Godi – um menino chamado liberdade - Manual do Professor

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Fábio Ferreira

um menino chamado liberdade

MANUAL DO PROFESSOR Renata Amaral Rocha (Org.) Rosane Campos • Fábio Ferreira • Taillan Miranda Helena Myrrha • Bárbara Ferreira • José Teófilo Carvalho Lúcia Carvalho • Maria Zoé Rios • Lílian de Oliveira

ilustrações de Diogo iogo

Carneiro

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida


EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida


GODI UM MENINO CHAMADO LIBERDADE MANUAL DO PROFESSOR Renata Amaral Rocha (Org.) Rosane Campos • Fábio Ferreira • Taillan Miranda Helena Myrrha • Bárbara Ferreira • José Teófilo Carvalho Lúcia Carvalho • Maria Zoé Rios • Lílian de Oliveira

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida


Manual do professor concebido com base na obra Godi – Um menino chamado liberdade, do autor Fábio Ferreira, com ilustrações de Diogo Carneiro. Editor: Rafael Borges de Andrade Assessoria editorial: Mário Vinícius Silva Organizadora: Renata Amaral Rocha Instrutores pedagógicos (por área de conhecimento): Linguagens: Renata Amaral Rocha & Rosane Campos Inglês: Helena Myrrha Ciências Humanas: Fábio Ferreira & Taillan Miranda Ciências: Bárbara Ferreira Matemática: José Teófilo Carvalho & Lúcia Carvalho Supervisão pedagógica: Maria Zoé Rios Revisão e preparação de texto: Lílian de Oliveira Revisão de provas: Flávio Mota

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Godi – um menino chamado liberdade – manual do professor / Renata Amaral Rocha, organizadora. - Belo Horizonte: Baobá, 2018. 52p. 1. Educação infantojuvenil. I. Rocha, Renata Amaral. CDD: 372.2 CDU: 372.4

Elaborada por: Maria Aparecida Costa Duarte CRB/6-1047

ISBN: 978-85-66653-59-5 1ª edição Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito da editora. Todos os direitos reservados à: EDITORA

BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida Rua Helium, 119- 3º andar – Nova Floresta Editora Baobá LTDA.

Belo Horizonte – MG – CEP: 31140-280 Telefone: (31) 3653-5217 editorabaoba@editorabaoba.com.br


Título: Godi – um menino chamado liberdade Autor: Fábio Ferreira Ilustrador: Diogo Carneiro Idioma: língua portuguesa Categoria 2: para estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental Tema da categoria: diálogos com a História e com a Filosofia Gênero literário: conto, crônica, novela, teatro, texto da tradição popular

SUMÁRIO 1 - Preparação do professor para abordagem da obra literária com os estudantes 2 - Abordagem da pré-leitura e pós-leitura da obra com os estudantes EDITORA

BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida

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3 - Abordagem interdisciplinar da obra literária em sala de aula

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PREPARAÇÃO DO PROFESSOR PARA ABORDAGEM DA OBRA LITERÁRIA COM OS ESTUDANTES

1. DE PROFESSOR PARA PROFESSOR: Caro Professor, Este manual tem por objetivo trazer contribuições para você se preparar para abordar a obra literária Godi – um menino chamado liberdade com seus alunos e alunas dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, em sala de aula e fora dela (e por que não?). Então, vamos falar um pouco sobre leitura literária, mas sob uma outra ótica: as atitudes do professor. Certamente, você já desenvolveu interessantes trabalhos de leitura com seus alunos e alunas, indicou muitos livros para serem lidos, levou sua turma à biblioteca e já falou dezenas de vezes (centenas, talvez!) sobre os benefícios da leitura para as pessoas, de modo amplo. Essas são ações muito importantes no processo de formação de leitores. No entanto, quero lhe contar um segredo. Ao longo da minha caminhada como docente, percebi que uma das mais importantes atitudes do professor para estimular seus alunos e alunas a lerem é explicitar frequentemente: “Eu sou professor e leio. Hoje, estou lendo este livro aqui e estou apaixonado por ele!”. Sabe por que isso funciona? Porque instiga, porque desperta a curiosidade, mas também porque você, professor, está demonstrando paixão pela leitura, antes de qualquer outro sentimento ou necessidade. Professor, ao capturar seus alunos e alunas pelo sentimento de paixão pela leitura, você terá a possibilidade de caminhar no sentido de formar leitores fruidores, capazes de “(re)conhecer diferentes maneiras de ser, pensar, (re)agir, sentir e, pelo confronto com o que é diverso, desenvolver uma atitude de valorização e de respeito pela diversidade” (BRASIL, 2017, p. 154). Espero que esta nossa conversa colabore para que você, junto com seus alunos e alunas, desenvolva um processo de leitura literária da obra Godi – um menino chamado liberdade, no contexto escolar, de um modo tão significativo que EDITORA tal processo não se restrinja à escola, mas que seja BAOBÁ LTDA. apropriado e passe a fazer parte de suas vidas.

Exemplar de divulgação – venda proibida Prof.a Renata Amaral Rocha

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2. UM PASSEIO PELO LIVRO GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE

Ter a oportunidade de apresentar uma obra tão rica a nossos estudantes é mesmo um prazer. É fundamental que eles conheçam o mundo das diferenças, no caso da obra, diferenças raciais e sociais, e possam se posicionar. Esperamos isso de nossos leitores, não é mesmo? O menino Godi é descrito como filho de uma escrava, Rosalina, que vivia num Engenho de cana-de-açúcar em alguma parte do Brasil. De sua mãe, herdou sua condição de escravo e, de seu desejo de liberdade, retirava forças para superar os desafios que encontrava em seu caminho. Os contos de Godi – um menino chamado liberdade fazem um elo entre o contrassenso dos fatos e a poesia das aspirações humanas. Godi ama a natureza e os animais que nela vivem, mas não deixa que o senso de liberdade seja algo secundário em sua vida. Da mesma maneira que muitas de nossas crianças, Godi vive momentos de questionamentos para os quais as respostas só podem estar no mundo dos adultos, nas inquietações e nas conscientizações. Godi nos permite refletir sobre valores, criar e recriar a realidade, expandir o vocabulário, agregar conhecimento e, consequentemente, melhorar o pensamento crítico. Esta obra pode contribuir conosco, educadores, formadores de leitores, buscando promover o desenvolvimento integral das crianças e dos adolescentes. Venham viajar e aprender com Godi como as crianças têm uma forma de ver o mundo só delas.

3. QUEM É O AUTOR? É sempre bom sabermos quem escreveu o livro, não é mesmo? Bate uma curiosidade. Perguntas surgem: Quem seria o autor? Por que escreveria este livro? Por quais caminhos da literatura ele andou? Pois então... Vamos conhecer um pouco sobre Fábio Ferreira. O livro Godi – um menino chamado liberdade foi escrito por Fábio Ferreira dos Santos da Silva, homem de cor negra nascido e criado em Ca-

EDITORA BAOBÁ LTDA. choeira (BA), no Recôncavo Baiano – região na qual historicamente houve uma presença muito de grande e etnicamente–diversificada de africanos escraExemplar divulgação venda proibida vizados, os quais colocaram em funcionamento as dezenas de engenhos de cana-de-açúcar ali existentes desde o século XVI.

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O autor, educado por sua mãe e suas avós no seio de um terreiro de candomblé de nação nagô, antes de iniciar sua graduação em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana, já em sua própria casa, ouvira dos mais velhos as memórias de um tempo em que o indivíduo de cor negra fora tratado como mercadoria e suas práticas sociais eram qualificadas como selvagens, rudimentares e inferiores. Ao longo de sua vida acadêmica, Fábio Ferreira sempre participou de atividades relacionadas à questão da diversidade étnica do Brasil, priorizando aquelas que denunciavam as práticas do racismo e da discriminação étnico-racial, além das que divulgavam e socializavam as histórias de resistência e luta da população negra. Como mostra de seu envolvimento com essa temática, é de se destacar que o objeto de estudo do seu projeto de pesquisa na graduação, elaborado em lugar do TCC, foi: “Os ofícios urbanos dos escravos no município de Feira de Santana na segunda metade do século XIX”. Dando continuidade a seu envolvimento com o tema das relações étnico-raciais, Fábio Ferreira, após ingressar na Rede Municipal de Ensino de Maceió, como professor do Ensino Fundamental, em 2007, percebeu a necessidade de produzir textos literários – contos e crônicas – para servir como suplemento ao conteúdo de História, referente ao período da escravidão africana nas Américas. Segundo o autor, os textos dos livros didáticos usados à época não atendiam às expectativas geradas pela Lei nº 10.639/2003, principalmente no que se referia a abordagem dada à “luta dos negros no Brasil”, que para ele era insuficiente, com linguagem generalizante e superficial. Assim, os textos que serviriam de base para os contos de Godi começaram a ser produzidos sete anos antes de sua publicação pela editora Baobá. Já durante seu mestrado na Universidade Federal da Paraíba, no curso de Ciências das Religiões, teve a oportunidade de escrever o artigo “O sentido da morte entre os iorubás e no candomblé”, publicado em 2015, junto com outros artigos no livro Religiões afro-brasileiras & espiritismo: diálogos e interlocuções. Recentemente, no ano de 2017, seu artigo “Religiões de matrizes africanas e Ensino Religioso nas escolas públicas: tema possíveis, condições necessárias” foi publicado no livro Cabeça Preta: pesquisas sobre

a questão racial em Alagoas. EDITORA

BAOBÁ LTDA. Foi Exemplar das mãos desse autor que a personagem Godi ganhou vida. de divulgação – venda proibida

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4. QUEM FEZ AS ILUSTRAÇÕES DO LIVRO? Godi – um menino chamado liberdade tem também um ilustrador que se identifica com Godi e com seus anseios por liberdade. O ilustrador da obra – Diogo Carneiro – é formado em Publicidade e Propaganda, trabalhou por cinco anos como diretor de arte. No entanto, segundo ele mesmo, encontrou na ilustração a sua verdadeira paixão e dedicação. Desde então, ilustra livros para todas as idades, jogos, mascotes e anúncios. Diogo Carneiro acredita que o ilustrador deve fazer parte do novo mundo que está criando ou representando. Isso, para nós, educadores, pode fazer toda a diferença. Diogo Carneiro acredita que é necessário sentir o cheiro do ambiente, compreender os sentimentos das personagens e até ouvir todos os barulhos deste lugar imaginário. Em Godi – um menino chamado liberdade, há muito o que conhecer; nossas sensações sinestésicas serão testadas a todo momento.

5. POR QUE LER GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE? Mas, por que esse livro foi escrito? Primeiramente, porque, como explicitado anteriormente, havia uma demanda nas escolas, em decorrência da Lei nº 10.639/2003, por produções que não apenas tratassem da história dos africanos e seus descendentes no Brasil, mas que o fizesse com uma abordagem positiva das ações dos escravizados durante e depois da escravidão. Também porque foi detectada uma insuficiência nos textos dos livros didáticos de História, no que se refere à ênfase dada à atuação dos escravizados no processo de luta por sua liberdade. E, finalmente, porque Fábio Ferreira vislumbrou uma oportunidade – em meio a suas aulas para alunos do Ensino Fundamental – de divulgar para um público maior algumas das lições que aprendeu em sua convivência com o chamado povo de santo (dos candomblés), com movimentos negros organizados e com estudantes e pesquisadores das relações étnico-raciais no Brasil. Tendo como eixo a história da luta pelo fim da escravidão africana no Brasil – protagonizada pela população negra, cativa ou não –, a obra Godi – um menino chamado liberdade está inserida no tema: “Diálogos com a

EDITORA BAOBÁ LTDA. deàquele divulgação – venda Brasil, Exemplar especificamente que pode ser apontadoproibida como seu capítulo História e a Filosofia”, por se tratar de contos que remetem à História do

mais cruel e também definidor das características econômicas, políticas e até psicológicas da sociedade brasileira, além de apresentar situações que 7


estimulam reflexões filosóficas entre os leitores, na medida em que explicita o caráter inacabado das sociedades humanas, exemplificado na apreciação de conjunturas sociais que existiram – como a sociedade escravista brasileira – e não mais existem, modificadas que foram pelos sujeitos históricos.

E não é difícil deduzir que a escolha do tema de que trata essa obra tem a ver com a própria trajetória de seu autor, envolvido que esteve e que está com a causa dos direitos da população negra, tanto no que se refere à divulgação e valorização de suas histórias neste país quanto no que tange à construção de uma sociedade em que não haja a penalização de indivíduos em razão de suas origens étnicas ou em função de sua cor de pele. Quanto ao gênero literário da obra, ou seja, o conto, sua escolha se deveu à intenção do autor de ir além da linguagem dissertativa adotada nos livros didáticos – a qual considera generalizante e desumanizada – buscando chegar até o jovem leitor com menos conceitos e palavras-chave, e mais vida e ações que exemplificassem o sentido prático de palavras como “escravo”, “escravidão”, “abolicionismo” e “liberdade”. O conto, sendo ele uma breve narrativa com personagens que têm nomes e classe social, têm cor idade e sexo, que se entristecem e se alegram, que têm sonhos e frustrações, assim como os leitores, apresenta mais possibilidade de envolvê-los com as histórias ali apresentadas, não apenas consolidando a construção de um conhecimento que começou a ser elaborado com base nas atividades com o livro didático, como também proporcionando um tipo diferente de reflexão e de debate no ambiente da sala de aula e também dos educandos consigo mesmos.

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação venda educandos do Ensino Fundamental, o autor – decidiu criarproibida uma personagem

E por que uma personagem criança? Como o público original era de

que estivesse mais próxima da faixa etária de seus alunos. Outro motivo foi a possibilidade de produzir um texto sobre o período da escravidão que ao 8


mesmo tempo comportasse em si a crítica humanitária à referida instituição, juntamente com a visão poético-esperançosa que o autor percebe no imaginário infantojuvenil. E, mesmo quando os textos passaram a ser utilizados nas aulas de História dos Anos Finais, sendo modificados e acrescidos de outros, o personagem continuou provocando momentos de descobertas, indignação, tristeza e inspiração entre o novo público – adolescentes. De maneira que Godi, como uma criança escravizada que luta por sua liberdade, é capaz de apresentar, por meio do contexto de sua vida, um panorama abrangente do que foi essa parte da história do povo brasileiro, em seus aspectos econômicos, políticos, éticos e morais. Godi – um menino chamado liberdade vem nos apresentar um mundo de sensibilidade e um espaço de questionamento e de conhecimento sobre uma fase tão triste na história do Brasil. Filho de mãe escrava, privada da liberdade, mas sensível ao mundo, aos acontecimentos e às pessoas, Godi vai percebendo com ela a importância de que todos os homens e mulheres sejam livres. Godi e sua mãe vão descrevendo, através da luta cotidiana, seja em uma senzala ou fora dela, que a liberdade é uma das expressões da felicidade. Ficará claro para nós, leitores, que as diferenças e os muros da desigualdade são criados por nós e devem ser combatidos. Godi – um menino chamado liberdade é uma obra sensível que nos leva a várias reflexões sobre a vida e sobre a importância de valores como liberdade, justiça e igualdade. Mas, é importante que pensemos também que Godi – um menino chamado liberdade é um livro que traz à tona aspectos históricos do Brasil e de sua formação, ao retomar o assunto do uso da mão de obra escrava. Essa obra leva à discussão sobre a história do Brasil de forma sensível e, ao mesmo tempo, nos questiona sobre o tratamento dado aos escravos e a origem do forte preconceito que marca a nossa sociedade até os dias atuais. O livro é capaz de provocar reflexões aprofundadas sobre direitos e deveres, sobre o papel de brancos e de negros na criação da sociedade brasileira e de como o tratamento histórico dado aos negros repercute em

EDITORA BAOBÁ LTDA. ações preconceituosas ao longo de nossa história, mesmo tendo sida abolida a escravidão. Exemplar

de divulgação – venda proibida

Godi – um menino chamado liberdade é adequado aos anos finais do Ensino Fundamental porque nessa etapa os estudantes já estudaram sobre 9


os processos de criação da sociedade brasileira e, por isso, têm conhecimento da cultura escravocrata que traz à tona a exploração da mão de obra negra. Além disso, é possível que os estudantes das séries finais do Ensino Fundamental possuam a habilidade de análise crítica de textos, sendo capazes de ler, nas entrelinhas do que o autor nos diz, os modos e os meios das ações das personagens. É nas séries finais do Ensino Fundamental que a leitura de contos, gênero predominante na obra, é algo que perpassa o nível de aprendizagem e que pode evidenciar claramente as características e a importância desse gênero para os relatos que se inserem na obra. Assim, é fundamental a nossa participação, como educadores, nos caminhos intrigantes pelos quais a leitura de Godi – um menino chamado liberdade pode conduzir os nossos estudantes. Por todas essas razões, é um livro instigante e propiciador de múltiplas atividades, para multiletramentos. Estão em questão cultura, comunicação e linguagens, na travessia entre disciplinas como Língua Portuguesa, Literatura, História, Geografia e outras.

6. NA SALA DE AULA E ALÉM! Nosso propósito, aqui, é abordar algumas possibilidades de trabalho com a leitura literária, em sala de aula (e além!), especialmente, nos anos finais do Ensino Fundamental, por meio de uma discussão teórica fundamentada nos preceitos da BNCC (2017), PEREIRA (2009), ADAM (2008), PAIVA et al (2006), FREIRE (1994), e apresentar algumas propostas de atividades, no sentido de fortalecer habilidades, atitudes, conhecimentos e vivências adequadas que consolidem um letramento literário que faça parte da vida dos sujeitos, para além de sua formação escolar. Metodologicamente, sugerimos que você, professor conduza a prática de leitura do livro literário organizada em momentos de pré-leitura, leitura e pós-leitura. Essa organização pode “potencializar as aprendizagens de modo contextualizado e significativo para os estudantes, na perspectiva de um (re)dimensionamento das práticas e competências leitoras já existentes, especialmente em língua materna” (BRASIL, 2017, p. 242).

6.1. UMA CONVERSA COM O PROFESSOR SOBRE A PRÉ-LEITURA DO LIVRO LITERÁRIOEDITORA COM OS ESTUDANTES BAOBÁ

LTDA. Exemplar divulgação venda proibida Professor, o pontode de partida é a paixão.–Insisto nisto! Na sequência, a provocação da curiosidade dos estudantes, a ativação dos conhecimentos prévios sobre o tema da obra e o estabelecimento de uma interação do 10


estudante-leitor com o texto literário, que é uma obra de arte, permitindo-lhe uma vivência emocional: despertar da imaginação, dos desejos, dos medos, das admirações, das alegria etc. Então, ao pensar em desenvolver atividades de pré-leitura da obra Godi – um menino chamado liberdade com seus alunos e suas alunas, focalize quatro ações: 1.

despertar a paixão dos estudantes pela obra Godi – um menino chamado liberdade;

2.

provocar a curiosidade dos alunos por esse livro;

3.

ativar os conhecimentos prévios deles sobre a temática da escravidão no Brasil;

4.

promover a interação do estudante com o livro.

6.1.1. Despertar a paixão dos estudantes pela obra Godi – um menino chamado liberdade Antes da pré-leitura da obra com os estudantes, você, professor, precisa ser o leitor do Godi – um menino chamado liberdade, e precisa apaixonar-se por ela e deixar que a sua turma perceba isso. Assim, você pode despertar a paixão dos seus alunos e alunas pela obra em questão. Torne o livro um objeto desejado! Assim, a proposta de lê-lo será recebida com prazer!

6.1.2. Provocar a curiosidade dos alunos pelo livro Godi – um menino chamado liberdade Despertada a paixão, procure construir um ambiente propício para a leitura da obra Godi – um menino chamado liberdade. Para tanto, é muito interessante usar estratégias que façam a ambientação do livro, explorando os nossos sentidos (visão, audição, olfato, tato, paladar), na medida do possível. Para criar uma ambientação para o trabalho com o livro Godi – um menino chamado liberdade e provocar a curiosidade dos estudantes, procure aproximar a ficção da realidade. Aproveite que Godi é uma criança esperta e sonhadora como nossos alunos. Os contos de Godi foram criados para aproximar a literatura e a vida, a ficção e a realidade, o leitor e o cidadão. Trata-se de narrativa com uma

linguagem próximaEDITORA da poética – BAOBÁ porém semLTDA. disfarçar a dor e a violência vigentes naquele período – de modo a servir de ponte proibida entre a atualidade – Exemplar de divulgação – venda quando ainda se vê preconceito e discriminação étnico-racial no Brasil – e

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aquele tempo em que abertamente o indivíduo de cor negra era tratado como um ser humano inferior, de menor importância social e cognitiva. Os corajosos e criativos atos do pequeno Godi, diante da opressão da sociedade escravista, servem como janelas pelas quais os leitores adolescentes possam testemunhar, ainda que através de atos ficcionais, que não há idade para se indignar com a injustiça e agir em favor de uma sociedade em que todos sejam tratados de maneira digna e respeitosa. Da mesma maneira que muitas de nossas crianças, Godi vive momentos de angústia e desejo de explicações meio a suas fantasias. Convide a turma para uma roda de bate-papo e conversem sobre a questão do preconceito. Neste contexto, faça um levantamento dos questionamentos dos estudantes. Qual tipo de preconceito foi predominante, nesta conversa? Proponha à turma a criação de uma campanha publicitária na escola e/ou que abranja toda a comunidade escolar, que tenha por objetivo tratar sobre o tipo de preconceito em questão e levantar uma “bandeira” contra este tipo de preconceito. Vai ser uma experiência maravilhosa, em vários sentidos!

6.1.3. Ativar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a temática do livro Godi – um menino chamado liberdade Com paixão e curiosidade, é hora de estimular os alunos e as alunas a acessarem seus conhecimentos prévios sobre o tema do livro a ser lido. Tais atividades “direcionam seus pensamentos, criam expectativas para a leitura, estimulam seu interesse, aguçam a sua curiosidade e, acima de tudo, proporcionam uma atividade intelectual desde o início do processo [de leitura]” (TAGLIE BER; PEREIRA, 1997, p. 75). Vamos iniciar a conversa fazendo uma pergunta: •

Você sabia que, no Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI? Que tal contar um pouco da história?

Os portugueses traziam mulheres e homens negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão de obra escrava nos engenhos de

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar deregiões, divulgação venda proibida eram buscados em várias de acordo–com a habilidade que era exiaçúcar. Mas, nem todos os escravos vinham da mesma região da África. Eles

gida pelos portugueses. Por exemplo: homens fortes para o trabalho braçal em uma região, cozinheiros, em outra. 12


Antes que os escravos tivessem a escravidão declarada pela Lei Áurea (13 de maio de 1888) houve outras leis que apontavam para o final da escravidão. •

Lei do Ventre Livre

Aprovada em 1871, foi a primeira lei abolicionista da História do Brasil. De acordo com esta lei, os filhos de escravas, nascidos após a promulgação da lei, ganhariam a liberdade. Porém, o liberto deveria permanecer trabalhando na propriedade do senhor até 21 anos de idade. Foi uma lei paliativa e que recebeu muitas críticas negativas dos abolicionistas. O principal argumento era de que estes “libertos” tinham que trabalhar para seus “donos” durante a fase mais produtiva da vida. Logo, os senhores explorariam ao máximo essa mão de obra até ela ganhar a liberdade •

Lei dos Sexagenários

Promulgada pelo governo brasileiro em 1885, essa lei dava liberdade aos escravos com mais de 65 anos de idade. Essa lei também recebeu muitas críticas, pois dificilmente um escravo chegava a essa idade com as péssimas condições de trabalho que tinham durante a vida. Vale lembrar que a expectativa de vida de um escravo naquele período era em torno de 40 anos de idade. Essa lei acabava por beneficiar os proprietários de escravos, pois se livravam de trabalhadores pouco produtivos, cansados e doentes, economizando assim em alimentação e moradia •

Conversem sobre isso em sala de aula.

Professor, para fundamentar as respostas a essas questões, que ultrapassam os limites da área de linguagens, sugerimos uma leitura de alguns livros: •

Dicionário da Escravidão e Liberdade. 50 Textos Críticos. Dicionário por Lilia Moritz Schwarcz. Companhia das Letrinhas.

Achados & perdidos da história: escravos...história. Autor: LEANDRO NARLOCH. Editora Estação Brasil.

Romanceiro da Inconfidência. Cecília Meireles. Edição comemorativa 60 anos. 12. ed. São Paulo: Global, 2013.

A escravaEDITORA Isaura. Bernardo Isaura. Guimarães. BAOBÁ LTDA.

Exemplar de divulgação – venda proibida

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6.1.4. Promover a interação do estudante com o livro Godi – um menino chamado liberdade Professor, você já despertou a paixão e curiosidade dos estudantes e já os estimulou a acessar seus conhecimentos prévios sobre o tema do livro Godi – um menino chamado liberdade. Agora, é hora de promover a interação dos alunos com o livro, Você pode fazer as seguintes questões à turma: Que tal explorar a capa do livro? Quais as cores predominantes? Qual seria o sentido delas? Quais são os elementos da natureza representados na gravura da capa? Na sequência, oriente os estudantes a passarem o seu dedo sobre as letras da capa da obra. Temos na capa o nome da personagem principal escrito com uma diferencial. E questione-os novamente: Vocês conseguem perceber que diferencial é essa? Quando você explorou as cores, percebeu algo de diferente ligado ao nome da obra? O quê? Vendo a capa, tire as suas conclusões: quem será essa criança? Onde ela provavelmente vive? O que ela gosta de fazer? Quem são os seus pais? É neste momento que se torna relevante explorar, com a turma, quem é o autor, o que faz o ilustrador, o que uma editora faz e como identificá-la na capa, bem como conduzir os estudantes na localização e compreensão das informações da quarta capa. Feito isso, passe à cereja do bolo: à leitura!

6.2. UMA CONVERSA COM O PROFESSOR SOBRE A PÓS-LEITURA DO LIVRO GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE COM OS ESTUDANTES

Depois de terem lido a obra, pergunte aos estudantes: quais sentimentos esta obra desperta em vocês? Quais relações podemos estabelecer entre esta obra e a nossa realidade? Se vocês fossem a personagem principal da história, vocês agiriam como ele? Por quê? Como vocês agiriam? Ao fazer essas indagações (e outras) aos estudantes-leitores e abrir um espaço para dialogar sobre elas, você está colocando em jogo

a continuidade da formação do leitor literário, com especial BAOBÁ da LTDA. destaque EDITORA para o desenvolvimento fruição, de modo a evidenciar a condição estética desse tipo de leitura e de escrita. Exemplar de divulgação – venda proibida Para que a função utilitária da literatura – e da arte em geral – possa dar lugar à sua dimensão humanizadora, transforma-

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dora e mobilizadora, é preciso supor – e, portanto, garantir a formação de – um leitor- fruidor, ou seja, de um sujeito que seja capaz de se implicar na leitura dos textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas de sentido, de responder às suas demandas e de firmar pactos de leitura. (BRASIL, BNCC, 2017, p. 136) Depois de criada essa atmosfera, você pode, sem problema algum, dizer aos estudantes que a construção do texto literário e a leitura desse texto têm especificidades, e que é importante explorarmos isso na escola. E, deste modo, abordar os aspectos literários, linguísticos e extralinguísticos da obra Godi – um menino chamado liberdade.

6.2.1. Abordagem de alguns aspectos literários da obra Godi – um menino chamado liberdade A construção dos textos literários e a leitura desses textos têm característica específicas e que são relevantes no trabalho docente de formação de leitores. Mas, “quais seriam as propriedades específicas de um texto literário? Cada época as define de um modo um pouco diferente de outras e podem coexistir, numa mesma época e sociedade, posições que se distanciam (PAIVA et al, 2006, p.21). Todavia, alguns elementos merecem ser especialmente observados ao lermos um texto literário, seja ele em prosa (o conto, a novela, a fábula, o apólogo, o mito, a lenda etc) ou verso (o poema). Segundo Paiva (2006, p.21), estes são alguns dos elementos: a pluralidade de vozes (por exemplo: autor, narrador, personagem, eu lírico), o espaços da literatura (às vezes a narrativa propõe uma interpretação mítico-religiosa, social, psíquica ou existencial do seu espaço; e o espaço geográfico, que é o mais evidente), o tempo da narrativa (o tempo cronológico ou ‘psicológico’, ligado aos eventos, às personagens da história). Também é interessante observar o pacto de leitura estabelecido entre leitor e o texto literário, os recursos e estratégias de interação, na construção de sentidos do texto. Nesta perspectiva, propomos algumas questões para trabalhar alguns aspectos literários da obra Godi – um menino chamado liberdade, em sala de aula, depois de realizada a pré-leitura e a leitura da obra pelos estudantes. Professor, você pode abordar os seguintes elementos, entre vários outros:

EDITORA BAOBÁ LTDA. a)Exemplar Quem são asde personagens? divulgação – venda proibida As personagens principais são Rosalina, Godi, Senhora Maria do Lou-

renço e Albuquerque e o Senhor Romão do Lourenço e Albuquerque. 15


b) Como foram construídas as personagens? Rosalina, mãe de Godi, representa os africanos que foram trazidos ainda crianças e tiveram os laços familiares desfeitos para sempre. Fato que não recebe a ênfase necessária quando tratado sob o manto generalizante da expressão “tráfico de escravos”. Essa personagem possibilita, ainda, uma reflexão sobre as diferentes ocupações dos escravizados, já que ela trabalhava dentro da casa-grande de um engenho, diferentemente de outros, que trabalhavam nas cidades, em diferentes ofícios é uma escrava que trabalha diretamente com os seus senhores, na casa-grande. É ama de leite e acompanhante das senhoras brancas. Ela está gravida e sonha um mundo diferente, de liberdade e igualitário para o filho que espera. Lá já teve outras gravidezes, mas as interrompeu porque não queria a vida que levava para os seus filhos. Godi é filho de mãe escrava. Nasceu nas senzala, em uma época “que a chamada Lei do Ventre Livre pronunciava a liberdade para os filhos de escravas.” (página 16). Mas isso só valeria para a criança depois de adulta. Até então, Godi continuaria em poder do senhor dono dos escravos. Godi não foi amamentado por sua mãe porque ela foi tirada da senzala para amamentar uma criança branca que acabara de nascer. Senhora Maria do Lourenço e Albuquerque era a dona dos escravos e tinha posturas muito rígidas. Segundo ela, “Escravo que é escravo não usa calçado algum. Anda descalço engrossando a capa dos pés para aguentar o trabalho” (página 10). Senhor Romão do Lourenço e Albuquerque – Senhor dono dos escravos. Extremamente radical, tratava os escravos com punições rígidas, caso não cumprissem as obrigações a eles determinadas. O senhor Romão do Lourenço e Albuquerque e sua senhora, Maria do Lourenço e Albuquerque, representam a aristocracia escravocrata, que se beneficiava com a exploração do trabalho escravo.

d) Há fatos reais e invenções, na história de Godi? No livro Godi – um menino chamado liberdade, há fatos narrados que podem ser considerados reais e fatos que podem ser considerados fictícios. Desafie seus alunos e alunas a encontrarem alguns desses fatos. Por exem-

EDITORA BAOBÁ LTDA. de divulgação venda proibida tamentoExemplar dado aos escravos; são fatos reais. –Mas as histórias contadas por plo: a vida na senzala, a fuga das senzalas, a criação dos quilombos, o traRosalina e por outros escravos são ficcionais, assim como os nomes dados às personagens. 16


6.2.2. Abordagem de alguns aspectos linguísticos da obra Godi – um menino chamado liberdade Para abordarmos os aspectos linguísticos, vamos focalizar o processo de compreensão da leitura literária, em sala de aula, o que pressupõe adotarmos como objetivo pedagógico o desenvolvimento do processo cognitivo de leitura. Para tanto, a organização linguística do texto ganha um espaço especial no nosso trabalho (cf. ADAM, 2008). Nessa dimensão, a compreensão da leitura se efetiva por meio da consciência do leitor sobre a linguagem. E aqui entra o importante papel professor, no uso de procedimentos e estratégias eficientes, em sua ação pedagógica, para conduzir os estudantes no seu processo de leitura. O primeiro passo é compreender que a literatura é uma manifestação linguística e, como tal, a organização linguística textual é de sua importância para construção da literariedade do texto literário, conforme Pereira (2009). Ao enxergarmos desta forma, a análise dos elementos linguísticos marcadores dos planos que constituem a língua, no texto literário, pode ganhar um espaço especial. Assim, para a realização de inferências de elementos da literariedade do texto é preciso explorar o plano fônico (sonoridade e ritmo), o plano mórfico (estrutura vocabular e uso de categorias gramaticais), o plano sintático (funções sintáticas e elementos coesivos gramaticais), o plano semântico (significados dos vocábulos, polissemia, elementos coesivos lexicais e coerência) e o plano pragmático (relações entre o texto e as situações de uso), conforme Pereira (2009). Esses elementos estão presentes em diversos textos, e a predominância de algum deles marca determinada manifestação textual, por exemplo, os poemas têm o plano fônico predominante, na maioria das vezes.

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar deaspectos divulgação – venda para se abordar alguns linguísticos da obra proibida Godi – um menino

Professor, nesta perspectiva, sugerimos, a seguir, algumas atividades

chamado liberdade, em sala de aula, com os estudantes, entre outras tantas possibilidades que o livro nos dá. 17


a) O gênero textual: O conto é o gênero texto da obra. Sendo ele uma breve narrativa com personagens que têm nomes, classe social, cor, idade e sexo, que se entristecem e se alegram, que têm sonhos e frustrações, assim como os leitores, apresenta mais possibilidade de envolvê-los com as histórias ali apresentadas, não apenas consolidando a construção de um conhecimento, mas proporcionando reflexões e debate no ambiente da sala de aula, bem como dos educandos consigo mesmos.

b) Vocabulário, no geral: É importante observar o vocabulário usado na obra, atentando para o grau de formalidade ou informalidade presente, é uma prática enriquecedora. O narrador e os donos dos escravos têm uma referência menos informal. O linguajar dos escravos é mais informal. Além disso, é fundamental uma investigação e o esclarecimento de termos linguísticos que os estudantes e as estudantes não conhecem.

c) Os recursos linguísticos específicos utilizados nessa obra são variados como o uso de metáforas em expressões como “pés livres” e “leite escravo”, como também em toda a narrativa do conto “Histórias de vó Alzira Cambinda”. Outro recurso é a comparação, quando Godi é comparado às “águias negras”. O humor também está presente em contos como “Um vigia no canavial” e “O papagaio dedo-duro”. Há duplo sentido no título “Por debaixo do pano” e ainda personificação na narrativa de “O cajueiro”, em que características humanas são atribuídas à árvore que dá nome ao conto. Uma analogia está presente no conto “Um pequeno em busca de liberdade”, relacionando a fuga de alguns escravizados à “fuga” de bichinhos que Godi aprisionara em um saco durante a viagem até o quilombo. Finalmente,

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar divulgação venda proibida tissignificação, se refere a saber se a–personagem Ventania morreu tissignificação , no que de

no conto “Histórias de vó Alzira Cambinda”, há também a presença da mulou conseguiu fugir de volta para África. Há no texto a possibilidade das duas interpretações. 18


6.3. ABORDAGEM DE ALGUNS ASPECTOS EXTRALINGUÍSTICOS DA OBRA GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE Professor, para tratarmos dos aspectos extralinguísticos, tomaremos como base esta citação de Paulo Freire (1994): “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”. Isso significa dizer que aspectos linguísticos e extralinguísticos (e outros) convergem na e para construção e compreensão do texto, seja ele literário ou não. Os fatores extralinguísticos incluem o que é dito, o modo como é dito e a intenção com que é dito; o posicionamento de quem diz; os papéis sociais e as identidades assumidas pelos interlocutores, as atitudes, os comportamentos e crenças deles, a relação entre eles, entre outros. A obra Godi – um menino chamado liberdade aponta para muitos aspectos extralinguísticos interessantes e para um rico trabalho multidisciplinar. Como sugestão geral, pode ficar a cargo do professor de história a contextualização da escravidão no Brasil e a construção de uma concepção crítica sobre o tratamento dado aos escravos, bem como sobre as Leis que foram criadas, antes da Lei Áurea, que já apontavam para o final da escravidão; o professor de Ensino Religioso pode focalizar as crenças dos negros e dos portugueses, prezando pelo respeito à diversidade de toda natureza; o professor de Ciências pode explorar a fauna e a flora local; além do trabalho realizado pelo professor de Português, que pode explorar, na obra, as linguagens, os gêneros textuais, e outras tantas possibilidades. Sugerimos como possíveis atividades: a.

Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura e de ficção científica, entre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.

b.

A oralidade foi elemento importantíssimo no cotidiano dos africanos escravizados. De pais para filhos, as histórias, os mitos e as lendas de sua terra natal foram trazidos e repassados. Os estudantes sempre trazem histórias de família que são passadas de geração a geração. Peça para algum adulto ou idoso de sua

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida faz a personagem Alzira Cambinda, reúna um grupo de colegas

família lhe contar uma história, ficcional ou verídica, e, tal como e repasse oralmente a história que ouviu em casa. Depois, também em grupo, escrevam, o conto compartilhado pelo colega, 19


acrescentando personagens e situações que acharem necessárias. Os contos deverão ser lidos em sala de aula. c.

Que tal a construção de outdoors ou mesmo de anúncios publicitários em que se analise a atual situação de trabalho escravo no Brasil? Seria importante que as crianças tivessem a dimensão do que seja o trabalho escravo em pleno século XXI.

7. PARA ESTENDER ESTA CONVERSA Professor, para estender esta boa conversa, deixamos algumas indicações de textos, livros e recursos audiovisuais que podem enriquecer ainda mais o seu fazer docente, no trabalho com a leitura literária e, especificamente, com a leitura literária da obra Godi – um menino chamado liberdade.

Filmes Histórias Cruzadas - 2012 (2h 26min) Direção: Tate Taylor Elenco: Emma Stone, Jessica Chastain, Viola Davis Gênero: Drama Nacionalidades: EUA, Índia, Emirados Árabes Unidos Mandela – A luta pela liberdade - 2008 (1h 58min) Direção: Bille August Elenco: Joseph Fiennes, Dennis Haysbert, Diane Kruger Gêneros: Drama, Histórico Nacionalidades: Reino Unido, África do Sul, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, França, Itália

Livros O meu pé de laranja lima – José Mauro de Vasconcelos (Há o romance e o filme) Eu Sou Malala – Lamb, Christina / Yousafzai , Malala - Companhia Das Letras

Músicas e vídeos Era Rei Eu Sou Escravo – Milton Nascimento

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda (samba-rock, Negro é Lindo (samba-rock (sambarock,, 1971) – Jorge Benjor proibida Mama África – Chico César

Pérola Negra (MPB, 1973) – Luiz Melodia Olhos Coloridos (música soul, 1982) – Macau 20


8. REFERÊNCIAS ADAM, Jean-Michel. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2008. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. 29 ed. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Questões de nossa época). PAIVA, Aparecida, PAULINO, Graça, PASSOS, Marta. Literatura e leitura literária na formação escolar: caderno do professor. Belo Horizonte: Ceale, 2006. PEREIRA, Vera Wannmacher. Predição leitora e inferência. In: CAMPOS, Jorge, VANIN, Aline (Orgs.). Inferências linguísticas nas interfaces. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. TAGLIE BER, L. K.; PEREIRA, C. M. Atividades pré-leitura. Gragoatá, n. 92, p. 73-92, 1997.

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida

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ABORDAGEM DA PRÉ-LEITURA E PÓS-LEITURA DA OBRA COM OS ESTUDANTES

1. DE PROFESSOR PARA PROFESSOR: Caro Professor, Esta seção tem por objetivo trazer contribuições práticas para as aulas de língua portuguesa e literatura em que você, professor, for abordar a obra literária Godi – um menino chamado liberdade com estudantes das séries finais do Ensino Fundamental. Portanto, trazemos aqui sugestões práticas das propostas de atividades feitas na seção 1 deste manual. Na sala de aula, é você, professor, que desempenha o importante papel de mediador da leitura realizada pelos estudantes. Pelas suas mãos passa a escolha do livro literário que será lido e pelas suas mãos a prática de leitura é conduzida. E paira a questão: mas, como fazer esta escolha de modo mais acertado? Qual é a melhor forma de realizar esta mediação? Professor, não há uma receita pronta, mas há sugestões de práticas que tiveram êxito e estudos que apontam caminhos possíveis. Por exemplo, antes de escolher o livro literário para ser lido pelos estudantes, converse com eles, procure conhecer um pouco sobre seus comportamentos, crenças, preconceitos, preferências, etc.; faça uma sondagem sobre os autores e o gêneros textuais e literários preferidos pelos educandos. Com essas informações, Aguiar (2001, p.152) recomenda que o docente pense em “temas e estratégias de trabalho que partam da realidade dos alunos”. É importante também que o texto literário seja compreendido como uma produção artística. Então, crie condições para que os estudantes apreciem esta obra de arte e para que se sintam em interação com ela. Esta interação do estudante-leitor com a obra literária vai oportunizar uma vivência que inclui, além de seu interesse intelectual, seu lado emocional: sua imaginação, desejos, medos, admirações. Quando estamos lidando com texto literário, com leitura literária, alcançar a dimensão estética é essencial. Prof.a Renata Amaral Rocha

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2. COMO DESENVOLVER A PRÉ-LEITURA DO LIVRO GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE COM OS ESTUDANTES? Professor, como sabemos, não há uma receita para se trabalhar a leitura literária em sala de aula, com nossos alunos. Somos pessoas, lidamos com pessoas, por isso, muitas são as variáveis que influenciam no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, algumas práticas e estratégias podem fazer a diferença na sua ação pedagógica com o livro literário.

2.1. DESPERTANDO A PAIXÃO DOS ALUNOS PELA OBRA GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE

Professor, antes de dar início aos trabalhos com o livro Godi – um menino chamado liberdade, leio-o. Vivencie na sua pele a experiência da leitura literária. Apaixone-se pela obra. No curso de sua leitura, deixe a obra em evidência, durante suas aulas. Em algum momento propício, comente com a turma que você está lendo um livro muito interessante: a história de uma mulher negra, forte, e que tinha o sonho de se libertar da escravidão. E ela tinha um filho, da idades deles (os estudantes) que sonhava com a liberdade.

ATIVIDADE 1: Pergunte aos estudantes: vocês conseguem imaginar como se sente uma mãe que vive na senzala e que não quer que o seu filho seja escravo como ela? Resposta pessoal. Ouça o que os estudantes têm a dizer. LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Conversação espontânea. Habilidade: (EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.

A chama da paixão pela obra pode se acender, neste contexto, com uma pitada de curiosidade.

2.2. PROVOCANDO A CURIOSIDADE DOS ALUNOS PELO LIVRO GODI BAOBÁ LTDA. CHAMADO LIBERDADE – UM MENINOEDITORA

Exemplar de divulgação – venda proibidapela obra. Despertada a paixão, provoque a curiosidade dos estudantes

Para tanto, sugerimos algumas atividades, que você pode desenvolver in-

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terdisciplinarmente, em parceria com os professores de História e de Geografia. Você sabia que, no Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI? Os portugueses traziam mulheres e homens negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão de obra escrava nos engenhos de açúcar. Mas, nem todos os escravos vinham da mesma região da África. Eles eram buscados em várias regiões, de acordo com a habilidade que era exigida pelos portugueses. Por exemplo: homens fortes para o trabalho braçal em uma região, cozinheiros, em outra. Conversem sobre isso em sala de aula. Professor, procure fazer um levantamento das informações que os alunos trazem sobre o assunto. Faça uma seleção e uma análise crítica com os estudantes sobre a condição sub-humana a que eram submetidas as pessoas em razão de sua cor de pele. Leve-os a pesquisar, a se informar, de maneira informal, sobre essa realidade.

ATIVIDADE 1: LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Leitura. Objeto do conhecimento: Curadoria de informação. Habilidade: (EF89LP24) Realizar pesquisa, estabelecendo o recorte das questões, usando fontes abertas e confiáveis.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Reconstrução do contexto de produção, circulação e recepção de textos legais e normativos. Habilidade: (EF89LP17) Relacionar textos e documentos legais e normativos de importância universal, nacional ou local que envolvam direitos, em especial, de crianças, adolescentes e jovens – tais como a Declaração dos Direitos Humanos, a Constituição Brasileira, o ECA -, e a regulamentação da organização escolar – por exemplo, regimento escolar -, a seus contextos de produção, reconhecendo e analisando possíveis motivações, finalidades e sua vinculação com experiências humanas e fatos históricos e sociais, como EDITORA LTDA. forma de ampliar a compreensão dosBAOBÁ direitos e deveres, de fomentar os princípios democráticos e uma atuação pautada pela ética da responsabilidade (o Exemplar de divulgação – venda outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho). proibida

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2.3. ATIVANDO OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS DOS ESTUDANTES SOBRE A TEMÁTICA DO LIVRO GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE

Professor, para ativar os conhecimentos prévios dos estudantes, nada melhor do que perguntas e uma escuta atenta às respostas dadas. Continue desenvolvendo um trabalho interdisciplinar, em parceria com os professores de História e de Geografia.

ATIVIDADE 1: Tarzan é uma personagem muito popular, não é mesmo? O que você sabe sobre ele? Em que a gravura em que Godi, na capa da obra, se assemelha a Tarzan (analise postura, vestimenta e cenário)? LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Conversação espontânea. Habilidade: (EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.

ATIVIDADE 2: Estamos falando muito sobre senzala, escravos, senhores de escravos, sonho de liberdade e leis que apontavam para abolição dos escravos no Brasil. a.

O que vocês sabem a respeito da escravidão no Brasil?

b.

Quais eram as práticas de castigo e de controle dos escravos de que vocês já ouviram falar?

c.

O que eram os quilombos?

d.

Que leis foram criadas, antes que os escravos fossem considerados totalmente livres?

e.

O que foi a Lei Áurea?

Professor, ouça todas as respostas com atenção e faça as ponderações necessárias para compreensão adequada da turma sobre o fato histórico. Estas referências trarão toda a fundamentação para as respostas a essas EDITORA BAOBÁ LTDA. perguntas:

Exemplar de divulgação – venda proibida

Dicionário da Escravidão e Liberdade. 50 Textos Críticos. Dicionário por Lilia Moritz Schwarcz- Companhia das Letrinhas.

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Achados & perdidos da historia: escravos...história. Autor: Leandro Narloch. Editora Estação Brasil. https://www.infoescola.com/historia/escravidao-no-brasil/ https://www.historiadobrasil.net/brasil_monarquia/leis_abolicionistas. htm LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Conversação espontânea. Habilidade (EF89LP27): Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.

ATIVIDADE 3: Para contextualizar ainda mais este fato histórico tão importante, a escravidão, no Brasil, vamos assistir a este vídeo: (https://www.youtube.com/ watch?v=4mr9vLtROTM, acesso em 22/07/18. a) Debate e construção de uma visão crítica: Na opinião de vocês, por que a escravidão durou tanto tempo no Brasil? LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Escuta, Apreender o sentido geral dos textos, Apreciação e réplica. Habilidade: (EF89LP22) Compreender e comparar as diferentes posições e interesses em jogo em uma discussão ou apresentação de propostas, avaliando a validade e força dos argumentos e as consequências do que está sendo proposto e, quando for o caso, formular e negociar propostas de diferentes naturezas relativas a interesses coletivos envolvendo a escola ou comunidade escolar.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. EDITORA BAOBÁ LTDA. Objeto de conhecimento: Conversação espontânea. Exemplar divulgação considerações–e venda formular proibida problematizações Habilidade: (EF89LP27)de Tecer pertinentes, em momentos oportunos, em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.

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b) Agora, é hora de sistematizar tudo que vimos, ouvimos e discutimos. Vamos redigir uma síntese, acompanhada de reflexões pessoais? LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Procedimentos de apoio à compreensão Habilidade: (EF89LP28) Tomar nota de videoaulas, aulas digitais, apresentações multimídias, vídeos de divulgação científica, documentários e afins, identificando, em função dos objetivos, informações principais para apoio ao estudo e realizando, quando necessário, uma síntese final que destaque e reorganize os pontos ou conceitos centrais e suas relações e que, em alguns casos, seja acompanhada de reflexões pessoais, que podem conter dúvidas, questionamentos, considerações etc.

ATIVIDADE 4: Leiam este trecho: “E, como fazem as grandes águias negras, Godi voou para o mundo dos homens livres, com seus pés ligeiros e ávidos por lugares novos, onde pudesse viver plenamente toda a liberdade que pulsava em seu coração.” (página 66) Pesquisar é sempre bom! Amplia o nosso conhecimento e nos faz dialogar com mais propriedade sobre os assuntos. Então, aí vão alguns desafios: a.

O que aconteceu com os negros brasileiros após alcançarem a liberdade tão sonhada em 13 de maio de 1888? Como viveram? Em que trabalharam? Quais marcas da escravidão persistem até os nossos dias?

b.

Sugira aos seus alunos e alunas que escrevam um texto com as impressões iniciais que têm a respeito da escravidão no Brasil.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Curadoria de informação. Habilidade: (EF89LP24) Realizar pesquisa, estabelecendo o recorte das questões, usando fontesEDITORA abertas e confiáveis. BAOBÁ LTDA. Associada à habilidade: (EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por deorais, divulgação – venda colaborativas, proibida repormeioExemplar de apresentações verbetes de enciclopédias tagens de divulgação científica, vlogs científicos, vídeos de diferentes tipos etc.

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2.4. PROMOVER A INTERAÇÃO DO ESTUDANTE COM O LIVRO GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE

ATIVIDADE 1 Professor, depois de despertar a paixão, a curiosidade e ativar os conhecimentos prévios dos estudantes, é hora de promover a interação deles com a obra. Sugerimos que você projete a imagem da capa do livro e do autor, Fábio Ferreira. a.

Conversem sobre a capa e sobre quem produziu a história e a ilustrou.

b.

Depois de apresentar as biografias e a capa, retome com a turma aquela história do livro que você estava lendo e volte às questões relacionadas à observação da capa.

Fábio Ferreira Fonte: arquivo pessoal

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Conversação espontânea. Habilidade: (EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.

ATIVIDADE 2:

EDITORA BAOBÁ LTDA. divulgação – vendaparatextuais, proibida como folheiemExemplar as páginas dade obra, que leiam os elementos

Com o livro em mãos, peça aos estudantes que observem a capa, que

quarta capa e orelha, que localizem o nome da autora, do ilustrador, da editora, e conduza-os na compreensão dessas informações. 28


LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção, apreciação e réplica. Habilidade: (EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros como quarta-capa, programa (de teatro, dança, exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog cultural etc., para selecionar obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CDs, DVDs etc.), diferenciando as sequências descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer escolhas, quando for o caso.

Uma última palavra aos estudantes, apenas: “Não se esqueçam de recorrer ao dicionário cada vez que uma palavra nova aparecer. Grifem as palavras e não deixem de consultar o melhor significado para ela, de acordo com o texto lido. Isso pode fazer toda a diferença para que a leitura seja bem feita; para que não haja dúvidas na compreensão da história”. Feito isso, vamos à cereja do bolo: À LEITURA da obra! Uma ótima leitura!

3. COMO DESENVOLVER A PÓS-LEITURA DO LIVRO GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE? Professor, as atividades de pós-leitura concluem o ciclo de trabalho de leitura literária com obra, naquele período, na sala de aula. Elas têm extrema relevância no processo de formação do leitor-fruidor, perspicaz, proficiente, que vai adquirindo cada vez mais maturidade. Esse trabalho de pós-leitura tem o objetivo de focalizar o tema central do texto e seus assuntos principais, aliada ao desenvolvimento da competência específica de número 10, de Língua Portuguesa, da área de Linguagens, da Base Curricular Nacional Comum (2017), que diz:

Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projeEDITORA tos autorais. (BRASIL, BAOBÁ 2018, p. 85)LTDA.

Exemplar de divulgação venda proibida Portanto, as atividades de pós-leitura–têm dois focos principais: criar condições para que os estudantes ampliem seus conhecimentos e para que façam usufruto do texto lido. 29


3.1. ABORDAGEM DOS ASPECTOS LITERÁRIOS Professor, depois que os estudantes tiverem lido a obra, focalize alguns aspectos literários e converse com a turma sobre eles.

ATIVIDADE 1: LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Estratégias de leitura. Habilidade: (EF89LP33) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos. Habilidade: (EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.

Com base na leitura da obra Godi – um menino chamado liberdade, responda a estas questões para conversarmos sobre elas, em seguida.

LTDA. a) Quem são osEDITORA personagens BAOBÁ do livro Godi – um menino chamado

liberdade? Exemplar

de divulgação – venda proibida

Rosalina, Godi, Senhora Maria do Lourenço e Albuquerque e o Senhor Romão do Lourenço e Albuquerque. 30


b) Como começou a história de Godi? Godi herdou de sua mãe a condição de escravo. nasceu em um engenho de cana-de-açúcar, onde viveu sua infância e adolescência. De seu desejo de liberdade, retirava forças para superar os desafios que encontrava em seu caminho. Os contos de Godi – Um menino chamado liberdade fazem um elo entre o contrassenso dos fatos e a poesia das aspirações humanas. Godi interage com a natureza e com os animais que nela vivem, mas não deixa que o senso de liberdade seja algo secundário em sua vida. Da mesma maneira que muitas de nossas crianças, Godi vive seus questionamentos. c) Descreva as personagens e suas ações dentro da obra. Rosalina é uma escrava que trabalha diretamente com os seus senhores, na casa-grande. É ama de leite e acompanhante das senhoras brancas. Ela está gravida e sonha um mundo diferente, de liberdade e igualitário para o filho que espera. La já teve outras gravidezes, mas as interrompeu porque não queria a vida que levava para os seus filhos. Godi é filho de mãe escrava. Nasceu nas senzala, em uma época “que a chamada Lei do Ventre Livre pronunciava a liberdade para os filhos de escravas.” (página 16). Mas isso só valeria para a criança depois de adulta. Até então, Godi continuaria em poder do senhor dono dos escravos. Godi não foi amamentado por sua mãe porque ela foi tirada da senzala para amamentar uma criança branca que acabara de nascer. Senhora Maria do Lourenço e Albuquerque era a dona dos escravos e tinha posturas muito rígidas. Segundo ela, “Escravo que é escravo, não usa calçado algum. Anda descalço engrossando a capa dos pés para aguentar o trabalho” (página 10) Senhor Romão do Lourenço e Albuquerque – Senhor dono dos escravos. Extremamente radical, tratava os escravos com punições rígidas, caso não cumprissem as obrigações a eles determinadas. d) Explique esta afirmativa: “O senhor Romão do Lourenço e Albuquerque e sua senhora, Maria do Lourenço e Albuquerque, representam a aristocracia escravocrata, que se beneficiava com a exploração do trabalho

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar deperceber divulgação – venda proibida Os alunos devem que os donos dos escravos eram as pes-

escravo”.

soas que impunham a eles o trabalho e os castigos em caso de fuga ou de desobediência às regras. 31


e) No livro Godi – um menino chamado liberdade, quais fatos são reais e quais são ficcionais? No livro, os contos narram fatos que podem ser considerados reais e fatos que podem ser considerados fictícios. Desafie seus alunos e alunas a encontrarem alguns destes fatos. Por exemplo: a vida na senzala, a fuga das senzalas, a criação dos quilombos, o tratamento dado aos escravos; são fatos reais. Mas as histórias contadas por Rosalina e por outros escravos são ficcionais, assim como os nomes dados às personagens.

3.2. ABORDAGEM DOS ASPECTOS LINGUÍSTICOS Professor, neste momento, focalizaremos alguns elementos linguísticos que são interessantes na obra Godi – um menino chamado liberdade.

ATIVIDADE 1 Revendo figuras de linguagem. a) Vamos solicitar aos estudantes que identifiquem qual é a figura de linguagem contida na expressão “por debaixo do pano”, usada como título deste conto. É importante que justifiquem a resposta. Que tal exemplificar com outro dizer popular em que a mesma figura tenha sido usada?

b) Vejamos o uso desta outra figura: “Cajueiro Velho” A personificação é uma figura de linguagem aplicada na construção do personagem “Cajueiro Velho”. As características humanas foram dadas por Godi, já que o cajueiro era o seu confidente. Que outras características humanas são dadas ao cajueiro na obra? CONTO: “Choro na senzala: o nascimento de Godi” “Ele vai ser gente de verdade!”, disse a personagem Rosalina. No contexto desse conto, que significado tem a expressão “gente de verdade”? Em que contexto da obra o uso desse termo se faz importante? Gente de verdade é uma expressão que teria o sentido de imprimir para a personagem que ainda nasceria, Godi, um perfil diferente daquele vivido pelos escravos, pela mãe, Rosalina. Os escravos não tinham o status de

BAOBÁ gente de verdade, ouEDITORA seja, eram gente “que nãoLTDA. existia” frente à sociedade escravocrata. Exemplar

de divulgação – venda proibida

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LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Conversação espontânea. Habilidade: (EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.

LÍNGUA PORTUGUESA TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO Prática de linguagem: Análise linguística/semiótica. Objeto de conhecimento: Figuras de linguagem. Habilidade: (EF89LP37) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem como ironia, eufemismo, antítese, aliteração, assonância, dentre outras.

ATIVIDADE 2 Godi tem sonhos de liberdade e tenta entender o que seria estar livre: em uma conversa com uma senhora bem idosa...

“– Mas a senhora disse... – Eu disse que ela tinha sido acorrentada, mas não disse que estava presa. Godi então ficou sem entender e olhou para as expressões senis de Alzira com um ar de dúvida. – E uma pessoa que está acorrentada não está presa? – Sim e não! Responde Alzira Cambinda. – E como uma pessoa pode estar presa e não estar ao mesmo tempo? - indaga Godi. – As mãos e os pés dela estavam acorrentados, sim, mas os pensamentos não. Pois a liberdade é algo que temos em nossa mente, é um desejo. E a menina Ventania nunca teve o pensamento aprisionado. Ao contrário dos homens que colocaram correntes nela. Eles, sim, estavam presos.” (página 53)

EDITORA LTDA. Professor, é fundamental queBAOBÁ vocês discutam o conceito de liberdade que essa passagem da traz. O que seria liberdade? Como alcançá-la? Exemplar deobra divulgação – venda proibida O nosso país é livre? Quando alguém deve perder a liberdade? O que dizer

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sobre a perda da liberdade violenta, como, por exemplo, em sequestros? Como vocês veem a falta de liberdade porque se cometeu algum crime? A proposta é a de que seja criado um texto em que essas discussões sejam formalizadas e apresentadas para a turma e para a escola. Para toda a escola, seria interessante fazer um grande mural temático com as infomações. LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Relação entre textos. Habilidade: (EF89LP32): Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanismos de intertextualidade (referências, alusões, retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc., e entre o texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Oralidade. Objeto de conhecimento: Conversação espontânea. Habilidade: (EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Produção de textos Objeto de Conhecimento: Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição Habilidade: (EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais, verbetes de enciclopédias colaborativas, reportagens de divulgação científica, vlogs científcos, vídeos de diferentes tipos etc.

3.3 ABORDAGEM DOS ASPECTOS EXTRALINGUÍSTICOS Professor, para finalizar, sugerimos abordar o tema central do livro: “A escravidão no Brasil”, propondo adaptações para uma encenação para toda

EDITORAmuito BAOBÁ LTDA. a escola. Também consideramos relevante a criação de outras exis-

tências para o texto. Acreditamos que a escrita de textos argumentativos Exemplar de divulgação – venda proibida seja adequada para os debates que se instalaram sobre a obra. A retextualização da obra em quadrinhos também seria muito rica. 34


ATIVIDADE 1 Cecília Meireles, famosa escritora brasileira, escreveu uma obra chamada Romanceiro da Inconfidência. Essa obra é uma coletânea de poemas publicada em 1953, que conta a História de Minas dos inícios da colonização no século XVII até a Inconfidência Mineira, revolta ocorrida em fins do século XVIII na então Capitania de Minas Gerais. O tema central é a tão sonhada busca pela liberdade. Cecília Meireles escreveu esta frase: “Liberdade essa palavra, que o sonho... Liberdade essa palavra, que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique, e não há ninguém que não entenda.” a) Que tal você escrever um texto com esse título? Pense em todos os desejos de liberdade que estiveram e estão ‘rondando’ os brasileiros e o mundo. Mãos à obra! É fundamental a produção de texto dissertativo-argumentativo em que os estudantes se manifestem criticamente acerca do legado que as lutas pela independência deixaram em nosso país. LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Curadoria de informação. Habilidade: (EF89LP24) Realizar pesquisa, estabelecendo o recorte das questões, usando fontes abertas e confiáveis. Associada à habilidade (EF89LP25): Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais, verbetes de enciclopédias colaborativas, reportagens de divulgação científica, vlogs científicos, vídeos de diferentes tipos etc.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Prática de linguagem: Produção de textos. Objeto de conhecimento: Construção da textualidade. Habilidade: (EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa. EDITORA BAOBÁ LTDA.

Exemplar de divulgação – venda proibida

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ATIVIDADE 2 Leia esta passagem:

“Mesmo estando um pouco cansado, Godi não parava de andar nem reclamava das picadas dos mosquitos... estivesse na situação que fosse, não deixava de usar sua imaginação e criatividade para se divertir e distrair sua mente.” Você já leu a obra O meu pé de laranja lima? O autor é José Mauro de Vasconcelos. Zezé, personagem principal do livro, também é uma criança imaginativa e, como Godi, conversa com as árvores. Na página 34, temos a seguinte passagem: ‘“Olá, amigo cajueiro”, cumprimenta Godi. E ele cumprimenta o menino de volta apenas com seu silêncio’. Aí vai um convite: Que tal ler as aventuras do menino Zezé e compará-lo com Godi? O que eles têm em comum? Quais são os sonhos que possuem? Como são as famílias dos dois? Como cresceram? A construção de um texto ou de vários pequenos textos pode explicitar a consolidação do aprendizado sobre quem seja Godi. LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Produção de textos. Objeto de conhecimento: Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição. Habilidade: (EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais, verbetes de enciclopédias colaborativas, reportagens de divulgação científica, vlogs científcos, vídeos de diferentes tipos etc.

LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Relação entre textos. Habilidade: (EF89LP32) Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de EDITORA(referências, BAOBÁalusões, LTDA. mecanismos de intertextualidade retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas Exemplar de divulgação – venda proibida (cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc., e entre o texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros

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ATIVIDADE 3 Leia este trecho novamente:

“E, como fazem as grandes águias negras, Godi voou para o mundo dos homens livres, com seus pés ligeiros e ávidos por lugares novos, onde pudesse viver plenamente toda a liberdade que pulsava em seu coração.” (página 66). Pesquisar é sempre bom. Amplia o nosso conhecimento e nos faz dialogar com mais propriedade sobre os assuntos. Então aí vão alguns desafios: a) O que aconteceu com os negros brasileiros após alcançarem a liberdade tão sonhada em 13 de maio de 1888? Como viveram? Em que trabalharam? Quais marcas da escravidão persistem até os nossos dias? Que tal montar um mural onde vocês apresentem as descobertas feitas para toda a escola? É muito importante que todos saibam da luta de nossos ancestrais negros pela liberdade, pelo reconhecimento de sua importância na formação cultural e racial do povo brasileiro. b) Um jornalzinho da turma também seria bem-vindo. Vamos colocar o Godi e sua mãe em uma entrevista na qual contem sobre o que passaram nas mãos dos seus senhores. Vocês podem fazer uma reportagem mostrando a História do Brasil na era escravocrata. Pesquise fotos antigas, os elementos de tortura que eram usados nos escravos. Peça ajuda ao professor de História. LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO. Prática de linguagem: Produção de textos. Objeto de conhecimento: Construção da textualidade. Habilidade: (EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crôniEDITORA cas visuais, minicontos, narrativas BAOBÁ de aventuraLTDA. e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre Exemplar de divulgação – venda os constituintes estruturais e recursos expressivos típicosproibida dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA Prática de linguagem: Leitura. Objeto de conhecimento: Curadoria de informação. Habilidade: (EF89LP24) Realizar pesquisa, estabelecendo o recorte das questões, usando fontes abertas e confiáveis. Associada à habilidade: (EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais, verbetes de enciclopédias colaborativas, reportagens de divulgação científica, vlogs científicos, vídeos de diferentes tipos etc.

4. REFERÊNCIAS ADAM, Jean-Michel. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2008. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. 29 ed. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Questões de nossa época). MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. Edição comemorativa 60 anos. 12 ed. São Paulo: Global, 2013. PAIVA, Aparecida; PAULINO, Graça; PASSOS, Marta. Literatura e leitura literária na formação escolar: caderno do professor. Belo Horizonte: Ceale, 2006. PEREIRA, Vera Wannmacher. Predição leitora e inferência. In: CAMPOS, Jorge, VANIN, Aline (Orgs.). Inferências linguísticas na interfaces. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. TAGLIE BER, L. K.; PEREIRA, C. M. Atividades pré-leitura. Gragoatá, n. 92, p. 73-92, 1997.

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida

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ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA OBRA LITERÁRIA EM SALA DE AULA

1. DE PROFESSOR PARA PROFESSOR: Caro Professor, Esta seção tem por objetivo trazer contribuições para que você, professor, possa desenvolver uma abordagem interdisciplinar da obra literária Godi – um menino chamado liberdade com seus alunos e alunas das séries finais do Ensino Fundamental, em sala de aula (e além!). Vamos pensar um pouco sobre leitura literária e sua relação com outras disciplinas e/ou áreas de conhecimento e sugestões de um planejamento pedagógico de modo intencional e significativo. Devemos estabelecer articulações entre as orientações, competências e habilidades das diferentes unidades temáticas, objetos do conhecimento nas diversas áreas, conforme a BNCC (2017).

2. INTERDISCIPLINARIDADE NA SALA DE AULA Professor, as discussões sobre o trabalho coletivo, entre os grupos de professores, a partir da temática e elementos de uma obra literária, atende à proposta metodológica evidenciada nos últimos documentos que norteiam a educação no Brasil, como a Lei de Diretrizes e Base (LDB), os Parâmetros Curriculares da Educação Nacional e a BNCC. O conceito de interdisciplinaridade surgiu na década de 1960, para acatar as demandas que não encontravam resposta por uma única disciplina ou saber. Trata-se, portanto, de um trabalho em conjunto, que parte de uma questão, objeto de conhecimento ou, conforme a intenção deste Manual, da leitura do livro literário, que faça advir discussões, questionamentos e reflexões em cada campo de saber. A interdisciplinaridade não se constitui como uma soma fragmentada de diferentes atividades nas diferentes áreas de conhecimento. É resultado da integração dos saberes em um trabalho coletivo, que se desenvolve a

LTDA. partir de um tema, EDITORA estabelecendoBAOBÁ conexões nas intervenções propostas.

Exemplar de divulgação – venda proibida Em momentos coletivos de planejamento pedagógico, os professores de cada componente curricular constroem as orientações e formulações das atividades interdisciplinares, de forma a criar uma rede articulada en39


tre as diversas áreas do conhecimento prevista para o processo de ensino-aprendizagem na educação escolar. Essa abordagem interdisciplinar está em consonância com a BNCC, quando “propõe a superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida”. Neste sentido, você, professor, deve deixar a transversalidade fluir nas inquietações, reflexões e entendimentos suscitados a partir da leitura. É de suma importante que cada um contribua positivamente para a prática pedagógica, provocando momentos de discussões e constante diálogo com outros campos do saber escolar, com vistas ao desenvolvimento de competências, habilidades e ações transformadoras no percurso de vida dos educandos. Nesta seção, pretendemos, com base em um mergulho na obra Godi – um menino chamado liberdade, do autor Fábio Ferreira, identificar elementos com potencial para inspirar o planejamento de atividades didáticas interdisciplinares, articular a temática do livro, tanto com o que os educandos trazem de suas vivências como com elementos pesquisados, dentro de uma proposta reflexiva e integradora. Para tanto, esboçamos a seguir propostas pedagógicas indicativas de possibilidades para organizar um projeto de atividades interdisciplinares a partir desse livro.

2.1. UM OLHAR INTERDISCIPLINAR SOBRE A OBRA GODI – UM MENINO CHAMADO LIBERDADE

Professor, mais do que a representação literária de um contexto histórico-geográfico específico, vemos, nesta obra literária, a confluência de várias questões que tangenciam unidades temáticas dos anos finais do Ensino Fundamental, conforme a BNCC (BRASIL, 2017), com as demandas do mundo contemporâneo, que remetem a fatos dos séculos XVIII e XIX até o nosso presente. Assim, é possível transcorrer, com base na leitura do livro, por várias grades temáticas e desenvolver as habilidades propostas na BNCC para os 8º e 9º anos do Ensino Fundamental. Considerando a temática do livro Godi – Um menino chamado liber-

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação venda proibida que os temas contemporâneos, conforme a–BNCC, devem incorporar os dade,, qual seja, o período final da escravidão no Brasil, até sua abolição, e currículos de forma transversal e integradora, sugerimos, como fio condutor do projeto interdisciplinar com Godi, um dos temas contemporâneos 40


destacados na BNCC: Educação das relações étnico-raciais e ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis n° 10.639/2003 e 11.645/2008).

2.1.1. Preparando-se para interdisciplinaridade em sala de aula Professor, como norte de um trabalho interdisciplinar com a obra literária Godi – um menino chamado liberdade, sugerimos a elaboração de um jornal. Todo jornal é um projeto coletivo, que socializa representações de um grupo social. Neste sentido, é imprescindível a participação de toda a turma na produção deste projeto e a articulação de várias áreas do saber. O objetivo é elaborar um jornal da diversidade étnico-racial. Essa prática permite, por meio da construção dos textos, o conhecimento e entendimento da realidade, a colocação de opinião, o questionamento, o posicionamento crítico. Os educadores devem procurar entender, anotar e traduzir as perspectivas e demandas dos alunos e alunas em relação ao racismo e à urgência da valorização da história e cultura afro-brasileiras. Por isso, é importante, em cada componente curricular, suscitar discussões que produzam empatia e identificação com as lutas históricas das populações negras no Brasil, pois as representações da turma serão decisivas para a linha editorial do jornal. Para tanto, é necessário planejamento das atividades com a participação dos professores envolvidos, com momentos para levantar os pontos de conexão entre os saberes. • Roda de conversa com os professores sobre a leitura do livro Godium menino chamado liberdade; • Sarau literário; • Explorar aspectos da língua portuguesa e os aspectos da interdisciplinaridade e intertextualidade; • Registrar uma tempestade de ideias com tudo que surgir nas trocas. • Listar outros textos, documentários, filmes, noticiários, nomes de movimentos, fotos, relatos e comentários sobre manifestações re-

EDITORA BAOBÁ LTDA. ligiosas, artísticas (artes plásticas e visuais), dança, música, entre outras, para servirde de apoio e complementar as discussões. Exemplar divulgação – venda proibida

• Listar as diferentes fontes de informações – tais como sites, revistas e registros de movimentos, blogs, que focam a temática e demais obras literárias que dialogam com o livro em foco. 41


Após a coleta deste material de apoio que subsidiará os professores, sugerimos realizar outro momento coletivo para a troca dos recursos e fontes. É interessante, também, que cada professor discuta sobre o texto jornalístico e a estrutura do jornal, para que todos possam acompanhar o trabalho dos alunos, no decorrer da montagem. Ao professor de Língua Portuguesa caberá trabalhar com os alunos os diversos aspectos do texto jornalístico, como sua composição (vide quadro abaixo), os termos que definem a disposição dos textos na página (título, bigode ou sutiã, legenda, assinatura do repórter, créditos de imagem, lide do texto etc.), os gêneros textuais, a linguagem jornalística e etc.

TEXTO DE APOIO – Elementos de um jornal Cadernos: são as partes que contêm assuntos correlatos, distribuídos em seções e colunas fixas. Seção: espaço no jornal onde são reunidos assuntos específicos. Colunas: textos em uma mesma página e que possuem um título fixo. Abertura do texto jornalístico, indicando dados sobre o fato noticiado (quem, o que, quando, onde, como e por quê). Manchete: título principal de uma notícia, em letras garrafais, na primeira página do jornal ou da revista. Notícias: são relatos de uma série de fatos. Textos, completados por títulos, fotos e legendas, gráficos, mapas etc., que resumem a notícia. Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalhttp://educere.bruc.com.br/arquivo/ pdf2015/16092_8081.pdf >. Acesso em: jul. 2018.

2.1.2. Divisão de tarefas Professor, para construção de um jornal, são muitas as tarefas. Há atividades para todos os tipos e gostos! 1.

Corpo editorial: divida a turma em equipes, formando o corpo editorial que dará vida material e discursiva ao jornal. Selecione os editores, colunistas, repórteres, fotógrafos, designers gráficos etc. No geral, cada caderno ou seção de um jornal trata de um assunto, como Cultura, Caderno de Política, Economia, Cidade [trata de fatos ocorridos na ci-

EDITORA BAOBÁ dade onde é produzido o jornal, Geral [trataLTDA. de fatos ocorridos no Brasil],Exemplar Internacional [trata de fatos ocorridos outrosproibida países], Esportes. de divulgação – em venda 2.

Escolha do título do jornal: os títulos anunciam vários significados do jornal, especialmente no que se refere ao projeto político que a publi42


cação levará a público. Por essa razão, é muito importante relacionar o título aos conteúdos do jornal. Sugerimos usar um título chamativo, mostrando ao leitor a que veio esta publicação. 3.

Distribuição interna dos conteúdos: os conteúdos não estão aleatoriamente dispostos no espaço interno do jornal. O design gráfico indica um “modo de ler” a publicação. Desta forma, as manchetes de capa, as charges, a disposição das colunas, o tamanho e a fonte utilizados para os títulos, a centralização das matérias na página, os tipos e tamanhos de imagens etc. indicam como e o quê o público deverá ler no jornal. Ao mesmo tempo, indicam os temas que a publicação prioriza e as ideias que pretende socializar. Tendo em vista essas questões, a turma deve empreender um projeto gráfico que dê conta de dizer ao público-leitor os objetivos e as ideias do jornal, qual seja: mostrar a continuidade histórica da luta contra o racismo no Brasil e a urgência de promover e preservar a diversidade étnico-racial.

2.1.3. Para ampliar a discussão Professor, para ampliar essa discussão, sugerimos filmes, documentários, sites, livros e teses sobre a temática do jornal:

Navegando Visite o site e o acervo do Museu do Escravo (Belo Vale, Minas Gerais) e conheça a cultura material produzida pelas experiências do escravismo brasileiro. Acesse: <http://www.dejore.com.br/museudoescravo/m_apresentacao.htm>. Visite o site do Geledés Instituto da Mulher Negra. Lá estão disponíveis materiais multimídia, publicações e estudos sobre diversos temas relacionados às relações étnico-raciais e de gênero no Brasil e no mundo. Acesse: <https://www.geledes.org.br/>. https://novaescola.org.br/conteudo/324/leitura-de-jornal-na-sala-de-aula.

Aprofundamento CHINEN, Nobuyosh. O papel do negro e o negro no papel: representação e representatividade dos afrodescendentes nos quadrinhos brasileiros.

EDITORA BAOBÁ LTDA.– Escola de Comuni296 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) cação Exemplar e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. de divulgação – venda proibida

PINTO, Ana Flávia Magalhães. A imprensa negra no Brasil do século XIX. São Paulo: Selo Negro Edições, 2010. 184 p. 43


FARIA,Maria Alice, Zanchetta Jr Juvenal. Para ler e fazer o jornal na sala de aula. Ed.

Contexto, 178 págs

Filmes QUE HORAS ela volta? Direção: Anna Muylaert. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2015. 1 DVD (114 min.). ÁFRICA DISPERSA. Rostos e vozes da diáspora africana. Produção: Sheila Walker. (56 min.). Documentário.

2.1.4. Projeto Interdisciplinar: elaboração de jornal a partir do livro Godi – um menino chamado liberdade TEXTO DE APOIO O fenômeno histórico da imprensa negra no Brasil A imprensa é um ator político que se envolve, direta e indiretamente, nas redes de conflitos e disputas do contexto histórico em que se inscreve. É produtora de hegemonia e também de contra hegemonia, resistência e contestação de grupos marginalizados ou de alguma forma oprimidos. No Brasil, o fenômeno da imprensa negra percorreu os séculos XIX e XX e, na era da informação digital, se manifesta sob a forma de mídias em redes sociais e páginas da web. Assim, os jornais da imprensa negra sempre tiveram o compromisso político de alcançar a sociedade e o Estado com vistas a transformar as relações de poder que ensejam a discriminação étnico-racial e a naturalização das desigualdades. Vários jornais compuseram, entre os séculos XIX e XX, o acervo da imprensa negra brasileira: O homem de cor (1833), O clarim da alvorada (1924), A voz da raça (1933), entre outros. Fonte: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/05/historico-da-imprensa-negra-no-brasil-pauta-seminario-de-comunicacao: Acesso em 25 jul. 2018.

Língua Portuguesa Professor trabalhe com os alunos os aspectos textuais que envolvem a elaboração de um jornal. Os diversos gênerosLTDA. (notícia, reportagem, artiEDITORA BAOBÁ go de opinião, entrevista, entre outros); a definição dos títulos dos textos,

Exemplar de divulgação – venda proibida

bigodes, legendas; a importância de levar em conta o lide ao escrever uma matéria e de se ouvirem as diversas partes envolvidas.

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Durante a vigência do projeto, as aulas de Língua Portuguesa serão um grande laboratório. É importante, professor, que você dê todo o suporte para que cada grupo tenha as condições de criar a parte do jornal que escolheu.

Arte Professor solicite aos alunos e às alunas que elejam os participantes do grupo responsáveis pelo leiaute do jornal. É importante destacar que esses estudantes cuidam dos aspectos visuais: tipo de fonte, corpo, espaçamento, localização das fotos e outros elementos imagéticos e sua disposição na página.

Língua Inglesa Professor, oriente os estudantes na realização das seguintes atividades:

Where would they talk about? Consiste na criação, pelos alunos, de uma história em quadrinhos cujos personagens sejam Zumbi e Nat Turner, dois famosos escravos na história do Brasil e dos Estados Unidos, respectivamente. Em um primeiro momento, você, professor, pode contar aos alunos a história destes dois homens. É importante que a narrativa seja feita em inglês, sempre com atenção na utilização de vocabulário e estruturas já conhecidas pela turma. Fazer um Summary (resumo) das principais informações da história e disponibilizar para consulta da turma é uma boa estratégia! Depois, de prontas, para que outras pessoas tenham acesso a elas, bem como podem ser publicadas no jornal que está em processo de elaboração pela turma.

Where did the slaves come from? Get to know some of the countries Consiste na pesquisa e na apresentação de informações para uma ,matéria do jornal: location, capital, largest city, official language(s), area, population, curiosities, sobre alguns países africanos dos quais vieram os escravos para o Brasil como Angola (Angola), Cameroon (Camarões), Ivory

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de da divulgação – venda proibida de cogeria (Nigéria). Por meio pesquisa, os alunos têm a oportunidade

Coast (Costa do Marfim), Ghana (Gana), Mozambique (Moçambique) e Niletar diversos dados sobre cada um dos países, para escrever matérias para o jornal: 45


Ciências Humanas Professor, sugerimos alguns conteúdos que articulam os objetos de conhecimento previstos na BNCC, as Ciências Humanas e o livro Godi – um menino chamado liberdade, para que possam ser usados nos textos para as colunas, matérias, entrevistas, artigos de opinião, crônica e charges do jornal que está sendo construído pela turma. • História das lutas dos povos negros no Brasil e no mundo. • Relações étnico-raciais e de gênero na própria escola. • Aspectos culturais, políticos, econômicos, demográficos e naturais da África. • Denúncias contra atitudes e valores racistas, particularmente nas redes sociais. • Significados do cabelo para afirmação da identidade e estética negras. • Ocupação dos espaços públicos do bairro onde se localiza a escola pelos jovens negros, buscando identificar os conflitos e as produções culturais envolvidos neste processo. • Composições musicais de mulheres e homens negros. • Literatura de autoras e autores negros. • Religião afrodescendente / sincretismo religioso. • Racismo em anúncios de empregos: em jornais brasileiros do início do século XX, era comum a utilização de estereótipos racistas como critério de contratação de trabalhadores, marginalizando e excluindo as pessoas negras do mercado de trabalho. Peça aos alunos e às alunas que pesquisem na internet ou em arquivos públicos esse tipo de conteúdo e reúnam os resultados. • Representações de pessoas negras em telenovelas brasileiras: as telenovelas sempre representam as pessoas negras através de estereótipos, como o samba, a periferia, a criminalidade ou a ocupação de cargos como porteiros, motoristas e empregadas domésticas. Raramente, atribuem às pessoas negras papel de protagonista. Oriente os alunos na seleção de algumas cenas de novelas brasileiras que refor-

EDITORA BAOBÁ çam esses e outros estereótipos sobre asLTDA. pessoas negras e promova comentários críticos. Exemplar de divulgação

– venda proibida

• Crimes de discriminação étnico-racial nas redes sociais: esses correspondem a um campo novo em que o racismo transcorre livre46


mente. Expressões, xingamentos, memes, vídeos, comentários em fotos, páginas e grupos carregados de preconceito racial e discurso de ódio são constantes e corriqueiros nas redes sociais. Conduza os alunos e alunas na busca desses conteúdos e os leve para serem discutidos e criticados em sala. • População negra no Brasil e o índice populacional de afrodescendentes nas diversas regiões. • Leis que se referem a questões dos afrodescendentes e indígenas, artigos da Constituição de 1988 e as questões sociais do negro no Brasil. • Movimentos que abordam questões indígenas e afrodescendentes focando o preconceito e aspectos socioeconômicos e políticos. • População carcerária, marginalizada e políticas públicas de inclusão versus marginalização dessa população.

Ciências da Natureza Professor, conduza os estudantes na construção de uma matéria sobre comportamento, levando em conta a vida de uma criança como Godi e analisando aspectos como a mudança de interesse e de questionamento durante o seu desenvolvimento, suas experiências, a puberdade. Peça que façam também a comparação entre a vida de Godi, cujas tarefas eram decididas pelo senhor de engenho, e de uma criança da mesma idade no contexto do estudante, discutindo a questão do trabalho infantil e todas as suas esferas. Para esta proposta, sugerimos a leitura de três trechos do livro Godi – um menino chamado liberdade:

Trecho I:

“O menino Godi, nessa época ... ajudando sua mãe na cozinha ou em qualquer outro lugar” p. 28. Trecho II:

“Em um dia como outro qualquer .... produzindo uma riqueza que não seria para eles” p. 28

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar divulgação proibida “Em seus de planos, Godi ... valor–davenda liberdade e a força que de-

Trecho III:

vemos ter para garantir que não percamos de vista esse valor” p. 65 47


Matemática Professor, para abordar a Matemática no jornal que tem como pano de fundo o livro Godi – um menino chamado liberdade, sugerimos que um grupo seja responsável por elaborar gráficos de setores, barras, histograma e tabelas para registrar dados de entrevistas, dados comparativos sobre a realidade do negro, notícias e outros dados informativos.

Educação Física Professor, a Educação Física também pode fazer parte do jornal e enriquecê-lo muito. Oriente os alunos em uma pesquisa sobre origem, técnica, instrumentos, vestimenta, regras, nomes e instituições que disseminam a capoeira, para que se possa escrever no jornal uma interessante matéria sobre essa prática. Então, promova uma aula de capoeira, evidenciando todos os seus aspectos e fazendo referência ao livro Godi.

Ensino Religioso Professor, mostre as várias possibilidades de trabalho no âmbito do Ensino Religioso. Oriente os estudantes a produzirem uma matéria para o jornal, destacando notícias ou relatos de experiências sobre a religiosidade afrodescendente, o sincretismo religioso, a leitura do texto do livro Godi, p.13, relacionando com os incisos VI, VII e XX do Artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Que tal estruturar uma coluna, no jornal? Pense num título bem interessante para a coluna! Temas não faltam! Os historiadores não analisam os fatos do passado apenas com os olhos do presente, pois isso seria um tipo de anacronismo muito grave. Para uma reflexão sobre as mudanças ocorridas entre o contexto histórico em que se passa o conto “Por debaixo do pano” e o contexto atual, conduza a turma a produzir uma matéria para o jornal a partir da análise dos: Texto I do Livro Godi – um menino chamado liberdade e Texto II, trecho da Constituição Federal de 1988, Artigo 5º, incisos VI, VII e XX, levando em consideração o que estariam sendo descumpridos da CF/1988, se esses incisos do art. 5º fizessem parte da legislação vigente naquela época.

2.1.5. Habilidades acionadas no projeto interdisciplinar EDITORA BAOBÁ LTDA. com a obra literária Godi – um menino chamado liberdade

Exemplar vendaserproibida Estas são algumasde dasdivulgação habilidades que– podem desenvolvidas, a partir da realização do projeto interdisciplinar proposto, conforme áreas de conhecimento da BNCC (2017). 48


Língua Portuguesa Habilidades: (EF89LP08) Planejar reportagem impressa e em outras mídias (rádio ou TV/ vídeo, sites), tendo em vista as condições de produção do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etc. – a partir da escolha do fato a ser aprofundado ou do tema a ser focado (de relevância para a turma, escola ou comunidade), do levantamento de dados e informações sobre o fato ou tema – que pode envolver entrevistas com envolvidos ou com especialistas, consultas a fontes diversas, análise de documentos, cobertura de eventos etc. -, do registro dessas informações e dados, da escolha de fotos ou imagens a produzir ou a utilizar etc., da produção de infográficos, quando for o caso, e da organização hipertextual (no caso a publicação em sites ou blogs noticiosos ou mesmo de jornais impressos, por meio de boxes variados). (EF89LP09) Produzir reportagem impressa, com título, linha fina (optativa), organização composicional (expositiva, interpretativa e/ou opinativa), progressão temática e uso de recursos linguísticos compatíveis com as escolhas feitas e reportagens multimidiáticas, tendo em vista as condições de produção, as características do gênero, os recursos e mídias disponíveis, sua organização hipertextual e o manejo adequado de recursos de captação e edição de áudio e imagem e adequação à norma-padrão. (EF89LP10) Planejar artigos de opinião, tendo em vista as condições de produção do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etc. –, a partir da escolha do tema ou questão a ser discutido, da relevância para a turma, escola ou comunidade, do levantamento de dados e informações sobre a questão, de argumentos relacionados a diferentes posicionamentos em jogo, da definição – o que pode envolver consultas a fontes diversas, entrevistas com especialistas, análise de textos, organização esquemática das informações e argumentos – dos (tipos de) argumentos e estratégias que pretende utilizar para convencer os leitores. (EF08LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista o contexto de produção dado, a defesa de um ponto de vista, utilizando argumentos e contra-argumentos e articuladores de coesão que marquem relações de oposição, contraste, exemplificação, ênfase. (EF09LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista o contexto de produção dado, assumindo posição diante de tema polêmico, argumentando de acordo com a estrutura própria desse tipo de texto e utilizando diferentes tipos de argumentos – de autoridade, comprovação, exemplificação, princípio etc.

Arte Habilidades: (EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas. (EF69AR08) Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer,, entre outras, estabelecendo relações entre os profissionais EDITORA BAOBÁ LTDA. do sistema das artes visuais.

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Língua Inglesa Habilidade: (EF08LI11) Produzir texto (comentários em fóruns, relatos pessoais, mensagens instantâneas, tweets, reportagens, histórias de ficção, blogues, entre outros), com o uso de estratégias de escrita (planejamento, produção de rascunho, revisão e edição final), apontando sonhos e projetos para o futuro (pessoal, da família, da comunidade ou do planeta).

Ciências Humanas – História Habilidades: (EF08HI19) Formular questionamentos sobre o legado da escravidão nas Américas, com base na seleção e consulta de fontes de diferentes naturezas. (EF08HI20) Identificar e relacionar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os legados da escravidão no Brasil e discutir a importância de ações afirmativas. (EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados. (EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na formação econômica, política e social do Brasil. (EF09HI21) Identificar e relacionar as demandas indígenas e quilombolas como forma de contestação ao modelo desenvolvimentista da ditadura. (EF09HI25) Relacionar as transformações da sociedade brasileira aos protagonismos da sociedade civil após 1989. (EF09HI26) Discutir e analisar as causas da violência contra populações marginalizadas (negros, indígenas, mulheres, homossexuais, camponeses, pobres etc.) com vistas à tomada de consciência e à construção de uma cultura de paz, empatia e respeito às pessoas.

Geografia Habilidades: (EF08GE01) Descrever as rotas de dispersão da população humana pelo planeta e os principais fluxos migratórios em diferentes períodos da história, discutindo os fatores históricos e condicionantes físico-naturais associados à distribuição da população humana pelos continentes. (EF09GE01) Analisar criticamente de que forma a hegemonia europeia foi exercida em várias regiões do planeta, notadamente em situações de conflito, intervenções militares e/ou influência cultural em diferentes tempos e lugares.

Ciências da Natureza

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Habilidades:

(EF08CI08) Analisar e explicar as transformações que ocorrem na puberdade considerando a atuação dos hormônios sexuais e do sistema nervoso.

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Matemática Habilidades: (EF08MA23) Avaliar a adequação de diferentes tipos de gráficos para representar um conjunto de dados de uma pesquisa. (EF09MA22) Escolher e construir o gráfico mais adequado (colunas, setores, linhas), com ou sem uso de planilhas eletrônicas, para apresentar um determinado conjunto de dados, destacando aspectos como as medidas de tendência central.

Educação Física Habilidades: (EF89EF16) Experimentar e fruir a execução dos movimentos pertencentes às lutas do mundo, adotando procedimentos de segurança e respeitando o oponente. (EF89EF17) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimentadas, reconhecendo as suas características técnico-táticas. (EF89EF18) Discutir as transformações históricas, o processo de esportivização e a midiatização de uma ou mais lutas, valorizando e respeitando as culturas de origem.

Ensino Religioso Habilidades: (EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas que contribuem para a promoção da liberdade de pensamento, crenças e convicções. Unidade temática 9º ano: Crenças religiosas e filosofias de vida. Objeto de conhecimento: Imanência e transcendência (EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespeito à vida, por meio da análise de matérias nas diferentes mídias.

REFERÊNCIAS BASTIDE, Roger. Estudos afro-brasileiros.

São Paulo: Perspectiva,

1993. 384 p. Estudos. Ciências sociais. BEZERRA, Francisca Adriana Bezerra da Silva; MARTINS, Josefa Christiane Mendes; PEREIRA, Crígina Cibelle. Práticas interdisciplinares no ensino de Geografia: a literatura como ferramenta didática. In: FÓRUM INTERNAFiped... Imperatriz: UniCIONAL DE PEDAGOGIA, 8., 9-12 nov. 2016. Anais Fiped

EDITORA BAOBÁ LTDA. versidade Federal do Maranhão/Editora Realize, 2016.

Exemplar de divulgação – venda proibida BRAGA, Regina Maria. Três etapas. In: ______. Construindo o leitor competente: atividades de leitura interativa para a sala de aula. São Paulo: Petrópolis, 2002. 51


BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC, 2017. CHINEN, Nobuyosh. O papel do negro e o negro no papel. Representação e representatividade dos afrodescendentes nos quadrinhos brasileiros. 2013. 296 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo. DIAS, Cíntia Alves. O papel da interdisciplinaridade na formação do leitor literário. In: CONGRESSO NACIONAL DE LEITURA E LITERATURA INFANTIL E JUVENIL, 3., 9-11 maio 2012. Anais... Porto Alegre: EdiPUCRS, 2012. FERREIRA, Fábio. Godi – um menino chamado liberdade. Belo Horizonte. Editora Baobá, 2018. KATO, M. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1985. KOTTWITZ, Delcivane Troian. O que se lê nas aulas de Língua Portuguesa?: o lugar do texto literário no Ensino Fundamental. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras Português e Espanhol – Licenciatura), Faculdade de Letras, Universidade Federal da Fronteira do Sul, Chapecó, 2014. PINTO, Ana Flávia Magalhães. A imprensa negra no Brasil do século XIX. São Paulo: Selo Negro Edições, 2010, 184 p. RODRIGUES, Paula Helena Goulart. O letramento literário nos anos finais do ensino fundamental com foco na ascensão da escola pública como mediadora da cultura letrada. Dissertação (Mestrado Profissional) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.

Sites disponíveis http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/05/historico-da-imprensa-negra-no-brasil-pauta-seminario-de-comunicacao. acesso em 28/07/2018 https://www.geledes.org.br/>acesso em: 25 jul. 2018 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalhttp://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/16092_8081.pdf >. Acesso em: jul. 2018.

EDITORA BAOBÁ LTDA. http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/16092_8081.pdf cesso em: jul. 2018. Exemplar

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https://novaescola.org.br/conteudo/324/leitura-de-jornal-na-sala-de-aula Acesso em: jul. 2018. 52


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Neste material de apoio ao professor, atendendo as indicações de competências e habilidades a serem

desenvolvidas de acordo com a Base Nacional Co-

mum Curricular (BNCC), trazemos uma proposta reflexiva e direcionada para o trabalho com o livro literário Godi – um menino chamado liberdade, de

Fábio Ferreira, com ilustrações de Diogo Carneiro,

no âmbito do PNLD 2020 para estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental.

ISBN: 978-85-66653-59-5

EDITORA BAOBÁ LTDA. Exemplar de divulgação – venda proibida www.editorabaoba.com.br


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