalmente, com a forma impositiva como são tomadas as decisões. Por isso, percebemos que não só tínhamos o direito, e sim o dever de colocar nossos nomes à disposição. Destacando que é uma visão institucional, nada pessoal. .txt - No que o projeto da chapa se difere da atual gestão? Rizzatti - A diferença está na forma de atuação. Temos uma forma pró ativa e não impositiva, uma maneira muito democrática de ouvir as pessoas, de resolver os problemas, caracterizada pelo humanismo. Esta é a principal característica da nossa chapa, pois entendemos que hoje, na Universidade, falta uma relação mais humana entre as pessoas, há uma série de prédios, mas as pessoas trabalham tristes neles. A nossa atitude busca primar pela transparência, pela

simplicidade, e pelo tratamento com igualdade, independentemente da capacitação que a pessoa tenha. Esse é um ponto nosso que trazemos ao longo da nossa trajetória. .txt - Quais são as prioridades da gestão? Rizzatti - A Universidade tem crescido muito e somos a favor dessa expansão. O Centro de Tecnologia foi o que mais cresceu na UFSM, e o nosso projeto, o Reuni, contemplou muito bem a questão de espaço físico, salas de aula, número de docentes e de técnicos administrativos para atuar nesses cursos. Porém, a nossa infraestrutura ficou debilitada. Em todos os setores da UFSM, nós temos esses problemas. No Derca, na Proinfra, temos problemas na questão de importação de equipamentos e recursos humanos, então as pessoas estão se sentindo sobrecarregadas. Nós queremos, antes de tudo, solidificar a questão do Reuni. Temos problemas nas unidades descentralizadas e é necessário fazer uma aproximação com os municípios da região, pois sentimos que, em muitos casos, a Universidade, que é a mais interessada, não busca essa aproximação.

Foto: Carolina de David

.txt - A UDESSM (Universidade de Ensino Superior de Silveira Martins) sofre um sério problema da evasão de alunos e vagas ociosas. Qual a proposta da chapa para atenuar essa questão? Rizzatti - Promover ações e dar condições para que as pessoas fiquem lá. Tem problemas no Restaurante Universitário, na casa do estudante, instalações nas salas de aula, internet, de transporte e acesso, e também na escolha dos cursos. Em relação a Palmeira das Missões e Frederico Westphalen, nós temos que dar as condições de igualdade que nós temos aqui, porque lá tem docentes que tem 27 horas aula, tem professores que lecionam sete matérias. Somos a favor da ampliação, mas queremos primeiro acabar de implantar o Reuni, fazer uma avaliação adequada, discutir e corrigir os problemas, para depois pensar em expandir mais.

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.txt - Qual a sua avaliação sobre a situação atual da UFSM? Rizzatti - A Universidade teve seu maior momento de crescimento em relação à expansão de prédios, salas de aula, docentes e técnicos. Paralelo a isso, temos a necessidade de um crescimento na qualidade das relações humanas e interpessoais. Nesse sentido, então, é um desafio bastante grande. Queremos colaborar para que tenhamos qualidade de vida aqui dentro do Campus. Passamos muito tempo aqui na Universidade, e esse tempo deve ser usado com qualidade, com a construção de relações positivas, para que possamos fazer com satisfação o nosso trabalho e que cheguemos em casa com a sensação de dever cumprido.txt


ciência

.txt Programas de IC internos

A Coordenadoria de Iniciação Científica fica no 7º andar da Reitoria

Iniciação Científica: o despertar para o conhecimento acadêmico Programas de pesquisa auxiliam na graduação Leticia Malinoski e Luíza Tavares

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que ingressou no curso já procurou entrar em um projeto de Iniciação Científica, “Entrei em contato com a Iniciação Científica porque já conhecia o professor Hélio Leães Hey. Em conversas, o professor me apresentou os grupos de pesquisa da Engenharia Elétrica, assim, ingressei na pesquisa ainda nos primeiros dias de aula, mas só consegui bolsa a partir do segundo semestre.” Krug foi bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e, devido ao ingresso na pesquisa, fez parte, também, do Programa Ciências sem Fronteiras e passou um ano na Universidade Concórdia, em Montreal, Canadá. Da Coordenaria de Iniciação Científica, Alessandro Dal-Col Lúcio, diz que é totalmente favorável à inclusão dos alunos da graduação e do ensino médio nas atividades de iniciação científica o quanto antes, pois dá condições de atuação e de inserção precoce em grupos de pesquisa. Essa atividade, além de complementar a formação técnica e teórica do aluno, promove o trabalho em grupo, o comprometimento responsável no exercício de atividades e ações na área de pesquisa. Mais informações sobre os programas estão disponíveis em www.coral.ufsm.br/ prpgp.txt

Com financiamento externo Pibic – Programa institucional de bolsas de Iniciação Científica (CNPq/ UFSM): Vinculado ao CNPq, voltado para o desenvolvimento do pensamento científico e iniciação à pesquisa de estudantes de graduação. Pibic AF – Ações Afirmativas: Destina bolsas de IC para alunos que ingressaram na universidade através do sistema de cotas. Pibic EM: Vinculado ao CNPq, com objetivo de despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes do ensino médio ou tecnológico. Pibit – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CNPq/UFSM): Visa estimular estudantes do ensino técnico e superior ao desenvolvimento e transferência de novas tecnologias e inovação. Probic – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Fapergs/ UFSM): Voltado para o desenvolvimento do pensamento científico e iniciação à pesquisa de estudantes de graduação do ensino superior do RS. Proic UFSM: Programa de Bolsas de Iniciação Científica e Auxílio à Pesquisa para os grupos de pesquisa que desenvolvem ações de pesquisa no âmbito do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Pivic – Programa Institucional de Voluntário em Iniciação Científica: programa sem pagamento de bolsa, em que o aluno tem um amparo legal da universidade para o desenvolvimento da pesquisa. Ciências Sem Fronteiras: concessão de bolsas CNPq e Capes. É um programa específico em que o aluno faz sua inscrição para fazer parte da graduação fora do país. Jovens Talentos para a Ciência: O aluno conquista a bolsa depois de passar por uma seleção da Capes. Destinado a alunos do primeiro semestre da graduação.

Foto: Arianne Teixeira deLima

Iniciação Científica (IC) coloca em contato os alunos com os grupos de pesquisa para proporcionar ao aluno, orientado por pesquisador e profissional experiente, a aprendizagem de técnicas e métodos científicos. Além disso, o programa de IC estimula o desenvolvimento do pensar científico o mais cedo possível durante o período de formação do aluno. A Coordenadoria de Iniciação Científica (CIC) da UFSM foi criada em 2010, a partir de um projeto aprovado em 2009. A CIC é responsável pelos programas de Iniciação Científica e Tecnológica, é organizadora da Jornada Acadêmica Integrada ( JAI) e da viagem da delegação da UFSM para a Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência (SBPC). Há programas internos e externos: os internos utilizam recursos da própria universidade, já os externos são financiados com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), Jovens Talentos para a Ciência - Capes e Ciências sem Fronteiras – CNPq e Capes. O aluno de Engenharia Elétrica, Rodrigo Krug, atua no Grupo de Eletrônica de Potência e Controle (Gepoc) desde 2009. Logo

Fipe – Fundo de Incentivo à Pesquisa: Programa de concessão de bolsas de iniciação científica e auxílio à pesquisa aos docentes e servidores da UFSM. Fipe ARD (Enxoval): auxílio recém doutor para os servidores que obtiveram titulação de doutor em até cinco anos anteriores ao lançamento do edital. Fipe Júnior: para os docentes que obtiveram titulação de doutor em até cinco anos anteriores ao lançamento do edital. Fipe Sênior: para os docentes que obtiveram titulação de doutor a mais de cinco anos ao lançamento do edital. FIT – Fundo de Incentivo à Inovação Tecnológica: Programa de concessão de bolsas de iniciação à inovação tecnológica (BIT) e auxílio a projetos de inovação tecnológica aos docentes e servidores da UFSM. BIC-reuni - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica: Voltado para a iniciação à pesquisa de estudantes de graduação sob orientação de docentes contratados pelo Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).

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comunidade

Cuidar da mente...

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onversar. Ouvir. Acolher. Receber de braços abertos àquele que tem algo a dizer sobre os próprios sentimentos e necessita de uma orientação psicológica. Esse foi o modo encontrado pelas autoridades da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para dar início ao ano letivo de 2013. A instituição que congrega 32.598 pessoas teve um espaço destinado especialmente para auxiliar acadêmicos, docentes e técnicos após o incêndio ocorrido na Boate Kiss. Com o intuito de trazer amparo aos integrantes da comunidade acadêmica no Campus Universitário, o Espaço Multiuso deu vida ao Centro de Acolhimento, que funcionou diariamente até 19 de abril. Para a pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis da Prae e responsável pelo Centro de Acolhimento, Marian Noro, a ideia era criar um ambiente onde fosse possível trabalhar com todos os psicólogos e assistentes sociais reunidos a fim de acolher as pessoas. “Foi um espaço aberto, em que as pessoas chegavam e a gente fazia uma roda para conversar com elas. Nós não desenvolvíamos atividade nenhuma em grupo na primeira fase, porque essa era a orientação. Era para que a gente conversasse e ouvisse as pessoas com o que elas tinham a dizer, para, então, fazer uma avaliação e saber o que estava acontecendo. Junto disso, começamos a fazer algumas capacitações com o pessoal especialista no assunto”, relata Marian.

Arte: Eduardo Vieira

Voluntários Além de assistentes sociais e psicólogos que a UFSM dispunha, um grande contingente de pessoal capacitado demonstrou interesse em ajudar. A solidariedade se fez presente, ao passo que, profissionais de diversas entidades públicas e instituições federais do Estado prestaram trabalho como voluntários. Os Médicos sem Fronteiras e a Cruz Vermelha trabalharam no planejamento de apoio, somado às pessoas habilitadas de universidades como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Pampa e a Universidade Federal do Rio Grande. No total, cerca de 74 psicólogos e 16 assistentes sociais esti-

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Arianne Teixeira de Lima, Cibele Zardo e Diossana da Costa

veram envolvidos no atendimento do Centro de Acolhimento. A instituição também recebeu apoio do psicólogo do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Trauma e Estresse da PUC-RS, Christian Kristensen, que orientou professores na montagem do esquema de recepção dos alunos.

Assistência prestada Nas palavras da pró-reitora da Prae, os que chegavam ao local eram recebidos com carinho, pois as pessoas que nele trabalhavam estavam dispostas a estarem ali. Estima, ainda, que foram realizados em torno de 400 atendimentos. Porém, ressalta que, o importante não é o número de pessoas que procuraram o Centro, mas sim o fato de elas saberem que existia um local para ir e se sentir seguras. Marian aponta a estatística de que, em média, 80% das pessoas saem ilesas de uma situação como essa, no sentido de que conseguem processar as perdas sozinhas. Já outros 20% vão precisar de um atendimento a longo prazo, acompanhamento que pode durar até dez anos. E, desses 20%, apenas cerca de 5% vão precisar de medicação.

Nova fase Aos poucos, a diminuição das demandas, e o fato de nenhuma procura ter sido realizada no dia 19 de abril, levou a coordenadoria a finalizar a fase de acolhimento (de escuta). Hoje, o Centro transferiu as atividades de assistência psicológica para outros dois setores: a Prae e o Serviço de Atenção Integral ao Estudante (Satie) setor vinculado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. Dessa forma, alunos, técnicos e professores são orientados a procurar o Satie porque no local, psicólogos, assistentes sociais e uma odontóloga prestam serviços à comunidade acadêmica com o objetivo de proporcionar qualidade de vida. Agora, para serem atendidas, as pessoas precisam fazer agendamento através do número (55) 3220-9535. Porém, o Serviço de Atenção Integral ao Estudante, localizado no prédio da União também tem horários dispo-

níveis nas terças e quintas-feiras no turno da tarde, a partir das 13h30 até as 16h30, para atender sem a realização do agendamento prévio. Conforme a ex-coordenadora do antigo Centro: “Ali o indivíduo tem um acompanhamento, onde é feito uma avaliação para ver qual é o problema, se ele precisa apenas do amparo psicológico ou se ele precisa mais do que isso, de um atendimento mais profundo, psiquiátrico ou de medicação. Caso precise de medicação, ele é encaminhado para a Central de Crise, no Hospital Universitário (Husm)”.

De volta à rotina Um dos principais objetivos do amparo psicológico era orientar os acadêmicos para conseguirem encarar a fase de luto e a reestabelecerem a atenção nos estudos. “Preocupávamos com o fato de querer o quanto antes, que o pessoal voltasse a sua rotina, e por isso o nosso calendário ficou só uma semana sem aula. Em seguida, já retomamos para que as pessoas conseguissem voltar a se preocupar com os seus projetos e planejamento escolar”, afirma Marian. A percepção dos resultados obtidos com o trabalho de acolhimento, a superação da etapa inicial, do luto, trouxe a sensação de dever cumprido aos voluntários e trabalhadores que estiveram diretamente envolvidos. A coordenadora da Prae acrescenta ao final: “Que bom que passou essa primeira fase e que conseguimos concluir ela com êxito. Realmente os nossos objetivos foram alcançados”. No 5º andar do Hospital Universitário de Santa Maria, uma porta no final do corredor O atendimento hoje... *É realizado através do agendamento no Satie, situado no segundo andar do prédio da União; *Os horários de atendimento são: terças e quintas-feiras, no turno da tarde, a partir das 13h30 até as 16h30; *Para agendar consultas basta telefonar para (55) 3220-9535


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indica o Ambulatório de Doenças Inalatórias. Criado no mês de fevereiro pela necessidade de projetar um ambulatório para os sobreviventes que estavam tendo alta do hospital e apresentavam sintomas respiratórios. O ambulatório, que é aberto à população, teve atenção direcionada inicialmente para os pacientes decorrentes da tragédia. Antes da sua criação, pacientes com alguma doença respiratória eram atendidos pelos ambulatórios dos serviços de pneumologia. Segundo a pneumologista responsável pelo ambulatório, Alesandra Bertolazi, os pacientes que estiveram internados e recebiam alta do hospital não tinham nenhuma referência. A partir daí, criou-se o Centro Integrado de Atenção às Vítimas de Acidentes, o Ciava.

Centro integrado

O Ciava começou a funcionar logo após o Ambulatório de Doenças Inalatórias iniciar seu serviço e atuar como um ambulatório central. Pacientes diagnosticados pelo Centro com doenças respiratórios são encaminhados ao Ambulatório de Doenças Inalatórias. Já os pacientes diagnosticados com sintomas de outras doenças são encaminhados à área específica de tratamento.

Diagnóstico

ser usado para outros tipos de complicações pulmonares. O aparelho utilizado para este tipo de exame foi adquirido pelo Husm em janeiro deste ano. Recentemente, o hospital adquiriu também o aparelho de oscilometria, utilizado para verificar a resistência periférica das vias aéreas e o aparelho de função pulmonar, que realiza a difusão dos gases e determina a medida dos volumes pulmonares.

Agendamento

Inicialmente, o agendamento era feito diretamente no serviço ou no setor de marcação de consultas do hospital. Depois, quando foi criado o Ciava, para atendimento, continua-se essa marcação, mas a Secretaria de Saúde também está realizando o agendamento. Os pacientes podem se cadastrar no site do Mistério da Saúde ou na ouvidoria, e então são agendados. Esse serviço também pode ser feito pela marcação de consultas do hospital. São agendados para o ambulatório da pneumologia ou para o Centro Integrado que faz a avaliação inicial geral.

Atendimento

Primeiramente, o atendimento do Ambulatório foi restrito às vítimas da tragédia que apresentavam problemas respiratórios graves, estavam internados ou haviam recebido alta em um curto período de tempo. Hoje, o atendimento é aberto a todos que tenham sido expostos, durante um longo período à fumaça e tenham dificuldades respiratórias. Após passarem por uma avaliação feita por médicos e residentes do setor de Pneumologia, cerca de 350 pacientes devem permanecer com acompanamento por aproximadamente cinco anos. Os exames para o ambulatório podem ser feitos de segunda a sexta-feira, no turno da manhã e da tarde. O horário de atendimento é às terças e quartas-feiras, das 14h30 até as 18h.

ser mantido durante cinco anos e deve apresentar a evolução dos pacientes e as principais complicações que possam surgir durante o período de acompanhamento. O objetivo dessa organização de dados é avaliar o tratamento, comportamento e as melhoras do paciente. Outras áreas específicas do Centro também realizam pesquisas baseadas no atendimento feito no ambulatório. Na Pneumologia, a pesquisa é mantida por um grupo formado por residentes e estudantes. Esse grupo é responsável pela coleta de dados e deve ser mantido até o fim do projeto.

Novos investimentos

Devido ao longo prazo de atendimento do ambulatório deverão ser realizadas ampliações para comportar novos equipamentos e melhorar o atendimento já prestado no hospital. Independente da demanda de pacientes do ambulatório, uma ampliação será feita: a do Laboratório do Sono. O laboratório está montado e deve iniciar seus serviços em breve. O que mantém esse espaço ainda inativo é a falta de técnicos para trabalharem no local. O laboratório é um projeto antigo e deve beneficiar vários pacientes, entre eles, os pacientes da tragédia da Kiss. Vai ser possível avaliar as condições de sono e os níveis de estresse pós-traumático desses pacientes.txt

Foto: Arianne Teixeira de Lima

Para diagnosticar a doença do paciente, o ambulatório realiza primeiro uma avaliação de imagem, feita através do raio-x simples. Esse raio-x identifica algumas alterações. Durante o processo de avaliação, o ambulatório realiza exames de função pulmonar, que verificam o funcionamento do pulmão e das trocas gasosas. A partir da análise destes exames, pode ser realizada a espirometria simples, onde se mede a capacidade do pulmão. O ambulatório utiliza-se ainda de exames mais completos, como o de pletismografia, realizado dentro de uma cabine, que serve para medir o volume do pulmão. Este exame, procura obter valores específicos sobre a função pulmonar dos pacientes, e deve ser utilizado pelo médico para determinar a normalidade ou alguma possível alteração nas funções pulmonares. O exame, além das doenças inalatórias, pode

... e do corpo

Projetos de pesquisa

Por prestar serviços assistenciais, o ambulatório mantém seus dados organizados como um projeto de pesquisa clínico. O projeto vai

Exame de pletismografia Maio de 2013 .txt 9


comunidade

Mais que uma sala

O espaço de recreação do Centro de Tratamento da Criança com câncer é local de esperança, alegria e motivação para crianças e familiares Guilherme Denardin Gabbi e Jonas Migotto

A

descoberta de uma doença como o câncer em um filho abala as estruturas de qualquer família. Todos os planos e rotinas são quebrados e o foco passa a ser um só: a cura. Sensações como o medo e a insegurança passam a ser sentidas, por isso é preciso procurar locais de conforto, que tragam esperança, alegria e motivação. Um desses lugares é a sala de recreação do Centro de Tratamento da Criança com Câncer (CTCriaC), local em que pacientes e familiares criam forças para lutar contra a doença, no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Certamente, a sala é o local preferido de mães e pacientes dentro do CTCriaC. A auxiliar de enfermagem Kátia Pedron, a Tia Kátia, como é carinhosamente chamada e que trabalha no local há 18 anos, conta que antigamente a sala era precária: “possuía apenas armários e livros”. Atualmente, ao entrar na sala, percebem-se brinquedos espalhados por todos os lados, um ambiente completamente decorado e marcado pela alegria. Recentemente conquistados, os computadores se tornaram o principal alvo da atenção das crianças. Tia Kátia não nega o envolvimento com o local e admite a dificuldade de conviver com os extremos da cura e da perda. 10 txt. maio de 2013

Entre as dificuldades, ela relata o acolhimento pós-óbito e os desabafos que ouve, sem contar as perdas, que acabam dolorosas devido ao vínculo e a relação criada com as crianças. Por outro lado, vivenciou inúmeros casos de cura, o que a motiva e traz forças para continuar seu trabalho. Vários desses casos são retratados em um mural de fotos de ex-pacientes na salinha. Na sala, é possível deparar-se com várias mães de pacientes. Uma delas é Rosemeri Maria Cardoso, mãe de Franciele Vieira Pinto, a Fran. Com quatro anos de idade, a menina foi diagnosticada com leucemia. Chegou ao centro em estado crítico e, após o tratamento, voltou para sua cidade natal, Santa Cruz do Sul.

“a salinha é antidepressiva, pois ali conto com o apoio dos funcionários e das outras mães...” Porém, após três anos, a doença reapareceu. Rose abandonou tudo em Santa Cruz e mudou-se para Santa Maria para dedicar-se totalmente à recuperação de sua filha. Hoje, com sete anos, Fran aguarda um transplante. Em meio a tantas dificuldades, Rosemeri considera Tia Kátia uma amiga

e psicóloga. A mãe conta: “a salinha é antidepressiva, pois ali conto com o apoio dos funcionários e das outras mães que compartilham suas experiências e histórias”. Assim como Rosemeri, outras famílias abdicam de seu cotidiano para voltar-se exclusivamente ao tratamento do filho. Enfrentam muitas dificuldades familiares e financeiras. Ao contrário das salas de tratamento, a de recreação é o local onde o tratamento da doença é relativamente esquecido. Nela, as mães distraem-se com a confecção de artesanato e conversas. Já as crianças contam com jogos e brincadeiras. É ali que as crianças podem vivenciar a infância. sh

Sobre o câncer infantil A doença pode ser causada por fatores externos, como irradiação e contato com substâncias químicas e fatores internos, como alteração genética. O câncer infantil é menos frequente e as causas da doença, na maioria das vezes, não podem ser identificadas. Atualmente, o índice de cura do câncer infantil é em torno de 70%. Com diagnóstico precoce, esse índice aumenta.


Projetos na sala Na sala ocorrem projetos coordenados por diversos cursos, especialmente pela Psicologia e Terapia Ocupacional. As atividades acontecem no horário de funcionamento da sala, geralmente das 8h às 17h, e são realizadas por bolsistas e voluntários.

Projeto Brincar O projeto de extensão “Brincar: Projeto de promoção de saúde a crianças com câncer em internação hospitalar” foi criado em 2010. Tem como objetivo proporcionar às crianças com câncer um espaço seguro e acolhedor. O Brincar auxilia as crianças no enfrentamento da doença e suas consequências, como o diagnóstico, o tratamento, as hospitalizações e as perdas. O projeto é coordenado pelo professor doutor Alberto Manuel Quintana e, atualmente, é supervisionado pela psicóloga e mestranda em Psicologia Adelise Salvagni. Outros participantes são acadêmicos de Psicologia da UFSM, que realizam atividades e jogos com os pacientes . Por meio das atividades realizadas e através do relato dos próprios pais, percebe-se que a sala é um ambiente familiar. As interações permitem às crianças e seus familiares expressarem seus sentimentos e angústias frente à doença e à hospitalização. É dessa forma que são acolhidos pelas participantes do projeto. O ambiente contribui para minimizar o sofrimento e uma melhor adaptação às novas rotinas dentro do hospital.

Projeto Caacto O projeto “Cuidado e Atenção ao Adolescente e à Criança em Tratamento Ontológico” (CAACTO) visa continuar as ações de auxílio. São desenvolvidas por cursos da UFSM, juntamente com profissionais da área de hemato-oncologia (responsável pelo tratamento de câncer) no CTCriaC. Desde 2009, o curso de Terapia Ocupacional atua com ações recreativas no setor de tratamento à doença, sendo o primeiro envolvido com o Centro. Os outros são os cursos de Fisioterapia, que ingressou no projeto em 2011, e o de Desenho industrial, que iniciou sua participação nesse ano. O objetivo do projeto é promover ações de cuidado e integração entre os pacientes da hemato-oncologia e dar suporte de acolhimento aos familiares desses pacientes para diminuir o impacto que a internação proporciona. Pretende-se oferecer à criança, ao adolescente e aos familiares um espaço propício para a recreação, diversão e relaxamento, envolvendo atividades de lazer e em conjunto, para facilitar a recuperação da saúde do paciente. Além da parte recreativa, o projeto também auxilia na compreensão dos procedimentos clínicos e cirúrgicos inerentes ao processo de tratamento da doença. As atividades são coordenadas pela professora Amara Holanda Tavares. O CAACTO também auxilia os participantes que, ao deixarem o projeto,terão formação humanística e profissional, devido ao envolvimento com o CTCriaC.

O CTCriaC

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O CTCriaC foi fundado no dia 15 de abril de 1995 e atende mais de 450 pacientes por ano, de 0 a 20 anos de idade. Além da sala de recreação, conta com diversas outras salas, como a de expurgo, nutrição, enfermagem, procedimentos, secretaria, descanso, a copa e os quartos dos pacientes. Conta com 18 leitos, que geralmente estão ocupados. Além de médicos e enfermeiros, o Centro conta com profissionais de outras áreas, como psicólogos, fisioterapeutas, pedagogos, nutricionistas e faxineiros. A atuação dos profissionais faz com que o CTCriaC atue no combate à doença e ajude familiares nesse período. O coordenador de enfermagem, Miguel Armando Bick, e a enfermeira residente, Natália de Oliveira, contam que o Centro enfrenta dificuldades, como a falta de divulgação, o pouco incentivo das autoridades públicas, a falta de investimento político e uma equipe relativamente reduzida. O centro aceita doações dos mais diversos tipos de brinquedos e de material para a confecção de artesanatos. Além disso, está aberto a visitações e recebe voluntários com o intuito de levar entretenimento e diversão às crianças. Artistas como Armandinho, Chimarruts, Sorriso Maroto e o jogador do Grêmio Barcos já visitaram o local. Eles não buscavam repercussão na mídia, apenas o sorriso no rosto das crianças.txt

Fotos: Carolina de David maio de 2013 txt. 11


capa

Descarte dos resíduos químicos gerados na UFSM Da geração ao destino final, todos são responsáveis Felipe Tubino, Guilherme Borges, Joelison Freitas e Kelem Duarte

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o caminharmos entre os prédios 18 e 19 da UFSM é comum passarmos por alunos e professores que atuam em laboratórios. Essa é uma prática que faz parte do cotidiano dos cursos do Departamento de Química da UFSM. Porém, todo procedimento realizado em laboratório também gera resíduo, que precisa de cautela para o seu descarte por apresentar muitos riscos ao meio ambiente e à saúde. Segundo a professora especializada em Química Industrial e Ambiental, Marta Toccheto: “Resíduo é tudo aquilo que não tem mais utilidade para algum fim, conhecido popularmente como lixo. É resultado de uma ineficiência produtiva, ou seja, quando se produz mais do que irá aproveitar, é o que resta”. Justamente por ser o restante de uma experiência, o resíduo merece atenção por parte de quem o gerou, pois é preciso uma destinação adequada para cada tipo de material.

Políticas Ambientais

Os químicos da Universidade trabalham com um conceito de resíduo que abrange a responsabilidade de seu produtor desde a sua geração até seu destino final. Embasados neste conceito, o Departamento de Química da UFSM procura sempre separar os resíduos de acordo com sua natureza e reação que causará no ambiente a ser depositado. A fim de neutralizar as ações do produto restante ao meio ambiente, o resíduo passa também por um pré-tratamento, realizado por professores responsáveis pelos laboratórios junto com seus alunos. Após esses processos, os resíduos são reunidos em um posto de coleta, localizado no Almoxarifado da Química, entre os prédios 17 e 18. Como a Universidade não dispõe de uma estação de tratamento para resíduos especiais, aqueles que são prejudiciais ao meio ambiente, todos são recolhidos por uma empresa especializada. Em 2008, a UFSM con-

Recentemente, a política de não geração de resíduos foi adotada por quem trabalha diretamente em laboratórios. Como explica o Professor José Neri Paniz, Chefe do Departamento de Química: “Procuramos com que cada vez mais o pesquisador gere menos resíduo, ou seja, reações químicas em pequena quantidade, pois antigamente se faziam experimentos com volumes absurdos. Trabalhava-se com litros, agora não, se trabalha com microlitros ou microgramas”. A partir dessa mudança de posicionamento, o professor destaca que a ciência busca obter resultado satisfatório com o mínimo possível de reagentes. A preocupação ambiental tem sido discutida há pouco tempo. O grande desafio desses profissionais é buscar a melhor forma de agregar o avanço científico sem prejudicar a natureza. Desde agosto de 2012, a UFSM conta com um engenheiro químico responsável por acompanhar e fiscalizar a destinação de resíduos, até mesmo após a coleta pela empresa responsável. Além dessa função, o engenheiro Upiragibe Nascimento afirma que uma vez por ano são realizadas visitas nessas empresas. São elaborados relatórios

Laboratório de Química Analítica

Resíduos líquidos a serem coletados

Separação e coleta do resíduo

Fotos: Francys Albrecht e Joelison Freitas

tratou a RTM, posteriormente incorporada à multinacional Stericycle, responsável pela coleta, gerenciamento e transporte dos materiais até seu destino final. Os riscos que a destinação incorreta desses resíduos causam à natureza podem ser de grandes proporções, por isso há uma regulamentação geral que direciona para onde serão depositados os materiais. Pensando nisso, a Comissão Ambiental da UFSM, formada por alunos e professores, elaborou um documento intitulado Sistema Integrado de Gestão de Resíduos. Nele, estão presentes itens que devem ser seguidos pelos laboratórios da Universidade.

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de atividades que posteriormente são apresentados à comissão ambiental. Dentro de suas funções também se enquadra a orientação dos professores, funcionários e alunos quanto à destinação adequada dos materiais. Durante muitos anos, práticas inadequadas foram adotadas por laboratórios na UFSM, como por exemplo, o descarte de resíduos diretamente nas pias, que iam sem tratamento prévio para as valas sépticas (compartimento enterrado no solo, onde são depositados os resíduos). O serviço de coleta feito atualmente pela empresa substituiu o antigo procedimento. No entanto, o material coletado, mesmo que seja destinado para fora do Campus, continua sob responsabilidade de quem o gerou. Para solucionar as questões que envolvem o destino correto do resíduo, é necessária a conscientização de que não é só em laboratório que há produção. Em casa também são produzidas substâncias que podem ser prejudiciais ao meio ambiente. A reutilização e redução se tornam fundamentais na alternativa de destinação de resíduos.

Tipos de resíduos e seus destinos - Solventes: Parcialmente reciclados por destilação, podem ser utilizados como combustível para caldeiras e restante para destinação final pela empresa responsável. - Líquidos ácidos e bases: Misturados e neutralizados pela empresa. - Orgânicos Persistentes (sólidos): São levados para aterro sanitário e, dependendo da classificação, poderão ser incinerados. - Halogenados: Em alguns locais ocorre degradação química; em outros, o resíduo é encaminhado para a empresa.

Bombona para resíduos sólidos


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Conscientização ambiental Em abril de 2013, foi aprovada junto ao Fundo de Incentivo a Extensão (Fiex) a criação de um programa interdisciplinar para tratar de assuntos relativos ao meio ambiente, o Grupo Incorpore: Ações coletivas para o Meio Ambiente. Ele pertence ao Departamento de Química e está em processo de planejamento desde setembro do ano passado. Naquela ocasião, parte da atual equipe realizou o “Diadesol”, atividade de conscientização sobre o descarte de resíduos sólidos que acontece em vários países da América e ocorreu em frente aos restaurantes universitários da UFSM. O grupo tem como objetivo principal contribuir para a incorporação dos valores ambientais e para a mudança da postura das pessoas em relação ao meio ambiente. E surgiu da necessidade de respostas aos anseios de membros da comunidade universitária. O Incorpore é composto por professores dos cursos de Química, Bacharelado Interdisciplinar, Artes Plásticas e Produção Editorial, além de, atualmente, 22 acadêmicos dos centros de Ciências Naturais e Exatas, Tecnologia, Ciências da Saúde e Ciências Rurais. Projeto Papabitucas

O projeto pretende diagnosticar as práticas realizadas em laboratório para, posteriormente, adequá-los a um padrão de utilização. Uma das propostas é reduzir ao máximo possível a escala de trabalho a fim de diminuir a geração de resíduo, bem como minimizar a periculosidade dessas substâncias a partir do tratamento ainda dentro do laboratório. Em um primeiro momento, apenas o Setor de Química Analítica será usado como projeto-piloto. A partir da necessidade e eficácia das ações o projeto será expandido para outros setores e também para outros departamentos da UFSM. Projeto Mandalas Ambientais Para conscientizar a população de que existem alternativas para a utilização de produtos recicláveis, mandalas serão construídas com materiais reutilizados e serão expostas com informações sobre os materiais com os quais foram feitas. A exposição itinerante vai circular por diversos locais da UFSM e de Santa Maria com objetivo de chamar a atenção para a separação de resíduos e para a reciclagem. Além disso, pretende evitar o desperdício de recursos naturais e prolongar a vida útil dos aterros de lixo. Juntamente com a construção das mandalas explicativas, vai ocorrer coleta de materiais recicláveis que serão transformados em brinquedos e doados a escolas e creches de Santa Maria. A coordenadora do Grupo Incorpore, professora Marta Tocchetto, fala sobre a importância da educação ambiental: “Quando você transforma uma caixa de ovo em um trem de brinquedo, você está dando uma nova roupagem para aquele resíduo e está trabalhando a consciência das pessoas que aquilo não precisa ir para o lixo e pode ser reaproveitado.” Os três projetos estão em planejamento e apenas a partir do mês de julho serão postos em prática e divulgados nos meios de comu-

nicação. Segundo a professora Marta, o fato negativo fica por conta dos recursos financeiros destinados à execução dos projetos, pois os valores recebidos estão aquém do solicitado pelas coordenadoras do grupo. Mesmo assim, Marta diz que isso não será empecilho para o andamento das atividades: “Eu estou disposta a encarar o desafio e ver o que a gente pode reaproveitar de materiais descartados de obras da UFSM”. Para o acadêmico de Química Licenciatura e integrante do Grupo Incorpore desde o seu início, Aliar Jung, a importância desses projetos para sua formação profissional está na familiaridade com a questão ambiental: “Eu quero passar para os meus alunos o conhecimento de química como ciência aliado à questão ambiental, ou seja, a minha formação está voltada para o conteúdo de aula contextualizando com essa temática de material reciclável”. Já a aluna de Engenharia Química, Giovanna Collovini, quer empregar os conhecimentos adquiridos com o grupo na sua área de interesse no mercado de trabalho: “Eu pretendo aplicar os conceitos da área ambiental na indústria, e as ações do grupo me proporcionam isso, já que as disciplinas do curso não dão a noção exata do que fazer na prática”, conta Giovanna. Os coordenadores do grupo acreditam que esse é apenas o começo de um grande trabalho desenvolvido na UFSM e esperam que outros professores dêem sequência nos projetos, bem como os novos alunos tenham consciência da importância da preservação do meio ambiente.txt Colabore com o Incorpore O grupo recebe, constantemente, novos voluntários e doações de materiais. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (55) 32209635, ou diretamente em sua sede, na sala 3224 do prédio 19, no Campus da UFSM, ou ainda pelo e-mail: incorporeufsm@gmail.com.

Foto: Francys Albrecht

Ainda faz parte do plano de ações do grupo a realização de intervenções que chamem a atenção da sociedade para problemas ambientais cotidianos, como o descarte de tocos de cigarro. Neste projeto, haverá a construção de coletores de bitucas que serão distribuídos em pontos de circulação e permanência de fumantes na UFSM e em outros locais da cidade, como portas de bares, restaurantes e shoppings. Os ‘papabitucas’ levarão consigo cartazes com informações sobre os danos que o descarte indevido dos restos de cigarro causa ao meio ambiente. Essa intervenção será feita em conjunto com alunos e professores dos cursos de Artes Cênicas, que vão realizar performances para chamar a atenção da comunidade para a mobilização da questão ambiental.

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Laboratório

13maio de 2013 txt.


geral

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União Universitária recebe novos moradores a cada semestre. Ela é uma casa de passagem, onde os estudantes moram provisoriamente até conseguirem uma vaga definitiva na Casa do Estudante Universitário (CEU). Muitos estudantes encontram-se sozinhos pela primeira vez em suas vidas, pois mudaram de cidade e sentem a ausência dos pais. Por esse motivo, a União também serve como um lugar de acolhimento, mas, para isso, o local tem de ser agradável. Apesar dos estudantes se ajudarem durante o período em que ficam na União, como ficou popularmente conhecida, o prédio necessitava de melhorias, pois apresentava problemas estruturais. Os banheiros eram um dos principais, pois havia somente dois chuveiros e um vaso sanitário em cada banheiro, o que gerava filas e desconforto. Uma reforma era necessária. A iniciativa partiu da própria direção da CEU II, que busca proporcionar mais conforto aos alunos que chegam à instituição. As obras iniciaram em dezembro de 2012 e a previsão é que terminem até o final do primeiro semestre de 2013. No início das reformas, os estudantes que estavam nos alojamentos da União, foram temporariamente transferidos para o bloco 46, que há pouco havia sido concluído. Como o número de estudantes que foi morar no novo bloco era pequeno, o que era para ser uma mudança temporária virou definitiva. O orçamento total de quase R$ 180 mil vai garantir modificações na cozinha, nos banheiros, nos alojamentos, na sala de estudos e na construção de um novo laboratório de informática, mais amplo que o antigo. O laboratório ainda não está finalizado e durante a reforma encontra-se fechado para o público. A cozinha também foi reformada para que os estudantes pudessem melhor ocupar este local. O antigo espaço para cozinhar era

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Foto:Júlia Schnorr

De cara nova

Júlia Schnorr e Renata Franciele Grzegorek pequeno e mal conservado, o que causava dificuldade para os acadêmicos. A condição dos banheiros era uma das principais reclamações. Os banheiros masculino e feminino ficavam próximos, mas como eram pequenos, foram transformados em um único banheiro feminino. Um novo banheiro foi construído para os homens. O espaço ampliado agora conta com três chuveiros e três vasos sanitários em cada banheiro, além de um local reservado para que os estudantes possam lavar suas roupas. Por enquanto há revezamento do banheiro masculino, ora apenas as mulheres ocupam e em outro momento apenas os homens. Esse revezamento se faz necessário pelo fato de apenas o banheiro masculino estar pronto até o momento. Morador da União desde abril de 2013, o estudante de Música Bacharelado - Trombone, Hélio da Silva de Abreu, passa parte do seu dia no Centro de Artes e Letras e diz não se importar com o barulho da reforma: “Os futuros moradores da União terão um espaço muito bom”. Por outro lado, os também moradores da União, o estudante de História Luciano Viçosa e de Sociologia Bruna Fonte, dizem que não conseguem estudar devido ao barulho da reforma. E como as tomadas de energia elétrica ainda não foram instaladas,

Reforma do banheiro feminino nos acabamentos finais.

os jovens ocupam o “canto do guardinha”, com seus notebooks. Eles reclamam que, por haver muito barulho, há a dificuldade de concentração para estudar. Por mais que existam esses problemas, Luciano e Bruna dizem que conheceram a União antes da reforma e que acreditam que o lugar ficará muito melhor para os futuros moradores. “Gostaria que os moradores conservassem a União, pois tudo que foi planejado foi pensado para o melhor de todos os estudantes”, reflete a arquiteta do projeto, Gianine Pivetta Mello, que também é assinado pelo engenheiro civil Daniel Belinasso. A profissional Gianine ressalta que muitos estudantes pensam que a obra é feita de qualquer jeito. “É muito pelo contrário, são pessoas planejando para pessoas, querendo que estes estudantes se sintam bem, acolhidos, pois é uma espécie de casa provisória, mas que precisa ser aconchegante”, acrescenta a arquiteta. A empresa responsável pela reforma é a João Carlos Ravanello Cia Ltda. Segundo um dos guardas que trabalha na União, Ediomar Mendes, apenas o alojamento feminino não teve nenhuma mudança. O alojamento masculino recebeu uma nova pintura, a parte elétrica foi trocada e o teto foi rebaixado. Nos banheiros, o teto teve o complemento de gesso.


.txt Uma modificação no projeto inicial da reforma do banheiro precisou ser efetuada. A arquiteta Gianine Pivetta Mello considera que este é um ponto negativo da reforma, mas ressalta que não havia outra solução: uma viga invertida dividiu o banheiro feminino em dois. Os vasos sanitários ficaram de um lado e para tomar banho é necessário deslocar-se para o outro lado. O fato da União fazer parte de um prédio antigo possibilitou a construção desses novos banheiros. Se não fosse uma laje intermediária, não haveria como concluir a reforma, pois no térreo, embaixo do banheiro, há a cozinha do Restaurante Universitário. O cano de esgoto do novo banheiro foi colocado entre essa laje intermediária, o que permitiu que ele não ficasse exposto na cozinha do RU. Para o projeto de reforma, a arquiteta Gianine e o engenheiro Belinasso pensaram em vários detalhes para melhorar o dia-a-dia dos alunos. Nos banheiros foi feita uma ventilação higiênica e durante a obra foram realizadas pequenas mudanças no planejamento inicial que aceleraram a mesma.

História da União Universitária

mulheres morarem com homens. “Imagina morar mulheres junto com os homens?”, brinca o professor. A segunda vitória foi a garantia de moradia para estudantes estrangeiros. Os avanços aconteciam no cotidiano, sem nada no papel. No entanto, a conquista era real. O atual professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, do Campus Santo Augusto, Tarcizio Samborski morou na União em 1989. O agrônomo formado pela UFSM diz que os estudantes ficavam no salão maior, atual alojamento feminino. Os colchões eram espalhados pelo chão. “Ficávamos até surgirem vagas, era um processo que tinha dois sentidos: um de dar visibilidade para a luta da moradia e outro de selecionar quem realmente precisava ou estivesse afim de ficar na CEU”, relata Samborski. Antes de ocorrer a ocupação que formaria a União, em torno de 400 acadêmicos possuíam o benefício fornecido pela PRAE. Hoje o número de universitários que moram na Casa do Estudante é de aproximadamente dois mil alunos. Para o ingresso na CEU, um processo seletivo é realizado, uma espécie de entrevista para conceder o benefício socioeconômico e selecionar quem precisa do auxílio para sua permanência na universidade. Samborski diz que os estudantes chegavam na União e quem tinha parentes ou conhecidos, deixava os pertences em seus quartos. “Eu não conhecia ninguém, mas o ambiente era muito legal”, conta o agrônomo. A reforma da União é só mais um passo para melhorar a moradia estudantil da UFSM, pois o espaço representa um melhor auxílio aos jovens que buscam adaptar-se a um novo ambiente. A reforma resulta de mais uma das lutas por moradia e justiça social.txt

Fotos: Carolina de David

Para a Assistente da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, Marta Gasparetto: “a União Universitária é a porta de entrada para os universitários que irão morar na Casa do Estudante, um rito”. Mas não foi sempre assim. Antes da União, os estudantes eram encaminhados diretamente para a Casa do Estudante Universitário (CEU). Nesta época, apenas homens moravam na residência estudantil. As mulheres residiam na parte superior do atual Bar do Pingo, na esquina das ruas Floriano Peixoto e Astrogildo de Azevedo. Este lugar ficou conhecido como CEU III, pois naquela época já existiam a CEU I, no Centro, e a CEU II, no Campus da UFSM. As mulheres passaram a morar na Casa do Estudante do Campus a partir de uma ocupação realizada pelas estudantes, na década de 1980. A UFSM é reconhecida por possuir um dos melhores programas de Assistência Estudantil do país. Isso foi construído ao longo dos anos através da luta do movimento dos estudantes. O final da década de 1980 marca um novo período na assistência estudantil da UFSM. É neste momento que começa surgir a União Universitária. A procura por moradia acabou sendo maior que o número de vagas na CEU e estudantes que teriam direito à residência gratuita acabaram ficando sem lugar para morar. O diretor da Casa do Estudante nos anos de 1985-1986 durante a gestão “Despertar”, Lauro Bernardi, conta que o espaço da União já existia, mas com a função de lazer: “Me formei em agosto de 1987 e logo o pessoal da CEU II ocupou este

espaço como forma de pressão para ampliar as vagas e garantir que os prédios fossem, bloco por bloco, acabados’’, conta Bernardi. O professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Sérgio Gadini, fez o curso de Jornalismo na UFSM entre 1987 e 1990. Ele viveu na moradia estudantil e fez parte de mais de uma diretoria da CEU II: “Iniciamos a proposta de ampliar a luta pela moradia ocupando a União Universitária, a partir de 1988”, relembra. Atual professor adjunto e diretor do campus da Universidade Federal da Fronteira Sul, Paulo Mayer, permaneceu sete anos na UFSM, seis deles como participante da direção da CEU II. De família humilde, Mayer valorizava a luta conjunta dos estudantes por moradia e permanência na instituição. O professor conta que os acadêmicos ocuparam a União a partir do momento em que a demanda foi maior que a oferta: “Na época achávamos injusta a simples classificação por renda que a PRAE fazia, então colocávamos todos os pretendentes na União para que vivessem coletivamente as dificuldades de morar ali, muitos que tinham melhores condições desistiam, mas quem precisava acabava ficando”, relembra Mayer. A instalação dos estudantes na União foi, a seu ver, uma atitude necessária e pedagógica, pois a UFSM não tinha uma política definida de gestão de vagas, além da direção da CEU II, julgar que não havia bons critérios de identificação das pessoas com necessidades ou vulnerabilidade socioeconômica. A intervenção na CEU II era mínima. O movimento estudantil sedimentou as vitórias. “Primeiro garantimos que as mulheres pudessem morar na CEU”, relembra Mayer. Mas essa luta não foi fácil. A mídia local anunciava que não era de “bom tom”

Construção do novo laboratório de informática promete acesso de qualidade aos usuários. maio de 2013 txt. 15


geral

Alimentos na UFSM... Diariamente são produzidos diversos produtos consumidos Dafne Lopes e Giulia Pozzobon

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ortes de carne, leite, queijo e iogurte. Esses alimentos e tantos outros são produzidos todos os dias na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Os industrializados têm qualidade garantida e no processo de produção servem como fonte de conhecimento para os alunos. Já na sua comercialização atendem a uma parcela da comunidade santamariense e de escolas, creches e presídios do Estado do Rio Grande do Sul.

Funcionária embala corte de carne

A carne é moida para produção de linguiça e salame

Fotos: Arianne Teixeira de Lima

Produção de embutidos

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Colégio Politécnico Um dos locais onde há produção e comercialização de alimentos é no Colégio Politécnico da UFSM. O curso Técnico em Agroindústria é o responsável por essa produção. Nos laboratórios ou na Usina Escola, funcionários, estagiários, bolsistas e alunos transformam a matéria-prima em seus derivados. No laboratório de carnes são utilizados de 300 a 500 quilos de carne suína e bovina por semana. Diariamente, mais de mil frangos são abatidos. Além disso, são fabricados diversos produtos derivados do leite. A produção gerada a partir dessa matéria-prima resulta em produtos de qualidade, que são comercializados nas terças e quintas-feiras, no próprio Colégio. Da carne suína, a mais utilizada nos laboratórios, são produzidos aproximadamente 16 produtos, entre eles o salame, a linguiça toscana e a campeira, o salsichão e os cortes de costela, paleta, lombo e pernil. Da carne bovina são feitos os hambúrgueres e os cortes de filé, costela e paleta. Dos frangos, que são fornecidos pelo curso Técnico em Agropecuária, são produzidos os cortes de coxa, sobrecoxa e peito. Iogurte, bebida láctea, doce de leite, diversos tipos de queijo, comominas frescal, prato, coalho e ricota são produzidos pelo curso Técnico em Agroindústria, no laboratório de leites. O leite utilizado para a produção dos produtos é comprado do Tambo da UFSM.

O curso Técnico em Agroindústria No ano de 2000 foi criado, no Colégio Politécnico, um curso técnico voltado para o estudo da produção agroindustrial. Em 13 anos de história, o curso Técnico em Agroindústria já formou diversos profissionais ca-

pacitados para atuar em diversos ramos do mercado de trabalho. Com uma das melhores estruturas em estudo de carnes e um espaço em expansão no quesito leites, o curso técnico, a partir do segundo semestre, oferece ensinamentos sobre o processamento, a tecnologia e a produção dos alimentos. Além das atividades nos laboratórios de carne e leite, os alunos aprendem a processar frutas e hortaliças em outro laboratório. Lá, eles podem conhecer a produção de geleias, molhos, doces cremosos e doces em calda, por exemplo. Os processos de panificação também são aprendidos nos laboratórios. Já os alimentos produzidos no processamento de frutas e hortaliças e na área de panificação, em geral, não são vendidos porque são produzidos em pequena quantidade. Segundo o coordenador do Curso Técnico em Agroindústria, professor Volmir Polli, o curso ainda é pouco conhecido: “O nosso grande problema, no curso de Agroindústria, é que a sociedade pouco conhece. Muitas pessoas acham que o curso é aprender a fazer salame, queijo, geleia, mas a agroindústria é mais ampla do que isso.” Segundo ele, o técnico em agroindústria se preocupa em transformar a matéria-prima em derivados, e essa matéria-prima pode ser para produtos comestíveis e não comestíveis. Todo o processo de transformação da matéria-prima da atividade primária em outro derivado é um processo agroindustrial.

Como comprar: Técnico em Agroindústria Local: Colégio Politécnico da UFSM Horário: Terças e quintas- feiras das 8h às 11h30 e das 14h às 17h Produtos: Cortes de carnes suína, bovina e de frango, hambúrguer, salame, linguiça toscana e campeira, salsichão, iogurte, bebida láctea, doce de leite, queijo.


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uma produção que ensina em Santa Maria e em outras cidades do Rio Grande do Sul

UNI-COOPERTERRA

que trabalha na Usina, Rosane Maria Coradini Noal, esse contrato também é vantajoso para a Universidade. “Para a UFSM é muito importante. Em primeiro lugar pelos nossos estagiários. Recebemos alunos dos cursos de Farmácia, Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária, Tecnologia em Alimentos, Química e Engenharia Química. Atendemos também estagiários de outras instituições de ensino”. O relacionamento da Universidade com os produtores rurais e com a comunidade é outro aspecto destacado por Rosane. Segundo ela, 54 produtores da região de Santa Maria vendem leite para a Cooperterra: “Se o contrato não existisse, esses pequenos agricultores não teriam espaço no mercado, porque empresas grandes não se interessam por pequenas produções”, destaca a funcionária.

Funcionários também são responsáveis pela limpeza e organização do local

A Cooperativa A Cooperterra foi criada em 2002 por um grupo de pequenos agricultores e famílias assentadas da reforma agrária, dos municípios de Pinhal Grande, Jóia, Júlio de Castilhos e de Tupanciretã. O objetivo da Cooperterra é auxiliar os produtores através da venda coletiva de seus produtos, principalmente do leite. A Cooperativa já investiu quase R$ 500 mil em melhorias na Usina Escola para compra de maquinário e modernização do local. Devido ao investimento, a Cooperativa pretende, em dois anos, concorrer novamente no processo licitatório de concessão do local.txt

Doce de leite produzido na Usina

Como comprar: UNI-Cooperterra Local: Entrada da UFSM, próximo da ATU Horário: Segunda-feira a quinta-feira das 8h às 12h30 e das 13h30 às 18h Sexta-feira das 8h às 12h30 e das 13h30 às 17h30 Produtos: Leite integral, leite desnatado, iogurte, bebida láctea, doce de leite, doce de leite com chocolate, nata, queijo minas frescal, queijo minas padrão, queijo lanche e sorvete.

Depois de prontos, os alimentos ficam na câmara fria Fotos: Giulia Pozzobon

Através de um contrato firmado entre a UFSM e a Cooperativa Regional da Reforma Agrária Mãe da Terra (Cooperterra) em 2010, começou a produção de alimentos na Usina Escola da Universidade, com a marca UNI-Cooperterra. O contrato foi feito através de um termo de permissão de uso, em que a Universidade cede a Usina Escola, e a Cooperterra tem como responsabilidade, a produção, a mão de obra e a logística. O leite é o principal produto utilizado na produção, e atualmente são utilizados 10 milhões de litros por ano. Com ele são produzidos iogurtes, doce de leite tradicional e com chocolate, bebida láctea, nata, queijo minas frescal, minas padrão, lanche e sorvete, além de leite desnatado e integral. Ao chegar na Usina, no caminhão da Cooperativa, o leite é transferido para o tanque que dá inicio ao processamento para a produção dos derivados. Todo o leite comprado passa por um teste de qualidade no laboratório da própria Usina, na UFSM. Segundo o gerente de administração e finanças da Cooperterra, Vilmar Gomes, 97% da produção é destinada para o consumo escolar e os outros 3% são destinados para hospitais, presídios e para o ponto de venda localizado na entrada da UFSM. A Cooperativa é parceira no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), programa que define que 30% dos alimentos comprados para a merenda escolar sejam oriundos da produção de agricultura familiar. Devido a esta parceria, a maior parte da produção é destinada às escolas do centro do estado, e, também, da região metropolitana de Porto Alegre. Uma parte do leite é comprada de produtores da agricultura familiar e assentados de Santa Maria e região. A maior parte vem de Tupanciretã, cidade sede da Cooperativa. A Usina conta com 20 funcionários da Cooperterra para produção e administração, além de estagiários de vários cursos da UFSM e de outras instituições de ensino do estado. De acordo com a gestora do contrato UNI-Cooperterra e única funcionária da UFSM

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geral

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CIÊNCIA EM QUATRO RODAS

Projeto Bombaja completa 10 anos de trabalho em equipe e formação integrada

U

m dos projetos de extensão do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) completou, em abril deste ano, uma década de existência: o Bombaja. Idealizado pelo professor de Engenharia Mecânica, Iberê Luiz Nodari, o projeto iniciou suas atividades em 4 de abril de 2003 com o objetivo de ingressar nas competições de Baja SAE e proporcionar aos acadêmicos uma vivência mais prática. O BAJA SAE Brasil é uma competição voltada para estudantes das áreas de Engenharia Mecânica, Elétrica, de Produção e de Controle e Automação. Para tal, os alunos são desafiados a projetar um carro off-road (fora de estrada) com quatro rodas, capaz de suportar um piloto com altura de até 1,90 m e peso de até 113,4 kg, com motor e estruturas padrão de acordo com o regulamento da competição. A equipe, atualmente, é composta por aproximadamente 30 integrantes, e a cada ano, a procura pelo projeto é grande. Segundo o vice-capitão da Equipe Bombaja e acadêmico do 4º semestre do curso de Engenharia Mecânica, Felipe Ugalde Pereira, a demanda dos estudantes que visam o ingresso no projeto deve-se a dois fatores principais: a área automotiva e a indicação de outras pessoas. “Me integrei à equipe pelo interesse na área automotiva. Mas muitos acadêmicos que pretendem ingressar no projeto foram também incentivados por outras pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer o Bombaja”, comenta Pereira.

Eduardo Simioni e Laura Moura de Quadros A equipe da UFSM participou, entre os dias 14 e 17 de março de 2013, da 19ª Competição Nacional Baja SAE Brasil – Petrobras, realizada no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), na cidade paulista de Piracicaba. Os integrantes já construíram, ao longo dos 10 anos, 12 carros modelo Baja, e 11 deles já participaram de competições regionais e nacionais de Baja SAE. A cada ano, o Bombaja desenvolve um novo protótipo, em média. A produção de cada peça e sistema dos carros, como freios, trem de força, suspensão, direção, acabamento, parte elétrica e estruturas, é dividida entre os integrantes da equipe que trabalharão em seu projeto. A competição nacional tem por objetivo testar e julgar os componentes dos veículos projetados pelos estudantes. A equipe deve se organizar como uma empresa desde o planejamento de seu protótipo, as fases do projeto até a execução final do produto. As duas equipes da UFSM – Bombaja/UFSM 1 e Bombaja/ UFSM 2 – participaram com um carro cada e foram aprovadas em todas as provas de segurança, motor, conforto, aceleração, velocidade, frenagem, suspensão e tração. Além disso, o projeto escrito também é avaliado, bem como sua apresentação para uma banca de juízes. A prova mais esperada pelos competidores é a de resistência, chamada Enduro, que consiste em o veículo percorrer uma pista de terra durante 4 horas, com o mínimo de estragos e o maior número de voltas possível. Seu objetivo é testar o projeto em ambiente externo, para avaliar sua durabilidade. Os car-

ros da equipe Bombaja, batizados de BJ-11 e BJ-12, receberam os números 18 e 19, respectivamente, que equivalem à colocação das equipes na competição de 2012. Nesse ano, o evento teve mais de 80 carros inscritos por equipes de quase 70 universidades de todo o Brasil e mais de 1300 participantes. Na etapa nacional de 2013, a equipe da UFSM garantiu 2º lugar no quesito “Melhor Aceleração”. Essa conquista rendeu uma posição superior no ranking nacional em relação a 2012, e hoje o Bombaja ocupa a 15ª colocação. O projeto, ainda que originado na área da Engenharia, também já foi formado por acadêmicos de Comunicação Social, Administração, Ciência da Computação e Engenharia da Computação. Essa heterogeneidade advém da necessidade de manter em pleno funcionamento uma equipe de grande porte e com importantes compromissos. Desde novembro de 2012, a equipe trabalha com um novo orientador, Gilmar Fernando Vogel, convidado pelos próprios alunos e pelo professor Iberê Nodari. Vogel afirma que já tinha por objetivo integrar a equipe Bombaja devido à sua admiração pela boa organização do projeto, e para os próximos meses, pretende manter o nível elevado da equipe e aprimorar o projeto de softwares na construção dos carros. Ainda neste ano, ocorre a competição regional Baja Sul, em Gravataí, de 11 a 13 de outubro, para a qual a equipe planeja aprimorar seus carros em busca de mais conquistas e preparação para o nacional de 2014.txt

Fotos: Laura Moura de Quadros

Baja SAE no Brasil e no mundo

Trabalho em equipe é incentivado 18 txt. maio de 2013

Em 1976, ocorreu a primeira competição de Baja SAE. A modalidade automobilística surgiu na Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, idealizada pelo Dr. John F. Stevens. No Brasil, o projeto Baja SAE foi lançado em 1994, e em 1995 foi realizada a primeira competição nacional da modalidade, na pista Guido Caloi, na cidade de São Paulo. Desde 2003 até os dias atuais, as competições de Baja SAE ocorrem na cidade de Piracicaba, interior do estado de São Paulo, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo.

BJ-11 durante competição nacional


paralelo

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Soldados do futebol americano Barbara Pesamosca e Rodrigo Thiel

E

time conta com o patrocínio de uma escola de idiomas. Assim, o único empecilho para um bom desempenho seria a conciliação da vida acadêmica/profissional com a rotina de um time. Mas, tanto Vinícius Zanon, defensive end (jogador do time de defesa), quanto Douglas dos Santos acham que “se tu fazes o que tu gosta, sempre dá tempo para fazer outras coisas e conseguir conciliar”. Zanon conciliou tão bem que foi convocado para integrar a seleção brasileira de futebol americano. Ele acredita que sua convocação fará a equipe crescer e ganhar visibilidade e que “o fato de jogar bem e estar na seleção é apenas um detalhe, pois o importante é o crescimento da equipe como um todo e fazer com que a população santamariense apoie e torça pelo time”. Campeão gaúcho em 2011 e criado com base em sonhos de meninos apaixonados pelo esporte da bola oval, o Soldiers consegue se autossustentar. Atualmente, disputa o Campeonato Gaúcho de Futebol Americano e, a partir do segundo semestre deste ano, vai participar do Campeonato Brasileiro. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) vai ceder o campo do Centro de Educação Física e Desportos (Cefd) para a disputa do campeonato nacional.

Além de emprestar o campo para os campeonatos, a UFSM auxilia os atletas em viagens e estadias. No momento, segundo o professor e diretor do Cefd, Marco Aurélio de Figueiredo Acosta, o Centro e o Gabinete do reitor ajudam o time de futebol americano, as equipes de futebol de campo que participam de torneios citadinos, como a Copa A Razão, e a um atleta de judô. Mas o apoio da UFSM ao Santa Maria Soldiers, que neste ano conseguiram parceria com o Cefd para jogar o campeonato brasileiro no campo da UFSM, não foi nada fácil. Além de ser apenas para o torneio nacional, a liberação do campo só vale para os dias de jogos em que não há previsão de chuva, pois a prática do esporte pode estragar o gramado e a preferência da cessão do estádio é para os times de futebol amador.txt

Douglas dos Santos, quarterback e um dos “generais” do Soldiers

Fotos: Laura Moura de Quadros

m meados de 2006, quatro amigos batiam bola no parque Itaimbé durante as folgas do colégio e do cursinho pré-vestibular. Como qualquer outro grupo de amigos, eles só procuravam lazer e diversão. Essa seria uma história comum, não fosse o fato de a bola não ser redonda, mas oval. O fato culminou na criação de um dos maiores clubes de futebol americano do Brasil, o Santa Maria Soldiers. Iniciar em um esporte que possui pouca visibilidade no país não é tarefa fácil. Segundo Douglas Rodrigues dos Santos, quarterback do Soldiers, principal função do time de ataque (no futebol americano há um time de ataque e outro de defesa), e um dos quatro amigos fundadores da equipe, o que mais se busca é o reconhecimento e a tentativa de derrubar a barreira do preconceito com o esporte erroneamente dito como violento. Além do estereótipo de violência, no início, o clube também sofria com a falta de apoio financeiro, tendo eles mesmos que financiar seus uniformes, equipamentos de segurança e também as viagens para as competições. Com organização, dedicação e força de vontade, o Soldiers superou todas as adversidades e buscou o crescimento. Hoje, além da venda de camisetas e adereços, o

Apoio da UFSM

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memória

Assufsm e Sedufsm: a recordação

P

oucos sabem, mas a UFSM possui duas grandes forças sindicais dentro do seu cenário: a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (Sedufsm) e a Associação dos Servidores da Universidade Federal de Santa Maria (Assufsm). Elas possuem linhas de pensamento diferentes, porém têm o mesmo objetivo: a luta por melhores condições de trabalho da sua categoria.

Fotos: Divulgação

Assufsm

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A história da Associação dos Servidores da UFSM (Assufsm) começa no dia 18 de setembro de 1973, com a fundação da Associação Beneficente dos Servidores (ABS) na UFSM. Mesmo com a criação de uma associação que apoiava os servidores da Universidade, eles lutavam por uma representação sindical, pois se encontravam em situação salarial ruim e necessitavam de uma organização que pleiteasse por melhores condições de trabalho. Porém, ainda por lei, os servidores não podiam ser sindicalizados. A partir da Constituição de 1988, os servidores conquistaram o direito de serem considerados uma classe sindicalista. Com a nova lei decretada, a ABS se transformou em Assufsm no dia 19 de setembro de 1990, e passou a fazer parte do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau do Estado do Rio Grande do Sul (Sintest-RS). Especialmente os técnico-administrativos aposentados da Assufsm relembrariam de acontecimentos e vivências dentro da Associação. As principais lembranças que eles possuem estão ligadas às lutas e conquistas em busca de seus direitos jurídicos e administrativos, e também por melhorias nas condições de trabalho que a categoria obteve. Na primeira quarta-feira de cada mês, ocorre reunião e confraternização com os servidores aposentados. Os assuntos são diversos, desde questões jurídicas e políticas, até interesses individuais ou coletivos. O aposentado Aniceto Moreira Cabral, 74 anos, conta que começou a trabalhar

na UFSM no ano de 1962, ainda quando a Assufsm era ABS. Nessa época, Cabral disse que não era assalariado e sim “recibado”, pois não era um funcionário fixo da Universidade. Em 1965, um concurso foi ofertado pela UFSM para que os trabalhadores pudessem ser oficialmente empregados pela instituição. A técnica de laboratório e recentemente aposentada, Genine Cézar da Silva, 58 anos, participou das reuniões dos aposentados da Assufsm. Em conversa, ela diz que a principal memória que possui como servidora da Universidade é a incorporação da Gratificação de Atividade Executiva (GAE), pois antes da greve de 2001, os salários dos técnicos eram muito baixos e, muitas vezes, contavam com doações da comunidade. Reni Fernandes da Silva, 67 anos, que trabalhou como servidora ainda na ABS, disse que a maior lembrança que tem da Associação é de ter conquistado independência. Ela explica que antigamente os trabalhadores usavam o nome da Associação Beneficente dos Servidores para pagar seus custos, e não seus próprios nomes. Os técnico-administrativos decidiram reivindicar essa situação e, após a conquista da independência, eles puderam ter o direito de eleição e transformar a ABS em sindicato. Como muitos outros aposentados que compareceram na reunião, Reni está há mais de dez anos aposentada, mas continua a manter laços com a Assufsm, principalmente para continuar a luta pelos direitos dos servidores.


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das lutas de duas categorias Francielli Campestrini e Paola Spencer

Sedufsm A Sedufsm foi fundada em 7 de novembro de 1989, já que em 1988 foi aprovada a Nova Constituição que assegurou os direitos à sindicalização e à greve. Os docentes reunidos em Assembleia Geral, presidida pelo professor Clovis Renan Jacques Guterres, atenderam a uma convocação da Comissão Provisória, sob a orientação do professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, suplente da vice-presidência Regional Sul do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior Andes-SN. O sindicato nasceu com autonomia política, administrativa e financeira e passou a ser uma instância organizadora e deliberativa territorial do Andes-SN. Com o objetivo principal de organizar sindicalmente os docentes da UFSM, amparado pelas prerrogativas sindicais asseguradas na Constituição Federal. Incluem-se também a promoção de estudos e seminários, divulgação e propostas enviadas ao Sindicato Nacional. Além disso, lutas por um ensino público e gratuito no Brasil, e junto à comunidade, enfatizar os problemas do ensino superior com o objetivo de obter apoio para a solução. O primeiro espaço físico e provisório foi em uma sala do oitavo andar do Prédio da Reitoria. Mas, em 1994 inaugura sua sede própria, onde permanece até hoje, na Rua André Marques, 665, no centro de Santa Maria. A Diretoria é composta de: Presidente; Vice-Presidente; Secretário-Geral;1º Secretário; Tesoureiro Geral;1º Tesoureiro e 1º, 2º e 3º suplentes e o tempo de mandato são dois anos. Podem sindicalizar-se à Sedufsm docentes ativos e aposentados, das carreiras do ensino superior e do ensino médio, técnico e tecnológico, nos campi da UFSM, CESNORS e UDESSM. Também os professores visitantes e substitutos que estejam em efetivo exercício. Todos devem comprometer-se a cumprir o Regimento da Seção Sindical e as deliberações de assembleias. São de direito dos associados votar, presencialmente; ser votado, presen-

cialmente; participar da Assembleia Geral; partilhar em igualdade (de condições) com os demais membros da Sedufsm, dos benefícios e da assistência que por ela forem prestados. É dever dos associados manter-se em dia com as contribuições da Sedufsm; acatar as decisões de caráter geral da Sedufsm e da Andes-SN; exercer com diligência os cargos para os quais for eleito; trabalhar pelos objetivos da Sedufsm e da Andes-SN; obedecer a este Regimento e ao Estatuto da Andes-SN. Desde a sua fundação, a Sedufsm tem sido protagonista de uma série de ações, nos campos político e jurídico, que representam ganhos concretos para a categoria docente. As vitórias e avanços obtidos através da luta sindical demonstram o quão importante é vincular-se a uma entidade representativa. Estar sindicalizado significa fortalecer a luta pelos interesses e direitos dos professores. Para o Presidente do Sindicato, professor Rondon Martim Souza de Castro, não existe uma maior conquista da Sedufsm. A entidade se constrói a cada dia, em muitas lutas por direitos e conquistas: “Posso dizer com certeza que os direitos adquiridos pelos docentes da UFSM, por exemplo, plano de carreira, salário e aposentadoria, somente foram possíveis com a atuação do sindicato. Sem lembrar os ataques dos seguidos governos, a Universidade somente se mantém pública, gratuita e de qualidade por causa da atuação sindical.” O que está em discussão na Sedufsm atualmente é a possível privatização dos hospitais universitários . Segundo Rondon, “Se observarmos a intenção governamental em privatizar os hospitais universitários, veremos que a medida não foi aplicada, justamente por causa da resistência que parte dos sindicatos. Há inúmeros enfrentamentos feitos pelos sindicatos que resultaram em vantagens ou benefícios.” A Sedufsm é uma entidade sem fins lucrativos, distinta de seus filiados, que não respondem ativa, passiva, subsidiária ou solidariamente pelas obrigações por ela assumidas.txt maio de 2013 txt. 21


cultura

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Do oboé ao violoncelo Carolina de David, Eduardo Molinar e Hellen Barbiero

Fotos: Hellen Barbiero

O

Programa de Extensão Musical de Santa Maria foi criado há mais de 30 anos pela iniciativa de professores que uniram seus projetos instrumentais num só. Segundo a coordenadora Silvia Cristina Hasselaar, que faz parte do curso desde 1994, o registro mais antigo do programa data de 1979 e foi realizado pelo Gabinete de Projetos. Atualmente, a sede do Programa, assim como as 11 salas de aula, localiza-se no segundo andar do Prédio de Apoio da Universidade Federal de Santa Maria, na Rua Floriano Peixoto, 1750. Ali ocorrem as aulas práticas e teóricas de instrumentos como violino, piano, canto e violão, os mais procurados pelos alunos. No mesmo local, fica a sala de ensaio da Orquestra Sinfônica de Santa Maria (UFSM). Alguns instrumentos, como de percussão e contrabaixo acústico, ficam no Centro de Artes e Letras (CAL), prédio 40 do Campus da UFSM, devido à melhor estrutura para serem abrigados. O programa oferece oficinas de instrumentos de sopro, como de clarineta, flauta-doce, flauta-transversa, trombone, fagote, saxofone, oboé e trompete. São disponibilizadas também oficinas para instrumentos de cordas, como violino, violoncelo, violão, contrabaixo (elétrico e acústico) e música popular (guitarra). Além disso, possui aulas de linguagem musical (teoria

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musical), canto, piano, percussão, teclado e musicalização infantil para crianças de dois a cinco anos. Para as crianças que fazem aula de violino, como o aluno Lucas Sanchotene (foto acima), os professores utilizam o Método Suzuki, que foi criado no Japão por Shinichi Suzuki e dizimado no Brasil por uma freira do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt. O método consiste basicamente em brincadeiras para que a criança se divirta enquanto aprende. Todo semestre, o Programa oferta cerca de 150 vagas para alunos a partir de dois anos de idade. Não há necessidade de vínculo dos alunos com a UFSM e há um valor a ser pago pelas aulas. Como são vagas limitadas, filas são comuns em período de matrícula, pois os cursos têm sido cada vez mais procurados, como informa a coordenadora Silvia Cristina. O calendário letivo do curso segue o plano de aulas da UFSM: há férias semestrais e anuais, pois os professores são vinculados à Universidade. Ao se matricular, o aluno pode frequentar até três tipos de aulas durante a semana: aula individual de instrumento, teórica coletiva e coletiva de instrumentos (atualmente há apenas a oficina de violino e prática instrumental). As aulas têm duração máxima de uma hora e acontecem de segunda a sexta. Durante o sábado, as salas de aula fi-

cam abertas para os alunos poderem praticar e estudar por conta própria. Além das aulas normais, o Programa oferece oficinas de preparação para o vestibular de Música, já que um dos critérios de admissão no curso é o domínio de um instrumento. Existem três categorias de professores no Programa, em que todos devem ter vínculo com a Universidade: alunos que fazem estágio, professores formados e colaboradores (do curso de música da UFSM). A abertura de bolsas, realizadas pelos colaboradores, é restrita para alunos de escola pública com vagas limitadas e se o bolsista faltar à aula sem justificativa perde o direito da bolsa.txt

Para atuar no projeto - Há em torno de 28 bolsistas que podem dar aulas a partir do primeiro semestre; - O estágio é remunerado, a bolsa é paga via Fatec e a seleção é feita de quatro em quatro meses; - Os graduandos de música são convidados ou indicados por professores; - Não conta como Atividade Complementar de Graduação (ACG), mas como experiência para o currículo; - As aulas são ministradas pelos bolsistas e por alguns professores do curso de música; - Apenas alunos de licenciatura podem estagiar.


cultura

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As múltiplas Faces de uma Exposição Francys Albrecht e Paula Mattos

A

exposição fotográfica As Múltiplas Faces do Retrato foi produzida pelos alunos do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e apresentada ao público no Centro de Artes e Letras (CAL). A exposição teve início no dia 3 de dezembro e permaneceu até dia 22 de dezembro de 2012, na sala Carriconde no hall do prédio 40, no Campus. A exibição fotográfica foi composta por 30 fotos que foram pré-selecionadas pelos próprios alunos em sala de aula. Aproximadamente 12 acadêmicos expuseram suas fotos e cada um teve a oportunidade de expor até seis trabalhos. As fotografias são em sua maioria em preto e branco e foram produzidas tanto em estúdio como em cenário urbano. As duas modalidades eram carregadas de expressividade humana. A mostra fotográfica é fruto de trabalhos produzidos por alunos da disciplina de fotografia do curso de Artes Visuais. A exposição foi coordenada pela curadoria composta pela professora doutora Raquel da Fonseca e pelo mestrando Rafael Happke. A disciplina tem como objetivo estudar a fotografia na arte, diferentemente das outras modalidades fotográficas, além disso, é ofertada para alunos de vários semestres, junto ao Apoio de Fotografia, disciplina complementar de graduação do curso. O principal requisito para participar da disciplina de fotografia é possuir câmera fotográfica, pois a UFSM não disponibiliza

material fotográfico para o centro e nem material para exposições. As Múltiplas Faces do Retrato foi custeada pelos alunos e organizadores do evento. Aos alunos era concedida a liberdade de criação fotográfica, restrito apenas ao retrato artístico. Nem todos os alunos participantes do evento possuíam experiência com fotografia anteriormente. A mostra fotográfica foi uma maneira de unir as fotos obtidas em exercícios práticos da disciplina e os trabalhos produzidos nos ateliês. O principal objetivo dos alunos, segundo a professora Raquel da Fonseca, estava em superar a dificuldade de produzir um retrato, pois através dele “podemos ser nós mesmos e vivermos esteticamente no outro”, ressalta. Os retratos expostos transmitiam diferentes sentimentos em seu público observador e estavam carregados de expressividade e emoção, seja natural ou fictícia. O processo de criação das fotos era individual. Cada acadêmico inspirou-se em diferentes aspectos do retrato, buscando variadas formas de externalizar sua sensibilidade. Para os alunos Estevan Garcia, Mauricio Dotto, Carlos Donaduzzi e Fernanda Hollerbach Giacomini (autores das fotos da esquerda para a direita), a exposição representou um aprendizado na vida pessoal e acadêmica. A oportunidade de expor um trabalho, considerado difícil como o retrato, foi de extrema importância e incentivou os alunos a continuarem a acreditar na fotografia e na arte para produzir cada vez mais.txt maio de 2013 txt. 23


perfil

Além da rotina

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Alberi dedica uma vida à Universidade, de segunda a segunda, 24 horas por dia Jéssica Ribeiro e Kelem Duarte

N

Arte: Richele Campestrini e Foto: Arianne Teixeira de Lima

a casa simples de cor azul, o caseiro sonhador faz planos para o futuro. Próximo da aposentadoria, cultua um sonho da mesma cor, a vontade de seu Alberi é morar “perto de água e pescar”. Leva uma vida humilde, porém, com um diferencial: o que é um centro de estudos, pesquisas e experimentos para muitos, a ele representa a própria moradia. Todos os anos cerca de cinco mil alunos ingressam na Universidade com o objetivo de concluir uma graduação, curso técnico ou pós-graduação. O aprendizado ocorre em sala de aula, laboratório ou em outros tantos espaços disponíveis para o aprendizado. Assim, é a rotina da maioria das instituições, e na UFSM não é diferente. A cada semestre observamos e nos encantamos com novos rostos, sonhos e perspectivas. No entanto, há quem permaneça na Universidade por um período maior de tempo, como os professores e servidores. Há também, aqueles que vivem no Campus. Esse é o caso de Alberi Francisco Barbosa, 51 anos, caseiro do Departamento da Zootecnia, que há 15 anos reside na UFSM. Com a perda da mãe aos quatro anos de idade, seu Alberi viu sua vida mudar e passou

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a viver apenas com o pai. Aos sete, outra grande mudança aconteceu, foi morar em Porto Alegre. Voltou à terra natal, Santa Maria, com 17 anos, quando casou-se pela primeira vez. Aos 18 encontrou a possibilidade de entrar na Universidade de um jeito diferente: não para estudar, mas para trabalhar. Inicialmente, Alberi acompanhava como motorista os mestrandos e doutorandos do curso de Zootecnia em viagens de estudos. Nesta função, houve a necessidade de morar mais próximo do trabalho. A proximidade foi tanta que Alberi encontrou no próprio Campus um lar para residir. Mudou-se, então, com a esposa e o filho, inicialmente para uma casa próximo ao Cefd, e, hoje, já soma 33 anos de dedicação à Universidade. Algumas concepções mudaram ao longo do tempo, pois o motorista que carregava zootecnistas, agora, trabalha em outro Departamento da UFSM. A fim de auxiliar nas aulas práticas de regulagem e implemento de máquinas agrícolas ele foi “emprestado’’ a outro setor. Atualmente, integra a equipe do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas (Nema). Alberi é operador de máquinas, o que lhe proporciona o contato direto com os alunos. Através de pesquisas de campo e

trabalhos em sala de aula, interage com mestrandos e doutorandos. Esse contato é um dos diferenciais que impulsionam o caseiro: “Aqui a gente tem uma segunda família. Entre funcionários, professores e alunos [...] todo mundo se dá bem, se trata bem. A convivência é muito boa e a gente tem até gosto de trabalhar. Aqui a gente não tem do que se queixar, é tudo tranquilo. É uma mania do setor, isso já foi implantado pelos professores antigos”. Além disso, seu Alberi desempenha outra função na Universidade, no Laboratório de Avicultura, onde é responsável pelo funcionamento correto de um gerador. O caseiro tem apenas 40 minutos para reestabelecer a energia elétrica do setor em caso de queda de luz, para que os animais não sejam prejudicados. Esta ocupação faz com que ele pouco se desloque para outras regiões da cidade, pois o plantão é contínuo: de segunda a segunda. Este se tornou um dos motivos para a sua permanência no Campus, mas isso não parece um empecilho ou desgaste para ele. A sua rotina diária se confunde com a dos estudantes e servidores da UFSM, pois passa 24 horas envolvido no trabalho. Apesar de viver em um lugar que oferece educação de nível superior, seu Alberi possui somente ensino médio. Com simplicidade, se mostra uma pessoa serena e que almeja apenas o sossego. Satisfeito com a vida que leva, ele diz que a melhor oportunidade que teve em sua vida foi morar na Universidade. E reconhece que com a escolaridade que possui não haveria como ambicionar muito mais do que conquistou: “Nunca joguei nada para ter esse desejo de ficar rico, porque com segundo grau tu não enriquece”. Ao lado do Laboratório da Cunicultura (nutrição e manejo de coelhos), fica localizada a atual residência de seu Alberi, onde moram também sua atual esposa e seu filho, de 16 anos. O caseiro tem a Universidade como pátio da residência, de onde pode observar a movimentação dos alunos que circulam pelos Laboratórios próximos. Seu sonho jamais foi ter posses materiais, mas sim poder desfrutar de um lugar tranquilo para que possa aproveitar a vida, como a beira de um rio, açude ou até mesmo a imensidão do mar.txt


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