ANO Viiii - 50 - SETEMBRO/OUTUBRO dE 2015
A REVISTA DO EMPRESÁRIO DO SETOR FUNERÁRIO
Uma dama na morte
Diretora de funerária conta como foi crescer brincando em caixões
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EDITORIAL |
Entre ternos, gravatas e sapatos sociais, lá estão elas; Em menor numero, mas, ainda sim, marcando presença e
trazendo a sensibilidade que só as mulheres possuem. Elas estão dirigindo as funerárias, ocupando cargos de diretoras, sendo filhas, esposas e, acima de tudo, mulheres. Cada vez mais, as mulheres estão na direção das empresas funerárias brasileiras, e não é a toa que escolhemos Mylena Cooper para a nossa matéria de capa dessa edição da InMemorian. Diretora do Crematório Vaticano, no sul do país, Mylena é empresária, e faz parte da 3ª geração de uma família que começou fabricando caixões com madeira de engradados. Em entrevista, conta como começou a trabalhar no setor funerário, além das dificuldades que enfrentou durante toda sua infância, por conta do ramo de trabalho de sua família. Uma história inspiradora. No Cemitur, saiba curiosidades sobre o Cemitério da Penitência, no Rio de Janeiro, que criou jazigos especiais para pessoas com até 500kg e, ainda, uma matéria especial contando o que é preciso para instalar um crematório, sanando todas suas dúvidas sobre o assunto.
No Decole, confira a reportagem sobre a cidade de Tiradentes, localizada a 200 km de Belo Horizonte e que, no
final do mês de Agosto, organizou a 18ª edição do Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes. E não deixe de passar pelas receitas típicas desse festival, simplificadas para melhor aproveitamento, e conhecer a culinária típica dessa cidade. No Luto, o mundo funerário despede de Manolo, presidente do grupo OSAN, responsável pelo surgimento e crescimento de diversas empresas do grupo, e sempre lembrado pela sua amabilidade e honra. Também, o mundo cinematográfico lamenta a perda de Wes Craven, famoso diretor hollywoodiano de filmes de terror, criador dos marcantes “A Hora do Pesadelo” e “Pânico”. Nas indicações de livro e filme, confira os cinco motivos pelos quais você deve assistir a mais nova obra cinematográfica de Damián Szifron, “Relatos Selvagens” e, também, por que você não pode deixar de ler o thriller que vem prendendo cada vez mais leitores ao redor do mundo, “A Garota no Trem”. Boa Leitura,
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Equipe In Memorian
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28 ESSร NCIA DO SABOR
CEMITOUR
16 DECOLE
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Mundo Funerário
Funerária cita concessão de 10 anos e nega “máfia” em Cuiabá Funerária cita concessão de 10 anos e nega “máfia” em Cuiabá
Representantes do setor que exploram os serviços funerário de Cuiabá rebateram as declarações do
vereador Juca do Guaraná Filho (PTdoB), de que existe uma “máfia das funerárias” na capital. De acordo com o empresário Nilson Marques, da funerária Dom Bosco, os serviços são concessionados e ocorreram dentro da legalidade.
Segundo ele, a licitação para exploração do setor ocorreu em 2012 e tem 10 anos de duração. “A licitação
foi aberta, com a concorrência divulgada em nível nacional. Seis empresas mostraram interesse e duas saíram vencedores”, declarou o empresário.
O empresário destacou que entre as obrigações das funerárias estão o atendimentos a carentes de
forma gratuita. “Temos três tipos de caixão que são cedidos gratuitamente a população. O serviço funerário de Cuiabá é considerado um dos três melhores do Brasil”, assinalou.
Além disso, a funerária é responsável por cuidar de três cemitérios na capital do Estado sem qualquer
tipo de cobrança ao município. “É bom deixar claro que os serviços funerários não tem preço, tem tarifas que são tabeladas. E várias taxas que são pagas vão para o cofre da prefeitura”, explicou.
Por fim, o empresário afirmou que está a disposição da Câmara de Cuiabá e de órgãos competentes
besteira dessas. Temos 40 anos de atuação e não temos nenhum processo, nem trabalhista”, finalizou.
CRÍTICAS
Na sessão da última quinta-feira, o vereador Juca do Guaraná apresentou um projeto que visa ampliar o
número de funerárias atuando em Cuiabá. Ele denunciou que o monopólio faz existir uma “máfia das funerárias” na capital do Estado. “Atualmente existem apenas duas funerárias em Cuiabá e esse número deverá subir para
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para prestar esclarecimentos sobre as denúncias do parlamentar. “O vereador não pode sair falando uma
seis. A população tem direito a livre escolha, para optar por qual empresa vai querer, qual o menor preço, e o mais acessível”, disse. 9
CEMITOUR |
Jazigo para pessoas com até 500 kg O Cemitério da Penitência, no Caju, no Rio de Janeiro, criou jazigos especiais para os mortos com até 500 quilos que custa R$ 74,9 mil cada.
Com o crescimento da obesidade no Brasil, surgem necessidades especiais para atender certas
demandas. O cemitério da Penitência, no Caju, no estado do Rio de Janeiro esta lançando jazigos com tamanhos especiais para atender este tipo de cliente.
De acordo com Alberto Júnior Brenner, administrador do Cemitério da Penitência (RJ), os túmulos para
obesos têm 2,60 metros de comprimento e 1,50 metro de largura na parte externa. Na parte interna, a medida é de 2,40 metros de comprimento, 1,30 metro de largura e 0,60 m de altura. As unidades são perpétuas e localizadas em quadra especial.
O Brasil está se tornando um país de obesos. O número de pessoas acima do peso ideal está crescendo
no planeta, conforme dados do Ministério da Saúde. A mudança radical nos hábitos nacionais nos últimos 30 anos levou o país a ocupar a quinta posição no ranking mundial da obesidade: 60 milhões de brasileiros estão acima do peso e, 22 milhões, considerados obesos. Excesso de peso pode seguir as pessoas até o fim da vida e, quando chegam ao óbito, a família da vítima vive o dilema que agora é tratado com atenção no Estado do Rio de Janeiro.
“Além disso, temos conhecimento que há famílias no Rio buscam sepulturas com medidas especiais.
Como não temos conhecimento de outro empreendimento que ofereça esses túmulos, o Cemitério da
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Penitência se solidarizou com a questão e agora está atendendo a essa demanda,” afirmou Brenner.
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Mundo Funerário
Para instalação de um crematório, seja para a cremação de humanos ou para a cremação de animais devem ser atendidas as legislações municipal, estadual e federal. 1. Deve-se verificar se no seu município existe algum impedimento para a instalação de um crematório. A maioria dos municípios brasileiros não tem legislação específica para crematórios, entretanto, é prudente realizar uma consulta à prefeitura para verificar se no local onde se pretende instalar o crematório não há algum impedimento da lei de zoneamento ou alguma restrição sobre a instalação de crematórios. Por exemplo: em São Paulo a instalação de crematórios é atribuição exclusiva do Serviço Funerário Municipal, não sendo permitida a empresas particulares a exploração destes serviços, exceto por concessão da prefeitura. 2. Providenciar o Licenciamento Ambiental. Para isto é necessário definir que equipamento será utilizado, elaborar um Projeto Básico para aprovação e um Estudo de Impacto Ambiental. 3. Com a Licença Prévia em mãos deve-se elaborar o projeto executivo e dar entrada na solicitação da Licença de Instalação. Com a obtenção da Licença Prévia pode-se finalizar a compra do equipamento, programando sua entrega conforme o cronograma
4. Com a emissão da Licença de Instalação deve ter início a obra, que deverá respeitar todos os termos da licença. Providenciar a instalação da central de GLP para alimentação do forno. 5. Com a obra concluída efetua-se a instalação do Forno Crematório, de sua chaminé. Nesta etapa é realizado o Start-up, o treinamento dos operadores e testes preliminares de queima. 6. Finalizada a instalação do equipamento e concluída a obra, solicitar a Licença de Operação, que será concedida após a realização de um teste de queima. Como é feita a instalação do Forno Crematório? Uma vez que o equipamento esteja no local e as
utilidades
estejam
instaladas
(alimentação
de combustível e de energia elétrica) deverá ser agendado o “Start-up” diretamente com a fabricante do equipamento Após a instalação é efetuado também uma cremação teste, para treinamento dos operadores que recebem um Certificado emitido pela fábrica. Como é feita a manutenção do Forno Crematório? A manutenção de rotina do equipamento é bastante simples é pode ser feita pelo próprio operador. Qual a vida útil de um forno crematório? Depende muito da forma como o equipamento é operado. Normalmente, após cerca de 5.000 (cinco mil) cremações são necessários reparos nos refratários. As manutenções devem ser efetuadas
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O que é preciso para instalar um crematório?
da obra.
por técnicos habilitados e que sejam utilizados peças originais do fabricante do equipamento. Fonte: Todas Funerárias 11
BOA LEITURA I
Thriller’A Garota no Trem’ tem falhas, mas prende o leitor
Rachel é uma mulher solitária que todos os
dias pega o trem de Ashbury para Londres. A viagem inclui uma breve parada em Witney, onde ela espia, do seu assento, o jovem casal que vive em uma casa junto à estação. De tanto os observar, deu a eles nome e personalidade – Jess e Jason, seus personagens, são um casal modelo. Rachel, logo vamos descobrir, é divorciada e alcoólatra. Além disso, tem uma mente fecunda, claro. Também veremos que ela toma o trem diariamente porque finge trabalhar em Londres, quando na verdade está desempregada. É em uma dessas idas para a capital inglesa que, dentro de uma biblioteca, ela lê a notícia de que Megan Hipwell, aquela a quem chama de Jess, está desaparecida. Rachel sente, então, uma irrefreável vontade de se envolver no caso. Foi com esse enredo de thriller, aliás já adquirido pelo estúdio americano Dreamworks, que a jornalista Paula Hawkins, nascida e criada no Zimbábue mas radicada em Londres desde os 17 anos, se transformou em fenômeno de vendas logo
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na sua estreia na literatura.
A Garota no Trem (tradução de Simone Campos,
Record , 378 páginas, 35 reais), o romance de Paula que chega agora ao Brasil, atingiu o topo das principais listas de livros mais vendidos do mundo, incluindo a do jornal The New York Times, e quebrou a marca de O Símbolo Perdido, o best-seller de Dan Brown, no Reino Unido. O sucesso, que surpreendeu até a editora de Paula, a Transworld, se deu no boca-a-boca e por um motivo simples: o romance, apesar de conter falhas, retém a
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atenção do leitor até o fim.
Um dos pontos questionáveis do livro é como
Megan, que mora na pequena Witney, onde todos os rostos são familiares, segundo Rachel, que viveu ali até o divórcio, não foi vista por ninguém na noite em que desapareceu. E havia pessoas nas ruas: era verão, período de dias mais longos e agradáveis, e crianças brincavam no parquinho, como deixa escapar, em certo momento, a narradora principal do livro. Ao todo, o romance tem três narradoras, Rachel, Anna, aquela que tomou o seu lugar em sua casa, e a própria Megan. Se por um lado dividir a narrativa entre três personagens
BOA LEITURA I fortes da história, capaz de conferir alguma densidade ao suspense.
E há passagens bem redigidas, em especial nas
primeiras páginas – nada semelhante ao horror que é o texto de uma E. L. James. “É um alívio estar de novo no tem das 8h04. Não que eu esteja ansiosa para chegar logo a Londres e começar a semana – na verdade eu não faço a menor questão de estar em Londres. Só gosto de me recostar no veludo surrado e macio do banco, sentir o calor do sol entrando pela janela, o vagão me embalando, o ritmo reconfortante das rodas sobre os trilhos. Prefiro estar aqui, olhando para as casas à margem da linha do trem, do que em qualquer a participar mais da construção do livro, ao relacionar os relatos de uma e de outra, por outro lado reside aí o segundo ponto incômodo da obra. Embora tenham seus textos datados, nenhuma delas escreve um diário ou dá um depoimento que pudesse ter sido registrado – um testemunho para a polícia que se pudesse reproduzir nas páginas do livro, por exemplo. As vozes simplesmente brotam no romance, sem explicação, e é preciso algum esforço imaginativo, para não dizer benevolência, para comprar essa ideia. Além disso, elas não são tão distintas quanto deveriam: o registro de Anna não destoa muito dos de Megan e de Rachel, ainda que elas sejam mulheres diferentes.
A Garota no Trem cumpre, porém, não apenas
o papel de entreter como também, missão maior de todothriller, o de conduzir o leitor até a última página. A composição das personagens, com destaque para a alcoólatra Rachel, é boa. Há pouca descrição e bastante ação. É pelos atos que descobrimos quem é cada um,
outro lugar”, diz uma melancólica Rachel no primeiro capítulo.
Não à toa, a crítica internacional vem
comparando a estreia literária de Paula Hawkins a outro thriller, o também envolvente Garota Exemplar (Intrínseca), da americana Gillian Flynn. Há muitos pontos de contato entre eles, sem dúvida: da profissão original das autoras, ambas jornalistas, à construção de um enredo atraente em torno de uma personagem que desaparece, sem falar na palavra em comum no título. E no cinema, que já despontou no horizonte de A Garota no Trem. Fenômeno comercial no exterior, o livro de Paula Hawkins tem tudo para repetir o seu bom desempenho em vendas no Brasil. Em apenas cinco dias – ele chegou às livrarias na segunda-feira –, garantiu a vigésima colocação entre os mais vendidos do país. Tem alguns defeitinhos, é verdade. Mas quem liga para isso quando se trata de um thriller? O importante, aqui, é se deixar levar, como Rachel no trem. Ou nos goles de
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acrescenta perspectivas diversas à história e leva o leitor
seus bons drinque.
mesmo que em alguns momentos uma narradora fale mais do que deveria, e lemos traços psicológicos dos atores em cena. A psicologia, aliás, é um dos elementos
Fonte: Maria Carolina Maia, Veja
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VALE ASSISTIR I |
5 motivos para ver “Relatos Selvagens” Com humor inteligente, filme argentino retrata falta de civilidade e selvageria nas cidades.
Poucas vezes a distância entre Brasil e Argentina pareceu tão grande quanto na comparação entre a maior
parte das comédias produzidas aqui e “Relatos Selvagens”, filme de Damián Szifron que estreia nesta quinta-feira (23), depois de abrir a Mostra de Cinema de São Paulo.
Como muitas comédias brasileiras,“Relatos Selvagens”foi sucesso de bilheteria: fez 3 milhões de espectadores
e se tornou o longa mais visto do ano na Argentina. Isto, porém, sem o humor rasteiro e as piadas sobre flatulência que caracterizam, por exemplo, “O Candidato Honesto”, para citar um filme nacional atualmente em cartaz.
O humor sofisticado e inteligente é a principal característica de “Relatos Selvagens”, que foi escrito e dirigido
por Szifron e segue formato de antologia: são seis histórias diferentes - todas bastante regulares, algo raro no gênero -, unidas por protagonistas fora de controle, que decidem fazer justiça com as próprias mãos.
Há um aspirante a músico que reúne todos os seus desafetos em um só lugar; uma garçonete que tem
a chance de se vingar do homem que arruinou sua família; uma briga de trânsito que termina em violência; um engenheiro indignado com uma multa indevida e a burocracia sem limites; um milionário que tenta livrar o filho da cadeia após ter atropelado uma grávida; e uma noiva que descobre a traição do marido em plena de festa de casamento.
São histórias simples, sobre fatos cotidianos, que por isso provocam identificação quase imediata no público.
Com ironia, Szifron faz um comentário tão inteligente quanto engraçado sobre a falta de civilidade e a selvageria
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urbana.
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VALE ASSISTIR I |
Veja cinco motivos para assistir a “Relatos Selvagens:
1 - O elenco: Ricardo Darín é quem encabeça o elenco de “Relatos Selvagens”, mas o filme tem outros
ótimos atores, como Darío Grandinetti, Oscar Martínez, Diego Gentille e, sobretudo, Erica Rivas. No papel da noiva que decide se vingar do marido infiel, a atriz de 39 anos protagoniza o episódio mais engraçado e marcante.
2 - O humor negro: O diretor Damián Szifron acertou ao escolher contar os episódios em tom tragicômico.
Ao mesmo tempo em que diverte, o filme é reflexivo e discute injustiça social, intolerância e outros problemas da
3 - Foi sucesso de público e crítica: Além de bater recordes nas bilheterias argentinas, “Relatos Selvagens”
foi a única produção latino-americana a entrar para a competição oficial do Festival de Cannes, recebendo fortes aplausos após a exibição. O longa também fez sucesso quando abriu a Mostra de São Paulo, na semana passada.
4 - É o candidato da Argentina no Oscar: A indústria cinematográfica argentina escolheu “Relatos Selvagens”
para buscar uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro. O longa compete com títulos de mais de 80 países, incluindo “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, que representa o Brasil na disputa.
5 - Foi produzido por Pedro Almodóvar: “Relatos Selvagens” está no catálogo da produtora El Deseo, fundada
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vida nas cidades.
pelo cineasta espanhol e seu irmão mais novo, Agustín Almodóvar. Os dois estão creditados como produtores do longa. Fonte: iG São Paulo
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DECOLE | Tiradentes
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Festival de Gastronomia de Tiradentes traz sabores de Norte a Sul a MG intercâmbio de chefs de vários estados e da França marca 18a edição, que segue até 30 de agosto na cidade do Campo das Vertentes mineiro Lenildo Lima, 48, garantiu ao público da sua apresentação deste sábado (22) durante a 18ª edição do Festival de Gastronomia e Cultura de Tiradentes, que comercializa mais de 400 produtos feitos com o caju de Teresina (Piauí). Da fruta que ele adquire de produtores da região, ele a transforma em cerveja, espumante, geleia, cachaça e a famosa cajuína - suco feito com 100% do fruto tipicamente conhecido do Piauí, mas que Lenildo pôde mostrar, além de sua cidade, por meio do evento, que começou na última sexta-feira (21). “O caju é a minha vida. Tudo o que eu tenho hoje é graças à ele”, conta. O intercâmbio de ingredientes e sabores típicos de outras regiões, além da mineira, descobertos por meio de expedições gastronômicas ao longo do ano sempre foi o forte do festival, que este ano promete receber cerca de 40 mil turistas até a data de seu encerramento, no dia 29. Essa edição propôs, além dos chefs mineiros que participam do eventos, um
Paris. Dois deles, Xavier Burelle e Laela Mouhamou, assinaram jantares especiais no primeiro dia e aproveitaram a experiência de trocar uma noite na França para cozinhar nos restaurantes típicos da cidade de Tiradentes. Todos os chefs franceses também ministrarão aulas durante o festival, para que o público conheça um pouco da gastronomia francesa que, assim como a mineira, valoriza a
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intercâmbio com chefes franceses, uma parceria com o Festival L’Etoile de Mougins, de
gastronomia local, incentivando chefs e pequenos produtores. Quem também estreou no evento foi a chef curitibana Manu Buffara, um dos jovens talentos da cozinha, reconhecida por elaborar pratos feitos com matérias-prima brasileiras e valorizar produtores.
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DECOLE | Tiradentes
No jantar de abertura, Manu trouxe uma
apresentação breve de alguns dos pratos do seu
restaurante, “o Manu”, em Curitiba. “É um aprendizado
mineiro para o mundo, a 18ª edição do Festival de
vir aqui. O mineiro curte muito a gastronomia, então
Gastronomia e Cultura de Tiradentes conquistou um
pra cozinhar aqui a gente se empenha mais pra que dê
sotaque que veio de muito longe, mais precisamente
tudo certo”, avaliou.
da cidade de Mougins, no sul da França. Por lá, a cidade
Além dos jantares com os chefs convidados,
já viveu nove edições do Festival L’Etoile de Mougins,
o evento, aberto ao público, vai oferecer mais de 180
evento gastronômico que muito se assemelha ao
atividades gastronômicas gratuitas durante os dez dias
de Tiradentes. Por isso, o evento recebe até o seu
de evento.
encerramento, no dia 29, uma comitiva formada por
Mineiros na praça
quatro chefs franceses.
Enquanto nos restaurantes acontecem o
De tanto mostrar o potencial gastronômico
Dois dos quatro chefs convocados – Xavier
intercâmbio de cozinhas entre os chefs é na praça que o
Burelle (Hôtel de Mougins) e Laela Mouhamou (La
público mais se diverte e onde acontece a maior parte
Brasserie de la Méditerranée) – estrearam no primeiro
do agito na cidade.
fim de semana de evento deixando um gostinho de
“quero mais” não só para o público que conferiu jantares
Por lá, quatro restaurantes de Belo Horizonte Borracharia
e aulas ministradas por eles, mas também para os
Gastropub) também criaram pratos especiais dentro
quatro chefs mineiros que, em setembro, irão participar
da proposta de valorizar os ingredientes regionais e
da décima edição do Festival L’Etoile de Mougins.
assim para agradar o público com demonstrações de
pratos ao vivo, ação que chama a atenção turista que se
Trindade (Trindade-BH), Rodolfo Mayer (Angatu-
interessa cada vez mais pela gastronomia mineira.
Tiradentes) e Ivo Faria (Vecchio Sogno-BH). “Minas tem
“O grande benefício para nós, chefs, é o fato
uma gastronomia muito consolidada, tradicional e ao
de estarmos todos juntos compartilhando ideias e
mesmo tempo inovadora e moderna. O importante é
experiências no Festival. Essa troca de energia é muito
a gente tentar difundir esses conceitos. Estou muito
boa, pois no nosso dia a dia não temos muito tempo
feliz de ir até Mougins, mostrar a cozinha com muito
para encontrar. Fazer parte disso, ainda mais em uma
orgulho. Estou preparando uma linguiça de porco com
cidade como Tiradentes, é ótimo”, contou o chef Jaime
pimenta biquinho e jiló”, avalia o chef Léo Paixão, que
Solares da Borracharia Gastropub.
se considera um dos embaixadores da gastronomia
(Trindade,
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Conexão com a França
Hermengarda,
Xapuri
e
São eles: Leonardo Paixão (Glouton-BH), Fred
mineira.
Para Rodrigo Ferraz, diretor do festival, o
evento, que sempre foi anfitrião, desta vez propõe um verdadeiro intercâmbio de cozinhas. “Antes só os chefes de outros lugares viam pra cá, mas não tinha essa troca de experiência. Eu espero que os mineiros
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que irão para lá levem toda essa história de Minas
DECOLE | Tiradentes Gerais ser a referência de gastronomia no Brasil e que
Feirinha dos produtores rurais é lançada durante
mostrem que estão atualizados com os pratos e com as
o festival
novas técnicas, além de ser uma oportunidade para que
fiquem reconhecidos lá fora”, conclui.
produtores locais e turismo rural, o Festival de
Para o próximo fim de semana, dias 28 e 29,
Gastronomia e Cultura de Tiradentes também foi palco
estão escalados os chefs Emmanuel Ruz (Lou Fassum)
para o lançamento do projeto “Rota do Sabor”, idealizado
e Serge Chollet (Le Moulin de Mougins) que assinam
pela Associação dos Produtores de Campo das Vertentes
o jantar especial no restaurante Pacco & Bacco, em
(ARPA) e com apoio do Sebrae. Por lá é possível conferir
Tiradentes, co chef Rafael Pires - que participa assinando
feirinhas de produtores locais que vivem da produção
a sobremesa: rabanada de baroa com sorbet de goiaba,
artesanal de queijos, biscoitos, mel, doces e geleias, uma
doce de goiaba de colher e farofa de paçoca.
forma de estreitar o contato entre o turista e a cadeia
No mesmo compasso da valorização dos
produtiva.
“A feira é uma vitrine dos produtos artesanais
e atende ao turista que não pretende se deslocar até o produtor. Antes, os produtora precisavam de um alicerce para melhoria técnica desses produtos e qualidade visual. Os produtos são elaborados por famílias da região que são verdadeiros alicerces econômicos”, conta Juliana Muradas, chef de Belo Horizonte e gestora do projeto.
Na praça
Quem está acostumado a se dividir durante o
evento entre as principais praças da cidade - o Largo das Forras e o Largo dos Chefs, poderá se despedir neste edição. De acordo com Rodrigo Ferraz, no ano que vem o festival terá mudanças físicas por conta das obras de revitalização que irão acontecer, como as obras de revitalização do Centro Histórico, realizadas pela prefeitura, que já estão em andamento desde a última terça-feira (18). Ainda não se sabe o local exato que abrigará a próxima edição, mas enquanto isso, o público mineiro pode conferir amostras do festival por meio do Fartura Gastronomia, que será realizado em outubro em BH e no início de 2016 em Porto Alegre.
Durante esta edição do Festival, a feira tem
periodicidade ampliada e vai acontecer entre os dias 21 a 23 e 27 a 30, de 10 às 17 horas. Além dos pequenos produtores, o projeto também oferece oficinas de artesanato e gastronomia, com vagas limitadas de 20 pessoas.
CAPA | Uma dama da morte
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dicas para TER UMA
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Uma dama na morteDiretora de funerária conta como foi crescer brincando em caixões O negócio da família começou com meu avô,
Ela achou que eu estava confundindo. Meus pais tiveram
que fazia engradados de madeira para condimentos.
que ir lá explicar.
Até que um dia, faleceu um de seus vizinhos e pediram
para que ele fizesse um caixão com a madeira dos
minha família trabalhava nesse ramo. Mas chegou um
engradados. Ele aceitou e passou a investir em caixões.
dia em que percebi que o assunto na mesa de jantar era
Eram entalhados à mão, com desenhos de flores.
só esse: o trabalho na morte.
Quando meu avô percebeu que o negócio não
Fiquei muito tempo com vergonha de falar que
Tinha 16 anos quando decidi entrar na empresa
dava dinheiro -porque todo lucro ficava nas mãos das
também. Meu irmão, com 18, já trabalhava lá, com meu
funerárias-, ele comprou uma funerária. Inicialmente,
pai, meu avô, minha mãe...
tinha o nome Cooper, que é o sobrenome da família,
para depois se tornar a funerária Vaticano e, hoje, o
curso de preparação de corpo, de maquiagem e acabei
Crematório Vaticano.
passando por todos os setores da empresa.
O sobrenome Cooper significa “fabricantes
Comecei vendendo planos funerários, fiz
Uma das coisas que fiz muito foi ser a DJ do
de caixões” em irlandês, por isso há uma tradição na
crematório -selecionava as músicas para o velório e para
Europa das famílias Cooper seguirem essa atividade. É
a cerimônia de cremação.
uma coincidência.
Eu lembro de brincar de esconde-esconde
falava do meu trabalho e algumas achavam nojento.
com meus primos nos caixões. Havia uma época em
Brincadeiras sempre havia (e ainda há), porque é o
que guardávamos caixões em casa. O estoque era
modo de o brasileiro de lidar com a morte.
grande porque a empresa ainda era muito pequena e
não havia outro lugar para colocá-los.
nosso trabalho é o de tornar mais fácil o momento mais
difícil da vida das pessoas. É um trabalho digno.
Algumas crianças se assustavam. Tenho amigas
As pessoas ficavam assustadas quando eu
A educação que meu pai me passou foi que
que até hoje lembram de chegar em casa e ver caixões
TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO
no jardim.
e valorizam o que eu faço. Meu pai, Edson Cooper, é
Hoje sei que o caixão assusta as famílias, mas,
Hoje todo mundo já conhece meu trabalho
para mim, era -e ainda é- algo muito natural.
muito respeitado. Ele é bem empreendedor. Na primeira
FAMÍLIA DIFERENTE
possibilidade que teve, começou a ir a congressos. Hoje,
participa de três congressos internacionais por ano e
Foi na adolescência que eu comecei a perceber
que minha família era diferente das outras. Um dia, a
dois nacionais.
professora perguntou onde meu pai trabalhava. Eu
disse: funerária. Ela me corrigiu: “Não, ele trabalha
funerárias, mas com o tempo foi aprendendo. Sempre
numa ‘funelaria’ [funilaria], nunca mais diga funerária”.
se espelhou nos países mais desenvolvidos. Trouxe
nº 50| Ano V IIII |set |ou t 2015
Ele não falava inglês e não entendia as feiras
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CAPA | Uma dama da morte
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a cremação para o sul do Brasil, há 15 anos, quando
nervo que relaxa.
não era comum, com a consciência de que ela é uma
alternativa mais econômica, prática e que polui menos
resguarda de pombas voando -elas dão cinco voltas
o meio ambiente.
acima da cabeça- faz com que você movimente o
Ele inovou em outros aspectos, como o de
pescoço, relaxando ainda mais. As famílias vão embora
usar poltronas confortáveis em vez das cadeiras duras
mais relaxadas, tranquilas para pegar um carro, ou até
e instalar ambientes climatizados, além do oferecer
mesmo viajar -voltar para sua cidade natal após um
lanches para as famílias durante a cerimônia.
velório.
Um dos maiores legados do meu pai é a tanatopraxia —
um conjunto de técnicas de conservação do corpo, que
está se espalhando pelo Brasil. No final da cerimônia,
retarda sua decomposição. Foi ele quem trouxe esse
uma esteira embutida no teto solta pétalas de rosas
estudo ao Brasil e passou a ensiná-lo gratuitamente.
em cima do caixão. Assim como a chuva de balões -a
família escreve textos que são colocados dentro dos
Por ser engenheiro químico, ele criou o líquido
Esse movimento circulatório de olhar a
Também fizemos a chuva de pétalas, que agora
que é injetado no corpo. Isso se espalhou muito
balões e soltos.
rápido. Hoje se cobra R$ 2.000 para dar um curso de
tanatopraxia, e meu pai ensinou todo mundo de graça.
colocadas em corações ou flores de papel) e os QR-
Antigamente, não era possível transportar
code na sala de memórias, com informações sobre a
corpos de uma cidade para outra ou fazer velórios
pessoa falecida. São nichos de vidro que representam
depois de 24 horas, porque não existia essa técnica.
um túmulo, com objetos pessoais como óculos ou
É um procedimento fantástico para a família,
celular, estetoscópio... artigos que mostram o trabalho
porque parece que a pessoa está dormindo. Ele tira a
e os hobbies daquela pessoa. São coisas que ajudam no
rigidez do corpo, tornando possível entrelaçar as mãos
processo do luto.
do defunto, por exemplo.
fora do país, como a transformação de cinzas em cristais.
Além disso, tira o cheiro forte e age como
Temos a árvore das saudades (mensagens
Algumas inovações são referências que vemos
bactericida, possibilitando o toque. A tanato também
tornou possível a reconstituição facial e a reconstituição
por ser um produto importado. O cristal é bem mais
do corpo.
barato e é feito por nós mesmos, na fábrica de vidros do
POMBAS, ROSAS E BALÕES
meu outro avô.
Outra inovação é o uso de pombas brancas
Antes usávamos diamantes, mas era muito caro
Uma vez, a esposa de um falecido nos pediu
no sepultamento. Meu avô sempre criou pombos,
para fazermos um sapo de cristal verde com as cinzas
passarinhos e galos, mas teve que parar de trabalhar
dele, pois ele tinha o apelido de sapo.
por causa da idade.
bichos de estimação.
Inicialmente, meu pai implantou a revoada para
Também oferecemos cristais com cinzas dos
dar uma atividade para ele. O que acabou sendo muito
benéfico, porque há estudos científicos mostrando que
espacial americana) para mandar as cinzas para o
quando as pessoas olham para cima, elas ativam um
espaço (um serviço comum lá), mas não deu certo,
Tentei fazer uma parceria com a Nasa (agência
CAPA | Uma dama da morte porque ninguém quer mandar o parente para longe.
O pingente é mais popular, por permitir que
atrasados quanto ao percentual de cremação. Aqui
a pessoa amada fique perto de si. A materialização faz
são 3%, nos EUA é acima dos 70%, na China é 99,5%. A
bem no lidar com o luto.
Austrália também já passou dos 70%.
RETROSPECTIVA
Em poucas horas já entregamos o corpo embalsamado,
Nossa cerimônia é pensada para ajudar
Em relação aos outros países, estamos
Em relação a serviços, o Brasil está avançado.
as famílias. Procuramos montá-la da forma mais
com lanche, ritual, todo o evento preparado.
personalizada possível, pesquisando sobre a vida do
Também admiram nossas inovações no serviço. O
falecido e buscando coisas marcantes e positivas na sua
brasileiro é muito criativo.
trajetória.
aumentarmos as taxas de cremação de pessoas e
Pegamos as músicas que ele mais gostava,
A tendência do nosso mercado funerário é
montamos um vídeo, elaboramos uma carta com as
animais.
últimas homenagens dos amigos e de pessoas do
convívio social, como do trabalho ou do clube.
limpa, higiênica e mais leve. Também acho que
Os americanos fazem muito isso. Vai todo
crescerá essa ideia de elaborar a cerimônia como uma
mundo para o microfone falar sobre o falecido, fazem
homenagem -com vídeo, fotos, texto biográfico, ou
até santinhos.
seja, com grande participação dos familiares e amigos.
Só que eles têm uma semana para preparar a cerimônia
lá. Aqui temos duas horas para montar tudo.
é um retrocesso. A federação diz que cada município
E procuramos ajudar no que for possível. Por
deve gerar o ramo funerário de sua cidade como quiser.
exemplo, se sabemos que há briga na família, colocamos
Em Curitiba, há um rodízio de funerárias (são todas
um vídeo falando sobre a importância da união familiar.
particulares, ao contrário de São Paulo, onde há o
Tudo tem que ter um sentido.
monopólio da prefeitura). Cada um que morre vai para
PRECONCEITO E ATRASO
uma funerária, em formato de rodízio.
O trabalho é prejudicado pelo preconceito
Eu prefiro a cremação por ser mais prática,
Infelizmente o sistema funerário de Curitiba
É um pesadelo você não poder escolher a
que o setor enfrenta. Nos EUA, por exemplo, o diretor
funerária que preferir. A livre concorrência só agrega
funerário é visto como uma figura que ajuda a
para o consumidor, então é ele quem está perdendo.
comunidade. Aqui, no Brasil, as pessoas têm a impressão
Então posso dizer que sonho com mudanças como
de que a funerária se aproveita da família no momento
essa. E desejo a melhoria contínua do setor. De poder
do luto.
atender sempre com qualidade e inovação. E quando
Eu represento o Brasil, junto com meu pai, nas
eu tiver filhos, adoraria que eles continuassem nesse
reuniões do Fiat-Ifta, um conselho internacional em
segmento, com o amor de ajudar os outros nesse
que se votam assuntos relacionados à morte, junto à
momento difícil, como o que meu pai me ensinou.
Unesco e à ONU. Discute-se, por exemplo, se deve ser permitido ou não o sepultamento no mar e quais seus impactos no meio ambiente.
Fonte: Folha de São Paulo
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CAPA |
24
LUTO |
Wes Craven Um dos mais influentes diretores americanos do cinema de terror morreu aos 76 anos de idade, devido a um tumor cerebral.
O cineasta americano Wes Craven, famoso
pelas franquias A Hora do Pesadelo e Pânico, morreu neste domingo, em Los Angeles. Craven tinha 76 anos e sofria de um câncer no cérebro.
Por duas vezes em sua carreira, o diretor
foi responsável por revitalizar o gênero do terror adolescente. Em 1984, criou um dos mais icônicos vilões do cinema, o horripilante Freddy Krueger. Com lâminas no lugar dos dedos, o assassino morto-vivo atacava suas vítimas dentro dos sonhos em A Hora do Pesadeloo primeiro grande sucesso de Craven.
Além de ter revelado Johnny Depp, que
interpreta uma das vítimas de Krueger, o longa estabeleceu uma fórmula de sangue, sustos e insinuações sexuais que foi seguida por diversas outras
dos anos 1980. A Hora do Pesadelo rendeu outras sete sequências, das quais Craven esteve envolvido em apenas duas.
Depois de um breve período de inatividade,
o diretor retornou em meados dos anos 1990 para reformular o gênero mais uma vez. Com Pânico, de 1996, Craven voltou a explorar a fórmula de um serial killer que aterroriza um grupo de adolescentes. Dessa vez, contudo, o diretor acrescentou uma boa dose de humor e fez piada com os clichês do gênero que ele próprio havia criado na franquia A Hora do Pesadelo. O
filme foi um sucesso comercial e teve três sequências, todas dirigidas por Craven.
O cineasta também mostrou competência
fora do gênero de terror. Em 1999, ele dirigiu Música do Coração, longa sobre uma professora que ensina violino para crianças pobres, que rendeu a Meryl Streep uma indicação ao Oscar. Em 2005, Craven mostrou uma direção ágil no claustrofóbico suspense Voo Noturno.
“Pegue o primeiro trabalho que conseguir na indústria
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franquias de terror e lotou salas de cinema ao longo
que quer entrar. O trabalho não importa, colocar o seu pé na porta é o que importa”. 25
LUTO |
Manuel Rodrigues (Manolo)
O presidente do Jabaquara, Manoel Rodriguez
Gonzalez, 59 anos, conhecido como Manolo, faleceu nesta terça-feira (1), em São Paulo. O também presidente da Osan estava internado com câncer no pulmão, no Hospital Albert Einstein, há cerca de dez dias, e os médicos já tinham dito que não havia mais o que ser feito.
O corpo ainda está na Capital e a família
ainda aguarda liberação. O velório será no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, e não há confirmação do horário. Manolo deixa a mulher e dois filhos. Ele foi o presidente no ‘centenário’ do Jabuca e era o líder da diretoria há dois anos. Seu mandato seria até final de 2016. A equipe da Baixada Santista está disputando a
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segunda fase na quarta divisão do futebol paulista.
26
Betty Lago
do câncer, que reapareceu em março de 2015. Em nota, a emissora destacou o sucesso da passagem da estrela pela casa.
Morreu na manhã deste domingo (13) a atriz
— A qualidade de sua interpretação e o profissionalismo
Betty Lago aos 60 anos. Vítima de um câncer na vesícula,
que a atriz entregou a suas personagens contribuíram
ela lutava contra a doença há três anos. A atriz estava
para o sucesso das produções da Record.
em sua casa no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro.
A doença foi diagnosticada em 2012, quando
de trabalhar e entrou para o time do reality Desafio
Betty foi submetida a uma cirurgia e começou o
da Beleza, do GNT, ao lado da apresentadora Mariana
tratamento com quimioterapia. A atriz não se negava a
Weickert e do beauty artist Daniel Hernandez. O canal
falar sobre a doença e muitas vezes se deixou fotografar
lamentou a morte da atriz.
com a cabeça raspada.
— Betty Lago foi e sempre será fonte de inspiração,
A filha da atriz, Patty Lago, confirmou e
bom humor e coragem para todos nós! Fica a saudade
lamentou, em seguida, a morte da mãe nas redes sociais.
e a certeza de que fomos muito privilegiados por
A última foto postada pela atriz no Instagram foi há
conviver e aprender com ela.
duas semanas, na qual dava “bom dia” aos seguidores.
Sucesso nas passarelas e na TV
de Betty Lago, que era uma das mais queridas da
Betty teve uma bem sucedida carreira de
televisão brasileira. Além dos trabalhos como modelo e
modelo durante 15 anos, com desfiles na Europa e
atriz, ela também apresentou programas no canal pago
Estados Unidos. Contemporânea de Luiza Brunet nas
GNT, como o GNT Fashione o Pirei.
Mesmo em tratamento, Betty Lago não parou
A personalidade carismática marcou a imagem
passarelas ganhou destaque pelos traços exóticos. Em 1991, estreou na televisão, interpretando Natália, na minissérie Anos Rebeldes, da TV Globo, que tinha Malu Mader como protagonista. Atuou também nas novelas Quatro por Quatro, Vira-Lata, Uga Uga, entre
assinou contrato com a Rede Record, onde participou das novelas Vidas em Jogo e Pecado Mortal.
Durante cinco anos foi apresentadora do
programa GNT Fashion. Também foi debatedora do Saia Justa, no canal GNT. No cinema, atou em Alô, Xuxa e os Duendes 2 e Mais uma vez Amor. Antes disso, em 1976,
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outras. Após quase 20 anos na emissora carioca, a atriz
fez uma ponta em Dona Flor e Seus Dois Maridos. A última novela dela foi Pecado Mortal, da Rede Record, em 2013. Na época, a atriz chegou a comemorar a cura 27
ESSÊNCIA DO SABOR |
Tomate recheado com carne moída
•Com uma colher, remova e descarte as sementes. •Recheie cada um com a mistura de carne e regue com um fio de azeite. •Coloque na assadeira, cubra com papel alumínio e leve ao forno por 30 minutos ou até ficar macio.
Ingredientes •1 xícara (chá) de carne moída cozida •1 xícara (chá) de arroz cozido •1 ovo cozido picado
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•1 pitada de pimenta calabresa •1 colher (sopa) de salsa picada •6 tomates grandes •Azeite para untar
Como fazer •Em uma tigela, misture todos os ingredientes, exceto o tomate. •Retire uma tampa do tomate.
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•Sirva em seguida.
ESSÊNCIA DO SABOR |
Pão de fubá recheado com goiabada Ingredientes •2 tabletes de fermento biológico fresco (30g) •2 xícaras (chá) de leite morno •1 xícara (chá) de açúcar •1 colher (chá) de sal •5 colheres (sopa) de margarina •1 ovo •2 xícaras (chá) de fubá •3 xícaras (chá) de farinha de trigo •2 xícaras (chá) de goiabada em fatias •Margarina e farinha de trigo para untar
Como fazer •Em uma tigela, junte o fermento biológico fresco, o leite morno, o açúcar e o sal. •Misture até ficar líquido e homogêneo. •Adicione a margarina, o ovo, o fubá e misture com uma colher para incorporar. •Adicione a farinha de trigo, aos poucos, sovando até que a massa se solte das mãos. •Se necessário, adicione mais farinha.
dobrar de tamanho. •Divida a massa do pão de fubá em duas partes, abra com um rolo, espalhe as fatias de goiabada sobre as massas e enrole como rocambole, formando 2 cilindros. •Coloque em uma fôrma untada e enfarinhada e deixe descansar por mais 30 minutos ou até dobrar de tamanho.
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•Cubra a massa e deixe descansar por 20 minutos ou até
•Faça cortes pequenos na superfície dos pães e leve ao forno médio, preaquecido, por 30 minutos ou até assar e dourar levemente. •Retire, disponha em uma travessa, fatie e sirva em seguida.
29
Mundo Funerário
Histórias de fantasmas rondam funcionários de funerária em São Paulo
Acontecimentos
estranhos
viram
rotina
de profissionais da morte, que enfrentam supostas aparições e até o medo dos amigos. “Evitam até aperto de mão”, diz coveiro. Funcionários de uma funerária no interior de São Paulo colecionam histórias de fantasmas e acontecimentos estranhos.
Para eles, porém, o convívio com as visitas
inesperadas é apenas consequência do trabalho com a morte. Na véspera do Dia de Finados, acompanhamos a rotina dos profissionais da morte na Urbanizadora Municipal (Urbam) de São José dos Campos, responsável pelo serviço funerário da cidade.
Há duas décadas o tanatopraxista (técnico
que prepara os cadáveres para os velórios) Edivaldo dos Santos, de 46 anos, assegura a conservação de
Motorista Vagner Mariano da Silva, que trabalha há 10 anos na funerária em São José dos Campos.
corpos. Ganhou o apelido de Doutor Morte e teve de trilhar um longo caminho até se livrar dos pesadelos com cadáveres. “Quando comecei, era coveiro e tinha acesso ao IML [Instituto Médico Legal]. Parte do meu trabalho era recolher corpos após autópsias”. E foi nessa nº 50| Ano VIIII |set|out 2015
temporada, em 1999, que Santos viveu sua primeira “situação estranha”.
“Estava acompanhando um enterro quando
fui abordado por um jovem de 15 anos. Ele me falou: ‘A placa do túmulo caiu. Ninguém vai colar? ’. Não era meu trabalho, mas quis ajudar e busquei a cola. Quando voltei, ele não estava mais lá”. A surpresa veio quando Santos olhou a foto na lápide e reconheceu o adolescente. “Era ele. Mas também quero acreditar que
30
era um irmão gêmeo”, diz.
Para o motorista Vagner Mariano da Silva, de
41, os fenômenos assustam, mas acabam virando piada. Há dez anos na profissão e um dos responsáveis pelo transporte dos mortos, Silva conta que um episódio de 2008 lhe causou arrepios. Ele levava um corpo para um velório em Paraibuna (SP). “A viúva quis acompanhar e toda hora ficava virando o pescoço para trás. Para mim, ela estava apenas olhando o caixão”, conta. Quarenta minutos depois e já no destino final, Silva retirou a urna do carro e despediu-se da mulher quando ouviu: “E o seu amigo? Ele não vai descer?”. Ainda sobre o acontecido, Silva relembra: “Lembro que ela até ficou brava comigo porque falei que ninguém tinha vindo com a gente. Mas, segundo ela, um homem veio sentado ao lado do
Mundo Funerário seu marido”.
o único susto: durante um velório, um corpo se mexeu
dentro do caixão.
Muitas vezes, as experiências vividas no
ambiente funerário não podem ser compartilhadas
“A filha foi tocar o corpo e ainda estava quente. Ela
com os familiares. “As pessoas não acreditam ou não
começou a gritar dizendo que o pai estava vivo. Mas
querem acreditar. Mas vemos tudo isso no trabalho e
a polícia chegou e viu que não tinha pulso. Foi bem
não estamos dormindo”, conta o motorista. Ele lembra
estranho”.
também a história de um amigo que teria presenciado a
trepidação das portas das quatro salas de velórios. “Mas
funerária
quando foram checar, estava tudo trancado. Ninguém
“As pessoas têm medo de mim”
sabe o que aconteceu”.
Conheça outras histórias dos funcionários da
Além dos pequenos sustos, os profissionais
enfrentam olhares desconfiados e o receio dos mais próximos. Ao caminhar com a reportagem nas ruas do bairro Vila Industrial, o Doutor Morte é reconhecido. Apaixonado pela profissão, ele até ironiza o medo que percebe nos outros. “Cara, acho que você perdeu o brilho dos olhos. Dá uma passada lá [na funerária]”, disse rindo ao cobrador de um ônibus que o cumprimentou. “Deus me livre, doutor. Nem brinca com essas coisas”, rebateu o homem do coletivo. “As pessoas têm medo de mim. Quando entro no ônibus, não tem como não encontrar um assento livre. Para eles eu represento a morte”, disse Benedito dos Santos. O motorista Vagner conta também que uma ex-cunhada Coveiro Milton está há seis anos entre os mortos e disse que passou a valorizar a vida.
Os apertos de mãos também são evitados, conta o coveiro Milton. “Outro dia mesmo encontrei um amigo
O coveiro Milton, que trabalha há seis anos na
de longa data e perguntei: ‘Tudo bom, meu querido?’.
Urbam, se considera um novato nos assuntos da morte,
Logo dei a mão e ele me deixou ali. Fiquei até vermelho.
mas já foi surpreendido em duas ocasiões. Durante
Eles pensam que tocamos os mortos do mesmo jeito
um procedimento de exumação de restos mortais
que os vivos. É diferente”.
enterrados havia 10 anos, Milton esperava encontrar
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evita até tocá-lo pela sua convivência com os mortos.
uma ossada, mas encontrou um corpo intacto. “Levei um susto. Parecia que o cara tinha sido enterrado no dia anterior, foi uma loucura aquilo para mim”. Não foi
Fonte: iG São Paulo 31
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