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NR 07

Ano: 2010 . nr 06 . Mês: Agosto . Mensal . Director: António Serzedelo . Preço0,01 €

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Arrábida, Arrábida, a candidatura da utopia? a candidatura da utopia?

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alta da Europa, que se está a esboroar para ao mar devido às constantes explosões causadas pela extracção de pedra. Com a actual conjuntura política e económica é uma uto-

e uma silhueta impar. Contudo, um olhar mais atento à Serra da Arrábida, em especial à zona do Portinho, aquela que é certamente a baía mais bonita de Portugal e a zona

cia e acessos pedonais des- através de um passeio náumoronados, são os primei- tico como descreveu Hans ros obstáculos encontra- Christian Andersen no seu dos. A mata mediterrânica livro viagem a Portugal, junto ao mar e mais acima corre-se o risco de nada ver, na Serra as tais as interdimatas do Solições colocadas tário e Coberta, à navegação. Montagens Por fim, lixo e únicas matas no real pré-glaciares mais lixo comna Europa, que põem o resto por acaso tem o desta desolaacesso interdito ao público, dora fotografia, que se quer estão seriamente doentes poster das tão faladas canapós anos de abandono didaturas. que as deixaram cobertas Perante tão desolador de mato e prontas a arder a panorama e se na realidade qualquer momento. Destas se deve reconhecer a Arrámatas onde antes se viam bida como Património da centenas de coelhos, gine- Humanidade, ou se muda tes e raposas, saem agora a atitude e acção do patrimatilhas de cães vadios que mónio humano que dela só não metem medo aos eactualmente cuida ou então raposas, saem agora matimais visitada de toda a Arrámais revela corajosos. Do areal, lhas teremos mais uma de cães vadios queutopia só não bida, um panorama que João Benard Costa em cima da aos mesa. medo mais corajodesolador fruto deda anos de metem descreveu como “quilómepoliticas irracionais do Par- sos. Do areal, que João Benard trosNatural de praia à da Costa descreveu Pedrocomo Vieira que dadeserta, Arrábidaaté e de duna imensa completo do Creiro em organizador Happy Hour deda praia deserta, desinteresse das “quilómetros frente da autoridades Pedra da Anicha”, Luto pela Arrábida do Creiro restantes publi- até à duna imensa hojelocais, devido aoque desassoreacas mas estranha- em frente da Pedra da Anicha”, mentoégalopante mente escondido que pelasafecta asso- hoje devido ao desassoreaa zona, resta um mar infinito ciações ambientalistas que mento galopante que afecta a de calhaus. Da duna, nada zona, resta um mar infinito de tanto mediatismo procuram resta. Se por outro lado se calhaus. Da duna, nada resta. nestas candidaturas. quiser admirar o Portinho Se por outro lado se quiser

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As candidaturas da Serra como será possível que nem da Arrábida a Património da nas áreas onde as autoridaHumanidade e às 7 Mara- des podem e devem actuar, vilhas Naturais de Portu- nada façam deixando-as gal, são excelentes apostas chegar ao actual abandono e trunfos para a região, mas profundo? O leitor interrocom intenções pouco cla- gar-se-á sobre o que digo, ras, dando a sensação de se pois um olhar de longe para estar a construir uma casa a Serra revela uma paisagem pelo telhado. Não passa de aparentemente luxuriante e uma aberração candidatar a uma silhueta impar. Contão ambicionados galardões, tudo, um olhar mais atento à uma área natural afectada Serra da Arrábida, em espepor dois monstruosos can- cial à zona do Portinho, cros; pedreiras de Sesimbra aquela que é certamente a e cimenteira da Secil, assim baía mais bonita de Portucomo por uma praga de inú- gal e a zona mais visitada de meros problemas negligen- toda a Arrábida, revela um ciados pelas autoridades panorama desolador fruto locais há anos. Da Secil, já de anos de politicas irraciotudo foi dito, pena só se lem- nais do Parque Natural da brem dela para fazer agenda Arrábida e de desinteresse politica como foi o cpiao quem As candidaturas caso da co-incinepleto das rer acabar da Serra da ArráInglaterra ração. pedreirestantes com estes bida a Das Património chega-se ao rasHumanidade pouco háe às a autoridacancros, da basta Natuver o des pelotão u m publipaís 7dizer, Maravilhas tamanho descocas de locais, tanga rais de Portugal, são perseguidor munal daapostas ferida mas que não pode excelentes estranhaque eaberta trunfosperto para a da região, mas pagar as indemnizações Serraintenções do Risco,pouco a falésia cal- aparecerão mente é escondido em cima dapelas mesa. com claras, cária mais alta dadeEuropa, associações ambientalisisto, como e para quê dando a sensação se estar Por se está auma esboroar tas que tanto mediatismo as candidaturas? Não aque construir casa para pelo fazer ao mar devido às constanprocuram candidalógiconestas sanar estes protelhado. Não passa de uma seria tes explosões causadasapela turas. e após mostrar traaberração candidatar tão blemas extracção de galardões, pedra. Com a balho Visitar Portinho num feito,omerecer então as ambicionados uma actual conjuntura fim-de-semana de verão, área natural afectadapolítica por dois atribuições? e económicacancros; é uma pedreiutopia é uma experiência para monstruosos querer acabar ecom estes nunca mais repetir. EstaMas, partindo do princíras de Sesimbra cimenteira cancros, um país tanga cionamento falta aberrante caótico, que se avança da Secil, assim comode por uma pio não pode pagar as indem- com de policiamento, a situação talsupressão qual está, praga de inúmeros problemas nizações que aparecerão em como de corredores de emergênserá possível que nem negligenciados pelas autoridacima da mesa. Por isto, como des locais há anos. Da Secil, já nas áreas onde as autoridae para fazer assó candidatudo foiquê dito, pena se lem- des podem e devem actuar, turas?dela Nãopara seriafazer lógicoagenda sanar nada façam deixando-as chebrem estes problemas e após mospolitica como foi o caso da gar ao actual abandono protrar trabalho feito, co-incineração. Dasmerecer pedrei- fundo? O leitor interrogarentão as atribuições? ras pouco há a dizer, basta ver se-á sobre o que digo, pois Mas, partindo do princío tamanho descomunal da um olhar de longe para a pio aberrante queda seSerra avança ferida aberta perto do Serra revela uma paisagem com a asituação tal qual está, Risco, falésia calcária mais aparentemente luxuriante

Visitar o Portinho num fim-de-semana de verão, é uma experiência para nunca mais repetir. Estacionamento caótico, falta de policiamento, supressão de corredores de emergência e acessos pedonais desmoronados, são os primeiros obstáculos encontrados. A mata mediterrânica junto ao mar e mais acima na Serra as matas do Solitário e Coberta, únicas matas préglaciares na Europa, que por acaso tem o acesso interdito ao público, estão seriamente doentes após anos de abandono que as deixaram cobertas de mato e prontas a arder a qualquer momento. Destas matas onde antes se viam centenas de coelhos, ginetes

admirar o Portinho através de um passeio náutico como descreveu Hans Christian Andersen no seu livro viagem a Portugal, corre-se o risco de nada ver, tais as interdições colocadas à navegação. Por fim, lixo e mais lixo compõem o resto desta desoladora fotografia, que se quer poster das tão faladas candidaturas. Perante tão desolador panorama e se na realidade se deve reconhecer a Arrábida como Património da Humanidade, ou se muda a atitude e acção do património humano que dela actualmente cuida ou então teremos mais uma utopia em cima da mesa.

Pedro Vieira organizador da Happy Hour Luto pela Arrábida


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