ANO VII - 39 - AGOSTO - SETEMBRO DE 2013
A RESVISTA DO EMPRESÁRIO DO SETOR FUNERÁRIO
FECHAMENTO AUTORIZADO. PODE SER
CEMITOUR Highgate
FIQUE POR DENTRO POCKER E OS NEGÓCIOS
GOBBO
A RESSUREIÇÃO DE LULU DA FARMÁCIA
ESSÊNCIA DO SABOR RAGÚ NAPOLITANO
A
NEUROCIÊNCIA
e o desenvolvimento da sua empresa
EDITORIAL | A Neurociência é o estudo do sistema nervoso: sua estrutura, seu desenvolvimento, funcionamento, evolução, relação com o comportamento e a mente, e também suas alterações. Entender como funciona o cérebro humano pode ajudar não só os relacionamentos interpessoais, como os processos práticos dentro de uma organização. Por isso, diversas consultorias utilizam a neurociência para otimizar treinamentos corporativos. Os benefícios vão desde o aumento da produtividade à melhoria do ambiente de trabalho. Veja o que sua empresa pode conquistar com a compreensão da neurociência no artigo selecionado pela In Memorian. Dê uma passadinha pela nossa querida Tiradentes e conheça a agenda gastronômica, pontos turísticos e sua igrejas que provocam emoção e nostalgia. Lembre-se que a Funexpo esta chegando e que você pode conferir as empresas que estarão presentes no evento no site www.funerarianet.com.br e por falar em empresas assim como administrar um negócio, jogar pôquer exige estratégia. Veja as lições que o esporte tem a ensinar para a gestão, saboreie rangu napolitano mas não deixe seu cliente no escuro pois o relacionamento da sua marca com ele pode azedar.Na leitura estamos com o comes e bebes em velórios que em algumas regiões de Minas Gerais, ainda é um acontecimento social. Livro traz histórias e receitas de quitutes servidos aos “convidados” nessas ocasiões. E antes que o sol queime os neurônios do Sr. Lulu confira a lenda da Ressureição do Lulu da farmácia!
Passe bem e cuide se seus relacionamentos, família, clientes, amigos e funcionários! Boa leitura e nos encontramos na Funexpo!
EXPEDIENTE Diretor geral ROBERTO MÁRCIO P. DE CARVALHO
17
Direção de Marketing ROSA CARVALHO Administração Financeira SABRINA COSTA
Atendimento ao Assinante A revista In Memorian é uma publicação da Arte-Final Comunicação em parceria com o SINDINEF. Valor da assinatura mensal - R$15,00
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capa
29 MARKETING
10 VALE ASSISTIR
12 CEMITOUR
14 DECOLE
CLIPPING | ANIVERSARIANTES | OUTUBRO 4 Gil Ney
Funerária Carvalho
4
Tarcio
LMS Batista de Alagoinhas
5
Juliano A. Campos
Funerária Padre Victor
7
Wanderley
Funerária Carvalho
12
Érica
Empresa Funerária N. Sr. da Piedade
14
Odelmo
Funerária São José
18 Gildete Martins Gomes
Funerária São Francisco de Assis
20
Lindauro
Pax de Minas Gerais Ltda ME
20
Rodrigo
Funerária São Cristovão
26
Walter Simões
Funerária Santa Rosa
26
Célia
Funerária Angelo Cunha
27
Valdemar Bresciani Filho
Irmãos Bresciani
NOVEMBRO
nº 39| Ano VII | Ago I S et 2013
2
Jeremias Martins da Paz
Assistência Familiar J. Pax
5 Alice Pagliaro
Pagliaro Serviços Sociais LTDA
6
Maurício Amaros
Sist. Vida Familiar Planos Assistenciais
19
Juliano Alvarenga Campo
Funerária Padre Victor
21
Marilene Lemos
Funerária Santo Antônio
24
Marcelo Organização
Funerária Mundial Pax LTDA
28
Fernando Freitas Rios
EMIRTRA
DEZEMBRO 20
José de Carvalho Neto
Funerária Redentor Ltda ME
25
Carlos Laerte
Org. Social de Luto Paranaense
26
Nésio (Macarrão)
Assistencial Santa Clara
29
José Roberto Júnior
Org. de Serviços Funerários Rosendo
6
7
nยบ 35 | Ano Vi | nov I d ez 2012
CLIPPING | BOA LEITURA |
Os xomes e os bebes
nos velórios das gerais
Receitas do outro mundo Margarete Azevedo
Velório, em algumas regiões de Minas Gerais, ainda é um acontecimento social. Livro traz histórias e receitas de quitutes servidos aos “convidados” nessas ocasiões. A única diferença dos festejos de Finados dos mexicanos é que eles usam pimenta demais da conta nos seus comes e bebes. No mais, moradores de algumas regiões de Minas Gerais não se acanham nem um pouco em degustar pão de queijo, “caldim” de feijão, lombo de porco com mandioca, bem “pertim” de quem se foi desta para melhor. Essas iguarias, acrescidas de Ambrosia Preta e Amor aos Pedaços de
nº 39| A no VII | Ag o I S et 2013
sobremesa, fazem parte do cardápio de “guardar” defuntos, conforme relata Déa Rodrigues da Cunha Rocha, 79 anos, no livro Os Comes e Bebes nos Velórios das Gerais e Outras Histórias. Editada pela Auana, a obra traz, além de receitas, 18 “causos” reais, muitos deles ocorridos nesses eventos. Com texto leve e boas pitadas de humor, o livro dessa mineira de Uberaba surgiu por acaso, a 8
partir do interesse em conservar as receitas da família e das amigas. Criada em fazenda, ela tomou gosto pela culinária graças à avó e a uma
tia, quituteiras de mão cheia. Há alguns anos, constatou que as velhas cozinheiras estavam morrendo, e com elas também estavam sendo “enterradas” as preparações de diversas iguarias da quitanda mineira. “Na época, eu cursava Direito na Universidade de Uberaba. As pessoas me davam receitas de biscoitos, broas, pão de queijo e, além disso, me contavam histórias malucas ocorridas em velórios. Eu comecei a registrá-las.” Depois de formada em filosofia, Déa casou-se e morou um longo período na capital paulista. Com o propósito de concluir um projeto
iniciado com o marido, já falecido, ela voltou às
já fazem parte dos rituais fúnebres há mais de
terras mineiras. Para ocupar a mente, prestou
50 anos. “Hoje, o costume resiste no interiorzão,
vestibular para Direito, formando-se em 2005.
nas cidades pequenas. Eu sempre brinco, que
Nos últimos dois anos do curso, percorreu a
o defunto nem soprou a vela, nem morreu
região central de Minas e o Triângulo Mineiro,
direito e já estão correndo atrás de uma galinha
com o intuito de reunir as receitas de muitas
no quintal. Faz parte da hospitalidade do
guloseimas. “Conversa vai, conversa vem, ouvia
mineiro. Para eles, as pessoas que vão ao velório
os relatos do que havia sido oferecido no velório
merecem ser bem tratadas.” É a forma que têm
de fulano, sicrano, beltrano”.
de agradecer a gentileza dos que passam a noite velando o defunto deles. Nessas ocasiões,
Sensualidade
não faltam o caldinho de feijão, a pinguinha,
De volta a São Paulo, a advogada passou a se
as broas, os biscoitos, as rosquinhas. A tradição
dedicar à organização das receitas e dos relatos,
envolve até eventuais comparações sobre qual
já imaginando a possibilidade de publicar
velório tem a melhor quitanda.
um livro. Para preservar a imagem de muitos personagens da obra e de possíveis implicações
Vinte e uma receitas dessas quitandas e de
legais, ela realizou uma cuidadosa pesquisa de
outros quitutes estão presentes no livro Os
nomes. Na edição, todos foram substituídos;
Comes e Bebes Nos Velórios das Gerais e
afinal, as histórias são verídicas e muitas pessoas
Outras Histórias, inclusive, o famoso caldinho
retratadas ainda estão vivas.
de feijão e os tradicionais pãezinhos de queijo.
Déa
foi
capaz
de
unir
a
ingenuidade
por Déa, que contou com a colaboração de
característica do povo mineiro, inclusive, com
Geraldo, um antigo cozinheiro da família. “As
pitadas de sensualidade em alguns dos contos,
receitas mineiras antigas são muito malucas,
por exemplo, em “As despedidas”. Na história, o
porque não apresentam peso, nem a medida
viúvo perde a cabeça durante o velório, levanta
de líquido direito. Durante muitas gerações,
a saia da mulher e alisa as pernas da falecida.
eram transmitidas de boca em boca. Falava-se
Sequer ouviu os apelos do filho, que tentava
em punhados de fermento, pratos fundos, meio
em vão fechar o caixão para minimizar o
cheios ou rasos”, comenta. Evidentemente, isso
comportamento do pai. Já no conto “Ambrosia
dificultava o preparo de uma receita.
Preta”, o homem morre com desejo de comer o doce e de deitar-se com a companheira.
Nomes curiosos
“Ambrosia Preta é bom demais. O marido dela
De tanto errar nas medidas e passar do ponto, a
tinha razão em querer comer a sobremesa”,
dupla conseguiu chegar às medidas tradicionais.
emenda.
Déa garante que todas as receitas do livro
Embora possa parecer curiosa a comilança nos
podem ser feitas em casa. Mas as que levam
velórios, a autora lembra que os comes e bebes
polvilho podem ficar comprometidas devido
nº 39 | A no V II | Ag o I S et 2013
Todas as receitas foram testadas pessoalmente
9
à qualidade |do CLIPPING
ingrediente. “O Cascudo, por
exemplo, é um biscoito alucinantemente bom, mas é trabalhoso e leva polvilho artesanal. Eu costumo trazê-lo de Minas Gerais. Infelizmente, o polvilho que é vendido nos supermercados é bem diferente. Isso interfere no resultado. O meu filho adora cozinhar e ficou doido: ‘Mamãe, parece pedrinha’. Ele pensou que tinha errado no ponto. Perguntei-lhe qual polvilho usou? Bastou para saber qual era o problema”, relata a advogada. Segundo a autora, a culinária mineira tem muitas influências, porém, os doces são essencialmente portugueses, como a Brevidade e a Ambrosia, que levam muitos ovos no preparo. “A maioria das pessoas conhece e faz a Ambrosia no natural, a minha avó é que introduziu uma calda queimada, que confere cor moreninha ao doce”, acrescenta. Além disso, muitos dos quitutes da quitanda mineira têm denominações inusitadas, como Cueca Virada, Calcanhar de Negro, Pau a pique. Apesar de ter pesquisado também a origem nº 39| A no VII | Ag o I S et 2013
desses nomes, Déa não encontrou justificativa. “Eu desconheço a origem do Cueca Virada. O nome é usado de Goiás até o Rio Grande do Sul, porém, a massa varia. O bolo Mané Pelado, por exemplo, em Goiás é chamado de bolo de mandioca, mas no Triângulo Mineiro, os mais antigos o chamam de Mané Pelado.” Outra iguaria, cujo nome não faz jus à aparência, é o biscoito Calcanhar de Negro. “Quando o polvilho é bom, não tem erro. É um biscoito amarelinho, 9
por isso o nome não tem lógica”, finaliza. Fonte: http://sermineirouai.blogspot.com.br
Túmulo com vista Comédia de visão hilariante da vida em uma pequena cidade do interior do País de Gales, centrada em duas casas funerárias rivais. BorisPlotz, diretor da Funerária Plotz, quando jovem,sonhava apenas com duas coisas... a dança e Betty. Bettyamava Boris em segredo, mas não podendo contrariar a vontade do pai, casa-se com um minerador deouro. Boris desiste de seussonhos e assume o negócio da família no ramo funerário. Suas vidas transcorrem sem novidades até que a sogra de Betty morre. Boris e Betty acabam se reencontrando para discutir os preparativos para o funeral e a velha chama volta a se acender. Boris descobre que o único obstáculo entre ele e Betty é o casamento dela com o prefeito infiel. Em uma última cartada por sua felicidade, Boris e Betty resolvem encenar a morte dela e fugir juntos. Enquanto isso, o rival de Plotz no ramo funerário, Featherbed, está realizando seu primeiro funeral, cujo tema é Jornada nas Estrelas, para surpresa dos pesarosos amigos e parentes. Durante o serviço, o assistente de Featherbed manipula os efeitos especiais que produzem a fumaça
nº 39 | A no V II | Ag o I S et 2013
VALE ASSISTIR |
e a música. Mas quando liga o interruptor que levanta o caixão para dar o efeito ‘teletransporte’, o botão emperra e o caixão sai pelo telhado! Boris leva adiante o plano de fingir a morte de Betty, etentam se livrar do invejoso Featherbed e se vingar do marido infiel e de sua amante.
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CEMITOUR | LONDRES
nยบ 39| A no VII | Ago I S et 2013
Highgat e Cemetry
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O Cemitério de Highgate, oficialmente chamado de Cemitério de St. James, fica no bairro de Highgate, no norte da cidade de Londres, Inglaterra. Foi consagrado pelo Bispo de Londres em 1839, quatro dias antes do 20º aniversário da Rainha Vitória. O sociólogo alemão Karl Marx, juntamente com sua esposa, está enterrado ali, no setor reservado aos banidos pela Igreja Anglicana. Ao lado do túmulo, há a inscrição “Trabalhadores de todas as terras, uni-vos” e um busto de bronze. A governanta da família,Helena Demuth, amante de Marx e mãe de um de seus filhos, também está sepultada na mesma tumba. O cemitério ainda é famoso por suas “catacumbas egípcias”, com os túmulos de John Galsworthy, George Eliot, Michael Faraday e Dante Gabriel Rossetti. O ex-agente secreto russo Alexandre Litvinenko, morto por enven enamento, foi enterrado ali. O lugar tem fama de mal-assombrado. De 1967 a 1983, pessoas alegaram ter encontrado túmulos abertos e visto fantasmas e vampiros. Explorando esta fama, em 2001, o game Drácula 2 - O Último Santuário reconstituiu o Cemitério de Highgate em um ambiente 3D, juntamente com outros cenários mórbidos.
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DECOLE | Tiradentes
nº 39| A no VII | Ag o I S et 2013
C h ar m e
14
colonial
Tiradentes não tem a suntuosidade barroca de Ouro Preto e de São João del Rei, mas certamente é a mais charmosa das cidades históricas. Em suas ruas coloniais calçadas com pedras pés-de-moleque, as igrejas do século 18 dividem a atenção com o preservado casario formado por sobrados que abrigam restaurantes, pousadas, antiquários e lojas de artesanato que acendem seus lampiões na fachada ao anoitecer. O cenário encantador e que já serviu de locação para filmes, seriados e novelas, exibe ainda uma imponente moldura - a Serra de São José, com montanhas típicas de Minas Gerais. As charretes, estacionadas no Largo das Forras, convidam a circular pela cidade com direito a paradas nas principais atrações, como o Chafariz
de São José, o Museu Padre Toledo, as igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, de Nossa Senhora das Mercês e a Matriz de Santo Antônio, a mais bonita de Tiradentes com trabalhos atribuídos a Aleijadinho. Ao longo do passeio, conhecer os ateliês que se espalham pelas ruas Direita e da Câmara é programa obrigatório. Chama a atenção a criatividade dos artesãos, que confeccionam suas obras com materiais que vão da madeira ao estanho, passando pelo papel machê e o ferro. O artesanato variado e de bom gosto é encontrado também no distrito do Bichinho, a seis quilômetros do centro e repleto de oficinas. Descolada, Tiradentes vem, a cada dia, deixando de ser um destino meramente histórico para se tornar um pólo cultural - há quase dez anos é pano de fundo para concorridos eventos, como a Mostra de Cinema e o Festival de Cultura e Gastronomia.
Sem tít
A boa mesa, aliás, é uma das características marcantes da cidade. A comida mineiríssima é servida com fartura nos restaurantes, que capricham nas receitas tradicionais e as incrementam com ingredientes como o ora-pro-nóbis, um tipo de folha que dá um gostinho todo especial ao frango e ao angu. Para gastar as energias, faça um trekking até o topo da serra - são quatro horas de caminhada com direito a paisagens encantadoras a 1.400 metros de altitude.
Confira as atrações de Tiradentes
Novembro Duo Jazz Festival • Evento voltado para o público que é amante da musica instrumental. É para o publico profissional cursos e palestra para aperfeiçoar a tecnica. Um otimo evento para que quer curtir uma boa musico com os melhores do brasil. Dezembro Festas de Natal e Reveillon • Celebrar o ano novo na encantadora Tiradentes é garantia de muita sorte. O cidade-cenário se une aos fogos de artifício e proporciona maravilhosos momentos aos que a escolhe como destino para a virada de ano. É sem dúvidas o melhor reveillon da região.
nº 38 | A no VII | j un I j ul 2013
Agosto Festival Internacional de Cultura e Gastronomia • Para os apreciadores da culinária-arte, essa é uma ótima opção. Os temperos, cheiros e sabores invadem a cidade e proporcionam ao visitante uma deliciosa experiência de unir história e culinária em um belíssimo cenário que é a cidade de Tiradentes. Os chef’s que estão espalhados nos diversos restaurantes da cidade fazem uma química entre temperos o que resulta em pratos inigualáveis
Setembro Feira Mineira de Artesanato • Nessa feira que acontece em Setembro, é possível conferir todo o talento do artesão da cidade e região. Os artigos vão desde simples guardanapos feitos de crochê até animais como leões esculpidos em madeira.
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Sem título-1 1
20/09/2013 16:20:30
nº 28 | A no 4 | j ul I ag o 2011 nº 39| A no VII | Ag o I S et 2013
CAPA |
16 16
O que sua empresa pode conquistar com a ajuda da
Neurociência
Explorada por consultorias, a neurociência pode contribuir para o bom desenvolvimento de uma companhia.
CAPA | Nas últimas décadas, uma nova disciplina, a Psi-
física e mental. Se o gestor souber explorar tais
cobiologia, mais precisamente, a Psiconeurofi
períodos, pode conseguir um aumento significa-
siologia, vem ganhando terreno. Ela é uma com-
tivo de produtividade.
binação das ciências do comportamento com
“A esmagadora maioria das pessoas é mais
as neurociências e compreende o que até aqui
produtiva entre as 6h e as 10h e entre 16h e 20h.
já sabemos sobre o cérebro, como ele funciona,
No restante do tempo, o corpo precisa se esfor-
como podemos fazê-lo funcionar para atingir
çar mais, então o volume e qualidade do trab-
nossos objetivos e sua influência sobre a con-
alho são menores”, explica a neuropsicóloga e
duta das pessoas. Assim, nos estudos de como o
fundadora da Tai Consultoria, Inês Cozzo.
cérebro influencia nossas percepções, perguntas
Ainda segundo ela, logo depois das refeições
do tipo “Como sabemos o que sabemos?”, “Como
(chamado período pós-prandial), o organismo se
podemos aprender melhor e mais rápido?”,
concentra em fazer a digestão e, por isso, neste
“Como o cérebro nos informa da realidade, guia
período, as pessoas ficam com o raciocínio mais
nossas percepções, formula nossos desejos, e
lento.
nos ajuda a atingir objetivos?”, que outrora eram
“É também quando acontece o maior número
discutidas principalmente por filósofos e teólo-
de acidentes de trabalho. Funcionários de uma
gos, hoje passa ao campo da Psiconeurofisiolo-
empresa que conseguem tirar um cochilo logo
gia, sob a responsabilidade das áreas de recursos
após o almoço, voltam às suas funções com ener-
humanos das empresas, para que os treinamen-
gia e concentração redobradas”. Está explicado o
tos gerem resultados.
porquê de as “salinhas do cochilo” serem tendên-
Entender como funciona o cérebro humano
cia entre companhias inovadoras.
soais, como os processos práticos dentro de uma organização. Por isso, diversas consultorias uti-
Evitar conflitos desnecessários
lizam a neurociência para otimizar treinamentos
Uma pessoa tem um ciclo máximo de concent-
corporativos. Os benefícios vão desde o aumen-
ração de 15 minutos, mesmo quando está muito
to da produtividade à melhoria do ambiente de
interessada no assunto tratado. Depois deste
trabalho. Veja o que sua empresa pode conquis-
tempo, inevitavelmente a atenção é desviada
tar com a compreensão da neurociência:
por frações de segundo. “Acontece o tempo todo, mas você nem nota. O sol batendo no reló-
nº 39 | A no V II | Ag o I S et 2013
pode ajudar não só os relacionamentos interpes-
gio de alguém que passa pela sala de reuniões
Aumento da produtividade
pode desviar a sua atenção, mas você nem se
Dentro da neurociência, há um segmento chama-
dá conta disso”, exemplifica Inês. Segundo ela, o
do “cronobiologia”, que consegue identificar em
sistema nervoso humano recebe 400 bilhões de
quais horários do dia o organismo humano pro-
bits (unidades de informação) por segundo, mas
duz mais substâncias químicas para a atividade
só libera 2 mil para o cérebro.
17
CAPA | “É por isso que acontece aquele clássico impasse
possível, a menos que o curso a tenha preparado
de uma pessoa ter certeza de ter dito algo a out-
como multiplicadora. A maioria dos treinamen-
ra, mas a segunda estar convicta de que nunca
tos é expositiva, só repete informações, quando
ouviu sobre aquilo”, explica a neuropsicóloga.
deveria ‘ensinar a ensinar’”.
“Em uma empresa, se você tem consciência de
Além disso, segundo Inês, o aprendizado só
como isso funciona, pode evitar muitos confli-
pode ser feito pela repetição, ou pela emoção, o
tos. Não entrou nos 2 mil bits: o que fazer agora?
que significa que os treinamentos precisam ser
Quando não se conhece o processo, pode acon-
práticos a todo tempo, ou emocionar. “Ele deve
tecer de um funcionário culpar o outro, como se
ser divertido, instigante, curioso, motivador. É
ele estivesse mentindo ao dizer que não recebeu
preciso saber quais estímulos usar”.
aquela informação”.
Eficiência em treinamentos O aprendizado neurológico tem 4 etapas: a aquisição de dados; a informação (que é a repetição dos dados rece-
guindo entregar os resultados esperados, geralmente se imagina que falta motivação ou comprometimento por parte dos funcionários.
não tenham significado com-
Segundo Inês, em 99% das
preensível), o conhecimento
vezes que ela foi consultada
(quando o significado é com-
para investigar esse tipo de
preendido); e o saber (quando
problema em uma empresa,
o conhecimento está gravado
descobriu-se que não se trata-
do). De acordo com Inês, “pouquíssimos treinnº 39| A no VII | Ag o I S et 2013
Quando parte de uma equipe não está conse-
bidos, mesmo que eles ainda
nas células, não é mais esqueci-
17
Melhoria do ambiente de trabalho
va de falta de interesse, mas sim de mudanças na organização que deixavam os colaboradores com medo.
amentos ministrados em empresas chegam até
“Quando há uma mudança de gestão, ou de
a última etapa”, por isso muitos deles precisam
processos, o medo aparece e não permite que
ser repetidos. “O conhecimento é a etapa que
a informação seja processada. O cérebro recebe
coloca significado na informação. Quando a
a informação de que não está preparado para
sabedoria sai da boca de quem está falando, ela
aquela novidade. Ele precisa de um tempo para
só é informação. Só a pessoa que a recebe é que
se adaptar, e aí a produtividade cai”, explica a
pode colocar significado nessa informação, com
neuropsicóloga. “A liderança das empresas pre-
sua experiência de vida e alcance de compreen-
cisa ter consciência disso e orientar o seu pes-
são”, explica ela.
soal, o que contribui para um ambiente de tra-
“Não se pode enviar uma pessoa para um curso
balho muito mais saudável, em que as pessoas
e pedir que ela transmita aquele conhecimento
são mais felizes”.
para todo mundo, isso é neurologicamente im-
CAPA | Melhor gestão do tempo
situação mais fácil. Mas os prazos têm que ser cumpridos, caso contrário o efeito é reverso”.
Assim como o cérebro tem dificuldades para
O que é todo este rebuliço afinal?
processar informação em tempos de mudança,
Parece que, em todo lugar que olhamos hoje
ele também fica reativo quando há alguma ex-
em dia, há artigos descrevendo as implicações
pectativa e só volta a funcionar normalmente
das novas descobertas científicas sobre o cére-
quando se sente seguro, de acordo com o médi-
bro. Das páginas do New York Times a Harvard,
co e coach do Instituto Brasileiro de Coaching
Exame entre outros, os cientistas nos fornecem
(IBC) Rogério de Fraga. “Quando vão ocorrer de-
novas informações atormentadoras, que desafi-
missões, ou troca de liderança em uma empresa,
am muito do que pensávamos que sabíamos so-
os funcionários ficam em clima de expectativa e
bre o que nos move e porque interagimos com os
o trabalho pára. Se a liderança souber identificar
outros do modo que fazemos. Alguns anos atrás,
isso ele pode trabalhar para diminuir a ansiedade
o Dr. Eric Kandel, ganhador do Prêmio Nobel de
da equipe”, explica Rogério.
Bioquímica em 2000, disse em uma palestra que
Uma maneira de amenizar esse problema é es-
essa pesquisa é claramente a nova fronteira en-
tabelecer um prazo para que as mudanças acon-
tre a medicina e a ciência, e que provavelmente
teçam, segundo ele. “O tempo pré-determinado
ela irá alterar substancialmente e melhorar nossa
cria um arrefecimento da expectativa, torna a
compreensão sobre os indivíduos e a sociedade. exame
FIQUE SABENDO |
As lições do pôquer para a gestão de
empresas
1 Traçar um plano estratégico e ter paciência para conquistar os resultados Qual é a empresa que alcança o sucesso sem um plano estratégico e investimentos a longo prazo? No pôquer não é diferente. O objetivo de um jogada é coletar as fichas dos adversários. Os jogadores são eliminados quando não têm mais fichas para apostas. Cada jogador recebe a mesma quantidade de fichas e pode gastá-las da forma que preferir. “Desta forma, é preciso elaborar uma estratégia. Você pode optar por pagar as fichas uma a uma,
Assim como administrar um negócio, jogar pôquer exige muita estratégia. Veja as lições que o esporte tem a ensinar para a gestão.
mas para isso terá de ter muita paciência. Ou pode jogar em bocados, o que é mais arriscado. Você tem que fazer aquilo que acredita que é certo em cada situação e não esperar um resultado de curto prazo, como nos negócios”, afirma Torezzan.
São Paulo - Analisar o comportamento dos concorrentes, prever e antecipar o futuro,
2 Avaliar e assumir riscos
nº 28 | A no 4 | j ul I ag o 2011 nº 39| A no VII | Ag o I S et 2013
estar disposto a correr riscos. Estas caracter-
20 20
ísticas poderiam muito bem descrever um
No início de um jogo de pôquer, dois jogadores
homem de negócios, mas também estão re-
precisam apostar antes mesmo de saber quais
lacionadas aos bons jogadores de pôquer.
quartas possuem. Os outros, têm o poder de de-
“O pôquer é um jogo de informações
cidir se querem jogar aquela mão ou não, se que-
variáveis. Algumas estão na mão de quem
rem pagar a aposta inicial ou mesmo aumentá-
toma a decisão (se quer apostar ou não),
la.
outras não (quais cartas vão aparecer, como
“É uma pancada de decisões que devem ser
seus oponentes irão reagir). É a mesma coisa
negociadas. Se eu tenho uma mão forte, quero
no comando de uma empresa, diz Cristiano
apostar para que você coloque mais fichas. Se
Torezzan, professor da recém-lançada discip-
acho que meu jogo está ruim e quero que você
lina “Fundamentos do Pôquer”, da Faculdade
desista, faço uma aposta maior”, diz Torezzan.
deCiências Aplicadas da Universidade de
Mas tudo tem um risco: as cartas só são abertas
Campinas (Unicamp).
se ninguém desiste ao fim de cinco rodadas de negociação. Se um jogador desiste antes disso,
4 Identificar oportunidades para investir e saber negociar
perde tudo o que já tinha apostado. “Percebemos que em 75% das mãos, as pessoas
É como obervar o movimento do mercado e
desistem antes de mostrar as cartas. Ou seja: a
suas tendências antes de comprar ações de
estratégia prevalece sobre a sorte”, explica o
uma empresa. “Às vezes, você acha que está
professor. Quanto aos negócios, é consenso
com um jogo muito bom, mas as cartas ainda
que quem não corre riscos, também não inova.
não foram mostradas. Um de seus oponentes aposta 300, outro 700 e outro 3 mil. Quando você vê essa aposta alta demais, pode perceber
3 Gerenciar recursos disponíveis e administrar perdas e ganhos que não estava no planejamento
que talvez o seu jogo não seja tão bom assim. Uma coisa é ninguém querer jogar antes, outra é jogar com pessoas que parecem mais fortes e outra jogar com quem parece estar mentindo.
“Se eu tenho 10 mil fichas, pagar uma aposta de 300 é tranquilo. Mas se eu tenho 1500, já é muito para o meu capital”, exemplifica Torezzan. “Às vezes é melhor desistir e perder o que já
5 Estar disposto a conhecer pessoas e aprender o tempo todo
jogou do que arriscar o restante que eu tenho. É como investir em um projeto que não dá lu-
Um líder que não sabe lidar com outas pessoas
cro. Talvez seja melhor parar de alimentá-lo, ou
– seja um funcionário, um fornecedor, ou um
talvez a única forma de recuperar as perdas, é
concorrente –, não levará sua empresa a lugar
investindo mais ainda”.
nenhum. No pôquer não é diferente. “Cada
nº 28 | A no 4 | j ul I ag o 2011
jogada traz um oponente diferente. Cada
21
ESPECIaL | FIQUE SaBENDO | pessoa reage de uma forma: algumas têm uma aversão natural ao risco, outras o acham interessante. Se eu fizer uma aposta alta, alguns podem desistir, outros pode se sentir desafiados. É preciso aprender a reconhecer essas atitudes”, diz o professor. Existem várias modalidades de pôquer, mas a mais conhecida e mais jogada pelo mundo é a Texas Hold’em. Primeiramente, para compreender esse estilo, é preciso entender o ranking de mãos, ou seja, a combinação de cartas que vence uma jogada. a ordem é a seguinte, das maiores para as menores: 1. Royal straight flush: Cinco cartas do mesmo naipe, em sequência do 10 ao a 2. Straight flush: cinco cartas do mesmo naipe, em sequência, independente do valor 3. Quadra: quatro cartas do mesmo valor 4. Full house: uma trinca (três cartas do mesmo
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valor) e um par (duas cartas do mesmo valor) 5. Flush: Cinco cartas do mesmo naipe 6. Sequência: 5 cartas em sequência, idependente do naipe 7. Trinca: três cartas do mesmo valor 8. Dois pares: dois pares de cartas do mesmo valor e uma outra qualquer 9. Par: duas cartas do mesmo valor e outras três diferentes 10. Carta alta: quando ninguém possui pelo me21
nos um par, quem estiver com carta mais alta na mão vence o jogo.
O jogo começa com todos os jogadores recebendo duas cartas fechadas (não mostradas). Eles devem combinar essas cartas com outras comunitárias abertas na mesa. No fim da mão, se dois ou mais jogadores permanecerem na disputa, as cartas são reveladas e aquele com a melhor mão de 5 cartas ganha as fichas dos adversários. a combinação das cinco cartas pode ser feita de qualquer forma utilizando as duas cartas fechadas do jogador e as cinco cartas comunitárias. Passo a passo: Sem ver as suas cartas, dois jogadores fazem apostas forçadas “small blind” (SB) e “big blind” (BB). Normalmente, o BB é o dobro do SB. No pôquer, as fichas fichas utilizadas nas apostas não tem valor real. Cada jogador paga uma inscrição fixada pelo torneio e recebe uma quantidade de fichas pré-determinadas para utilizar. Os jogadores que fazem essas apostas forçadas são determinadas pelo botão do dealer, que gira na mesa no sentido horário. Quem está à direita do dealer paga o small blind, e quem está à direita, paga o big blind. Na mão seguinte o botão se moverá uma posição e outros jogadores farão Podem ocorrer até quatro rodadas de apostas:
Preflop: acontece depois que os jogadores rece-
pelo menos igualar a aposta para continuar na
beram as duas cartas fechadas e antes das car-
mão.
tas comunitárias serem distribuídas. O primeiro
Turn: assim que esta rodada estiver completa, a
jogador a agir é o que está sentado à esquerda
quarta carta comunitária (chamada turn) é vira-
do big blind. Em sentido horário, cada um dos
da e uma nova rodada de apostas é feita.
jogadores tem a opção de desistir da mão (fold),
River: ao fim da terceira rodada de apostas a
pagar a aposta (call)
ou aumentá-la (raise).
quinta carta (o river) também é mostrada na
Quando um jogador aumenta uma aposta, ele
mesa e uma última rodada de negociação é feita.
força qualquer outro a pagar pelo menos a mes-
após o último ciclo de apostas, se ainda restarem
ma quantidade de fichas para continuar no jogo.
jogadores na mão, as cartas fechadas são revela-
Quando a primeira rodada termina, as três pri-
das e o jogador com a melhor combinação leva
meiras cartas comunitárias (chamadas de flop)
todas as fichas e é o fim de jogo. a maioria das
são abertas.
mãos de pôquer terminam antes deste estágio
Flop: a segunda rodada é iniciada com a ação do
final porque os jogadores optam por desistir da
jogador que está à esquerda do dealer. Se nin-
mão em alguma das fases de apostas. Neste caso,
guém tiver feito uma aposta, cada jogador pode
o jogador que fez a última aposta antes dos de-
optar por não tomar nenhuma atitude (dar um
mais desistirem fica com as fichas e não precisa
check) ou apostar um valor à sua escolha. Se ele
mostrar suas cartas.
escolher apostar, os próximos serão obrigados a
ESSÊNCIA DO SABOR |
Ragú Napolitano
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Ingredientes
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amarrando as ervas com um barbante ou fio dental
1kg de carne bovina dura (tatu, lagarto, músculo,
sem sabor. Em uma panela bem quente, selar os
coxão de fora)
pedaços de carne com azeite de oliva. A carne vai
1 cebolas grande
soltar bastante suco, então deve ficar na panela em
3 dentes de alho
fogo alto até secar, o que leva cerca de 15 minutos.
1 galho de alecrim
Quando estiver seco, adicionar a cebola, refogar por
1 macinho de tomilho
3 minutos e acrescentar o alho, deixando por mais
1 macinho de manjerona
1 minuto. Deglaçar a panela com o vinho e deixar o
2 folhas de louro
álcool evaporar por 5 minutos. Adicionar as latas de
200ml de vinho tinto de boa qualidade
tomate e temparar com sal e pimenta. Baixar o fogo
2 latas de tomates pelados (ou 500g de tomate
e colocar o bouquet garni dentro, amarrando a ponta
orgânico sem pele)
no barbante na alça da panela, para ficar mais fácil
400g de pappardelle (ou talharim, fettuccine,
de tirar depois. Tampar a panela e deixar cozinhar por
tagliatelle)
cerca de 2 horas, verificando de 15 em 15 minutos se não secou. Se estiver secando, adicionar uma xícara de
Modo de Preparo
água e mexer bem para não queimar. Quando a carne
Tirar qualquer pedacinhos de gordura e membranas
estive se desmanchando, o molho está pronto. Retirar
que tenham ficado na carne e cortar em cubos
o bouquet garni. Cozinhar o pappardelle conforme as
grandes. Cortar a cebola e o alho em brunoise, que
instruções da embalagem e depois juntar à panela do
são pedacinhos bem pequenos. Fazer um bouquet
molho, misturando bem para absorver o sabor. Servir
garni com alecrim, tomilho, manjerona e louro,
com parmesão para ralar na hora.
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nยบ 35 | A no Vi | nov I dez 2012
MILISTÓRIAS | GOBBO
A ressurreição do
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Lulu da farmácia
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Lulu da Farmácia, registrado no cartório como Luiz
seus barracos, a fim de prover suas necessidades.
Fonseca, era um homem notável. Tanto por seu
Por isso, era muito conhecido e muito estimado na
porte como por sua caridade e piedade. Alto, magro,
cidade.
empinado, elegante até. Albino, gostava de roupas
No dia da Páscoa assistia a missa especial celebrada
brancas e resplandecia onde aparecia.
pelo padre Ramon Panches, quando tombou ao chão.
Dono da única farmácia de Serra Mansa praticava
Foi levado pelo sacristão, ajudado por dois outros
a caridade com intensidade: dava graciosamente
fiéis, para a sacristia, onde o colocaram deitado sobre
os medicamentos a quem necessitava, além de
três cadeiras improvisadas em leito.
participar da Conferência de São Vicente, organização
O padre continuou nos finalmente da missa pois já
de assistência às famílias pobres da pequena cidade.
tinha dado a comunhão aos fieis com o “Ite, Missa
Aos domingos, deixava a farmácia aos cuidados da
Est”, muitos que estavam na igreja foram para a
mulher e do filho adolescente, e ia, com os confrades
sacristia, que ficou superlotada. Permanecendo no
vicentinos, percorrer os locais onde famílias erguiam
altar, o padre mandou um coroinha falar para o povo
desocupar a sacristia.
desmaio!
Inutilmente. O garoto entrou na sacristia, e voltou
E estendeu as mãos, num sinal para que a multidão
com um comentário:
aquietasse e abrisse um caminho para que ele
— Acho que ele está morto, padre.
pudesse adentrar-se em sua própria casa. .
O pessoal que estava nas imediações do altar
Mais confusos, os presentes confundiram o gesto
ouvindo apenas a parte final do recado— ...está
como uma benção, e se ajoelharam. Alguns até
morto.—saiu dali e a falsa notícia se espalhou pela
tentaram beijar suas mãos.
cidade com fogo em rastilho de pólvora.
Não foi fácil para Lulu entrar em seu quarto, fechar
O desmaio de Lulu não foi muito longo. Doutor
a porta e deitar-se, enquanto a esposa e Cândido,
Matias, que morava na praça bem defronte à igreja,
o filho, de quinze anos, impediam que a casa fosse
compareceu com presteza e com a fricção de álcool
invadida.
nos punhos e alguns sais de cheiro forte, reanimou
Afinal,
Lulu.
convenceram de que Lulu da Farmácia não havia
O padre, que já havia despachado os curiosos
morrido, e disseminaram a crença na ressurreição
quanto o médico chegou, fez com que Lulu
de Lulu.
permanecesse repousando na sacristia por uma
Para esses e muitos outros que não estavam na igreja
boa meia hora. Tempo mais do que suficiente para
nem na casa do farmacêutico, a ressurreição de Lulu
que grande número de pessoas se dirigissem à casa
da Farmácia era tão certa como fora a de Jesus. Nem
onde morava Lulu, bem ao lado da farmácia, para
mesmo a admoestação do padre Ramon, afirmando
receber o corpo e participar do velório, feito em
ser uma blasfêmia pretender que teria havido uma
casa naqueles tempos.
ressurreição na cidade,
A multidão compacta sob o sol quase a pino em um
A lenda criou raízes no imaginário popular. E se Lulu
céu muito azul ficou surpresa e muito se assustaram
já era querido por sua bondade inata, passou a ser
ao ver sair do carro de Licurgo chofer de praça, o
referido e venerado como homem santo.
próprio Lulu da Farmácia, todo aprumado em terno
O tempo foi e foi e Lulu da Farmácia, como todos
de linho branco como que gostava de usar, próprio
os mortais, veio a falecer. Seu enterro foi um
para assistir missas solenes.
acontecimento na cidade e depois do enterro
Talvez o sol causticante tivesse queimado alguns
dezenas de pessoas permaneceram no cemitério,
neurônios, talvez porque aquele domingo da
ao redor da tumba, rezando e invocando Lulu.
Ressurreição fosse o ápice da Quaresma e da Semana
Não passou nem uma semana após o falecimento
Santa, e o espírito de devoção estivesse ainda
e enterro, começou a circular na cidade uma lista
acesso, enfim, seja lá por que motivo, começou uma
pedindo a beatificação de Luiz Fonseca, o bem
gritaria histérica:
querido Lulu da Farmácia.
—Ele ressuscitou! Seu Lulu ressuscitou!
Agora só resta esperar por alguns milagres.
a
dispersão.
Muitos
não
se
Muitos correram para além da rua, levantando poeira.
nº 39 | A no V II | Ag o I S et 2013
houve
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ANTONIO ROQUE GOBBO
Lulu, ouvindo os gritos, sorriu constrangido e disse:
Belo Horizonte, 12 de abril de 2013
— Calma, pessoal! Num morri ainda não. Só tive um
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dentro das redes sociais, e sim reflexos da preferência dos usuários por cada uma das marcas no
Quando o
relacionamento da marca com os consumidores aZEDa
Especialistas em marketing do mundo todo sempre puxaram para o mundo digital as maneiras mais revolucionárias e criativas de “engajar” o consumidor e provocar o “curtir” e os retweets a respeito da marca. Creditaram ao mundo online a responsabilidade de trazer novos clientes, quando, na verdade, é no mundo real mesmo que tudo se passa. Trocando em miúdos, não adianta uma marca ter uma presença digital superlegal se seu comportamento perante o consumidor na hora da compra — na hora de oferecer uma experiência ao usuário — é fraco, tímido ou descuidado. a presença das marcas no universo digital e a relação que elas mantêm com os consumidores não são fruto de nenhuma estratégia inovadora
seu dia a dia. Ou seja, continua valendo o que acontece quando o consumidor usa o produto ou serviço. a sua percepção sobre a qualidade e os benefícios. O atendimento que ele recebe no ponto de venda ou no pós-venda. O gosto pelo uso do que comprou. Só depois é que ele vai levar em conta as campanhas bacanas nas redes sociais e, aí sim, “curtir” a marca nesse ambiente. Dá para perceber duas coisas principais: a primeira é que, em tese, os internautas podem ser agrupados em “categorias”, que adotam diferentes maneiras de interagir nas redes, tanto em termos de frequência de postagens quanto de disposição em curtir ou compartilhar conteúdos alheios. a segunda é que, apesar disso, ainda é muito difícil colocar em prática o microtargeting, ou a capacidade de direcionar conteúdos específicos para pessoas que efetivamente podem estar interessadas neles. a melhor lição que fica é: não deixe o seu consumidor no escuro. Mariela Castro Consultoria Communication advisors
HUMORTO |
100 95
Confissões de um Moribundo O caminhoneiro estava no seu leito de morte e pergunta à mulher,
— Você se lembra daquela vez que pediu um75 empréstimo ao banco para trocar o caminhão e eles não liberavam nunca o dinheiro e você25 já estava ficando desesperado?
5
— E de repente o dinheiro foi lib-0
com voz moribunda:
erado de uma hora para outra?
— Mulher, sei que estou
— Sim, sim... Me lembro!
morrendo e nada disso
— Tem razão, foi por uma
mais me importa agora,
mas
boa causa, naquela época eu
só por curiosidade, você já me traiu al-
estava até pensando até em me
guma vez?
suicidar. E a outra vez?
Ela pensou um instante, mas acabou
— Você se lembra quando se can-
confessando:
didatou a Presidente do Sindicato
— Sim, eu te traí sim, mas apenas
e faltavam apenas 165 votos para
duas vezes e somente para te ajudar.
vencer?
nº nºnº39| 37| 38|a aa no no noVII VII VII|| ag |a jbr un o II Imai Sj et ul 2013
— Como foi a primeira?
100 95 75
25
30
5 0
0
f a t c
peagade
0
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