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Atividade 3: Candomblé – patrimônio artístico e cultural do Brasil
Naqueles anos da juventude, parece que Joaquim se cegou pelo falso brilho que a cultura holandesa lhe trazia, pois, no fundo, o protagonista não encontraria benesses, favores ou recursos que de fato lhe fizessem sair do mundo em que vivia. Era bem-intencionado, queria ajudar seu povo de alguma maneira, mas tentar ser um europeu não deu certo. O mundo funcionava, tanto para ele quanto para os demais oprimidos, como uma série de prisões em várias camadas: as sociais, as políticas e as geográficas. O que foi comentado nos parágrafos anteriores serve como um direcionamento analítico que você pode empregar para a discussão. Como segunda parte da atividade, leia com seus alunos o texto “Escravidão e racismo”, que consta no livro Sobre o autoritarismo brasileiro, de Lilia Schwarcz, indicado na bibliografia comentada. Depois, indague a turma sobre o que mudou ou não, no decorrer dos séculos, para as classes menos favorecidas no Brasil em termos de qualidade de vida, de acesso aos bens imateriais e materiais, de acesso à educação de qualidade, etc. Algumas perguntas que você pode fazer a eles são: “a mudança de condição social continua tão difícil para muitas pessoas hoje em dia quanto era para Joaquim? Que tipos de racismo se fazem presentes em nosso país? De que forma as pessoas expressam racismos em suas falas, comportamentos e ações? Quais tipos de antagonismos podem ser encontrados entre os diferentes grupos, raças, etnias e classes sociais em nosso país?”. Assim como os alunos puderam analisar a linguagem dos personagens, finalize a atividade pedindo que eles escolham algum outro tipo de discurso (pode ser uma entrevista, uma postagem, uma performance) e vasculhem as ideologias inerentes a ele. Em aula posterior, cada aluno lhe entregará um texto argumentativo e analítico sobre o discurso escolhido.
ATIVIDADE 3: Candomblé – patrimônio artístico e cultural do Brasil
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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6
Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. (BRASIL, 2018, p. 496)
HABILIDADE
(EM13LGG601) Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica.
O objetivo desta atividade é apresentar o candomblé como parte de nosso patrimônio artístico e cultural, reflexo da diversidade religiosa de nosso
povo, mas, ao mesmo tempo, alvo histórico de intolerâncias por parte de outras religiões. No livro Maurícia, existem referências a práticas religiosas africanas que, posteriormente, se consolidariam nas diversas nações de candomblé, sobretudo a partir do século XIX, e também na umbanda, a partir de princípios do século XX. Leia com seus alunos os excertos a seguir: E mandou chamar uma preta velha da Guiné que trabalhava como cozinheira em um convento de Olinda. (…) Ela, conhecedora das coisas de além-mar, baforou no rosto de meu irmão, após tragar com seu cachimbo três vezes, e fez cara de preocupação logo em seguida: — Hum-hum. – falou, em reprovação. – Moleque não tem Egum encostado, não. Moleque tá é doente da carne mesmo. (…) (…) Disse, com outra voz, ser uma servidora do espírito das matas e das ervas, Ossayin. (p. 32) Carreguei-a até a palhoça de minha negra de confiança: Mutuma, parteira e dona dos búzios e das conchas. (…) — É Elegbara quem fala, fio. Moça branca corre perigo. O mensageiro dos orixás pede favor. À serventia de Ogum, senhor de todas as demandas e lutas, vai Exu pelear. Eu preparo a oferenda, me traga farinha de mandioca e bom azeite de dendê. O resto eu faço pra tentar salvar essa alma. Laroiê, Exu! (p. 97)
A partir desses trechos, pergunte aos alunos o que eles sabem sobre religiões de matrizes africanas e que informações trazem sobre os elementos africanos mencionados no texto: Egum, Ossayin, Elgbara, Exu, Ogum, búzios, dendê, etc.
Em seguida, peça para lerem a reportagem “Amor e fé: fotografia que combate a intolerância contra religiões de matriz africana”, disponível no link a seguir: https://www.brasildefato.com.br/2020/01/22/amor-e-fefotografia-que-combate-a-intolerancia-contra-religioes-de-matriz-africana Peça aos estudantes para comentarem a importância de um trabalho artístico para a valorização das religiões de matrizes africanas e pergunte qual tipo de angulação o fotógrafo e candomblecista Roger Cipó preferiu usar em suas fotos.
A atividade se encerrará com uma pesquisa realizada pela turma sobre as principais entidades espirituais de alguma nação de candomblé (Ketu, Jeje e Angola, etc.). Como sugestão, mencionamos na bibliografia a obra Mitologia dos orixás, de Reginaldo Prandi, um bom ponto de partida tanto literário quanto fotográfico.