Ano viii
Número 20 Julho de 2015
revista laboratório do 3º semestre do curso de comunicação social – jornalismo | ufsm
INDÍGENAS LUTAM POR PERMANÊNCIA
julho de
2015
a o leitor
nuances entre o velho e o novo A UFSM não é efêmera como são seus acadêmicos. Passam por aqui as gerações, mas ficam as mudanças estruturais e de pensamento demandadas por elas. Fato é que, como Instituição Social, a Universidade tem seu compromisso não só com a produção de conhecimento, mas também como isso é aplicado na sociedade. De forma paradoxal, a inclusão indígena não é uma pauta nova. Correto seria afirmar que nem o termo inclusão seria o mais justo para ser utilizado, visto que foram eles que nos viram chegar, quando o Brasil nem era Brasil. Ainda assim, somente agora falamos da entrada e, não obstante, da permanência do indígena na Universidade. A atual conjuntura político-econômica do país remete a um cenário de contingências, decorrente de medidas conservadoras que não valorizam a educação, colocando-a como terceira secretaria que mais teve cortes no país. Mesmo com essas limitações financeiras, a Universidade se mantém como um espaço de vanguarda, res-
ponde às pautas de movimentos sociais, debate e decide por aprovar a utilização do nome social. No entanto, inovar, crescer estrutural e fisicamente não são garantias de renovação, se ela vier a partir de uma transferência de responsabilidades. Desde 2013, a UFSM passou para a EBSERH a gestão do Hospital Universitário. Enquanto projetos sociais se preocupam em renovar a vida de pessoas para garantir dignidade em seus tratamentos, prioriza-se a assistência em detrimento da função pedagógica do HUSM. Por fim, não há como manter uma Universidade acreditando que as gerações passam sem que suas vivências permaneçam. As pessoas se moldam às transformações, ao mesmo tempo em que a Universidade deve se moldar ao novo que vem junto a essas mudanças. A essência da UFSM é o conjunto de pessoas que dela fazem parte e que aqui deixam suas marcas. Germano Molardi, Kauane Müller e Viviane Borelli
revista laboratório do 3º semestre do curso de jornalismo da ufsm edição editores de produção projeto gráfico diagramação
revisão
Viviane Borelli Germano Molardi, Kauane Müller e Vinícius Flores Marcelo Kunde Gabriela Pagel, João Pereira, Paola Dias, Sandro Lacerda, Vanessa Oliveira e Vitor Rodriguez; coordenadores: Bruna Bergamo, Sabrina Cáceres e Flavio Teixeira Katia Moreira, Mariana Flores, Rossano Villagrán e Valdemar Neto; Claudine Friedrich e Iander Porcella
coordenadores: fotografia
tratamento de imagem divulgação edição on - line capa fotografia de capa modelo da capa professora responsável endereço
data de fechamento impressão
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tiragem
Camila Jardim, Stephanie Battisti, Gabriela Pagel, Maria Júlia Corrêa, Paola Dias e Vitor Rodriguez Camila Jardim Anelissa Cardoso, Michele Pereira e Nathalie Martins Paola Matos, Ramiro Brites e Vinícus Azevedo Flavio Teixeira Quarazemin Maria Júlia Corrêa Cristiane Bento Viviane Borelli Mtb/RS 8992 Campus da UFSM, prédio 21, sala 5234 Telefone: (55) 3220-8487 01 de julho de 2015 Imprensa Universitária da UFSM | 700 exemplares
www.ufsm.br/txt txt.revista@gmail.com
SUMÁRIO 4
a casa do estudante também é das mães semear causas , colher vivências
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elas escolheram não se eximir a espiritualidade dos universitários
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impacto na ufsm
de santa maria
em prol da acessibilidade
da academia
diagnóstico
americano
estudantes um cefd
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indígenas reivindicam melhores condições de permanência
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anos de amor ao futebol
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apoio a servidores e
para poucos
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o husm em
desafio em solo
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acadêmicos e comunidade
a ufsm além
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ajuste fiscal :
quem retrata as pessoas
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mudança de cenário
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entrev is ta
A CASA DO ESTUDANTE TAMBÉM É DAS MÃES reportagem:
Kauane Müller e Nathalie Martins; fotografia: Camila Jardim e Isadora Fluck; diagramação: Vanessa Oliveira e Flavio Teixeira
na casa do estudante universitário há doze mães que lutam pelo direito de morar com seus filhos. vidas que se completam
Helena Silva Oliveira mora na Casa do Estudante Universitário desde 2011. Rafaela nasceu em 2013. A gravidez foi a surpresa que aquele ano preparava para a estudante de Agronomia, agora com 21 anos. Naquele momento, o medo e as dúvidas assustaram a jovem mulher que planejava fazer a graduação. Quando Rafaela nasceu, Helena não sabia se as duas poderiam morar sozinhas em um apartamento da Casa. Apesar disso, a grande dúvida da mãe era se ela precisaria trancar o curso ou se poderia continuar estudando, mesmo com a filha pequena. O susto inicial diminuiu após uma conversa com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis: o curso não teria que esperar, Rafaela ocuparia uma vaga na Casa do Estudante e as duas poderiam dividir um apartamento. Mas ainda havia outros medos: o terror de não ter uma relação estável e de muito tempo estar junto, mas não ser um namoro. A tranquilidade veio com o pai de Rafaela; de com o tempo e a construção de uma relação de amizade e parceria, que tem tudo a ver com as responsabilidades com a filha, divididas entre os dois: as despesas, o cuidado e o tempo que Rafaela passa com cada um. E teve a família: “Meus pais queriam levá-la, mas eu consegui um voto de confiança para que ela ficasse comigo, que eu ia dar conta aqui”. Com a ajuda de muitos, Helena está conseguindo cuidar da pequena. Quando sua filha nasceu, a bisavó da menina permaneceu com elas na Casa porque Helena não podia ficar sozinha e nem fazer muito esforço. Os padrinhos da menina são estudantes e também moram na Casa.
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Cuidar de Rafaela é uma tarefa que eles cumprem quando a mãe e o pai têm algum compromisso. Helena não encontrou impedimento nem com a permanência dela e da filha na Casa, nem em relação ao auxílio-creche. O valor paga metade do que é gasto com a escolinha de educação infantil que a menina frequenta desde os três meses. O pai completa a mensalidade da creche e a mãe custeia os gastos com a alimentação. Tem também o pediatra, pois Rafaela já teve convulsão duas vezes e precisou de atendimento imediato. É um gasto extra com médico particular, mas a escolha dessa opção foi pela segurança no atendimento, que não é oferecida quando se procura o posto de saúde, segundo Helena. Sobre a dupla rotina, Helena conta que as funções de mãe e estudante se completam. “Tenho que levar ela para a escola porque eu preciso ir para a aula. Se estou na aula, tenho que fazer as minhas coisas porque preciso buscá-la depois. Não posso parar muito, mas estou dando conta. Uma coisa vai completando a outra”, afirma.
pelo direito de ser mãe
“Quando eu vim com ela para Santa Maria, vim com uma mão na frente e outra atrás, eu não tinha nada, não tinha ninguém para me ajudar. Já tinha ganhado fraldas e roupinhas, mas pre- moradia, como ajuda a mantê-la. A mesma ascisava de gente para ajudar nos primeiros meses. sistente social que disse a Melissa que ela não Isso eu não tinha”. É assim que começa a histó- podia morar com Edgar levou um carrinho de ria da pequena Nastácia, filha de Melissa Fernan- bebê para sua filha e conseguiu os documentos da Copetti, 26 anos, aluna de Filosofia da UFSM para que elas ganhassem uma geladeira, que e moradora da Casa do Estudante Universitário. Melissa só passou a ter depois do nascimenMelissa também é mãe de Edgar, que nasceu to da menina. Agora ela sabe que não precisa em 2006, quando ela já morava na Casa para mais se intimidar. Melissa e Nastácia vivem com o valor do aucursar o ensino médio no Colégio Politécnico. A história de uma mulher, mãe e estudante se xílio-creche desde que a pequena tinha um mês. mistura com a história de seus filhos. É assim Quando completou um ano de idade, passou que a narrativa de Melissa é percebida por quem a ter um pai legalmente, que cuidava dela no a ouve, enquanto ela, à vontade, amamenta a Ateliê Casa 9, enquanto a mãe fazia estágio. Ele não mora em Santa Maria, mas, quando está pequena Nastácia. Aos 17 anos, Melissa não sabia que podia na cidade, fica com a menina para que Melissa enfrentar a decisão da Pró-Reitoria de Assuntos possa ir às aulas. Nastácia não frequenta uma Estudantis (PRAE), quando não foi permitido escolinha, porque não há dinheiro. O auxílio que ela morasse com o filho pequeno. Embora, recebido não paga um turno em uma creche nessa época, outras mães já morassem com seus privada. A mãe também não trabalha, pois não filhos e filhas na Casa sem o conhecimento da tem onde deixar a filha. Melissa forma-se neste ano em Filosofia – instituição, o medo de que elas fossem expulsas fez com que Melissa baixasse a cabeça. A luta bacharelado e licenciatura, mas veio depois, quando algumas mulheres passa- não tem certeza sobre o que ram a reivindicar o direito de morarem com vai fazer depois. Talvez ela faça um curso de póssuas crianças, concedido a partir de 2009. Edgar foi morar com a bisavó e, aos seis -graduação, mas precisa anos, com o pai, com quem deve ficar até a for- ser em uma universimatura de Melissa. “Eu faço licenciatura e ba- dade que assegure sua charelado, então já demoraria um pouco mais moradia e a de seus para me formar, mas tive que atrasar a faculda- filhos, além de gade porque a Anastácia veio de surpresa. Quando rantir escolinha Edgar nasceu, eu estava em um relacionamento para Nastácia. e engravidei, mas, dessa vez, desde o início, eu A UFSM, por sabia que o pai biológico dela não assumiria. enquanto, Ele foi embora da cidade, nunca mais veio falar não é este lugar. comigo”, relata. A luta das mulheres pelo direito de morar com seus filhos trouxe resultado: a PRAE, que antes alegava que a Casa do Estudante não era lugar para criança, agora não apenas permite a
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prae garante moradia a filhos de estudantes
Para entender como funciona a garantia da permanência das mães e pais estudantes e de seus filhos e filhas, conversamos com o pró-reitor de Assuntos Estudantis João Batista Dias de Paiva.
.txt – quais são os direitos que uma mãe es- .txt – existe algum auxílio da universidade quanto à creche? tudante tem como moradora da casa? Paiva – O artigo segundo da resolução 025/2014 Paiva – Uma vez definida a necessidade de a regulamenta que a moradia estudantil PRAE criança permanecer com a mãe, a Universidade UFSM é um direito do estudante, incluído no provê um auxílio-creche. Para receber o auxílio, Programa de Benefício Socioeconômico da tem que ser moradora da Casa do Estudante, PRAE. Ele pode ser extensivo a filhos menores preenchendo todos os requisitos legais, ou seja, de 12 anos, em que se enquadra a definição de a questão da vulnerabilidade social. O auxílio criança, cuja necessidade deve ser comprovada é concedido para a criança. Então, se mora, por por meio de parecer social feito pela PRAE. Isso exemplo, você e o seu namorado, e os dois é um direito assegurado pela Constituição e têm uma criança, ela recebe um auxílio. Assim pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, não como, se você mora sozinha e tem uma criança, a criança recebe um auxílio-creche, pois ele é há como fechar os olhos para isso. concedido para a criança, não para os pais. Nós não concedemos o auxílio-creche indiscri.txt – como uma estudante que vai ter um minadamente. As pessoas têm que comprovar que se inscreveram e que não conseguiram filho deve proceder? Paiva – Ela deve procurar a assistente social da vaga, pois pagamos o auxílio para as crianças PRAE para receber a orientação pertinente. O que estão em excedente da rede pública muniobjetivo da resolução é justamente acolher as cipal.Esse auxílio é equivalente a uma e meia crianças que já estão lá e acolher estudantes que bolsa PRAE, o que corresponde a R$375,00 chegam grávidas à universidade e que tenham para cada criança, baseado no princípio de que a escola é um direito da criança. direito de morar na Casa.
.txt – e a alimentação dessas crianças? elas podem comer no restaurante universitário? Paiva – Se as crianças podem estar junto das mães, certamente elas podem levá-las onde quiserem, até mesmo dentro da sala de aula. Uma criança nessa idade come colheradas do prato da mãe mesmo, então nós nunca pensamos em evitar a entrada dos bebês no restaurante. Se for formalizar é um processo enorme, então não é algo que seja considerável do ponto de vista quantitativo, nem do ponto de vista do custo da comida que essas crianças comem. De fato, nós nunca discutimos essa questão.
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c o m u nidade
Leon Denis
ELAS ESCOLHERAM NÃO SE EXIMIR reportagem:
Casa Maria
Mariana Flores e Sabrina Cáceres; fotografia: Gabriela Pagel; diagramação: Flavio Teixeira e Sabrina Cáceres
Eu nunca imaginei receber o diagnóstico de câncer. Ainda mais morando em uma cidade de interior, onde mal temos um posto de saúde. A cidade grande é uma das únicas opções para mim, já que onde eu vivo os hospitais não oferecem tratamentos desse tipo. E agora? Bom, eu consigo marcar as consultas, fazer os exames e, se não fosse pelo fato de eu ter que voltar muitas vezes ao hospital, tudo poderia ser um pouco mais fácil. Mas tudo bem, eu realmente vou enfrentar essa. E não vou sozinha. Só resta uma questão: durante o meu tratamento, onde vou ficar? Não tenho dinheiro para pagar uma pousada, nem tenho como vir e voltar para minha cidade toda hora. Como é que eu vou fazer? Ouvi falar de casas que dão pouso para quem precisa, mas será que vai ter lugar? Se não tiver, não vou ter como ficar, nem como me tratar. E agora? Essa é a realidade de muita gente que vem ao Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) para fazer tratamento contra o câncer e outras doenças. Vir de outra cidade, fazer tratamento, estar longe de casa e de quase toda a família. Tudo isso abala quem se encontra em uma situação delicada como essa. Mas ser acolhido em uma casa que, além de abrigo e alimentação, dá amigos, atenção e apoio psicológico pode ser uma alternativa para não se abater e encarar a doença de uma forma bem mais positiva.
a vontade de ajudar
A sensibilidade de dona Leonilda Oliveira em perceber que a cidade contava com poucas casas de apoio a pessoas em tratamento oncológico foi o marco inicial de um projeto que estava por nascer. Era dia 28 do mês de março de 2013. Interessadas em ajudar e com disponibilidade financeira para fundar uma ONG, ela e outras 14 pessoas iniciaram um projeto voluntário e
abraçaram a causa. A partir da necessidade de um lugar como este em Santa Maria e do comprometimento de todos os voluntários, esforços foram unidos para criar a Casa Maria. Após um ano de funcionamento, a Casa recebe cada vez mais pacientes e também pessoas para ajudar no trabalho. Ela já conta com 15 funcionários remunerados e recebem apoio de
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empresas como a DPI Soluções em Impressão e o Programa Mesa Brasil Sesc, além de uma ajuda do Lions Clube Santa Maria Camobi. Além dos colaboradores, a Casa se mantém através de doações tanto de pessoas físicas quanto jurídicas, que contribuem não só com comida, objetos, medicamentos, dietas específicas e vestuário, mas também com doações em dinheiro. Há ainda uma parceria com o supermercado Nacional, que apoia a Casa Maria e promove o sábado solidário, no qual acontece a arrecadação de alimentos da população. Além de oferecer acolhimento, acompanhamento psicológico, alimentação, medicamentos e conforto aos pacientes, a Casa se preocupa com ações preventivas ao câncer. Com intuito de esclarecer sobre a doença, são promovidas palestras em escolas e empresas. Atualmente, a ONG funciona com o trabalho de 16 pessoas assalariadas. Conta ainda com 23 leitos para o atendimento de cerca de 250 pessoas por mês. Trata-se da única casa de Santa Maria a receber pacientes adultos pós-transplante de medula óssea. Para estes, disponibiliza dois quartos com banheiro exclusivo. A estrutura funciona com o empenho de uma assistente social, uma psicóloga, uma pessoa responsável pela limpeza, uma pelo Centro de Processamento de Dados, um administrador, um coordenador, três arrecadadores de doações e oito pessoas no telemarketing. A Casa ainda conta colaboração de voluntários.
Estoque de dietas específicas Casa Maria
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ajuda ao próximo
Assim como Leonilda, outras pessoas têm interesse em ajudar o próximo. É o caso de Dunia Ramos, ex-enfermeira e professora aposentada que resolveu doar a sua casa para acolher os pacientes de fora de Santa Maria que se tratavam no HUSM. Assim nasceu o Abrigo Assistencial Leon Denis, criado em 1993 com o apoio de voluntários, diante da constatação de que as pensões do bairro de Camobi eram muito caras e inviabilizam a hospedagem para pessoas que não tinham condições de pagar o preço das diárias. No princípio, o abrigo surgiu para acolher somente adultos em tratamento oncológico, porém um acontecimento muito singular fez quase tudo mudar. Logo no início do funcionamento da Leon Denis, muitas crianças em tratamento contra a leucemia começaram a se abrigar na casa. Entretanto, a administração não achou correto manter crianças e adultos juntos, por isso foi criada uma filial do abrigo. Esse episódio ocorreu porque naquela época ainda não existia nenhuma casa no bairro que abrigasse apenas crianças em tratamento. Orieta Ramos, irmã de Dunia, que já estava envolvida com o projeto, cedeu um apartamento no centro da cidade para acolher essas crianças. Porém, por motivos financeiros, a filial durou apenas dois anos vinculada a Leon Denis e depois se separou, dando origem à Casa de Apoio à Criança com Câncer, o CACC. A casa sempre funcionou com trabalho voluntário, até mesmo nos cargos da Diretoria Executiva. Atualmente, a diretoria é formada por Orieta Ramos (presidenta), Vera Santos (vice-presidenta), Vera Cristina Dorneles (primeira secretária), Gianete da Silva (segunda secretária), Dunia Ramos (primeira tesoureira) e Adriana Carpes (segunda tesoureira). Com reuniões mensais, a diretoria administra o Abrigo com o apoio do Lions Camobi e colaborações, geralmente pequenas, de pessoas físicas. Além disso, há também um brechó mantido através de doações de vestuário, utensílios domésticos e brinquedos. A casa já fez mutirões para arrecadar comida nos mercados, mas a diretoria resolveu parar depois de um tempo, pois sempre houve dificuldade para arranjar voluntários na coleta.Outra ajuda importante vem dos trotes solidários da UFSM, que arrecadam uma quantidade grande de roupas e alimentos. O Leon Denis não disponibiliza medicamentos nem dietas, somente hospedagem e alimentação. No entanto, os pacientes que ficam ali podem se cadastrar na Casa Maria para receber as dietas específicas, pois embora não exista uma interdependência entre as ONG’s, elas mantêm uma relação de apoio. Além de receber pacientes adultos em todos os tipos de tratamentos e vindos de outras cidades, hoje a Leon também acolhe quem mora em Santa Maria, mas vive longe do HUSM. Cerca de 15 pessoas são acolhidas pormês no Abrigo, que conta com 11 leitos femininos e oitomasculinos. Segundo dona Orieta, embora haja uma alternância na lotação, elas fazem questão manter aberta em finais de semana e feriados. O abrigo acolhe também as mães de crianças que estão internadas no Hospital e Dunia garante que elas só saem da Casa quando a criança recebe alta da internação.
Administração Leon Denis
Alojamentos Leon Denis
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no aconchego de um lar
Acolhimento. Esse é o sentimento que o nome “Maria” passa para quem faz parte da história da Casa. O nome foi escolhido porque “em casa de Maria sempre cabe mais um ”sempre há um conforto de mãe. Na Leon Denis não é diferente. Na época da fundação, o nome foi uma homenagem a um importante filósofo e médium do espiritismo, embora a casa nunca tenha seguido uma crença. Apenas preza pela esperança e dá amparo a quem precisa. Todo o trabalho realizado nas casas de apoio é primordial para a vida dos pacientes. Esse conforto oferecido de forma voluntária, sem fins lucrativos e de maneira afetuosa é sentido por eles e retorna em forma de sorrisos, esperança, alegria e o tão esperado fim do tratamento. Élio da Silva Souza, 72 anos, morador do município de Vila Nova do Sul, em meio a sorrisos, diz que a sensação de amizade, carinho e respeito já foi perceptível desde a primeira vez que visitou a Casa Maria. “Ah, aqui é como estar em casa, as amizades, a irmandade, tudo aqui é muito bom”, confidencia. Em função de um câncer de próstata, ela faz radioterapia. Sua esposa, filha e cunhada se revezam para acompanhá-lo.
elas precisam de ajuda
Ainda que funcione como um lar, as duas ONG’s precisam de mudanças, tanto de infraestrutura como de locações. A Casa Maria ainda tem sede em local alugado, mas o plano é que futuramente seja possível comprar um imóvel maior e em melhores condições de alojamento. A sede própria é fundamental para que a casa possa atender mais pessoas e com melhor qualidade. Já a Leon Denis pretende promover melhorias e tem a intenção de construir, ao lado da casa, uma segunda estrutura que possa receber transplantados. Embora tenha colaboração do Lions Camobi, a casa vai precisar de ajuda da comunidade para concretizar a obra. Sobre o ato de ajudar, dona Dunia reflete: “Eu acho que existe a necessidade e o poder, e aí tu vais ou não te colocar em cima disso. Eu entendo estes três posicionamentos perante a necessidade: ‘eu posso e vou fazer’, ‘fico triste com a situação, mas não posso fazer nada’ e o ‘posso ajudar, mas vou me eximir’”. Dona Leonilda, dona Dunia, voluntários e colaboradores escolheram não se eximir. Mesmo com poucas condições, estão lá todos os dias dando apoio e acolhimento às pessoas que precisam de ajuda num momento difícil.
como ajudar? Casa Maria
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Leon Denis
Rua Erly de Almeida Lima n°447/ Camobi
Rua Erly Almeida Lima n° 520/ Camobi
Telefone: 33117077
Telefone: 32264928
Caixa Econômica Federal
Banco do Brasil
Conta Corrente: 17330
Conta: 27383
Agência: 1595 Operação: 003
Agência: 14842
Canto de Lazer Casa Maria
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parale lo
AJUSTE FISCAL: IMPACTO NA UFSM reportagem:
Katia Moreira, Rossano Villagrán e Stephanie Battisti; arte: Flavio Teixeira Flavio Teixeira e Gabriela Pagel
diagramação:
o corte no orçamento do ministério da educação, anunciado no dia 22 de maio pelo ministro do planejamento, nelson barbosa, foi menor do que o previsto pela administração central da ufsm. o total contingenciado no mec foi r$ 9,423 bilhões, o que corresponde a 19,3% da quantia inicialmente destinada ao ministério. a expectativa era de corte de um terço, o que corresponderia a cerca de r$ 16,3 bilhões. De qualquer forma, a Universidade já foi atingi- to, para as pró-reitorias de Administração e da pelo atraso na liberação do Orçamento Fede- Infraestrutura, como informa o pró-reitor de ral. Do início do ano até o anúncio do contingen- Planejamento, Frank Casado. A Proplan tamciamento, os centros de ensino receberam apenas bém divide as verbas entre os centros, que verba de custeio para financiar as necessidades por sua vez repartem entre suas subunidades, básicas e manter o seu funcionamento. A priori- que são os departamentos e coordenações. dade das direções dos centros era garantir o pa- Até o anúncio do contingenciamento, feito gamento de bolsas, os materiais didáticos essen- no final de maio, nenhuma subunidade posciais e de almoxarifado, além dos compromissos suía caixa, e as necessidades básicas eram que já estavam assumidos. Em algumas unidades, bancadas pelas direções dos centros. esses tipos de materiais só não faltaram porque Como o Orçamento foi liberado no havia estoque suficiente para o semestre. dia 25 de maio, as subunidades já contam Gastos como diárias, viagens e eventos acadê- com verba para realizar os empenhos de micos foram reduzidos em comparação ao ano compra de materiais. Porém, os diretores passado em quase todos os centros. O Centro de de centro estão apreensivos com relação Educação, por exemplo, estava enviando apenas a prazos mais longos, uma vez que a um aluno para representar grupos maiores em presidente Dilma Rousseff e sua equieventos externos, conforme o diretor Rodrigo Ro- pe econômica já deixaram claro que rato. No Departamento de Comunicação, a chefe, o ajuste fiscal será levado até o fim Sandra Rubia da Silva, diz que alguns professores do mandato, o que deve comprotiveram que desembolsar de seu próprio dinhei- meter projetos para os próximos ro para bancar suas excursões a trabalho. anos. Novos edifícios, construEm relação às obras, o pró-reitor de Infraes- ção de laboratórios, grantrutura, Eduardo Rizzatti, explica que no início des manutenções e do ano o governo enviou para a UFSM R$ 1,6 abertura de cursos milhão em recursos para investimentos, mesmo devem enfrentar sem a aprovação do Orçamento no Congresso. dificuldades seCom isso, foi possível assinar os contratos de veras, preveem todas as obras licitadas. Já as reformas estão in- alguns diretores, cluídas no orçamento de custeio e não sofreram como o do CEFD. nenhum tipo de prejuízo. Todos os recursos recebidos pela UFSM são gerenciados pela Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan), que os repassa, em trabalho conjun-
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cortes
Após ser reeleita em outubro, Dilma decidiu no. Isso quer dizer que, pela primeira vez em 17 anos, o entregar as rédeas da política econômica a uma setor público não conseguiu economizar dinheiro para equipe técnica e anunciou o nome de Joaquim pagar os juros da dívida. A equipe econômica do governo espera recuperar a Levy no Ministério da Fazenda, o que provocou uma guinada à direita no governo federal. As- confiança na economia brasileira e atrair investidores que haviam se afastado, além sim foi decretado o início do ajuste fiscal. O tamanho total do corte é de R$ 69,9 bi- de evitar que o Brasil perca o selo de lhões. Desse valor, R$ 9,42 bi foram desconta- bom pagador atribuído pelas agêndos do Ministério da Educação. Segundo o Mi- cias internacionais. A intenção, em nistério do Planejamento, os recursos recebidos médio prazo, é criar um ambiente pelo MEC preservam “os programas prioritários” econômico saudável, com as cone garantem “o funcionamento das universidades tas em ordem, que deve garantir e institutos federais”. Com o corte nas despesas, que o país volte a crescer depois de o governo espera economizar R$ 66,3 bilhões uma desaceleração que vem desde 2011. Mas os resultados em curto praem 2015 para pagar os juros da dívida pública. A situação das contas públicas é delicada. zo devem ser desfavoráveis. O governo Em 2014, foi registrado déficit primário de R$ prevê que o PIB vai encolher 1,2% em 32,5 bi, o primeiro desde 1997, de acordo com 2015 e que a inflação deve ficar bem acima os dados publicados todos os anos pelo gover- do teto da meta, que é 6,5%.
centro de artes e letras
( cal )
centro de ciências da saúde
( ccs )
O diretor Pedro Brum Santos destaca que, em Como consequência do atraso na liberação do razão da nova política econômica, é “muito Orçamento, o centro apresentou dificuldades complicado” fazer qualquer tipo de planeja- no pagamento de dívidas e na aquisição de nomento, como abertura de cursos, contratação de vos equipamentos para laboratórios e materiais novos quadros e projetos de novas instalações, de sala de aula e escritório, diz o gestor finano que deixou os planos do CAL “em stand by”. ceiro, César Lima. O CCS também uma paraliDevido ao atraso na liberação do Orçamento sação na reforma de salas de aula e restrições no Federal, os departamentos e as coordenações pagamento de bolsistas. ficaram impedidos de adquirir materiais como cadeiras ou prateleiras. Uma obra do curso de centro de ciências sociais e humanas Letras ficou paralisada por alguns meses devido ( ccsh ) à licitação de uma nova empreiteira, mas foi re- “Os estudantes não precisam se preocupar”. Essa tomada há cerca de dois meses. é a garantia do vice-diretor do centro, Wanderlei José Ghilardi. A crise do atraso na liberação do Orçamento não estourou no centro porque centro de ciências naturais e exatas foi possível contar com uma pequena folga fi( ccne ) De acordo com a diretora do centro, Sônia Za- nanceira e com o entendimento por parte da nini Cechim, e a chefe do setor financeiro, San- equipe do CCSH, além de uma racionalização dra Ribas da Rocha, entre as obras previstas para no consumo de materiais. Para resolver proble2015 e que esperam a chegada de recursos para mas básicos, como falta d’água e necessidades serem iniciadas está a construção de banheiros, relacionadas ao dia-a-dia, a direção contou com vestiários, espaços de paisagismo e áreas inter- a ajuda de contatos empresariais. Ghilardi afirnas do prédio. Também são necessárias as refor- ma que um atraso na distribuição de bolsas em mas de três anfiteatros consideradas prioridade março foi resolvido graças a um adiantamento, do centro, já que funcionam como salas de aula mas isso deve ocasionar complicações fiscais. O prédio 74B, que está em construção e e locais de congressos e simpósios. deve abrigar o curso de Psicologia, recebeu alguns equipamentos –como condicionadores centro de ciências rurais ( ccr ) Segundo o diretor Irineo Zanella, cortes no final de ar e computadores– emprestados de outros de 2014 impediram o centro de adquirir equi- setores, o que disfarça a situação delicada das pamentos como computadores, condicionado- novas instalações. O edifício tem previsão de res de ar e cadeiras,que totalizariam R$ 400 mil. término para o final de 2016, assim como o úl-
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timo bloco do 74C. Já a Biblioteca Setorial deve ser concluída até o fim de 2015. A direção do CCSH tem a intenção de desocupar o Prédio de Apoio, que abriga os cursos de Economia e Relações Internacionais. Situado no Centro de Santa Maria, o espaço é antigo, o que gera custos elevados para a manutenção.
novos prédios, ainda não planejados. Não foi registrada falta de materiais esportivos básicos em decorrência do atraso na liberação do Orçamento, mas não havia recursos para pesquisas e equipamentos sofisticados.
centro de tecnologia centro de educação
( ce )
O chefe do setor de Orçamento do centro, Rodrigo Rorato, informou que, em 2014, houve um corte de 30% em relação a 2013, o que causou complicações severas. Em 2013, o CE pôde contar com verbas remanescentes do ano anterior, o que não aconteceu em 2014. Segundo Rorato, dos R$ 30 mil recebidos mensalmente pelo CE, de R$ 20 a 21 mil são destinados a bolsas. Desde o início do ano, foram suspensas compras sem licitação e o uso do cartão corporativo.
centro de educação física e desportos
( cefd ) O diretor Luiz Osório Cruz Portela define as demandas do CEFD como “uma lista que não acaba mais”. Apenas uma reforma para conter as infiltrações no prédio deve custar quase R$ 1 milhão. Nos ginásios, são necessárias também reformas nos pisos e obras de impermeabilização nos telhados, além de manutenções nas piscinas. Apesar de as reformas estruturais dependerem de verba gerenciada pela Administração Central, Portela destaca seus temores de que não haja recursos suficientes para executá-las. O diretor afirma que os planos para crescimento e desenvolvimento do centro para os próximos anos estão seriamente comprometidos pela nova política econômica, já que o CEFD depende da construção de
( ct )
Segundo o diretor do centro, Luciano Schuch, o CT está com as atividades de ensino, pesquisa e extensão dentro da normalidade, mas há preocupação com relação a dois grandes projetos de reforma e um novo prédio, ambos sem previsão de início. O novo projeto de expansão do CT, com três novos cursos e dois projetos de duplicação do número de vagas, está parado no MEC e não tem previsão de ser analisado pelo governo. Os coordenadores dos cursos de Engenharia Aeroespacial, Mario Martins, e de Engenharia de Telecomunicações, Leonardo Londero de Oliveira, manifestaram mais preocupação. Os cursos, inaugurados neste ano, precisam de laboratórios com equipamentos mais sofisticados que aqueles existentes hoje no CT para atender aos próximos semestres. De acordo com Oliveira, se a economia de verbas do governo impedir a criação de novas instalações, o curso de Telecomunicações terá que contar com os equipamentos já existentes no centro, o que prejudicaria o ensino.
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tecnolo gia
ACADÊMICOS E COMUNIDADE EM PROL DA ACESSIBILIDADE reportagem:
Camila Jardim e Sandro Lacerda; fotografia: Vitor Rodriguez; Flavio Teixeira e Sandro Lacerda
diagramação:
projeto interdisciplinar desenvolve a capacitação de alunos e da comunidade para a produção de tecnologia social destinada a pessoas com deficiência. a ação é resultado de uma parceria entre os cursos de desenho industrial e terapia ocupacional para a elaboração de tecnologias assistivas.
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Alunos dos cursos de Desenho Industrial e Terapia Ocupacional desenvolvem um projeto de capacitação e produção de equipamentos de tecnologia assistiva em prol da comunidade santa-mariense. Os objetos elaborados visam proporcionar uma maior qualidade de vida a deficientes físicos e mentais. Intitulado “Capacitação discente para a produção de tecnologia social às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida em comunidades de baixa renda no município de Santa Maria”, o projeto de extensão tem a intenção de unir as habilidades do Desenho Industrial na produção de materiais com a assistência médica proporcionada pela Terapia Ocupacional. O termo tecnologia assistiva corresponde a objetos elaborados para proporcionar uma maior qualidade de vida a deficientes físicos e mentais. Os objetos visam dar maior independência nas atividades do dia-a-dia. Um exemplo de tecnologia assistiva é o desenvolvimento de um garfo com alça, o qual se prende à palma da mão do paciente que perdeu o movimento dos dedos. O objeto possibilita que o usuário coma sozinho e aumente a sua independência. Encaminhado desde o ano de 2012, mas oficializado apenas em janeiro de 2014, o projeto de tecnologia social se estruturou a partir das disciplinas Tecnologia social para pessoas com deficiência I e II, do departamento de Terapia Ocupacional. Elas são ministradas pelos professores Sérgio Antônio Brondani, do curso de Desenho Industrial, responsável pelo projeto do produto, e Taísa Ferreira, do curso de Terapia Ocupacional. Os alunos do 5°, 6° e 7° semestres dos cursos foram, primeiramente, capacitados em sala de aula para entrar em contato com as teorias relacionadas aos materiais necessários à produção e ao funcionamento dos processos de adaptação dos pacientes. Em seguida, foram a campo para realizar o levantamento das necessidades dos deficientes de duas comunidades de baixa renda de Santa Maria. O Desenho Industrial participa das análises de relação do equipamento com o usuário, enquanto que a Terapia Ocupacional colabora na criação e projeção dos aparelhos. “O conhecimento é muito facetado e, a partir do momento que congregamos, ficamos com um domínio mais abrangente e isso para qualquer cidadão e profissional no mercado é fantástico”, ressalta o professor Brondani sobre a essência interdisciplinar do projeto. O projeto trabalha com oito famílias que foram escolhidas a partir da indicação das unidades de saúde das comunidades. Entre os casos, estão deficientes de nascença, vítimas de acidentes e pessoas que sofrem de alguma doença com perda dos movimentos. No estudo de campo, a pessoa relata suas maiores necessidades para projeção do equipamento por parte dos acadêmicos. A produção dos materiais é feita dentro das comunidades do município com marceneiros e serralheiros do próprio local, que são capacitados para realizarem o trabalho e, no futuro, darem continuidade a iniciativa. “Esse é um projeto que está envolvendo diretamente pessoas da comunidade, as quais mesmo os órgãos públicos não têm como chegar e nós estamos conseguindo realizar”, destaca Brondani. Depois da confecção, o equipamento ainda precisa passar por uma etapa de aprovação para testar sua qualidade. Os alunos de Terapia Ocu-
pacional acompanham a instalação do equipamento nas casas dos pacientes, explicam seu modo de uso e auxiliam na adaptação. Se surgir algum problema, os integrantes do projeto oferecem assistência. No caso de iatrogenia - quando o paciente não se adapta – a equipe também providencia um novo equipamento. Mesmo preocupado em relação à materialização da ideia diante dos atrasos no repasse de verbas, o professor está satisfeito com os resultados: “Conseguimos sair do âmbito teórico. A gente tá construindo, iremos fazer as entregas, então, estamos fechando o ciclo exatamente como foi projetado e determinado”. Outra preocupação sobre o projeto é em relação à divulgação, que tem como intuito proporcionar o conhecimento de mais pessoas a respeito do projeto e possibilitar que essas também possam ser atendidas. ampliação
Para o ano que vem, os responsáveis visam estender o projeto também a alunos da UFSM. O intuito é que todo discente com algum tipo de necessidade seja atendido pelo projeto. Os professores também têm a intenção de agregar outros cursos, como Fisioterapia, Educação Física, Educação Especial e as Engenharias. No semestre passado, um grupo - formado por dez alunos de Terapia Ocupacional, cinco de Desenho Industrial, um marceneiro e um serralheiro - fez um levantamento na comunidade Juscelino Kubitschek, onde foram coletados dados em oito famílias. A partir disso, decidiram qual grupo de alunos iria trabalhar em cada um dos casos. Os alunos também organizaram um evento de conscientização sobre necessidades e dificuldades de pessoas com deficiência. As visitas para o acompanhamento duraram todo o mês de outubro e no final de dezembro foram feitas as entregas. Depois do desenvolvimento do projeto, para o professor Brondani, os alunos passam a ter outra visão sobre as necessidades dos deficientes e acabam se envolvendo com cada caso.
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O HUSM EM DIAGNÓSTICO reportagem:
Germano Molardi e Ramiro Brites; fotografia: Germano Molardi; Flavio Teixeira e Tainara Liesenfeld
diagramação:
a empresa brasileira de serviços hospitalares (ebserh) está na administração do husm há pouco mais de um ano e meio. a chegada dela colocou em discussão a função pedagógica do hospital universitário, afetada pela priorização da assistência médica. Atuam no Hospital Universitário 169 doDesde sua criação em 1970, o Hospital Universitário de Santa Maria tem como compromisso proporcionar assistência à comu- centes, 1.170 funcionários concursados federais, nidade, tendo em vista a formação qualificada de novos profis- 417 concursados pela EBSERH, 598 funcionásionais na área da saúde. O HUSM é campo de atuação de 16 rios de serviços terceirizados, além de alunoscursos de graduação da UFSM, dos campus de Santa Maria e de -estagiários de graduação da UFSM, estagiários, Frederico Westphalen, 40 programas de Residência Médica, qua- mestrandos e doutorandos. Em 2014, o HUSM tro linhas de Residência Multiprofissional, além de cursos de pós- realizou por mês aproximadamente 1.090 inter-graduação. Semestralmente, em média 1.200 alunos atuam nas nações, 450 cirurgias, 144 partos, 13.000 consultas ambulatoriais, 2.982 consultas no Pronto dependências do hospital. O HUSM é referência em atendimentos no Rio Grande do Sul. Atendimento e 83.288 exames. O HUSM é o único hospital da região cenDiversos pacientes vêm de outras cidades do Estado para serem atendidos e, somados aos habitantes de Santa Maria, causam uma de- tral do estado que atende pelo SUS e, mesmo manda grande de consultas que a atual estrutura não consegue suprir. que auxiliado pelas Unidades Básicas de Saú-
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a entrada da ebserh
em 2014, o husm realizou 13.078 internações, 5.404 cirurgias, 1731 partos, 156.034 consultas ambulatoriais, 35.786 consultas no Pronto Atendimento e 999.461 exames.
de, lida há muito tempo com a dificuldade de atender a todos pacientes. Para o professor do Departamento de Cirurgia, Fernando Souza, “o excesso de demanda sempre aconteceu, mas do ponto de vista do ensino era muito interessante pela quantidade de casos para estudar”. Porém, quando o Hospital foi assumido pela EBSERH , houve a priorização do serviço de assistência médica. “O ensino acabou relegado ao segundo plano e nós nos sentimos aqui, como docentes, atrapalhando o processo de atendimento em massa que está sendo feito”, declara.
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares foi criada em 2011 para ser o órgão do MEC responsável por gerir o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF), existente desde 2010. A EBSERH atua no HUSM desde 2013, quando o ex-reitor, Felipe Müller, assinou juntamente com o presidente da empresa pública, José Rubens Rebelatto, o contrato de transição. Desde então, a EBSERH se tornou responsável pela administração do Hospital. A empresa pública se comprometeu, por exemplo, com a renovação tecnológica, estrutural e de recursos humanos do HUSM, com o aumento do orçamento para a instituição e com o aprimoramento das atividades vinculadas à formação e assistência médica. Em entrevista, o secretário-geral do reitor, Marionaldo Ferreira, afirma que “o hospital não deixou de ser da Universidade, ele continua sendo um hospital de ensino”. Como pode ser visualizada no contrato, a questão estrutural do HUSM exerce grande influência por parte da EBSERH em relação à Universidade. No caso de uma rescisão unilateral por parte da Universidade, a EBSERH terá direito de fazer o levantamento de todos os investimentos feitos no Hospital no intervalo de um ano anterior à rescisão. De acordo com o Parágrafo Segundo da Cláusula 12ª do contrato entre a EBSERH e a UFSM, que trata da extinção do contrato, outra opção existente é que a UFSM indenize a empresa com o valor correspondente ao investido. A Universidade também deve se encarregar de ressarcir os valores decorrentes da extinção antecipada de contratos cíveis e trabalhistas celebrados. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares é um órgão público, que recebe verbas do Ministério da Educação, tendo em vista a reestruturação dos hospitais universitários. Porém, a Universidade, ao decidir pela adesão da empresa à gestão do seu hospital, perde autonomia, visto que os investimentos provindos da gestão empresarial vão de reformas estruturais a resoluções trabalhistas com funcionários. Investimentos que, no momento, não poderiam ser ressarcidos pela UFSM.
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um problema de tempos , mas reforçado
aprendizagem é prejudicado pela priorização da assistência e também pela imposição realizada pelo AGHU. Em contrapartida, Tânia afirma que “hoje em dia, em nenhum hospital de ensino pode-se dar ao luxo de só atender o número de pacientes necessários para ensinar, porque senão o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação não investiriam em equipamentos, em funcionários, para dizer que só iriam atender 100 pacientes por mês, que é o que precisamos para ensinar”, revela. A coordenadora ainda reforça: “fala isso somente quem não sabe o que acontece dentro do hospital”. No entanto, Fernando Souza, médico que trabalhou no Pronto-Socorro por 30 anos, traz uma perspectiva diferente. “O HUSM é um hospital universitário. Embora ele atenda pacientes do SUS, ele tem uma obrigação maior, na minha concepção, em formar médicos da melhor maneira possível. Isso tem um custo operacional que tem que ser pago pela sociedade, se é que ela quer ter depois profissionais bem formados para poderem atendê-la”, afirma.
Na visão da coordenadora da Residência Médica da UFSM, Tânia Resener, a EBSERH, para a residência, só veio a melhorar. “Existiam várias áreas com falta de médicos, o que fazia com que, em vários setores, os residentes, às vezes, ficassem sem preceptoria (médico que acompanha os alunos em atendimentos) em determinados períodos do dia”, relata. No entanto, para o estudante do 11º semestre de Medicina, Bernardo Cadó, ex-membro do Diretório Acadêmico do curso, “é meio falacioso falar que está havendo uma melhora na preceptoria. As pessoas que estão sendo contratadas estão cumprindo um papel para as quais elas não são qualificadas”. o regional como possível solução Por ter investido na contratação de profissionais, a EBSERH instituiu uma meta maior O Rio Grande do Sul não tem condições de administrar o Hospital Regiode atendimentos para esses funcionários, o nal em Santa Maria. Com isso, a EBSERH assumirá a administração do que teve como consequência uma sobrecarga Hospital. Segundo a assessoria de imprensa do deputado estadual Valdeci também para os docentes e discentes que tra- Oliveira (PT-RS), na primeira semana de maio, uma assembleia presidida balham no Hospital. pelo deputado junto com os secretários de saúde dos municípios da reSegundo Tânia, a exigência do cumprimen- gião central do estado decidira pela gestão de forma unânime. A decisão to dessa meta não é feita aos professores, mas foi passada ao governo estadual, que anteriormente se posicionou no aos médicos contratados pela EBSERH, que sentido de acatar a resolução votada pelos 32 secretários. No entanto, até também são acompanhados de alunos e re- o encerramento dessa reportagem ela passava por trâmites burocráticos e sidentes. “Para a Residência Médica é ótimo. esperava oficialização. Quanto mais pacientes atendidos, melhor”, A ideia do Regional é que ele seja uma Unidade de Reabilitação do reforçou a coordenadora. Hospital Universitário, mais relacionado com todas as especialidades Antes da implantação da EBSERH, em ju- que vão trabalhar com a recuperação do paciente, como ortopedia, neunho de 2013, o Aplicativo de Gestão de Hos- rologia, neurocirurgia, fisioterapia e fonoaudiologia. Para a gerente de pitais Universitários começou a ser implantado. Ensino e Pesquisa, professora e médica Beatriz Silvana da Silveira Porto, Esse sistema facilita as consultas ao viabilizar o “muitas áreas presentes no HUSM poderiam crescer e se desenvolver mais acesso mais rápido à informação sobre os pa- do que conseguem atualmente”. O trabalho feito no HUSM com o ensino cientes. Porém, obriga que as consultas devam seria inserido da mesma forma no Hospital Regional. durar um período máximo de meia hora para Com a adoção, a EBSERH também assumiria o Hospital Regional com possibilitar um maior número de atendimentos. a mesma proposta de gestão existente no Hospital Universitário. Dessa Para a estagiária do HUSM e estudante de Me- forma, o AGHU seria implantado, assim como as relações trabalhistas dicina do 7º semestre, Tassiane Moreira, os 30 mi- seriam as mesmas que as existentes dentro da Universidade. nutos de atendimento são insuficientes para um Ao dividir a demanda de pacientes com mais um hospital, o HUSM bom aprendizado. “Os alunos que estão come- talvez consiga se comprometer majoritariamente com a sua função peçando a atender não têm tanta agilidade. Têm que dagógica para enfatizar a formação de novos profissionais de saúde. A ficar esmiuçando o paciente para aprender, que questão é se essa concepção de hospital-escola será reconhecida pelos doença pode relacionar com outra doença, quais acadêmicos, corpo de profissionais, vinculados ou não à Universidade, e são as relações comuns”, relata. O processo de principalmente pela comunidade.
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APOIO A SERVIDORES E ESTUDANTES reportagem: Michele Pereira; diagramação: Flavio Teixeira
fazer parte de uma comunidade acadêmica é novidade para muitas pessoas. para que ocorra uma melhor adaptação, a ufsm oferece, por meio do centro de educação, o núcleo de apoio à aprendizagem na educação – ânima - que realiza atividades de ensino, pesquisa e extensão a partir de uma abordagem interdisciplinar, em que a principal ênfase é a aprendizagem. Fazer parte de uma comunidade acadêmica é maior demanda novidade para muitas pessoas. Para que ocor- A procura por atendimento se acentua no final ra uma melhor adaptação, a UFSM oferece, de cada semestre letivo. “Quando inicia o perípor meio do Centro de Educação, o Núcleo de odo de avaliações finais, alguns acadêmicos coApoio à Aprendizagem na Educação – Ânima - meçam a enfrentar dificuldades no desenvolvique realiza atividades de ensino, pesquisa e ex- mento dos trabalhos e as formas de aperfeiçoar tensão a partir de uma abordagem interdiscipli- o tempo de estudo para as provas”, salienta a nar, em que a principal ênfase é a aprendizagem. pedagoga do Ânima, Bruna Pereira Alves Fiorin. Além da ajuda educacional, a iniciativa tamO Ânima conta com um grupo de aprendibém é direcionada para servidores e estudantes da zagem específica em física, matemática e químiUFSM, que têm avaliação e acompanhamento pe- ca. Além disso, os estudantes recebem acompadagógico, psicológico e psicopedagógico. A assis- nhamento psicopedagógico ou de um educador tência ocorre através de sessões individuais ou em especial para verificar qual a melhor forma de grupo, além de programas, oficinas e seminários, estudar, com que frequência isso deve ser feito e orientação profissional e formação continuada. qual o ambiente mais adequado, a fim de apriConforme a coordenadora do Ânima Sílvia morar o desempenho acadêmico. Maria de Oliveira Pavão, e a Pedagoga Bruna PeSegundo a coordenadora do Ânima, “a difireira Alves Fiorin, a maior procura é por ques- culdade de aprendizagem se origina não espetões que podem questões que podem influen- cificamente porque o aluno não sabe realizar ciar a rotina diária do universitário, como as os cálculos ou por outras habilidades, mas por dificuldades específicas de de relacionamento uma série de outros fatores que combinados no ambiente acadêmico. podem resultar nesta não-habilidade”. O Ânima realiza atividades integradas ao Ao perceberem que o acadêmico está com Núcleo de Acessibilidade da UFSM. “Muitos dificuldades de relacionamento em sala de aula, dos que procuram o nosso acolhimento já sa- problemas de aprendizado ou até sintomas de bem sobre o trabalho, por terem acessado a pá- depressão, os professores podem indicar ao esgina ou recebido a indicação de algum amigo tudante que realize uma visita ao Ânima. ou professor”, comenta Sílvia Maria. A equipe é formada por pedagogos, psicóonde encontrar logos, psicopedagogos e educadores especiais. O Ânima funciona no prédio 67 da UFSM, na sala O Ânima existe desde 1973 e, na época, era co1109, das 8h às 19h. nhecido como Serviço de Apoio e Orientação Os agendamentos podem ser feitos pelo e-mail: Educacional. Somente em 1998, passou a ser anima.ce.ufsm@gmail.com ou por encaminhamenchamado com o nome atual. to via memorando pelas coordenações de cursos.
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INDÍGENAS REIVINDICAM MELHORES CONDIÇÕES DE PERMANÊNCIA reportagem:
Anelissa Cardoso e Iander Moreira; fotografia: Maria Júlia Corrêa; diagramação: Flavio Teixeira e Sandro Lacerda
a luta dos povos indígenas brasileiros por melhores condições de vida já dura mais de cinco séculos. antes da colonização do brasil, existiam no país cerca de 3 milhões de índios, número que se reduziu a menos de 820 mil, de acordo com o censo demográfico de 2010. esses indígenas enfrentam, ainda hoje, muitas dificuldades para garantir, principalmente, a demarcação de suas terras e o acesso ao ensino superior, direitos que estão garantidos na constituição federal, mas que nem sempre funcionam na prática.
A Universidade Federal de Santa Maria passou a oferecer vagas específicas para indígenas a partir de 2008, por meio do programa de Ações Afirmativas de Inclusão Social e Racial, aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) em 2007. Desde então, os indígenas podem ingressar na Universidade através da Cota D, por meio da apresentação da documentação necessária para comprovar que são indígenas aldeados, o que inclui declarações dos caciques e da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Atualmente, são disponibilizadas 21 vagas anuais para o Processo Seletivo Único (PSU) e quatro vagas para o Processo Seletivo Seriado (PSS), e há aproximadamente 31 estudantes indígenas na Universidade, das etnias MBya Guarani, Guarani Kaiowá, Kaingang e Terena. No entanto, criar vagas não é sinônimo de garantir a permanência. Muitos desses estudantes enfrentam dificuldade de adaptação ao ingressarem na Universidade, pois a rotina universitária é diferente da que estavam habituados nas aldeias. A respeito disso, o estudante de Direito Gilmar Bento, da etnia Kaingang, aluno da UFSM desde 2014, relata: “A Universidade faz um roteiro de divulgação do vestibular nas aldeias. Nesse roteiro eles divulgam que vai ter uma casa, vai ter um apoio pedagógico, vai ter apoio de professores. Mas a gente chega aqui e é completamente
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diferente. Tem a casa do estudante, tem a PRAE, mas no curso não tivemos apoio nenhum, só se tu procurar um grupo de estudos e foi o que eu fiz”. Com o objetivo de facilitar essa inserção, o curso de direito começou esse ano com um projeto de monitoria para os estudantes indígenas e a intenção é que esse auxílio seja implementado também em outros cursos. A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) tem como objetivo facilitar o acesso e a permanência dos estudantes na Universidade. No caso dos indígenas, de acordo com a pró-reitora adjunta de assuntos estudantis, Jane Dalla Corte, a PRAE garante que eles façam gratuitamente suas refeições no Restaurante Universitário (RU) e morem na Casa do Estudante (CEU). Além disso, desde esse ano fornece uma bolsa no valor de R$250,00, enquanto não chega a bolsa permanência de R$900,00, concedida pelo Governo Federal. A Pró-Reitoria também oferece auxílio transporte para os alunos que têm aula no prédio de apoio, no centro da cidade, e faz encaminhamentos de alunos para o Núcleo de Acessibilidade e para o Ânima, que podem auxiliar no processo de adaptação. Porém, a estudante de odontologia Mirian Gaté Vergueiro, também da etnia Kaingang, conta que os indígenas enfrentam dificuldades para apresentar a documentação exigida nos
editais para recebimento do benefício socioeconômico e da bolsa materiais. Ela, por exemplo, só teve acesso à bolsa uma vez, o que torna difícil a aquisição dos equipamentos exigidos no seu curso. Mirian afirma também que, muitas vezes, em meio às demandas de outros estudantes, a questão indígena é deixada de lado. É por isso que uma das principais reivindicações é a criação de um núcleo de apoio pedagógico específico para atender os indígenas.
uma luta antiga
Reivindicações como essa são colocadas em pauta na Universidade através da Comissão de Implementação e Acompanhamento do Programa Permanente de Formação de Acadêmicos Indígenas (CIAPPFAI), criada em 2008 pelo falecido Augusto Ope da Silva, importante líder Kaingang. Atualmente, a Comissão é presidida pelo cacique Natanael Claudino e composta por representantes da UFSM, líderes indígenas, grupos indigenistas e pelos estudantes indígenas, que decidem em reuniões as solicitações que serão enviadas à Reitoria. O Grupo de Apoio aos Povos indígenas (GAPIN), o Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI )e o Núcleo de Interação Jurídica Comunitária (NIJUC) são os grupos indigenistas que fazem parte d Comissão e auxiliam, principalmente, na mediação entre as comunidades indígenas e a sociedade não indígena, o que inclui a imprensa e os órgãos públicos. Em março desse ano, em reunião realizada com o reitor Paulo Burman, o vice-reitor Paulo Bayard e as Pró-Reitorias, a CIAPPFAI apresentou uma série de reivindicações relacionadas às dificuldades enfrentadas pelos estudantes para permanecer na UFSM. Entre elas, estão a criação do Núcleo de Apoio Pedagógico, maior auxílio para aquisição de materiais didáticos, mais facilidade na obtenção da Bolsa Permanência, uma prova específica para o ingresso na Universidade e a construção de uma Casa do Estudante para os indígenas.
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a casa
A construção da Casa do Estudante Indígena foi colocada em pauta, por meio da CIAPPFAI, no ano passado, e o projeto foi aprovado na reunião em março. A proposta é de que sejam construídos quatro blocos residenciais, com 16 apartamentos e capacidade para 128 moradores cada. Além disso, consta no projeto a construção de um salão para artesanato, uma área para recreação infantil, outra arborizada de chão batido e um salão de eventos, onde os indígenas poderão realizar suas celebrações, como danças, cantos e rituais. Caso o projeto se concretize, a UFSM será a primeira universidade brasileira a oferecer uma
moradia específica para universitários indígenas. O objetivo da construção é proporcionar uma maior integração entre os indígenas para que, mesmo inseridos na sociedade não-indígena, não percam suas culturas e tradições. A Casa vai propiciar também que eles possam viver com seus familiares, já que não é característico da cultura indígena, por exemplo, separar-se de seus filhos para estudar. No entanto, de acordo com o pró-reitor de infraestrutura, Eduardo Rizzatti, o projeto está na fase de captação de recursos e ainda não há previsão para o início das obras.
Bloco residencial
Área arborizada de chão batido
Salão para artesanato
Área para recreação infantil
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Salão de eventos
“
Eu decidi fazer Odontologia porque as aldeias têm necessidade de um profissional preparado, porque os profissionais da saúde não indígenas que vão lá são totalmente despreparados, tratam mal e na maioria das vezes, eles nem se esforçam pra conseguir atender bem o pessoal. Nada melhor do que nós índios trabalharmos para o nosso povo. mirian
“
”
Muita gente me pergunta o porquê de fazer uma casa separada. Eles dizem: você veio pra universidade, pra se integrar na sociedade, então não seria uma forma de você tá se excluindo dos outros estudantes? E eu respondo: a gente vem de uma cultura bem diferente, onde tu vive em comunidade, partilha o que tem. Na Casa do Estudante Indígena, além de poder conviver com outros indígenas, vai ser um local que nós indígenas não vamos perder nossa cultura, porque daqui a 4 ou 5 anos a gente não vai trabalhar numa cidade, a gente quer voltar pra aldeia. gilmar
”
mudança no acesso
Outra questão que está em pauta é o acesso dos estudantes indígenas à Universidade com a extinção do vestibular e a adoção do Sistema de a luta continua Seleção Unificada (SISU) como única forma de ingresso, decisão tomada em 2014 e que passa a valer esse ano. Quando o processo seletivo era a A democratização do acesso ao Ensino Superior prova do vestibular, os candidatos indígenas apenas não podiam zerar a deve ser pensada tanto no âmbito da criação de redação e as questões de língua portuguesa, ao contrário dos demais ves- vagas quanto da permanência dos estudantes tibulandos, que não podiam zerar nenhuma disciplina. Contudo, com o na Universidade. Para que isso aconteça, segunExame Nacional do Ensino Médio (ENEM), isso não será possível, já que do o cacique Natanael Claudino, é fundamental a correção das provas não fica a cargo da UFSM. o engajamento dos estudantes indígenas na luta A diferença nos critérios de avaliação é necessária porque eles não por seus direitos. “A gente tem cobrado muito têm a mesma formação escolar de estudantes não-indígenas e a prova isso junto aos estudantes. Eles também fazem fica bastante distante da realidade dos povos originários. Em Santa Maria, parte da Comissão. Eles são a força da Comisexiste a escola indígena Augusto Ope da Silva, localizada na Aldeia Três são”, sublinha. O cacique sintetiza também a Soitas. Ela possui apenas o Ensino Fundamental, funciona com uma es- singularidade da luta de todos os indígenas: “A trutura bastante precária e aguarda recursos do Governo do Estado para gente é diferente, a gente quer um atendimento que sejam feitas melhorias. diferenciado dentro da Universidade e nós teA modalidade de ensino nessas escolas é diferente das tradicionais, mos direito a essas diferenças” sendo utilizada uma metodologia que prioriza a aprendizagem da língua As dificuldades enfrentadas pelos indígenas portuguesa e das línguas indígenas. Em vista disso, a CIAPPFAI propôs para conseguirem o acesso e a permanência no a criação de um processo seletivo diferenciado para os indígenas. Entre- Ensino Superior demonstram que ainda há um tanto, de acordo com a técnica em assuntos educacionais, Rosane Brum longo caminho a ser percorrido para que a soMello, a solicitação está em processo de avaliação e ainda não há uma ciedade não-indígena esteja preparada para reresposta definitiva. cebê-los. Esse processo não pode menosprezar “A Universidade não foi projetada para os estudantes indígenas, mas direitos fundamentais, como a manutenção da precisa se adaptar, tanto curricularmente quanto metodologicamente, cultura e das tradições desses povos que sofrem, porque, por exemplo, não existem professores nos cursos que tenham desde a colonização do Brasil, uma aculturação estudado metodologias específicas para alunos indígenas”, salienta o cada vez mais intensa. membro do GAPIN e formado em Filosofia pela UFSM, Rafael Mafalda.
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para lelo
MUDANÇA DE CE
NÁRIO
reportag em diagrama e fotografia: Pao la Dias e V ção: Flavio itor Rodrig Teixeira e ues; Paola Dia s
a aprovação do nome social na ufsm é um passo importante do movimento lgbt – lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros – que busca a inclusão das minorias estigmatizadas. especialmente o t que, muitas vezes, tem pouca visibilidade dentro do próprio movimento. “nós sempre tivemos essa consciência de nos dispor a ser um movimento lgbt e não gggg, que ficasse propondo e discutindo pautas que interessam apenas a homens gays [...] com essa consciência de que o grupo precisa aglomerar toda essa sopa de letrinhas, inclusive o t”, defende o membro do coletivo voe, dieison marconi.
Os e as transexuais, travestis e transgêneros enfrentam uma luta desde o seu nascimento: não são aceitos em casa e, posteriormente, não são aceitos nas escolas. Isso gera uma exclusão nesses ambientes de convívio social que devem, em princípio, ser públicos e de uso coletivo. “A adoção do nome social trará muitos benefícios para nós, pessoas trans, pois será mais um incentivo para a inclusão de pessoas que estão em situações marginalizadas. Aos poucos vamos mudando esse cenário. Estamos encorajando essas pessoas de luta para que ocupem todos os lugares aos quais temos direito, e a universidade é um deles”, afirma o estudante trans homem do curso de Enfermagem da UFSM no campus de Palmeira das Missões, Joe Carneiro. A existência de políticas de permanência que confirmam e fomentam não apenas a inclusão desses indivíduos, mas também a consolidação deles nesses espaços, é fundamental para que essas pessoas deixem de ser marginalizadas e comecem, de fato, a fazer parte da sociedade. Entre vários outros direitos que são negados a essas pessoas, é preciso garantir minimamente o acesso ao nome que corresponde a sua identi-
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dade de gênero. Assegurar-se disso é o primeiro passo para um direito fundamental: a educação. Essa é a posição do Coletivo Voe quando questionado sobre a aprovação do nome social. Aprovado na UFSM no dia 27 de março, o nome social possibilita a identificação cotidiana de estudantes, docentes e técnico-administrativos trans conforme sua identificação de gênero, que geralmente contrasta com o nome oficial registrado em cartório na certidão de nascimento. A aprovação pelo Conselho Universitário (Consu) teve como principais protagonistas o Diretório Central de Estudantes (DCE) e o grupo de ativismo LGBT de Santa Maria, Coletivo Voe, sendo chancelada pela Procuradoria Jurídica da UFSM e pelo relator técnico-administrativo, Alcir Martins. A decisão foi aprovada por unanimidade e não teve nenhuma objeção que impedisse a tramitação do processo. A resolução, apesar de consentida, ainda está em tramitação e passa por alterações na estrutura do texto. As informações para a utilização do nome social vão ser publicadas no site da UFSM na primeira quinzena de junho.
para além da ufsm
No Brasil, em âmbito universitário, a mobilização começou com a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), que foi a pioneira na aprovação do nome social, ao inserir essa política em 2009. Desde então, a esfera universitária nacional vem viabilizando o uso. No entanto, apenas 35,8% das universidades federais aderiram à política. No cenário gaúcho a situação é segmentada: das seis universidades federais, apenas três aderiram ao nome social. A pioneira foi a Universidade Federal do Rio Grande - Furg que aderiu em 2012, seguida da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, em 2014, e agora a UFSM, em 2015. A Universidade Federal de Pelotas - UFPEL, a Universidade Federal do Pampa - Unipampa e a Universidade Federal de Ciências de Porto Alegre - UFCSPA ainda não pautaram esse assunto. Para a realidade trans do país, a portaria do nome social é de extrema importância, já que possibilita o acesso desses sujeitos, que foram marginalizados durante sua trajetória educacional. Contudo, “ainda precisamos garantir o acesso e a permanência dessa população nos bancos escolares, a fim de que possam ter condições de concluir os estudos e se projetarem profissionalmente. Uma grande dificuldade é a política de inclusão em diversos estágios, desde a educação básica, o ensino médio e o profissionalizante, até a universidade. Mas acredito que
a universidade, e em especial a de Santa Maria, tem avançado muito nestes aspectos”, reforça a coordenadora estadual de Diversidade Sexual da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul e da Rede Trans Educ – Rede de Professores Transexuais e Travestis do Brasil –, Marina Reidel. Atualmente, não há nenhum tratado em âmbito nacional ou até internacional que aborde a questão da sexualidade. Todavia, não significa que a discussão esteja desamparada, posto que a Comissão Internacional de Juristas e o Serviço Internacional de Direitos Humanos – também representando diversos coletivos – criaram os Princípios de Yogyakarta, ao terem em vista a violação dos direitos que esses grupos sociais sofrem a todo o momento. Os fundamentos são adaptações dos direitos humanos para o viés da sexualidade e da identidade de gênero, os quais requerem direito à igualdade, à liberdade de opinião e de expressão e ao direito de constituir uma família, por exemplo.
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direitos ainda em tramitação
Em maio de 2012, a Comissão de Legislação Geral e a Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados da Argentina aprovaram, com 55 votos a favor e uma abstenção, a “Lei da Identidade de Gênero”, que permite, desde então, a mudança de nome, sexo e imagem na identidade e em outros registros públicos. A mudança da documentação não apresenta, em nenhum caso, o requerimento de diagnóstico psiquiátrico, avaliação médica ou qualquer tipo de comprovação. Pelo contrário, o único fator que influencia esse procedimento é o interesse da própria pessoa em fazê-lo. O Estado tem papel fundamental no suporte e deve assegurar o acesso às intervenções cirúrgicas e a tratamentos para a adequação do corpo. Segundo a Lei, a “identidade de gênero” é o desenvolvimento interno da condição sexual atrelado a vivências pessoais do corpo, que estabelecem a identificação da pessoa, “tal como ela sente profundamente, que pode corresponder ou não ao sexo atribuído na hora do nascimento”. Para menores de 18 anos, é necessária a autorização dos pais ou responsáveis.
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o projeto joão w. nery – lei de identidade de gênero prevê, em seu artigo 1º que toda pessoa tem direito: I - ao reconhecimento de sua identidade de gênero; II - ao livre desenvolvimento de sua pessoa conforme sua identidade de gênero; III - a ser tratada de acordo com sua identidade de gênero e, em particular, a ser identificada dessa maneira nos instrumentos que acreditem sua identidade pessoal a respeito do/s prenome/s, da imagem e do sexo com que é registrada neles.
Essa foi a Lei que incentivou, em 2013, aqui no Brasil, a movimentação do projeto de Lei João W. Nery – Lei de Identidade de Gênero – feito pelos deputados federais Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF). O projeto busca estabelecer o respeito, a dignidade e a autonomia corpórea de qualquer indivíduo que não se sinta representado e identificado pelo seu registro, de maneira que a legislação deixe de ser um obstáculo no reconhecimento da sua verdadeira identidade. No Artigo 1° da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o inciso III fundamenta a “dignidade da pessoa humana”. No entanto, não tem como assentar a dignidade de qualquer pessoa humana sem que haja, no mínimo, o seu reconhecimento através de documentos que especifiquem a sua representatividade, já que a sociedade se constrói através do relacionamento do indivíduo consigo e com outras pessoas que compõem o ambiente de vivência. Bem como, para existir, é necessário que o/a interessado/a tenha alguma identificação comprovante.
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SEMEAR CAUSAS, COLHER VIVÊNCIAS reportagem: Claudine Friedrich e Tainara Liesenfeld; fotografia: Tainara Liesenfeld e Arquivo Pessoal; diagramação: Flavio Teixeira e Tainara Liesenfeld
“foi uma oportunidade de conhecer gente nova e muito bacana e, principalmente, de sair da bolha universitária em que vivemos para experimentar um pouco da realidade do mundo lá fora, através da extensão que tanto falta em nossos currículos”.
Essa é a percepção do estudante de Relações Públicas da UFSM, Mateus Klein Karling, que participou neste ano do 12° Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV). Mesmo pouco conhecido na Universidade, esse projeto de abrangência nacional é aberto para todas as áreas de ensino e possibilita a geração de conhecimentos múltiplos, que os estudantes levam para além da sala de aula. O evento acontece durante das férias de verão e tem como objetivo inserir universitários em assentamentos rurais, a fim de aproximar a realidade do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ao meio acadêmico. Originado de movimentos estudantis, o EIV tem um viés político e social, com o intuito de compreender a questão da terra e das famílias que tiram seu sustento da agricultura. Dessa forma, as atividades de estágio estimulam a consciência crítica e, ao oportunizar a inclusão dos estudantes na rotina dos assentamentos, propiciam um maior conhecimento de mundo. As atividades de extensão do estágio começaram na década de 1980, através da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), quando houve uma retomada dos movimentos sociais e também da luta agrária no processo de redemocratização. No Rio Grande do Sul, as ações começaram apenas em 1990 e a Universidade Federal de Pelotas foi a precursora. Estudantes da UFSM participaram na UFPEL em 1998 e, no ano seguinte, implantaram em Santa Maria. As primeiras edições do estágio no país foram restritas ao curso de Agronomia, fato que o difundiu mais nas ciências rurais das universidades. No município, o EIV é coordenado pelo professor Pedro Selvino Neumann, do Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural. Mesmo sem o enfoque na organização das edições, a coordenação é responsável pelo encaminhamento de projetos para aquisição de verbas e o gerenciamento das atividades realizadas pelo grupo. Diante da necessidade de se discutir a realidade rural sob as mais diversas perspectivas e gerar debates mais profundos, o Estágio passou a
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ter caráter interdisciplinar, abrangendo todos os cursos, com participação efetiva dos diretórios acadêmicos. Para que se tenha um processo educativo mútuo, a organização e a seleção de estagiários fica a cargo da Comissão Político-Pedagógica (CPP), que é composta por estudantes que já participaram do Estágio. O grupo planeja os conteúdos da formação, que variam conforme a necessidade e o momento político vigente, como também o local de estudos teóricos e os assentamentos onde acontecem as vivências. Ainda há o apoio da FEAB, da Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal e do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
cada estágio é dividido em três etapas: preparação/formação:
cinco dias de estudos em sedes de assentamentos, com oficinas, seminários e grupos de discussão sobre economia, política, histórico da questão agrária e o papel atual dos movimentos sociais. vivências: quando os estudantes são distribuídos nos assentamentos de reforma agrária do Rio Grande do Sul, a maioria situados na região metropolitana do estado. Nos dez dias de vivências junto às famílias rurais, os estagiários realizam atividades cotidianas do campo, e são orientados a não fazer intervenções extremas no meio onde ficam instalados. socialização das vivências: período de reflexão, troca de experiências e finalização dos estudos, que dura em torno de três dias.
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A autonomia estudantil na organização do EIV tem tido efeitos positivos. A acadêmica do terceiro semestre de Psicologia da Unifra, Estefânia Borela, que também participou do EIV em 2015, afirma que “a organização é construída de estudante para estudante. Todos se doam de uma forma incrível, abdicam do tempo e das férias porque acreditam na causa e lutam por ela”. Mesmo não sendo aluna da UFSM, Estefânia diz que foi submetida ao mesmo processo de seleção dos demais estudantes. Para ela, estagiar nos assentamentos de reforma agrária estimulou um sentimento revolucionário, gerou um choque com a realidade e causou “um processo de transformação intenso e de muito amor”. Por ter forte ligação com questões sociais, os critérios de seleção de estagiários do EIV levam em conta a inserção dos estudantes nos movimentos estudantis, como Diretórios Acadêmicos, DCEs ou de agremiações com representação regional ou nacional. Há preferência por alunos de semestres iniciais e pela diversidade de cursos. Alunos de outros estados e países também podem participar se portarem uma carta de indicação da universidade de origem. O critério eliminatório é ter participado de outras edições do Estágio.
O pós-graduando em Extensão Rural, Marcelo Rauber, participou do EIV durante a graduação, em 2011, e posteriormente se tornou um integrante da Comissão Pedagógica. Para ele, o estágio orienta para a otimização do trabalho, com o diálogo entre alunos e trabalhadores. Além disso, Rauber explica que são trabalhados processos educativos mútuos. As bases das formações são próximas das teorias de Paulo Freire e estão fundamentadas no método pedagógico do Instituto de Educação Josué de Castro, com a perspectiva de educar o indíviduo para que faça bom uso do seu tempo disponível.
Os princípios básicos apoiados na relação entre teoria e prática visam a formação integral do indivíduo e se fundamentam no trabalho coletivo, na gestão democrática e na organicidade. “O contato com a realidade é fundamental em todos os tipos de formação profissional. A ideia de colocar uma formação teórica entre quatro paredes está sendo cada vez mais questionada, porque ela não traz problemas, não traz necessidades, ela é uma formação que só transfere conhecimentos”, sublinha o coordenador do EIV, Pedro Neumann.
Por não ter como base uma didática acadêmica, o Estágio não é uma prática profissional. Contudo, as vivências geram conhecimentos técnicos sobre o meio rural que possibilitam aos futuros profissionais reconhecer seu papel na resolução dos problemas da sociedade. A integração, a quebra de preconceitos e, principalmente, a sensibilização são fatores que operam diretamente nos efeitos gerados nos participantes para despertar para questões sociais.
Estudo e vivência em assentamento
Quando questionado a respeito de qual seu aprendizado, o estudante de Agronomia da UFSM, Eduardo Perkovski, afirma: “O Estágio me proporcionou uma nova visão de sociedade que pensa e é crítica, que não fica parada frente às dificuldades, pessoas que não seguem um fluxograma, que escrevem suas próprias histórias”. O acadêmico lembra que na plenária final, foi questionado sobre a aprendizagem, quando respondeu: “Cara, o EIV mudou minha vida”.
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A ESPIRITUALIDADE DOS UNIVERSITÁRIOS reportagem:
João Pereira; fotografia: Paola Dias; diagramação: Flavio Teixeira e João Pereira
muitos estudantes da ufsm são praticantes religiosos. alguns deles se organizam e promovem atividades que movimentam o dia-a-dia da universidade. um exemplo é o ministério universidades renovadas, que realiza encontros semanais para os jovens da religião católica
Existem grupos que se encontram na Universidade para orar. São os chamados Grupos de Oração Universitários – GOUs, que funcionam na UFSM em religiões afro - brasileiras diferentes dias e locais. O intuito é integrar os jovens católicos e compartilhar O Rio Grande do Sul é o estado do Brasil com a leituras bíblicas. “O nosso objetivo maior é apresentar o amor de Deus, é levar maior proporção de adeptos das religiões afroo amor de Deus aos universitários”, afirma a acadêmica da UFSM e integrante -brasileiras, com 1,47% dos habitantes, segundo do Ministério Universidades Renovadas, Joice Ceolin. Ainda que tenha foco dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esnos estudantes, esses grupos estão abertos à participação de qualquer pessoa. tatística (IBGE) de 2010. Esse número supera inOutro evento organizado no campus pelo Universidades Renovadas é a clusive a Bahia, que tem uma cultura identificaMissa Universitária, que ocorre na segunda quinta-feira de cada mês. Ela é pro- da por essas crenças. Porém, esse montante não fessada pelo padre César Muñoz, da Paróquia do Perpétuo Socorro de Santa se reflete em expressão religiosa na Universidade, Maria. Ela ocorre no segundo andar da reitoria, aberta ao público em geral. Os já que não há representatividade por nenhuma estudantes católicos organizaram também um retiro de carnaval, no Centro de atividade prática. Isso não significa que elas não Eventos da UFSM. Com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão, o evento acon- estejam presentes na rotina acadêmica de alguns teceu pela primeira vez nesse ano e teve a participação de cerca de 150 pesso- estudantes, pois existem disciplinas e, em espeas. No retiro aconteceram missas, palestras, momentos de adoração, além de cial, pesquisadores que se dedicam ao assunto. brincadeiras e gincanas. O Centro de Eventos já está reservado para a segunda Um desses estudiosos é o mestrando do edição, que acontecerá em 2016, com expectativa de cerca de 450 participantes. curso de História da UFSM, Gilvan Moraes. Em setembro, ocorrerá na UFSM também o Encontro Estadual do Minis- Segundo ele, o favorecimento às religiões tério Universidades Renovadas, que contará com a presença de universitários cristãs ainda é muito grande e os adeptos de todo o Estado. Esse é um projeto nacional e surgiu da iniciativa de acadê- das religiões afro-brasileiras têm muitos demicos ligados à religião católica. Segundo Joice Ceolin, o Projeto se depara safios: “Muitas pessoas desconhecem as relicom poucas dificuldades nas universidades. Na UFSM são encontrados pe- giosidades e já fazem um pré-julgamento dos quenos obstáculos em alguns centros, mas a iniciativa ganha amplo apoio da estudantes adeptos”. Para ele, os desafios na Pró-Reitoria de Extensão. Universidade são os mesmos que um religioO Farol é outro projeto que reúne acadêmicos em torno da religião. O so enfrenta em qualquer outro espaço: “desgrupo atua há aproximadamente 15 anos na UFSM. Fundado por estudantes, conhecimento e afronta à laicidade do Estareúne universitários de diversas denominações evangélicas para orar e com- do”. O historiador lamenta que, mesmo em partilhar estudos bíblicos. Os encontros acontecem duas vezes por semana um espaço laico, algumas matrizes religiosas em frente à Biblioteca Central. O objetivo é a comunhão entre os estudantes se utilizam do espaço em prol da doutrinação. que tem a mesma fé e ligar os jovens às suas práticas religiosas dentro do ambiente universitário
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QUEM RETRATA AS PESSOAS DE SANTA MARIA reportagem:
Paola Matos; fotografia: Camila Jardim diagramação : Flavio Teixeira e João Pereira
olhar atento aos rostos santamarienses e desejo de conhecer suas histórias: é assim que o jornalista marcelo de franceschi santos, 26 anos, dá voz às personalidades diversas da cidade. em sua página “pessoas de santa maria”, no facebook, ele publica as histórias de vida das pessoas que entrevista pelas ruas. hoje, é a história dele que está sendo contada e, é claro, dentro dos moldes do seu próprio projeto.
txt: marcelo, de onde surgiu a ideia de criar o “pessoas de santa maria”? M: Hmmm, era julho de 2014 e uma amiga minha tinha se mudado pra São Paulo, assim, e a gente olhava bem aquelas fotos do “Humansof New York”, que é um fotógrafo que faz lá em Nova York, e a gente comentava “ah, olha só que legal essa pessoa, essa história” e tal. Eu tava num momento de crise e tava conversando com ela e ela sugeriu “ah, por que tu não faz aí? Tá trabalhando na rádio, tem um pouco de tempo pra fazer”. Ela tinha visto também umas fotos que eu tinha feito numa viagem pra Buenos Aires e pro Uruguai. Aí eu fiquei um pouco em dúvida, né? “Bah, será? Será que vai dar pra fazer, será que consigo fazer?”. Aí comecei, assim, um dia, saí na rua e encontrei uma conhecida minha, eu sempre via ela nas manifestações contra o aumento da passagem, e ela aceitou. meio que foi daí que surgiu a ideia.
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txt: tu esperava toda essa repercussão da página? porque, um dia, por curiosidade, eu fui olhar a primeira foto que tu postou, e ela teve uma enorme repercussão, né? M: Sim! Eu não esperava isso. Ia fazer pr’uns amigos meus, esperava no máximo, sei lá, mil pessoas acompanhando, duas mil no máximo, até. Mas aí uns amigos meus começaram a convidar outros amigos e foi muito legal o apoio que eu tive. Mas não imaginava assim, que ia ter uma recepção tão boa... E... até hoje eu tomo bastante cuidado com o que eu vou escrever, tenho medo até, um pouco, de atrair “hater”, sabe? Gente que comente insultos, ou que vá ali ironizar as pessoas. Sempre apago quando vai alguém metido a engraçadão ou, como é que chamam hoje em dia na internet? Os zoeiros. Até pra ganhar confiança não só da pessoa que eu retratei agora, como dos próximos.
txt: e, por acaso, um dos objetivos da página é o de dar voz aos mais diversos tipos de pessoas, mostrando o que cada uma tem a dizer? porque muita gente tem preconceito contra quem é diferente de si, mas não ouve o que essa pessoa tem a dizer, né? M: É, era um dos objetivos. Tipo, fazer as pessoas se colocarem no lugar do outro, ter um pouco de empatia com o outro e imaginar “ah, como seria comigo?”, “o que eu faria naquela situação?” ou ver ali que tem um ser humano igual a ti, com as mesmas necessidades, que tá passando por outras circunstâncias, tem outra formação histórica. Às vezes, as pessoas têm muita intolerância, sabe? Fazer as pessoas se colocarem no lugar do outro. É um exercício que eu espero tá promovendo com isso. Até, por isso, que eu transcrevo a fala da pessoa literalmente, sabe? A forma da fala é importante pra pessoa pensar um pouco na pessoa que tá falando, imaginar a voz. E na fala ali tá o teu repertório, tá um pouco da tua história, das tuas experiências. Também pra combater um pouco do preconceito linguístico, sabe? “Ah se tu fala errado, então tu é burro”. Não, não é assim! Todo mundo tem um saber, todo mundo tem uma inteligência, não é só porque fala “errado” gramaticalmente que significa que ela não saiba nada, que ela não mereça nosso respeito.
txt: o que tu espera daqui pra frente, em relação à página? tu vai continuá-la? M: É, eu pretendo continuar até publicar as fotos que eu ainda quero, que acho que vai até agosto, setembro, por aí. Em julho completa um ano, né? Então tem algumas fotos que eu quero fazer, mas eu to ficando um pouco cansado, assim, porque é um pouco desgastante, sabe? Tu tem que reouvir toda conversa com atenção, pensar no sentido daquilo, nas consequências daquilo, transcrever. E eu não gosto de colocar só uma frasezinha que vai definir aquela pessoa, raramente isso acontece, sabe? Tem uma escritora nigeriana chamada ChimamandaNgozi, que fala, tipo, que nós somos várias histórias, nós não somos uma só coisa, e é um perigo tu desumanizar o outro contando só uma coisa. E eu também tenho a minha vida, quero fazer um mestrado, doutorado também, então eu quero reunir esse material e fazer um livro com ele pela Lei do Livro, da Câmara de Vereadores, que todo ano eles escolhem um livro pra publicar e distribuir gratuitamente. Então espero que isso aconteça, porque vai ser um livro feito pelas pessoas de Santa Maria, pago e usufruído por elas, então espero muito que isso aconteça. Não quero ganhar dinheiro com isso.
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UFSM ALÉM DA ACADEMIA reportagem: arte:
Bruna Bergamo e Vanessa Oliveira; fotografia: Paola Dias; Arquivo Pessoal; diagramação: Flavio Teixeira e Vanessa Oliveira
o campus da universidade federal de santa maria atua como um espaço não só de formação acadêmica, mas também de lazer. seu estilo onde os diferentes centros estão organizados em um único local, de forma integrada, contribui para a constituição de um ambiente agradável a toda a comunidade. Entre as intervenções artísticas que acontecem no campus, está o Sarau teatro caixa preta Marginal, evento mensal que já conta com duas edições e toma espaço O Caixa Preta é um espaço multiuso, localizaembaixo da Ponte Seca. A ideia dos organizadores é popularizar a Uni- do em anexo ao Centro de Artes e Letras, no versidade ao mostrar que se constitui num espaço que inclui e representa prédio 40. Seu interior não possui uma estrutoda a comunidade. “Ela é do povo e queremos que ele se sinta represen- tura fixa, o que o torna completamente versátil tado, faça parte dela”, afirma a acadêmica de Ciências Sociais e organiza- e adaptável a qualquer concepção artísticadora do evento, Vitória Nascimento. -cultural que necessite de uma Sarau Marginal remete à ideia de que educaestrutura espacial diferenciada. Ela é do povo ção e cultura não são mercadorias e que o acesso Fundado em abril de 1988, o e queremos a elas deve ser livre, em lugares públicos e sem espaço hoje é administrado por que ele se sinta cobrança de ingressos. Vitória destaca o potencial professores e alunos do curso de representado, artístico de Santa Maria, mas também das suas Artes Cênicas da UFSM e, por sua dificuldades para conseguir espaço e visibilidade. versatilidade, acolhe diferentes faça parte dela. Para ela, “no Sarau temos palco livre, onde vários eventos, desde palestras acadêvitória nascimento grupos de rap da cidade se apresentam. Além dismicas e convenções, até shows e sobre o papel da ufsm so, qualquer pessoa pode cantar, tocar, declamar espetáculos artísticos. poesia ou fazer qualquer coisa que se sinta à vonA locação do Caixa Preta é livre tade”, conta Vitória. para toda a comunidade acadêmica da UFSM Para a obtenção do local para a realização do evento, é preciso e pode ser feita pelo email do teatro (caixaprefazer uma solicitação para a Pró Reitoria de Infraestrutura (Proinfra), tateatro@gmail.com) após o preenchimento de com informações sobre a realização e o local a ser utilizado. Somente uma ficha de informações, que dizem respeito após a aprovação, é emitido um documento que deve ser apresentado às características do evento a ser realizado. aos seguranças para que seja disponibilizada a energia elétrica. Para o acadêmico de Engenharia Acústica e organizador do Sarau, Willian centro de eventos Sena Santana, o fato de ser necessário um memorando a cada atividade O Centro de Eventos (CE) possui uma estrututorna o processo muito burocrático, por mais que consista da mesma ra ampla, que está disponível para a comuniestrutura todos os meses. dade acadêmica e externa. Promoções instituHá uma série de espaços oferecidos à população para a realização de cionais como a Jornada Acadêmica Integrada eventos e/ou manifestações culturais na Universidade. Abaixo apresen- (JAI) e o Descubra-UFSM, festas de cursos de tamos os principais locais disponíveis à comunidade tanto acadêmica graduação, além de feiras ligadas à comerciaquanto externa. lização de produtos do setor primário, que
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tenham como objetivo o desenvolvimento regional. Essas são algumas das atividades que geralmente acontecem no CE. Diferentemente dos outros espaços, o CE é o único lugar onde é autorizada a venda de bebidas alcoólicas. Isso acontece devido ao regimento interno da UFSM, que permite venda e consumo somente no Centro, devido às peculiaridades dos eventos realizados. O primeiro passo para utilizar o espaço é fazer a pré-agenda por meio do Portal do Aluno ou Portal do Servidor. Esse processo deve ser feito com, ao menos, 25 dias de antecedência. Após isso, o interessado tem cinco dias úteis para efetuar a entrega dos documentos solicitados, de forma que os organizadores tenham tempo hábil para encaminhar ao Corpo de Bombeiros a documentação necessária à expedição do Alvará.
dá pela possível necessidade de liberação da energia elétrica no período do evento e do Plano de Combate e Prevenção de Incêndio (PPCI), que deve ser feito independentemente da estrutura a ser montada.
largo do planetário
centro de convenções
e espaço multiuso
Iniciado em 2008, o Centro de Convenções é o prédio que se encontra em processo final de construção, atrás do Largo do Planetário. O Centro contará com uma área de 7.443,71 m² e capacidade para 1,3 mil pessoas. Como a UFSM não possuía um local onde fosse possível realizar formaturas, o Centro de Convenções foi, inicialmente, projetado com este objetivo. Porém, o prédio não será capaz de receber grandes eventos. Para que isso se torne possível, um segundo projeto urbanístico, idealizado pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo em parceria com a Proinfra, visa a construção de um restaurante (com capacidade para mil pessoas) e de cinco salas de apoio. A previsão é de que a obra seja finalizada até dezembro de 2015 e possa receber colações de grau já em 2016.
São as áreas abertas, geralmente utilizadas para o lazer da comunidade nos fins de semana, que ficam no entorno do Planetário e do Centro de Convenções. Outro espaço ao ar livre encontra-se embaixo da Ponte Seca. Para utilizá-los em eventos específicos é necessário encaminhar um memorando (com local, data, hora, motivo, responsável) à Proinfra, que tem alguns dias para avaliar a situação e liberar ou não a utilização do local. A obrigatoriedade dessa burocracia se
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36 Ramiro Brites e Vinícius de Azevedo; fotografia: Camila Jardim e Germano Molardi; Teixeira e Vitor Rodrigues
diagramação:Flavio
reportagem:
DESAFIO EM SOLO AMERICANO
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tecnolo gia
formula ufsm disputa competição de automobilismo nos eua pela segunda vez.
Uma equipe ambiciosa e determinada. assim pode ser definida a Formula UFSM, que disputa a Fórmula SAE, competição mundial ro em tempo”, ressaltou Leal sobre o protótipo, que reúne estudantes e engenheiros em tor- que embarcou para os EUA em maio. Lá, será no de um objetivo: ter o melhor carro pos- avaliado conforme os pré-requisitos solicitados sível. nessa busca, o time santa-mariense vai pela SAE. A equipe ainda deve apresentar à uma até Lincoln, em nebraska, nos estados unidos, banca de juízes propostas para a fabricação anudisputar a etapa mundial da categoria pela al de 125 ou mais unidades do protótipo. Para conquistar os objetivos almejados, a segunda vez, graças ao vice-campeonato conquistado na fase nacional do último ano, em equipe precisa correr atrás de apoio financeiro. A UFSM financia toda a despesa dos 13 mempiracicaba, interior de São Paulo. A ideia de criar a equipe dentro da UFSM bros que irão para os Estados Unidos, o que partiu do professor Ademar Eduardo Martins, inclui hospedagens, passagens aéreas e terresque a trouxe de seu doutorado no exterior, tres, entre outros gastos. Além disso, também onde percebeu que o aprendizado na Fórmula recebe apoio nas disputas nacionais, com o SAE ajudaria na formação de seus alunos. Des- fornecimento de transporte para os cerca de 30 de março de 2010, os estudantes da Engenharia membros do grupo. Mesmo com o apoio da UFSM, considerado Mecânica começaram a desenvolver protótipos de carros open-wheel para a disputa da compe- “generoso” pelo grupo, são necessários outros tição. Hoje, a Formula UFSM já conta com gra- apoiadores para manter o carro, já que o esporduandos de outras engenharias, como elétrica, te a motor exige altas despesas. “Hoje temos de controle e automação e de produção, além patrocinadores até da Suécia. A maioria fornece unicamente produtos e serviços, mas algumas de um aluno de administração e o piloto. O último protótipo desenvolvido pela empresas locais dão dinheiro, que é vital pra equipe é o Celeris (FU-15). Segundo a mito- nossa manutenção”, explica o capitão. Na comlogia grega, Celeris é irmão de Pégasus, nome petição em Lincoln, os estudantes competem do carro que se sagrou vice-campeão nacional contra quase 200 times. Em outubro, na etapa do ano passado. O novo carro tem 210 quilos nacional deste ano, disputada novamente em e motor Honda CBR 600RR, que vai de 0 a 100 Piracicaba, serão aproximadamente 40 equipes. km/h em menos de quatro segundos. “A dife- O capitão Fernando Leal, quando questionado rença mais perceptível entre os seis protótipos sobre os objetivos da Formula UFSM neste ano, que já produzimos, na nossa visão, foi a intro- não titubeou: “top 10 em Lincoln, Nebraska, e dução do kit aerodinâmico: as asas, no nosso primeiro lugar no Brasil”, disse, com a ambição quinto protótipo, o Pégasus. Foi um desenvol- que é marca da equipe. vimento tecnológico muito grande. A gente sentiu no carro, no comportamento na pista e o que é a sae ? no aspecto visual também.Mudou totalmente SAE é a Sociedade dos Engenheiros Automotia forma como as pessoas veem nosso carro”, vos, que agrega estudantes e engenheiros formacomenta Fernando Leal, membro desde 2010 dos. As competições estudantis da SAE estão die atual capitão da equipe. vididas em três modalidades: Aerodesign, Baja A SAE, a partir desse ano, determinou que as e o Formula SAE. A Aerodesign consiste em um dimensões máximas dos kits aerodinâmicos de- mini-avião, pilotado por controle remoto. A cavem ser menores. O desafio, então, foi atender tegoria Baja é de carros off-road, os trilheiros. Já à exigência sem perder a aderência nas curvas. a Fórmula SAE trabalha com carros open-wheel “Foi uma superação conseguir completar esse car- (rodas abertas), semelhantes aos de Fórmula 1.
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UM CEFD PARA POUCOS reportagem:
Valdemar Neto e Wagner Freitas; fotografia: Wagner Freitas; Flavio Teixeira e Paola Dias
diagramação:
criado na década de 70, o centro de educação física e desportos tem o seu uso limitado nos dias de hoje. com materiais defasados e falta de recursos humanos, o cefd sofre para atender às demandas
A atividade física sempre foi relacionada com cul- segundo tempo tura e saúde e, para isso, os espaços públicos são A forma mais comum de utilização do CEFD é importantes na disseminação dessas práticas. Para o programa Segundo Tempo Universitário, um os universitários que procuram locais para o espor- dos projetos da UFSM que mais precisa da inte e lazer na Universidade Federal de Santa Maria, fraestrutura. A iniciativa nacional existe desde o Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) é 2009 e agrega 11 modalidades em Santa Maria: uma das opções. Por outro lado, ainda há proble- vôlei, tênis, natação, basquete, handebol, gimas estruturais, financeiros e de recursos humanos. nástica, musculação, hidroginástica, caminhaO CEFD concentra atividades da Graduação em da e corrida, futsal masculino e feminino. As Educação Física (Bacharelado e Licenciatura) e Dan- inscrições podem ser realizadas no momento ça (Licenciatura) e atividades da Pós-Graduação em da matrícula no curso, no Portal do Aluno. A Especialização (Educação Física Escolar) e Mestrado continuidade do aluno no projeto depende da (Educação Física e Gerontologia). Além dos alunos frequência às atividades. desses cursos, podem utilizar a estrutura e projetos De acordo com a coordenadora geral do Prodo Centro os técnico-administrativos, docentes e grama, Simone Neiva Milbradt Roos, atualmente discentes de outros cursos. Entretanto, o CEFD mal o programa conta com 346 alunos, número maior consegue atender a demanda dos atuais professores e que a estrutura suporta, ocupando toda área do técnicos da UFSM que já utilizam sua estrutura. Ginásio I. Além das dificuldades com espaço físiApesar disso, a ideia é estender para o público em co e recursos humanos, a manutenção do espaço geral. O diretor da Divisão de Atividades Esportivas é um dos problemas que mais afeta as atividades (DAE), Jeverson de Assumpção Bello, informa que a do Segundo Tempo. nova direção do CEFD vai realizar um estudo da para Conforme o professor do curso de Educação abrir os espaços para a comunidade externa: “Este Física, Matheus Saldanha Filho, o crescimento estudo servirá para dizer o que precisa ser feito para do CEFD não acompanhou o crescimento da liberar os espaços e que melhorias devem ser feitas”. Universidade que, de seis mil alunos, na época Fundado em 1970, atualmente o CEFD conta de fundação, passou para mais de 20 mil nos com cerca de 650 alunos matriculados em uma das dias atuais. “A pluralidade do esporte e lazer não maiores áreas da UFSM, que inclui três ginásios e um é mais comportada no atual tamanho do univerestádio, além de áreas abertas voltadas para a gradu- so acadêmico”, salienta. ação. O Ginásio I conta com uma quadra poliesporPara o professor, é preciso pensar o esporte tiva, uma academia e espaços para ginástica e dança. como uma política de prioridade: “devemos penO Ginásio II dispõe de piscinas térmicas, enquanto sar o esporte e o lazer como se pensa e se debate a que o III possui outra quadra poliesportiva, constru- moradia, saúde, segurança, transporte e alimentaída mais recentemente. Hoje somente as quadras de ção dentro do campus”. Embora constem no platênis, padel e basquete são de uso livre. no gestor (2014/2017) ações estratégicas, como “promover programas de cultura, política, esportes e lazer em espaços de convivência nos diferentes campi”, o cenário ainda está aquém do ideal.
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48 ANOS DE AMOR AO FUTEBOL reportagem:
Gabriela Pagel e Maria Júlia Corrêa; fotografia: Gabriela Pagel; Flavio Teixeira e Gabriela Pagel
diagramação:
De grandes gramados nacionais ao exterior, o ponta-direita Toninho atuou contra lendas brasileiras como Pelé e Zico quando jogou pelo Bahia. Filho do meio entre dez irmãos, foi o único da família a ter talento com a bola no pé. A primeira oportunidade surgiu com a lesão de um atleta, em 1967. Toninho o substituiu no Cruzeiro, time de Dom Pedrito, em amistoso diante da equipe juvenil do Internacional. Com o desempenho, recebeu uma proposta para atuar durante um ano no Colorado. Voltou para sua cidade até ir para o Guarani de Bagé, onde conquistou a Taça de Prata e a Taça de Bronze, em 1968. Era hora de alçar voos maiores. Em 1970, foi cedido por empréstimo ao Bahia. Um salário maior, melhor qualidade de vida, além da participação em grandes competições, como o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, motivaram Toninho. Contente, ele quis alterar seu contrato para uma possível permanência. Várias tentativas foram feitas por parte do Bahia, porém o Guarani não aceitou o valor ofertado. A contragosto, o atleta retornou para Bagé. Atuou por dois meses e resolveu parar, pois não queria mais saber de futebol. Casou e foi morar em Porto Alegre. Depois de um tempo, com uma boa proposta de retorno,voltou ao Guarani e jogou mais dois anos. Enquanto atuava pelo Passo Fundo, seu futebol chamou a atenção do Inter-SM, que queria contratá-lo a qualquer custo. Com os valores definidos, o negócio foi fechado. Porém, Toninho teve que passar um tempo no Equador, no ano de 1979, onde atuou pelo Barcelona de Guayaquil, para suprir a ausência de outro ponta, que estava lesionado. Chegou para jogar no Inter-SM em 1980, ano em que a equipe fez uma boa campanha na Taça de Prata. Foi emprestado para o Criciúma e ao fim do contrato retornou ao Inter-SM, onde jogou mais uma temporada. Atuou pela Chapecoense em 1985, seu último ano de carreira. Com 35 anos, era hora de parar.
Ficha técnica: Nome: Antônio Carlos da Rosa Machado Nascimento: 03/08/1949, Dom Pedrito, Rio Grande do Sul Posição: Ponta-direita Clubes: Internacional – Porto Alegre, Guarani de Bagé, Bahia, São Gabriel, Cachoeira, Passo Fundo, Barcelona de Guayaquil, Inter – Santa Maria, Criciúma e Chapecoense. Anos após a sua aposentadoria, Toninho retornou para Santa Maria e treinou as equipes júnior e principal do Inter-SM. Depois de anos no futebol, hoje se dedica à família e há três anos trabalha no Restaurante Universitário da Universidade Federal de Santa Maria. Ele explica que foi parar ali depois de uma conversa entre ele e o ex-colega do Inter-SM, João Luís. Ao ser convidado, em tom de brincadeira, para trabalhar no RU, Toninho aceitou. Três dias depois estava empregado. Ele não tem previsão de quando vai parar de trabalhar: “Não consigo ficar parado”. Mesmo aposentado dos gramados, conta, orgulhoso, que ainda joga. O encontro sagrado com o esporte ocorre todos os sábados pelo Futebol dos Veteranos, na Taça Prefeito, tradicional torneio amador de Santa Maria, sediado dentro da própria Universidade.
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