EDIÇÃO #12 // HAN SOLO MAIO 2018
NA EDIÇÃO 1 3 r e a s o n s w h y, 3 % , d e a d p o o l , d e a r w h i t e p e o p l e , e u n ã o s o u u m h o m e m f á c i l , f i f t h h a r m o n y, h a n s o l o , i z a , o n c e u p o n a t i m e , o p r o c e s s o , s c a n d a l , t h e a l i e n i s t, t i m b u r t o n
editorial
Chegamos na Edição doze! O que significa não só Han Solo na Capa, mas que só falta UMA Edição para comemorarmos um ano! Dá pra acreditar? A ZINT #12 traz a crítica do esperado (e polêmico) filme do Han Solo, parte do universo expandido Star Wars. E, falando em polêmico, não podia faltar também uma para Deadpool 2, né? A Edição também traz matérias sobre as novas temporadas de Dear White People, 13 Reasons Why e 3%, além de textos sobre o fim do Fifth Harmony e o primeiro álbum de IZA. O Guia do Entretimento vêm com três novas palavras,é claro,e o Calendário Cultural lembra você que seu dinheiro vai acabar em junho, porque o que não vai faltar são lançamentos. Além de diversos jogos chegando ao mercado, teremos a aguardadíssima sequência de “Os Incríveis” (!!!!!), a continuação de “Jurassic World”, a estreia de “Oito Mulheres e Um Segredo”. Na música, temos o muito antecipado retorno de Christina Aguilera, assim com o álbuns novos de Lily Allen, Kanye West, Panic! at the Disco e a estreia de Bebe Rexha! E preparem o lencinho, porque o episódio final de Sense8 também sai esse mês na Netflix! Mas sem mais delongas: esperamos que vocês aproveitem bastante!
A ZINT é uma revista mensal e gratuita voltada às áreas de Arte, Entretenimento e Cultura, em formato de publicação digital. Acreditamos na nossa independência editorial e esperamos que, dentro dos mais variados formatos de textos, possamos trazer alguma abordagem inventiva ou inédita aos assuntos que permeiam o campo do jornalismo cultural.
João Dicker & vics
Editores-chefes e idealizadores da ZINT
O QUê QUE A ZINT TEM? Aproveitando das possibilidades de uma publicação online, a revista conta com algumas interações bem legais. Para que nenhum leitor fique sem usufruir 100% do oferecemos, um manual de como funciona a ZINT.
Com uma publicação online, as possibilidades de interações são promissoras. Usando a plataforma digital ao nosso alcance, a revista pode sempre vir acompanhada de objetos interativos. A
ZINT
aproveita de todos esses recursos, e você pode usufruir de tudo de uma forma bastante simples e rápida. Capítulos
Em primeiro lugar, é interessante apontar que a revista funciona por Capítulos. As barras laterais correspondem ao capítulo correspondente: Verde-Grama para Filmes, Roxo para Música, Laranja para Literatura, Azul-Céu para Séries, Magenta para Indicações, AzulMarinho para Tirinhas, Rosa para Fotografia, Verde Água para Playlists. Assim, fica fácil identificar o tipo de conteúdo em que você se encontra.
Vídeo e Áudio
Com uma revista de Entrenimento e Cultura em mãos, é simplesmente impossível não relacionar as matérias com um conteúdo digital. Um vídeo, um filme, uma música, uma playlist. No papel físico, tais interações são impossíveis de serem atingidas por motivos óbvios. Mas digitalmente, tudo é muito fácil. Toda vez que um matéria vier com qualquer tipo de conteúdo de Vídeo/Áudio, a imagem de destaque virá acompanhada de ícones correspondentes, como a ícone vermelha do Youtube. Se a matéria tiver mais de um conteúdio audiovisual, cada imagem disponível ao longo da matéria terá os mesmos ícones. Basta passar o mouse ou o dedo por cima da imagem, que ela se mostrará como um link. Clique, e seja redirecionado para o conteúdo! No caso de vídeos únicos (e não em playlist), o player será aberto dentro da própria revista, não interferindo na sua experiência.
Links
Além do conteúdo audiovisual principal, as vezes as matérias contém inúmeros outros links de Vídeo/ Áudio, tornando difícil colocar ícones para todos. Também acontece de uma matéria ter um link para outra matéria. Para isso, foi criado uma forma bem fácil de identifica-los: todos os links são sublinhados. O sublinhamento tem o efeito do marca-texto, parecendo que aquela parte do texto foi, de fato, destacada por um. Esta é a identificação de um link; uma linha grossa em Amarelo, a cor oficial da revista. Rodapé
O easter-egg da revista. No rodapé de cada página de matéria, no mesmo lugar da paginação, o zint. online sublinhado também é um link. Neste caso, ele leva para a versão correspondente da matéria no site, em formato blog. //
IDEALIZADORES
C ONT RA BANDI S TAS E ST E LAR ES
|
colabs
TEXTO
em ordem alfabética, da esquerda para a direita
equipe da ediç ão
idealizadores; joão dicker, vics diagramação; vics texto; ana luisa santos, bruna curi, carolina cassese, deborah almeida, jader theóphilo, laísa santos, mariana spinelli, rafael bonanno // joão dicker, vics
CALENDÁRIO CULTURAL s ex .
01 s ex .
01 s ex .
01 S AB.
02
álbum de kanye
de luca
t er.
05
sex .
d’andrea
cinematic
álbum de owl
city
sense8
episódio final
qu i.
comboio de sal e açúcar
onrush
qu i.
xbox one
07
no olho do furacão
vampyr
qu i.
selfie para o inferno
t er .
super bomberman r
um dia para viver
q ui .
14
amores de chumbo
cloak and dagger 14 q ui .
do jeito que elas querem
q ui .
em 97 era assim
q ui .
sol da meia noite
praia de manhattan
q ui .
egan
14
talvez uma história de amor
bigger
t er .
para playstation
para ps4,
para pc,
4
ps4, xbox one
07
07
sex.
08 12
para nintendo
switch
1 a temporada
04
14 qui.
qu i.
a morte de stalin
qu i.
as boas maneiras
sex.
q u i.
baronesa
sex.
2018
west & kid cudi
blackhole: complete edition
sex.
07
allen
kids see ghost
álbum de kanye
07
qu i.
07
álbum de lily
qui.
oito mulheres 07 e um segredo
07
no shame
sex .
west
a essência do mal
t er.
05
os estranhos: 08 caçada noturna 08
ep sem título
jan
07 08 08 FEV
14 de jennifer
álbum de SUGARLAND
mar
22 abr
lego the incredibles
para switch,
mai
pc, ps4 & xbox one
jun
a agenda traz as datas dos principais lançamentos e estreias do mês de JUNHO para as áreas de FILMES, LITERATURA, MÚSICA, SÉRIES e JOGOS.
liberation
expectations
christina aguilera
bebe rexha
álbum de
sex.
15
o que alice esqueceu de liane
moriarty
canastra suja
q u i.
desobediência
21 q u i.
hereditário
q u i.
tungstênio
21 21
22 SEX.
22
22 JUL
álbum de nine
AGO
inch nails
pray for the wicked
Q UI .
todas as canções de amor
álbum de panic!
at the disco
sex.
31 31
sicario: dia do soldado sex.
22
28 a princesa prometida de william
para pc,
goldman
qu i.
te peguei!
SET
OUT
29
nov
álbum de bullet
gravity
for my valentine
high as hope
ps4, xbox one
berenice procura
28
sex .
the crew 2
qu i.
28 bad witch
sexy por acidente
seconds of summer
2 a temporada
te r.
21
Q UI .
álbum de 5
luke cage
te r.
qui.
youngblood
SEX.
jurassic world: 26 reino ameaçado 26
s ex .
15
15
q u i.
21
sex.
sex.
15 s ex .
os incríves 2
álbum de
álbum de
florence + the machine
sex.
29 DEZ
2019
dicionário // guia do entretenimento
Não é todo mundo que está imerso no mundo do entretenimento, ficando sem entender alguns (ou vários) dos termos utilizados pelas pessoas da área. E as vezes, até mesmo quem está inteirado, pode acabar desconhecendo alguma palavra do meio. Por essa e outras, a ZINT se prontificou a explicar alguns dos termos utilizados no mundo do entretenimento, em todas as áreas que a revista cobre. Mês a mês, novas palavras irão figurar por aqui, de acordo com as matérias que forem publicadas e os termos que as mesmas apresentarem. Ficar fora da conversa? Nunca mais!
plot
enredo // a tradução já entrega o que é o PLOT. sendo assim, este é o enredo de um filme, aquilo que dá o pontapé da história do longa, movendo todo o desenvolvimento da narrativa e a de seus personagens. << O plot de “Han Solo: Uma História Star Wars” é a história de como Han Solo se transformou no Han Solo que conhecemos da franquia Star Wars. >>
du o
dupla // o duo são as duplas musicais formadas, sendo mais comuns do que se imagina. no mundo da música nacional, as duplas são, geralmente, sertanejas. porém, na música internacional, principalmente a estadunidense, é mais comum encontrar duplas compostas de uma única pessoa nos vocais e um produto musical e/ou instrumentista. << Florence + the Machine, Macklemore & Ryan Lewis e La Roux são exemplos de duplas formadas onde um canta e outro fica encarregado de produzir e/ou ficar no instrumental. Aly & AJ é um exemplo onde as duas dividem os vocais. >>
plot twist reviravolta // o PLOT TWIST é um dos artifícios mais utilizados na narrativa de uma série. aqui, a reviravolta é um acontecimento surpresa que tem como missão chocar o telespectador e colocar ainda mais drama e emoção em uma narrativa, afim de dar um “sacudida” no enredo e renova-lo de alguma forma. << Para os que desconhecem os livros que deram origem à “Game of Thrones”, o arco conhecido como “O Casamento Vermelho” é um dos Plot Twists mais famosos e chocantes das séries da atualidade. >>
SUMÁRIO
3% pág. 28
[ séries ] p.16
As nuances da mente humana Bruna Curi p.20
A vez das polaroids Ana Luisa Santos p.24
cara gente branca,
IZA pág. 46
Jader Theóphilo p.28
O outro lado do continente Ana Luisa Santos p.32
Adeus, Olivia Pope Bruna Curi p.36
O (tão esperado) fim de Once Upon A Time Bruna Curi, vics
[
música p.46
]
Dona de si, dona do mundo Deborah Almeida p.48
5-4-0: O fim do maior grupo desta geração Mariana Spienelli
han solo pág. 54
[ filmes ] p.54
Afinal, quem atirou primeiro? Rafael Bonanno p.60
Estereótipos invertidos em “Eu Não Sou um Homem Fácil” Carolina Cassese
tim burton pág. 72
p.62
A volta do Mercenário Tagarela João Dicker p.68
O Impeachment que a grande mídia não mostrou Carolina Cassese
[
indicações p.72
]
A peculiaridade de Tim Burton em 5 filmes Laísa Santos
[
playlists p.78
Todas
]
[
sĂŠries
]
AS NUANCES DA MENTE HUMANA T E X T O //
bruna curi
Nova York costuma ser um cenário rico para
a ambientação de filmes e séries. Sex and The City (1998-2004), Bonequinha de Luxo (1961), Encantada (2007), Uma Noite no Museu (2006) e Gossip Girl (20072012) são exemplos de obras que se passam na Big Apple. Todo mundo já deve ter visto pelas telinhas a movimentada Times Square, a beleza do Central Park e as ruas de Manhattan e do Brooklyn. Contudo, em The Alienist, a nova série da TNT que chegou à Netflix no dia 19 de abril, é revelado um cenário mais sombrio e menos
d i a g r a m a ç ã o //
vics
luxuoso da cidade que tanto conhecemos. O ano é 1896, no final do século XIX e a cidade de Nova York está passando por uma ascensão política e industrial. No entanto, uma onda de assassinatos brutais ameaça interromper a fase de prosperidade que a cidade está vivendo. Mas o que chama atenção em todos esses crimes? O que os tornam tão incomuns do restante dos assassinatos? Todas as vítimas foram encontradas em situações parecidas: olhos arrancados, barriga dilacerada e mutilação de membros, sem contar que todos os mortos eram meninos prostitutos.
Devido à irresponsabilidade e a corrupção velada no departamento de polícia, quem assume a investigação do caso é o alienista Laszlo Kreizler (Daniel Brühl), que conta com a ajuda de seu amigo e ilustrador John Moore (Luke Evans) e com o auxílio de Sara Howard (Dakota Fanning), a primeira mulher a trabalhar no departamento da polícia e secretária do comissário da polícia, Theodore Roosevelt (Brian Geraghty). O trio também conta com o apoio dos irmãos Isaacson, Marcus (Douglas Smith) e Lucius (Matthew Shear), além dos fiéis empregados do Dr. Kreizler. Decidido a encontrar o assassino por trás dessas mortes macabras, Laszlo utiliza da psicologia para determinar alguns traços do criminoso. Apesar da falta de recursos existentes no século XIX, a abordagem utilizada pelo analista se assemelha às técnicas usadas atualmente para determinar o modo de agir de serial killers. Com a ajuda de sua equipe, Kreizler consegue descobrir o modus operandi e a assinatura do assassino, além de traçar um perfil para a pessoa que estão buscando. Para 18| zint.online
D a e s q u e r d a pa r a a d i r e i ta , o s p r o ta g o n i s ta s d a s é r i e : S a r a ( D a ko ta Fa n n i n g ) , l a s z l o ( D a n i e l Brühl) e john (Luke Evans)
o analista, o importante não é descobrir as pistas, e sim conseguir ficar um passo à frente do assassino. Um dos grandes destaques de The Alienist é sua ambientação, que foi construída cuidadosamente. Tanto os figurinos quanto os cenários foram criados para passar a imagem de Nova York no final do século XIX. Ambientes como escritórios, prostíbulos e os hospícios foram construídos para acrescentar um ar de veracidade à trama — e nesse último cenário é mostrada a verdade nua e crua, expondo o terrível tratamento que os hospícios davam aos seus pacientes naquela época. E para dar um tom mais sombrio à série, foi utilizada uma paleta de cores neutras, tons pastel e o jogo de luz e sombra. The Alienist também se excede na construção do roteiro, que trabalha uma temporada inteira (são 10 episódios) para revelar a identidade do assassino. Para ajudar
a construir o mistério, a produção se empenha em mostrar pequenas parte do corpo da pessoa, ou a silhueta de seu corpo. Ainda, são apresentados outros possíveis suspeitos que aumentam a curiosidade do público. Tudo é construído para deixar o telespectador envolvido com a trama, além de aumentar o suspense e estabelecer a pergunta a ser respondida: quem é o verdadeiro autor desses crimes tão horrendos? É interessante observar o perfil dos personagens que compõe o trio dos protagonistas. Temos Laszlo Kreizler, um homem inteligente e de opinião forte (ele gosta de ter a razão no fim de discussões), nada humilde e que não fala sobre assuntos referentes ao seu passado. Enquanto isso, John Moore é apresentado como um homem que afoga suas magoas em bebidas e prostitutas, mas que consegue ser bem acolhedor e companheiro quando necessário. Por último e nem por isso
“the alienist” é baseada no livro “o a l i e n i s t a” , d e C a l e b C a r r , l a n ç a d o e m 1 9 9 4 e p r e m i a d o n o G r a n d P r i x d e L i t t é r at u r e Policière, maior premiação da frança para l i t e r at u r a f i c c i o n i a l d e c r i m e e i n v e s t i g a ç ã o
menos importante, temos Sara Howard, uma mulher ambiciosa, a frente de seu tempo (afinal, ela é a primeira mulher a conseguir a trabalhar em um ambiente dominado por homens e machismo), e que luta para ser tratada com igualdade. Os personagens secundários também apresentam grande importância para trama, representando uma relevância no decorrer dos acontecimentos. E, de uma forma geral, o roteiro consegue aprofundar em seus passados, em suas vidas e até mesmo explorando alguns de seus pontos fracos. Para quem gosta de séries de suspense e de época, The Alienist, baseada no romance homônimo do autor norte-americano Caleb Carr, pode ser a alternativa perfeita. Com um excelente núcleo de atores, uma ótima ambientação e um roteiro interessante, que consegue prender a atenção do público, a série tem um grande potencial para se tornar um sucesso. Ainda não foi confirmado se a TNT irá produzir uma segunda temporada, mas não seria nada mau acompanhar novas aventuras de Laszlo, John e Sara. //
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Este texto contém spoilers.
A vez das
polaroids T E X T O //
D
ana luisa santos
esde sua estreia, 13 Reasons Why se mostrou como o tipo de série “ame ou odeie”, principalmente pelos conteúdos que buscou abordar (bullying, depressão, suicídio). Com a chegada da segunda temporada, no dia 18 de maio, essa característica voltou ainda mais forte, somada a um sentimento que grande parte 20|
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d i a g r a m a ç ã o //
vics
dos telespectadores compartilhavam com o anúncio de um novo ano: a falta de necessidade. Mas a série, adaptada do livro homônimo de Jay Asher e produzida pela Netflix, é vítima do próprio sucesso, o que deu aos envolvidos o desafio de quais decisões tomar para dar continuidade à história de Hannah Baker (Katherine Langford) de uma forma satisfatória.
A história da segunda temporada gira em torno do processo aberto pela mãe de Hannah, Olivia Baker (Kate Walsh), após o suicídio de sua filha, alegando negligência por parte da escola, diante do bullying do qual a garota era vítima. Assim, Olívia é um dos destaques da temporada, estando mais presente e, mesmo que muito fragilizada, lutando para conseguir justiça pela filha e em busca de alento dando atenção à alguns dos colegas de Hannah. Os episódios mostram como cada um dos personagens seguem com suas respectivas vidas após a morte da garota, assim como os efeitos resultados do ato. Porém, mesmo morta, a jovem ainda está presente ao longo dos episódios. Em flashbacks e aparições para Clay (Dylan Minette), Langford aparece com uma atuação
B e m n o e s t i l o " G h o s t: Do Outro Lado da Vida", C l ay p o d e v e r e i n t e r a g i r c o m fa n ta s m a d e H a n n a h , m a s ta m b é m é o ú n i c o q u e c o n s e g u e r e a l i z a r ta l fa c e ta
impecável. O garoto, por sua vez, passa por um momento muito conturbado após a perda de sua amada e tenta a todo custo superar sua ausência. Clay chega a engatar um romance com Skye (Sosie Bacon), mas não consegue parar de pensar em Hannah e começa a vê-la em todos os lugares. A narrativa preenche todas as lacunas deixadas anteriormente, trazendo outra versão dos fatos. No tribunal, cada personagem cita suas vivências com Hannah, o que mostra mais sobre eles mesmos e revela muitos segredos. Na primeira temporada, a grande revelação vinha das fitas K7 deixadas pela garota, agora Clay recebe intrigantes fotos polaroids que revelam um mistério e cada vez mais, anseia que seja feita justiça por sua amiga. Os novos treze episódios, que se divide entre momentos de fortes emoções e monotonia, dá a chance para novos personagens brilharem, como aqueles que ficavam em segundo plano na temporada anterior. Destaque para Jéssica (Alisha Boe), que dessa vez vem ainda muito fragilizada, mas recebe o apoio dos amigos e
Jéssica, como mostrado na primeira temporada, foi vítima de abuso sexual, assim como Hannah, tendo a oportunidade, agora, de ser resiliente e c o n ta r s u a h i s t ó r i a
toma frente da luta para fazer seu agressor ser punido. A garota também protagoniza umas das cenas mais impactante da temporada, onde ela e outras mulheres, incluindo a própria Hannah, relatam casos reais de abuso sexual. O público se divide entre quem acha a série necessária e quem não. Independente de conclusões, 13 Reasons Why precisa ser vista com critério e cautela, principalmente por aqueles que já passaram por alguma das situações abordadas ao longo da narrativa. Apesar de ser inegavelmente um gatilho, a série pode ser uma forma de sensibilizar, conscientizar e educar pessoas que estão aquém dessas ques22|
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tões. Desta forma, a série se comprometeu em colocar, antes dos episódios, anúncios que alertam sobre o conteúdo provocativo da série, além de fazer os próprios atores aparecerem em uma chamada que incentiva os telespectadores a procurar ajuda em casos de abalos psicológicos e/ou emocionais, uma importante ação de prevenção que se faz muito necessária diante do teor das cenas mais fortes ao longo de toda a narrativa. Apesar de trazer uma temporada mais “leve” do que a anterior, 13 Reasons Why traz muita emoção, adrenalina e ainda conta com cenas muito impactantes, mostrando cada vez mais que esta é uma série feita para chocar o público. O pano de fundo ainda é o suicídio, mas dessa vez outros temas também estão em voga, como os transtornos psicológicos, mas-
l i g u e
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sacres e o uso de drogas, e tem o abuso sexual como assunto principal. Se tratando de 13 Reasons Why, sempre existirá o dedo na ferida. Os temas são fortes, a mensagem é chocante e sempre existirão muitas discussões, tanto para o lado positivo, quanto para o lado negativo. A narrativa não nos dá um final feliz, mas tem um potencial muito grande de despertar a empatia e indignação de quem assiste, uma espécie da chamada à realidade. A série trouxe uma segunda temporada mais fraca, uma vez que retoma uma situação que já ficou encerrada ao fim da primeira. A expectativa para uma terceira temporada que responda às questões deixadas no fim da segunda é grande, mas, se houver confirmação, desta vez Hannah Baker não retorna. //
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. CVV | cvv.org.br
cara gente branca, T E X T O //
jader theóphilo
d i a g r a m a ç ã o //
vics
A
pós muita polêmica antes mesmo do lançamento, a série Dear White People (Cara Gente Branca, na tradução oficial) estreou na Netflix no primeiro semestre de 2017, tratando, principalmente, do preconceito racial de uma maneira que nenhuma outra produção original do serviço de streaming havia feito. Esse ano, a nova temporada volta à plataforma, mostrando que ainda há muito o que ser discutido. Baseada em um filme de mesmo nome, lançado em 2014, a obra retrata a vida de estudantes negros em uma Universidade em que a maioria dos alunos são brancos. Nesse contexto, o que não poderia deixar de vir à tona são as questões que cercam o cotidiano dos negros nesses ambientes: o racismo. 24| zint.online
O roteirista da adaptação e diretor do filme, Justin Simien, segue passando por questões, muitas vezes, não mencionadas em discussões sobre preconceitos étnicos, de uma forma bem didática, o que serve para alcançar um público que está distante desses debates. Com episódios de 30 minutos e dividido por histórias de cada personagem, a aproximação com o espectador fica ainda mais fácil. Alvo de muitas críticas, a abordagem inicial da trama é uma festa blackface, em que alunos brancos usam seus referenciais de pessoas e cultura negra de forma satírica ou como se fossem fantasias. Embora algumas pessoas levem simplesmente ao pé da letra o blackface como o ato de pintar o rosto de preto, o comportamento de utilizar elementos de uma outra cultura esbarra na questão da apropriação cultural, também tratada na série. Não é difícil encontrar na mídia, música, moda, ou, até mesmo em universidades, pessoas brancas sendo valorizadas, consideradas estilosas ou autenticas ao apresentarem elementos culturalmente negros. Essa é uma característica
do racismo que invisibiliza uma etnia, sobre o pretexto de que características culturais são de livre acesso e uso. Ainda na primeira temporada, o grande acerto da produção vem em sequência nos episódios 4 e 5. O primeiro, dirigido por Tina Mabry, retrata a personagem Colandrea Conners, mais conhecida como Coco, e permite conhecer um pouco mais da vida da estudante. Interpretada por Antoinette Robertson, a garota pode ser vista, inicialmente, como a personagem mais esquecível da série, no entanto é nesse episódio que o olhar sobre ela muda. Através de Coco, questões como Colorismo, importante discussão do movimento negro que reflete sobre os privilégios sociais de negros com características mais próximas de brancos em relação a outros negros, são retratadas. Como
A segunda temporada é a primeira vez que Joelle ganha a oportunidade de contar sua realidade em um episódio dedicada à ela
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disse Luz Ribeiro, no programa Manos e Minas, “Quanto mais retinto o menino, mais fácil de ser extinto”. Outro aspecto importante desse episódio e talvez o mais tocante é a questão da solidão da mulher negra. Pauta do feminismo negro, esse tema mostra o esquecimento da mulher em todos os aspectos sociais, a necessidade e a dificuldade de se reafirmar economicamente, estruturalmente e, sobretudo, afetivamente. Um recorte simples desse quadro é retratado quando Coco vê todas as suas amigas brancas sendo escolhidas por garotos para um “encontro” ou, ainda, quando percebe que o então namorado Troy Fairbanks, interpretado por Brandon P. Bell, não quer assumir o relacionamento com ela, mas anteriormente havia assumido o namoro com Samantha White, interpretada por Logan Browning, que possui a pele mais clara. Drama que retorna na segunda temporada, dessa vez, pelo ponto de vista da estudante Joelle Brooks, personagem que ganha vida através da atriz Ashley Blaine Featherson. Fora da ficção esse problema continua sendo um obstáculo. Em 1962, Malcom X realizou um discurso em que dizia que “a pessoa mais desrespeitada na América é a mulher
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Na imagem, a "máquina sexual" Troy Fairbanks (esquerda) conversa com seu colega de quarto, o tímido j o r n a l i s ta L i o n e l H i g g i n s
negra. A pessoa mais desprotegida na América é a mulher negra. A pessoa mais negligenciada na América é a mulher negra”. No Brasil, o Censo de 2010, feito Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que mais da metade das mulheres negras, 52,52%, não viviam em união, independentemente do estado civil. Esses dois recortes, junto à série, mostram que essa questão ainda é um tema importante a ser discutido. Se no episódio anterior a dimensão do racismo é explorada, é no quinto episódio que os acertos continuam. Ao tratar de um tema recorrente, como a brutalidade policial em relação a homens negros, a série mostra nessa sequência de capítulos como o racismo pode se revelar para homens e mulheres. Ao apontar um incomodo em uma fala racista de um garoto branco, Reggie (Marque Richardson) sente a humilhação de uma agressiva abordagem policial levada pelo preconceito. Esse momento acontece após o desentendimento entre os jovens depois que
o branco se sente ofendido em ser colocado no papel de opressor. Já na segunda temporada os destaques ficam para os episódios reservados ao personagem de DeRon Horton, o jornalista Lionel Higgins, que ganham um salto de qualidade e amplitude em sua narrativa inquestionáveis. Isso porque, de maneira bem mais elaborada do que na primeira temporada, a sexualidade do estudante entra em pauta. Os questionamentos de um homem negro dentro da comunidade LGBTQ+ e as relações afetivas nesse círculo são exploradas. Uma questão parecida com o preterimento sofrido por Coco, mencionando anteriormente, além do racismo descarado corriqueiramente embutido nesse grupo. Ainda no capitulo destinado ao jornalista é possível perceber outra visão do homem negro, apresentado pelo paralelo entre ele e o personagem Troy Fairbanks, que faz o papel do homem negro forte, viril, desejado apenas como maquina sexual. Outro destaque é a personagem Rikki Carter (Tessa Thompson). Peça importante e facilmente encontrada na mídia brasileira, ela faz o papel da negra que tenta a todo custo agradar uma população branca racista, para que assim possa se sentir inserida socialmen-
te, mesmo que seja preciso ser contra os próprios negros. Uma espécie de Fernando Holiday da ficção. Além disso, a serie também apresenta um personagem “Hotep”, termo usado para se referir de forma pejorativa a um negro com visões tidas como extremistas e radicais que questiona a negritude de pessoas mestiças, além de ser contra a interação entre negros e brancos. A produção também consegue abordar temas super atuais como Fake News e ataques racistas na internet, sofridos por Samantha White, que acabam repercutindo de formas físicas. Situação parecida com o caso de um aluno negro da Faculdade Getulio Vargas (FGV), localizada no centro de São Paulo, que teve sua foto registrada e divulgada por outro aluno da instituição com a seguinte legenda: "Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. Com tantos assuntos que, ainda, cercam o preconceito racial a série, disponível na Netflix, possui elementos suficientes para durar várias temporadas e continuar incomodando muita gente. //
No novo ano, Samantha tem que lidar com a t a q u e s e b u l ly i n g n a i n t e r n e t, d e c o r r e n t e dos acontecimentos da primeira temporada
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Na foto, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Bianca C o m pa r at o e M i c h e l G o m e s
O outro lado do continente T E X T O //
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ana luisa santos
d i a g r a m a ç ã o //
vics
3%
3%, primeira produção da Netflix brasileira estreou sua segunda temporada no dia 27 de abril. Muito aguardada por alguns e nem tanto por outros,
os dez episódios surpreendem e mostram a evolução da série frente à temporada anterior. Em ambas, tivemos as críticas sociais presentes ao longo dos episódios, mas dessa vez, o posicionamento mais concreto
dos personagens diante de suas inquietações e desacordos com a sociedade ganhou destaque. A questão que permeia toda a narrativa é: afinal de contas, o processo 105 vai acontecer ou não? zint.online | 29
Depois de passarem pelo processo, Rafael (Rodolfo Valente) e Michele (Bianca Comparato) chegam ao Maralto. A nova vida, no entanto, parece não agradá-los tanto assim. Ela só pensa em resgatar o irmão; ele, por outro lado, quer ajudar a causa a cumprir seu objetivo e acabar com o processo. Porém, é muito fácil se deixar levar pela boa vida do outro lado do continente e muito difícil ser infiltrado sem levantar suspeitas. Alvo de muitas críticas na primeira temporada, 3% surpreende na segunda. Há uma melhora considerável na direção e na fotografia, que receberam mais atenção e atraem mais, esteticamente falando. Bem como os figurinos, que estão mais naturais e não forçam tanto a barra como as roupas rasgadas e caras sujas da primeira parte. O roteiro também progride, e apesar de ter deixado alguns pontos de interrogação, cumpre seu papel. Os personagens ganham mais profundidade, mais personalidade e evolução. Podemos conhecer alguns detalhes de suas vidas antes do processo, memórias, desejos e sonhos. A atuação, apesar de também ter 30| zint.online
melhorado consideravelmente, continua sendo o maior alvo de descontentamento do público. Dessa vez, podemos conhecer melhor o Maralto, contrastando o continente que nos foi apresentado e chocando, mais uma vez, no quesito desigualdade social. Várias referências à Black Mirror mostram a discrepância entre a tecnologia avançada e a qualidade de vida que desfrutam os vencedores do processo, diante da miséria do continente. A inserção de novos personagens e o enfoque em outros que não aparecem tanto anteriormente, traz dinamismo à narrativa, tornando-a mais interessante. Além disso, nos surpreendemos com alguns que voltam a aparecer, mas com uma pegada completamente diferente. Um dos destaques desde a temporada passada é Joana (Vaneza Oliveira), que
dispensa apresentações e se destaca sempre pela inteligência e lealdade a seus ideais. Outra que desperta sentimentos no público é Marcela (Laila Garin), uma daquelas vilãs que amamos odiar. A representatividade é um ponto muito positivo da série, mostrando a diversidade do Brasil e atendendo aos anseios do público, que busca, cada vez mais, por essa característica nas obras. Mulheres em lugares de poder, negros que não são apenas figurantes e uma das personagens mais marcantes, Ariel (Marina Matheus), uma mulher trans que faz tudo para alcançar seus objetivos e se destaca, principalmente, das cenas do processo. A narrativa carrega uma tensão que ultrapassa a tela, despertando no espectador entimentos extremos, da
ansiedade à surpresa, sem falar nas reviravoltas, que são o grande diferencial da temporada. Além, é claro, das revelações chocantes apresentadas ao público. Em um pontos altos da trama, temos respostas à muitas das questões que permeiam a criação do maralto e a destruição do continente, bem como a história por trás do casal fundador,
que vêm à tona para trazer mais inquietação. Diante da beleza das cenas, umas das mais bonitas e comentadas entre o público foi o carnaval de rua do continente, que antecede
o processo. Cheia de cores, traz a cantora Liniker, entoando Preciso me Encontrar, de Cartola. Um momento emocionante, de enorme contraste com a realidade brasileira. A crítica social é tão presente na série, que nos permite traçar um paralelo à nossa realidade, apesar da distopia. Temos referências à intervenção militar, crítica ao fanatismo religioso, entre outras semelhanças. O reflexo da nossa sociedade no continente é tão grande, que uma das cenas do último episódio traz um escancarado “Fora Temer”, pichado em um muro do continente, mesclando a vida e a arte. 3% veio para mostrar que o Brasil pode sim produzir conteúdo à altura, queimando a língua de quem desacreditou da criação de uma ficção científica nacional de qualidade. Apesar dos pontos que claramente ainda podem melhorar, a série segue no caminho certo. A segunda temporada cumpriu seu propósito e levantou mais questões. Além disso, elevou as expectativas para uma próxima temporada, que já está sendo esperada pelo público ansioso. // zint.online | 31
Adeus, Olivia Pope Este texto contém spoilers.
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o dia 12 de abril de 2012, foi ao ar o piloto da série Scandal, criada por Shonda Rhimes (produtora das famosas séries Grey’s Anatomy e How to Get Away with Murder) e exibida pelo canal americano ABC (no Brasil, pelo canal Sony). Depois de seis anos, após sete temporadas, a série chegou ao fim no dia 19 de abril deste ano. A trama se passa em Washington, D.C., onde trabalha Olivia Pope (Kerry Washington), uma ex-funcionária da Casa Branca e dona da Olivia Pope & Associates, onde ela e seus associados, conhecidos como Gladiadores, são os responsáveis por evitar que alguns escândalos se tornem públicos. Eles atuam como fixers, gerenciando crises, protegendo a imagem e reputação de figuras públicas, além de solucionar alguns crimes envolvendo seus clientes — estes normalmente são pessoas ricas e alguns figurões de Washington como, por exemplo, o Presidente dos Estados Unidos. A primeira temporada da série, que contou com um total de 10 episódios, focou em casos semanais que a Olivia Pope & Associates se encarregava de resolver, além de apresentar um pouco mais sobre os outros membros da empresa: Stephen Finch (Henry Ian Cusick), Harrison Wright (Columbus Short), Abby Whelan (Darby
Stanchfield), Quinn Perkins (Katie Lowes) e Huck (Guillermo Díaz). Também foi apresentado o caso amoroso entre Olivia e o Presidente dos Estados Unidos, Fitzgerald “Fitz” Grant III (Tony Goldwyn). Ao desenvolver das outras temporadas, a série foi ganhando um teor mais político, mostrando alguns acontecimentos como a fraude nas eleições de Fitz (flashbacks foram utilizados para mostrar como tudo aconteceu), informações sobre o B613 (uma agência ficcional responsável por controlar, secretamente, a República ao longo de 40 anos, liderada por Rowan, interpretado por Joe Morton) e as eleições de Mellie Grant (Bellamy Young), ex-mulher de Fitz e a primeira mulher eleita para o cargo de Presidente dos Estados Unidos. Além desses acontecimentos, novos personagens entraram para a série ajudando a enriquecer a trama como, por exemplo, Eli Pope (o lado "público" de Rowan), Jake Ballard (Scott Foley), Marcus Walker (Cornelius Smith. Jr) e Charlie (George Newbern). Scandal teve uma recepção positiva em relação à crítica. Antes mesmo de sua estreia, ela foi intitulada como a melhor nova série de 2012 pelo site ET Online. No Metacritic, o programa foi recebido com opiniões bastante favoráveis. Enquanto isso, no Rotten Tomatoes, Scandal recebeu uma avaliação de 91%.
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Da esquerda p r a d i r e i ta , o s personagens principais Millie, A b b y, C y r u s , F i t z , Olivia, Jake, David, Huck e Quinn
De Pé ao Sol Após o season finale de a sexta temporada ir ao ar, o público teve a oportunidade de assistir Olivia Pope ascendendo ao poder, com o cargo de Chefe de Gabinete da presidente Mellie Grant, além de se tornar líder da organização B613. Tais acontecimentos foram importantes para definir as atitudes da personagem durante o início da sétima temporada, que foi apresentada desfrutando desse novo poder que tem em mãos, mesmo que isso signifique ter de se afastar de pessoas importantes em sua vida e que sempre estiveram ao seu lado. De uma forma geral, a sétima temporada de Scandal foi marcada por algumas reviravoltas, como o fato de Olivia renunciar ao seu cargo após perceber que seus atos não correspondiam com sua índole, com o poder subindo à sua cabeça. Também foi perceptível a evolução que o personagem Cyrus Beene (Jeff Perry) foi sofrendo aos poucos: o personagem começou atuando como Chefe de Gabinete durante do governo 34| zint.online
de Fitz, acabou se tornando vice-presidente e evoluiu para o status de vilão ao arquitetar para tentar tirar Mellie da Casa Branca e tomar seu lugar como Presidente. Um dos momentos mais aguardados dessa temporada, no entanto, foi o crossover entre Scandal e How to Get Away With Murder, promovendo o encontro tão esperando pelos fãs entre Olivia Pope e Annalise Keating (Viola Davis), duas advogadas poderosas e igualmente bem-sucedidas. É como ver a união de duas titãs, que por sua vez aconteceu no episódio 12, Allow Me to Reintroduce Myself, e mostra Pope e Keating trabalhando juntas. A atuação de Kerry Washington e Viola Davis é um dos grandes destaques e pontos altos do acontecimento, mostrando que as duas atrizes possuem boa química e parceria, resultou em ótimas cenas. O último episódio de Scandal, que foi ao ar no dia 19 de abril, encerrou a série da forma brilhante, mesmo deixando algumas pontas soltas devido o tempo reduzido para focar em todos os
acontecimentos. Over a Cliff foi marcado por uma reviravolta surpreendente e muita emoção, além de deixar um final aberto para que o público decida o que aconteceu com a vida de Olivia. Será que ela e Fitz finalmente ficaram juntos? Será que ela sucedeu Mellie na presidência da República, sendo assim a primeira mulher negra no cargo? Será que ela teve filhos? Isso cabe a cada um decidir, mas não muda o fato de que foi um final emocionante e digno para Olivia Pope. E lembre-se: I'm a gladiator in a suit. //
Em cena do episódio 7x14, Olivia (a esquerda) trabalha ao lado de A n n a l i s e ( s e n ta d a ) , c o m o a p o i o d e F i t z e M i c h a e l a ( A j a N a o m i K i n g )
» Nos momentos finais, a série mostra que Olivia Pope ganhou um quadro n a N at i o n a l P o r t r a i t G a l l e r y, u m a i m p o r ta n t e ala do Instituto Smithsoniano com quadros d e i m p o r ta n t e s nomes da história e s ta d u n i d e n s e
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ONCE U P O N A TIME
Este texto contém spoilers.
Os Os contos de fadas sempre estiveram presentes na infância de muitas crianças, fascinando muitas pessoas. Então você já imaginou como seria se todas essas histórias tivessem algum tipo de ligação? Como seriam esses personagens na realidade atual? É nessa premissa que se baseia a série Once Upon A Time, que foi ao ar pela primeira vez em 2011 no canal da ABC (e exibida pelo canal Sony aqui no Brasil).
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Inicialmente, a série girava em torno da protagonista Emma Swan (Jennifer Morrison), uma detetive particular que já se envolveu em diversos problemas no passado e que, por isso, prefere viver sozinha. Entretanto, ela recebe uma visita inesperada no dia de seu aniversário. Trata-se de um garoto chamado Henry Mills (Jared S. Gilmore), que afirma ser seu filho biológico e diz que ela é a única pessoa capaz de quebrar a maldição de Storybrooke.
Localizada no Maine, Storybrooke pode ser considerada uma cidadezinha como qualquer outra, mas seus moradores compartilham de um sentimento inconsciente: nenhum deles tem vontade de ultrapassar as fronteiras da cidade. Ainda, nenhum deles consegue estabelecer seus respectivos passados e o tempo parece não passar, como se tudo permanecesse igual por 28 anos. Henry acredita que os personagens dos contos de fadas estão sendo mantidos presos
Para provar à Emma que os contos d e fa d a s s ã o v e r d a d e e e s tã o p r e s o s sob uma maldição em Storybrooke, Henry usa como prova um livro que reune todoas as histórias e mostra fotos de seus personagens
em Storybrooke devido uma maldição e que por isso eles não se lembram de nada do passado. O garoto até mesmo chega a relacionar alguns moradores com os respectivos personagens de contos de fadas, como, por exemplo, a professora da escola local, Mary Margaret Blanchard (Ginnifer Goddwin), ser a Branca de Neve. Em um primeiro momento, Emma não acredita nas palavras de Henry e considera tudo o fruto da imaginação do jovem, mas decide dar uma chance ao menino após chegar a Storybrooke e notar algumas coisas bem estranhas na cidade. Não se trata apenas de ajudar o garoto a quebrar a maldição que assola a cidade e seus moradores, mas também é a oportunidade para que a Emma se aproxime de seu filho que tinha colocado para adoção há
D u r a n t e m u i t o t e m p o, R e g i n a M i l l s s e a p r e s e n ta pelo manto de Rainha Má, com um ar de superioridade, as melhores roupas e uma sede de vingança para com Branca de Neve e sua família
anos. A primeira temporada de Once Upon A Time focou basicamente em Emma tentando quebrar a maldição, tentar descobrir a verdadeira identidade dos moradores de Storybrooke e na rixa com a prefeita da cidade e mãe adotiva de Henry, Regina Mills (Lana Parrilla), a Rainha Má, que faz o possível para evitar a aproximação de seu filho com Emma e impedi-la de quebrar a maldição. As temporadas seguintes trabalharam ainda mais a relação do mundo encantado, introduzindo novos persona-
gens como o Capitão Gancho/ Killian Jones (Colin O'Donoghue), Mulan (Jamie Chung) e até mesmo Aurora (Sarah Bolger), a Bela Adormecida. É interessante observar como os contos de fadas se relacionam uns com os outros, sempre existindo um laço de ligação. Um exemplo disso é o personagem Sr. Gold (Robert Carlyle), que no mundo encantado é conhecido por ser o Rumplestiltskin, a fera da história da A Bela e a Fera, o crocodilo que comeu uma das mãos do Capitão Gancho e ainda é filho de Malcolm/Peter Pan (Robbie Kay). zint.online | 39
A série ainda trabalha, em vários momentos, com a ideia de que não existe ninguém 100% malvado; há bondade no coração das pessoas e elas só precisam de oportunidades e situações para demonstrar isso. A existência de luz e escuridão dentro de si é mostrado, por exemplo, na evolução do Capitão Gancho, que entrou na série como um vilão e progressivamente foi entrando para o time dos heróis. Mas a evolução mais notável desse meio é de Regina Millls: a personagem começou como a Rainha Má, autora da maldição que dá o pontapé na série, e aos poucos foi sendo mais humanizada, com o seu amor por Henry sen40| zint.online
do o nó que carrega sua luz. Em fevereiro de 2018, a ABC anunciou o cancelamento de Once Upon A Time. A série, que havia finalizado seu arco principal com o season finale da sexta temporada, acabou sendo renovada para a sétima, exigindo que os roteiristas dessem uma espécie de reboot no programa, que já tinha Ginnifer Goodwin, Jennifer Morrison, Josh Dallas (o Príncipe Charmoso) e Jared Gilmore fora de seu elenco de protagonistas. Once, no entanto, foi colocada para exibição na sexta-feira (horário considerado "morto" na grade norte-americana), onde não conseguiu se sustentar, acabando por ser tirada do ar (com um final).
Os Charmings (Príncipe E n c a n ta d o, B r a n c a d e Neve e Emma Swan) ao lado de Regina, que já integra o grupo dos heróis
Quando ouvimos a proposta de Adam [Horowitz] e Eddy [Kitsis] para Once Upon a Time, sabíamos que era algo incrivelmente especial. Por sete anos, eles nos cativaram com a criatividade e a paixão enquanto reimaginavam alguns dos nossos contos de fadas favoritos. Dizer adeus será agridoce, mas Once Upon a Time será eternamente um legado da ABC e mal podemos esperar para que os fãs se juntem a nós para este capítulo final épico. – Channing Dungey, presidente da ABC
Segunda Chance
Contos de fadas são famosas por diversos motivos, além de facilmente reconhecidas pelo seu início ("Era uma vez...") e o seu desfecho ("E viveram felizes para sempre..."). Once Upon a Time, que carrega o "Era uma Vez" em seu título, teve a oportunidade de ter não um, mas dois finais felizes. O primeiro veio com o final da sexta temporada, quando os nossos protagonistas conseguem derrotar o mal e finalmente sentam-se juntos à mesa para comemorar o desfecho de sua longa jornada de seis anos. Um final, diga-se de passagem, mais do que satisfatório e merecido
se não fosse sua renovação. Tentando desbravar um novo lado da história, a sétima temporada da série trouxe uma espécie de reboot, trazendo antigos personagens e apresentando novos. Assim, conhecemos uma versão adulta de Henry (Andrew J. West), autor de livros que colocam os contos de fadas acontecendo numa pequena cidade esquecida do Maine chamada Storybrooke. É ao atender a porta para Lucy (Alison Fernandez) que o jovem descobre que a criança acredita que ele é seu pai, preso em uma maldição igual a de sua família, anos atrás. E assim como foi com sua
mãe no início da série, Henry não acredita muito na garota, mas está disposto a fazê-la retornar para casa e dar um ponto final à esta história. Assim, somos apresentados aos novos rostos como Jacinda (Dania Ramirez; uma versão repaginada da Cinderela, que é casada com Henry e mãe de Lucy), Sabine (Mekia Cox; a Princesa Tiana), Tilly (Rose Reynolds; a Alice), e Victoria Belfrey (Gabrielle Anwar; a Lady Tremaine, madrasta de Cindere-
la). Ao mesmo tempo, rostos antigos entram na narrativa, como Regina Mills, que agora é a dona do bar Roni's, e o Capitão Gancho, que assume o posto do detetive Rogers. É fácil perceber que, nesta aventura, muito da narrativa é emprestada de seus seis anos anteriores, com algumas incrementadas e plot twist. Na sétima temporada, a grande vilã (Victoria Belfrey) é apenas uma marionete de outra vilã (Ivy Belfrey, sua filha, que é interpretada por Adelaide Kane),
D a e s q u e r d a pa r a a d i r e i ta , o s personagens principais da sétima t e m p o r a d a : C i n d e r e l a / J a c i n d a , H e n r y, Regina/Roni, Tiana/Sabine e Nook/Rogers
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que por sua vez não é tão vilã assim, mas também está sendo manipulada por quem é realmente a vilã do novo ciclo, Eloise Gardner (Emma Booth), que na versão contos de fadas é conhecida como Mamãe Gothel (personagem da animação Enrolados), rapidamente como Rapunzel e também Mãe Natureza. A última temporada peca, no entanto, ao trazer uma Cinderela que pouco cativa e acaba tornando-se enjoativa logo nos primeiros episódios. Não é preciso muita pesquisa para ver que os para protefer alice e robin (à d i r e i ta ) , n o o k e z e l e n a e s tã o dispostos a fazer qualquer coisa, inclusive se unir
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telespectadores pouco tem interesse por Jacinda, ou até mesmo sua filha, Lucy. Personagens mais secundários, como Sabine/Tiana e Tilly/ Alice se tornam mais chamativas ao olhos, e possuem arcos narrativos mais interessantes. Alice, por exemplo, não só
parece sofrer de doenças mentais na sua versão sem magia, mas também forma o primeiro casal LGBTQ+ da série ao se envolver com Margot/Robin (Tiera Skovbye), filha de Kelly/Zelena/Bruxa Má do Oeste (Rebecca Mader) com Robin Hood (Sean Maguire).
Por mais que seja interessante ver alguns novos personagens e até mesmo um Henry adulto (que chega a ser mais interessante que o resto de sua nova família), o grande trunfo do sétimo ano ainda reside em seus personagens antigos. É animador, por exemplo, descobrir que o Capitão Gancho, cara-metade de Emma Swan, não é o Killian que conhecemos, mas mas sim uma versão do Reino dos Pedidos. No arco, Nook ("Novo Hook") foi enganado por Gothel, que o fez apaixonar-se por ela apenas para engravidar-lhe e passar a maldição da vilã para o fruto dessa relação, a jovem Alice. Arco
este muito parecido com o da Bruxa Má do Oeste, que também retorna para o encanto dos fãs. Mesmo que rapidamente como Kelly, Zelena continua dona de personalidade forte e imbatível, além de trazer uma incrível química com sua meia-irmã Regina, formando assim a melhor dupla que a sétima temporada poderia criar. Mas, sem sombra de dúvidas, quem contiIsso não é um final. Eu odeio finais. Porque então a sua história está terminada. E todos aqui, bem, suas histórias estão longe de acabar. Eu gosto de chamar... uma segunda chance. Eu pensei que a minha história tinha chegado ao fim, há muito tempo. E então novas pessoas entraram na minha vida; pessoas que me deram uma segunda chance. Eu mal posso esperar pra ver o que vem pra frente. Para todos, na verdade. Eu me recuso a acreditar que não haverá mais aventuras... mais amor... mais família. E sim, haverá mais perdas... porque isso é uma parte da vida. E no final, nós podemos superar tudo, com esperança. – Regina Mills; S07E22
nua ganhando o coração dos Oncers (nome dado aos fãs da série) é Roni/ Regina. A Rainha Má já rouba a cena desde de sua primeira aparição e é a personagem com o maior desenvolvimento da série, saindo de seu status de vilã para ser uma das heroínas e fazer parte da família Charming (Branca, Príncipe, Henry e Emma), angariando uma legião de admiradores ao longo de todo o seu tempo na série. Mesmo como Roni, sua personagem continua sendo uma mulher destemida e que nunca se curva à ninguém, defendendo aqueles que não podem se defender e recusando-se à ser rebaixada por aqueles que se acham melhor que ela.
Eventualmente, Roni é a primeira a sair do encanto da maldição, relembrando sua identidade como Regina Mills e toda sua história de mãe-e-filho ao lado de Henry. Não é pra menos, que ao final, o "beijo de amor verdadeiro" que quebra a grande maldição não é de Henry com Jacinda, mas sim de Regina com Henry. Sem contar, é claro, que nos últimos minutos do último episódio é ela quem consegue reunir todos os reinos em um só, sendo conhecido como United Realms (Reinos Unidos, em tradução livre). Assim, os Charming retornam à Storybrooke para participar da coroação de Regina, a Rainha Boa, como a primeira governanta eleita do local, dando um felizes para sempre uma segunda chance aos nossos personagens. // zint.online | 43
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música
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DONA DE SI, DONA DO MUNDO T E X T O //
deborah almeida
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ois anos após fechar contrato com a gravadora Warner Music, a nova voz do pop brasileiro lançou seu primeiro álbum, intitulado Dona de Mim. A cantora e compositora Iza, que até pouco tempo só fazia covers no Youtube, debutou na carreira com um disco bastante dançante e com parcerias incríveis. Juntamente aos sucessos de Pesadão (com Marcelo Falcão) e Ginga (com Rincon Sapiência), o disco conta com mais 12 faixas inéditas e importantes vozes da música brasileira. Um dos pontos mais interessantes é que a produção conseguiu unir diversos nomes e estilos diferentes nas músicas de Iza, e a mistura deu muito certo! Ao ouvir, você encontra a rainha do axé, Ivete Sangalo, na música Corda Bamba – participação muito especial, já que Iza é fã da baiana. Ainda, uma união com Carlinhos Brown (outra voz do axé) e Gloria Groove (cantora pop e drag queen), na música Rebola. Parcerias assim tão distintas não acontecem com frequência na música, mas o resultado é muito interessante e as três vozes encaixaram muito bem. Além disso, temos Thiaguinho em É Noix, e Ruxell, em Bateu. Por tantas convergências musicais, o disco de Iza não ficou preso somente ao pop, que é o estilo mais comum da cantora. Ao longo das músicas, é possível perceber traços de eletrônica, trap e R&B, deixando a composição bem dançante e animada. Ela também afirmou que escolheu as parcerias de acordo com a personalidade e influência dos artistas, deixando de lado o estilo musical de cada um. Além de toda a mistura musical, Dona de Mim também veio com muitas mensagens e lutas. É possível notar que boa parte das músicas contém trechos bastante quentes e sensuais. Para a cantora, sexo não deveria ter tantos tabus e as pessoas deveriam falar sobre o assunto com mais naturalidade. O amor também fez parte da composição e marcou presença na construção do álbum, pois Iza e o produtor Sérgio Santos, um dos responsáveis pelo disco, apaixonaram-se e começaram a namorar durante a gravação. O disco também traz bastante autoestima e amor próprio, sendo a música-título um hino
com muito orgulho e luta por reconhecimento, sendo uma das canções favoritas da cantora, pois mostra sua busca por liberdade e força. Por mais que esteja há pouco tempo na música, Iza já está lado a lado com ícones brasileiro do feminismo negro, como Karol Conká e Taís Araújo. Esse tipo de trabalho é importante pois é capaz de influenciar diversas meninas e mulheres brasileiras a seguir o exemplo da artista: uma pessoas que não tem medo de mostrar ao mundo quem realmente é. Falando sobre feminismo e reconhecimento, Iza posiciona-se contra quando comparam-a com as cantoras Anitta e Ludmilla, sendo uma competição obviamente desnecessária – e entre elas há bastante respeito e admiração. O sucesso de uma não deve ser medido pelo da outra e não precisa haver nenhuma rivalidade entre elas. Por enquanto, somente Pesadão e Ginga ganharam clipes, e não sabemos quais outra músicas terão produção visual. É possível ouvir todo o álbum em seu canal no Youtube ou nas plataformas de streaming musical, além de comprar o álbum de forma física ou digital. // zint.online | 47
5-4-0: O fim do maior grupo desta geração T E X T O //
mariana spinelli
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m julho de 2012, cinco meninas começaram uma das histórias mais vitoriosas para os grupos musicais femininos. Não é necessário escrever muita coisa: o nome Fifth Harmony é quase automático na cabeça daqueles que acompanham o mundo pop atual. Ally Brooke, Camila Cabello, Dinah Jane, Lauren Jauregui e Normani Kordei. As garotas que começaram a carreira no The X Factor USA com, respectivamente, apenas 19, 15, 15, 16 e 16 anos, não imaginavam o sucesso que alcançariam. Elas não a competição norte-americana, mas conquistaram a confiança de Simon Cowell e LA Reid, dois dos jurados e também um dos maiores nomes do mundo da música, abrindo porta para a carreira delas deco-
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larem. E então veio o aguardado contrato com a gravadora Syco, os primeiros clipes (as nostálgicas Me and My Girls e Miss Movin On) e as primeiras mini tours. A trajetória muitos conhecem: cinco meninas, de famílias e bagagens completamente diferentes, que terminaram em terceiro lugar no TXF. Mas, para quem acompanhou de perto o crescimento do Fifth Harmony, a carreira acumula, assim como os números. Em 2014, as cinco meninas foram o primeiro girlgroup a vencer um Video Music Awards (VMA) desde 2008, quando as The Pussycat Dolls ganharam na categoria de Melhor Dança em Clipe. Fifth Harmony venceu o prêmio de Artista Para Ficar de Olho. E estavam certos. Daí para frente, o grupo triunfou no Bravo Otto, Billboard Music Awards, VMA
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Da esquerda para a d i r e i t a : D i n a h , A l ly, Normani, Lauren e Camila, em sessão fotográfica para o álbum "7/27"
Japão e American Music Awards, além de mais de um bilhão de visualizações no clipe de Work From Home, que contou com a participação do rapper Ty Dolla $ign. De longe, a música com refrão chiclete foi o maior hit da carreira 50| zint.online
das meninas. Um dos pontos mais fortes e interessante do grupo é a sua formação com minorias. Camila é uma imigrante cubana, Ally tem raízes latinas com um histórico mexicano, Dinah é de linhagem de Tonga, Lauren é descendente de família cubana e abertamente bissexual, e Normani é negra, lutando fortemente contra o racismo na indústria musical e
dedicando-se à discursos de empoderamento para jovens negras. Em sua história, um dos pontos mais polêmicos foi a saída de Camila, em 2016, para seguir carreira solo. O clima não foi dos melhores, deixando a sensação de uma saída conturbada e com pouca explicação aos fãs, criando teorias de conspiração para preencher as lacunas. Mas o grupo decidiu continuar e, no ano passado,
as quatro integrantes lançaram o álbum autointitulado, que teve as sensuais He Like That e Down como principais singles. Mais uma tour mundial seguiu o disco, esta com passagem pelo Brasil em 2017. Mas com a turnê chegando ao fim e das campanhas de divulgação do álbum, o grupo foi assombrado por rumores de seu fim, com cada uma delas seguindo carreiras solos, assim como Cabello. Rumores estes confirmados em 19 de março, quando o Fifth Harmony anunciou que o grupo terminaria suas atividades após seis anos. Apesar
do ponto final, o grupo só finalizou a turnê no dia 11 de maio, em Miami, onde tudo começou, deixando, dias depois, o clipe de Don't Say You Love Me como um último adeus aos fãs. Com poucos exemplos de sucesso no mercado internacional, Fifth Harmony entra no seleto grupo de bandas femininas que alcançaram o holofote da indústria musical, junto a Destiny’s Child, The Pussycat Dolls e Spice Girls. As cinco meninas, e depois quatro, representaram as mulheres no mundo da música, representaram as minorias, representaram
a nova geração de garotas e garotos que lutam para serem quem são, sem julgamentos ou preconceito. O que fica é gratidão e ansiedade para ver o que o futuro aguarda para cada uma delas, mas dessa vez individualmente. Lauren, Normani, Ally, Camila e Dinah, obrigada por acreditarem no “Anything Can Happen” e superarem a barreira do “Impossible”. //
Após a saída de Cabello, as meninas do Fifth Harmony disseram que o nome do grupo não mudaria, uma vez que a “ q u i n t a h a r m o n i a” s ã o o s f ã s
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filmes
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rafael bonanno
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AFINAL, QUEM ATIROU PRIMEIRO? 54| zint.online
As grandes franquias
cinematográficas vêm encontrando na fórmula do universo compartilhado um jeito conveniente de estabelecer longas narrativas que sejam comercialmente satisfatórias à medida que fãs e público casual passem a se interessar pelas histórias, personagens,
temas e situações propostos a cada novo capítulo. É assim que a Disney, em conjunto com a Lucasfilm, tem abordado a franquia concebida, há mais de 40 anos, por George Lucas. Mais além até, as histórias que se passam em uma galáxia muito, muito distante extrapolam as telonas e encontram caminhos em outras mídias, constituindo, assim, o novo cânone de Star Wars. Quando conhecemos o personagem de Han Solo, em Star Wars: Uma Nova Esperança (1977) nos deparamos com um contrabandista mercenário, experiente e oportunista, mas que ao longo da história deixa seu coração se levar por novos princípios ao se afeiçoar por Luke, Leia e a causa da Aliança Rebelde. Em Han Solo: Uma História Star Wars a proposta é explorar as origens deste personagem por meio das aventuras que começaram a moldar sua personalidade. Em outras palavras, é aqui que descobrimos porque Han sempre foi o primeiro a atirar. zint.online | 55
Aproximadamente dez anos após o fim da república, o Império Galáctico se estabelece gradualmente enquanto grande parte dos civis enfrentam um período sem lei. Nas ruas de Corellia, o jovem Han serve aos propósitos de uma organização criminosa, mas almeja se tornar um piloto livre. Este objetivo segue presente durante toda a narrativa e é
a partir daí que embarcamos em suas primeiras aventuras. Deixando de lado a polêmica saída dos diretores Phil Lord e Christopher Miller de lado, o produto final é dirigido pelo já consagrado Ron Howard (Uma Mente Brilhante e Apollo 13). Dono de uma proeminente carreira como ator durante sua juventude, Howard ficou conhecido na direção por sua habilidade em trabalhar bem com o elenco e se ater aos aspectos
técnicos que caracterizam as grandes produções hollywoodianas. Sua abordagem com o roteiro, uma colaboração entre pai e filho, de Lawrence Kasdan (Star Wars: O Despertar da Força) e Jon Kasdan (A Primeira Vez), apesar de pragmática, confere um espírito de diversão constante ao longa. Contudo, não há ousadia e poucos riscos são tomados, o que acaba resultando em uma história sem o peso dramático característico dos melhores episódios da saga.
Solo e Chewie rapidamente se tornam amigos e parceiros de trabalho, dando início à relação de anos já conhecida pelos fãs da franquia
A c i m a , D o n a l d G l o v e r s e d e s ta c a a o dar vida ao jovem Lando Calrissian, que faz um time interessante ao lado d a s u a f i é l c o - p i l o t o l 3 ( à d i r e i ta ) , u m a d i v e r t i d a a n d r o i d e at i v i s ta
Como em todo filme de origem, uma série de questionamentos sobre a lenda e a persona do protagonista e seu universo são explorados. No entanto, o roteiro propõe explorar, com certa parcimônia, os momentos chave deste personagem em detrimento de suas características mais tradicionais. Afinal, este ainda não é aquele personagem que Harrison Ford interpretou quando somos apresentados a ele na cantina de Mos Eisley. Excelente no papel do protagonista, Alden Ehrenreich interpreta um Han Solo juvenil e inocente, mas que já se mostrava prepotente e autoconfiante. Definitivamente uma grata surpresa.
Ainda em Corellian, Han decide se alistar no império como último recurso para deixar de vez o planeta. Três anos se passam e observamos o protagonista encontrar a oportunidade ideal para desertar ao se oferecer como piloto para um grupo de criminosos infiltrados como imperiais. Durante essa sequência, e em uma das cenas mais zint.online | 57
a h i s t ó r i a a i n d a a p r e s e n ta o p r i m e i r o interesse amoroso de solo: a destemida e misteriosa Qi’ra (Emilia Clarke)
inspiradas do longa, Han conhece o Wookiee que viria a se tornar seu melhor e mais fiel amigo. Chewbacca (Joonas Suotamo), com muito mais tempo de tela que o normal, forma uma parceria quimicamente compatível e de eficiência instantânea. Em busca de uma nave veloz, conhecemos Lando e sua cômica parceira L3-37 (Phoebe Waller-Bridge), androide de navegação que tem a própria agenda em prol do livre arbítrio dos robôs. Contemplado com boas atuações, podemos considerar como um dos principais destaques deste filme a fantástica interpretação 58| zint.online
de Donald Glover. Ele é responsável por reencarnar o charmoso trapaceiro Lando Calrissian em uma abordagem que faz toda justiça ao personagem sem parecer mera imitação de Billy Dee Williams. Notavelmente mais colorido e lúdico que o habitual, o visual de Han
Solo: Uma História Star Wars não chega a se descaracterizar dos padrões editoriais já conhecidos pelo público geral: muitos aliens, perseguições espaciais, confrontos inspirados em filmes de velho-oeste e a sensação de uma tecnologia avançada, porém precária e decadente.
Elementos que definitivamente não poderiam ficar de fora. Com apenas um tema composto pelo lendário John Williams, é John Powell quem assina, com muita personalidade, o restante da trilha sonora original. Sem muitos momentos dramáticos, a trilha vem para realçar bem o tom de aventura e nostalgia do longa, misturando novos e velhos temas com muita autenticidade. Arrisco dizer que toda a sequência do percurso de Kessel jamais funcionaria tão bem sem a excelente contribuição de Powell.
Não há discussão sobre o potencial narrativo do universo de Star Wars. Basta uma breve pesquisa na internet para encontrar longas e boas histórias sobre aquele tal personagem que aparece de relance em apenas um frame. Han Solo é um dos principais personagens deste universo e sua história envolve novas amizades, descobertas, uma trama de assalto e algumas reviravoltas desnecessárias. A origem do canalha mais querido da galáxia é um convite empolgado à diversão descompromissada e lúdica a bordo da Millennium Falcon. // zint.online | 59
Estereótipos invertidos em
“EU NÃO SOU UM HOMEM FÁCIL” T E X T O //
carolina cassese
Um mundo em que as mulheres detêm o poder e estão no topo sociedade, enquanto os homens são submissos e objetificados. Com essa premissa, a diretora francesa Eléonore Pourriat lançou o filme Eu Não Sou um Homem Fácil, produção da Netflix. Pourriat é conhecida por desenvolver projetos que abordam questões de gênero. Em 2010, viralizou com o curta Majorité Opprimée, narrando a história de 60| zint.online
d i a g r a m a ç ã o //
um homem que é violentado sexualmente, por mulheres, ao abrir dois botões da sua camiseta. Em Eu Não Sou um Homem Fácil, Damin (Vincent Elbaze) é o típico homem machista, que se sente no direito de assediar mulheres. Logo depois de cantar duas meninas jovens na rua, bate a cabeça em um poste, desmaia e acorda em um mundo onde as mulheres são o grupo hegemônico. Nessa nova sociedade,
vics
são elas que ocupam os cargos de chefia e ditam as regras. O exercício que o filme propõe é interessante. E se os homens tivessem que se depilar para agradar as mulheres? E se as mulheres pudessem caminhar sem camisa e não serem sexualizadas? E se os homens fossem avaliados mais pela aparência do que pela competência? E se o corpo masculino fosse constantemente objetificado e utilizado para vender produtos?
O filme ilustra diversas nuances do machismo e retrata principalmente o preconceito do cotidiano. O longa acerta também ao ilustrar como o sexismo permeia as relações nos ambientes de trabalho. A partir da inversão, os homens são constantemente assediados no escritório (principalmente quando estão usando roupas mais curtas) e, ao discordar e questionar determinada ideia, são taxados de histéricos ou extremamentes sensíveis. O principal papel que Eu Não Sou um Homem Fácil cumpre é o de escancarar o preconceito presente nos detalhes. No entanto, alguns questionamentos podem ser feitos em relação ao longa. O primeiro que me veio à cabeça foi: e as outras opressões? Ao colocar a questão de gênero como centro, o filme deixa de lado outros problemas consideravelmente significativos e inerentes à qualquer sociedade, como questões relacionadas à raça, classe e orientação sexual. Com a inversão de papéis de gênero, o filme considera que mulheres negras teriam o mesmo poder estrutural que mulheres brancas, por exemplo. Porém, sabe-se que as opressões são muitas e complexas. Por outro lado, é claro que um filme não consegue
contemplar todos as questões sociais existentes. A narrativa também comete o mesmo que Se eu Fosse Você, filme com premissa similar (um homem acorda no corpo de uma mulher e vice-versa). Essas tramas consideram que, em geral, pessoas do mesmo gênero se comportam sempre da mesma maneira, o que reforça uma série de estereótipos problemáticos. É claro que, em geral, mulheres recebem o mesmo tipo de educação e, por isso, se comportam de forma parecida. Boa parte dos comportamentos femininos e masculinos (e até mesmo a dicotomia existente entre o que é “feminino” e “masculino”) são construídos e explicados socialmente. Porém, isso não significa que a individualidade de cada ser humano possa ser desprezada, ainda mais em pleno século XXI. Ao longo do desenvolvimento do filme, não é possível perceber se o personagem principal de fato repensa suas ações, mesmo passando por situações de preconceito. Em uma das cenas do meio pro final do longa, Damien repara que o ambiente está repleto de mu-
lheres com pouca roupa e comenta “isto aqui é o paraíso”. Portanto, mesmo sentindo na pele o que uma mulher passa todos os dias, o personagem não deixa de hipersexualizar o corpo feminino. Apenas em uma das cenas finais é que fica perceptível o incômodo de Damien em ser objetificado. A produção gerou alguns comentários problemáticos, que deram a entender que o filme seria um retrato “do que o feminismo quer”. Quem realmente conhece o histórico e as demandas do movimento feminista sabe que essa “inversão de opressão”, retratada no longa, não é uma rei-
vindicação do feminismo – e nem é possível em uma sociedade como a nossa, que é historicamente impregnada pelo patriarcado. Contando com boas atuações, o filme cumpre seu principal papel ao suscitar reflexões sobre como o machismo é onipresente e estrutural em pleno século XXI. O romance entre os protagonistas Damien e Alexandra (Marie-Sophie Ferdane) não é bem desenvolvido, e o longa falha como comédia romântica, mas funciona como sátira, expondo diversas situações absurdas às quais mulheres se submetem diariamente. // zint.online | 61
A VOLTA DO MERCENÁRIO TAGARELA T E X T O //
joão dicker
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vics
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inguém esperava que Deadpool (2016) estreasse nos cinemas alcançado tanto sucesso de bilheteria e uma boa recepção da crítica especializada, como conseguiu. A parte das virtudes que o longa apresenta, a identidade própria que divergia do que era feito até então no gênero de super heróis trouxe um frescor para a indústria, criando novas possibilidades e mostrando que a jornada deste tipo de filme ainda poderia render diferentes abordagens. Agora, carregando uma carga de expectativa bem maior devido ao êxito com que estreou nas telonas, o Mercenário Tagarela retorna para a sequência de seu primeiro filme em uma produção mais consciente do que quer fazer, mostrando que mais do que um filme de super herói, Deadpool 2 (2018) é uma ótima comédia que sustenta todas suas escolhas, sejam elas narrativas ou linguísticas, na amplificação do humor indulgente de seu protagonista.
É justamente a consciência de que o filme é uma grande piada que faz com que os roteiristas Rhett Reese, Paul Wernick e Ryan Reynolds, tenham liberdade para não se prenderem a normas narrativas e a formas convencionais de como contar uma história. O próprio primeiro ato do longa, que funciona muito mais como um prólogo, apresenta uma pequena história
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que, verdadeiramente, não adiciona muito a jornada do herói ou aos acontecimentos do longo no futuro. Existe uma pequena tentativa de criar uma artimanha para relacionar o mercenário com o antagonista do longa, mas que acaba sendo ofuscada pela fluidez dos diálogos e das oportunidades de punchlines que o roteiro cria a todo mundo. Ao abdicar da obrigação de criar bons personagens, o texto acertar ao escolher transformar quase todos os personagens em alvos para uma piada de Deadpool, o que acabando resultando nas melhores interações e dinâmicas de personagens. É evidente que o roteiro também tenta adicionar mais drama ao filme, tornando-o um pouco mais sóbrio em alguns momentos, mas sua identidade enraizada na comédia escrachada não se exaure em momento algum e acaba desequilibrando o balanço entre drama e comédia. Tal apontamento, não é necessariamente um ponto falho do longa, visto que a comédia consegue sustentar a produção por inteiro,
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mas é fato que cria um ruído quanto a certos personagens não funcionarem tão bem devido a suas presenças mais dramáticas. Contudo, Deadpool 2 se esmera na forma como trabalha o humor como regra básica para todos acontecimentos, sejam eles piadas autorreferentes, críticas aos filmes da DC Comics, comentários sociais quanto a cultura e sociedade dos EUA, ou até mesmo as sequências de ação. Inclusive, há uma cena em específico em que o herói utiliza de seus poderes como artimanha em um confronto corpo a corpo com Cable (Josh Brolin) que é impagável! É uma anedota visual que agrega a sequência
de ação e demonstra as virtudes que David Leitch tem como diretor deste tipo de cena. Por outro lado, mesmo que o diretor se saia bem no comando da câmera e na adição do CGI para ampliar confrontos, o filme carece de mais detalhismo na computação gráfica, parecendo que todos os esforços nesse sentido foram designados para a ótima criação de
Colossus (Stefan Kapicic) e para a garantia da organicidade dos aspectos biônicos de Cable, deixando algumas cenas do clímax muito artificiais que lembram cutscenes de PlayStation 3. De qualquer forma, o filme cumpre com as expectativas por ter a consciência do que fez de melhor em seu antecessor, conseguindo amplificar a melhorar suas virtudes. As constantes quebras da quarta parede, o humor irreverente e desbocado, as cenas de ação quase escatológicas que acabam ficando engraçadas devido ao excesso, as interações com personagens mais sisudos – que no primeiro longa funcionava bem entre Deadpool e Colossus, que acaba se repetindo com frescor e se estendendo também a relação do mercenário com Cable e as diversas referências e piadas a cultura pop como um todo,
com sua espera criada com o póscrédito do primeiro filme, cable é um i m p o r ta n t e p e r s o n a g e m d a m i t o l o g i a do deadpool, sendo um dos integrantes do super time conhecido como x-force. e n t r e o s s e u s p o d e r e s e s tã o a p r o e m i n ê n c i a e m c o m b at e m a n o -a- m a n o, m e l h o r i a s c i b e r n é t i c a s e at é m e s m o t e l e pat i a e t e l e c i n e s e ( n o s q u a d r i n h o s )
não se limitando somente a punchlines, mas também a maneira como exploram dos créditos inicias, de certas músicas durante o filme e de objetos específicos existentes nos cenários. Ainda, as novidades trazidas encaixam muito bem ao universo do mercenário. O nascimenzint.online | 65
A relação entre Deadpool e Colossus é novamente explorada na sequência, agora trazendo um maior dinamismo e nível de amizade entre os dois personagens numa de relação cômica de "mentor e pupilo"
to da X-Force e seu destino ao longo do enredo proporcionam uma das melhores subversões de filmes de equipe antes vistos, garantindo momentos hilários e participações especiais muito divertidas. A presença de Dominó (Zazis Beetz) assegura sequências de ação inventivas, divertidas e interessantes que exploram das possibilidades visuais que acontecimentos causados por sorte têm. O jovem 66| zint.online
Russel (Julian Dennison) se torna ponto central da narrativa e carrega a carga dramática de
seu personagem com a naturalidade e confusão de uma criança, trazendo credibilidade para o
personagem ao passo que equilibra a jornada com doses homeopáticas
de humor ancorado nas erupções de sentimentos, palavrões e asneiras pelas quais ficou famoso em Hunt for The Wilder People (2016). Se Deadpool 2, assim como seu antecessor, tem muitos méritos e virtudes, quem mais merece aplausos e vangloriações é Ryan Reynolds. Entusiasta com o personagem desde que o deu vida em X-Men Origens: Wolverine (2009), o ator canadense, que já havia participado como produtor do primeiro longa e
Zazis Beetz dá vida à uma c a r i s m át i c a d o m i n ó, m e m b r o o r i g i n a l da x-force cujo superpoder é a sorte
agora retorna também como roteirista, traz ainda mais coração e alma para o filme, criando um dos super heróis mais carismáticos, engraçados e empáticos do cinema. A coragem, bom humor e sagacidade com que Reynolds se torna Wade Wilson são o que transforma os filmes de Deadpool em uma verdadeira experiência engraçada e divertida, que fica ainda melhor quando vemos o ator se permitir brincar com seu passado em duas das melhores cenas pós-créditos de todos os tempos. Por fim, a falta de coesão narrativa na passagem do primeiro para o segundo ato não atrapalha o desfecho do longa, que mesmo sem explorar nem remotamente as possibilidades dramáticas ou aprofundar na rica personalidade e na vasta mitologia que Cable tem nos quadrinhos, Deadpool 2 se afirma como uma das melhores comédias dos anos recentes por entender a potencialidade e as possibilidades de humor de seu personagem. // zint.online | 67
o impeachment que a grande mídia não mostrou T E X T O //
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carolina cassese
om o objetivo de retratar o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o filme O Processo, dirigido por Maria Augusta Ramos, estreou nos cinemas no último dia 17. O documentário se destaca por não apresentar entrevistas ou intervenções diretas, apenas cenas dos bastidores.
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vics
Diante do turbulento contexto político do Brasil, não é espantoso que os espectadores do longa sejam reativos às cenas. Especialmente quando figuras como Eduardo Cunha, Aécio Neves e Antonio Anastasia aparecem na tela, o público explicita seu desprezo. O filme não tem a intenção de ser panfletário e não distorce informações (diferen-
temente do que acontece em O Mecanismo, série lançada pela Netflix também este ano), mas dá mais espaço para os petistas, especialmente para Gleisi Hoffmann e José Eduardo Cardozo. Em entrevista à Carta Capital, Maria Augusta Ramos comentou a respeito da parcialidade do documentário: “Não é que seja a perspectiva da defesa: eu acompanho muito mais os bastidores da defesa porque a defesa me deu esse acesso. Eu tive acesso a reuniões da liderança da esquerda, da minoria que era contra o impeachment. A oposição não me deu esse acesso. Se tivesse dado, eu certamente teria filmado mais. Mas eu acho que era importante, sim, apresentar o argumento da direita, o argumento pró-impeachment. Para expor isso, eu escolhi, por exemplo, o senador Cássio Cunha Lima, que tem uma lógica de argumentação inteligente, ou que, pelo menos, faz sentido”. Outra figura defensora do Impeachment que aparece
frequentemente na tela é a jurista brasileira Janaína Paschoal. Ela é responsável pelas cenas mais cômicas do filme, já que aparece fazendo alongamentos e tomando Toddynho no Senado. A relação de Paschoal com a religião fica explícita, já que na maioria de seus discursos contra Dilma ela evoca a figura de Deus (e da família tradicional brasileira). As expressões faciais dos personagens representados, que Maria Augusta Ramos capta com brilhantismo, dizem mais do que seus discursos. O longa ganha também por ter um enfoque bem definido. A diretora não tem a intenção de, por exemplo, retratar todas as manifestações a favor e contra Dilma – apenas as que acontecem em Brasília. Figuras emblemáticas no atual contexto político brasileiro, como Lula e Sérgio Moro, não aparecem no longa (já que a intenção é realmente tratar sobre o processo de impeachment da
então Presidente). O Processo não é um filme leve de se assistir, mas é fundamental para um maior entendimento da atual conjuntura social e política do Brasil. Escancara justamente o impeachment que a grande mídia evitou mostrar: inconsistente, misógino e revanchista. “Eu não acredito em neutralidade, acho que um filme é uma visão de mundo. Meu filme é o meu statement, é a interpretação da minha experiência cinematográfica vivendo e filmando tudo o que aconteceu (...). Mas eu também não estou aqui para explicar, especialmente numa situação tão complexa quanto essa. O que eu quero é possibilitar questionamentos”, explica a diretora. //
Dilma Rousseff ficou no cargo de Presidente at é 3 1 d e agosto de 2016, quando foi substituída p e l o s e u e n tã o V i c e , o at u a l Presidente da República, Michel Temer
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INDICAÇÕES
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A peculiaridade de Tim Burton em 5 filmes Tim Burton realmente sabe o que quer e não vacila quando o assunto é a criatividade, mesmo que às vezes o resultado não tenha tanta recepção positiva do público. Ele ousa sem se preocupar com o limite e cria os personagens mais exóticos possíveis, sempre extravagantes, introspectivos, solitários e diferentes do padrão que a sociedade prega. É possível dizer que todos são caricaturas descaradas do diretor, que já comprovou o seu gosto pelo incompreendido. É válido lembrar que Burton se inspira em filmes “B” mas suas obras sempre tem um elenco muito bom que mergulha fundo na personalidade dos personagens. Ele é um diretor visionário e autoral que conseguiu se manter na indústria cinematográfica durante tantos anos com o mesmo estilo. Tim Burton é ousado e intelectual, fiel ao próprio universo e totalmente onipotente quando o assunto é o surreal.
// T E XT O
laísa santos
// Diagr amação
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» Vincent (1982) O curta metragem mostra, em forma de um poema (escrito por Burton), a vida de Vincent Malloy, um menino bem diferente das outras crianças de sua idade. Enquanto essas gostam de jogar bola, assistir TV, ficar com os amigos e até fazer a lição de casa, o pequeno Malloy quer se aventurar nas histórias de Edgar Allan Poe. Ele se imagina dentro das tramas do autor, imitando seu ídolo das telas, Vincent Price, além de sentir uma melancolia sufocante e citar poemas, como O Corvo.
» Os Fantasmas se Divertem (1988) “Beetlejuice, Beetlejuice, Beetlejuice”. É assim que o personagem de Michael Keaton é convocado por Adam (Alec Baldwin) e Barbara Maitland (Geena Davis) para participar da trama e ajudá-los a espantar a família de Winona Ryder da antiga casa em que moravam. Para compreender tudo é necessário entender que o casal protagonista morre repentinamente após oito minutos de filme, e a partir daí eles iniciam uma jornada de adaptação a vida de fantasmas e investigam esse mundo desconhecido pelos vivos.
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» Edward Mãos de Tesoura (1990) O filme tem como personagem principal um jovem chamado Edward (Johnny Depp), que foi construído por um inventor, que faleceu antes de terminar seu grande trabalho, deixando o garoto sozinho e sem as duas mãos, na mansão tipicamente gótica em que moravam. Um dia, uma doce senhora vendedora de cosméticos, chamada Peg Boggs (Dianne Wiest), o encontra abandonado no local e decide ajudar, levando-o para sua casa. A partir daí ele vai viver grandes emoções na cidade e conhecer pessoas que vão mudar sua vida, seja de um modo positivo ou não.para se casar com Ana Bolena.
» A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005) Willy Wonka (Johnny Depp) é dono da maior fábrica de chocolate da cidade e que nos tempos de ouro se consagrou com os melhores e mais inusitados doces, mas desde que a fórmula de suas criações foi revelada, ele vive recluso e fora do alcance das pessoas. Inesperadamente, um concurso é divulgado na cidade e promete aos cinco ganhadores um passe livre pela fábrica durante um dia, mas para conseguir tal feito, as pessoas precisam encontrar os bilhetes dourados deixados em cinco barras de chocolate ao redor do mundo.
» Alice no País das Maravilhas (2010) Siga o coelho branco. Essa frase está guardada na memória de qualquer pessoa que ame a história, uma vez que essa decisão mudou completamente a vida da protagonista, Alice Kingsleigh, já que foi esse coelho que a fez voltar ao País das Maravilhas depois de muito tempo. Adaptado por Burton em 2010, o filme narra a volta de Alice (Mia Wasikowska) as terras mágicas e a felicidade das criaturas em reencontrá-la, mesmo ela não se lembrando de estar lá quando ainda era pequena.
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PLAYLISTS
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art ist as
art ist as
art ist as
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tem รกti cas
tem รกti cas
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