Representação das Minorias Étnicas Análise dos filmes “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” e
“Páginas de Liberdade”
Ana Rita Neves Rogado N.º: 218083 Unidade Curricular: Semiologia Docente: Célia Belim 1.ºano: Ciências da Comunicação Ano letivo 2014/2015
Índice 1.
Introdução .................................................................................................................................................. 5
2. Análise do código cinematográfico ................................................................................................................ 5 2.2. Análise do filme “Páginas de Liberdade” .................................................................................................... 8 3.
Reflexão sobre a mensagem que os filmes passam ................................................................................. 10
3.1. Análise de conteúdo do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” ............................................. 10 3.2. Análise de conteúdo do filme “Páginas de Liberdade” ............................................................................ 11 3.3. O Ethos como elemento da narrativa ....................................................................................................... 12 4.
Relacionar o tema escolhido com a realidade social ............................................................................... 13
4.1. Análise do discurso do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” ............................................... 13 4.2. Análise do discurso do filme “Páginas de Liberdade” .............................................................................. 13 4.2. Contextualização e referências à cultura ................................................................................................. 14 5.
Conclusão.................................................................................................................................................. 14
6.
Bibliografia ................................................................................................................................................ 15
7. Webgrafia ..................................................................................................................................................... 15 8. Anexos ......................................................................................................................................................... 16 8.1. Anexos do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” .................................................................. 16 8.2. Anexos do filme “Páginas de Liberdade” .................................................................................................. 18 9.
Apêndices ................................................................................................................................................. 21
Índice das ilustrações Figura 1 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 16 Figura 2 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 16
Figura 4 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 16 Ana Rita Rogado N.º 218083
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Figura 3 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 16
Figura 5 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 16 Figura 6 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 17 Figura 7………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 17 Figura 8 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 17 Figura 9 ………………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 17 Figura 10 ……………………….………………………….………………………….………………………….………………………….…………. 17 Figura 11 ………………………….………………………….……………………….………………………….………………………….…………. 17 Figura 12 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 17 Figura 13 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 18 Figura 14 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 18 Figura 15 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 18 Figura 16 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 18 Figura 17 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 18 Figura 18 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 19 Figura 19 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 19 Figura 20 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 19 Figura 21 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 19 Figura 22 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 19 Figura 23 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 19 Figura 24 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 20
Figura 26 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 20 Ana Rita Rogado N.º 218083
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Figura 25 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 20
Figura 27 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 20 Figura 28 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 20 Figura 29 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 21 Figura 30 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 21
Índice de tabelas Tabela 1 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 21 Tabela 2 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 21 Tabela 3………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 22 Tabela 4………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 24 Tabela 5………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 25 Tabela 6 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 25 Tabela 7 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 26 Tabela 8 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 26
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Tabela 9 ………………………….……………………….………………………….………………………….………………………….…………. 26
1. Introdução No âmbito da unidade curricular de Semiologia, o presente trabalho pretende explorar a temática “Representação das minorias étnicas”. A escolha do tema deve-se ao facto de se tratar de uma realidade presente na nossa sociedade e por se relacionar com a área de Ciências da Comunicação, uma vez que os media são instituições e, como tal, inserem-se na sociedade. Por outro lado, a escolha do tema baseia-se nas minorias étnicas serem muitas vezes abordadas nos meios de comunicação social com uma conotação negativa. A exploração do tema irá realizar-se através da análise dos filmes “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” (2009) e “Páginas de Liberdade” (2007). A escolha do primeiro filme prendeu-se ao facto de retratar a realidade da sociedade portuguesa, com contrastes extremos entre a "alta classe" e minorias étnicas de "baixa classe". Relativamente ao filme “Páginas de Liberdade”, a seleção foi feita por abordar desafios que uma educação problemática pode exigir, retratando acontecimentos verídicos presentes no livro “The Freedom Writers DIaries”, baseado nos relatos da professora Erin Gruwell e dos seus alunos. Os objetivos e as metodologias traçados para a realização do trabalho foram os seguintes: análise dos filmes propostos anteriormente (análise do código cinematográfico); reflexão sobre a mensagem que os filmes passam (análise de conteúdo e o “ethos” como elemento da narrativa); e relacionar o tema escolhido com a realidade da sociedade (análise do discurso). Por último será feita uma contextualização do tema e referências à cultura presentes nos dois filmes.
2. Análise do código cinematográfico 2.1. Análise do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” O Cinema nasceu da união de várias formas de expressão que não perdem inteiramente as suas leis próprias, como a imagem, a palavra, a música, os ruídos (Metz, 1869). Como tal, a imagem fílmica interpreta a realidade, numa linguagem específica, com regras e estruturas próprias que se pode decompor nos seus elementos significativos: a cor, o som, a montagem, os enquadramentos, as sequências, os diálogos, a cenografia (Moscariello, 1985), analisados de seguida. O filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” (2009) é um filme português realizado por Joaquim Leitão, com argumento de Tino Navarro e Manuel Arouca. Inserido nos géneros cinematográficos de Drama e Romance1, tem a duração de 120 minutos (cinema.sapo.pt, s.d.). As personagens principais são facilmente 1
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O drama romântico tende a focalizar a sua atenção nas relações afetivas de maior intimidade ou cumplicidade, dando frequentemente a ver o seu reverso, as suas dificuldades e incomunicabilidades, a sua transitoriedade ou incompatibilidade. Por eleger como tema fulcral o mais compulsivo dos afetos, tende a suscitar o maior envolvimento do espectador (Nogueira, 2010, p. 30).
identificáveis: Lourenço Figueiredo, um jovem de 15 anos; e o seu pai, Francisco Figueiredo, um conhecido treinador de futebol do auge da sua carreira profissional. O ponto de partida da história dá-se quando Francisco Figueiredo faz chegar um papel ao jogador (ver figura 1 dos anexos) que ia marcar um penálti no jogo de futebol. Tal facto deve-se ao bom carácter do treinador que não quer ganhar a Taça com corrupção dentro do clube. Posto isto, a equipa perde o final da Taça de Portugal, Francisco é despedido e nenhum outro clube o contrata. A classe social a que a família pertence, é-nos mostrada ao longo do filme através de, por exemplo, os colegas de escola de Lourenço tratarem a mãe do jovem por “tia”, pela moradia de luxo em Cascais2 onde a família habita (ver figura 2 dos anexos), com objetos de cena com cores predominantemente quentes, como o vermelho, pelas roupas que vestem, por passarem férias no Algarve3, por Lourenço frequentar a um dos melhores colégios privados do país, pela experiência profissional de Filomena Figueiredo, cujo único emprego foi relações públicas, há muitos anos atrás, antes de se casar. Na sequência de Francisco ter sido despedido, Lourenço é, então, obrigado a frequentar uma escola pública. O clima que se vive no estabelecimento de ensino, frequentado por muitos alunos negros e delinquentes do Bairro da Cova da Moura4, é completamente oposto ao ambiente onde Lourenço cresceu. A preocupação de Francisco relativamente à nova escola do filho é-nos revelado quando vigia Lourenço depois das aulas. A forma como a câmara de filmar se movimenta, que nunca o faz de maneira indiferente (Moscariello, 1985, p.16), num ângulo plano, primeiramente com a câmara subjetiva, como se a câmara estivesse nos olhos de Francisco e, mais tarde, afasta-se, filmando-o de trás, com o filho ao longe (ver figura 3 e 4 dos anexos), bem como uma música triste, transparecem uma cena intensa. Com a ajuda de uma amiga, a esposa do treinador de futebol vai trabalhar para Angola. Quando conta ao marido que se vai ausentar, a banda sonora contribui para acentuar o clima de tensão entre eles – crise dramática. A narrativa irá desenrolar-se em torno de o drama da família destruída e um romance entre Lourenço e Kátia, uma rapariga negra da sua turma. Os sentimentos entre Lourenço e a rapariga começam a surgir a partir do momento em que caem em cima um do outro na aula de educação física (ver figura 5 dos anexos), momento decisivo para o rumo e, consequentemente, desfecho da narrativa. Ao mesmo tempo, Lourenço desenvolve uma amizade com Mané, irmão de Cátia, ao deixá-lo copiar no teste de matemática e, posteriormente, ao ajudá-lo a compreender a matéria.
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Uma vila portuguesa do distrito de Lisboa, situada junto à orla marítima, onde encontramos empreendimentos hoteleiros, pequenos cafés, campos de golfe e praias fantásticas (Câmara Municipal de Cascais, 2014) 3 Região turística mais importante de Portugal e uma das mais importantes da Europa. 4 Um bairro que se situa no município da Amadora é um dos bairros mais problemáticos e um dos maiores enclaves de população imigrante, principalmente oriundos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, existentes na área metropolitana de Lisboa.
A má educação dos alunos da escola que Lourenço então frequenta é retratada, para além do barulho/ ruido que se houve, através de uma frase mal construída lexicalmente proferida por um aluno: “Eu também te estou te a ver a ti também”. Mané leva Lourenço ao bairro social onde, assim que chega, presencia uma cena de venda de droga. Um carro com uma tonalidade azul (ver figura 6 dos anexos), pouco frequente, indica que é, provavelmente, um carro modificado ilegalmente. O campo de areia, onde as crianças do bairro social passam o tempo, sem estar delineado e com balizas sem redes, mostra-nos o nível de vida das pessoas que vivem no bairro (ver figura 7 dos anexos). A tristeza e o momento difícil por que a família atravessa é representado quando Lourenço anda à chuva durante a noite, pela música triste que o acompanha e pelo facto de encontrar o pai cabisbaixo quando chega a casa. Uma introspeção marcada por uma tristeza profunda é feita quando Francisco regressa ao passado através das memórias – flash back - que tem a jogar futebol com o filho, momentos felizes em família. Neste momento dá-se um close-up, onde a câmara filma o treinador de futebol, num ângulo alto, contudo, bem perto do seu rosto, pensativo, enfatizando o seu estado-de-espírito, com o plano de fundo de folhas de uma árvore a abanarem e onde se ouve o barulho do vento (ver figura 8 e 9 dos anexos). A pobreza em que se encontram é cada vez mais acentuada, manifestada quando Fernando, ao ir às compras, tem de olhar para o preço da gelatina e não a pode comprar, em concomitância com memórias – flash back - e com a banda sonora triste. O frio, o frigorífico vazio, a sala sem mobiliário, a barba por fazer, o cabelo sujo e despenteado (ver figura 10 e 11 dos anexos) reforçam a decadência psicológica de Francisco, que já não reage ao que o filho lhe diz. A câmara tenta sempre enfatizar o estado-de-espírito de Francisco – close-up – tornando bastante nítido a tristeza profunda do ex-treinador de futebol. Os planos são simples, vazios, apenas com as duas personagens, filmadas predominantemente em ângulos planos, numa casa vazia. Abraçados, Lourenço promete tomar conta do pai. Vende a guitarra – o objeto que mais gostava -, vai às compras com o seu dinheiro, faz a barba ao pai, procura emprego e exercita-lhe a memória ao contar-lhe coisas do passado. Lourenço vê-se envolvido no meio de uma rusga – representado pelo barulho e pelas luzes das sirenes e com os negros do bairro da Cova da Moura a correrem por todo o lado. Os dois jovens apaixonados fogem juntos para o lugar favorito de Cátia, conotado de sentimentos positivos e de paz. De seguida, o jovem vê a habitação de luxo em Cascais despejada, por dívidas em atraso. As memórias do futebol e do passado feliz da família são alternadas com a depressão de Francisco. Há que ter em atenção a forma como a câmara se movimenta, tendo Francisco como plano principal e como plano de fundo a
simultaneamente a uma melodia forte e triste. Ana Rita Rogado N.º 218083
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funcionária do tribunal da Amadora e os seus respetivos acompanhantes (ver figura 12 dos anexos),
Francisco e Lourenço vão viver para o bairro da Cova da Moura, o que era impensável noutros tempos. A cena (externa), cuja cor é, predominantemente, o castanho, é filmada no próprio bairro da Cova da Moura, onde são retratadas casas velhas a precisar de pintura, um barulho de fundo de pessoas a falarem – que nos passa a ideia de confusão e falta de privacidade - e grafites clandestinos. A câmara filma Francisco na varanda e, de seguida, filma – em câmara subjetiva - cordas de estender a roupa sem estarem esticadas, o que nos mostra que já foram bastante usadas, e uma humilde gaiola com um pássaro (ver figura 13 e 14 dos anexos). No fim, Lourenço mostra ao pai o orgulho que tem nele (ver tabela 2 dos apêndices, citação C), após Francisco se ter recordado, mais uma vez, do passado – flash-back – feliz em família. O filme, que se presta mais a um ecrã pequeno e lembra os telefilmes ou minisséries que passam nos canais privados (Pereira, s.d.), termina com a vitória da equipa de futebol do bairro da Cova da Moura que Francisco passou a treinar (ver figura 15 e 16 dos anexos).
2.2. Análise do filme “Páginas de Liberdade” O filme “Páginas de Liberdade”, de título original “Freedom Writers”, é um drama norte-americano lançado em 2007. Dirigido por Richard LaGravenese e produzido por Danny DeVito, Michael Shamberg e Stacey Sher, é inspirado em factos reais relatados do livro “The Freedom Writers Diaries”. A ideia para a realização do filme veio da jornalista Tracey Durning, ao fazer um documentário sobre a professora Erin Gruwell (cinema.sapo.pt, 2007). A história inicia-se com Eva, uma rapariga negra, a relatar memórias que tem da Guerra no seu diário – flash back. A jovem descreve atos como matarem pessoas à sua frente e prenderem o pai por retaliação e diz-nos que em Long Beach latinos, asiáticos e negros podem ser baleados a qualquer momento. Neste sentido, quando vai a passear com o amigo na rua, envolve-se num tiroteio. Ouve-se o barulho da travagem do carro e de tiros (ver figura 17 dos anexos). A professora Erin Gruwell, muito determinada, inteligente e organizada – filmada em plano médio retratado pela roupa que veste, predominantemente de cores fortes, como vermelho ou azul, pelos seus gestos e pelo seu discurso (ver figura 18 e 19 dos anexos) - apresenta o plano de estudos à direção da escola que, por sinal, não concorda com a integração das minorias étnicas. Nesta cena dá-se um close-up, ou seja, o plano em que a cena é filmada enfatiza caraterísticas físicas e psicológicas da personagem, centrando-se na forma como a professora se movimenta e responde às questões da docente que a recebe. O estilo de vida dos alunos desta escola é mostrado através da banda sonora que acompanha o desenrolar da ação, pelos graffitis nas paredes – filmagem panorâmica - por chegarem atrasados às aulas, pelos olhares de indiferença que têm uns pelos outros, pelas ações dos alunos dentro da sala de aula, como
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pintar as unhas, dormir, levantarem-se sem pedir autorização. Quando se dá um momento de tensão no
filme – crise dramática - a câmara filma mais devagar – slow motion -, podendo retratar bem as expressões de cada um. Quando os alunos se envolvem numa luta, a câmara filma com rapidez – quick motion -, com ruído de fundo, de forma a mostrar a confusão. Erin começa a ganhar a confiança dos alunos quando passa uma música de Tupac Shakur5. O climax da ação pertence a esta cena, uma vez que traça a viragem da história com a lição de moral que dá à turma sobre o holocausto e a forma como matavam os judeus e os negros (ver tabela 3 dos apêndices, citação A). Nesta cena a câmara centra-se quase sempre na professora, filmando a turma de trás, num ângulo plano, com exceção de quando filma, em close-up, as expressões faciais dos alunos. Só o único aluno branco da turma é que sabia o que era o holocausto. Posto isto, a professora pede para levantar a mão quem já levou um tiro. Todos os negros colocam a mão no ar. Este momento de tensão – crise dramática - é marcado por uma música triste e pela filmagem panorâmica – dando uma visão de todos os que já tinham levado um tiro (ver figura 20 dos anexos). A campainha da escola toca, o que cria suspense ao espectador, deixando-o com vontade de ver as cenas do próximo capítulo. A professora “ganha o coração” dos alunos quando faz o “Jogo da Linha” na aula (ver tabela 3 dos apêndices, citação B), um jogo de perguntas que quem se identificar com a questão aproxima-se da linha desenhada no chão. O entusiasmo dos alunos foi mostrado através do burburinho que provocam. As primeiras perguntas, de forma a ganhar a confiança dos participantes, tiveram a ver com as suas vidas. Por exemplo, perguntou-lhes quantos deles tinham o novo disco do Snoop Dogg ou quantos deles viviam em casas temporárias. Não é de estranhar que quase todos, com exceção do aluno branco, se tenham aproximado da linha. O jogo torna-se mais sério quando a professora pergunta quantos alunos conhecem alguém que esteve ou está no reformatório ou na prisão, quantos alunos conhecem alguém de um gang, quantos alunos são membros de um gang e quantos já perderam um amigo devido à violência de gangs (ver figura 21, 22 e 23 dos anexos). A ação é acompanhada por uma música triste, como as expressões dos alunos filmadas em close-up. Com o desenrolar da ação, a professora oferece um diário a todos os alunos (ver tabela 3 dos apêndices, citação C). Os relatos são impressionantes – flash-back: desde cenas de violência doméstica, demonstrados com muitos gritos de fundo – enquanto se ouve a voz da rapariga a ler o diário - e com o barulho de objetos a partirem-se (ver figura 24 dos anexos), a uma criança presa injustamente depois de ter visto o melhor amigo morrer à sua frente (ver figura 25 dos anexos) ou até mesmo desabafos como “sempre
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Rapper americano cujas músicas falam sobre crescer no meio da violência, da miséria, do racismo e de problemas sociais
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que ponho um pé na rua arrisco-me a levar um tiro” ou “ninguém se interessa pelo que faço”.
Numa visita de estudo ao “Simon Wiesenthal Center: Museum of Tolerance”, acompanhado por uma melodia de fundo, os alunos da professora Erin descobrem mais acerca do holocausto. A câmara preocupase em filmar, em travelling, as expressões atentas dos jovens (ver figura 26 dos anexos). A união de todos os jovens é bem clara. A começar por um placar bem grande – filmado em panorâmica - que diz “Toast for change” (ver figura 27 dos anexos), a “sacos com livros especiais” e copos de cidra que representam a mudança, ao jovem interessado em escrever – acompanhado de uma melodia alegre – à integração do único aluno branco da turma. O burburinho dos alunos neste momento representa o seu entusiasmo. Dá-se um momento de tensão - crise dramática - quando um aluno pede para ler uma passagem do diário, onde revela que a sua vida mudou com um telefonema que anunciava uma ordem de despejo que o fez ficar sem família e sem casa. É sem abrigo, os seus sapatos estão velhos e usa roupa do ano passado. Revela ainda que a professora Erin é a única pessoa que o faz pensar na esperança e que quando entra na sala sente-se como se todos os problemas da vida deixassem de existir, sente-se em casa. Lágrimas, uma melodia triste e abraços entre todos marcam esta cena. Depois de um “brinde à mudança”, há um ruído de fundo de pessoas alegres, a falar e a cantar, os alunos dançam todos juntos, mesmo com a professora e com o aluno branco. Erin envia as cartas dos alunos à senhora que escondeu Anne Frank. O segundo semestre do segundo ano começa com uma boa noticia para os alunos. A professora diz que no terceiro ano vai ser professora deles, o que origina um grande ruído e caras de felicidade (ver figura 28 dos anexos). No final do filme a professora propõe um projeto final aos alunos, por terem algo para dizer às pessoas, por serem escritores com voz própria. O livro acabou por ser publicado em 1999 e os alunos fundaram, juntamente com a professora, uma associação para ajudar os alunos com insucesso escolar por todo o país.
3.
Reflexão sobre a mensagem que os filmes passam
3.1.
Análise de conteúdo do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” O Filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” (2009) centra-se na história cativante de uma
família da alta-classe que, de um dia para o outro, vai à ruína e tem de se adaptar às circunstâncias da vida. A família Figueiredo habitava numa moradia de luxo em Cascais, passava férias no Algarve, a esposa de Francisco (chefe de família) não trabalhava e o filho Lourenço estudava num dos colégios mais prestigiados do país. Francisco Figueiredo, um treinador de futebol com uma carreira de sucesso, é despedido após uma decisão controversa que lhe saiu muito caro. Lourenço, o filho de 15 anos, um dos melhores alunos do
a mãe de Lourenço ter emigrado para Angola, o filho do treinador de futebol tenta adaptar-se à nova e dura Ana Rita Rogado N.º 218083
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Colégio, é obrigado a frequentar uma Escola Secundária pública com alunos do Bairro Cova da Moura. Após
realidade que é ter uma vida sem luxos, ao mesmo tempo que ajuda o pai a recuperar a estabilidade emocional que perdeu com a mudança drástica que se sucedeu na sua vida. Em concomitância com o desenrolar do drama familiar, Lourenço apaixona-se por Kátia, uma rapariga negra do Bairro da Cova da Moura. Kátia e a sua humilde família ajudam Lourenço e o pai num dos momentos mais difíceis das suas vidas – o despejo da moradia da família. O ex-treinador de futebol e o filho mudam-se para o bairro da Cova da Moura que, surpreendentemente, os leva a perceber que o verdadeiro valor da vida não está nos bens materiais. Neste sentido, o realizador, Francisco Leitão, leva o espectador a refletir sobre as várias realidades atuais da sociedade portuguesa: a difícil adaptação de um adolescente a uma escola problemática – com a mudança de Lourenço para a escola pública; o difícil relacionamento entre as várias classes sociais – com a luta entre os amigos do Colégio e os amigos a escola pública; a forma como as minorias étnicas são vistas – por a esposa de Francisco se recusar a pôr Lourenço numa escola cuja maioria dos alunos é de um bairro social; as dificuldades por que um desempregado passa – pela angustia que é não saber o dia de amanhã, pelo dinheiro se esgotar de dia para dia ao ponto de quase não se ter dinheiro para comer e ter de vender todos os bens para sobreviver; as dificuldades do relacionamento entre pai e filho, mais distante, cuja vida profissional é mais importante que a relação familiar – por Lourenço não dar muita atenção ao filho e nunca estar em casa quando era treinador de futebol; e como não devemos julgar aqueles que não são iguais a nós, porque a ajuda pode vir de onde menos se espera, do outro extremo da sociedade, como pessoas de outra raça que vivem num bairro social.
3.2. Análise de conteúdo do filme “Páginas de Liberdade” O filme “Páginas de Liberdade” (2007) retrata a história de uma professora, Erin Gruwell, com uma garra enorme, que leva os alunos problemáticos de uma escola em Long Beach, na Califórina, a terem sucesso escolar. O filme apresenta diferentes origens étnicas, como orientais, latinos, caucasianos e negros, mostrando como se podem formar gangs de forma a representar o poder de cada etnia. Inicialmente, a professora Erin é vista como a representante da raça caucasiana a quem os negros têm de se sujeitar naquela escola. Erin lutou para que os alunos ultrapassassem as barreiras que os separavam e impediam que tivessem sucesso escolar, mesmo sem o apoio dos docentes e da direção da escola. À medida que a narrativa se desenrola, a professora chega ao “coração” dos alunos através de uma lição de moral – após um aluno ter caricaturado um colega negro – sobre o holocausto e o número de mortes que provocou. O “jogo da linha”, um jogo cujos participantes teriam de se aproximar de uma linha desenhada no meio da sala de aula,
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à medida que se identificavam com as questões uniu, não só no jogo mas literalmente os alunos da
interessantes para manter os alunos interessados nas aulas e realizou visitas de estudo. Não só fez com que Ana Rita Rogado N.º 218083
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professora Erin Gruwell. A professora arranjou vários empregos para poder comprar livros com temáticas
os alunos se unissem e se sentissem em casa dentro da sala de aulas, como ordenou que que escrevessem num diário as suas próprias histórias que, posteriormente, foi lançado como o livro “Freedom Writers Diaries”. Em suma, uma turma de adolescentes, inicialmente, indomáveis, une-se e recupera o tempo perdido pelas adversidades da vida, provando que tudo é possível, mesmo o que está relacionado com guerras e ódios entre diferentes etnias.
3.3. O Ethos como elemento da narrativa Uma vez que tanto o filme “Páginas de Liberdade” (2007) como o filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” (2009) se relacionam com a sociedade e com as minorias étnicas presentes, não só em Portugal, mas em todo o mundo, não é de estranhar que o ethos faça parte do vocabulário quando nos referimos a estes filmes. Entenda-se que ethos é, de acordo com Pierre Bourdieu, um termo de origem grega que corresponde ao conjunto de princípios que guiam a conduta do indivíduo e que permite a adesão aos valores partilhados por uma comunidade (Baptista, 2012). Neste sentido, o Bem Universal a que nos referimos anteriormente tem uma grande presença no filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera”. A decisão de Francisco Figueiredo ao dizer ao jogador para falhar o penalti, uma vez que a falta dentro da área iria causar especulação, demonstra claramente o caracter do treinador de futebol que abdicou da vitória do final da Taça pelos seus valores. Por outro lado, podemos identificar o ethos quando Lourenço ao mesmo tempo que lida sozinho com a nova e dura vida, procura emprego, vende os seus bens materiais para ter dinheiro para comer e ajuda a o pai a recuperar a sanidade mental. Podemos ainda reconhecer o valor de Kátia que deixa a família Figueiredo residir em sua casa, quando estes vêm a sua moradia despejada. Por último, o facto de Francisco recusar um convite para treinar um clube de futebol porque está feliz a treinar os jovens da Cova da Moura é o remate final para completar a lição de moral que o filme quer passar. Quanto ao filme “Páginas de Liberdade”, o ethos está presente ao longo de toda a narrativa com a professora Erin Gruwell, que modifica a maneira de pensar dos alunos problemáticos que vivem atormentados pelas guerras entre gangs6. Um momento de grande intensidade no filme que presencia a existência de valores e hábitos da sociedade ocorre quando a professora Erin dá uma lição de moral aos alunos sobre o holocausto (ver tabela 3, citação A, dos apêndices), uma prática Nazi contra os Judeus, tentando transmitir o que é a violência psicológica depois de terem ridicularizado um colega. A modificação no comportamento dos alunos para o “Bem comum”, também pode ser representar o ethos como elemento
Grupo de pessoas que compartilha a mesma identidade. Conceito proveniente do século XX, onde a violência entre gangs de rua – geralmente formado por minorias étnicas - era muito comum.
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da narrativa. Por outro lado, os alunos negros da escola em que decorre a ação do filme são socialmente
excluídos quando a escola demonstra alguma aversão por ter de os integrar no ensino e se recusa a fornecer material, como livros, para a educação dos alunos. Concluindo, os dois filmes passam a ideia de que as minorias étnicas, no filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” representado pelos jovens do Bairro da Cova da Moura e no filme “Páginas de Liberdade” representado pelos diversos gangs existentes em Long Beach, são vistas como um entrave à sociabilidade. Contudo, no primeiro filme não só “deram teto” à família rica que foi à falência, como os fizeram ver que o verdadeiro valor da vida não está nos bens materiais. No filme “Páginas de Liberdade”, as minorias étnicas acabaram por perceber que a violência entre gangs só acabaria com vidas humanas e que é necessária a igualdade e respeito para que exista vida. Os alunos de raça negra cuja escola mostrou repulsão por os integrar acabaram por escrever o livro “Freedom Writers Diary”, onde são autores da própria história.
4.
Relacionar o tema escolhido com a realidade social
4.1. Análise do discurso do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” A análise do discurso é uma prática linguística que corresponde a elementos contextuais/ históricos que enquadrem da ação. Para começar, o título do filme, “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” deixanos curiosos para saber onde está, de facto, a “esperança” e de onde vem. Após a visualização do filme percebe-se que a Esperança a que o nome do filme se refere é a Kátia e à sua família que proporcionaram uma nova vida a Lourenço e ao pai. De facto, não é previsível que a ajuda venha de um grupo social completamente oposto ao da família de Lourenço que em tempos viva com uma qualidade de vida acima da média. Por outro lado, no minuto 10:54, quando Filomena, a mãe, leva Lourenço ao Colégio, os colegas do filho dizem “Bom dia, tia”. O facto de tratarem a mãe de um amigo por tia traduz-se numa matriz cultural, por outras palavras, numa maneira de trato social. O sotaque e expressões como “gandas” em vez de “grandes”, “tão” em vez de “então”, utilizadas pelos alunos negros da escola da Amadora constituem, igualmente, uma matriz cultural. Por outro lado, a frase “Eu também te estou te a ver a ti também” mal construída lexicalmente mostra-nos o pouco aproveitamento escolar de um aluno. “É por ele ser preto, não é?”, proferido por Kátia, dá-nos a entender que já foi discriminada outras vezes por ser negra. A música que Lourenço dedica a Kátia reflete claramente o que sente em relação aos antigos amigos do Colégio e a Kátia (ver tabela 2 dos apêndices, citação 2), dando-nos uma pista de que, de facto, a vida pode mudar e de que “a esperança está onde menos se espera”.
4.2. Análise do discurso do filme “Páginas de Liberdade” “Em Long Beach latinos, asiáticos e negros podem ser baleados a qualquer momento” é uma frase
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proferida por Eva que enquadra a ação, ficando o espectador logo a saber o que pode esperar do espaço
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onde esta ocorre. Os excertos dos diários dos alunos (ver tabela 3 dos apêndices, citação D), lidos pela
professora e que, posteriormente, originaram um livro, retratam as suas histórias de vida, o ambiente dos bairros onde viviam ou simples desabafos de quem nunca teve uma vida fácil e sempre viveu no meio de pobreza e guerras. O discurso sobre o holocausto (ver tabela 3 dos apêndices, citação A), bem como o jogo da linha (ver tabela 3 dos apêndices, citação B) e a oferta dos diários (ver tabela 3 dos apêndices, citação C) foram elementos decisivos para o desenrolar da ação.
4.2.
Contextualização e referências à cultura O filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” é uma perspetiva a sociedade portuguesa da
atualidade, que retrata os contrastes extremos entre a “alta classe” a as minorias étnicas pertencentes à “baixa classe”, bem como o problema da relação entre pessoas de diferentes raças. O filme é gravado em Cascais e no Bairro da Cova da Moura, duas vertentes extremas do que se pode encontrar na área da Grande Lisboa. Cascais é uma vila próxima da capital do nosso país, repleta de encantos e “que reúne um sem número de atrativos que a tornam talvez num dos locais mais reconhecidos de Portugal, num dos mais agradáveis para viver” (imobiliarialisboa.com). No outro extremo da sociedade, está o Bairro da Cova da Moura, onde podemos encontrar pessoas maioritariamente africanas ou descendentes de tal, lama, pó, terra, buracos, casas por pintar e estradas por alcatroar. O Bairro é visto por muitos como um local negativo, contudo, os residentes sentem-se confortáveis, sentem que vivem um ambiente animado e unido, com muitas crianças a brincar pela rua, imensa liberdade e eventos entre moradores (A vida normalmente Cova da Moura, 2009). A história do filme “Páginas de Liberdade” ocorre em Long Beach, Califórnia (EUA), mais precisamente em 1994, numa altura em que a tensão racial estava no seu auge. Apesar do filme se passar em Long Beach, a moral da história serve para qualquer outro país, uma vez que se vivencia violência, agressividade e tensão racial por todas as partes do globo. A professora depara-se com alunos de diversas etnias, integrados em gangs, sem perspetiva de futuro. O conceito de gangs, formados por minorias étnicas ou por terem de se defender nas prisões, está associado tráfico de droga, assaltos e assassinatos, mas nunca ninguém tenta perceber o que os leva a organizarem-se em grupos e cometer estas atrocidades. Contudo, a professora Erin nunca desistiu dos seus alunos. É caso para se dizer “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.
5.
Conclusão As minorias étnicas constituem ainda um grande entrave à paz no mundo, devido aos julgamentos
feitos pela sociedade e à difícil integração das mesmas. É uma das categorias onde a incidência e a
como “mão-de-obra barata”. São julgadas, rejeitadas por pessoas de outras raças, de outro país, de outra Ana Rita Rogado N.º 218083
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vulnerabilidade da pobreza é maior. Estão, muitas vezes, associadas a “baixos rendimentos”, sendo vistas
religião. Elas próprias concentram-se em grupos com uma determinada característica em inferioridade numérica. Por outro lado, podem formar os conhecidos gangs que originam desacatos e guerras, para afastar a solidão e para se defenderem. Contudo, são pessoas como todas as outras, com histórias de vida muitas vezes difíceis, relacionadas com mudança de país, fuga, violência, pobreza. São seres humanos, capazes de aprender, ter rendimento escolar e, principalmente, ajudar quem mais precisa, mesmo que não seja da mesma religião ou não tenha a mesma cor na pele.
6.
Bibliografia
Baptista, M (2012). Habitus e ethos: tempo e espaço em exames de Português. Faculdade de Ciências Socias e Humanas – Universidade de Lisboa Mets, C (1969). A significação no cinema. Local: Editora Perspectiva. Moscariello, A. (1985). Como ver um filme. Lisboa: Editorial Presença. 7. Webgrafia (3 de Abril de 2003). Retrieved from: http://www.grito.com.br/artigos/fabricio002.shtml (2007). Retrieved from: cinema.sapo.pt: http://cinema.sapo.pt/filme/freedom-writers A
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normalmente
Cova
da
Moura.
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https://www.youtube.com/watch?v=orl_OLf9N9U Estrangeiros dão razão à 'Monocle': Cascais é o melhor luga para viver. (2014). Boletim Municipal Cascais, 5. grito.com.br. (2003). Retrieved from: http://www.grito.com.br/artigos/fabricio002.shtml imobiliarialisboa.com. (s.d.). Retrieved from: http://www.imobiliarialisboa.com/blog-lisboa/cascais/ Ramos, O. (2009). Retrieved from: https://semiologiaiscsp.files.wordpress.com/2009/03/simbologia-das
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8. Anexos 8.1. Anexos do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera”
Figura 1 – O que dizia o bilhete enviado por Francisco ao jogador que ia marcar o penálti – ponto de partida da história (minuto 8:33)
Figura 2 - Habitação da família Figueiredo – casa de luxo moderna em Cascais – e uma prenda que Filomena dá ao filho (minuto 14:23)
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Figura 5 – Momento em que se inicia a paixão de Lourenço e Kátia, acontecimento marcante para o desenrolar do enredo (minuto 38:05)
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Figura 3 e 4 – Francisco observa o filho à saída da escola (minuto 29:11 e minuto 29:38, respetivamente)
Figura 6 – Carro numa tonalidade de azul pouco habitual em veículos (41:48)
Figura 7 - Campo de futebol de areia, sem linhas delineadas e com balizas sem redes no bairro Cova da Moura – retrata a “classe baixa” (43:51)
Figura 8 e 9 - Francisco regressa ao passado – memórias felizes em família (minuto 51:51 e minuto 52:42, respetivamente)
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Figura 10 e 11 – Avançada decadência psicológica de Francisco (minuto 1:09:09 e minuto 1:10:02, respetivamente)
Figura 12 – Despejo da habitação da família Figueiredo (minuto 1:43:23)
Figura 13 e 14 – Primeiros momentos em casa de Kátia, no bairro da Cova da Moura (minuto 1:46:43 e minuto 1:46:55, respetivamente)
Figura 15 e 16 – A vitória do clube do Bairro da Cova da Moura, o clube que Francisco passa a treinar (minuto 1:52:26 e minuto 1:53:46, respetivamente)
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Figura 17 – Eva a fugir do tiroteio em que se vê envolvida (minuto 3:38)
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8.2. Anexos do filme “Páginas de Liberdade”
Figura 18 e 19 – Caraterísticas da professora Erin Gruwell (minuto 4:15 e minuto 5:35, respetivamente)
Figura 20 – Alunos que já levaram um tiro (minuto 36:34 e minuto 36:45, respetivamente)
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Figura 21, 22 e 23 – O “Jogo da Linha”, um jogo que fez com que os jovens se aproximassem uns dos outros (do minuto 41:10 ao minuto 45:22)
Figura 24 e 25 – relatos dos alunos contados no diário (minuto 49:55 e minuto 51:05, respetivamente)
Figura 26 – Retratos das expressões atenta dos alunos na visita de estudo (minuto 64:47)
Figura 28 – Felicidade dos alunos por ficarem com a professora Erin no último ano da escola secundária (minuto 116:19)
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Figura 27 – Painel que marca a mudança dos alunos da professora Erin (minuto 70:05)
Figura 29 e 30 - Cartazes dos filmes (fonte: http://www.imdb.com/)
9.
Apêndices
Ficha Técnica
A Esperança Está Onde Menos Páginas de Liberdade Se Espera
Título Original
A Esperança Está Onde Menos Se Freedom Writers Espera
Realização
Joaquim Leitão
Richard LaGravenese
Ano
2009
2007
Género
Drama/ Romance
Drama
Duração
120 min
122 min
País
Portugal
Estado Unidos
Argumento
Tino Navarro e Manuel Arouca
Richard Lagravenese
Produção
MGN Filmes
MTV films, Jersey Films e 2S Films
Banda Sonora
Luís Cília
Mark Isham, will.i.am e RZA
Protagonista
Carlos Nunes e Virgílio Castelo
Hilary Ann Swank
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Tabela 1 – Ficha Técnica dos filmes (fonte: IMDb)
A Esperança Está Onde Menos Se Espera A. O Taxista que leva Cátia e Lourenço a casa, após uma noite na discoteca, diz que não soube ao bairro da Cova da Moura. Posto isto, Kátia diz: “é por ser preta? Este aqui é branco!” (minuto 89:59). B.
Após o conflito com o taxista e antes de se aparecer a polícia, Lourenço dedica uma música
improvisada a Kátia: “Esqueçam esses palhaços que têm a mania que são superiores, que estão acima de qualquer um e não respeitam os outros. Como se lhes fizéssemos favores e devêssemos cenas (…). Mas não é só cá no bairro que os há, se pensam que sim é escusado. Eu sou a prova aqui do people da Cova. Era igualzinho ao resto e achava-me diferente, olhava da cabeça aos pés quem me passava pela frente. Aqui sinto-me completo com simples bocados, que me preenchem muito mais que simples metades. De bens materiais que foram só bens e nada mais, porque hoje tenho aqui o que me faz sentir bem e muito mais” (do minuto 91:45 ao minuto 92:14). C.
Lourenço mostra ao pai o orgulho que sente por ele: “Sabes qual é a minha primeira recordação?
A bola que me ofereceste quando eu tinha 2 anos. A bola tão grande, maior do que eu. A partir dai, passaste a ensinar-me. Como não tinhas treinos, íamos os dois jogar para o campo. Durante a semana, eu treinava sozinho no jardim. Queria impressionar-te, com as minhas habilidades, queria ouvir dizer: Boa Lourenço. Tu corrias atrás de mim, eu fintava-te e tu rias-te. (...) Eu era tão feliz pai, tão feliz. Quero voltar a jogar contigo. Quero voltar a ser feliz, pai” (do minuto 107:57 ao minuto 109:45). Tabela 2 – Citações relativas ao filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” Páginas de Liberdade A. A professora conversa com os alunos, confiante, A. ”Fechem os livros. (…) Já vi um retrato como este num tom firme. Passa de professora que tentava num museu. Mas não era de um homem negro, era agradar aos alunos, enfrentando-os. Este discurso de um Judeu. E em vez de grandes lábios, ele tinha constitui um dos pontos mais importantes da um nariz enorme, como o nariz de um rato. Mas ele narrativa, pois marca a mudança de atitude dos não era apenas um Judeu em particular, este era um alunos.
retrato de todos os Judeus. E estes retratos foram colocados nos jornais pelo mais famoso gang de sempre. Acham que sabem tudo sobre gangs? Estão
enganados.
Este
gang
iria
fazer-vos
envergonhar. E eles começaram pobres e furiosos, e toda a gente os desprezava. Até um homem
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culpar. Vocês
atacam as
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alguém a quem
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decidir dar-lhes algum orgulho, uma identidade e
vizinhanças? (…) Eles atacaram países. E querem saber como? Eles exterminavam toda a gente. (…) Eles imprimiam retratos como este nos jornais. Judeus com grandes e compridos narizes. Pretos com grandes e gordos lábios. (…) A provar que os Judeus e os negros eram as mais reles das espécies humanas. Os Judeus e os negros eram como animais. E por eles serem como animais, era indiferente estarem vivos ou mortos. Na verdade, a vida seria muito melhor se eles estivessem todos mortos. Foi assim que aconteceu o holocausto. E é isso que todos vocês pensam uns dos outros” (do minuto 29:46 ao minuto 31:46). B. O jogo da linha: A professora faz perguntas aos B. “Professora: Pise a linha quem tiver perdido um alunos, inicialmente mais simples, sobre o gosto
amigo por violência entre gangs.
musical, as suas moradias. Posteriormente as Todos se aproximam. perguntas são mais sérias, relacionadas com a Professora: Fique na linha quem tiver pedido mais prisão, violência entre gangs e morte.
do que um amigo. Quase todos permanecem. Professora: Três. Quatro ou mais. Alguns ainda permanecem na linha. Professora: Vamos mostrar o nosso respeito. Onde estão, digam os seus nomes.
C. Proposta do diário: A professora propõe aos C. “Podem escrever o que quiserem, o passado, o alunos escreveram um diário onde contem a sua
presente, o futuro. Podem escrever como um
história, através do que lhes apetecer. Um
diário ou podem escrever músicas, poemas,
sentimento, uma música, qualquer coisa. Dessa
coisas boas, coisas más, qualquer coisa. (…)
forma, a professora mostra que os entende e
Sempre que tiverem inspiração. (…) E não os vou
respeita, o que constitui mais um passo para
ler sem me darem permissão.”
ganhar a confiança dos alunos.
o meu pai por retaliação. Era inocente mas prenderam-no porque era respeitado pelo seu
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terem integrado num gang
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D. Excertos dos diários que mostram a razão por se D.”(…) Eu vi a guerra pela primeira vez. Prenderam
povo. (…) Nós matamos por raça, orgulho e respeito. Lutamos pelo que é nosso.”; “Em todas as guerras, há um inimigo. Vi baterem na minha mãe quase até morrer, vi sangue e lagrimas escorrem pelo seu rosto. (…) Ainda sinto a pancada do cinto nas minhas costas e pernas.”; “Se olhar para os meus olhos, verá uma menina adorável. Se olhar para o meu sorriso, não verá nada de errado. Mas se levantar a minha camisa, verá marcas.”; “Aos 16 anos já vi mais cadáveres que um coveiro. Sempre que saio de casa corro o risco de levar um tiro” Tabela 3 – Citações relativas ao filme “Páginas de Liberdade”
Semelhanças
A Esperança Está Onde Menos Se Páginas de Liberdade Espera
História
Família rica (raça caucasiana) é Professora (raça caucasiana) luta ajudada por minorias étnicas para que os gangs (formados por (negros) com condições de vida negros) se destruam opostas
Temática
Representação das minorias étnicas
Tempo
2009 (início do século XXI)
2007 (início do século XXI)
Género
Drama/ Romance
Drama
Personagens Secundárias
Alunos de uma escola de Long Alunos de uma escola da Cova da Beach
Término do filme
Moura
Minorias étnicas são os heróis do Minorias filme
étnicas
(gang)
são
igualmente os heróis porque acabam com os gangs
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Tabela 4 – Semelhanças entre os dois filmes
Diferenças
A Esperança Está Onde Menos Se Páginas de Liberdade Espera
Cor
Castanho, cinzento
Azul, vermelho
Banda Sonora
Luís Cília
Mark Isham, will.i.am e RZA
Cenas
Muitas cenas, em diferentes A ação decorre maioritariamente locais, principalmente exteriores
Caraterísticas do protagonista
na escola, num ambiente fechado
Jovem adolescente, inicialmente Professora materialista,
que
se
lutadora,
tornou empreendedora e crente
humilde Etnias
Caucasiana e Negros
Orientais, Latinos, Caucasianos e Negros
Tabela 5 – Diferenças entre os dois filmes
Cartazes
A Esperança Está Onde Menos Se Páginas de Liberdade Espera
Cores Dominantes
Castanho – que reforça as Azul – rosto da professora; preto diferentes tonalidades da pele; e – cor do fundo; e amarelocinzento – Bairro da Cova da torrado – que contrasta com o Moura
Texto
“Tino
preto Navarro
apresenta
A “Freedom Writers”; “True story
Esperança Está Onde Menos Se our words” Espera” Personagens
Lourenço, Francisco Figueiredo, Rosto da rofessora Erin Gruwell e Kátia e Mané
cinco alunos
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Tabela 6 – Comparação da análise dos cartazes dos filmes
Cores Castanho
A Esperança Está Onde Menos Se Espera Bloqueador psíquico (Ramos, s.d.);
Verde – vegetação
Natureza; juventude (Alves, 2003),
Verde musgo
Vida primitiva (Ramos, s.d.);
Cinzento
Diminuição do ser; Depressão (Ramos, s.d.)
Bege
Proximidade; concilia emoções
Preto
Silêncio, pessimismo, tristeza, dor (Alves, 2003); ausência
de
exterioridade,
introspeção,
esvaziamento do conteúdo psíquico (Ramos, s.d.) Tabela 7 – Simbologia das cores do filme “A Esperança Está Onde Menos Se Espera”
Cores
Páginas de Liberdade
Vermelho
Força, dinamismo, quente, vida, agitação (Alves, 2003); beligerância e força (Ramos, s.d.)
Azul índigo
Interioridade intelectual, intelecção profunda, intolerância intelectual (Ramos, s.d.); comunicação, sabedoria, proteção, inspiração espiritual (Buzzo, s.d.);
Branco
Pureza,
frescor,
limpeza,
simplicidade,
luz,
harmonia (Alves, 2003); Tabela 8 – Simbologia das cores do filme “Páginas de liberdade”
1994 Long Beach, Califórnia, EUA
Pouco tempo depois do fim da Guerra Fria Ambiente Psicológico Mudança radical de uma família A professora Erin muda a vida rica que é ajudada por Negros do de alunos que pertencem a Bairro da Cova da Moura gangs Tabela 9 – Ambiente temporal, físico, social e psicológico
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Ambiente Social
Páginas de Liberdade
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Ambiente Temporal Ambiente Físico
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