ROMIETA E JULIEU - TECNOTRAGÉDIA AMOROSA

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EDITOR: Rafael Borges de Andrade

SUPERVISÃO EDITORIAL: Maria Zoé Rios Fonseca

GERENTE EDITORIAL: Mário Vinícius Silva

PROJETO GRÁFICO ORIGINAL E ILUSTRAÇÕES: Marcelo & Marconi Drummond

ADAPTAÇÃO DE PROJETO GRÁFICO PARA ESTA EDIÇÃO: Editora RHJ

REVISÃO DE PROVAS: Olívia Almeida

Créditos das imagens utilizadas nas colagens digitais (Registros fotográficos do muro da Casa di Giulietta, em Verona, Itália): 4kclips / 123RF; Anastasia traveller / Alamy Stock Photo; Elena Odareeva / Alamy Stock Photo; Ivan Smuk / Alamy Stock Photo; Jeffrey Argent / Alamy Stock Photo; Philipp Zechner / Alamy Stock Photo; Steven Milne / Alamy Stock Photo; vkstudio / Alamy Stock Photo

Imagem de capa: Alfred Schauhuber / imageBROKER / Alamy Stock Photo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

R484r Ribeiro, Ana Elisa

Romieta e Julieu: Tecnotragédia amorosa / Ana Elisa Ribeiro ; ilustrado por Marcelo Drummond, Marconi Drummond. - 2. ed. - Belo Horizonte : RHJ, 2021.

176 p. : il. ; 13,5cm x 20,5cm.

ISBN: 978-65-88618-06-6

1. Literatura brasileira. 2. Romeu e Julieta. 3. Transcriação. 4. Tecnologias digitais da comunicação. I. Drummond, Marcelo. II. Drummond, Marconi. III. Título.

2021-657

CDD 869.8992

CDU 821.134.3(81)

Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior - CRB-8/9949

Índice para catálogo sistemático:

1. Literatura brasileira 869.8992

2. Literatura brasileira 821.134.3(81)

2ª edição, março de 2021

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito da editora.

Todos os direitos reservados à: RHJ Livros Ltda.

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Telefone: (31) 3334-1566

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Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Para o Dudu, meu . Para a Carla Coscarelli, parça em digitalidades.

Explicação necessária I

ATO I

Cena I

De quando a treta começa na rua e Romeu confessa que está apaixonado, mas seu amigo não aprova a candidata

Cena II

De quando a turma arranja uma balada para ir de penetra e se mostrar na pista

Cena III

De quando rola um papo de mãe para filha e dona Capuleta sugere que Julieta já devia pensar em se casar #oi?

Cena IV

De quando rola a balada e a turma do Romeu entra de penetra

Cena V

De quando Romeu e Julieta se veem e trocam ideia pela primeira vez, numa balada na casa dela

ATO II

Cena I

De quando Romeu já está apaixonado e quer reencontrar Julieta

Cena II

De quando Romeu pula o muro da casa da Julieta e eles conversam ali, ela divando na sacada

Cena III

De quando Romeu procura o padre e confessa estar apaixonado por Julieta

Cena IV

De quando Romeu decide se casar com Julieta e pede à empregada dela que avise para se encontrarem na igreja

Cena V

De quando a empregada dá o recado a Julieta e shipa o casal, assim como o padre

Cena VI

De quando Romeu e Julieta são casados pelo padre e, às escondidas, tornam-se então Romieta e Julieu

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ATO III

Cena I

De quando rola uma briga entre Montékios e Capuletos na rua, Romeu acaba matando um parente de Julieta e dá ruim para todo mundo

Cena II

De quando a empregada dá a má notícia a Julieta e a coisa fica feia, mas Julieta ainda acredita no amado

Cena III

De quando Romeu, protegido pelo padre, precisa sair fugido da cidade, mesmo morrendo de amor por Julieta

Cena IV

De quando, sem saber de nada sobre a filha com Romeu, os Capuleto arranjam outro namorado pra ela, o jovem Páris

Cena V

De quando Romeu pula o muro de novo para falar com a amada, os dois combinam um esquema e Julieta é informada pelo pai de que ficaria noiva do tal do Páris. Ferrou!

ATO IV

Cena I

De quando Páris procura o padre para falar de casamento com Julieta e o padre depois recebe a moça e dá a genial ideia a ela: fingir-se de morta!

Cena II

De quando Julieta, com tudo armado, volta para casa e vai se preparar #loka

Cena III

De quando Julieta de fato toma o remedinho que a faz desmaiar como se estivesse morta

Cena IV

De quando os Capuleto acordam jurando que vai ter casamento da filhota com o jovem Páris #sqn

Cena V

De quando a empregada encontra Julieta “morta” no quarto e avisa à família

73 75 106 83 86 89 99 108 101 91 112 114

ATO V

Cena I

De quando Romeu, expulso da cidade, resolve voltar atrás da amada Julieta, mas, antes, compra um veneno com um cara na farmácia...

Cena II

De quando a gente fica sabendo que o padre tinha mandado avisar ao Romeu que Julieta estava de armação, mas a mensagem não chegou

Cena III

De quando Romeu e Páris se encontram em pleno cemitério, ambos visitando a amada morta e enterrada. Dá polícia, dá Prefeito, chega todo mundo e dá tudo errado... sem spoiler, por favor.

Romieta e Julieu ou Romeu e Julieta, como quiser

Posfácio | Maria Valéria Rezende #diva

Paratexto | Explicação necessária II

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NECESSÁRIAEXPLICAÇÃO I

Para entender o contexto, é importante saber que todo mundo nesta trama é rico ou quase rico. Aliás, ou é patrão ou é empregado. A história é famosíssima, das mais conhecidas do mundo, tendo atravessado não apenas o tempo (é ambientada no século XVI, tipo anos 1500, imagina?) e o espaço (foi na Europa, entre Inglaterra e Itália), mas também as línguas.

Romeu e Julieta foi escrita como peça de teatro por William Shakespeare (fala-se chêiquispir ou, com sotaque britânico, chêiquispear), em inglês. Existem versões dela em muitas línguas, inclusive em português. Esta aqui é uma versão que também atravessa as tecnologias, como vamos saber. Não é fiel, não pretende ser idêntica (nem teria jeito), mas também não deseja ofender ninguém. Milk-shakespeare que nos perdoe! Mas e se fosse hoje? E se fosse com as nossas tecnologias do século XXI, esta tragédia ainda poderia acontecer, com tantos canais de comunicação?

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Eu fiz assim: primeiro eu reli R&J algumas vezes, recentemente, porque eu já conhecia esta história desde que nasci. O querido tradutor Sérgio Karam me deu um livro de presente e eu comecei a estudar. E sempre me vinham umas ideias na cabeça, pensando no mundo de hoje e nos tempos remotos. Depois eu baixei um texto de R&J da internet, em boa tradução também, pus no meu computador e comecei a traduzir.

Só que, em vez de traduzir de uma língua para a outra, eu comecei a traduzir o tempo, as maneiras, a linguagem, os recursos do tempo presente, como os personagens poderiam dizer e fazer as coisas hoje e assim por diante. Foi estressante, mas muito divertido. Durou alguns meses porque eu tinha de ir e voltar, refazer, reler, às vezes ficar um tempo distante, depois ser interrompida por muitas outras coisas, voltar, reler, reescrever. Estava tão ligada na ideia que pensava novos elementos, ouvia adolescentes conversando em Belo Horizonte, onde nasci e resido, mas também no não território das redes sociais, onde conversam jovens de vários lugares, com seus sotaques e suas culturas, que se cosem a outras,

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formando uma linguagem peculiar; me lembrava de mais detalhes, até chegar a uma versão para entregar à editora, para que ela começasse outra fase do trabalho: copidesque, design, revisão, etc. Uma alegria!

ATENÇÃO

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MONTÉKIO

AVATARES, PERFIS & GRUPOS PAIS

MONTÉKIO

chefão de uma família rica da cidade.

Hater dos Capuleto

SENHORA MONTÉKIO tão submissa que não sabemos seu nome

CAPULETO

CAPULETO chefão da família na cidade, hater do Montékio e de sua família também

FILHOS JOVENS

ROMEU

filho do senhor Montékio, rico e poderoso na cidade, então Romeu Montékio

DA CASA DOS MONTÉKIO

ABRAÃO, empregado da casa de Montékio

BALTASAR, o Balta, empregado do Romeu

SENHORA CAPULETO vamos chamá-la dona Capuleta, porque o nome também não aparece

JULIETA

filha do Capuleto, outro rico e poderoso da cidade, então Juju Capuleto

DA CASA DOS CAPULETO

EMPREGADA DOS CAPULETO, inclusive deu de mamar a Julieta, vamos chamá-la Ana

PEDRO, empregado dos Capuleto que obedecia a Ana (ela devia ser crush dele...)

ANTÔNIO CUCA

OUTROS CRIADOS

FREI LOURENÇO ou simplesmente Padre, que vivia metido lá com eles

DOS AMIGOS E PARENTES

ÉSQUILO, filho do manda-chuva da cidade, tipo o Prefeito MERCURY, riquinho, parente do Ésquilo e amigo de Romeu

PÁRIS, riquinho, parente do Ésquilo também (com esse nome, mega ar de riquinho)

Puxa-saco do Páris (sempre tem um...) BENVINDO, o Ben, sobrinho do Montékio, amigo de Romeu e Mercury

TEO, sobrinho da dona Capuleta PRIMO IDOSO DO CAPULETO SANSÃO

GREGÓRIO

OUTROS

FREI JOÃO

O FARMACÊUTICO DA CIDADE VIZINHA

TRÊS MÚSICOS (Simão Viola, Hugo Rabeca, João do Grito) Integrantes da guarda População da cidade Mascarados do baile Outros empregados

A TRETA ACONTECE NO CENTRÃO DA CIDADE

Duas famílias, Montékio e Capuleto, vivem às turras. Não se sabe direito por quê (mulher, amor, dinheiro, traição?), mas os dois homens se odeiam. E toda a família e os amigos têm de odiar junto. Vivem se detonando, haters um do outro, inclusive espalhando fake news nas redes sociais. Você sabe o que é polarização? Soa-lhe familiar, né? Pois então: cada um no seu quadrado e de lados opostos. Brigando, claro!

Acontece que os filhos dos ricos estudam todos na mesma escola. Todo mundo colega desde bebê, na escola privada bilíngue. E nem é questão de Lei de Murphy. É que era evidente que Romeu Montékio, um dos últimos nomes da chamada, um dia iria se cruzar com a Juju Capuleto. E isso só poderia dar ruim!

#amordemais

Guerra feia. Sem dó, um odiando o outro, falando mal do vizinho, se alfinetando nas reuniões de pais e nas feiras de ciências. As donas Montékio e Capuleto agarradas nos maridos,

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sem poderem nem se cumprimentar. Até que rolava entre as duas uma simpatia, podiam ser amigas, falar de coisas legais, mas não. Nem um aceno. Não adiantou tanta raiva de cá e de lá. Romeu Montékio e Julieta Capuleto, um dia, se cruzaram na escola, se miraram de longe, no corredor, ignorando geral o ódio cruzado dos pais, trombaram seus ombros e se pediram desculpas.

Essa guerra era antiga. E daí? O que os dois tinham com isso?

Foi-se o tempo em que os jovens não dialogavam com os pais, não é? Ou ainda não? Bem, paciência então.

Depois dessa trombada meio de propósito, vejam só o que aconteceu... e cuidado: é uma .

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Romeu Opa, foi mal. Julieta Foi mal. Eu, hein...

Sansão

Greg Sansão

SANSÃO E GREG(ÓRIO) ENTRAM NA CENA, NA CASA DOS CAPULETO, ISTO É, NA CASA DE JULIETA. ENTRAM FALANDO ALTO, MOSTRANDO COMO SÃO VALENTÕES:

Greg, cê vai levar desaforo pra casa, véi?

Calmaê, cara.

Cara, se eu passar raiva, eu não me seguro. É tiro, porrada e bomba.

Greg

Sansão

Não adianta, meu. Depois cê vai preso.

Tô nem aí. Se me provocar, eu não me responsabilizo.

Greg

Sansão

Não é assim, fica frio.

Ah, ainda mais se for da laia dos Montékio. Detono mesmo.

Greg

Sansão

Que nada!

Nem ligo se é homem ou mulher. Se for Montékio, é nóis na fita.

Greg

E olha que essa briga nem é nossa! O que temos com isso?

Sansão

Greg Sansão

Sei lá. Detono todo mundo. Vou cobrir de porrada.

Mesmo as meninas, cara?

Mesmo elas. E ainda assedio.

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Sansão

Abraão Ben Greg

Pois então prepare-se, seu louco. Lá vêm eles.

ABRAÃO E BALTA, EMPREGADOS DOS MONTÉKIO, CHEGAM ESTOURADOS, JÁ ATREVIDOS, PROVOCADOS PELOS DOIS CAPULETO, QUE FALAVAM ALTO.

Nem vem, vou dar porrada, Greg.

Oi? Como é que é?

Se vocês provocarem, a gente revida. A lei estará do nosso lado.

Afe! SÓ QUE SANSÃO PROVOCOU MUITO, PROVOCOU ATÉ GREG PERDER A PACIÊNCIA. #TENSO

UNS PROVOCANDO OS OUTROS, FAZENDO SINAIS, DANDO CORDA PRA UMA BRIGA QUE JÁ VINHA DE LONGE. E AÍ CHEGA BEN:

O que está rolando aqui? Parem com isso vocês.

E CHEGA TEO TAMBÉM, PONDO LENHA NA FOGUEIRA, CHAMANDO OS MANOS DE “COELHINHAS”, TIRANDO ONDA COM A CARA DELES.

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BEN ATÉ QUE TENTOU, MANDOU O “DEIXA DISSO”, MAS NÃO FEZ EFEITO. A IDEIA ERA EVITAR A TRETA, SEPARAR OS CARAS, MAS COMO? E O TEO SOLTA ESTA: Abraão Sansão

Três ou quatro populares curiosos

Pro inferno esses Montékio! Que se lasquem!

AH, PRA QUÊ? COMEÇOU ENTÃO A PORRADARIA. E NÃO ERA SÓ SOCO E PONTAPÉ, NÃO. TINHA CANIVETE, FACA, PEDAÇO DE PAU. OS CARAS AGREDINDO FEITO BRIGA DE TORCIDA ORGANIZADA. UM HORROR TOTAL, TRETA.COM.BR, SACA? E VEIO MAIS GENTE, UM POVÃO FOI SURGINDO, TUDO GRITANDO CONTRA AS DUAS FAMÍLIAS:

Capuleto e Montékio, seus malas sem alça!

QUE NINGUÉM AGUENTAVA MAIS AQUELA BRIGA ANCESTRAL. SÓ QUE AÍ CHEGA O VELHO CAPULETO. COM ELE, CLARO, DONA CAPULETA.

Capuleto

O que está acontecendo aqui? Me dá um pedaço de pau desses.

E MAIS UM POUCO, CHEGAM TAMBÉM OS MONTÉKIO, MARIDO E MULHER. E JÁ CHEGAM CHEGANDO:

Montékio

Capuleto, o que há?

E MAIS UM ENTRA NA TRETA: ÉSQUILO, O FILHO DO PREFEITO. E VEM DANDO SERMÃO, LIÇÃO DE MORAL:

Ésquilo

Pô, pessoal. Estão perturbando a ordem? São homens ou ratos? Deixem disso. Esta cidade tem leis. Bora todo mundo pra casa descansar, bora? Ficam aí arranjando confusão. Assim não dá. Seguinte: todo mundo pra delegacia. Vamos registrar um BO e ver no que dá. Ninguém merece!

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Teo

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