Ano V - Número 15 Maio de 2012
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A situação das obras dos novos acessos à UFSM Página 7
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O que mudou após a ocupação da reitoria em 2011
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Cultura, música e entretenimento na Rádio Universidade Página 22
sumário entrevista
UFSM oportuniza intercâmbio através da SAI
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paralelo
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geral
A voz do movimento negro na Universidade
Como estão os acessos secundários à UFSM
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geral
Inovações na creche Ipê Amarelo
capa
O desafio de ir ao banheiro na UFSM
geral
As mudanças depois da ocupação da reitoria
de dentro para fora
Aulas de dança para 3ª idade no CEFD
de fora para dentro
Feira de hortifruti: opção saudável na UFSM
categorias
Jardim botânico é objeto de estudo
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cultura
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cultura
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Foto: Reinaldo Guidolin
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Vestuário: diferentes estilos na UFSM Os diferentes sons na Rádio Universidade
perfil
Conheça um pouco mais de um artista idealista
expediente Revista Laboratório do 3º semestre de Jornalismo da UFSM Edição: Viviane Borelli Sub-edição: Reinaldo Guidolin e Victor W. Carloto Diagramação: Bianca Pereira, Laissa Sardiglia, Leonardo Cortes, Matheus Thomas e Vinicius Gaiger Revisão: André Alves, Augusto Vasconcelos, Mariana Cunha Fontana, Nathieli Cervo e Nicholas Lyra Foto e Arte: Bianca Souza, Daniela Pin, Karohelen Dias, Laissa Sardiglia, Luciele Oliveira, Matheus Thomas e Myrella Allgayer Divulgação: Franciele Varaschini, Karohelen Dias e Luiza Bayer Edição online: Bianca Pereira, Rafael Winch e Sandrine Müller Capa: Ronei da Cruz Ilustração da capa: Monike Borsoi (Desenho Industrial) Professora Responsável: Viviane Borelli Mtb/ RS 8992 Endereço: Campus da UFSM, prédio 21, sala 5234 Telefone: (55) 3220 8487 Impressão: Imprensa Universitária Data de fechamento: 7 de maio de 2012 Tiragem: 700 exemplares www.ufsm.br/revistatxt txt.revista@gmail.com
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INICIO DAS OBRAS DA CASA DA COMUNICAÇÃO No início de maio, começaram as obras das fundações da Casa da Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Com 2.460 m², o prédio abrigará os estúdios de televisão, rádio e laboratórios dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Produção Editorial. No prédio, também vai funcionar a coordenadoria de comunicação da universidade que engloba a TV Campus, a Rádio Universidade e a Agência de Notícias, além da Rádio FM que entrará em funcionamento após o término da construção. O prédio fica ao lado do Centro de Convenções próximo à reitoria. A Casa vai abrigar os laboratórios do curso de comunicação e não terá salas de aula. De acordo com o arquiteto da Alessandro Diesel da Próreitoria de Infraestrutura, as instalações serão divididas com a Coordenadoria de Comunicação com o objetivo de aproximar os cursos de comunicação aos órgãos comunicacionais da universidade para proporcionar um melhor desenvolvimento pedagógico da prática das profissões. O professor do curso de Publicidade e Propaganda e coordenador do Estúdio 21, Luciano Mattana, ressalta que apenas os estúdios serão divididos entre a coordenadoria e os cursos de comunicação, respeitando-se a especificidade de cada um. A empresa responsável pela construção do prédio é a Instaltec, de Porto Alegre, que pretende entregar a obra no final desse ano já que ela tem um prazo de 360 dias após a assinatura do contrato assinado no dia 16 de dezembro de 2011. As obras têm o valor de mais de R$ 3 milhões.
carta ao leitor SANTA MARIA IMERSA EM LIVROS De 28 de abril a 13 de maio aconteceu mais uma edição da Feira do Livro de Santa Maria, na Praça Saldanha Marinho. A feira contou com a participação dos Cursos de Comunicação (Facos) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que realizou diversas atividades nesta edição, entre elas a exposição realizada na Casa de Cultura sobre o projeto Comunicação em História. No projeto os visitantes puderam acompanhar a trajetória da evolução da comunicação. “A UFSM tem um papel que vai além da universidade, contribuindo para que o corpo dicente aprenda e ocupe uma posição profissional, educativa, social e plural” comenta a professora de Produção Editorial, Marília Barcellos. Também ocorreram os lançamentos dos livros “Estratégias midiáticas”, “Identidades midiáticas” e do e-book “Práticas e discursos midiáticos: representação, sociedade e tecnologia”. A primeira edição da revista de jornalismo literário “Proa” foi lançada no dia 7 de maio. Os alunos da disciplina de Pesquisa de Opinião Pública realizaram uma pesquisa sobre o perfil dos consumidores da feira. Como ocorre todos os anos, a Facos Agência fez a campanha publicitária, que teve o tema: “Que sentidos a leitura te desperta?”.
40 ANOS DA FACOS Foi com um encontro organizado através do Facebook que ex-alunos das turmas dos anos 80 e 90 da Facos comemoraram os 40 anos dos cursos de Comunicação. Sob a organização da egressa Rosângela Florczak, e com o apoio da professora e chefe do Departamento de Ciências da Comunicação Ada Cristina Machado Silveira, que Guiomar Prates, Patrícia Comunello, Maria Helena Soares, Cezar Freitas, Patrícia Feiten, Nilson Vargas, Claudemir Pereira e Jaqueline dos Santos visitaram, no dia 7 de abril, o prédio 21. A Professora apresentou alguns dados sobre a instituição, as melhorias no ensino, nos equipamentos e no quadro de docentes que ocorreram após a saída desses alunos. Foi exibido um vídeo produzido pela Facos Agência sobre as mudanças nos 40 anos de cursos. Os ex-alunos deram depoimentos sobre sua passagem pela UFSM e deixaram recados para os atuais alunos de comunicação.
É difícil medir a importância que a Universidade Federal de Santa Maria representa para o desenvolvimento do município e da região. A vida das pessoas ao seu redor é afetada pelo conhecimento que é produzido e multiplicado aqui dentro. A Universidade é um ambiente em que o saber está em constante expansão. Fomentado com recursos oriundos da população através de impostos, o conhecimento retorna para a sociedade. Os mais de 30 mil agentes envolvidos, entre estudantes, professores e técnicos administrativos em educação trocam suas experiências com os demais membros da comunidade. É dessa forma que uma universidade afeta a vida da sociedade onde se insere. É com o desenvolvimento tecnológico e humano voltado para a inclusão social que nos leva a uma sociedade mais igualitária e justa. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB/ Lei n.º 9.394 Capítulo IV da Educação Superior, diz no Art. 43 – “A educação superior tem por finalidade: promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade; além de estimular o conhecimento dos problemas do mundo, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; promover a extensão visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes das pesquisas geradas na instituição.”. A revista .txt entende ser fundamental essa relação estreita entre universidade e comunidade. Nessa edição, abordamos o movimentro negro na UFSM, as atividades de dança para a terceira idade, a relação dos trabalhadores rurais da Feira com os estudantes, a ampliação de vagas na creche Ipê Amarelo para a comunidade externa, o impacto das obras dos acessos secundários na região e a promoção da cultura pela Rádio Universidade. Reinaldo Guidolin, Victor W. Carloto e Viviane Borelli
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entrevista
Conhecimento além das fronteiras UFSM oferece oportunidades de intercâmbio através da SAI
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iajar. Conhecer lugares, pessoas, culturas. Esse parece ser o roteiro de férias dos sonhos da maioria das pessoas. Mas, não é só nesse período que se pode fazer isso. Aliás, mais interessante seria fazê-lo durante o período da graduação: conhecer lugares, pessoas, culturas e estudar. Porém, há muitas coisas que são objeto de desejo, frutos de esforços e que esbarram em problemas como a falta de contatos no exterior ou de ordem financeira. É para conseguir viabilizar essa experiência que a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) mantém a Secretaria de Assuntos Internacionais, a SAI. Localizada no prédio da Reitoria, a SAI auxilia acadêmicos brasileiros a estudarem em outros países. A partir de acordos e convênios com universidades do exterior, alunos da UFSM podem partir rumo à experiência de viver em outro país e inserir-se em novas culturas. Desde o contato com a instituição em que o aluno irá fazer o curso, ajuda com custos de moradia, transporte e outras despesas, a universidade, através da SAI, torna possível a oportunidade de experimentar e vivenciar outra cultura ao aluno interessado. Foi a partir de conversas com amigos, que já haviam tido a experiência, que o estudante de Medicina Veterinária da UFSM, Bernardo Muniz, soube dessa possibilidade. Apoiado pela secretaria, ele estudou durante quatro meses na Argentina. Natural de São Borja RS, Muniz conta que não teria condições de passar tanto tempo fora da cidade, uma vez que seus pais já mantêm apartamento em Santa Maria. Os gastos seriam, se não inacessíveis, um grande problema para a viagem. O auxílio dado pela instituição foi fundamental. Graças ao convênio entre as universidades, o acadêmico não teve quase nenhuma despesa, e ainda ganhou uma ajuda de custo mensal. As dificuldades, segundo ele, foram mínimas, e os aprendizados, muitos. A principal lição trazida da região do Prata foi a seriedade com que os alunos argentinos levam as aulas. O conhecimento adquirido em um intercâmbio vai além das paredes de uma sala, das palavras de um professor. No país vizinho, Bernardo conviveu em uma casa com pessoas de países e culturas muito diferentes. Ainda em relação aos conhecimentos obtidos nas viagens de estudo ao exterior, o coordenador do curso de Relações Internacionais da UFSM, professor José Silveira, afirma que, no futuro, as trocas interculturais serão requisitos básicos para a inserção no mercado de trabalho. A busca pelo diferente, de acordo com ele, demonstra qualidades 4 .txt Maio 2012
Matheus Massotti Thomas e Vinicius Gaiger essenciais nos alunos, como a curiosidade e a inquietação. Silveira conta que, dentro do curso do qual faz parte, tem incentivado a ida de estudantes ao exterior. Para ele, o conhecimento adquirido vai além do acadêmico, pois é uma forma de amadurecer como ser humano. E, da mesma forma que estudantes brasileiros vão, outros fazem o caminho inverso. A UFSM recebe universitários “forasteiros”, dispostos a viver a nossa cultura. É o caso do acadêmico de Relações Internacionais, o norte-americano Zachary Palmer. A Indiana University, onde Palmer estudava nos Estados Unidos não possui um convênio com a UFSM, mas, mesmo assim, a vinda do jovem foi intermediada pela SAI. Após viver por dois anos em Santa Maria, quando cursava o Ensino Médio, ele decidiu voltar ao Brasil depois de entrar na universidade. Coincidentemente, a melhor resposta a vários e-mails enviados veio da UFSM. Na segunda passagem à cidade, mais maduro, ele diz que o grande ensinamento aprendido aqui, que será levado a seu país, é o de mudar a imagem dos países latinos nos Estados Unidos. Já o convênio entre a universidade alemã que Caroline Gessner frequenta na Alemanha e a UFSM tornou possível a vinda da acadêmica. O intercâmbio da germânica é um item obrigatório na grade curricular do curso de Ciências da Computação da sua universidade. O fato nos mostra um abismo entre as duas realidades econômicas e culturais. Apesar disso, Caroline diz estar impressionada com o tamanho da UFSM e o carisma do povo brasileiro. Para o professor Silveira, as grades curriculares dos cursos de graduação do Brasil deveriam obrigar uma experiência mundo afora. Porém, ele entende que o país ainda caminha devagar na questão de financiar a ida de jovens para universidades estrangeiras e, apenas com o auxílio do estado e das universidades, é que essa obrigatoriedade seria possível. Segundo ele, o país esbarra em uma burocracia exacerbada, além de não pôr devidamente em prática projetos criados para esse fim - como o Programa Ciência Sem Fronteiras, que deveria distribuir 101 mil bolsas no exterior e atrair estrangeiros, e que só teve 3% do número inicial de bolsas aplicadas. Apesar das críticas, o professor considera a SAI um modelo de gestão dentro da UFSM e do seu campo de atuação. Para tirar as dúvidas em relação aos intercâmbios e oportunidades concedidas pela secretaria, confira uma entrevista com o assessor para assuntos internacionais da SAI, Ney Luis Pippi.
.txt .txt - Como funciona, de forma geral, o convênio da UFSM com as universidades do exterior? Ney - Primeiramente, existe uma proposta, por interesse de um professor, de um aluno, ou da instituição, para realizar um convênio com outra. Há um modelo de convênio, que passa pelas diversas instâncias das universidades. Na UFSM, deve ser aprovado pelo conselho superior, e depois oficializado com a assinatura do reitor. Esse é um convênio amplo, de universidade para universidade. Há ainda os convênios entre os departamentos das universidades, onde é feito um acessório só para o departamento e, se aprovado, realizado o convênio. É designado um coordenador, pelo reitor, para cada um desses convênios. .txt - Há a possibilidade de bolsa de estudo para os alunos que não têm condições de bancar uma ida ao exterior? Ney - Sim. Inclusive, há um novo programa do governo, o Ciência sem Fronteiras, que prevê 100 mil bolsas em quatro anos, com tudo pago: passagem de ida e volta, bolsa mensal de manutenção (hospedagem e alimentação), seguro saúde e ainda um laptop para cada bolsista. E isso independe da condição econômica do estudante, mas sim de um bom histórico escolar e, em alguns países, do teste de proficiência.De qualquer forma, o aluno tem de se preparar. Visando isso, está sendo montado um programa, juntamente com o Departamento de Línguas do Centro de Artes e Letras, onde os alunos de pós-graduação se responsabilizariam por ajudar a preparar os futuros intercambistas, principalmente na Língua Inglesa. .txt - Há a possibilidade de aproveitamento das matérias que o aluno estiver cursando no exterior? Ney - Para isso, há algo importante: planejamento. O aluno deve entrar na página da universidade pretendida, ver as disciplinas relacionadas ao curso que existem lá, e as que ainda precisam ser concluídas aqui. Então, é necessário escolher as disciplinas e encaminhar ao departamento do curso, que deve aprová-las. Se alguma disciplina não for aprovada, ainda pode ser computada como Disciplina Complementar de Graduação (DCG). A intenção é que não seja perdido esse semestre e que o aluno vá sem essa preocupação.
.txt - O que deve ser feito para facilitar essa internacionalização? Ney - Primeiramente, aprender a falar mais um ou dois idiomas. Na Europa, todos falam duas ou mais línguas - algo que já é cultural, pela proximidade das fronteiras. Já aqui, temos uma fronteira enorme com países hispanos, e quase ninguém fala espanhol.Quem é mais favorecido entra na universidade já tendo frequentado alguns anos de curso de inglês, de alemão. E quem não teve essa chance, tem de tê-la aqui dentro, para poder se preparar. Também estamos trabalhando em programas de pós-graduação que recebam pós-doutorandos estrangeiros, que vêm falando outra língua. Na pós-graduação, então, deve-se ter a possibilidade de o professor ministrar uma aula em outro idioma. Na Itália, praticamente todo o sistema de pós-graduação é ministrado em inglês. Temos, então, de nos preparar sempre, participar de redes internacionais e desenvolver projetos de pesquisa com universidades do exterior. .txt - Além do aprendizado de uma nova língua, qual a sua opinião sobre o intercâmbio? Ney - Você fica imerso em outra cultura, em “outro mundo”, onde quase tudo é novidade. Outro sistema acadêmico, outra visão de universidade, outra vivência. No Uruguai e na Argentina são realizados exames orais, com dias marcados, independentemente da turma. Em outros locais, quase não há aulas por parte dos professores. No primeiro dia, é explicado o programa da disciplina, com três ou quatro artigos para serem estudados, testes sobre isso, e um aluno é sorteado por aula para um seminário. Então, isso é algo que vai cada vez mais acontecer, com menos aulas presenciais, e mais tarefas para casa, mantendo o aluno ocupado. Também há a questão da convivência com outra cultura, outro tipo de folclore, de dança, de culinária - o que, com certeza, desenvolve muito o intercambista como pessoa, levando-nos também a valorizar mais o que temos aqui: a família e os amigos. .txt
.txt - Como funciona o sistema de apadrinhamento? Ney - É um sistema que já funciona há mais de um ano e tem como objetivo ajudar o estudante estrangeiro a não se sentir tão sozinho dentro da instituição e da cidade. É uma oportunidade também para os nossos alunos terem contato com estrangeiros. Porém, os padrinhos, em sua maioria ainda são alunos que já fizeram intercâmbio e já sentiram na pele essa dificuldade.As responsabilidades do padrinho vão desde esperar o intercambista na rodoviária, levar para o alojamento, mostrar a universidade, ir à Polícia Federal, ao Derca, enfim,os primeiros contatos. Depois, se houver afinidade, pode extrapolar um pouco essas funções e mostrar a cidade. Os padrinhos não têm de fornecer nada, somente ajudar na adaptação do estudante estrangeiro. Foto: Matheus Massotti Thomas
.txt - É possível fazer estágio no exterior durante o intercâmbio? Ney - Há programas específicos que preveem aula e estágio. É possível você fazer o último semestre no exterior, até defender seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Houve uma aluna que estava em Milão e defendeu lá e aqui o seu TCC, recebendo dois diplomas. A nossa universidade tem se preparado para a internacionalização porque, além de mandar gente para fora, nós temos também de ter estrutura para atrair alunos de outros países. Como, por exemplo, cursos que possam ser ministrados em outras línguas e a possibilidade de um aluno apresentar um TCC ou tese em outra língua.
Ney Luis Pippi informa sobre a possibilidade de intercâmbio Maio 2012 .txt 5
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Voz ativa O Movimento Negro nas universidades Laissa Sardiglia e Rafael Winch
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Foto: Laissa Sardiglia
pós o Supremo Tribunal Federal considerar constitucional a adoção de políticas de cotas para negros e indígenas no último dia 26 de abril, o assunto volta à tona nas universidades públicas. No entanto, as cotas já são uma realidade no ensino superior brasileiro, especialmente na Universidade Federal de Santa Maria, que destina 14% de suas vagas para afrodescendentes. A adoção de cotas repercutiu em uma ampliação do movimento negro, que é atuante nas discussões que pautam a autoafirmação do estudante negro no ensino superior, principalmente em relação ao aperfeiçoamento das políticas de cotas. O professor do curso de história da UFSM, Cícero Santiago, diz que se atualmente é possível debater essas questões em âmbito nacional, isso se deve à unificação do Movimento. Ele conta que antigamente havia experiências de resistência à escravidão e de associações culturais e sociais entre negros, porém, eram mobilizações desfragmentadas. Hoje, o movimento negro está unificado e difundido pelas universidades. Nas universidades federais, apesar das políticas de cotas, os negros ainda são minoria. Em 2011, A Associação Nacional dos Dirigentes
Luis Rosa 6 .txt Maio 2012
Sérgio Marques
das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) revelou, após estudo, que apenas 8,72% dos estudantes de graduação são negros. O espaço do negro no ensino superior ainda está se construindo. Para isso, Santiago demarca como medidas, além da mobilização do negro, políticas que visem à permanência do cotista e a conscientização da universidade a respeito desses ingressos. O professor destaca a necessidade de subsídios aos estudantes cotistas e uma reforma curricular capaz de compreender e transmitir o universo desses recém-ingressos. Na UFSM, duas organizações debatem essas questões: Afronta e Associação.
“O movimento é diverso e a gente tem que respeitar a diversidade dele”, ressalta Santiago.” Afronta (Coletivo de Estudantes Negros da UFSM) Fundado em 2010, o coletivo é a primeira organização entre estudantes negros da UFSM. O grupo, de 38 membros, tem como objetivo desenvolver ações de afirmação da identidade do negro tanto dentro, quanto fora da universidade. Além disso, sua organização se dá de forma descentralizada, ou seja, sem liderança. O Afronta participa da Comissão de Ações Afirmativas da UFSM, buscando aperfeiçoar a política de cotas. Segundo o estudante de Publicidade e Propaganda e membro do coletivo, Sérgio Marques, o grupo considera que essa política precisa promover assistência ao negro, visando sua permanência no espaço universitário. Conforme ele, também deveria ocorrer entrevistas com os estudantes negros antes deles ingressarem na universidade através das ações afirmativas, o que evitaria fraudes. Além disso, o grupo também desenvolve diversos projetos, principalmente voltados para a conscientização do negro sobre a sua etnia. Entre eles está o “Afrontan-
do Seu Conhecimento”, realizado com estudantes do ensino médio de escolas públicas. Mesmo com seu recente surgimento, o grupo já conseguiu adquirir visibilidade no movimento negro, principalmente após sua participação no Encontro Nacional dos Estudantes Negros (Enune). Sergio ainda conta que o Afronta foi a maior delegação entre todos os estados, além de ter feito o discurso final do evento.
Associação de Estudantes Negras e Negros da UFSM (Aennufsm) Resultado de uma cisão no Coletivo Afronta, o grupo surgiu em 2011 com o objetivo de abordar a negritude por outro viés metodológico. A Associação, que é composta por oito membros, busca representar a comunidade negra por meio de auxilio e sessões de estudo centrados nas questões afro. A Aennufsm também participa da Comissão de Ações Afirmativas da universidade. Segundo o estudante de Ciências da Computação e coordenador de Comunicação da Associação, Luis Rosa, as ações afirmativas são a maior conquista do Movimento Negro nos últimos anos. No entanto, ele resalta que esse sistema foi implantado de forma rasa na UFSM, já que há política de acesso, mas não política de permanência dos cotistas. Luis também cita outras mudanças significativas: a legitimidade da causa, visibilidade do movimento e a auto-organização dos estudantes negros na universidade. Em 2011, a Associação promoveu o I Encontro Regional dos Estudantes Negro (Erenes) a fim de possibilitar um espaço de reflexão e discussão a respeito da realidade social e racial brasileira. Conforme Luis, o saldo do evento foi positivo, o que motiva a intenção de uma segunda edição neste ano. Para Santiago, o Movimento Negro está bem representado na UFSM por duas organizações que possuem pautas especificas. Os dois grupos questionam o currículo da graduação e esperam mais reconhecimento da Universidade. .txt
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Novos acessos à UFSM...
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empresa Della Pasqua Engenharia LTDA. O acadêmico de Agronomia, Gian Pereira Noal, 19 anos, usa o acesso oeste diariamente e conta que gostou muito do novo caminho. Na parte que pertence à universidade, o asfalto, segundo ele, é impecável. Porem, reclama do trecho sem asfaltamento, que, em função dos buracos, acaba atrasando um pouco o percurso, que poderia ser mais rápido. Segundo Noal, o novo acesso, depois de terminado, só tem a contribuir para diminuir a ‘tranqueira’ da faixa nova, como ele se refere.
“a poeira é infernal” Além disso, o estudante acredita que em horários de pico, ou épocas de trânsito intenso, como no vestibular, o novo acesso facilita, em partes, o fluxo da BR 287. Mas pensa que o principal motivo da lentidão são os próprios motoristas. “Os carros trafegam muito devagar e acabam criando engarrafamentos. Se cada motorista saísse uns trinta minutos antes do seu horário de aula e pensasse um pouco mais no coletivo, não daria brechas para acidentes e congestionamentos.” As reclamações com relação à inexistência de asfalto no acesso que liga a UFSM à Faixa Nova de Camobi, pelo lado oeste, não partem somente de alunos, professores e funcionários que utilizam o caminho para facilitar seu percurso. É grande o número de residências às margens da estrada Arroio do Só e os moradores são os mais prejudicados. Segundo a dona de casa, Magelaine de Paula, de 43 anos, que nasceu e foi criada naquela região, o que mais
incomoda é a poeira e a quantidade enorme de buracos que a estrada possui: “aqui virou um inferno, a poeira é infernal”, desabafa Magelaine. A moradora de Pains relata que era desejo de toda a população das margens da estrada que o local recebesse asfalto ou oportunizasse uma rota para chegar à UFSM. Por ser um lugar muito parado, caso houvesse um ambiente propício à circulação, seria maior o movimento de carros e ônibus no local. Ela conta que na época do vestibular da instituição, em dezembro passado, em função do congestionamento que se formou no sentido Faixa Nova - campus, o local começou a ser utilizado pelos estudantes. Contudo, como a rua se encontrava em situação muito precária, a Prefeitura de Santa Maria foi até lá e colocou provisoriamente um asfalto na estrada. Porém, algum tempo após o término das provas, o asfalto foi retirado, servindo apenas como teste, conforme conta a moradora. Magelaine diz que sua queixa é com relação à poeira e à buraqueira que existe na Estrada Municipal Silvio Schirmer. Para ela, que passa o dia todo em casa, em função dos filhos e das atividades domésticas, a poeira incomoda muito, pois acaba interferindo na rotina da casa: “a casa ficou horrível, só podíamos lavar e pendurar as roupas à noite, e dentro de casa.”, lamenta. A dona de casa acredita que, se houver um projeto da Prefeitura para melhorar a qualidade da rua, todos ganharão, uma vez que, a parte que cabia à Universidade asfaltar, está concluída.
Foto: Bianca Jaíne Souza
esde fevereiro de 2011, estão em andamento as obras para as vias de acesso secundário à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Os dois novos caminhos, um à leste e outro à oeste, apesar de serem planejados para desafogar o trânsito na Avenida Roraima e, também, facilitar o acesso de ambulâncias ao Hospital Universitário, de Santa Maria (HUSM) ainda apresentam inúmeros problemas. A via à oeste localiza-se atrás da Fatec e estende-se até a esquina do ginásio Dalla Favera, na Faixa Nova de Camobi (BR 287). São 1580 metros asfaltados pela universidade até a estrada municipal de Pains, onde iniciam os 1700 metros da estrada Arroio do Só (Estrada Municipal Silvio Schirmer) que pertence ao município e que ainda não possui pavimentação. Outro acesso é à leste da Avenida Roraima e sua extensão é de 300 metros. Ele que vai da rua lateral da biblioteca central, passa atrás do prédio 26 do Centro de Ciências da Saúde (CCS), e termina ao lado da Veterinária Camobi, na Rua 5 de março. Esse caminho é destinado, especialmente, à entrada e saída de ambulâncias no Hospital Universitário. As estradas só podem ser utilizadas em horário de expediente, de segunda-feira à sexta-feira, das 7 às 19 horas e aos sábados das 7 às 14 horas. Segundo o Coordenador de Obras e Planejamento Urbano da UFSM, o Engenheiro Edison Andrade da Rosa, o valor pago pela pavimentação é de R$ 3.852.991,64, com recursos próprios da Universidade e as obras foram realizadas pela
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...mais distante
projetos, ideias e planejamentos diferentes. A universidade construiu novos acessos internos, entradas e saídas que ajudam o escoamento de veículos e aliviam o trânsito. Só que, ela teve um planejamento solo, ou seja, ela planejou tudo isso internamente e não junto com a prefeitura de Santa Maria.”. Segundo ele, não houve uma reunião entre as instituições para tratar das obras de construção dos acessos ao campus, e sim, um projeto interno, que é um direito da universidade. Mas isso foi feito sem a procura por parte da “prefeitura do camEdison da Rosa pus’’ a prefeitura da cidade. Dessa forma, Percorrendo os acessos oeste e leste, ob- Calil garante que não foi possível um traserva-se falta de manutenção, muitos buracos, balho em conjunto. O secretário ressalta poeira, nenhuma sinalização e calçamento ir- que nunca houve por parte da prefeitura, regular, em certos trechos. De acordo com o o compromisso de asfaltar quaisquer treCoordenador de Obras chos referidos aos acessos Calil afirma que e Planejamento Urbano secundários à UFSM. da UFSM, o Engenhei- Universidade e Prefeitura O Secretário afirma ro Edison Andrade da que os percursos são estrasão instituições com Rosa, a pavimentação da das com buracos e poeira e Estrada Municipal Silvio planejamentos diferentes. que não teriam condições Schimer e da Rua 5 de de ter o movimento que têm hoje em dia. Março é de obrigação da prefeitura municipal Este é um problema que a prefeitura munide Santa Maria. cipal terá de resolver, mas é categórico ao Contudo, o Secretário de Infraestru- dizer que não conseguirá fazê-lo da noite tura e Serviço, Tubias Calil diz que a Uni- para o dia. Toda a infraestrutura da estraversidade e a Prefeitura são instituições da terá de ser feita, porém, essa obra não diferentes que trabalham com orçamentos está dentro dos planos da prefeitura no e planejamentos separados. Segundo ele, “a momento e acrescenta: “Em virtude desse UFSM tem um orçamento bem maior do problema, a prefeitura de Santa Maria vai que o da prefeitura de Santa Maria, ou seja, ter que fazer um estudo, um planejamensão duas coisas diferentes. Sendo assim, há to. Para asfaltar aquele trecho, o valor não
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e do que parece
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baixa de 3 milhões (...) Não estou aqui questionando se a Universidade deveria fazer esse acesso ou não, apenas acho que deveríamos ter trabalhado em parceria.” Calil acredita que as novas entradas da UFSM não resolverão o problema do trânsito, porque elas não anulam a necessidade de trafegar na faixa nova, onde o movimento é muito intenso. Para ele, esse assunto deveria ser discutido em âmbito maior, referindo-se à duplicação da RS 509 e da BR 287: “Esses trechos de mais ou menos dois quilômetros não vão resolver o problema.”. Como a Universidade e a Prefeitura são órgãos diferentes, podem ocorrer certas faTubias Calil lhas na comunicação entre as instituições, móveis. E, assim, proporcionar alternativas como supõe o secretário. Para o escoamento para que os motoristas possam “fugir” dos do trânsito na entrada e saída do campus, Ca- congestionamentos na rodovia - tanto no lil sugere a Avenida Rodolfo Behr, do bairro sentido Centro-UFSM, quanto no sentido Camobi, que possui uma extensão grande e UFSM-Centro -, além de facilitar para as ampoderia ser uma solução prévia para o mo- bulâncias que necessitam de espaço livre para vimento caótico de veículos. trafegar. Em contrapartida, Edi- Segundo Rosa, os O engenheiro comenta son Andrade da Rosa, diz acessos por parte da que, além dessas duas novas que os novos acessos já estão alternativas para se chegar concluídos por parte da Uni- Universidade estão à Universidade, existe um versidade, o que falta são as novo acesso ao Sul da UFSM, concluídos. guaritas para os vigilantes, o Tambo. Porém, esse acesque devem ser terminadas em breve. Com a so é restrito, sendo utilizado, na maioria das obra das guaritas acabada, os acessos terão vezes, por moradores do local e pessoas que vigilantes em turno integral e, não somente, tenham autorização. no horário de expediente, como vem aconteHá um impasse aparentemente sem uma cendo atualmente. solução breve. Um projeto planejado para O coordenador garante que só falta a amenizar o caos que se formou na Faixa Prefeitura de Santa Maria arrumar a parte Nova, com o aumento no número de carros, dos acessos que cabe a ela a fim de que os gera contradições e divergências entre Unilocais possam receber fluxo intenso de auto- versidade e Prefeitura. .txt
Fotos: Bianca Jaíne Souza e Mariana Cunha Fontana
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Franciele Varaschini, Karohelen Dias e Reinaldo Guidolin
Bem-vindo a Ipê Amarelo Conheça a história, as mudanças e as obras de ampliação Franciele Varaschini, Karohelen Dias e Reinaldo Guidolin
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á mais de 23 anos a Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo atua na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O espaço dedicado às crianças, passa por algumas mudanças tanto na estrutura física quanto na pedagógica. Localizada na entrada do Campus, a Ipê Amarelo desenvolve atividades de cuidados e educação com crianças entre 0 a 6 anos de idade em turnos parcial ou integral durante todo o ano. A instituição já foi vinculada a diferentes setores da Universidade, como a Pró-Reitoria de Assuntos estudantis (PRAE), a Pró-Reitoria de Recursos Humanos (PRRH) e o Gabinete do Reitor. Os recursos eram oriundos de duas fontes, a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), que pagava os professores e a Administração Central, que fazia a manutenção das atividades.
Período de transição
Proposta pedagógica
As crianças são divididas em sete turmas, que variam de acordo com a faixa etária. A avaliação acontece a partir do desenvolvimento das atividades propostas e das dinâmicas realizadas. Sendo assim, a criança é avaliada no seu cotidiano nos aspectos cognitivos, sócio-afetivo e emocionais. A partir da observação e do registro do professor são elaborados diariamente relatórios individuais, que são apresentados semestralmente aos pais sob forma de parecer descritivo. A instituição leva em conta pressupostos teóricos que consideram o contexto sócio-cultural da criança. A metodologia de trabalho baseia-se no desenvolvimento de projetos pedagógicos, que permite a mobilização das crianças na sua totalidade. Através de projetos é possível o desenvolvimento integrado das diferentes áreas de conhecimento, levando-se em consi-
Foto: Karohelen Dias
A partir de 2011, a creche passou a ser chamada Unidade de Educação Infantil Ipê
Amarelo e agora é vinculada à Coordenadoria de Ensino Básico e Tecnológico, que gere também os colégios Politécnico e Industrial. A creche atendia até então filhos de Técnicos Administrativos em Educação (TAE), aos quais eram disponibilizadas 40% das vagas. Os filhos de professores ocupavam 40% e os 20% restantes eram destinados aos filhos de alunos. Com a reformulação, os próximos editais irão disponibilizar vagas a toda comunidade Santa-Mariense através de um sorteio público. Outra mudança é o cancelamento das mensalidades cobradas dos pais para a manutenção da creche que agora passa a ser gratuita e sob responsabilidade do Ministério da Educação (Mec). Em relação ao quadro de funcionários, as novas mudanças preveem um edital para realização de concurso público e contratação. Não haverá mais terceirizados via FATEC como ocorria anteriormente.
Cristine Munari leva filha, Sofia Rosa, à creche. 10 .txt Maio 2012
Jardim das Sensações
deração assuntos que sejam significativos para as crianças. Desta forma, como explica a coordenadora pedagógica Laila Souto, promove-se uma articulação entre o conhecimento científico e a realidade das crianças de maneira interdisciplinar.
Estrutura
O Núcleo de Educação Infantil Ipê Amarelo possui vários espaços que contribuem para a concretização da proposta pedagógica. A área interna inclui sala de fonoaudiologia, sala de computação, brinquedoteca e sala de vídeo. Já na área externa há um espaço de recreação para as crianças, que inclui pátio e pracinha, e atualmente está em obras, sendo realizada a construção de uma nova lavanderia e de uma sala onde futuramente será utilizada para guardar brinquedos. O antigo espaço ocupado pela lavanderia dará lugar a uma sala de professores. Encontra-se em construção, o projeto para o parque infantil, elaborado pelo curso de Desenho Industrial e coordenado pela professora Fabiane Romano.
Equipe
Um importante diferencial em relação as outras escolas de educação infantil é a qualificação e a diversidade de profissionais. Cerca de 50 pessoas estão envolvidas no dia-a-dia da unidade. Funcionários efetivos, terceirizados e alunos bolsistas realizam trabalhos em diferentes áreas como pedagogia, educação especial, educação física, fonoaudiologia e nutrição. Esta equipe atende atualmente 178 crianças, tendo ao todo 238 vagas. Um esclarecimento feito pela coordenadora é de que a instituição possui quase todas as suas vagas preenchidas. Crianças que ficam na creche em turno integral ocupam duas vagas, por isso o número de vagas
ofertadas é significativamente maior que o número de crianças. A direção atual está sob responsabilidade da professora Viviane Ache Cancian, que também exerce a função de presidente da Associação das Unidades Universitárias Federais de Educação Infantil (Anuufei). Através de uma articulação política, realizada pela entidade junto aos órgãos de educação, algumas creches, dentre elas a da UFSM, que antes não eram ligadas ao Mec passaram a ser reconhecidas oficialmente como Unidades Federais de Educação Infantil.
Parceria entre UFSM e creche
A creche tem envolvimento com diversos projetos de pesquisa e extensão, que além de visar a aproximação com o meio acadêmico, também tem o objetivo de proporcionar melhorias em relação às questões pedagógicas e instalações físicas. A participação dos cursos da UFSM ocorre por meio dos projetos, como a contribuição da Arquitetura, que projetou melhorias no espaço físico da creche, além do auxílio da Odontologia, Fonoaudiologia, Pedagogia, Desenho industrial e Paisagismo .txt
Ipê Roxo Criado anteriormente à creche, em 1985, o Ipê Roxo funcionava no térreo do antigo Hospital Universitário. Atendia aos filhos de funcionários da instituição que trabalhavam no centro da cidade. O projeto Ipê Roxo foi extinto em 1991 devido a uma enchente que atingiu a sua sede, inviabilizando a continuação dos trabalhos. Com o fim do Ipê Roxo, as crianças foram deslocadas para a sede no Campus.
A fonoaudióloga, Ana Helena Bernard, realiza atividades de estimulação com as crianças
Cotidiano
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Brincadeiras com jogos, desenhos, rodas de conversa e histórias foram algumas das atividades encontradas na passagem por uma das turmas. Comandada pela professora Lidiane Silveira, junto com a colaboração de duas bolsistas, a turma é constituída por 25 alunos. Enquanto algumas crianças se divertem montando um quebra-cabeça sobre o alfabeto, outras cantam cantigas de roda. Posteriormente, as crianças se prepararam para a hora do almoço: guardar os brinquedos, ir ao banheiro e lavar as mãos. Logo em seguida, as cozinheiras servem a refeição elaborada pelas nutricionistas da creche. No cardápio do dia: arroz, feijão, carne moída, cenoura e alface. Em outra turma observada, sob a direção da professora Clarissa Freitas, foram realizadas atividades de estimulação e curiosidade com o objetivo de desenvolver a capacidade de aprendizagem e adaptação ao meio, explorando sensações e convívio social entre os bebês. Em uma rotina diária, Cristine Munari leva sua filha a creche Ipê Amarelo. A mãe é categórica ao afirmar que Sophia adora frequentar a escolinha: “É muito bom deixar minha filha aqui”, relata. Segundo a mestranda em Educação, Vânia Maria Almeida da Silva, que pesquisa a história da creche, o projeto surgiu através de reivindicações feitas pelos servidores e funcionários da UFSM, que exigiam um local para deixar seus filhos em horário de trabalho. 1973
O então Reitor e fundador, José Mariano da Rocha, lançou a pedra fundamental de construção da creche Ipê Amarelo, como era conhecida naquela época.
1982
Começa a construção
1989
A creche foi inaugurada, oficialmente, sendo administrada por enfermeiras e técnicas de enfermagem do HUSM com uma preocupação voltada a questão higiênica.
1991
Deixou de se preocupar somente com a higienização das crianças. Com a direção da assistente social, Carmem Borges, passou a abordar técnicas assistências e pedagógicas.
1994
A creche assume uma visão pedagógica educativa, tendo como apoio professores do Centro de Educação (CE).
2012
Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo. Direito da criança e espaço formativo. Maio 2012 .txt 11
capa
Jogo dos A .txt visitou sanitários de 23 prédios da
A
Situação vira piada no prédio 21
Descaso nos banheiros do CEFD
zulejos quebrados, vasos sanitários sem tampa e sem assento, pichações, sujeiras. Essa é a realidade da maior parte dos banheiros da Universidade Federal de Santa Maria. Tanto no campus Centro quanto em Camobi, a conservação dos banheiros é falha em algum aspecto. Não bastassem as questões relacionadas à estrutura, a disponibilidade de itens básicos de higiene também não é atendida. Papel higiênico? Maior parte dos estudantes nunca encontrou em sanitários da UFSM. Sabonete líquido? Álcool em gel? Apenas no ápice da gripe A, em 2009. Em contraposição, há aqueles banheiros impecáveis ou os que possuem, se não todos, um dos três itens.
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Um exemplo da precariedade está no Centro de Educação Antagônicos, os banheiros do CE são recém-construído prédio do CCSH, o 74C, que acolhe estudantes de Administração e o que se espera de um ambiente reserde Comunicação Social. No banheiro mas- vado para momentos de higiene pessoal. culino do 3º andar há um mictório com Eles são, de certa forma, ideais: há papel defeito. O mesmo acontece no banheiro higiênico, papel toalha e sabonete líquifeminino do 4º andar, que já está com uma do. Ademais, o trabalho dos serventes é cabine interditada. O secretário do Progra- bem conservado, o que dá ao local aspecto de limpeza recente. A “política ma de Pós-Graduação em Administração (PPGA), Roni “Tem gente que do papel higiênico” iniciou na de Barros, afirma que nos pré- rouba os rolos”, gestão da professora Maria Aldios do CCSH há escassez de afirma servente cione Munhóz, como diretora, e da professora Helenise Antupapel higiênico e sabonete da Sulclean. nes, como vice. De acordo com líquido desde início dos anos a atual diretora, Helenise Antu2000, quando ainda estava na graduação. Ele ressalta que, naquela época, nes, essa decisão de manter os banheiros não havia nem espelhos. A responsabilidade abastecidos foi conjunta entre a direção e pela reposição dos itens é da secretaria do sua comunidade. Centro, porém, é feita pelos próprios alunos.
Centro de Educação Física e Desportos
No CEFD, não há reposição frequente de papel higiênico. Percebe-se isso através de manifestações realizadas por estudantes. Os alunos de Educação Física, em virtude das atividades que praticam durante o dia, necessitam utilizar os chuveiros. Surge aí outro caso de falta de conservação: há boxes sem ralo e estão encardidos.
Centro das Ciências de Saúde Suporte de sabonete líquido estragado 12 .txt Maio 2012
uma tabela para controle de reposição de papel higiênico fixada na parede. Mas, esse controle ocorre apenas no masculino. A acadêmica do 5º semestre do curso de Medicina, Caroline Klein, diz que os banheiros são bons, mas reclama que não têm papel e nem álcool em gel. Em relação à falta do último item, segundo ela, é algo inadequado para o prédio da saúde. “Tem gente que rouba os rolos”, reclama uma servente de limpeza da Sulclean _ empresa encarregada pela manutenção dos sanitários. Ela desabafa: “a falta de educação é fora da realidade: entopem vasos, não apertam a descarga e jogam erva nas pias”. A servente lamenta da falta de conscientização, porque apesar da limpeza ser feita duas vezes ao dia, se o ambiente fosse conservado, seria melhor para todos.
No CCS há um controle diferenciado. Os banheiros feminino e masculino têm
Esclarecimentos
A terceirização da limpeza dos banheiros iniciou nos anos 80, quando era de responsabilidade da antiga PRT, atual Sulclean – Soluções Integradas. O Coordenador de Obras e Planejamento Ambiental e Urbano (Copa), engenheiro Edison Andrade da Rosa, afirma que a responsabilidade de manutenção dos banheiros da Universidade é da Pró Reitoria de Infraestrutura (Proinfra), que cuida da parte estrutural, não das questões de higienização. “Não procuramos [casos de] manutenção. Quando os pedidos chegam, tentamos atender as necessidades”, declara.
s Tronos
.txt (Game of Thrones)
UFSM para mostrar a situação de cada um Augusto Vasconcelos e Nathieli Cervo Ele confirma que o compromisso da Sulclean é exclusivamente com a limpeza e com os produtos utilizados (detergentes, alvejantes). Em relação à verba para contratação dos serviços, Edison da Rosa explica que não há um recurso específico. Todo ano, os centros liberam as faturas para a empresa que ganha a licitação e renova seu contrato. Dessa forma, quando uma direção de centro estiver insatisfeita com os serviços prestados, tem autonomia para reclamar diretamente para a terceirizadora de serviços.
Centro de Ciências Rurais
Questionado sobre as reformas, Rosa diz que todos os banheiros da UFSM têm passado por reestruturação. Atualmente, o CCR está com a maior parte dos banheiros já restaurada. Sobre o fato de vários mictórios estarem interditados, inclusive os novos do CCR, Edison dispara: “Mictório é um atraso. Por mais modernos que sejam os sistemas hidráulicos, estão sempre com defeitos. Em qualquer lugar. A ideia é acabar com os mictórios”.
Centro de Tecnologia
Pela UFSM, depara-se com suportes de papel higiênico cadeados na tentativa de evitar possíveis furtos. É o caso do CT. Neste Centro, o que poderia justificar o odor desconfortante dos banheiros é o desleixo dos usuários, já que a Sulclean – assim como nos outros prédios – limpa duas vezes ao dia.
Campus Centro
A estrutura dos banheiros do Centro é relativamente boa – vários foram reformados. A falta de papel higiênico, de acordo com a professora de História da Música, Maria del Carmen Macchi Cabrera, não é uma realidade no CAL. Os banheiros que ainda não passaram por reformas ilustram o descuido dos alunos, que picham, depredam e sujam paredes, portas e janelas. Alguns desses banheiros são ocupados pelo Centro como depósito de vassouras, baldes e desinfetantes de limpeza.
Para evitar roubos, CT cadeia suportes de papel higiênico
“Mictório é um atraso”, conclui o engenheiro da Proinfra, Edison da Rosa. SOLUÇÃO CONJUNTA - O Centro de Educação é o exemplo de que estudantes, funcionários e direção de centro podem, sim, fazer acordos. A prerrogativa é que todos colaborem e façam sua parte: a de conservar; pois, como declarou o engenheiro Edison da Rosa, os produtos de higiene são roubados com frequência. É necessária uma reeducação estudantil no que tange ao uso adequado dos banheiros. A UFSM, de certa forma, é um segundo lar, já que se passa parte do dia no campus. Desse modo, não há por que haver negligência nos cuidados com os banheiros da universidade. O descuido com a higiene e a falta de manutenção não podem ser justificados nem pelo tamanho e nem pela descentralização dos prédios. A Universidade Federal de Santa Maria é uma instituição pública que abriga mais de 1.700 docentes, 2.600 técnicos administrativos em educação equase 27 mil estudantes. Não deveria; pois, colocar limpeza como assunto secundário. O que se espera da universidade não é tratamento VIP, como se Banheiro fosse um reino e o vaso sanitário um trono. Há outras questões prioritárias, mas essa não pode ser desvalidada. Enquanto isso segue o Jogo dos Tronos, em que o Quartel General é a cabine menos suja e o armamento é o papel higiênico (trazido de casa). txt.
Banheiro do 74C já está com cabine interditada
Estudantes do CEFD manifestam sua indignação Foto: Bianca Jaíne e Myrella Allgayer
No Antigo Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), Clínica de Estudos e Intervenções em Psicologia (CEIP),onde funcionam os cursos de Psicologia, Música, Ciências Econômicas e Fonoaudiologia, a situação não é tão distinta. Os banheiros masculinos e femininos são igualmente sujos e precários. Um deles, inclusive, não possui lâmpada. No CCSH do centro, a Antiga Reitoria, onde funcionam os cursos de Odontologia, Direito e Ciências Contábeis, os banheiros foram reformados no ano passado e possuem cabine adequada para portadores de necessidades especiais.
Centro de Artes e Letras
CCR e o grande número de mictórios com defeito Maio 2012 .txt 13
geral
Sete meses depois, o que mudou
André Alves e Daniela Pin
Foto: Divulgação
I
nsatisfação e desejo de luta por uma educação de qualidade levaram estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a ocupar a reitoria em setembro de 2011. A decisão de ocupar foi tomada em assembleia geral, convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Foram doze dias de reivindicações e conversas com representantes da reitoria para chegar a um acordo quanto às pautas reivindicadas. Ao longo desse período, somaram-se demandas específicas dos cursos e também gerais. Para que o acordo que se firmou tivesse prosseguimento, foram criadas comissões que, desde setembro do ano passado, têm negociado com a reitoria e os órgãos competentes. Nesse sentido, foi essencial a criação da mesa de negociação, formada pelo reitor e pelo vicereitor, os representantes do DCE, Rodrigo de Freitas Almeida, Leonardo da Silva Soares e Rodrigo Suñe, pela professora Stela Maris de Mello Padoin, o Técnico Administrativo em Educação, Salvador Penteado e o estudante Eduardo Fleck, representando os conselhos. Meses depois, pode-se fazer um balanço do que foi acordado ao fim da ocupação. Os estudantes se mobilizaram também na busca de soluções para demandas gerais, que afetam boa parte da comunidade acadêmica. Dentre elas estão as reivindicações para a Casa do Estudante, Restaurante Universitário, bolsas, biblioteca e também para os campi do Centro de Educação Superior Norte - RS (Cesnors).
Bolsas
De todas as comissões, a das bolsas foi a que obteve maior sucesso. O estudante
14 .txt Maio 2012
de Enfermagem e membro da comissão, Leonardo da Silva Soares, explica o porquê do êxito: “Conseguimos fechar a linha geral depois de muita discussão no ano passado, o que consideramos uma grande vitória porque a principal argumentação deles [a Reitoria] era de que não se poderia usar critério específico. Derrotamos isso argumentando que as condições diferentes devem ser tratadas de forma diferente, e que pior que estudante carente ter acesso à bolsa de formação com critério específico, é receber bolsa de assistência estudantil em troca de mão de obra barata”. Dentre os seus principais avanços está a instituição de aumento no valor de várias modalidades de bolsas.
“...pior que estudante carente ter acesso à bolsa de formação com critério específico, é receber bolsa de assistência estudantil em troca de mão de obra barata.” Variação no aumento das bolsas Valor antigo/Valor reajustado FIEX e FIPE
R$300,00/R$360,00
Mobilidade
R$500,00/R$600,00
acadêmica PRAE
R$180,00/R$210,00
Ao longo deste ano as bolsas de trabalho
serão convertidas em bolsas de ensino, pesquisa e extensão. O acadêmico Leonardo complementa que o primeiro passo é a de trabalho e a utilização da verba da Assistência Estudantil em parceria com a formação.
Restaurante Universitário Atendida Três refeições para estudantes sem BSE
Não atendida
Em andamento
X
Reestruturação do RU
X
Aumento do horário para venda de créditos
X
Opção vegetariana no RU
X
Solução para as longas filas na entrega das bandejas
X
A demanda por três refeições diárias, mesmo para alunos sem Benefício Sócio Econômico (BSE), se fazia necessária, e foi atendida. Contudo, algumas mudanças ocorreram ao longo de sua implantação. Inicialmente, definiu-se o sistema de agendamento com um número limite de refeições, como um teste. Na prática, o agendamento não era necessário, o que diminuía a burocracia. Recentemente, estabeleceu-se que o sistema de agendamento
começaria, de fato, a funcionar. Propôs-se pela diretoria do RU um número de 100 cafés e 150 jantares, mas o reitor esclarece que não se trata de um limite estático e sim dinâmico, pois pode ser alterado conforme a quantidade diária de agendamentos. O uso desses valores iniciais é baseado no estudo das demandas do restaurante, o qual nunca havia sido feito anteriormente. A partir dele, constatou-se que o maior número de jantares são servidos nas quartas e quintas-feiras, únicos dias em que as 150 refeições noturnas são extrapoladas. Já o café da manhã não é um problema, pois não ultrapassa o valor de 100 unidades. A ideia é que com esse sistema evite-se o desperdício. Os horários para a compra de créditos não foram ampliados e são realizados das 8h às 10h e das 11h às 14h. A alternativa apresentada é a criação de um cartão que funcione para o serviço de biblioteca, passagem de ônibus e RU. Uma comissão paritária foi criada com este fim. Ele funcionaria como uma espécie de cartão de débito, o qual as pessoas usariam para recarregar seus créditos. Como o estudo junto aos bancos não foi conclusivo, a ideia é implantar algo com tecnologia própria. Uma reclamação constante de todos os usuários do RU são as longas filas na entrega das bandejas. A proposta original para solucionar o problema era a criação de uma porta no lado norte do salão, por onde seria entregue o material e feita à saída dos
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alunos, criando uma rota alternativa de evasão. Ao invés disso, foram instalados novos guichês de recolhimento, o que contornou o problema. Outra novidade é o cardápio vegetariano, que desde o final do ano passado é uma opção diária no menu do restaurante.
Biblioteca Reivindicação
Ampliação dos horários da Biblioteca Central Sala de acesso digital
Atendido
Não atendido
Em andamento
x
se concluam as reformas da biblioteca, o que possibilitaria a transferência do acervo para a área nova e reparos na parte antiga.
Casa do Estudante Reivindicação
Atendida
Colocação de grades nos apartamos da CEU Ativação do conselho de moradia
A reivindicação era de que a Biblioteca Central funcionasse das 7h30min à meia noite, e aos sábados até as 20h. Contudo, o horário de funcionamento ocorre das 7h30min às 22h, durante a semana e das 7h30min às 11h45min aos sábados. A criação da sala de acesso digital não era uma pauta dos estudantes, mas ela foi uma sugestão da reitoria, que logo foi aceita. O espaço ficaria localizado na antiga sede da Caixa Econômica Federal e funcionaria 24h por dia, sete dias por semana, como local para estudo e descanso. Para que ela seja instalada, é necessário que
X
X
Retirada da vigilância da sala do bloco 13
X
X
Foram colocadas grades nas Casa do estudante (CEU) II e III, já para a CEU I os materiais foram comprados, mas a colocação ainda não foi feita. O Conselho de Administração (Conselho de Moradia), criado na resolução n° 004/08, que não realizava reuniões desde sua criação, em 2008, foi reativado e agora possui reuniões regulares. Está sendo feito um mapeamento, por dois bolsistas nomeados dentro da CEU, para identificar os pontos cegos e, com isso, alcançar melhorias na internet. Eles fizeram um levantamento preliminar de quais equipamentos estavam estragados e daquilo que precisava ser trocado. O Centro de Processamento de Dados (CPD) fará a compra para realizar a substituição. Os moradores da CEU reivindicavam também a desocupação da sala do bloco 13 por parte da segurança, a qual deveria se mudar para a guarita localizada na esquina do terminal de ônibus da UFSM. A sala foi devolvida aos moradores, porém está em construção uma nova guarita em frente ao Restaurante Universitário Central. O reitor atenta à necessidade de construir um novo posto de guarda, já que o existente tem o objetivo de abrigar a vigilância de todo o campus e não serviria apenas para fazer a segurança da Casa dos Estudantes por possuir diversos pontos cegos. A construção dos novos banheiros (feminino, masculino e para portadores de necessidades especiais) da União Universitária já teve seu projeto aceito e está em fase final de licitação.
Foto: Daniela Pin
Grades colocadas nas portas dos apartamentos da CEU II
X
Pavimentação da CEU
Construção de banheiros na União Universitária
Em andamento
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Internet de qualidade na CEU
x
Não atendida
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geral
Foto: Daniela Pin
Terapia Ocupacional
Mas não foram apenas as pautas específicas que ganharam atenção ao longo do movimento. Implantada na UFSM pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), em 2009, a Terapia Ocupacional foi um dos cursos que liderou a ocupação, pelo fato de possuir muitas deficiências. A formanda do curso, Lidiane Winck, explica que se implantou entre os estudantes a consciência de que eles precisavam se organizar e lutar por melhorias. Afinal, o curso já estava por completar dois anos e ainda não contava com infraestrutura adequada, além de sofrer com a falta de livros e com professores sobrecarregados. Atualmente, não há prazo oficial para a conclusão das obras (fotos acima) do prédio do Centro de Ciências da Saúde (CCS) que abrigará o curso de Terapia Ocupacional. O reitor da UFSM, Felipe Müller, esclarece que alguns contratempos levaram a esse atraso, como a falência da construtora responsável pela obra. Por isso, foi contratada uma nova empresa, que retomou a construção do prédio. Com a mesma, foi feito um acordo que visa ao término, ainda neste primeiro semestre, do local em que ocorrerão aulas práticas e, também, do andar térreo.
16 .txt Maio 2012
Com relação aos materiais didáticos, houve avanços, já que a maioria dos livros chegou, embora ainda faltem materiais específicos para determinadas disciplinas, como a de Órtese e Prótese. Para resolver o problema da sobrecarga dos professores, foi aberto um edital para concurso docente, além da revisão da resolução 020/09, que
tornava mais demorada a contratação de educadores. Para a acadêmica Lidiane, a ocupação fez com que o curso avançasse muito, pois embora ainda existam problemas a serem corrigidos, vários foram resolvidos em um curto espaço de tempo, o que dificilmente ocorreria sem a ocupação.
Futura guarita de segurança da CEU (à esquerda) e guarita de segurança do campus
Cesnors Atendida Abertura da CEU IV e V
Não atendida
X
Ampliação das moradias estudantis Três refeições diárias Pavimentação e iluminação nos campi Criação de uma forma temporária e imediata de assistência estudantil para os estudantes que possuem BSE e que não possuem vaga na casa do estudante Criação de sede própria para o DCE e todos os DA’s
X X
X
X
X (em Frederico)
Secretarias da PRAE em todos os campi/reforço no número de servidores do NAP Aumento e melhorias da infraestrutura para os serviços de xerox
Em andamento
X (em Palmeira)
X
X (em Frederico)
X (em Palmeira)
O Cesnors foi criado em 2005 e hoje conta com duas sedes: em Palmeira das Missões e em Frederico Westphalen. Por ser, relativamente recente, ainda está em processo de estruturação. A falta de estrutura dificulta o ensino e limita a possibilidade de novos projetos. Por esse motivo, os alunos do Cesnors se juntaram ao movimento de ocupação da reitoria da sede, como explica o aluno de Agronomia do campus de Frederico Westphalen, Marcos Lazzaretti: “Desde o primeiro dia da ocupação, quando fomos avisados, conversamos entre todos os Diretórios Acadêmicos e com o DCE e achamos que era oportuno e necessário contribuir com a ocupação e levar as demandas especificas de Frederico Westphalen e de Palmeira das Missões”. Ao participar efetivamente da ocupação, os campi da Região Norte obtiveram conquistas. Entre elas, a realização do cadastro e a seleção de vagas para a CEU IV, a qual foi liberada no mês de dezembro de 2011, após os estudantes ocuparem o prédio em Frederico Westphalen. Esse ato desencadeou também a liberação da CEU V, de Palmeira das Missões, onde, mesmo
após a casa ter sido liberada, seis alunos com BSE ficaram sem vaga. Para amenizar esse problema, momentaneamente, foram criadas 50 bolsas permanência, no valor de R$ 315,00 cada. O reitor é enfático ao dizer: “Hoje, não tem ninguém com BSE aprovado que não esteja com vaga na CEU ou recebendo Bolsa Permanência. Ninguém. Esse número é zero”. Há também um projeto, já encaminhado ao Senado, para expandir as CEU IV e V, que tem como finalidade dobrar a capacidade de 36 quartos para 72. Ele está pronto desde o ano passado, quando o até então Secretário da Educação Superior, Luiz Cláudio Costa, enviou-o ao Ministério da Educação e Cultura (MEC). Contudo, o secretário não está mais no cargo e isto atrasou o processo. O MEC precisa aceitar o projeto para que a partir daí a obra possa ser licitada.
“Hoje, não tem ninguém com BSE aprovado que não esteja com vaga na CEU ou recebendo Bolsa Permanência. Ninguém. Esse número é zero.” Também houve melhorias na infraestrutura, questão mais precária nos campi. Reitoria e Direção do Cesnors encaminharam nota às prefeituras de Palmeira das Missões e Frederico Westphalen manifestando a necessidade da pavimentação e construção de trevo/ rótula, o que acelerou esse processo, que está em fase de acabamento. Com a troca da empresa que presta serviços de internet à UFSM, o Cesnors também será beneficiado, com o aumento na velocidade e mais pontos de acesso. As pretendidas salas para os Diretórios Acadêmicos e DCE já existem em Frederico Westphalen. Em Palmeira das Missões, está em fase de construção um quiosque para este fim. Trata-se de uma sala única, que também será um espaço de convivência dos estudantes no período de intervalo entre suas aulas. Em Frederico, foi reivindicada a melhoria no acesso entre o campus e o RU, que fica no Colégio Agrícola de Frederico Westphalen (CAFW). Já existe um projeto orçado no valor de R$ 698 mil para a construção de uma passarela coberta. Segundo informações da direção do centro, falta a liberação da verba e a licitação para que a obra inicie. Quanto à iluminação interna do campus, já havia uma licitação em andamento, porém, após a ocupação, foi formado um acordo com a empresa Creluz, que já implantou todos os postes
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de iluminação no trajeto que liga a BR 386 ao campus, bem como nas dependências do mesmo. Outra conquista para Frederico Westphalen, foi a redução no valor da cópia, que passou de R$ 0,10 para R$ 0,07. Em breve, também será aberto um novo ponto de xerox. Em contrapartida, Palmeira das Missões não teve o mesmo sucesso nessa questão, como explica a estudante de Biologia, Caroline Battisti: “O outro ponto de xerox não foi instalado até hoje, com a justificativa de que a licitação não exige mais que um ponto de xerox e a empresa não se prontificaria a esse serviço sem aumentar o valor das cópias e impressões. Aguardamos uma nova licitação.” O Restaurante Universitário de Frederico Westphalen funciona no colégio agrícola e está em fase de adaptação. Até o momento, só conseguem três refeições os estudantes do CAFW e aqueles que moram na CEU IV. Para que todos os estudantes tenham esse mesmo direito, ainda serão necessárias adaptações. O caso de Palmeira das Missões é diferente. A acadêmica Caroline comenta que com a implantação do Reuni e do curso de Nutrição, foi instalado o Restaurante Universitário no campus. Desde então, o almoço começou a ser servido para todos os estudantes, com os mesmos valores de Santa Maria. Após a ocupação, o RU passou a servir três refeições diárias aos alunos que possuem BSE. Agora está sendo avaliada a disponibilização de certo número de cafés da manhã e jantares também aos alunos que não possuem o benefício. Existe no Cesnors o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP), que funciona como uma extensão da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE). Buscava-se na ocupação o reforço no número de servidores do NAP, o que não foi concretizado.
Legado da ocupação
Na visão do reitor, alguns pontos devem ser destacados a partir do movimento de ocupação: “Apesar de ter picos de tensão, não houve nenhuma depredação do patrimônio público. Isso é muito importante em qualquer movimento democrático e que avançou muito a questão de conhecimento mútuo. Eles [estudantes] também começaram a ver os limites que a administração pública sem dúvida tem em fazer as coisas”. Para os estudantes, fica o caráter pedagógico do movimento: com organização e comprometimento podemse conseguir melhorias e uma educação de maior qualidade. .txt Maio 2012 .txt 17
de dentro para fora
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No ritmo da 3ª idade
Fotos: Luciele Oliveira
O
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Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à 3ª Idade, o Niead, existe desde 1984, e é o mais antigo grupo voltado à terceira idade em universidades brasileiras. Oferecido pelo curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria, inicialmente os grupos eram separados em bairros para reunir idosas que frequentavam a igreja, fazendo com que se exercitassem e fizessem atividades coletivas. Hoje, quase 28 anos depois, o Niead é um dos principais núcleos da UFSM e oferece atividades de hidroginástica, participação em disciplinas do curso, atividades externas em bairros de Santa Maria e em mais de dez municípios. O professor e coordenador do núcleo, Marco Aurélio Acosta, relata que é difícil ter uma noção exata de quantos idosos participam dos projetos, já que são mais de 60 grupos espalhados nos diversos bairros, além das atividades oferecidas no campus. No entanto, ele acredita que circulem pelos projetos mais de 1.000 pessoas por mês. Segundo Marco Aurélio, o projeto surgiu para dar oportunidade aos que normalmente seriam excluídos de atividades físicas: “até pouco tempo, a educação física era vista apenas como esporte. E quem mais necessitava, como os idosos, ficava de fora”, afirma ele. Além destes projetos, o Niead oferece também a atividade de dança, todas as terças-feiras, às 14 horas, no ginásio 2 do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM, o CEFD. A atividade completa 20 anos e tem como grande maioria dos participantes mulheres com mais de 55 anos. Alguns homens estão inscritos, mas pouco participam do projeto. A coordenadora do grupo de dança, Tatiane Razeira, afirma que cerca de 20 pessoas estão inscritas e explica que, além da prática, elas têm uma base teórica sobre o ritmo que será aprendido, já que este muda a cada semana. No dia 17 de abril, por exemplo, as mulheres aprenderam a dançar o ritmo sertanejo. Conheceram sua origem e tiveram informações desde o sertanejo de raiz até o sucesso recente do sertanejo universitário. A divulgação, segundo Tatiane, ocorre principalmente pelas integrantes do grupo. Ela
Luiza Bayer e Nicholas Ruviaro admite que não é feita uma divulgação intensa por parte da Universidade, mas a repercussão através do boca-a-boca garante boa presença nas aulas. Em seus bairros, gurias, como Tatiane se refere às suas alunas, procuram convidar o maior número de conhecidos. Inclusive procuram mais integrantes do sexo masculino. Quando questionadas sobre os benefícios conquistados com a dança, as opiniões são unânimes: a possibilidade de reencontrar o grupo de amigas toda semana e, principalmente, aprender a dançar. A dança não é apenas uma forma de distração, pois motiva ainda mais as gurias a comparecerem às aulas, mesmo que para isso tenham que abrir mão de outras atividades. Rosa Fontana, de 82 anos, mora em Camobi e conta que a atividade é maravilhosa e permite que ela continue se exercitando. Além disso, a dança possibilita a participação continuada num mesmo grupo, o que favorece a amizade. Antonina Pinheiro, 82, moradora da Vila Oliveira, diz que com a saída dos filhos de casa e posteriormente a perda do marido, usa seu tempo com atividades como hidroginástica, inglês e dança de salão. Dessa forma, passa a maior parte do seu tempo na Universidade. Idite Stangherlin, 75, de Camobi, comenta que participava do grupo há vários anos, mas afastou-se porque ficou doente. Retornou há um ano e meio. Além do grupo, Idite também dança no CTG Sentinela da Querência. Ela conta que a atividade possibilita várias oportunidades, como viagem para o Uruguai e a Argentina através da dança. Marco Aurélio confirma os benefícios citados pelas participantes. De acordo com o professor, além das contribuições que toda atividade física traz, como o controle da pressão arterial, melhora da velocidade de andar e do equilíbrio, o retorno psicossocial é considerado o mais significativo. Com as atividades, tanto os professores quanto os alunos são contemplados: “o retorno humano é muito gratificante, é muito prazeroso este tipo de trabalho. É uma relação de troca”, finaliza. .txt
de fora para dentro
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É dia de feira... ... quem quiser pode chegar Luciele Oliveira e Victor Wolffenbüttel Carloto
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dades dos vendedores da “feirinha” e colaboraram com experiências e aprendizagem em conjunto para o melhor desenvolvimento de uma agricultura familiar. A feira é uma opção para os estudantes da UFSM que não têm tempo de ir às compras nos supermercados, por conta do período de aula ou devido à distância desse tipo de estabelecimento em Camobi. Além disso, as duas unidades do Restaurante Universitário (RU), que servem em média 5.300 refeições diárias, não abrem nos domingos. A feirinha de horti-fruti, nesse contexto, passa a ser uma ótima alternativa para os estudantes, que além de comprarem alimentos diferenciados, adquirem produtos menos prejudiciais à saúde com preço inferior ao dos grandes mercados. O estudante de Artes Visuais da UFSM, Marcos Fantes, compra na feira há alguns anos e explica que a procedência e a qualidades dos alimentos são os principais motivos que o fazem ir até a feira. Além disso, a relação construída com os vendedores, que geralmente é pessoal, difere do que acontece nos estabelecimentos tradicionais, onde, segundo Fantes, os funcionários têm de seguir um padrão de comportamento. Sobre alimentos industrializados, o acadêmico opina: “Criamos uma demanda muito grande por produtos industrializados e junto a ela um consumo exagerado de outros elementos, como o plástico, que vem em muitas embalagens, e é rapidamente descartado após o uso, coisa que podemos evitar aqui na feira, se quisermos”. A feirinha, para ele, é sinônimo de saúde dentre muitos outros benefícios. O estudante ressalta que os produtores enfrentam também dificuldades e nem todos os produtos são totalmente orgânicos, mas destaca que feira representa para Camobi “o mais perto de uma qualidade ideal, em termos de comércio e consumo de alimentos saudáveis”. Para Fantes, caminhamos para um momento em que teremos de pensar e agir mais seriamente em relação ao consumo e descarte de produtos que vão além da alimentação. .txt
Fotos: Luciele Oliveira
costume de adquirir produtos sem saber ao certo de onde vêm e por quem são fabricados faz parte do dia-a-dia de quase todas as pessoas. A compra de produtos alimentícios com informações rotuladas de forma instantânea e, quase sempre, incompreensível indica a forma conturbada de como se dá o processo de compra e seleção de alimentos, o que resulta em uma má alimentação. Para driblar o consumo desses alimentos comerciais e pouco saudáveis, uma alternativa é comprar nas feiras de hortifruti que acontecem em vários lugares da cidade. Na Universidade Federal de Santa Maria elas também acontecem e se fazem presentes para melhorar a qualidade de vida de estudantes e trabalhadores. Toda quarta e sábado, das oito da manhã ao meio dia, os trabalhadores de agricultura familiar colocam à venda seus produtos em frente à UFSM, no início da Avenida Roraima entre as rótulas da RS-509 e da BR-287. A diferença entre a compra dos produtos na feira e nos supermercados é a qualidade dos alimentos oferecidos e a relação dos compradores com os vendedores. Os alimentos vendidos na feira, em sua maioria, são produzidos pelos próprios agricultores que também são feirantes. Esses vendem verduras, frutas e legumes. Além disso, adquirem produtos de outros pequenos e microprodutores rurais, formando, assim, suas bancas. A feira oferece, também, produtos coloniais, como cucas, doces, pães e queijos, produzidos de forma artesanal. O presidente da feira, Eloi Orlandi, explica que, atualmente, ela é composta por 20 bancas, sendo apenas uma delas de artesanato. Para Orlandi, a UFSM sempre representou uma parceria positiva, porque apóia os trabalhadores rurais. “Prefiro procurar ajuda e o apoio da UFSM do que procurar ajuda de políticos, pois esses prometem e não cumprem”, conclui. Orlandi também conta que já houve uma relação mais estreita entre professores, feirantes e estudantes. Orientados pelo professor Paulo Silveira, acadêmicos do Centro de Ciências Rurais (CRR) foram até as proprie-
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categorias
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Um Jardim Secreto Com acervo dividido em três locais diferentes, o Jardim Botânico da UFSM precisa ser reconhecido
Foto: Myrella Allgayer
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ncontrar espaços tranquilos e fora da rotina das cidades é algo cada vez mais raro. Locais de vegetação conservada são hoje escondidos e protegidos das ações nocivas do ser humano. É o caso dos Jardins Botânicos, focados na preservação de espécies nativas. Seguindo pela lateral direita do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), em direção ao Centro de Educação (CE), e mais 800 metros por um dos novos acessos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), encontra-se o Jardim Botânico da Universidade. Fundado em 1981, possui mais de 2.500 plantas e árvores catalogadas, distribuídas em 13 hectares. O Jardim Botânico é um órgão suplementar do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), não tem renda própria e sua verba é concedida pelo CCNE e o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). A função é voltada ao ensino, pesquisa e extensão. Com o intuito de preservar espécies nativas, o Jardim é fonte de estudo não somente das Ciências Biológicas e Engenharia Florestal. Outros cursos, como da área da educação, recorrem ao laboratório do Jardim Botânico localizado no prédio do CE. A principal atividade de extensão é realizada com escolas de Santa Maria, da pré-escola ao Ensino Médio. Os alunos são conduzidos por um monitor em trilhas para aproveitar momentos de lazer. Há ainda trabalhos feitos com pacientes do HUSM e a Brigada Militar.
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Estagiária do Jardim Botânico há três anos e acadêmica de Ciências Biológicas, Géssica Moreira Rdtke tem seu trabalho em torno da taxonomia e conservação da família das bromélias. Há pretensão de montar um bromeliário, lugar adequado para a conservação de bromélias e, também, orquídeas. Géssica ainda conta como funcionavam projetos feitos com a comunidade de Santa Maria. Em 2009, por exemplo, por iniciativa do professor e diretor do Jardim Botânico, Renato Zachia, houve um trabalho de extensão em jardins residenciais através de pesquisas com ervas medicinais. Além das espécies vivas, ainda há o Herbário, a chamada “coleção de plantas secas”, armazenada no prédio 21. A estrutura do Jardim está desfragmentada, pois se espalha pela universidade, com suas partes em três locais diferentes. A descentralização é uma das dificuldades enfrentadas, por isso criou-se um projeto para unificar em um prédio que será construído no próprio Jardim. Há também o fato de que muitos alunos da UFSM não têm conhecimento de sua existência, pela localização distante e a falta de sinalização. Para isso, também serão feitas melhorias: asfaltamento do novo acesso e placas que estão sendo produzidas e que em breve serão fixadas perto do prédio do CE, como informa o coordenador do acervo, Fabio Pacheco Menezes. Renato Zachia relata outros problemas. Organizados em uma rede que tem sede no
Myrella Allgayer Rio de Janeiro, os Jardins Botânicos devem cumprir com uma série de metas para receberem essa denominação, e se classificarem nas categorias A, B e C, sendo C a mais simples. Entre as metas, está a infraestrutura ainda incompleta, pois precisa-se de vasos, viveiros e estufas. O que também está faltando é um convênio com unidades de conservação, como parques nacionais e estaduais, que mandam suas plantas aos viveiros dos Jardins, para catalogá-las. Outro tópico é o corpo técnico: são necessárias mais pessoas vinculadas ao Jardim. Como a infraestrutura é deficiente, um pesquisador gastaria mais tempo trabalhando nela, e não se consegue tempo para conciliá-lo a seus outros projetos. Apenas Zachia e Menezes são oficialmente vinculados ao Jardim; os outros, que utilizam dele, são do departamento de Biologia. O trabalho de jardinagem é terceirizado pela Sulclean. Em 2001, Zachia começou a coletar as informações para receber a denominação oficial de Jardim Botânico. Provisoriamente, ela foi concedida. Em 2002 o professor se dedicou ao doutorado e retornou a UFSM em 2006. Houve uma nova tentativa, mas respostas desconjuntas. Agora, recebeu um prazo até dezembro de 2012 para concluir todas as metas e se classificar na classe C. O Jardim Botânico da UFSM tem entrada gratuita e o agendamento só é necessário para escolas e grandes grupos, pelo telefone 91938183. É aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. .txt
cultura
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Moda é comunicação
Estilos e identidades culturais são destaques na UFSM
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Franciele Varaschini, Karohelen Dias e Reinaldo Guidolin
Historia do Jeans
O jeans surgiu no século XIX, em 1853, na época da febre do ouro nas minas da zona oeste dos Estados Unidos, um jovem comerciante de San Francisco, chamado Levy Strauss, teve a ideia de criar uma calça mais resistente. Com o surgimento no cinema, liberados por James Dean e Marlon Brando, a roupa começou a associar-se ao conceito de juventude rebelde, conquistando este público. A partir daí, o jeans conquistou o mundo.
e lenço. Isso têm muita influência da minha família, pois minha mãe e minhas tias usam muitos acessórios também”, revela. O conforto e a praticidade são características do aluno de Administração Fernando Gonçalvez: “Eu ando de Skate e gosto muito de roupas que são ligadas a ele, por isso, uso bastantes roupas confortáveis. Gosto também de calça jeans, acho que é essencial”, acrescenta. Já a estudante de História, Nathailia Piris, interessa-se por blogs de moda, além de possuir uma curiosidade especial pela história das roupas e do que está em evidência. Seu acessório preferido é o óculos de sol, no estilo retrô, assim como sua forma de vestir. Quando o tema é identidades culturais os assuntos difundem-se em muitas opiniões. Os estudos sobre consumo e cultura, sob múltiplos aspectos, têm ocupado um lugar privilegiado para a observação da sociedade contemporânea. Lipovestsky faz essa análise no livro “Tempos Hipermodernos” (2004): “A moda é nossa lei porque toda a nossa cultura sacraliza no ‘novo’ a dignidade do presente”. Além de ser um hábito natural, escolher uma roupa ou um acessório significa não formar estilos, mas sim, criar identidades que caracterizam cada indivíduo como único. Isto é um fator que se torna fundamental na Universidade, onde tantos pensamentos se produzem. Pensar em moda, estilo e identidade cultural torna-se essencial, pois faz parte das características dos homens e da constituição humana. Pensar em identidade vai muito além de peças e ícones. É, também, pensar em representações de ideais, manifestando suas atitudes, gostos e preferências. .txt
Marcele Gomes
Nathalia Piris
Fotos: Karohelen Dias e Luciele Oliveira. Ilustração Flávia Bernardes
lgumas pessoas são mais ousadas, outras, recatadas e discretas. Existem vários estilos. Identidades se misturam o tempo todo e a cultura se faz presente em cada atitude. Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), entre os quase 27 mil acadêmicos, é impossível não perceber os estilos que se formam. Entre tantos modos de se vestir, influenciados ou não por tendências da moda, os alunos se encontram e se diferenciam. Muitos se moldam a partir de afinidades por bandas, artistas, movimentos ou, simplesmente, pelo conforto e a praticidade de estar bem vestido. A .txt entrevistou alguns alunos no intuito de conhecer as suas preferências e seus gostos. Algumas entrevistas foram realizadas em frente ao Restaurante Universitário nos dias 10 e 11 de abril. A aluna de Desenho Industrial Allyssa Kuntz relata que as suas preferências nos modos de vestir estão relacionadas com seu gosto musical e o interesse pela cultura japonesa. “Gosto de conhecer vários estilos que buscam coisas novas e diferentes para o meu dia-a-dia, sem perder a mania de usar meu allstar”, declara. O Campus da UFSM é um lugar ideal para conhecer as diferentes tendências da moda. Um exemplo é a aluna de Desenho Industrial, Flávia Bernardes, 19 anos que afirma gostar de maquiagens de vários tons. Além disso, ela fala da importância de criar seu próprio estilo, utilizando a pintura em suas peças e de todas as formas, com muitas cores. “Gosto de conhecer o que está em evidencia e colocar o meu estilo em tudo” conta ela. Para a acadêmica de Fisioterapia Marcele Gomes, seus acessórios são prioridades. “Acho que essa é uma característica minha. As pessoas sabem o meu estilo e me conhecem pelos meus acessórios, pulseiras, brincos
Leonardo Cantini
Historia do All Star
Ele já tem mais de um século de existência. Apesar da idade, a marca de tênis é uma verdadeira estrela no segmento. Dizem que quanto mais velho, mais confortável fica. Surrado. Customizado. Com cadarço de cores diferentes. Cada um tem seu próprio jeito de usar o ALL STAR. Desde seu lançamento, já foram comercializados mais de um 1.1 bilhões de pares do Converse All Star e mais de 3.000 novos modelos são lançados a cada ano.
Fernando Gonçalves Maio 2012 .txt 21
cultura
Do
erudito ao
Underground
Das escalas clássicas ao power chord do rock n’ roll, do curso de música ao curso de comunicação, a Rádio Universidade 800AM não deixa nenhum estilo de fora de sua programação
Foto: Daniela Pin e Laissa Sardiglia
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evando educação, cultura e entretenimento para mais de 150 municípios da região central do Rio Grande do Sul, a Rádio Universidade 800 AM disponibiliza um espaço para informações da região, divulga a instituição mantenedora, veicula variedades, além do Projeto Rádio Escola. Sem nenhum compromisso comercial, os alunos e colaboradores da rádio têm liberdade para mostrar ao público as mais diferentes vertentes que o mundo da música tem. Desde a idealização da Rádio Universidade, em 1968, por José Mariano da Rocha Filho, vários projetos relacionados à música e à cultura surgiam a cada ano, mas nenhum durava mais do que alguns semestres. Com o intuito de mudar essa situação, em novembro de 1998, foi ao ar o Atitude Rock. Projetado, produzido e apresentado pelos estudantes de Comunicação Social, Carlos Silveira, Cairale Wolf e Maurício Dias, o programa chegava para “dar espaço para tudo dentro do rock pesado”. Conforme Dias, a ideia “era de um programa de rock, com espaço para diversos gêneros, em especial heavy metal e suas vertentes”. Quando os meninos se formaram, foi o também aluno de Comunicação Social, Homero Pivotto Junior, que to-
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Bianca Pereira e Sandrine Müller mou a frente do programa. Ele já fazia participações esporádicas, o que facilitou a continuidade do projeto. Em 2007, quando foi a vez de Pivotto finalizar o curso, o programa acabou, pois Homero encerrava seu vínculo com a instituição e ninguém fora encontrado para continuá-lo. Com uma roupagem diferente e com as duas acadêmicas de Jornalismo Gabriela Gelain e Luciana Minuzzi no comando, o Santa Demo, que é apresentado ao vivo, dá, desde março de 2012, sequência às ideias do Atitude Rock. O programa surgiu com o apoio da equipe da rádio, principalmente do programador de rádio e de televisão, Milton Oliveira e do técnico de áudio, Renato Molina. Luciana conta que Gabriela juntou a vontade de produzir um programa próprio com a ideia dos técnicos Molina e Oliveira de dar continuidade ao antigo: “Agora a gente está tentando resgatar, voltar essa raiz do Atitude Rock’’ Inspiradas em rádios como a TRIP FM e na rotina que levam, elas focam o programa em sons alternativos e independentes, mesclando rock, punk, hard core, metal e suas vertentes. Com isso, elas fazem jus à vinheta do programa
que diz “do mainstream ao underground” todos os sábados das 13 às 15 horas. Tudo que envolve o Santa Demo foi projetado por Gabriela Gelain e Luciana Minuzzi: desde a logo, que foi pensada junto com o amigo Pablo Perez Sanches (designer), até as vinhetas, que são produzidas no estúdio 21 (cursos de Comunicação Social) com auxílio do técnico de áudio Otacílio Neto, e com a voz do Diretor de Produção, Felipe Dagort, que também trabalha no estúdio 21. Para reforçar o conceito de um programa alternativo e dinâmico, Gabriela e Luciana levam para a rádio bandas da região que possuem sons autorais – também há sorteios de CDs e ingressos dos colaboradores durante o programa. O programa praticamente nasceu nas redes sociais. Antes de ir ao ar ele já era conhecido no facebook, no twitter e também no blog santademo.wordpress.com. Todas essas plataformas são moderadas pela dupla e é lá que acontece uma divulgação maior do conteúdo que é levado para a rádio. Como elas são responsáveis por todas as etapas do programa, durante algumas apresentações contam com a ajuda dos colaboradores Laíssa Sardiglia e Leonardo Cortes, também do curso de Comunica-
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ção Social - Jornalismo. O desafio é grande em meio a tantas responsabilidades, mas elas administram isso com facilidade e vibram com o retorno que têm dos ouvintes pelas redes sociais. A Rádio Universidade segue a tradição de programas de música erudita, tais como o Sala de Concerto e o Música em Pauta. Em contraste com o estilo alternativo do Santa Demo, há o Conversa de Músico, produzido e apresentado pelo aluno do curso de Música Lucas Cattelan, que traz um olhar diferenciado na música feita pelo curso. Com entrevistas a alunos, professores e funcionários do Centro de Artes, o Conversa de Músico toca suas produções musicais e mostra que a música feita na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) precisa ser exibida e admirada, bem como seus diversos estilos, como o erudito e o popular brasileiro. Cattelan fala que a inspiração para o programa foi o próprio curso de música: “o pessoal produz, toca, faz recitais, faz gravações aqui dentro. É uma produção da UFSM. Nesse prédio aqui [Centro de Artes e Letras - CAL] está a fonte musical da universidade e eles não tinham espaço nos meios de comunicação”. Mesmo que não estejam perfeitas, as gravações vão ao ar tal qual foram gravadas, o que mostra para um público maior o que os estudantes aprendem e o que sabem fazer. O programa foi idealizado por Cattelan, que no primeiro semestre de 2010 era bolsista do projeto de extensão do CAL “oficina de musica’’, orientado pelo professor Daniel Morales. O tema do projeto era musica latino americana. A partir dessa proposta, resolveu ir à rádio e propor um programa que retratasse esse estilo musical. Cattelan ficou sabendo, então, que para conseguir o programa deveria fazer o curso de qualificação profissional para
locutor, apresentador e animador disponibilizado pelo Senac. O projeto de extensão encerrou-se antes de Cattelan terminar o curso de locução, mas para obter o certificado concebeu o Conversa de Músico, vinculado através de um projeto de conclusão de curso. O programador Milton Oliveira, que era também professor no Senac, achou o projeto adequado para a Rádio Universidade e apresentou para a diretora do veículo, professora Elisângela Carlosso Machado Mortari. No dia 17 de dezembro de 2011 o projeto foi aprovado, entrando para a grade de programação a partir de março de 2012, toda a segunda-feira às 20 horas. Cattelan também é responsável pelo blog conversademusicoam.blogspot. com.br, que contém informações sobre sua programação. O Santa Demo e o Conversa de Músico são programas novos na grade da Rádio Universidade que começaram no início do ano letivo. Embora idealizado por pessoas de cursos diferentes e com enfoque em estilos diversos, começaram do mesmo jeito: com uma ideia efetivada por alunos da UFSM. A equipe da Rádio Universidade recebe elogios dos participantes dos projetos: “sempre tive muita liberdade e, principalmente, o apoio da equipe da rádio. Acho que o Atitude era um programa querido entre operadores e direção, pois sempre fui tratado com muito respeito”, fala Homero Pivotto Junior. “São raras as rádios que têm programação diferenciada, que não obedecem o top sei-lá-o-quê do momento”, lembra Homero. É com desprendimento do que é ou não comercial e com o objetivo de formar profissionais, que a Rádio Universidade é um meio para se escutar o que normalmente perde espaço para os hits da vez. .txt
Programação musical da Rádio Universidade A HORA ALEMÃ
Dom as 07h com reprise ter as 21h
DE PERTO NINGUÉM É Seg as 17h05 NORMAL DISCOGRAFIA Dom as 14h BÁSICA ARQUIVO 800 Seg/sex as 23h ATRAÇÃO Sáb as 14h NACIONAL ESTAÇÃO Seg/sex as 14h05 ALTERNATIVA CINE MÚSICA Sáb as 09h EXPOENTES DO Sex as 21h JAZZ CULTURÁLIA Qua as 17h05 FAZENDO ARTE Seg/sex as 11h JUKEBOX Qui as 21h MARCA GAÚCHA Dom as 08h MEGAFONE DCE Ter as 17h05 MÚSICA EM Seg/sex as 20h PAUTA O CANTO DO Sáb as 07h GAÚCHO O CANTO DO SUL Dom as 05h PELOS PALCOS Seg/sex as 18h DO RIO GRANDE PENSE E DANCE Dom as 13h RAÍZES DA Sáb as 15h AMÉRICA REENCONTRO Qua as 21h SALA DE Dom, ter e qui as CONCERTOS 20h SEMPRE AOS Sáb as 17h SÁBADOS
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perfil
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O sol e as asas de cada dia
Foto: Laissa Sardiglia
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odas as pessoas têm objetivos para alcançar e precisam de um esforço para conquistá-los. “Objetivo” e “esforço” podem ser representados por um Sol e asas. As asas refletem no esmero do que uma pessoa pode fazer para chegar até o Astro-Rei que é o maior objetivo. Seguindo esse pensamento, a vida de Juan Amoretti se baseia em criar asas para chegar até o Sol. Vindo de família simples na localidade de Titia na cidade de Moquegua, no interior do Perú, primogênito de uma família de 12 irmãos, filho de pai alcoólatra endividado e de mãe costureira, Amoretti teve uma infância humilde. Desde pequeno acostumado a fazer trabalhos informais para sobreviver, da sua infância até a adolescência, trabalhou como ajudante de padeiro, pedreiro, engraxate e entre outros. O pai, apesar de problemático, deixou uma grande lição para o pequeno Amoretti: “quem tem pé, caminha”. Esse foi o grande legado que ele lhe foi deixado. Depois disso, Amoretti riscou numa folha de papel A4, dividindo-a ao meio e, no lado esquerdo, escreveu todas as profissões que conhecia; no direito, todas as suas habilidades. Incentivado pelos constantes elogios de sua mãe falando que ele desenhava muito bem, que copiava alguns desenhos com precisão fotográfica, ele pôs a habilidade na lista. Amoretti tinha uma paixão pelo cinema, mas não podia assistir um filme toda semana como os amigos faziam. Este momento de arte nasceu na infância, mais precisamente no colégio, onde copiava desenhos para os colegas, que o pagavam. Assim, ele investia indo ao cinema para se entreter e se aperfeiçoar no desenho. Depois da escola, per-
24 .txt .txtMaio Maio 2012 2012
Leonardo Cortes e Talis Machado
cebeu que o que sobrou das habilidades eram as artes plásticas. Após a fase escolar, percebeu que, de todas as habilidades listadas quando criança, as artes plásticas eram sua identidade. Amoretti viu que poderia ganhar dinheiro com o que considerava liberdade para trabalhar. Ao entrar para a Escola Superior de Belas Artes do Peru, trabalhou como Desenhista ilustrador na Agência Publicidade Criativa. Durante os anos da faculdade, para se manter financeiramente, encomendava ilustrações para formaturas. Posteriormente, trabalhou como técnico em material audiovisual na TV Educativa do Ministério de Educação e restaurador no Museu de Arte de Lima. Numa manhã, Amoretti viu um anúncio no jornal falando que uma jovem brasileira gostaria de se corresponder com jovens peruanos, como ele. Ele não deu importância, mas este mesmo anúncio voltou a cruzar seu caminho curiosamente. Intrigado, mandou uma carta para a jovem. Semanas depois recebeu carta da mesma dizendo que ele entre tantos foi o escolhido para manter contato com ela. Depois de alguns meses e muitas cartas, Amoretti que sempre foi um jovem audacioso, pediu-a em casamento também em carta enviada para o pai da moça. O nome da felizarda primeira esposa era Luisa. Casaram-se em Titia no Peru e viveram por quatro anos em Lima. Juan, nessa época, trabalhava como desenhista, fazendo cenário, maquetes. Depois, no Museu de arte de Lima como auxiliar de restaurador. Mas por dificuldades financeiras e adaptação, eles resolveram morar na terra natal da esposa, Santa Maria. Com toda experiência que possuía não pensava em permanecer em Santa Maria por muito tempo, pois Pretendia ir
para São Paulo com a esposa Luisa. Mas o tempo, eles decidiram ficar na cidade. Em 1974, começou a procurar um emprego. Amoretti começou a trabalhar na Editora Rainha com o Padre Lauro Trevisan, foi seu emprego no Brasil e, mais tarde, surgiu à oportunidade de trabalhar na Universidade. Com o seu currículo vasto e seu aprofundado conhecimento, começou a ensinar Desenho no curso de Artes. Amoretti fez monumentos marcantes para a universidade, como “500 anos de invasão da América” do painel do Caixa Preta – a convite do reitor Tabajara Gaúcho da Costa. A fachada do Caixa Preta foi pintada por Juan e mais dois alunos. “A Bússola” na Avenida Roraima e “O Corpo Humano” na fachada do Hospital Universitário de Santa Maria, o Husm. As obras do professor podem ser encontradas também em algumas residências. A escultura de 12 metros de metal que representa o vencedor, “O Idealista”, encontrada na rótula da Avenida Dores, chama atenção de todos que chegam a Santa Maria. A escultura representa bem como é vida de Amoretti: uma esforçada jornada aos objetivos simples da vida. O Idealista, com suas asas, voa para alcançar o Sol – Juan, com sua habilidade em artes, “voa” na vida para chegar aos seus ímpetos. A cada manhã, milhares de santa-marienses despertam em busca de seu sonho, seu ideal, ou apenas do pão de cada dia. “O Idealista”, parado no meio de uma das vias mais movimentadas da cidade, lembra cada um deles. Apesar de muitas correntes e pessoas tentarem os aprisionar ao chão e os colocar a baixo, todo têm assas. À vontade e a fé, fazem as assas se abrirem para voar sobre todas essas dificuldades, em busca de cada ideal, em busca de um lugar ao sol. .txt