2
RUBICLEIS G. SILVA (ORG)
RELATOS E PESQUISAS: O PET ECONOMIA EM AÇÃO
RIO BRANCO 2022
S586r Relatos e Pesquisas: O PET Economia em Ação} / organizador Rubicleis Gomes da Silva / Rio Branco: Edição do Autor. – 2022. 182f. :il.; 20 cm. Incluem referências bibliográficas. ISBN: 978-65-00-44839-9 1. Economia. 2. Ensino – 3. Pesquisa- Extensão. 4. PET (Programa de Educação Tutorial) – 5. Relatos. I. Título. CDD: 330
Sumário I
APRESENTAÇÃO
13
Palavras da PROGRAD
15
Palavras do TUTOR
19
Participantes do LIVRO
21
II
23
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
1 My way: Daniel Viana Melo Lima 25 1.1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.2 DA DISCIPLINA AO MINICURSO DE ECONOMETRIA ESPACIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2 My way: Ruan Almeida Santos 2.1 A IDEIA PRINCIPAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 PRODUZIR O MELHOR USANDO TODAS A POSSIBILIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 A EDIÇÃO DO ECONEWS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 As primeiras edições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.2 As gravações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4 O NOVO MODELO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5 O CHROMA KEY, FUNDO VERDE . . . . . . . . . . . . . . 2.6 DOCUMENTÁRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.7 O PET ECONOMIA-UFAC COMO EXPERIÊNCIA ÚNICA
31 31 31 32 33 34 34 37 40 41
3 My way: Melquesedeque Sage Brilhante 43 3.1 A EXPERIÊNCIA DE ELUCIDAR MICROECONOMIA . . . 43 3.2 PET EAD: CURSO DE MICROECONOMIA I . . . . . . . . 48 4 My way: Edi Flores Reyna
51 3
Sumário 5 My way: Amarízia Clara Rocha Costa
55
6 My way: Débora de L. Braga Penha
57
7 My way: Vitória Correia de Oliveira
63
8 My way: Iago Kallil N. C. Barbosa
67
9 My way: Natanael de Souza Pereira
73
10 My way: William Sales de Melo
79
III
83
PETIANOS EM PESQUISA
11 Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana 85 11.1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 11.2 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 11.2.1 Modelo de insumo-produto . . . . . . . . . . . . . . . . 90 11.2.2 Encadeamento produtivo e setores-chave . . . . . . . . 91 11.2.3 Multiplicador de Produção . . . . . . . . . . . . . . . . 92 11.2.4 Campo de influência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 11.2.5 Fonte de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 11.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . 95 11.3.1 Estrutura de interdependência setorial da economia acreana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 11.3.2 Análise do campo de influência . . . . . . . . . . . . . 97 11.4 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 12 Gênero versus salários no Acre: a decomposição de OaxacaBlinder 103 12.1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 12.2 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE DISCRIMINAÇÃO SALARIAL POR GÊNERO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 12.3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 12.3.1 O Modelo de Decomposição de Oaxaca-Blinder . . . . 110 12.3.2 Variáveis e Fonte de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . 112 12.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . 114 12.5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Sumário
4
Sumário 13 SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO 119 13.1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 13.2 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 13.2.1 Externalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 13.2.2 Análise Exploratória de Dados Espaciais . . . . . . . . 123 13.2.3 Variáveis e fonte de dados . . . . . . . . . . . . . . . . 127 13.3 RESULTADO E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 13.3.1 Perfil da covid-19 dos municípios acreanos . . . . . . . 129 13.3.2 Padrão espacial dos indicadores da pandemia de covid19 e desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 13.4 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 14 ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 149 14.1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 14.1.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 14.1.2 As oportunidades digitais . . . . . . . . . . . . . . . . 151 14.1.3 Uma visão sobre desigualdade digital . . . . . . . . . . 153 14.1.4 O novo modo de ensino (remoto) imposto pela pandemia do covid-19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 14.2 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 14.2.1 Referencial teórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 14.2.2 Referencial Analítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 14.2.3 O teste de β convergência . . . . . . . . . . . . . . . . 161 14.2.4 O teste de σ convergência . . . . . . . . . . . . . . . . 162 14.2.5 Variáveis e fonte de dados . . . . . . . . . . . . . . . . 163 14.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 14.3.1 Análise do perfil da densidade em acesso à banda larga fixa pelo os municípios do Estado do Acre no período de 2011 a 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 14.3.2 Análise econométrica da convergência em densidade de acesso à banda larga fixa . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 14.4 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
Sumário
5
Sumário
Sumário
6
Lista de Tabelas 11.1 Medidas descritivas dos indicadores dos setores chaves e multiplicador do produto setorial da economia acriana 2015. . . . 95 11.2 Índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para trás e para frente dos setores da economia Acreana para 2015 . 97 11.3 * . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 12.1 Valor do salário médio mensal por cor da pele e gênero, Acre 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 13.1 Variáveis utilizadas no trabalho, sinal esperado e referencial teórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.2 Taxas de crescimento diário e mensal do contágio por covid-19 no Brasil, estado do Acre e municípios selecionados . . . . . 13.3 Casos absolutos e taxas de relativa e acumulada do contágio por covid-19 nos municípios do estado do Acre até 19 de junho de 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.4 Indicadores pandêmicos da covid-19 nos municípios acreanos calculados até 19 de junho de 2021 . . . . . . . . . . . . . . 13.5 Coeficientes do I de Moran univariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes nos municípios do estado do Acre em 2021. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.6 Coeficientes do I de Moran bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes e demais variáveis nos municípios do estado do Acre em 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 128 . 129 . 132 . 134 . 136 . 137
14.1 Densidade de banda larga fixa nos municípios do Estado do Acre em 2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 14.2 Densidade de banda larga fixa nos municípios do Estado do Acre em 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 14.3 Taxa de crescimento da densidade em acesso à banda larga fixa entre 2011 a 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 7
Lista de Tabelas 14.4 Taxa de crescimento da densidade em acesso à banda larga fixa nos municípios do Estado do Acre entre 2011 a 2021 . . 14.5 Modelo de Convergência Absoluta em densidade de banda larga fixa dos municípios do Estado do Acre de 2011 a 2021 . 14.6 Modelo de Convergência Relativa em densidade de banda larga fixa dos municípios do Estado do Acre de 2011 a 2021 . . . . 14.7 Modelo de Convergência Relativa em densidade de banda larga fixa dos municípios do Estado do Acre de 2011 a 2021 . . . . 14.8 Coeficientes de variação em densidade de banda larga fixa dos municípios acreanos para os anos de 2011 e 2021 . . . . . . .
Lista de Tabelas
. 171 . 172 . 173 . 174 . 174
8
Lista de Figuras 1.1
Curso de extensão do PET-Economia ministrado pelos Petianos 27
1.2
Curso de extensão do PET-Economia ministrado pelos Petianos 28
1.3
Curso de extensão em geoprocessamento ministrado por Daniel Viana Melo de Lima e Edi Flores Reyna . . . . . . . . . . 29
1.4
Curso de extensão do PET-Economia ministrado pelos Petianos 30
2.1
Imagens das primeiras notícias do Econews exibido em 20/08/2018 editado e apresentado pela primeira vez por Ruan Almeida Santos e Giovana Rodrigues, respectivamente . . . . . . . . . . 33
2.2
EcoNews de 29/08/2018 e 23/12/2018 aditados e apresentados por Ruan Almeida Santos e Giovana Rodrigues, respectivamente. Contém também a alteração para a o brasão novo do PET Economia – UFAC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.3
A primeira imagem temos o Ruan Almeida Santos montando o tripé para fazer uma gravação em cenário aberto, na segunda imagem temos o ângulo de visão de Ruan em uma gravação feita na sala do PET Economia -UFAC. . . . . . . . . . . . . . 34
2.4
As três primeiras imagens são a sequência de partes do EcoNews.A terceira imagem demonstra a nova técnica do editor . 36
2.5
Novo visual do Econews . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.6
Imagem do PETfocus exibido em 11/05/2019 que foi o primeiro vídeo do PETtv que foi usado o Chroma Key, o qual foi editado por Ruan Almeida Santos e apresentado por Carol Arruda, sendo que o fundo do vídeo tinha movimentação dos efeitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.7
Na imagem temos Ruan Almeida Santos, Iago Kalil que era o roteirista e Carol Arruda, ambos se preparando para gravar o PETFocus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 9
Lista de Figuras 2.8
Imagens do Chroma Key sendo usado, onde a primeira imagem é do vídeo “Prestação de Contas do PET Economia - UFAC ´´, a segunda do EcoNews, a terceira do documentário “ 25 anos do Plano Real´´ , a quarta imagem do documentário “ Go, Fúria!´´ e a última do “ Minicurso de Inglês Instrumental´´ ofertado gratuitamente pelo PET Economia -UFAC, sendo todos esses trabalhos editados por Ruan Almeida Santos. . . . . 39 2.9 Documentários: 25 anos de plano real; IV semana acadêmica de economia; O legado de temer e a reforma trabalhista . . . . 40 2.10 A primeira imagem é a da entrevista com o palestrante da IV Semana Acadêmica de Economia, Prof. Dr Shikida e segunda é da entrevista com empresária Gina Menezes em seu jornal Folha do Acre, convidada da mesa redonda da semana de economia. Essas duas imagens são do documentário da quarta Semana Acadêmica de Economia e 50 anos do Curso de Economia da UFAC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6
Primeira edição do minicurso Matemática Aplicada à Microeconomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Banner com a ementa da segunda edição do curso de Matemática Aplicada à Microeconomia . . . . . . . . . . . . . . . Aulas da segunda edição do curso de Matemática Aplicada à Microeconomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Terceira edição do minicurso Matemática Aplicada à Microeconomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Monitoria de Microeconomia I . . . . . . . . . . . . . . . . Vídeoaulas no Youtube curso EAD Microeconomia I . . . .
. 44 . 45 . 46 . 47 . 48 . 49
4.1
Atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no PET-Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.1
Palestra de Gestão Financeira Familiar em Cruzeiro do Sul-AC 56
6.1 6.2 6.3 6.4 6.5
II Semana Acadêmica de Economia- SAECON, 2014 . . . . . EcoSeminário do PET:Estimating the effect of training programs on earning . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . EcoSeminários do PET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Econews: O jornal do PET-Economia . . . . . . . . . . . . . Confraternização do PET-Economia . . . . . . . . . . . . . .
7.1
Consultoria solidária realizada em 2019: venda de pastel . . . 64
Lista de Figuras
. 58 . . . .
59 59 60 61
10
Lista de Figuras 7.2 7.3 8.1 8.2 8.3 9.1 9.2 9.3 9.4
Consultoria solidária realizada em 2019: venda de pastel entrega do relatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Consultoria solidária integração entre Petianos e discentes de microeconomia II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Meme de economia Meme de economia: tária . . . . . . . . Meme de economia:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Naruto x economia - restrição orçamen. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 o tripé macroeconômico . . . . . . . . . 71
Primeira aulas do curso de Inglês Instrumental Aplicado à Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Aulas do curso de Inglês Instrumental Aplicado à Economia . Mais aulas do curso de Inglês Instrumental Aplicado à Economia vencedora da primeira dinâmica com o seu prêmio . . . . . . .
74 75 76 77
10.1 Apresentadora Giovana Rodrigues destaca uma notícia que se desdobraria na maior crise do século XXI. Infelizmente as gravações de forma presencial tiveram de ser interrompidas pouco tempo depois da produção deste vídeo, quando foram registrados os primeiros casos de covid-19 no Acre. . . . . . . . 80 10.2 Panorama dos cursos EAD do PET TV. . . . . . . . . . . . . 81 10.3 Um dos documentários mais icônicos do TV PET, intitulado 25 anos do plano Real versa sobre a execução de uma das ações mais importantes da economia brasileira. . . . . . . . . . . . . 82 11.1 Índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para trás e para frente dos setores da economia Acreana para 2015 . 98 11.2 Índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para trás e para frente dos setores da economia Acreana para 2015 . 99 12.1 Valor médio das remunerações mensais pagas por gênero, Acre 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 13.1 Correlações, histograma e tendência linear dos casos de covid19 no Brasil, Acre e municípios selecionados no período de 26 de fevereiro de 2020 a 19 de junho de 2021 . . . . . . . . . . . 130 13.2 Box map da taxa de mortalidade por cem mil habitantes para os municípios do Acre em 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 13.3 Mapa de clusters locais univariados para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Lista de Figuras
11
Lista de Figuras 13.4 Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e taxa percentual da população atendida com água . 13.5 Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e taxa de esgoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.6 Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e taxa percentual da população em situação de pobreza e extrema pobreza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.7 Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e renda per capita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.8 Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e índice de Gini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13.9 Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e densidade demográfica . . . . . . . . . . . . . . . . 13.10Box map da densidade demográfica para os municípios do Acre em 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 139 . 140
. 141 . 141 . 142 . 143 . 143
14.1 Classificação de β e σ convergência com adaptação para o acesso à internet domiciliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 14.2 Diferentes situações de convergência e divergência para duas economias A e B, com adaptação para o acesso à internet domiciliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
Lista de Figuras
12
Parte I APRESENTAÇÃO
13
Palavra da PROGRAD Ao escrever o prefácio para este livro, devo mencionar a alegria com a qual recebemos o convite, principalmente pela honra de termos o privilégio da prioridade da leitura e, dessa forma, expressarmos o reconhecimento da valorosa obra coletiva, intitulada “Relatos e Pesquisas: O Pet Economia em Ação” e organizada pelo Professor Rubicleis G. Silva, tutor do Grupo PET Economia (Programa de Educação Tutorial do Curso de Bacharelado em Economia). O PET-Economia está em funcionamento na Instituição há mais de 10 anos, ao longo desse tempo, o Grupo PET/Economia vem consolidando e qualificando a formação dos estudantes da graduação do Curso de Bacharelado em Economia, bem como cumprindo uma função social de tornar a teoria econômica mais acessível para a sociedade, por meio de publicações ressaltando notícias do dia a dia, colocando em evidência assuntos e problemas acerca dos setores dinâmicos da economia acreana, da região norte e do país. Neste livro, o conjunto de textos que o compõem, originam-se de Relatos de Experiências vivenciadas por estudantes bolsistas petianos e egressos do PET-Economia e Pesquisas desenvolvidas por docentes, egressos do Curso de Economia, egressos e Tutor do PET-Economia. Os textos refletem o protagonismo do Grupo PET-Economia, presente de forma indissociável nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, consolidando um trabalho tutorial de uma prática educacional pautada na integralidade do conhecimento. “Relatos e Pesquisas: O Pet Economia em Ação” é uma obra que permite a disseminação mais ampla das ricas experiências e sólidos estudos teóricometodológicos acerca de temáticas econômicas de impacto dentro e fora da 15
universidade, por um programa de educação tutorial, vitorioso na sua essência. Após a apresentação do livro, primeira parte da obra, o leitor encontrará nas páginas seguintes, os relatos descritivos e narrativos das experiências dos petianos e ex-petianos, acerca das atividades desenvolvidas no PETEconomia, como realização de vários minicursos para a comunidade interna e externa à Ufac, palestras, produção de notícias em formato de vídeos para o PET TV Economia (nomenclatura dada ao conjunto de mídias do PET), organização de semanas acadêmicas, consultorias à pequenos empreendedores, produção de memes, garantindo acesso ao conteúdo da ciência econômica de forma simples e com maior alcance à população, entre outras experiências, que são apresentadas na segunda parte da coletânea de textos. As pesquisas apresentadas no livro “Relatos e Pesquisas: O Pet Economia em Ação”, estão na terceira parte da obra e traz a discussão e os resultados de temas econômicos importantes, de repercussão e influência na economia local. O artigo intitulado “Insumo-produto: identificando os setores dinâmicos da economia acreana” apresenta um diagnóstico da interligação e dependência em 27 setores da economia acreana para o ano de 2015, identificando os possíveis setores chaves da economia do estado do Acre e detectando os setores que apresentam influência mais significativa sobre os demais setores. O segundo artigo, denominado “Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder”, analisa os dados oferecidos pela Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílio (PNAD/2015), buscando responder se existe discriminação salarial no mercado de trabalho no estado do Acre? O estudo apresentou diferenças nas remunerações pagas entre homens e mulheres, comprovando que existe discriminação salarial por gênero, conforme as variáveis trabalhadas e que no estado do Acre existiu no referido período, uma remuneração maior paga ao sexo masculino. O terceiro artigo “Saneamento, Pib e Mortalidade por Covid-19 no Acre: a importância do espaço” tem como finalidade a apresentação de um diagnóstico sobre a relação existente entre indicadores de desenvolvimento e os indicadores pandêmicos de Covid-19 nos municípios acreanos, verificando a relação espacial. O texto se desenvolve para responder as seguintes perguntas: a) existe relação entre indicadores de desenvolvimento socioeconômico e indicadores de contágio e 16
mortalidade de Covid-19 nos municípios acreanos? b) existe algum padrão de difusão espacial entre os indicadores de desenvolvimento socioeconômico e a taxa de mortalidade por Covid-19? O último artigo, intitulado “Análise de convergência no acesso à internet domiciliar nos municípios acreanos, entre o período de 2011 a 2021”, procura verificar se a desigualdade no acesso à internet domiciliar nos municípios acreanos reduziu no período de 10 anos, permitindo uma visão sobre desigualdade digital no estado do Acre. O que mais falar neste prefácio? Apenas mais algumas palavras sobre o livro “Relatos e Pesquisas: O Pet Economia em Ação”. Espera-se que as experiências, as problematizações, as discussões e os resultados suscitados pelos autores possam servir de estímulo aos leitores para se apropriarem, de forma mais acessível, de temas da teoria econômica, conhecer e refletir acerca de temáticas de interesse da comunidade e da sociedade. A dimensão do impacto na formação acadêmica e cientifica dos bolsistas é imensurável, o que demonstra ser o PET-Economia, um grupo que vem oportunizando a realização de estudos, pesquisas e ações de extensão que proporciona uma formação acadêmica ampla e de qualidade. Aos autores, meu reconhecimento e admiração! Que “Relatos e Pesquisas: O Pet Economia em Ação” cumpra seus objetivos. Desejo uma ótima leitura. Profa. Dra. Ednacelí Abreu Damasceno Pró-Reitora de Graduação Universidade Federal do Acre
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Palavras do TUTOR É com muita alegria que venho apresentar este novo produto do PETEconomia. Este é nosso quarto livro. É composto por duas parte. A primeira versa sobre a experiência que nossos bolsistas tiveram no desenvolvimento de suas atividades no PET. E a segunda parte, são apresentadas pesquisas que tiveram sua gestão no âmbito de nosso programa. Ao longo deste período enquanto tutor do PET, sempre busquei desafiar nossos bolsistas com diversas atividades. Atividades estas que sempre possuiam dois focos. O primeiro é permitir ao nosso bolsista o desenvolvimento de suas habilidades. E o segundo, é que o desenvolvimento desta habilidade impacte de forma positiva, os discentes do economia e a sociedade. Só é possível falarmos de um programa de educação tutorial exitoso, quando as ações deste programa tocam a sociedade de forma positiva e a realização destas ações, tornam seus protagonistas melhores cidadãos e melhores profissionais. O ideal que nos move é fornecer aos nossos bolsitas a possibilidade deles realizarem seus sonhos. E além disso, que a realização deste sonho contribua de forma positiva com a realização do sonhos de outros. Assim, teremos um melhor profissional, um melhor curso de economia, uma melhor universidade e estaremos contribuindo para uma melhor sociedade. Desta forma, estamos oferecendo uma formação acadêmica de alto nível, objetivando a formação de um profissional crítico e atuante, orientada para a cidadania e pela função social da educação superior. É preciso destacar que a promoção de uma formação ampla e de qualidade acadêmica, estimulam a fixação de valores que contribuem com a cidadania e a consciência social. Por fim, gostaria de compartilhar dois depoimentos de ex-bolsitas do pet: 19
RUAN ALMEIDA SANTOS Ter participado do Programa de Educação Tutorial de Economia da UFAC foi algo inesquecível em minha vida. Nesse programa eu fiz novos amigos, conheci maravilhosas, tive acesso a pensamentos diferentes, participei de pesquisas econômicas, conheci aspectos do nosso curso que só o PET pode nos proporcionar como, por exemplo, a experiência prática em consultorias e pesquisas econômicas com supervisão de professores altamente qualificados e tive acesso a minicursos de alto qualidade, porém gratuitos, tudo isso sendo supervisionado por um Tutor extraordinário que é o professor Rubicleis. Portanto, no PET eu aprendi expandir uma pouco mais de algumas habilidades que eu tinha, além de me mostrar outras, uma experiência única em minha vida. EDI FLORES REYNA Em suma, posso afirmar que o PET-Economia foi um fator indispensável na minha eleição de continuar na vida acadêmica. O programa me proporcionou diversas oportunidades de realizar atividades de ensino e pesquisas, as quais criaram e/ou aprimoraram habilidades estratégicas para a vida dentro de uma pós-graduação. Além disso, o PET-Economia me fez ter certeza da área de pesquisa que iria adotar durante o meu mestrado. DÉBORA DE LIMA BRAGA PENHA Sim....foram anos de muito trabalho e dedicação. Mas também foram anos de muita descontração, risadas, em que conheci e fiz grandes amigos, tive grandes experiências e me encontrei enquanto economista, pesquisadora, e professora. Além do aspecto científico, o PET-Economia também tem seu aspecto humano. Uma sinergia difícil de encontrar sendo muito além do que um projeto de Ensino e Extensão. Esse foi o relato de uma ex-petiana que tem muito orgulho de dizer que foi integrante do PET-Economia UFAC. Ao tutor Prof. Drº Rubicleis Gomes da Silva, minha terna admiração e meu eterno obrigada! Com base nestes depoimentos, nos relatos e em nossa produção, acreditamos que estamos cumprir com os objetivos do PET, este é o meu relato. Prof. Dr. Rubicleis G. Silva Tutor do PET-Economia
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Autores AMARÍZIA CLARA ROCHA COSTA: Graduada em Economia (UFSJ), 2017; Egressa do PET Economia; Mestranda em Ciências Ambientais (UFAC), 2021; Economista da Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Sul. CARLOS ALBERTO FRANCO DA COSTA: Graduado em Economia (UFAC), 1993; Mestre em Engenharia da Produção – Universidade de Matanzas Camilo Cienfuegos, 2000; Doutor em Meio Ambiente Natural e humano nas Ciências Sociai – Universidade de Salamanca, 2005; Pós-doutor em Ciências Humanas – UFSC, 2014. CARLOS ESTEVÃO FERREIRA CASTELO: Graduado em Economia (UFAC), 1991; Mestre em Engenharia da Produção (UFSC), 1999; Doutor em História Social (USP), 2014. DANIEL VIANA MELO LIMA: Graduado em Economia (UFAC), 2017; Egresso do PET-Economia; Mestrando em Educação (UFAC), 2021. DANIELLE DA SILVA COSTA: Graduada em Economia (UFAC), 2021. DÉBORA DE LIMA BRAGA PENHA: Graduada em Economia (UFAC), 2017; Egressa do PET-Economia; Mestrado em Economia (UFV), 2020. EDI FLORES REYNA: Graduado em Economia (UFAC), 2017; Egresso do PET-Economia; Mestrado em Economia (UFV), 2019; Doutorando em Economia (UFV), 2021. GABRIELLA MOTTA GAMA: Graduada em Economia (UFAC), 2021; Egressa do PET Economia. IAGO KALLIL N. C. BARBOSA: Graduando em Economia (UFAC), 2021. Egresso do PET Economia. 21
MELQUESEDEQUE SAGE BRILHANTE: Graduado em Economia (UFAC), 2021; Mestrando em Economia – UFV, 2021; Egresso do PET Economia. NATANAEL DE SOUZA PEREIRA: Graduando em Economia (UFAC), 2021; Bolsista do PET Economia. ROMERO SOARES DE MEDEIROS: Graduado em Economia (UFAC), 2021; Egresso do PET – Economia; Gerente do Santander RUAN ALMEIDA SANTOS: Graduando em Economia (UFAC), 2021; Egresso do PET Economia RUBICLEIS G. SILVA: Graduado em Economia (UFAC), 2001; Mestre em Economia (UFV), 2003; Doutor em Economia (UFV), 2005; Pósdoutorado em Economia (UFJF), 2009; Pós-doutorado em Economia (FGV); 2018. Tutor do PET Economia. VITÓRIA CORREIA DE OLIVEIRA: Graduanda em Economia (UFAC), 2021; Bolsista do PET – Economia. WILLIAM SALES DE MELO: Graduando em Economia (UFAC), 2021; Bolsista do PET – Economia.
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Parte II RELATOS DE EXPERIÊNCIA
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Capítulo 1 My way: Daniel Viana Melo Lima 1.1
INTRODUÇÃO
O Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Acre – UFAC, tem apoio do Ministério da Educação (MEC) por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FNDE), que dentre seus objetivos busca: a) promover a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação acadêmica, como também na formulação de novas estratégias de desenvolvimento e modernização do Ensino Superior no Brasil e; b) contribuir para a elevação da qualidade da formação dos estudantes de graduação, buscando também a diminuição da evasão e promoção de sucesso acadêmico. Criado em 2010 pelo Prof. Drº. Rubicleis Gomes da Silva atual Tutor, o PET Economia trabalha sempre buscando o aprimoramento e a aprendizagem de seus discentes diante da inovação em suas práticas pedagógicas, introduzindo novas formas de metodologia de ensino e juntamente com as atividades de âmbito aos eixos de sua atuação. O PET Economia tem como missão agregar bolsistas que estão em busca de mais conhecimento e que diante das atividades baseadas no tripé ensinopesquisa-extensão busca conceder ao bolsista condições de melhorar em sua graduação, preparando também o mesmo para o mercado de trabalho como também para continuar sua carreira acadêmica. O PET Economia visa além do aperfeiçoamento de seus bolsistas, também aprimorar o curso de graduação por meio das atividades de ensino, pesquisa e extensão, sempre na busca de desenvolver novas práticas pedagógicas, de forma a interagir entre o corpo discente e docente, de forma a transmitir aos alunos do curso o aprendizado recebido. 25
Capítulo 1. My way: Daniel Viana Melo Lima
1.2
DA DISCIPLINA AO MINICURSO DE ECONOMETRIA ESPACIAL
O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo. A duração desta experiência foi aproximadamente de dois a três anos. O minicurso de Econometria Espacial é um dos primeiros ou primeiro minicurso que surgiu no Pet Economia. O princípio da ideia do minicurso tem seu marco a partir da ministração da Disciplina de Econometria Espacial ofertada em Tópicos Especiais no segundo semestre de 2016, disciplina ministrada pelo Prof. Drº. Rubicleis Gomes da Silva, Tutor do PET Economia. Após o término da disciplina, o tutor do Pet - Economia formulou convite para os bolsistas Edi Flores e Daniel Viana, para que ambos estivessem ministrando minicurso em Econometria Espacial. De pronto aceitamos o desafio e vislumbramos também a oportunidade de poder compartilhar o conhecimento adquirido durante a disciplina. Quero aqui destacar que cursamos esta disciplina como ouvintes, pois já tínhamos em nossa grade Tópicos Especiais. Após o convite sentamos para elaborar todo cronograma, material a ser utilizado nas aulas, plano de ensino, planejamento das aulas, etc. Durante todo o planejamento começamos a perceber que a tarefa não seria tão fácil, pois precisaríamos ter tudo bem planejado, desde o ambiente, banco de dados que utilizaríamos até possíveis problemas na utilização dos softwares. O planejamento foi um exercício que nos deu a capacidade de poder assimilar as várias possibilidades que podem ser trabalhadas na Econometria Espacial não somente na Economia, mas também em outras áreas de conhecimento como na Geografia, Biologia, Medicina, entre outros. Terminada essa parte de planejamento, o próximo desafio era dar publicidade no oferecimento do minicurso. Qual arte? Quais informações devem conter o folder? Quantas vagas? Quais dias? Horário? É então em abril de 2016 que ofertamos o minicurso e a divulgação das inscrições foi realizada por meio de nossa rede social (Facebook). Recebemos várias inscrições para esta primeira turma e como o espaço físico não tinha como comportar a todos os inscritos, tivemos que realizar sorteio para composição dos participantes e assim darmos início ao minicurso. Recebemos graduandos, professores, mestrandos e doutorandos tanto da UFAC como também de outras instituições. Podemos observar na Figura 2, a utilização do software TerraView, uma das ferramentas que utilizamos no minicurso de Econometria Espacial. Outro software utilizado foi o GeodaSpace, ferramenta fundamental na análise espacial
1.2. DA DISCIPLINA AO MINICURSO DE ECONOMETRIA ESPACIAL
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Capítulo 1. My way: Daniel Viana Melo Lima
Figura 1.1: Curso de extensão do PET-Economia ministrado pelos Petianos O mosaico de figuras abaixo demonstram a participação dos palestrantes do minicurso, Edi Flores e Daniel Viana, parceria que se prolongou por outros minicursos dentro do Pet Economia – UFAC. Os bolsistas reversavam nas atribuições dentro do minicurso, de forma que não ficasse sobrecarregado para nenhum dos dois. Ora Edi Flores ministrava e Daniel Viana auxiliava junto aos participantes em outro momento Daniel Viana ministrava e Edi Flores ficava no apoio aos participantes. Com o encerramento do primeiro minicurso de Econometria Espacial ministrado no ambiente do Pet Economia (UFAC) a repercussão do mesmo foi tão grande que em maio de 2017 o minicurso foi solicitado pelo do Prof. Msc. Anderson Mesquita, professor do curso de Geografia da UFAC. Professor Anderson solicitou junto ao tutor do Pet Economia que fosse oferecido o minicurso de Econometria Espacial aos sábados para sua turma de Bacharel em Geografia. Convite feito e aceito tanto pelo tuto do Pet Economia, como também pelos bolsistas Edi Flores e Daniel Viana, surge então novo desafio: ministrar o minicurso de Econometria Espacial agora para outro curso da UFAC. Era momento de sentarmos e planejarmos o minicurso, pois agora o público era diferente daquele que havíamos ministrado primeiramente. Tínhamos agora o desafio de aplicar nossos conhecimentos aplicando-os a Geografia. Desde o primeiro encontro ficou fácil perceber que os alunos da Geografia estavam ansiosos para aprender. E a cada aula ministrada víamos que mais aperfeiçoado nosso minicurso ficava. A Figura 6 demonstra como foi nosso primeiro encontro na Geografia: sala lotada, alunos aprendendo, questio1.2. DA DISCIPLINA AO MINICURSO DE ECONOMETRIA ESPACIAL
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Capítulo 1. My way: Daniel Viana Melo Lima
Figura 1.2: Curso de extensão do PET-Economia ministrado pelos Petianos nando, aprendizado e não poderia faltar momentos de descontração. O mosaico de fotos presentes na figura 3.1 retratam como foi o encerramento do minicurso na turma de Bacharel em Geografia foi acompanhado de um belíssimo café da manhã e entrega dos certificados para aos participantes do evento. O minicurso de Introdução a Econometria Espacial ganhou mais repercussão, o tutor do Pet Economia professor doutor Rubicleis Gomes, formulou convite para que este minicurso fosse ministrado na IV Semana Acadêmica de Economia no período de 24 a 28 de setembro de 2018, ocasião em que se comemoraria os 50 anos do Curso de Economia. Desta vez, o minicurso foi ministrado apenas pelo ex-petiano Daniel Viana, pois Edi Flores já estava no mestrado em Economia em Viçosa – MG.
1.2. DA DISCIPLINA AO MINICURSO DE ECONOMETRIA ESPACIAL
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Capítulo 1. My way: Daniel Viana Melo Lima
Figura 1.3: Curso de extensão em geoprocessamento ministrado por Daniel Viana Melo de Lima e Edi Flores Reyna
1.2. DA DISCIPLINA AO MINICURSO DE ECONOMETRIA ESPACIAL
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Capítulo 1. My way: Daniel Viana Melo Lima
Figura 1.4: Curso de extensão do PET-Economia ministrado pelos Petianos
1.2. DA DISCIPLINA AO MINICURSO DE ECONOMETRIA ESPACIAL
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Capítulo 2 My way: Ruan Almeida Santos 2.1
A IDEIA PRINCIPAL
A minha ideia principal da produção dos vídeos para o PETtv Economia sempre foi tentar tornar a teoria econômica mais acessível para a sociedade, ressaltando notícias do dia a dia do país ou da Região, colocando em evidência assuntos e problemas econômicos que eram necessários um olhar mais técnico por cima para, assim, ajudar a sociedade a sair do “achismo´´ quando se fala em economia, principalmente em um país tão polarizado quanto o nosso. Sendo assim, para isso eu nunca achei nada difícil o bastante para que atingíssemos os nossos objetivos em nossos projetos, mas que eu sempre tive a noção de que a realização deles eram trabalhosos e que possuíam a necessidade de vontade e interesse extra para a finalização de cada um.
2.2
PRODUZIR O MELHOR USANDO TODAS A POSSIBILIDADES
O conceito de fazer o melhor dentro das possibilidades que tínhamos, sempre esteve presente entre a minha equipe que era formada por mim, Giovana Rodrigues e Camila Galvão. A história de que não éramos um curso de Jornalismo, Cinema ou Artes Cênicas e que por isso não conseguiríamos produzir um material áudio visual competente, nunca foi aceita por nós, na verdade o que ocorreu foi um aprofundamento da equipe do PETtv em relação a construção de roteiro, posicionamento de câmeras, iluminação, apuração precisa de fatos e qualidade de captação de áudio para realização dos vídeos, tudo isso acontecendo ao mesmo tempo que estudávamos Microeconomia, Macroeconomia, História Econômica, Estatística entre outras matérias. Sempre 31
Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos começávamos um projeto pensando nele como um todo, pensando em todas as ferramentas que tínhamos a disposição e as que poderíamos obter ou aprender no futuro. Sendo assim, sempre ocorreu um esforço a mais, sempre usamos um tempo a mais, sempre existia um interesse a mais do que simplesmente cumprir os deveres do Pet Economia, ou seja, eu não fazia os vídeos como uma forma de cumprir meus deveres como bolsista do PET Economia, mas sim com uma forma de explorar ao máximo a criatividade e curiosidade em minhas funções de editor e montador.
2.3
A EDIÇÃO DO ECONEWS
Lembro-me que quando fiz a entrevista para a bolsa estudo acabei falando que tive experiência com edições de vídeo no Ensino Médio, porém não ressaltei tal característica minha para não criar altas expectativas, mas sabia que queria participar do PETtv caso eu entrasse. Os meus primeiros meses no Programa de Educação Tutorial foi como bolsista voluntário, ou seja, não estava recebendo bolsa para realizar as tarefas. Em nossa primeira reunião de funções eu escolhi ficar como auxiliar de edição, sendo um outro bolsista responsável da edição dos vídeos, eu ficava na reserva caso ele não pudesse editar e quando isso aconteceu eu editei e gravei, com a Giovana Rodrigues apresentando e a Camila Galvão produzindo roteiro, o primeiro vídeo que foi para as redes sociais do PET Economia em 20/08/2018, que foi o primeiro vídeo de repaginação do EcoNews – Notícias Econômicas conforme mostra a figura 2.1
2.3. A EDIÇÃO DO ECONEWS
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos
2.3.1
As primeiras edições
Figura 2.1: Imagens das primeiras notícias do Econews exibido em 20/08/2018 editado e apresentado pela primeira vez por Ruan Almeida Santos e Giovana Rodrigues, respectivamente Nos primeiros modelo do EcoNews tinha duas ou três notícias, onde cada notícia tinha uma introdução, desenvolvimento e conclusão, sendo que o desenvolvimento colocávamos imagens ao lado da apresentadora, porém essas imagens era um recurso que, para mim, não ficava bonito esteticamente até então no vídeo, mas que usávamos ele para que a pessoa que estivesse assistindo absorvesse a notícia da melhor maneiro o possível.
Figura 2.2: EcoNews de 29/08/2018 e 23/12/2018 aditados e apresentados por Ruan Almeida Santos e Giovana Rodrigues, respectivamente. Contém também a alteração para a o brasão novo do PET Economia – UFAC. Mas uma coisa que eu gostei de ter feito e adorei o resultado final foi a Lower Third, a barra de informações que destacava o principal ponto da notícia, a qual usei as cores do PET Economia - UFAC e o seu brasão que com o tempo fui atualizando para o modelo mais moderno, assim como o seu tamanho nos vídeos. Era algo que esteticamente dava um tom a mais profissionalismo, aliás tal efeito eu fiz detalhado para que fosse usado como base para todos os vídeos do EcoNews, sendo que todo vídeo tal barra de informações deveria ser alterada de acordo com as notícias selecionadas. 2.3. A EDIÇÃO DO ECONEWS
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos
2.3.2
As gravações
Os locais de gravações era algo que decidíamos sempre por último, aliás, não sabíamos como estaria o tempo no dia da gravação, sendo que as vezes o dia estava com uma luz ótima para gravar ao ar livre, em outros dia começava a chover assim que chegávamos na sala do PET, nesse caso decidíamos por gravar na sala fazendo o mínimo de som o possível para que não aparecesse no áudio da gravação, algo que já éramos muito prejudicados devido aos sons externos que eram feitos na faculdade.
Figura 2.3: A primeira imagem temos o Ruan Almeida Santos montando o tripé para fazer uma gravação em cenário aberto, na segunda imagem temos o ângulo de visão de Ruan em uma gravação feita na sala do PET Economia -UFAC.
2.4
O NOVO MODELO
Ao longo do tempo o EcoNews foi sofrendo mudanças, onde decidimos por deixar apenas uma notícia por vídeo com cerca de dois minutos, para que não ficasse tão cansativo quem assistisse e para que pudéssemos fazer os vídeos com mais qualidade, com mais atenação aos detalhes e com uma estética bem mais moderna e bonita. Sendo assim, os vídeos do EcoNews ficaram divididos em 3 partes, introdução, desenvolvimento e conclusão, sendo que a parte do desenvolvimento eu decidi por fazer uma mudança drástica. 2.4. O NOVO MODELO
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos Portanto, tendo observado como alguns jornais nacionais apresentam dados sobre uma notícia, decidi então por colocar no desenvolvimento só a voz da apresentadora com imagem preenchida por uma imagem central do que remetia ao tema como plano de fundo e os dados da notícia em primeiro plano, ressaltadas pelas cores azul, preto e branco, sendo o uso do vermelho relacionado a queda em indicadores. Dessa vez, eu tinha conseguido dar um jeito no desenvolvimento da notícia, fazendo com que o vídeo não perdesse a fluidez, a continuação da notícia e nem o tempo da apresentadora, portanto, foi algo que deixou os vídeo com um tom de profissionalismo a mais e que todos assistiram o vídeo adoraram e eu fiquei extremamente satisfeito com o resultado, pois foi algo que consistiu em várias camadas no editor de vídeos, onde cada uma tem a sua vez de aparecer e sair.
2.4. O NOVO MODELO
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos
Figura 2.4: As três primeiras imagens são a sequência de partes do EcoNews.A terceira imagem demonstra a nova técnica do editor A partir dali os vídeos ficaram mais rápidas para serem gravadas devido ao tempo do vídeo, porém a edição ficou mais difícil devido aos detalhes de apresentação dos dados da notícia, cada número, palavra ou frase deveria ter uma movimentação própria, um tempo próprio, o que era definido por mim na edição. Eu criei um formato para o desenvolvimento assim como os efeitos visuais para apresenta-la, mas era impossível usar o mesmo material para toda notícia, então era necessário mexer em todas as ferramentas do vídeo a cada nova notícia, era trabalhoso, mas o resultado era ótimo.
Figura 2.5: Novo visual do Econews
2.4. O NOVO MODELO
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos
2.5
O CHROMA KEY, FUNDO VERDE
A primeira vez que foi usado o Fundo Verde nos vídeos do PETtv, foram para um novo projeto chamada PETFocus, o qual tinha como objetivo fazer um vídeo ressaltando a variação nos principais indicadores macroeconômicos, o qual era um vídeo curto com, em que apresentadora foi a Carol Arruda. O PETFocus trouxe-me um novo desafio, algo que tive que pesquisar bastante para pode executa-lo da melhor maneiro o possível, sendo que tal técnica consiste em retirar uma determinada cor da imagem em questão, podendo o editor colocar outra vídeo no lugar e essa cor era o verde, portanto, as apresentadoras nunca poderiam usar roupas verdes ou com tons de verde, pois assim partes do seu corpo iram sumir junto com o fundo verde.
Figura 2.6: Imagem do PETfocus exibido em 11/05/2019 que foi o primeiro vídeo do PETtv que foi usado o Chroma Key, o qual foi editado por Ruan Almeida Santos e apresentado por Carol Arruda, sendo que o fundo do vídeo tinha movimentação dos efeitos Além disso, a retirada da cor verde na edição era o mais difícil no processo de produção, uma vez que eu sempre começava pela sala em que íamos gravar, a luz tinha que bater de maneira uniforme no fundo verde, para que o vídeo não tivesse variações de tons de verde na hora do processo de edição e pudesse retirar essa cor de maneira mais fácil, deixando apenas a apresentadora, ademais, a apresentadora tinha que ficar a uma distância específica no fundo verde para não provocar sombra no pano verde e que ficasse bem enquadrada na imagem. 2.5. O CHROMA KEY, FUNDO VERDE
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos
Figura 2.7: Na imagem temos Ruan Almeida Santos, Iago Kalil que era o roteirista e Carol Arruda, ambos se preparando para gravar o PETFocus. Eu usei a técnica do fundo verde para os demais projetos do PET Economia – UFAC que eram o EcoNews, os documentários e as chamados para minicursos, o que foi algo que as pessoas elogiaram muito e que quase nenhum dos cursos da UFAC faziam uso de tal ferramenta em seus cursos. Então, foi algo inovador que chamou muito atenção, deixando os vídeos mais bonitos e apresentáveis, algo que nos motivava a continuar, mesmo que desse um trabalho a mais na edição.
2.5. O CHROMA KEY, FUNDO VERDE
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos
Figura 2.8: Imagens do Chroma Key sendo usado, onde a primeira imagem é do vídeo “Prestação de Contas do PET Economia - UFAC ´´, a segunda do EcoNews, a terceira do documentário “ 25 anos do Plano Real´´ , a quarta imagem do documentário “ Go, Fúria!´´ e a última do “ Minicurso de Inglês Instrumental´´ ofertado gratuitamente pelo PET Economia -UFAC, sendo todos esses trabalhos editados por Ruan Almeida Santos. Tais técnica de edição me deram horas e horas de trabalho para pesquisalas para poder aplica-las da maneira mais correta o possível usando as ferramentas que eu tinha a minha disposição, onde mais e mais horas eu gastei fazendo com que elas funcionassem de maneira correta em meus vídeos. Portanto, mesmo que os vídeos não fossem obras de artes áudio visuais, eu sempre olhei para eles como uma prova de que sempre podemos nos superar em nosso conhecimento, mesmo que esse avanço, em algumas situações, seja 2.5. O CHROMA KEY, FUNDO VERDE
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos considerado pequeno, mas o importante é sempre estar buscando nos aprimorar no que fazemos, sempre tentar sair de nossa zona de conforto, explorar novas possibilidades para que possamos colocar a maioria de nossas ideias em prática.
2.6
DOCUMENTÁRIOS
Os documentários sempre foram os projetos mais desafiadores, uma vez que alguns tinha uma duração de até 25 minutos o que para mim acarretava em cerca 12 horas diretas de somente de edição, ou até mais, dependia muito de quais efeitos iriamos usar, até porque eu não queria fazer um trabalho de baixa qualidade. Além disso, existia as horas em quem eu ficava junto com equipe indo a diversos locais para gravar as partes do documentário, onde passávamos dias inteiros gravando.
Figura 2.9: Documentários: 25 anos de plano real; IV semana acadêmica de economia; O legado de temer e a reforma trabalhista
2.6. DOCUMENTÁRIOS
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos A maioria era feito no campus universitário, porém tinha vezes em que marcávamos com entrevistados em escritórios no centro da cidade, algo que ficava mais complicado, mas fazíamos para que pudéssemos estar conscientes que fizemos o melhor o possível. Na figura 2.10 temos as entrevistas procedidas na IV Semana Acadêmica de Economia.
Figura 2.10: A primeira imagem é a da entrevista com o palestrante da IV Semana Acadêmica de Economia, Prof. Dr Shikida e segunda é da entrevista com empresária Gina Menezes em seu jornal Folha do Acre, convidada da mesa redonda da semana de economia. Essas duas imagens são do documentário da quarta Semana Acadêmica de Economia e 50 anos do Curso de Economia da UFAC. Os documentários sempre foram bons de trabalhar, pois neles eu conheci pessoas admiráveis, visitei lugares novos, estudei temáticas econômicas não só para aprender, mas também para tentar explica-las em um vídeo para outras pessoas. Portanto, foram projetos que agregaram muitas coisas boas a minha pessoa, além do conhecimento adquirido em todos eles.
2.7
O PET ECONOMIA-UFAC COMO EXPERIÊNCIA ÚNICA
Ter participado do Programa de Educação Tutorial de Economia da UFAC foi algo inesquecível em minha vida. Nesse programa eu fiz novos amigos, conheci maravilhosas, tive acesso a pensamentos diferentes, participei de pesquisas econômicas, conheci aspectos do nosso curso que só o PET pode nos proporcionar como, por exemplo, a experiência prática em consultorias e pesquisas econômicas com supervisão de professores altamente qualificados e tive acesso a minicursos de alto qualidade, porém gratuitos, tudo isso sendo supervisionado por um Tutor extraordinário que é o professor Rubicleis. Portanto, no PET eu aprendi expandir uma pouco mais de algumas habilidades 2.7. O PET ECONOMIA-UFAC COMO EXPERIÊNCIA ÚNICA
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Capítulo 2. My way: Ruan Almeida Santos que eu tinha, além de me mostrar outras, uma experiência única em minha vida.
2.7. O PET ECONOMIA-UFAC COMO EXPERIÊNCIA ÚNICA
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Capítulo 3 My way: Melquesedeque Sage Brilhante 3.1
A EXPERIÊNCIA DE ELUCIDAR MICROECONOMIA
Uma das maiores dificuldades do curso de Economia da Universidade Federal do Acre é a aprovação com excelência nas cadeiras disciplinares de influência matemática: a Microeconomia e a Econometria. O não domínio das ferramentas algébricas e da teoria neoclássica evidenciam a deficiência enfrentada nesta universidade amazônica. Poucos professores demonstram conhecimento das ferramentas estatísticas e matemáticas tão exploradas nos centros de referência acadêmica, o que se reflete num ensino totalmente defasado, negligenciando todo um ramo meritório desta ciência. Ao adentrar ao curso no ano de 2016 me deparei com tais problemáticas que se tornaram evidentes ao cursar Microeconomia I. Não por ser um conteúdo complicado matematicamente ou economicamente (se é que é possível separá-los), mas por revelar determinadas lacunas no conhecimento, típico da educação pública a qual tive acesso durante toda minha vida. Por sorte do destino, fui agraciado com bom professor de Cálculo Diferencial, Dr. Marcos Aurélio de Alcântara, me possibilitando chegar no terror dos estudantes de economia da Ufac com uma robustez extra. Tive de me superar não somente para adquirir o conhecimento, mas também para poder dissociá-lo com os colegas que mais precisavam. Os dias 08, 09 e 10 de junho de 2017 sucederam os encontros do primeiro curso de Matemática Aplicada à Microeconomia, realizado pelos bolsistas do PET Economia Débora Braga, Lorrany Santos e Melquesedeque Sage Brilhante. Embasado nas regras de derivação, derivadas implícitas e derivadas 43
Capítulo 3. My way: Melquesedeque Sage Brilhante parciais, com funções de utilidade básicas, além de determinados conceitos econômicos já serem apresentados, como otimização condicional da função de utilidade do consumidor, taxa marginal de substituição e elasticidade preço da demanda. Com toda a simplicidade e dificuldade, o curso foi um sucesso. No decorrer da disciplina, a turma não apresentou problemas significantes na derivação das funções requisitadas. O encontro foi uma vitória para todos.
Figura 3.1: Primeira edição do minicurso Matemática Aplicada à Microeconomia
3.1. A EXPERIÊNCIA DE ELUCIDAR MICROECONOMIA
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Capítulo 3. My way: Melquesedeque Sage Brilhante O segundo curso de Matemática Aplicada a Microeconomia se realizou dos dias 26 de março a 06 de abril de 2018, com os futuros alunos da disciplina. Diferentemente da primeira edição, o conteúdo abordado evoluiu para três tópicos distintos: a) funções, b) otimização não condicionada e c) otimização condicionada.
Figura 3.2: Banner com a ementa da segunda edição do curso de Matemática Aplicada à Microeconomia A ideia seguia pautada em explicar a aplicação matemática nos conceitos básicos da microeconomia, mas agora envolvendo fatores não explorados anteriormente, como otimização não condicionada e o método de Lagrange. Nesta edição, ministrada pelos bolsistas Gabriela Gama, Lorrany Santos e Melquesedeque Sage, a explicação do conteúdo foi sintetizada permeando os exercícios utilizados pelo professor no último ano da disciplina.
3.1. A EXPERIÊNCIA DE ELUCIDAR MICROECONOMIA
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Capítulo 3. My way: Melquesedeque Sage Brilhante
Figura 3.3: Aulas da segunda edição do curso de Matemática Aplicada à Microeconomia Com o retorno do semestre letivo participei como monitor da turma de Microeconomia I e, posteriormente, Microeconomia II. Os acompanhei realizando encontros para resolução dos exercícios do Varian e de listas que o professor utilizava. A abordagem não permeia apenas os aspectos matemáticos, mas sobretudo as teorias envolvidas: oferta, demanda, consumidor e da firma. A terceira edição do minicurso se realizou entre os dias 14 e 25 de janeiro de 2019, conforme mostra a 3.4 foi um grande sucesso. Foi ministrado pelos petianos Lorrany Santos, Ruan Ferreira, João Vitor Freitas e Melquesedeque Sage, além do tutor Dr. Rubicleis Gomes da Silva. No decorrer do primeiro semestre de 2019 monitorei a disciplina de Micro I. Os encontros aos sábados a tarde decorreram durante o período. Observei o equilíbrio do consumidor e a equação de Slutsky como os principais entraves para os alunos, sobretudo dado os vários passos necessários para encontrar o efeito renda e o efeito substituição. 3.1. A EXPERIÊNCIA DE ELUCIDAR MICROECONOMIA
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Capítulo 3. My way: Melquesedeque Sage Brilhante
Figura 3.4: Terceira edição do minicurso Matemática Aplicada à Microeconomia Com o passar do tempo a evasão dos participantes diminuiu. Enquanto cerca de 30% dos alunos dispersaram na primeira edição, o escape no ano de 2019 foi ínfimo. O mesmo se observou nas monitorias. Não obstante, os alunos de maior assiduidade demonstraram melhor desempenho na microeconomia, conseguindo aprovação acima da média requerida pela universidade. Fatores como estes explicitam a importância da realização de atividades de ensino entre os estudantes.
3.1. A EXPERIÊNCIA DE ELUCIDAR MICROECONOMIA
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Capítulo 3. My way: Melquesedeque Sage Brilhante
Figura 3.5: Monitoria de Microeconomia I
3.2
PET EAD: CURSO DE MICROECONOMIA I
O PET Economia sempre buscou manter a tríade ensino, pesquisa e extensão o mais próximo possível da realidade dos estudantes. O ensino, por meio dos vários cursos ministrados pelos bolsistas e pelo próprio tutor; a pesquisa, mesmo sem custeio específico para a área; a extensão, presente nos próprios cursos, além das consultorias solidárias. Para isso, com o passar dos anos, algumas atividades começaram a ser difundidas não somente presencial, mas também via online. Diante dos vários conteúdos disponibilizados pelas redes sociais, abordaremos aqui o curso de Microeconomia I, realizado em 2019. A criação do curso por ensino à distância facilitou pela alta flexibilidade envolvida, pois o ouvinte tem acesso no horário que melhor lhe convier. Facilitando, portanto, o aprendizado para os discentes de economia que trabalham durante o período diurno e não podem participar das atividades de monitoria. Outro ponto a ser destacado é que o ritmo de estudo é definido pelo estudante. Caso haja dificuldade com o conteúdo abordado, este pode controlar 3.2. PET EAD: CURSO DE MICROECONOMIA I
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Capítulo 3. My way: Melquesedeque Sage Brilhante o tempo dedicado ao estudado de maneira a garantir maior atenção. A sala de aula se torna qualquer lugar em que o destinatário esteja: seja no carro, ônibus, em casa ou até no intervalo do trabalho, a internet e dedicação são os únicos aspectos necessários. Além, claro, do baixo custo dispendido por uma aula de qualidade.
Figura 3.6: Vídeoaulas no Youtube curso EAD Microeconomia I A equipe responsável pela elaboração do projeto foram os bolsistas João Vitor Freitas, Rafael Sousa, Melquesedeque Sage Brilhante e o tutor Dr. Rubicleis Gomes da Silva. Com objetivo de auxiliar os alunos da disciplina de Microeconomia I, os vídeos eram disponibilizados de acordo com o conteúdo ministrado dentro da sala de aula, a partir do livro Microeconomia: Uma abordagem moderna, do professor Hal Ronald Varian. Os capítulos abordados eram relativos à teoria do consumidor: • O Mercado: uma análise sobre o escopo e métodos da teoria econômica – As curvas de demanda e oferta, o equilíbrio de mercado e eficiência de Pareto. • Restrição Orçamentária: descrição do que o consumidor pode adquirir – As propriedades do conjunto orçamentário, impostos, subsídios e racionamentos. • Preferências: as melhores opções para o consumidor – Curvas de indiferença, preferências bem-comportadas e taxa marginal de substituição 3.2. PET EAD: CURSO DE MICROECONOMIA I
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Capítulo 3. My way: Melquesedeque Sage Brilhante • Utilidade: o modo de descrição das preferências – As funções de utilidade, utilidade marginal, relação com a taxa marginal de substituição. • Escolha: a unificação do conjunto orçamentário com a teoria das preferências – Escolha ótima, demanda do consumidor, implicações na condição da TMS. • Demanda: as quantidades ótimas de cada um dos bens como função dos preços e das rendas – Bens normais e inferiores, curvas de rendaconsumo, curva de Engel, bens comuns e bens de Giffen, curvas de preço consumo e curva de demanda, função de demanda inversa. • Preferência Revelada: Análise das informações sobre a demanda do consumidor para acessar suas preferências – Recuperação de preferências, o axioma fraco da preferência revelada, o axioma forte da preferência revelada. • A Equação de Slutsky: Efeito substituição, efeito renda, variação total na demanda, curvas de demanda compensadas. Como auxiliar na preparação dos roteiros dos vídeos se utilizou o livro Teorias da Demanda e do Comportamento do Consumidor, do professor Gilson Faria Potsch Magalhães. Até o dia 25 de agosto de 2021 temos aproximadamente 10.000 visualizações no minicurso de Microeconomia apenas nas plataformas Facebook e Youtube. Os vídeos também eram dispersados pelo WhatsApp nos grupos locais e nacionais, extrapolando as expectativas do alcance, pois a disciplina era composta por cerca de 30 alunos. O PET Economia estava alcançando um público além da própria universidade. Desde estudantes para concursos públicos até não acadêmicos interessados por economia, todos tinham acesso a uma aula do nível da graduação. Não seria a primeira vez que isto ocorrera. Nossos vídeos já foram utilizados em aula da graduação de Economia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
3.2. PET EAD: CURSO DE MICROECONOMIA I
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Capítulo 4 My way: Edi Flores Reyna O que significa para mim o PET-Economia? Responder essa pergunta demanda relatar as experiências que o programa me propiciou. Nesse sentido, neste texto será apresentado um breve relato de algumas das atividades das quais participei durante os anos que estive no PET-Economia da Universidade Federal do Acre (UFAC). No quinto período da minha graduação de economia inicie uma aventura cheia de descobertas e aprendizados. Naquele momento muitas eram as minhas duvidas com relação a economia, eu não tinha certeza se esse era o caminho que queria trilhar, pois ainda existia uma dissociação entre o conteúdo passado na sala de aula e as situações que os indivíduos enfrentam na sociedade. Todavia, após entrar no programa PET-Economia consegui visualizar essa relação, como foi no caso do conceito de elasticidade. Ainda lembro como se fosse ontem, a explicação do Prof. Rubicleis, tutor do PET, sobre a elasticidade e como este está presente no nosso cotidiano em atividade simples, como realizar compras. Este tipo de conversas me permitiu perceber o meu amor pela economia, especialmente pela microeconomia. A partir desse dia comecei a participar das diversas atividades que o PET organizava. A minha primeira tarefa no programa foi um grande desafio. Aprender a manipular o banco de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) me permitiu conhecer uma área nova da economia. Naquele momento a microeconomia aplicada e a microeconometria entraram na minha vida para nunca mais sair. Essas áreas me proporcionaram uma visão diferente da economia, pois elas sempre estão na procura de identificar os diversos mecanismos que podem afetar os resultados futuros dos indivíduos, como o salário, a estoque de saúde, a propensão de realizar atos criminais, determinantes do abando escolar. Esta tarefa me definiu como pesquisador e também determinou as minhas participações subsequentes no PET. No ano de 2016 ministrei o meu primeiro minicurso no programa. O mini51
Capítulo 4. My way: Edi Flores Reyna
Figura 4.1: Atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no PETEconomia curso intitulava-se “Introdução ao Stata”. Esta atividade tinha como público alvo os alunos do curso de economia da universidade e o objetivo principal era apresentar o software Stata. Especificamente se procurou fornecer aos participantes as ferramentas básicas para a estimação de modelo econométricos e extração de dados de bancos de dados como a PNAD. No mesmo período ministrei, juntamente com outros colegas do PET, o minicurso “Introdução ao TerraViews Política Social e Estatística Espacial. Neste minicurso o objetivo foi explorar as questões espaciais dos fenômenos sociais através das noções da econometria espacial e o software TerraViews. Os dados utilizados permitiram aos participantes observar a existia de dependência espacial entre os municípios circunvizinhos no estado do Acre, em variáveis como o IDH. Em 2017, a atividade que terminou de me definir como pesquisador e professional foi a oportunidade de ministrar, juntamente como meu colega Daniel 52
Capítulo 4. My way: Edi Flores Reyna Viana e Débora de Lima, o minicurso de “Introdução à Avaliação Econômica de Projetos Sociais”. O objetivo desta atividade era fornecer, não somente aos alunos do curso de economia senão a sociedade em geral, aos conceitos básicos utilizados para avaliar um programa social. Durante o minicurso a minha votação de ensinar foi confirmada, e a minha vida professional encontrou o objetivo: ser professor. Este foi o minicurso que mais experiencias enriquecedoras me proporcionou; primeiro porque era a primeira vez que ministrava um minicurso para pessoas que não eram colegas conhecido do curso de economia; segundo, porque essas pessoas, externos à universidade, me ensinaram a olhar por diversos ângulos o funcionamento dos programas sociais. Este minicurso, ao igual que todos os outros ofertados pelo programa, teve uma pequena atividade de encerramento. A atividade de encerramento geralmente consistia num coquetel, porém naquela oportunidade os alunos participantes apresentaram um trabalho final de desenho de avaliação considerando os conceitos apresentados ao longo do minicurso. Ao observar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, tive a certeza absoluta que o PETEconomia foi uma das melhoras escolhas que fiz durante a minha graduação. Além das atividades mencionadas anteriormente, também participei da organização da Semana de Economia, do minicurso de Economia de Empresa, dos Ecoseminário, dos Encontros Nacionais de PET e os INTERPET. Participar de todas estas atividades durante a graduação me ajudaram a me encontrar como economista. E nesse sentido, eu posso dizer que o PETEconomia significa muito mais que Pesquisa, Ensino e Extensão. Ele significa para mim descobrimentos e aprendizagem. E espero que assim como aconteceu comigo, o PET possa ser chegar a mais pessoas e causar um efeito positivo nelas. Termino este pequeno texto expressando a minha sincera gratidão e admiração ao meu tutor, orientador e amigo, Prof. Rubicleis Gomes da Silva. Obrigado por ter me apresenta o caminho da ciência. Em suma, posso afirmar que o PET-Economia foi um fator indispensável na minha eleição de continuar na vida acadêmica. O programa me proporcionou diversas oportunidades de realizar atividades de ensino e pesquisas, as quais criaram e/ou aprimoraram habilidades estratégicas para a vida dentro de uma pós-graduação. Além disso, o PET-Economia me fez ter certeza da área de pesquisa que iria adotar durante o meu mestrado.
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Capítulo 4. My way: Edi Flores Reyna
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Capítulo 5 My way: Amarízia Clara Rocha Costa Minhas experiências no Pet – Economia da Universidade Federal do Acre sempre foram construtivas e enriquecedoras para a minha formação profissional. Lembro-me com muito carinho da forma que fui recebida dentro do programa, tanto pelos bolsistas veteranos, quanto pelo competente tutor Prof. Dr. Rubicleis Gomes, um dos grandes responsáveis por hoje eu ter o título de economista, graças a sua contínua e natural atenção em me incentivar e acreditar em mim mesmo quando achei que não tinha tanto potencial. Dentro do programa tive a oportunidade de vivenciar momentos marcantes que me motivaram ainda mais a seguir me dedicando a área. Momentos em que precisei vencer o medo, a falta de autoconfiança, a timidez, momentos em que descobri que com amor e diligência é possível superar os limites. Em uma das oportunidades que tive dentro do Pet – Economia UFAC, precisei superar algumas fragilidades e me por no lugar de ensinar, sem esquecer que sou uma eterna aprendiz. No ano de 2015, recebi a tarefa de ministrar a Palestra Como Administrar Bem seu Orçamento Familiar em algumas escolas da rede pública e privada do município de Cruzeiro do Sul, foi uma tarefa desafiadora e foi a partir dela que descobri meu amor por aprender ensinando, compartilhando conhecimento. Ministrei a palestra Como Administrar Bem seu Orçamento Familiar em três escolas de Ensino Médio, duas da rede pública, Escola Dom Henrique Ruth e Escola Flodoardo Cabral, e na escola privada Instituto Orfanológico Santa Teresinha, lugar onde me formei no ensino básico, fundamental e médio. Nestas oportunidades, distribui a cartilha Como Administrar Bem seu Orçamento Familiar, material elaborado pelos próprios bolsistas do Pet – Economia, que serviu de apoio durante a palestra e que foi bastante elogiado pelo público, pela exposição do conteúdo de forma simples e didática, per55
Capítulo 5. My way: Amarízia Clara Rocha Costa
Figura 5.1: Palestra de Gestão Financeira Familiar em Cruzeiro do Sul-AC mitindo a fácil compreensão de assuntos importantes para uma boa gestão financeira pessoal e familiar. A experiência de ministrar a palestra nas três escolas foi para mim uma vitória, venci minhas próprias barreiras. Fiquei feliz em ver os auditórios com a maioria das cadeiras preenchidas, mas a minha maior realização foi ver o interesse do público, a interação deles comigo no decorrer da atividade. Os alunos participaram ativamente, com perguntas, com seus entendimentos a respeito do assunto e até mesmo com relatos de experiências financeiras pessoais e familiares. Percebi que meu trabalho havia cumprido seu papel, quando mesmo após concluir a ministração com intensa participação do público, os alunos manifestaram interesse em saber a respeito do curso de Economia oferecido pela UFAC, em como funcionava o Pet – Economia, quais trabalhos eram realizados no programa e quais eram as possibilidades de atuação de um profissional formado na área. Hoje é possível ver com mais clareza os frutos desta atividade realizada na cidade de Cruzeiro do Sul, alguns dos alunos presentes nas palestras, interessaram-se ainda mais pela área, prestaram o Enem e ingressaram no curso de Economia oferecido pela Universidade Federal do Acre. Mais uma vez o Pet – Economia cumpriu seu papel com eficiência, compartilhando conhecimento e possibilitando a mudança de realidade na vida de algumas pessoas.
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Capítulo 6 My way: Débora de L. Braga Penha Meu primeiro contato com o PET-Economia UFAC ocorreu no quinto período da graduação, quando comecei a cursar as disciplinas de Microeconomia I e Econometria ministradas pelo Professor e tutor do PET Rubicleis Gomes da Silva. Lembro do meu primeiro contato com a disciplina de Microeconomia. Ao me deparar com a Ortodoxia na sua forma mais pura, com toda sua análise matemática e gráfica, me causou fascínio e logo percebi que era aquilo que queria estudar. O mesmo posso dizer das aulas de Econometria, quando o professor apresentou estudos educacionais explicados por modelos econométricos o fascínio também foi grande e soube que era aquilo que queria me aprofundar. A partir disso busquei me aproximar cada vez mais do Professor Rubicleis, e acabei entrando no PET-Economia no meio da faculdade. Posso dizer que fui feliz em tal decisão, pois foi a partir disso que encontrei meu viés teórico, me encontrei como economista e como pesquisadora. A teoria econômica que para mim até então era um pouco esparsa, começou a fazer sentido quando conheci a ortodoxia nas aulas do professor. Posso até dizer que as primeiras aulas do Professor Rubicleis e minha entrada no PET-Economia foi um divisor de águas na minha formação enquanto economista, sendo um grande determinante sobre a minha escolha de seguir a carreira acadêmica. Foram anos de muito trabalho e dedicação. Lembro que umas das primeiras atividades que realizei juntamente com meus colegas foi participar da organização da II Semana Acadêmica de Economia- SAECON no ano de 2014. Após muitos anos sem a realização da semana acadêmica do curso, o desejo crescente de discentes e docentes fez ressurgir uma mobilização no ano de 2014. A semana foi organizada a partir de uma comissão de professores e de 57
Capítulo 6. My way: Débora de L. Braga Penha uma comissão de alunos, porém ficou a cargo do PET-Economia a realização de atividades de operacionalização e organização da semana.
Figura 6.1: II Semana Acadêmica de Economia- SAECON, 2014 Uma das atividades que mais me marcou foi a de Ecoseminários, em que a cada semana um estudante do PET apresentava para os outros integrantes um artigo sobre um tema escolhido pelo professor. Eu me lembro que o professor me passou um artigo bem desafiador. Um texto clássico da área de avaliação de políticas públicas, “Estimating the effect of training programs on earning” de autoria de Orley Ashenfelter. Estudar aquele artigo na época foi um desafio para mim pelo seu inglês rebruscado e sua econometria complexa, mas como fui feliz por ter estudado aquele texto, pois anos mais tarde viria a me especializar na área de avaliação de políticas públicas. O Professor Rubicleis sempre propunha atividades desafiadoras e sempre confiava muito em nosso trabalho, nos deixando bem à vontade para realizalas. Dentre essas atividades posso citar os diversos cursos que eu e meus colegas do PET ministramos para comunidade, alunos da UFAC e alunos do curso de Economia. Foram ministrados cursos de: Economia de Empresa. 2016; Introdução ao TerraViews Política Social e Estatística Espacial. 2016;
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Capítulo 6. My way: Débora de L. Braga Penha
Figura 6.2: EcoSeminário do PET:Estimating the effect of training programs on earning
Figura 6.3: EcoSeminários do PET Como economistas sabemos que devemos sempre estar ligados com o que está acontecendo no Brasil e no mundo, pois a economia funciona de forma dinâmica. Visando isso pude participar no PET-Economia de atividades que envolvessem tal percepção como: redação do Boletim-PET-Focus, participei de edições do Econews como apresentadora em 2017, e fui redatora de algumas edições do Eco notícias em 2015. Introdução a Avaliação Econômica de Projetos Sociais. 2017; Seminário das Escolas do Pensamento Econômico (2017); Matemática aplicada à Microeconomia (2017). A importância da atividade de ministrar cursos para minha formação acadêmica foi grande, pois foi a partir disso que descobri o 59
Capítulo 6. My way: Débora de L. Braga Penha
Figura 6.4: Econews: O jornal do PET-Economia que queria ser enquanto profissional: Professora! Através dessa atividade do PET pude perceber isso com uma maior facilidade. Sim....foram anos de muito trabalho e dedicação. Mas também foram anos de muita descontração, risadas, em que conheci e fiz grandes amigos, tive grandes experiências e me encontrei enquanto economista, pesquisadora, e professora. Além do aspecto científico, o PET-Economia também tem seu aspecto humano. Uma sinergia difícil de encontrar sendo muito além do que um projeto de Ensino e Extensão. Esse foi o relato de uma ex-petiana que tem muito orgulho de dizer que foi integrante do PET-Economia UFAC. Ao tutor Prof. Drº Rubicleis Gomes da Silva, minha terna admiração e meu eterno obrigada! 60
Capítulo 6. My way: Débora de L. Braga Penha
Figura 6.5: Confraternização do PET-Economia
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Capítulo 6. My way: Débora de L. Braga Penha
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Capítulo 7 My way: Vitória Correia de Oliveira O renomado economista Schumpeter costumava dizer que o empreendedorismo deveria acontecer através de pessoas que são versáteis, que têm facilidade em produzir, vender e assumir riscos financeiros. Nos últimos anos, foi possível visualizar a presença desses empreendedores que não hesitam em assumir riscos. Para saber se esses riscos estão valendo a pena, de forma geral, é importante que alguém esteja responsável para mensurar os custos, organização do espaço e dar um feedback do status da firma. As consultorias de custos possuem o objetivo de decompor e analisar individualmente o custo de tudo que é produzido na iniciativa, principalmente o que não é levado em consideração pela maioria dos pequenos empreendedores, além de dar uma devolutiva da situação do empreendimento. Em comunhão com esse objetivo, a consultoria solidária procura realizá-lo de forma gratuita para quem não conhece e/ou não tem condições de custear. A consultoria de referência para este livro será a do empreendimento “Suco de laranja natural”, localizada no bairro Estação Experimental, no período de janeiro a março. Ela foi realizada através da oportunidade de cursar a disciplina de Microeconomia II em conjunto com o programa de ensino, pesquisa e extensão PET Economia – UFAC. A mesma contou com várias adversidades, por isso, a experiência foi gratificante, um norteador e um divisor de águas para a minha vida profissional, pois tive a certeza que não seria a única consultoria que eu iria fazer durante a minha carreira como discente e futura bacharel em Ciências Econômicas. Um dos primeiros entraves, e talvez o principal, foi a inexperiência em colocar a teoria da disciplina em prática. Já havia feito um trabalho de consultoria solidária como trabalho para compor a nota, no entanto, quando 63
Capítulo 7. My way: Vitória Correia de Oliveira se faz sozinha é indiscutivelmente mais complexo. Geralmente a coleta de dados traz problemas para os consultores, pois é comum as pessoas esconderem informações por não se sentirem confortáveis em partilhar dados pessoais, já que existe um receio das informações serem vazadas. Contudo, essa dificuldade foi inexistente na consultoria, porque a proprietária confiou inteiramente suas informações a mim. A complexidade foi na aplicação de um questionário para as informações ficarem organizadas, no entanto, por falta de conhecimento em confeccionar o questionário, a divisão de perguntas foi realizada de forma simplista entre “custos fixos”, “custos variáveis” e “depreciação”, e mesmo assim não deixou o trabalho incompleto. Para realizar a consultoria, foram necessárias várias reuniões com os proprietários, comunicações via WhatsApp, idas ao supermercado para conferir preços. Os cálculos são feitos em planilha de Excel, a que utilizei foi cedida pela ex-discente e atualmente bacharel em Ciências Econômicas Laura Marques. Nela eu dividi o custo de cada produto vendido no empreendimento do Suco de Laranja Natural: salgado, paçoca, água mineral, suco de laranja de 300ml, 400ml e 500ml. Destaco que essa parte foi de intensa dificuldade, pois eu não tinha conhecimento de como usar as ferramentas, então o processo de refazer várias vezes me levou ao discente do curso de Economia Elton Vasconcelos o qual me auxiliou e, assim, consegui realizar a segunda parte da consultoria.
Figura 7.1: Consultoria solidária realizada em 2019: venda de pastel A terceira e última parte foi a confecção do relatório o qual precisei iniciar do zero, já que eu nunca havia realizado um parecer de consultoria. Foram produzidas duas versões de relatório, uma menos técnica, que não costuma ser utilizada, e a segunda foi a reescrita e adaptação da primeira, sendo declarada como versão final. Quem mais auxiliou foi o Prof. Dr. Rubicleis Gomes, me 64
Capítulo 7. My way: Vitória Correia de Oliveira dando o suporte necessário para escrever um relato técnico, completo, claro e coerente, pois é importante haver um equilíbrio entre o “economês” e uma linguagem que facilite o entendimento dos proprietários do empreendimento para que os mesmos compreendam a real situação da sua firma. Foi possível perceber que é complicado para os empreendedores entenderem a análise de custos, custo de oportunidade, taxa de depreciação, dentre outras variáveis que fazem a diferença na composição de preços. Mas, felizmente, através do relatório ficaram explícitas todas as informações necessárias
Figura 7.2: Consultoria solidária realizada em 2019: venda de pastel - entrega do relatório Ao final, pude conhecer um pouco mais da história do empreendimento, sobre como foi necessário arriscar, pois o antigo dono do ponto lucrava muito quando havia o movimento do Banco do Brasil, após a agência fechar ele perdeu metade do lucro, foi o momento que a atual proprietária pensou: “essa é a minha oportunidade”, e hoje ela fatura quase o mesmo do ex-proprietário. Esse resultado é decorrente de toda a organização já existente no empreendimento e agora eles também usufruem dos benefícios que a consultoria proporcionou em demonstrar que o custo não é somente o que foi gasto ao fazer as compras para fazer os produtos vendidos, dessa forma, é apresentado um lucro bem próximo da realidade, bem como diversas outras vantagens.
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Capítulo 7. My way: Vitória Correia de Oliveira Essa experiência me proporcionou outras portas, como a de fazer parte da consultoria pelo IEL em oficinas na cidade de Rio Branco, bem como auxiliar a consultoria para composição de nota dos atuais discentes da cadeira de Micro II: Deivide Cavalcante, Natanael de Souza e William Pinto.
Figura 7.3: Consultoria solidária integração entre Petianos e discentes de microeconomia II
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Capítulo 8 My way: Iago Kallil N. C. Barbosa A coordenadoria de memes é uma das muitas atividades desenvolvidas pelo Programa de Educação Tutorial do curso de Ciências Econômicas da UFAC, tendo como objetivo a divulgação, socialização e interação de assuntos voltados a temática econômicas por meio das redes sociais do grupo na internet. Mas o que são os memes e porque considero importante? Meme é um termo grego que significa imitação. A ideia de meme pode ser resumida por tudo aquilo que é copiado ou imitado e que se espalha com rapidez entre as pessoas. Como a internet tem a capacidade de atingir milhões de pessoas em alguns instantes, os memes de internet podem também ser considerados como "informações virais". Como meios de disseminação de informação rápida, os memes são uma forma de comunicação muito efetiva e permite que conteúdos considerados mais “complicados” sejam transmitidos de forma simples e eficaz, garantindo o essencial – o entendimento da mensagem. Essa é a proposta da atividade do PET sobre os memes, garantir acesso ao conteúdo da ciência econômica de forma simples e com maior alcance. Claro que não podemos resumir toda a teoria econômica em forma de memes, porém é uma forma de “fisgar” o interesse do receptor do meme a procurar entender mais sobre economia. Além disso, os memes também devem ser vistos como uma forma de aprendizados dos próprios alunos que os criam, pois permite a interdisciplinaridade do conteúdo aprendido. Tendo em mente essa pequena definição de meme, vou falar sobre como a minha experiencia com PET Economia- UFAC e os memes. Iniciei no programa como bolsista voluntário, querendo sair um pouco da passividade das 67
Capítulo 8. My way: Iago Kallil N. C. Barbosa aulas em sala e assim buscando uma mínima aplicabilidade do que estudava nos livros no mundo real. Participando das atividades, sempre rolava algum meme sobre o conteúdo em sala nos grupos de comunicação do curso e principalmente do PET (porque estudante não tem muito o que fazer) e o professor incentivava a criação desses memes através de trabalhos em sala. Inspirado por páginas no Facebook como o “Economics Trash Memes” e a “Corrupção Brasileira memes”, que buscam satirizar e divulgar assuntos do contexto Econômico- político nacional. Então surgiu a oportunidade de utilizar esses memes nas redes sociais do PET como forma de entretenimento e principalmente como forma de atrair a atenção para as outras atividades do programa, como o Econews e o Econoticias (ok, os nomes são bem óbvios, mas ninguém aqui está estudando marketing). Os resultados foram muito bons, com as redes sociais do PET dobrando de alcance e possuindo bem mais interações com os usuários. Isso fez com que os memes se tornassem uma das principais atividades do programa e uma forma de divulgação cientifica inusitada. E como é a atividade é desenvolvida? A atividade é realizada com a contribuição de todos os bolsistas e frequentemente de alunos do curso, sempre enviando sugestões ou os próprios memes, dividindo-se em duplas e com a responsabilidade de entregar no mínimo um meme por dia.
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Capítulo 8. My way: Iago Kallil N. C. Barbosa O processo de filtragem dos memes passa pela coordenadoria dos memes e frequentemente pelo aval do professor Rubicleis Gomes ( Prof. Tutor do PET) para que o meme esteja de acordo com a teoria econômica e que não seja mal interpretado ou visto como “ofensivo”, porém o estudante possui liberdade de criação para abordar qualquer questão, desde que esteja dentro desses parâmetros. Após o meme passar pelo filtro, ele é postado nas redes sociais do PETFacebook, Instagram e grupos de Whatsapp - para que cumpra sua finalidade. Adiante vou falar sobre alguns dos memes feitos pelo PET Economia.
Figura 8.1: Meme de economia Por fim, espero que esse pequeno relato tenha dado uma noção do que é essa atividade e mostrado como o programa de educação tutorial também atua nas redes. Siga o PET Economia UFAC nas redes sociais.
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Capítulo 8. My way: Iago Kallil N. C. Barbosa
Figura 8.2: Meme de economia: Naruto x economia - restrição orçamentária
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Capítulo 8. My way: Iago Kallil N. C. Barbosa
Figura 8.3: Meme de economia: o tripé macroeconômico
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Capítulo 8. My way: Iago Kallil N. C. Barbosa
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Capítulo 9 My way: Natanael de Souza Pereira O minicurso de Inglês Instrumental Aplicado à Economia foi um minicurso realizado através do Programa de Educação Tutorial (PET Economia da UFAC) entre os meses de Agosto e Setembro de 2019, e seus ministrantes foram Natanael de Souza Pereira e William da Silva Pinto. As inscrições para o minicurso estiveram abertas durante uma semana e houveram 23 inscritos que incluíam não somente acadêmicos do curso de Ciências Econômicas (Economia), mas também acadêmicos de outros cursos, como o curso de Licenciatura em Geografia e o curso de Especialização em Economia Regional e Políticas Públicas. Em 19 de agosto se deu início a primeira aula e trabalhou-se noções básicas de inglês como pronomes e verbos. Este minicurso teve carga horária de 30h e foi pensado para os estudantes da universidade, principalmente aos alunos do curso de Economia, por ocasião das dificuldades atualmente encontradas pelos acadêmicos em ler literaturas econômicas em inglês. Sabe-se que a leitura e compreensão de outra língua é um papel fundamental para os alunos de ensino superior, tanto para a realização de trabalhos acadêmicos como para comunicar-se com outrem, e indo além disto, também é importante o uso do inglês como instrumento no desempenho da função de economista. O curso de Ciências Econômicas em si já oferece uma disciplina no 1 período intitulada “Inglês Instrumental”, no entanto, esta não é direcionada diretamente para o curso, não se vê as palavras e conceitos econômicos lá, apenas se vê o inglês de uma forma mais generalizada. Pensando nisso, oferecemos o minicurso com temática voltada para Economia em si: palavras cognatas utilizadas frequentemente nos livros de economia, diversas teorias econômicas em inglês, a estrutura de frases para questionários na área econômica, técnicas de leitura e compreensão dos textos, análise e técnicas de 73
Capítulo 9. My way: Natanael de Souza Pereira
Figura 9.1: Primeira aulas do curso de Inglês Instrumental Aplicado à Economia resolução de questionários de economia, entre diversos outros. “O minicurso foi algo novo para nós, nenhum de nós dois tínhamos experiências com algo do tipo, por causa disso, a princípio ficamos um pouco apreensivos: Nos perguntávamos ‘será que nossa aula seria boa? Será que os alunos aprenderiam verdadeiramente? Faria sentido para eles a nossa explicação?’ Foram algumas das perguntas que surgiram em nossa mente”. Ao pensar nas diversas perguntas que apareciam em nossa mente, realizamos diversas reuniões com o objetivo de definir a melhor forma de aplicação do minicurso. Ao longo destas reuniões, constatamos que seria menos cansativo para os alunos lidar com uma didática mais descontraída e divertida, algo mais leve, onde todas tarefas práticas seria feito na sala do minicurso durante o horário de aula e nada ficaria para casa, pois levamos em consideração que a faculdade já cobra bastante dos alunos, e pareceu bom aos 74
Capítulo 9. My way: Natanael de Souza Pereira
Figura 9.2: Aulas do curso de Inglês Instrumental Aplicado à Economia nossos olhos aliviar o fardo. Pensamos em dinâmicas, perguntas, interações etc. Tudo isso semanas antes de efetivamente se dar início às aulas. Quando trabalha-se com algo como línguas (e principalmente uma língua estrangeira) é muito fácil alguém se perder ou não aprender/compreender algo que posteriormente será importante, já pensando em medidas para evitar isso, foi dividido o horário da aula do minicurso em 2 períodos: O primeiro deles seria o período explicativo, onde apresentamos o conteúdo em si, seus exemplos, peculiaridades, etc. Já o segundo período da aula seria voltado para resoluções de questões de fixação do conteúdo apresentado no dia, onde primeiramente apresentamos as questões impressas em uma folha de papel ou na apresentação de slides e eles deveriam resolver por conta própria para verem o que realmente aprenderam. Feito isso, esperava-se todos terminarem para se fazer a resolução das questões juntos e aproveitar para revisar o conteúdo. Ainda no segundo período da aula esperava-se que os alunos resolvessem sozinhos, mas foi observado que não era isso que ocorria: Quando um deles não sabia responder algo, o outro que estava ao seu lado começava a lhe ajudar e a explicar o que este não havia entendido, a turma começava a se unir e se ajudar, isso gerou um ambiente de aprendizagem muito bom. Além da divisão das aulas, o minicurso foi dividido em duas partes e cada uma destas foi terminada com uma dinâmica de revisão com todo conteúdo estudado até então, e aos vencedores destas dinâmicas nós daríamos um pequeno prêmio. Através das dinâmicas foi promovido uma maior interação de conhecimentos entre os alunos, onde cada um dava sua opinião sobre determinada questão e todos iam discutindo até chegarem em um consenso sobre quais seriam as respostas certas. Com toda a verdade, as dinâmicas foram as aulas mais divertidas e des75
Capítulo 9. My way: Natanael de Souza Pereira
Figura 9.3: Mais aulas do curso de Inglês Instrumental Aplicado à Economia contraídas do minicurso, provendo muitas gargalhadas por ambas as partes, e aproximando ainda mais a turma, que ia neste meio tempo aprendendo ainda mais sobre o assunto. Por fim, considera-se que o projeto atingiu seus objetivos de transmissão de conhecimentos e a promoção de uma interação entre os alunos do curso, além de criar uma base para a iniciação à leituras de textos de economia em inglês.
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Capítulo 9. My way: Natanael de Souza Pereira
Figura 9.4: vencedora da primeira dinâmica com o seu prêmio
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Capítulo 9. My way: Natanael de Souza Pereira
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Capítulo 10 My way: William Sales de Melo As notícias em formato de vídeo são um poderoso instrumento de comunicação nos dias atuais, sendo capazes de formar opiniões, auxiliarem na tomada de decisões e até mesmo definir os rumos da cultura e política. Com o advento da internet e das redes sociais, as notícias se reinventaram e a informação que antes levavam horas para chegar ao telespectador agora é compartilhada quase simultaneamente a ocorrência do fato. Entretanto essa comunicação relâmpago deu margem para o surgimento de fenômenos negativos, como as notícias falsas, bastante conhecidas pelo termo em inglês “fake News” bem como as opiniões que muitas vezes são veiculadas como fatos, além da distorção de narrativas, manipulação de discursos e o tão temido “cancelamento”. Pensando na importância que a informação fidedigna possui, bem como o fato de que muitas vezes a população não tem acesso às notícias de economia ou mesmo não as compreende, o Programa de Educação Tutorial, PET economia UFAC, tem trabalhado na produção de notícias em formato de vídeo de forma concisa, focando em temas atuais e que tem repercussão e influência na economia local. Dessa forma o PET TV, nomenclatura dada ao conjunto de mídias do PET, tem se popularizado, conseguindo um grande número de visualizações em suas produções. Como editor, minha experiência tem sido de grande aprendizado, cumprindo assim um dos objetivos do programa: o aperfeiçoamento profissional, que neste caso tem um carácter multidisciplinar e, sabemos que a ciência econômica possui a multidisciplinariedade inerente a ela. A princípio eu não possuía conhecimentos em edição e tive de consultar meus colegas e a internet para encontrar os recursos para fazer minhas primeiras edições, desde os mais simples, até os mais complexos. Os vídeos tem uma proposta minimalista, uma vez que são bastante suscintos, mas sua produção é minuciosa sendo necessário atenção aos detalhes para a colocação de 79
Capítulo 10. My way: William Sales de Melo elementos que sejam coerentes com a narrativa. Além disso, é preciso ouvir com atenção e verificar possíveis cortes para que o tempo seja otimizado. Geralmente o áudio como resultado final é revisado no mínimo três vezes, o que garante que o conteúdo do vídeo seja, inevitavelmente, assimilado pelo editor. Apesar de ter sido um desafio nas primeiras produções, aos poucos foi possível arriscar em produções mais elaboradas; por exemplo, um dos efeitos visuais mais populares nas produções atualmente é o “Chroma key”, que consiste em colocar uma imagem sobre a outra através da anulação de uma cor padrão, geralmente o verde. Lembro-me de quando os petianos e o Tutor chegaram o tecido para confeccionar um painel e assim produzir o famoso efeito do “fundo verde”, mal sabia eu que utilizaria o recurso em breve, algo que até então não tinha imaginado. Durante a produção encontrei relatos na web de editores que diziam que é preciso muita paciência para que o Chroma dê certo, e de fato, depois de algumas horas o resultado da produção foi o informativo que falava sobre as incertezas causadas pela nova doença surgida na China que combinada à guerra de preços do petróleo já ameaçavam a economia mundial.
Figura 10.1: Apresentadora Giovana Rodrigues destaca uma notícia que se desdobraria na maior crise do século XXI. Infelizmente as gravações de forma presencial tiveram de ser interrompidas pouco tempo depois da produção deste vídeo, quando foram registrados os primeiros casos de covid-19 no Acre. É interessante recordar esses fatos, pois percebemos como o grupo estava bem informado sobre os desdobramentos da conjuntura econômica mundial. 80
Capítulo 10. My way: William Sales de Melo Nossas análises apontavam para uma possível crise, que logo se concretizou. Porém surpreendendo os mais precisos analistas a Pandemia levou à paralisação das atividades presenciais em todos os setores do mundo, inclusive a educação. Depois da paralização das aulas presenciais em todo o mundo, um sentimento de incertezas e medos tomou conta de todos, o cenário quase apocalíptico causado pela pandemia obrigou os petianos a se reinventarem. A proposta foi produzir vídeos em um formato semelhante às matérias jornalísticas, para isso são utilizadas imagens e vídeos de domínio público, ou outros tipos de materiais que desde que citadas as fontes, o novo modelo de produção deu certo, se provando um recurso prático que garantiu a continuidade das atividades do PET TV durante a quarentena. São utilizados diversos recurso para a produção, desde editores de imagem mais simples, como o Paint, ou até mesmo o PowerPoint, além de gravadores de imagem e gravadores de aúdio. Além disso certos dispositivos possuem incompatibilidade nos arquivos, fazendo-se necessário utilizar outros programas para abrir os arquivos. As figuras a seguir mostram alguns dos documentários produzidos pelo PET economia de forma geral. Destacam-se os cursos EAD produzidos pelo grupo e as publicações nas redes sociais que já alcançaram muitas pessoas a nível local.
Figura 10.2: Panorama dos cursos EAD do PET TV.
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Capítulo 10. My way: William Sales de Melo As vídeo aulas estão disponíveis de forma gratuita na plataforma YouTube, bem como nas redes sociais do PET economia UFAC. Versando principalmente sobre assuntos como microeconomia e econometria, os cursos auxiliam os novos estudantes do curso de economia da UFAC. Para mim é uma grande satisfação poder fazer parte deste projeto e ajudar meus futuros colegas de profissão, bem como a comunidade local com conhecimento e informações compreensíveis e de acesso fácil. Nesse período houve muito crescimento pessoal e muitos aprendizados que levarei por toda minha carreira.
Figura 10.3: Um dos documentários mais icônicos do TV PET, intitulado 25 anos do plano Real versa sobre a execução de uma das ações mais importantes da economia brasileira.
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Parte III PETIANOS EM PESQUISA
83
Capítulo 11 Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana Romero Soares de Medeiros Dr. Rubicleis G. Silva Dr. Carlos Alberto F. da Costa Dr. Carlos Estevão F. Castelo
11.1
1 2 3 4
INTRODUÇÃO
O desempenho econômico leva a um desenvolvimento desequilibrado entre as regiões, principalmente devida à diferença entre a composição do sucesso e a disposição dos recursos disponíveis. Nesse caso, qualquer pesquisa nessa área é de extrema importância, pois busca reconhecer as raízes dessas diferenças, e visa auxiliar e cooperar com projetos em cada região, especialmente buscando promover o crescimento econômico e melhorar a distribuição de renda, com vistas a reduzir as diferenças regionais. Nos últimos tempos, os governos estaduais têm tentado organizar suas ações para entender suas limitações físicas, educacionais, climáticas e econômicas para propor ações específicas. Essas ações também buscam uma maior integração com outras partes do Brasil, melhorar as atividades econômicas 1
Egresso do PET-Economia Tutor do PET-Economia 3 Professor do Curso de Economia UFAC 4 Professor do Curso de Economia UFAC 2
85
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana domésticas e explorar possíveis vantagens comparativas e capacidades nacionais no primeiro, segundo e terceiro setores da economia brasileira. A economia de um país pode ser classificada em três macro setores: setor primário, setor secundário e setor terciário. O primeiro setor é definido como o setor cuja produção está relacionada a exploração de recursos da natureza, o segundo setor é aquele que transforma os bens produzidos no setor primário em mercadorias e destina-o ao terceiro setor, responsável pelo comércio e pela produção de serviços. O aumento da taxa de investimento da economia brasileira é um dos principais entraves para o índice de sustentabilidade de longo prazo do país. Entre os meios atuais de atingir esse objetivo e responder ao colapso internacional, o governo estendeu seu programa de empréstimos aos setores econômicos, principalmente por meio de bancos públicos. Considerando que a correlação com o percentual de transferência dessas regiões ainda é superior à participação relativa de seu produto interno bruto (PIB), a distribuição regional desses investimentos é moderadamente enviesada para regiões periféricas, como Norte e Nordeste. Em suma, a proporção dos gastos nessas áreas excede a produção econômica total. O primeiro estudo sobre o tema propôs o alcance do planejamento regional, e partiu de meados dos anos 1940 aos anos 1950, mas é preciso destacar que até a década de 1980 o estado era o maior executor do planejamento regional e quais áreas e regiões escolher, desenvolvendo assim, políticas para os objetos em consonância com o planejamento. Porém, na década de 1980, novas políticas de desenvolvimento surgiram, baseadas na descentralização da ação pública e em novos ajustes na cadeia produtiva, que deram maior autonomia às cidades e regiões, cabendo a elas formular suas próprias políticas de desenvolvimento para sua área, mudanças essas que levaram ao surgimento da teoria do desenvolvimento endógeno.
11.1. INTRODUÇÃO
86
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana Portanto, é necessária a formulação de políticas de desenvolvimento que promovam o crescimento econômico de cada região, que sejam cuidadosamente planejadas e baseadas em conhecimentos socioeconômicos profundos. Nesse sentido, para auxiliar no planejamento de tais políticas, este estudo visa identificar áreas-chave da economia do estado do Acre. Para que possamos alcançar esses objetivos nomeados, foi utilizado o método bastante difundido na literatura: o modelo insumo-produto, esse modelo em questão tem como principal objetivo analisar os fluxos intersetoriais do sistema econômico em questão, que descrevem as compras e as vendas de insumos, produtos e serviços entre os setores da economia. Na maioria dos países, especialmente em economias altamente industrializadas, é comum usar o método da matriz de insumo-produto para estudar a correlação entre as atividades de produção. O uso generalizado dessa tecnologia nas últimas décadas reflete a influência de diversos fatores, incluindo o desenvolvimento de métodos de coleta de dados estatísticos que forneçam informações importantes sobre as operações econômicas em um formato adequado para matrizes de insumo-produto. A matriz de insumo-produto (MIP) muitas vezes, é considerada com frequência ao projetar ou analisar políticas públicas que caracterizem o impacto previsível na demanda final de um setor específico, de maneira que estimule o próprio setor para o crescimento da economia. Desta maneira, é possível para os planejadores de políticas, estimular setores considerados críticos, ou seja, aqueles que entram em conflito com as cadeias de produção. Além disso, vale ressaltar o fato de que a Organização das Nações Unidas (Nações Unidas, 1999) identificou essa metodologia como uma ferramenta importante para o planejamento econômico em economias em desenvolvimento, pois pode ser utilizada para compreender em detalhes as necessidades finais ocasionadas por ações de política governamental, bem como o impacto das mudanças na estrutura de produção [Miller and Blair, 1985]. Mas observe que, uma vez que o objetivo principal do modelo de insumoproduto é analisar a interdependência entre as atividades econômicas, ele também é um ferramenta valiosa para a aplicação prática de conceitos modernos (como o conceito de cadeias produtivas e parques industriais). Embora existam motivos diferentes em cada caso, é difícil identificar a cadeia produtiva tanto nas economias avançadas quanto nas atrasadas. Nas economias industrializadas, as dificuldades decorrem dos vínculos universais entre as atividades e das amplas possibilidades de substituição entre os insumos, já que em outras economias o problema comum é o desenvolvimento da estrutura produtiva [Haguenauer et al., 2001]. Neste último caso, o modelo de insumo-produto ainda pode fornecer uma orientação razoável ao estimar o impacto entre os setores de determinados 11.1. INTRODUÇÃO
87
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana parques industriais e, dependendo do grau de decomposição permitido pelos dados, é possível determinar a importância de muitas empresas e as relações de seu sistema. Mais importante ainda, essa possibilidade é realizada porque o sistema de insumos contém uma rede de atividades precisamente relacionada entre si por meio da compra e venda de insumos a montante e a jusante de cada elo de ligação. Conforme destaca [BECKER, 2004] as diferentes estratégias adotadas pelos diferentes Estados e destaca que, em tempos recentes, cada Estado adotou estratégias diferentes para a consolidação do seu povoamento e desenvolvimento local. Por exemplo, os Estados do Mato Grosso, Tocantins, e parte dos Estados do Pará, Maranhão, Roraima e Rondônia, têm um modelo de ocupação extensivo baseado na agropecuária; o Amazonas tem um modelo de ocupação pontual, fundamentado na concentração industrial na Zona Franca de Manaus; já os Estados do Acre e Amapá optaram por modelos baseados na utilização conservacionista da floresta. A longo dos últimos vinte anos o Acre foi um laboratório de experiências econômicas. Os governos Jorge Viana e Arnóbio Marquês enveredaram pela então chamada "florestania". Por sua vez, o governo Tião Viana, fez uma escolha adversa, optou por um processo de industrialização. Os indicadores de insumo produto nos possibilitam verificar se existem condições que possibilitem o desencadeamento do desenvolvimento. Nesse cenário, nos cabe as seguintes indagações: qual o nível de articulação intersetorial existente na economia acriana? Quais os setores que lideram o processo de desenvolvimento e qual setores apresentam maiores influências nos demais setores? A importância dessa análise reside na elaboração de indicadores de insumoproduto que permitam mapear o processo de ligação e dependência intersetorial da economia acriana. Consequentemente, possibilitam estimar os efeitos das políticas públicas e privadas de desenvolvimento sobre à economia, tornando assim a tomada de decisão mais eficiente do ponto de vista dos impactos setoriais. Este trabalho objetiva de forma geral elaborar um diagnóstico da interligação e dependência em 27 setores da economia acriana para o ano de 2015. Especificamente, pretende-se: a Identificar os possíveis setores chaves da economia acriana; e, b Detectar os setores que apresentam influência mais significativa sobre demais setores da economia acriana Devido a pequena participação nacional no produto interno bruto (PIB) nacional ao longo nos últimos 20 anos (cerca de 0,2% do PIB nacional) e 11.1. INTRODUÇÃO
88
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana pouco dinamismo econômico. A economia acriana apresenta setores econômico com baixo impactos setoriais. Para uma melhor compreensão da problemática, este artigo está dividido em quatro seções, incluindo esta introdução. A próxima seção irá apresentar os procedimentos metodológicos e a fonte de dados; na terceira seção traremos os resultados e discussões e, por fim, mostraremos a que conclusões chegamos.
11.1. INTRODUÇÃO
89
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana
11.2 11.2.1
METODOLOGIA Modelo de insumo-produto
Leonitef desenvolveu um modelo de insumo-produto em que a busca por insumos de um setor tem função direta da produção dos mesmos, isto é, vai existir uma comparação de outros setores com a real necessidade de produção. Assim, para que o sistema econômico possua equilíbrio, a produção individual dos setores deve ser igual as vendas que cada setor realiza. De acordo com [CONSIDERA et al., 1997], os modelos de insumo-produto foram desenvolvidos a fim de serem utilizados sobre a economia nacional. Mas diante da grande necessidade de lograr informações mais regionais, outros modelos regionais foram desenvolvidos. Para este trabalho foi utilizada a matriz insumo-produto inter-regional para o Acre desenvolvida pelo Nereus USP e adaptada por [da Silva and Gurgel, 2019]. O modelo de insumo-produto trata-se de uma adequação da teoria neoclássica do equilíbrio geral ao estudo baseado na experiência da correlação entre as esferas econômicas. Os modelos se baseiam em duas argumentações: i) os coeficientes técnicos que podem ser fixos ou proporcionais e ii) os processos produtivos exibem tecnologias fixas. Pode-se demonstrar o conjunto de equações lineares que referem a interdependência setorial das atividades de acordo com a demonstração a seguir: X1 = a11 X1 + a12 X2 + ... + a1n Xn + Y1 X1 = a21 X1 + a22 X2 + ... + a2n Xn + Yn ... Xn = an1 X1 + an2 X2 + ... + ann Xn + Yn
(11.1) (11.2) (11.3) (11.4)
em que:
aij =
xij Xj
(11.5)
Em que o α é o ?coeficiente de insumo direto? também podendo ser denominado de ?coeficiente técnico de produção?, ele demonstra a necessidade diretas do produto do setor i, obtido para que haja a produção de produtos do setor j. O conjunto de equações de (1) a (4) pode ser representado alternativa11.2. METODOLOGIA
90
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana mente por: X − AX = Y
(11.6)
onde: X e Y são vetores colunas de produção e de demanda final, respectivamente; A é a matrix nxn de coeficientes técnicos dadas por (11.5). Com a utilização de uma matriz identidade (Inxn ) a expressão (11.6) pode ser reproduzida da seguinte forma: (I − A) X = Y
(11.7)
Aceitando-se que a matriz (I − A) possua uma inversa, a utilização dela pode mostrar o produto vomo função da demanda exógena: X = (I − A)−1 Y
(11.8)
(I − A)−1
(11.9)
em que:
é a matriz inversa de Leontief De acordo com [Richardson, 1978] cada componente de (I − A)−1 representam coeficientes de interdependência. Os bij expressam as necessidades tanto diretas como indiretas do setor i, isso por unidade de demanda final, fazendo referência ao produto do setor j. Dessa forma, a matriz inversa pode ser multiplicada por qualquer quantidade e também composição de demanda final, tendo assim o alcance de produto bruto de cada indústria.
11.2.2
Encadeamento produtivo e setores-chave
O artifício mais utilizado na identificação do encadeamento produtivo entre setores está adjunto ao cálculo de índices de ligação para frente e para trás, a obtenção desses índices se dá por meio do seguinte cálculo: βi = βj =
m X j=1 m X
bij
(11.10)
bij
(11.11)
j=1
em que bij são elementos da matriz de Leontief. O índice de ligação para frente Bi indica quanto determinado setor tem 11.2. METODOLOGIA
91
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana sido impactado por outros, já Bj (índice de ligação para trás) indica quanto determinado setor demanda dos demais. No intuito de normalizar os índices, se faz necessário tomar seu coeficiente médio em relação à média total dos coeficientes. Assim, delibera-se a média de cada índice de ligação e a média total dos coeficientes da matriz de Leontief. Os índices de ligações tanto para frente quanto para trás são dados, respectivamente, por: β l = n−1 βi
(11.12)
β l = n−1 βj n X −2 bij β=n
(11.13) (11.14)
j=1
O cálculo dos índices de ligação é bastante proeminente, tendo em vista ser possível a identificação dos setores-chave da economia. Dessa forma, os que apresentarem índices de ligação normalizados superiores à unidade têm comportamento superior à média.
11.2.3
Multiplicador de Produção
Conforme destacam [Cabral et al., 2016] os multiplicadores de produção setorial correspondem a soma da sua respectiva coluna na matriz inversa de Leontief. Indicam uma variação direta e indireta da produção total da economia de todos os setores e regiões decorrente da variação exógena de uma unidade monetária da demanda final de determinado. Logo, o multiplicador do produto para o setor j é definido como o valor total da produção adicional em todos os demais setores da economia.
11.2.4
Campo de influência
Conforme destacam [Sonis and Hewings, 1989] e [Sonis et al., 1997] O conceito de campo de influência descreve como se distribuem as mudanças dos coeficientes diretos no sistema econômico, permitindo, dessa forma, determinar quais as relações entre os setores seriam mais importantes dentro do processo produtivo. Como poderá ser observada posteriormente, a noção de campo de influência não está dissociada dos índices de ligações, sendo uma análise complementar a esta na medida em que os principais elos de ligação dentro da economia estariam associados aos setores que apresentam os maiores índices de ligações, tanto para frente, como para trás. 11.2. METODOLOGIA
92
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana O campo de influência é obtido utilizando-se a matriz de coeficientes diretos, definida como sendo a matriz de variações incrementais nos coeficientes diretos de insumo. Para obter os efeitos diretos e indiretos, é necessário transformar as relações entre atividade e produto em relações entre atividades e entre os setores da economia. Sendo: uma matriz (nxn) do campo de influência do coeficiente.
11.2. METODOLOGIA
93
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana
11.2.5
Fonte de dados
A Matriz de Insumo Produto (MIP) que foi utilizada para a construção do modelo de equilíbrio geral, foi disponibilizada pelo Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (NEREUS/USP), possuindo uma dimensão de 26x26. A MIP construída pelo NEREUS/USP foi estimada a partir dos dados preliminares das Contas Nacionais e foi atualizada por [da Silva and Gurgel, 2019] para o ano de 2015 sendo atualizada pelo deflator implícito do PIB. A matriz é composta dos seguintes setores: 01. Agricultura, silvicultura, exploração florestal; 02. Pecuária e pesca; 03. Mineração; 04. Alimentos, bebidas e fumo; 05. Têxtil, vestuário e calçados; 06. Madeira, papel e impressão; 07. Refino de petróleo, coque e álcool; 08. Outros produtos químicos e farmacêuticos; 09. Artigos de borracha e plástico; 10 . Cimento e outros produtos de minerais não-metálicos; 11. Metalurgia; 12. Máquinas e equipamentos; 13. Material elétrico e eletrônicos; 14. Material de transporte; 15. Indústrias diversas; 16. Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana; 17. Construção; 18. Comércio; 19. Transporte, armazenagem e correio; 20. Serviços privados; 21. Intermediação financeira e seguros; 22. Serviços imobiliários e aluguel; 23. Serviços de alojamento e alimentação; 24. Educação mercantil e pública; 25. Saúde mercantil e pública; 26. Administração pública e seguridade social.
11.2. METODOLOGIA
94
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana
11.3
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta seção, são analisados alguns indicadores da análise de insumoproduto baseados nos índices de ligações diretas, indiretas, multiplicadores do produto e do campo de influência atualizada para economia acriana até o ano de 2015. Esses indicadores visam uma avaliação preliminar da MIP do Acre x restante do Brasil.
11.3.1
Estrutura de interdependência setorial da economia acreana
A tabela 11.1 nos mostra um panorama dos índices de ligação para frente (ILF) e para trás (ILT) da economia acriana. Observa-se que no tocante aos índices de ligação a economia apresenta cinco setores chaves, ou seja, que apresentam índices de ligação para frente e para trás maiores que um, a saber: madeira, papel e impressão; cimento e outros produtos de minerais não-metálicos; material elétrico e eletrônicos; eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana; e serviços privados. Em relação ao multiplicador setorial do produto observa-se a existência de dois setores outliers, que apresentam multiplicadores distante da média. Tabela 11.1: Medidas descritivas dos indicadores dos setores chaves e multiplicador do produto setorial da economia acriana 2015. Medidas ILF ILT Produto Máximo 11,51 12,14 20,22 Média 1,48 1,48 2,46 Mínimo 0,60 0,60 1,00 Coeficiente de variação 12,86 12,19 149,97 Segundo [Rasmussen, 1956] e [Hirschman, 1958], O índices de ligação para trás (ILT) tenta avaliar a importância dos diferentes setores como demandantes de insumos dos demais setores da economia, em termos relativos à situação média da economia. Os resultados mostrados na tabela 1, indicam que os setores que apresentam maior dinamismo. Observa-se que apenas o setor da construção civil apresenta resultado menos ruim, pois para um volume de aporte nesse setor de R$ 1.000,00 geral um volume de compra nos demais setores da economia de R$ 21,36. Para consideramos esse setor dinâmico o ILT e o índice de ligação para frente deve ser maior que 1 (um). Contudo, não se observa essa situação. Em outras palavras, quanto maior 11.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
95
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana for o ILT maior é a sua influência sobre a demanda de bens e serviços dos demais setores da economia, ou seja, maior seu poder de comprar. O ILF indica o quanto um setor é demandado pelos demais e apontam sua importância na economia local. Nesse estudo, observa-se que o setor com melhor performance é o setor de cimento e outros produtos de minerais não-metálicos, pois para uma injeção de R$ 1.000,00 na economia ocasionará uma demanda de R$ 11,50. No concernente aos índices de ligação para frente e para trás observase que a economia acreana é desestruturada não apresentando setores que possibilitem promover o desenvolvimento econômico. Os multiplicadores da produção setorial indicados na tabela 11.2 mostram que o setor que apresenta maior impacto da produção adicional nos demais setores da economia que são necessários para atender a demanda de uma unidade adicional da demanda final é a construção civil, pois para um cada R$ 1,00 de produção adicional na construção civil, vamos ter uma produção adicional dos demais setores da economia de R$ 20,16. A figura 11.3.1 nos auxilia a visualizar com mais precisão o baixo nível de interação intersetorial dos índices de ligação para frente e para trás da economia acriana para 2015.5 Observa-se que somente o setor 17 e 10 destacam-se em relação aos demais. Sendo necessário ressaltar que não apresentam índices de ligação superior a 1.
5 Legenda: 01 - Agricultura, silvicultura, exploração florestal; 02 - Pecuária e pesca; 03 - Mineração; 04 - Alimentos, bebidas e fumo; 05 - Têxtil, vestuário e calçados; 06 Madeira, papel e impressão; 07 - Refino de petróleo, coque e álcool; 08 - Outros produtos químicos e farmacêuticos; 09 - Artigos de borracha e plástico; 10 - Cimento e outros produtos de minerais não-metálicos; 11 ? Metalurgia; 12 - Máquinas e equipamentos; 13 - Material elétrico e eletrônicos; 14 - Material de transporte; 15 - Indústrias diversas; 16 - Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana; 17 - Construção; 18 - Comércio; 19 Transporte, armazenagem e correio; 20 - Serviços privados; 21 - Intermediação financeira e seguros; 22 - Serviços imobiliários e aluguel; 23 - Serviços de alojamento e alimentação; 24 - Educação mercantil e pública; 25 - Saúde mercantil e pública; 26 - Administração pública e seguridade social.
11.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
96
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana Tabela 11.2: Índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para trás e para frente dos setores da economia Acreana para 2015 Setores ILF ILT Produto Agricultura, silvicultura, exploração florestal 1,04 0,79 1,32 Pecuária e pesca 1,10 0,88 1,47 Mineração 1,09 0,66 1,10 Alimentos, bebidas e insumos 0,70 1,72 2,87 Têxtil, vestuário e calçados 0,66 0,75 1,25 Madeira, papel e impressão 3,59 1,50 2,50 Refino de petróleo, coque e álcool 0,60 0,60 1,00 Outros produtos químicos e farmacêuticos 0,86 0,66 1,10 Artigos de borracha e plástico 0,79 0,68 1,12 Cimento e outros prod. de min. não metálicos 11,51 1,43 2,39 Metalurgia 1,90 0,83 1,40 Máquinas e equipamentos 0,69 0,68 1,35 Material elétrico e eletrônico 1,58 1,06 1,75 Material de transporte 0,91 0,70 1,35 Indústrias diversas 0,61 0,79 2,90 Ele. e gás, água, esgoto e limpeza urbana 2,34 1,73 1,60 Construção 0,68 12,14 1,33 Comércio 0,95 1,05 1,16 Transporte, armazengem e correios 0,76 0,81 1,35 Serviços privados 1,48 1,74 2,90 Intermediação financeira e seguros 1,46 0,96 1,60 Serviços imobiliários e aluguel 0,66 0,80 1,33 Serviços de alojamento e alimentação 0,68 0,70 1,16 Educação Mercantil e pública 0,60 1,18 1,96 Saúde Mercantil e pública 0,61 1,27 2,11 Administração e seguridade social 0,60 2,35 3,90 Tabela 11.3: * Fonte: Elaborado pelos autores
11.3.2
Análise do campo de influência
Objetivando complementar a análise dos índices de ligação para frente e para trás e buscando a identificação das principais ligações que podem ocasionar maiores impactos sobre a economia acriana, apresentamos abordagem do campo de influência desenvolvida por [Sonis and Hewings, 1989] e [Sonis et al., 1997]. 11.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
97
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana
Figura 11.1: Índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para trás e para frente dos setores da economia Acreana para 2015 [Guilhoto et al., 2010] destaca que o campo de influência mostra como se distribuem as mudanças dos coeficientes diretos no sistema econômico, permitindo, desta forma, determinar quais as relações entre os setores que seriam mais importantes dentro do processo produtivo. Em relação à economia o resultado do campo de influência mostrado na figura 11.3.2 6 demonstram que as alterações da demanda final da indústria de construção civil geram impactos significativos na demanda por insumos intermediários dentro do setor de cimento e outros produtos de minerais não6 Legenda: 01 - Agricultura, silvicultura, exploração florestal; 02 - Pecuária e pesca; 03 - Mineração; 04 - Alimentos, bebidas e fumo; 05 - Têxtil, vestuário e calçados; 06 Madeira, papel e impressão; 07 - Refino de petróleo, coque e álcool; 08 - Outros produtos químicos e farmacêuticos; 09 - Artigos de borracha e plástico; 10 - Cimento e outros produtos de minerais não-metálicos; 11 ? Metalurgia; 12 - Máquinas e equipamentos; 13 - Material elétrico e eletrônicos; 14 - Material de transporte; 15 - Indústrias diversas; 16 Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana; 17 ? Construção; 18 ? Comércio; 19 Transporte, armazenagem e correio; 20 - Serviços privados; 21 - Intermediação financeira e seguros; 22 - Serviços imobiliários e aluguel; 23 - Serviços de alojamento e alimentação; 24 - Educação mercantil e pública; 25 - Saúde mercantil e pública; 26 - Administração pública e seguridade social.
11.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana metálicos. Além disso, o setor de cimento e outros apresenta grande sobre o setor de madeiras, papel e impressão. Já o setor de madeiras, papel e impressão apresenta grande impacto sobre o setor da construção civil. Por fim, a quarta maior interação ocorre entre os setores da construção civil e o setor de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana.
Figura 11.2: Índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para trás e para frente dos setores da economia Acreana para 2015
11.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
99
Capítulo 11. Insumo-produto:identificando os setores dinâmicos da economia acreana
11.4
CONCLUSÃO
O presente estudo teve como objetivo verificar os setores-chaves do estado do Acre por meio da matriz insumo-produto. A partir dessa metodologia, foram calculados os índices de ligações intersetoriais, Rasmussen-Hischman, campo de influência e índices de ligações intersetoriais GHS. Conforme a e economia cresce, o desenvolvimento da civilização mundial torna-se exponencial. À medida que a renda total aumenta, essa complexidade também aumenta, relacionando esse processo aos países que alcançaram um desenvolvimento sustentável crescente com alguns que estão em fase de desenvolvimento há bastante tempo, mas que o crescimento econômico ainda gera instabilidade e complexidades. Na busca por respostas sobre a diferença entre estratégias de desenvolvimento, a identificação da relação de sistemas econômicos em redes complexas com o crescimento sustentável da renda pode auxiliar na resolução dessas questões. Objetiva-se, assim, investigar quais foram as propriedades de rede da matriz insumo-produto que permitiram uma análise clara do presente estudo. A base teórica para análise e interpretação dos resultados fundamenta-se na teoria do crescimento, das redes complexas e da matriz de Leontief. Esta pesquisa econômica avalia os mecanismos de desenvolvimento que precipitam a produtividade regional e também alia os estudos aos fatores de desigualdade, tornando o processo de desenvolvimento econômico grandiosamente heterogêneo sendo que seus componentes são avaliados pelo crescimento desigual entre as mais distintas regiões bem como, verificar a disponibilidade de diferentes recursos.
11.4. CONCLUSÃO
100
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas [BECKER, 2004] BECKER, B. K. (2004). Amazônia: mudanças estruturais e tendências na passagem do milênio. Amazônia, terra e civilização: uma trajetória de, 60:115–142. [Cabral et al., 2016] Cabral, J. A., de Freitas Cabral, M. V., and da Silva, T. M. K. (2016). Impactos econômicos regionais e inter-regionais dos megaeventos esportivos sediados no estado do rio de janeiro. Análise Econômica, 34(66). [CONSIDERA et al., 1997] CONSIDERA, C. M., RAMOS, R. L., Filgueiras, H., and Sobral, C. (1997). Matrizes de insumo-produto regionais 1985 e 1992: metodologia e resultados. Rio de Janeiro, IPEA. [da Silva and Gurgel, 2019] da Silva, R. G. and Gurgel, Á. C. (2019). Cambios climáticos y eventos extremos en la amazonia: la inundación del 2015 en el estado de acre, brasil. Espacio abierto, 28(2):129–151. [Guilhoto et al., 2010] Guilhoto, J. et al. (2010). Estimação da matriz insumo-produto utilizando dados preliminares das contas nacionais: Aplicação e análise de indicadores econômicos para o brasil em 2005 (using data from the system of national accounts to estimate input-output matrices: An application using brazilian data for 2005). Available at SSRN 1836495. [Haguenauer et al., 2001] Haguenauer, L., Bahia, L. D., Castro, P. F. d., and Ribeiro, M. B. (2001). Evolução das cadeias produtivas brasileiras na década de 90. [Hirschman, 1958] Hirschman, A. (1958). Modern economic growth. [Miller and Blair, 1985] Miller, R. E. and Blair, P. D. (1985). Input-output analysis: Foundations and extensions prentice-hall. Englewood Cliffs, New Jersey. [Rasmussen, 1956] Rasmussen, P. N. (1956). Studies in inter-sectoral relations, volume 15. E. Harck. [Richardson, 1978] Richardson, H. W. (1978). Insumo-produto e economia regional. Zahar editores. [Sonis and Hewings, 1989] Sonis, M. and Hewings, G. J. (1989). Error and sensitivity input-output analysis: a new approach. Frontiers of inputoutput analysis, pages 232–244. Referências Bibliográficas
101
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Referências Bibliográficas
102
Capítulo 12 Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder Danielle da Silva Costa Dr. Rubicleis G. Silva
12.1
1 2
INTRODUÇÃO
O papel da mulher na sociedade tem se modificado no decorrer dos anos, trabalhar, por exemplo, chegou a ser uma utopia, após muitas lutas, revoluções e anos de história, é uma realidade. Anos atrás com o surgimento da constituição sonhávamos com uma sociedade igualitária em que pagariam-se salários iguais a todos sem distinção de gênero, hoje estamos cada vez mais próximos de alcançar a equidade salarial entre homens e mulheres. Entretanto cabe avaliar se realmente estamos. Historicamente no ocidente, o perfil da sociedade era estabelecido num modelo estamentado, onde os homens eram considerados provedores do lar, enquanto restava as mulheres as funções de casa e da família, tornando a busca por renda, uma atividade sem prioridade. Cabiam as mulheres entrar no mercado de trabalho apenas quando tornavam-se viúvas para desenvolver serviços de costura, bordado, aulas de piano, entre outros, mesmo não sendo bem quistas e mal remuneradas. De fato, as mudanças nesse modelo social foram iniciadas no período das I e II Guerras Mundiais que se estenderam nos períodos de 1914-1918 e 1939-1945 respectivamente, propiciando no mundo a necessidade de obrigar 1 2
Egressa do curso de Economia Tutor do PET-Economia
103
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder mulheres a assumirem os negócios da família enquanto os homens participavam à frente das batalhas. Após as guerras, com o ápice do sistema capitalista marcado por um grande crescimento tecnológico, com reorganização do papel econômico da mulher, elas arregaçaram as mangas e cresceram exponencialmente nas fábricas, ano após ano, garantindo seu lugar no mercado de trabalho. A verdade é que a demora da inserção no mercado de trabalho, junto as pré determinações do papel feminino acabaram influenciando no que se demonstraria um hiato nos rendimentos entre os sexos. No Brasil, a história mostra que a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou significativamente apenas por meados da década de 80. No início da década de oitenta, quando o país se esforçava pra recuperar a economia dos ?anos de chumbo? após os quase vinte anos de ditadura militar, o movimento feminista estendia seu próprio debate criticando as duras condições da mulher no Brasil, com a perspectiva de resgatar o papel da mulher na sociedade. As reivindicações por creches e aumento de salários devido aos aumentos do custo de vida, eram muito presentes em São Paulo. Esse hiato foi bastante questionado após a afirmação dos direitos igualitários, uma vez que as mulheres não eram mais apenas donas do lar, eram chefes de família e também provedoras do lar. O perfil social, como pode-se notar, também tem se diferenciado durante as décadas, o número de mulheres chefes de família elevou-se durante os anos, em 1991, por exemplo, cerca de 18% das famílias dependiam da mulher como a provedora do lar, já em 2018, de acordo com o IBGE, esse número aumentou para 28,5% nos lares brasileiros, passando a ter mais de 30,5 milhões de mulheres chefes de família. Dessa forma, são inegáveis as dificuldades enfrentadas pelo gênero ao decorrer dos anos, mesmo que notórios os acontecimentos positivos, as mudanças acontecem de forma lenta e isso refletiu-se diretamente na formação dos salários. Nos Estados Unidos, em 1991 as mulheres no mercado de trabalho ocupavam quase metade das vagas (cerca de 47%) e recebiam em média cerca de 60% do salário dos homens, já nos anos 2000 alcançou-se os 71% . Enquanto no Brasil, pesquisas de 2007 apontam que elas constituem cerca de 40% da população economicamente ativa recebendo também um pouco mais que a metade do salário dos homens (Giuberti e Menezes-Filho, 2005, p. 370). Como explicar esses acontecimentos na sociedade moderna? Na formação desses salários, vários fatores são responsáveis, como experiência, idade, educação, intra-ocupações, entre outros. Pesquisas apontam que ao analisar as características médias entre esses grupos não é possível notar fatores que apresentem significativos resultados para explicar essa diferença. Comumente o fator não explicável é atribuído a discriminação. 12.1. INTRODUÇÃO
104
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder [Giuberti and Menezes-Filho, 2005] estudaram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e da Current Population Survey (CPS) para observar o diferencial de rendimentos entre os homens e as mulheres no Brasil e nos Estados Unidos para os anos de 1981, 1988 e 1996 concluindo que em 1981 à 1996 a diferença salarial diminuiu no Brasil, sendo que em 1981 as mulheres recebiam cerca de 68% do salário de um homem no mesmo cargo, com as mesmas condições, passaram a receber 80% em 1996. No que se refere a educação, as mulheres possuem dois anos a mais de estudo em relação aos homens, não explicando a diferença salarial, tendo essas como duas variáveis que denotariam de forma robusta o motivo para a redução dessa diferença. De forma geral, os resultados apresentados apontam que não há explicação para a diferenciação nas características dos indivíduos, o que viria a caracterizar a discriminação no mercado de trabalho. Cambota e Pontes (2004) utilizando dados da PNAD, mostra também que nos três grupos ocupacionais em que as mulheres eram maioria (profissionais das ciências e das artes, técnicos de nível médio e trabalhadores administrativos) em suma recebiam gratificações menores que as dos homens, apontando assim que mesmo em empregos onde a produtividade e o volume ocupacional ultrapassa a masculina, os salários pagos a mulheres são ainda menores que os dos homens. Araújo e Ribeiro (2001) estimaram o grau de segregação ocupacional por gênero através dos dados Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) nos trabalhadores urbanos no ano de 1995. Observaram regionalmente a distribuição de média salarial, notando que na região norte, a diferença é baixa, de aproximadamente 20,8% em comparação aos sobressaltados 45,8% na região sul e aos 44,6% da região sudeste, inferindo que as regiões mais industrializadas possuem o fator discriminador mais explicativo no que tange as relações de repasses dos salários. Em 2016, numa observação mais regionalizada, o Acre possuía cerca de 47,2% de participação feminina no mercado de trabalho em vagas formais, no Mato Grosso 39,5% dos empregos formais eram ocupados por mulheres. A média brasileira é de 44% (CAGED, 2016). O Acre então se apresenta como um dos estados que mais emprega mulheres no setor formal. Levando em consideração que no norte a diferença dos salários é menor em relação ao resto do Brasil, o presente estudo levanta o problema pra resolver a questão: Existe discriminação salarial no mercado de trabalho no estado do Acre? Acende-se então o interesse de investigar se no período de 2015 existiram tais diferenças salariais entre homens e mulheres no estado, observando os dados oferecidos pela Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílio (PNAD), 12.1. INTRODUÇÃO
105
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder estabelecendo fatores e variáveis que justificam a formação da remuneração dos mesmos e utilizando-os para ambos os sexos em um período de tempo contemporâneo à sociedade acreana. Observar esse dado atribui a pesquisa uma extrema importância num contexto estadual, estando o Acre a frente da média nacional no que diz respeito a ocupação das vagas de trabalho e possuindo uma carência em pesquisas sobre a diferença salarial entre gêneros no estado. Mostrando assim, a possibilidade de revelar à sociedade as respostas necessárias e as oportunidades para o governo continuar em busca por melhorias se caso necessário. O objetivo do trabalho é analisar os dados oferecidos pela Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílio (PNAD) para investigar se as diferenças salariais existiram no estado do Acre no ano de 2015. Especificamente investigar: a) Levantar, por gênero, a distribuição repasses salariais dentro do estado e b) Identificar se existiram variáveis não explicadas influenciando a formação dos salários. No primeiro momento, discorre-se sobre a discriminação salarial de gênero que acontece numa esfera nacional, após as considerações, observa-se se esse problema afeta o mercado de trabalho regional, levando também em consideração as variáveis importantes para a formação do salário, tal como idade, cor, escolaridade, experiência profissional e sexo. Após trabalhar com algumas das variáveis, iniciarão os testes dos fatores condicionantes com dados extraídos da PNAD com as explicações do método Oaxaca-Blinder utilizado na pesquisa.
12.2
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE DISCRIMINAÇÃO SALARIAL POR GÊNERO
Podemos conceituar que a discriminação salarial no mercado de trabalho, ocorre quando duas ou mais pessoas que possuem a mesma faixa etária, experiência e grau de educação tendo o sexo como variável definitiva acerca do valor a ser recebido através da venda de mão de obra, recebem níveis diferentes de pagamentos [Leme and Wajnman, 2001]. Há diversas formas de analisar o hiato salarial que existe entre homens e mulheres no mundo, as discussões mais abordadas atualmente seguem anexadas a conceitos como o de produtividade, segmentação ou também o conceito de discriminação (DIFERENÇA..., 2016). Num estudo sobre os salários pagos em intra-ocupações, [Araújo and Ribeiro, 2001] utilizando os dados da PNAD para o ano de 1995, empregando o cálculo do Indice de Dissimilaridade Ducam & Ducam juntamente com o Índice de Dis12.2. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE DISCRIMINAÇÃO SALARIAL POR GÊNERO
106
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder similaridade Padronizado pelo Tamanho analisaram as diferenças salariais utilizando técnicas empíricas de decomposição, fazendo assim com que se pudessem observar as diferenças salariais em dois blocos: a diferença salarial total e a diferença ocupacional. Ambas as decomposições usaram variáveis de média salarial por idade, escolaridade, região, grupo ocupacional e gênero. Nota-se que o hiato salarial existe de fato em todas as regiões aplicadas, de forma que as regiões com o maior índice de desenvolvimento como a Sul e Sudeste possuíssem esse grau de disparidade mais elevado que a região norte, de forma que as mulheres, num panorama ocupacional, estariam distribuídas em intra-ocupações menos gratificadas mostrando que existem ocupações predominantemente masculinas onde pagam-se os melhores salários (p. 17) Chegando também ao resultado, [Araújo and Ribeiro, 2001], descreveram que ?há uma maior diferença de salário entre as profissões do que dentro das mesmas? (p. 35), ou seja, até 2001 acreditava-se as mulheres acabam por receber menores salários pois estão alocadas em empregos com menores remunerações mesmo que sejam mais qualificadas. Colaborando com ideologias que defendem que a mulher recebe menos no mercado de trabalho, por estar em cargos menos remunerados. Entretanto, no que tange a respeito as ocupações, Matos e Machado (2007) observam que mesmo quando as mulheres estão nas mesmas ocupações elas ainda sim recebem remuneração inferior a masculina. Em Diferenças..., (2016) o trabalho apresentou resultados semelhantes ao utilizar o banco de dados da PNAD para o ano de 2014, com a aplicação do método Oaxaca, inicialmente calculando características descritivas das variáveis, logo após, estimando equações mincerianas de salário e por fim aplicando-se o método afim de verificar o nível de discriminação nas ocupações selecionadas no estado do Paraná, o estudo reflete que em todas as ocupações o componente injustificável atribuído a discriminação passa dos 85%, onde as mulheres apresentavam mais atributos produtivos que os homens e ainda sim recebiam menos, quebrando o tabu de que as mulheres que estão alocadas nos mesmos setores recebem menos ou são minoria porque são menos produtivas. O que pode-se observar na realidade é que os homens ocupam mais postos de trabalho em quase todas as áreas. [rightmargin=0cm,leftmargin=4cm] Percebe-se que os homens são maioria em quase todas as ocupações, exceto nas Ciências e Letras, onde as mulheres representam 65,13%. Esta é uma ocupação tipicamente feminina. Uma ocupação masculina que apresenta um percentual muito elevado é a de Militares com 90,30% de homens. As ocupações Agrícolas, Gerentes e Diretores também apresentam uma taxa de atividade masculina muito acima da PO masculina com 65,15%, 64,17 e 62,29%, respectivamente. Já nas ocupações dos Serviços, Poder Público e Técnicos, as taxas de atividade masculinas e femininas são bem mais próximas das taxas da PO
12.2. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE DISCRIMINAÇÃO SALARIAL POR GÊNERO
107
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder de cada gênero. (DIFERENÇA...,2016)
Já Cambota e Pontes (2004), utilizando a metodologia semiparamétrica baseada na distribuição de rendimentos notou também que nas ocupações onde a escolaridade é maior a desigualdade se mostra de forma mais aguda e que a tendência é que o grau se eleve ao longo da distribuição, de maneira em que as mulheres se mostrem mais lucrativas e escolarizadas, recebem rendimentos menores atribuindo esses aspectos a um fator não justificável ?os resultados, portanto, sugerem que existe uma discriminação? (pag 340). Dessa forma, pode-se analisar que a diferença não justificada é auferida a discriminação de gênero, Giuberti e Menezes-Filho (2005) utilizaram os dados da PNAD para analisar os dados do Brasil nos anos de 1981, 1988 e 1996 e os dados da Current Population Survey (CPS) para analisar a situação dos EUA no mesmo período, num estudo sobre a discriminação de rendimentos por gênero, com o intuito de explicar as diferença entre homens e mulheres por variáveis como idade, ocupação, jornada de trabalho, região da residência, entre outras, aplicando o método de decomposição Oaxaca, decompondo a diferença entre as características dos trabalhadores de ambos os sexos em ambos os países e o retorno salarial a essas características. Assim como o trabalho de Cambota e Pontes (2004), os autores notaram que existe um componente de renda não explicado pela características dos indivíduos tanto no mercado brasileiro quanto no americano. Entretanto, observa-se que existe uma dificuldade quanto a estimação correta do coeficiente que quantificam a discriminação no Brasil, uma vez que as características apresentadas demonstram um diferencial favorável em todos os anos analisados para o sexo feminino, enquanto nos Estados Unidos, as características explicitam um cenário favorável aos homens. Para [Leme and Wajnman, 2001] na segmentação de mercado as mulheres encontram-se em uma posição inferior quando em comparação com a masculina, de tal maneira que o setor formal apresenta 27% de diferença entre os salários e em caso de não discriminação, as mulheres receberiam 26% acima da média. A maneira mais eficiente de se combater o problema é esmiuçar as variáveis que compõe o problema para identificar de maneira correta os determinantes da questão (LEME E WAJNMAN, 2001, p. 80). [Bacchi et al., 2017] ao analisar a discriminação por gênero e cor na região norte do Brasil nos anos de 2004 e 2013 a partir dos dados da PNAD/IBGE desse período, através do método Oaxaca-Blinder, analisando indivíduos do mesmo perfil, faixa etária, educação, experiência de trabalho, sexo e cor. Observou que quanto a média de educação, as mulheres apresentam níveis educacionais melhores que os homens em todos os anos independentemente da cor, entretanto, a mulher branca foi que apresentou o maior salário por hora entre todos os grupos raciais ratificando que pessoas mais escolarizadas, 12.2. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE DISCRIMINAÇÃO SALARIAL POR GÊNERO
108
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder receberiam os maiores salários. A região norte foi a que mais apresentou retorno nos anos analisados. Para [Gomes and Souza, 2019], o estudo foi feito através da base de dados da RAIS no ano de 2016, para investigar a assimetria salarial entre as regiões nordeste e sul do Brasil, considerando uma adaptação do método OaxacaBlinder, classificando as variáveis de ocupação de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações ? CBO, enquanto nos setores econômicos utilizou-se a Classe de Atividade Econômica segundo o CNAE 1.0 revisado em 2002. Concluiu-se que o setor que menos apresentou percentuais quanto a discriminação da mulher é o comercial, principalmente quando trata-se do primeiro emprego. A indústria corre num ponto fora da curva e é o setor que menos apresenta equidade na distribuição dos salários, sendo a discriminação muito mais palpável. É notado também, que nos setores do comércio e serviço existe uma maior contratação de mão de obra feminina quando comparada aos setores de agricultura e da indústria, uma vez que as mulheres também são discriminadas na inserção dos cargos dos mesmos. Esse fenômeno acontece em ambas as regiões, sendo menos presente na região nordeste.
12.2. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE DISCRIMINAÇÃO SALARIAL POR GÊNERO
109
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder
12.3 12.3.1
METODOLOGIA O Modelo de Decomposição de Oaxaca-Blinder
Para analisar a possível discriminação de gênero da distribuição de salários, é costumeiramente utilizado na literatura o modelo de decomposição Oaxaca-Blinder. Para que se possa ter a visualização inicial do modelo, é aplicada uma dummy de sexo na regressão de rendimentos (12.1) [Leme and Wajnman, 2001]. X w =α++ β i xi + u (12.1) i
Dessa maneira a regressão fica expressa de forma que w seja o log do rendimento enquanto x seja a representação das características observáveis da formação do salário, tais como cor, educação, experiência, setor e ocupação. Já d representa a dummy de sexo (atribui-se 1 no gênero masculino e 0, caso feminino). Dessa forma, cabe ao coeficiente assumir a variável explicativa da diferença dos rendimentos. ?Os salários são diferentes apenas porque os sexos são diferentes, mas o retorno associado a cada uma das demais variáveis não depende do sexo do trabalhador? [Leme and Wajnman, 2001]. [Leme and Wajnman, 2001] destacam que uma das formas de testar o coeficiente das variáveis é através da decomposição de Oaxaca. A mesma consiste em estimar as regressões separadamente e decompondo o diferencial de trabalho em dois blocos: "explicáveis"que são referentes a diferença das características e os "não explicáveis", referentes aos parâmetros, incluindo a diferença de intercepto para as regressões de salários entre os gêneros. O método desenvolvido por [Oaxaca, 1973], é utilizado rotineiramente em estudos para calcular a discriminação no mercado de trabalho e consistem em alguns passos. Inicialmente estima-se as equações (12.2) e (12.3) de salários para ambos os sexos, de forma que os logaritmos do salário masculino e feminino sejam representados por wm e wf . X wm = αm + βim xim (12.2) i
wf = αf +
X
βif xif
(12.3)
i
Após estimadas as equações, toma-se a diferença P das mesmas, que serão avaliadas nos pontos médios, soma-se e subtrai-se βim xif , não alterando 12.3. METODOLOGIA
110
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder a igualdade para se obter a expressão wm − wf da diferença dos logaritmos dos salários médios na equação (1.4) [Leme and Wajnman, 2001].
12.3. METODOLOGIA
111
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder
12.3.2
Variáveis e Fonte de Dados
Os dados que serão utilizados para a obtenção dos resultados dessa pesquisa serão extraídos através da Pesquisa Nacional por Amostra a Domícilios ? PNAD trata-se de uma pesquisa anual que tem por objetivo demonstrar de forma estatísticas dados amostrais que por sua vez serão usados como base de processos descritivos e comparativos das pessoas residentes no Brasil. A pesquisa adota um plano estratificado de amostragem, sendo necessário um dois ou três estágios a depender do extrato para análise correta dos dados oferecidos.[Silva et al., 2002] Nesse plano a estratificação da amostra é feita em apenas duas etapas, sendo a primeira uma estratificação geográfica que infere aos 36 estratos naturais e a partir dessa divisão, metade das 36 unidades de federação formam um estrato independente, enquanto outras nove unidades são definidas com mais dois estratos naturais significando que a divisão é feita entre a capital (metrópoles) e os demais municípios que compõem as unidades federativas, nesse caso de existência de regiões metropolitanas, os dados são estimados de forma que existam dois estágios: as unidades primárias de amostragem (municípios) e as secundárias (domicílios). Dessa maneira são escolhidos através de métodos probabilísticos por tamanho alguns domicílios, levando em consideração a situação e o código geográfico de cada um deles. [Silva et al., 2002] Nos casos dos estratos naturais onde não há presença de regiões metropolitanas, os dados são divididos em três estágios: o primário, que compreende os municípios, o secundário que é referente aos setores e por fim os terciários que fazem jus aos domicílios. Nessa forma de estrato, os municípios que representam grande parte da representatividade populacional são considerados auto representativos e estes, por sua vez são avaliados em dois estágios, assim como nos casos de regiões metropolitanas. [Silva et al., 2002] A cada ano, é feita uma listagem dentro de cada setor selecionado com o cadastro atualizado dos domicílios, facilitando a busca por informações. Com a listagem, faz-se a seleção das unidades que serão pesquisadas. Essa pesquisa é realizada presencialmente através de um questionário de papel. Em cada estrato natural, o plano amostral é autoponderado, fazendo com que a seleção seja feita com probabilidades iguais entre todos os domicílios, entretanto existe variação. No caso das 18 unidades da federação, a fração amostral é fixa e constante. Enquanto nos casos que existem dois estratos naturais, as regiões metropolitanas e os demais municípios, podem ter frações amostrais distintas. [Silva et al., 2002] Na primeira seleção de fatores, foi fixado em 13 o número de domicílios a selecionar. Quando são feitas as listagens atualizadas, o número de domicílios por setor pode variar devido a fixação do intervalo de seleção calculado na 12.3. METODOLOGIA
112
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder primeira seleção de fatores. [Silva et al., 2002]. O ano a ser estudado é referente ao período de 2015.
12.3. METODOLOGIA
113
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder
12.4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Verifica-se conforme a figura 12.4 que no ano de 2015 no estado do Acre, a média bruta dos repasses realizados para o sexo masculino, ultrapassou o salário pago as mulheres em mais de 31%, concordando com os dados presentes na introdução e, consequentemente com a literatura, que afirma que o hiato salarial entre os gêneros é presente e histórico em nossa sociedade. Observar essa diferença, isoladamente, ainda não pode ser definida por discriminação, uma vez que ainda não foram expostas as variáveis observáveis para ambos os grupos e é apenas uma amostragem média das condições de salários para o ano, entretanto não deixa de ser um indício que deve ser estudado.
Figura 12.1: Valor médio das remunerações mensais pagas por gênero, Acre 2015 Já evidenciando a variável cor, considerando o hiato salarial no ano de 2015 através da tabela 12.1 é possível observar que existe distinção de salários tanto por gênero quanto por cor. Levando em consideração uma análise apenas por gênero nota-se que os homens novamente receberam mais que as mulheres em média no período. Verifica-se que o mercado paga aos homens brancos cerca de R$588 a mais em valores reais em relação ao recebidos por uma mulher da mesma cor, ou seja, um acréscimo de 30,42% do que receberam as mulheres brancas. Esse hiato também pode ser visto com mais ênfase quando observada a situação da mulher de cor preta, constatando que o salário pago a mulher negra chega a ser equivalente apenas por cerca de 52% do salário pago aos homens pretos e 35% dos salários pagos aos homens brancos. 12.4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
114
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder Tabela 12.1: Valor do salário médio mensal por cor da pele e gênero, Acre 2015 Cor declarada da pele Homem Mulher 1.936,00 1.347,26 Branca [411,43] [136,42] 1.218,93 684,02 Preta [154,64] [74,47] 2.600,00 366,66 Amarela [1.699,91] [190,56] 1.301,45 908,42 Parda [103,18] [55,38] 235,96 139,17 Indígena [69,84] [98,77] Fonte: Elaborado a partir dos dados da PNAD 2015
Quanto as pessoas de cor parda, nota-se que a distinção de salários denota que a diferença paga aos gêneros é de R$393,00, ou seja, o salário da mulher de cor parda é composto por apenas 69,80% do salário do homem pardo e apenas 46,92% da remuneração pago a um homem de cor branca. É possível observar também que o erro padrão aponta uma má distribuição aos salários pagos aos homens, podendo variar cerca de 103,18 para os homens pardos e apenas 55,38 para as mulheres pardas, demonstrando que esse hiato pode ser maior do que o estimado. Entre os homens e as mulheres indígenas nota-se que a diferença entre os grupos é de R$94,79, um pouco mais que a metade do que se é recebido pelos indígenas do sexo masculino, chegando a possuir um salário equivalente a 58% do salários dos mesmos. Em questão, nota-se que a maior remuneração entre os salários referentes ao sexo feminino é feito as mulheres brancas, estas foram mais bem remuneradas do que todas as outras. Tomando ciência a diferença dos salários, é notável que é estimado uma situação vulnerável principalmente às mulheres negras, uma vez que o salário das mesmas é composto por 50% da remuneração de uma mulher branca e 75% do salário de uma mulher parda que por sua vez, em 2015, recebia pouco a mais que um salário mínimo. A diferença mais gritante a ser observada é entre os salários entre os gêneros da cor amarela, uma vez que a mulher amarela recebe somente cerca de 14% do salário de um homem amarelo, mostrando uma extrema sensibilidade no mercado de trabalho, entretanto, as pessoas declaradas amarelas ou indígenas não apresentaram percentuais estatisticamente representativos 12.4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
115
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder para a região no mesmo ano. (IBGE) Ao analisar superficialmente os resultados, pode-se constatar mais uma vez que existiu diferença de salários no Acre no ano de 2015, essa diferença pode ser atribuída a existência de discriminação no mercado de trabalho, no entanto ainda não se pode atestar que essa discriminação é referida apenas por gênero, uma vez que é notório a diferença também quando a variável cor é inclusa na discussão. A tabela 2 mostra e equação salarial estimada por gênero do estado do Acre para o ano de 2015 ajustada pelos pesos amostrais da PNAD. Inicialmente, observa-se que todos os coeficientes são significativos a 1%. O R2 em ambas equações é baixo, porém significativo. O impacto da idade sobre o rendimento salarial é mais elevado para os homens, pois uma variação de um ano de idade ocasiona uma variação de 3,23% no salário. Por sua vez, esta variação é de 1,94% para as mulheres. Tem-se aqui um primeiro indício de discriminação salarial por gênero.
12.4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
116
Capítulo 12. Gênero versus salários no Acre: a decomposição de Oaxaca-Blinder Em relação a educação, os resultados indicam que a cada ano adicional de estudo masculino, o rendimento salarial aumenta 1,12%, enquanto as mulheres o aumento é de 1,04%, ou seja, tem-se aqui um segundo indício de discriminação.
12.5
CONCLUSÕES
Nesse estudo foram observadas as diferenças nas remunerações pagas entre os homens e as mulheres de um mesmo estado, num mesmo período, com as mesmas variáveis trabalhadas na mesma metodologia. Apontando a confirmação dos resultados obtidos na literatura e em trabalhos anteriores de que existe discriminação salarial observada consideravelmente nas variáveis trabalhadas, uma vez que é comprovado que no estado do Acre existiu uma remuneração maior paga ao sexo masculino sem a presença de nenhuma variável explicativa que justificasse esse hiato. Observa-se que as variáveis de idade e a educação tem um peso menor quando relacionadas ao sexo feminino, evidenciando a existência de discriminação no mercado de trabalho acreano. Nota-se também que existe a presença do hiato salarial até mesmo dentro do próprio sexo quando leva-se em consideração a cor, entretanto, denotase que as mulheres independentemente da cor receberam menos do que os homens brancos no mesmo período. Finalmente, dá-se o passo que as constatações feitas nesse estudo tornamse importantes ao estado do Acre, que por sua vez pode trabalhar em políticas públicas que incentivem a redução da diferença salarial para que hajam mudanças estruturais no mercado de trabalho e assim exista incentivo, igualdade e justiça na inserção das mulheres no mesmo. conforme fala [Araújo and Ribeiro, 2001]
12.5. CONCLUSÕES
117
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas [Araújo and Ribeiro, 2001] Araújo, V. F. and Ribeiro, E. P. (2001). Diferenciais de salários por gênero no brasil: um análise regional. [Bacchi et al., 2017] Bacchi, M. D., Maia, K., Inforzato de Souza, S. d. C., Gomes, M. R., Catelan, D. W., and Fonseca, M. R. (2017). Diferenças salariais e discriminação por gênero e cor na região sudeste do brasil. RDERevista de Desenvolvimento Econômico, 2(37). [Giuberti and Menezes-Filho, 2005] Giuberti, A. C. and Menezes-Filho, N. (2005). Discriminação de rendimentos por gênero: uma comparação entre o brasil e os estados unidos. Economia Aplicada, 9:369–384. [Gomes and Souza, 2019] Gomes, M. R. and Souza, S. d. C. I. d. (2019). Assimetrias salariais de gênero e a abordagem regional no brasil: uma análise segundo a admissão no emprego e setores de atividade. Revista de Economia Contemporânea, 22. [Leme and Wajnman, 2001] Leme, M. C. S. and Wajnman, S. (2001). Diferenciais de rendimentos por gênero. Microeconomia e Sociedade No Brasil. Contra Capa Livraria, Rio de Janeiro. [Oaxaca, 1973] Oaxaca, R. (1973). Male-female wage differentials in urban labor markets. International economic review, pages 693–709. [Silva et al., 2002] Silva, P. L. d. N., Pessoa, D. G. C., and Lila, M. F. (2002). Análise estatística de dados da pnad: incorporando a estrutura do plano amostral. Ciência & Saúde Coletiva, 7:659–670.
Referências Bibliográficas
118
Capítulo 13 SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO 13.1
INTRODUÇÃO
A covid-19 causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 se mostrou uma das maiores dificuldades para a humanidade nos últimos tempos. O vírus, que foi identificado pela primeira vez em Wuhan, na China, em 2019, rapidamente se propagou pelo planeta e, em 11 de março de 2020, a doença foi caracterizada pela Organização Mundial da Saúde [Organization, 2020] No Brasil o primeiro caso foi registrado em 26 de fevereiro de 2020, no Estado de São Paulo. Menos de um mês depois, a Secretaria Municipal de Saúde do Estado do Acre (SESACRE) confirmou os primeiros três casos locais da doença identificados pelo Centro de Infectologia Charles Mérieux. Em todo o ano de 2020, a SESACRE registrou 41.620 casos confirmados e 795 óbitos por covid-19 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020; [da Saúde do Brasil, 2021] e [da Saúde do Estado do Acre, 2020] Desde o início da pandemia a OMS alerta quanto às políticas públicas para seu enfrentamento. Por se tratar de uma doença patológica é indicado a higienização constante para prevenção. O órgão afirma que o contato direto é uma das principais formas de transmissão do SARS-CoV-2 e orienta quanto a importância água, saneamento, higiene (sigla em inglês para WASH), além da gestão de resíduos, sobretudo, hospitalares. De acordo com a organização, a higienização das mãos com água e sabão ou gel para as mãos a base de álcool 119
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO estão no mesmo patamar de efetividade preventiva e, mesmo não estando no mesmo nível da qualidade de água para consumo digestivo, é indicado o uso de água em melhor estado de conservação, com uso de 200 mililitros para cada lavagem de mãos [Organization, 2020] e [INFÂNCIA, 2020]. O Estado brasileiro entende como saneamento básico os serviços públicos de infraestrutura e instalações operacionais de i) abastecimento de água potável; ii) esgotamento sanitário; iii) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e iv) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas [BRASIL, 2021]. Em todo território nacional 74,4% receberam água de maneira regular em 2018, enquanto, para a população nortista, apenas 51% dos cidadãos foram atendidos. Para o Acre o índice chega a exíguos 22,4%. Cerca de 16,4% dos brasileiros não tiveram acesso a água em 2018, enquanto na Região Norte isto é realidade para 43% de seus residentes e, para o Acre, a variável chega a alarmantes 52,9%. A renda média do acreano sem saneamento equivalia a 23,27% da renda média daquele que tinha saneamento básico. Em 2018, por volta de 55,5% da água distribuída na Região Norte foi perdida. Para o Acre o déficit foi de 61,2% do total de água distribuída [BRASIL, 2007] a desigualdade do acesso à água no país é notável. Os maiores déficits estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, nos municípios de menor porte e/ou menos desenvolvidos economicamente e nas áreas rurais e subnormais [...] 38% da água potável produzida no país não chega ao consumidor. As regiões Norte e Nordeste apresentam os maiores índices de perdas[INFRAESTRUTURA, 2019] Especificamente, no tocante a relação entre indicadores socioeconômicos, de saneamento básico, de incidência e mortalidade no estado do Acre, observa-se a existência de uma grande fragilidade. Indicadores como: a. PIB (produto interno bruto) per capita; b. porcentagem da população que possui renda inferior a R$ 178,00 e c. índice de Gini de concentração de renda, indicam que o Acre é um dos estados mais pobres e concentrador de renda do país. Além disso, o estado se destaca negativamente em indicadores sanitários como: a. acesso a água potável e b. proporção da população municipal atendida pela rede de esgoto. Em consonância com indicadores socioeconômicos, saneamento básico e acesso disponibilidade de rede de água, o indicador de incidência de covid-19 por cem mil habitantes em 19 de junho de 2021 (data que o Brasil superou 500.000 mortes por covid-19) indica que a situação no estado é preocupante. Roraima apresentou 18.068 casos por cem mil habitantes. Por sua vez Assis Brasil, na mesma data, apresentou uma taxa de incidência de 22.889 casos por cem mil habitantes e Xapuri 15.186 casos por cem mil habitantes. É mister destacar que ambos os municípios se encontram entre os mais vulneráveis nos indicadores destacados anteriormente. 13.1. INTRODUÇÃO
120
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO Diante do anteposto emergem os seguintes problemas: a. existe relação entre indicadores de desenvolvimento socioeconômico e indicadores de contágio e mortalidade de covid-19 nos municípios acreanos? Além disso, b. existe algum padrão de difusão espacial entre os indicadores de desenvolvimento socioeconômico e a taxa de mortalidade por covid-19? Desta forma geral, esta pesquisa objetiva elaborar um diagnóstico da relação existente entre indicadores de desenvolvimento e os indicadores pandêmicos municipais de Covid-19. Especificamente, busca-se: a. elaborar o perfil da covid-19 dos municípios acreanos em conjunto com os indicadores de desenvolvimentos utilizados; b. verificar a relação espacial existente entre indicadores de desenvolvimento econômico e indicadores pandêmicos municipais de covid-19. A hipótese que norteia esta pesquisa é a existência de padrão espacial entre indicadores de desenvolvimento e indicadores pandêmicos. Contudo, este possível padrão é encontrado em uma parte do estado do Acre. A relevância dessa proposta de pesquisa fundamenta-se em dois aspectos. O primeiro está vinculado a incorporação da análise espacial e de variáveis socioeconômicas na discussão do combate a uma pandemia. Até o momento essa discussão é embrionária nos estudos epidemiológicos. Por sua vez, o segundo aspectos diz respeito aos possíveis impactos da construção de um modelo econométrico espacial epidemiológico, pois esse poderá fornecer aos tomadores de decisão informações relevantes ao combate de futuras pandemias. O trabalho está estruturado da seguinte maneira: no segundo capítulo é posto a metodologia que guiará o estudo, isto é, o referencial teórico, referencial analítico e a fonte de dados. O terceiro capítulo é dedicado aos resultados e discussão. Por fim as conclusões são expostas.
13.1. INTRODUÇÃO
121
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO
13.2
METODOLOGIA
Esta seção apresenta o referencial teórico e analítico que subsidiará a análise do tema pesquisado. O conceito de externalidade é apresentado objetivando vincular em temos teóricos a disseminação espacial dos indicadores pandêmicos e os indicadores de desenvolvimentos. Em ato contínuo é apresentado os conceitos básicos de Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE), a técnica utilizada para operacionalizar os conceitos de externalidades. Por fim, as variáveis e fontes de dados são apresentadas.
13.2.1
Externalidades
Possíveis efeitos de transbordamentos interferem na economia gerando falhas de mercado e devem ser analisados como externalidades. Segundo [Pindyck et al., 2013] as externalidades contemplam situações mercantis que abrem espaço para a necessidade de intervenções governamentais afim de eliminar tais dificuldades de produção ou consumo em consonância com o equilíbrio da economia. Com relação a economia da prevenção, [NETTO, 2020] observa que doenças contagiosas ocorrem por ações individuais que afetam toda a sociedade. Este efeito pode ser quantificado como custo social. Por outro lado, existem artifícios para o governo impedir que o custo social ocorra, como quarentenas, lockdowns, obrigatoriedade de máscaras e demais utensílios preventivos. De modo geral o autor mostra que ações governamentais preventivas são economicamente melhores. A presença de externalidades na economia faz com que os preços dos produtos não se expressem em seu valor social, possibilitando produção deficitária ou superavitária, gerando ineficiências no mercado. Os autores afirmam que esta falha de mercado pode trazer benefício a um dos envolvidos (externalidades positivas) ou malefício (externalidade negativas, comumente atrelada aos custos). Ao analisar vacinações compulsórias e suas externalidades [Brito et al., 1991] utilizam um modelo que considera o custo na vacinação de cada indivíduo. O estudo conclui que se o governo tiver completo conhecimento de todos os cidadãos que devem ser vacinados e aplicar políticas de impostos e subsídios para a vacinação, indivíduos não vacinados e taxados tendem a ter perdas de bem-estar. Portanto a quantidade de vacinados não deve ser superior a quantidade ótima que maximiza a utilidade dos não vacinados. Ao dissertar acerca dos impactos setoriais de uma epidemia [Smith et al., 2019], observam que a produção e consumo dos setores de toda uma nação podem ser afetados e afirmam a necessidade de analisar externalidades negativas 13.2. METODOLOGIA
122
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO no enfrentamento de pandemias, diminuindo os impactos e riscos atrelados, para além da saúde, em função da doença. Os autores afirmam que a gripe H1N1, doença causada pelo influenzavirus A subtipo H1N1, apenas em 2009, impactou o setor de turismo do México em R$ 10,5 bilhões . Vale destacar que [Perrings et al., 2018] observaram que a taxa de disseminação de novas enfermidades, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (causada por um tipo de coronavírus), vem se elevando ao longo dos anos graças as facilidades de locomoção de produtos e pessoas, havendo a possibilidade de propagação de patógenos ao longo do globo terrestre em questão de horas. Os autores apontam que se externalidades causadas por decisões individuais levam riscos a sociedade, estas podem ser diminuídas por políticas que impactem os benefícios atrelados ao uso do bem – como elevação dos custos de viagem durante uma epidemia. Em contrapartida, [Okyere et al., 2020] observam que a doença do covid19 teve externalidades positivas na economia da China. Os autores afirmam que a pandemia levou a oportunidades de testar novas tecnologias, sobretudo de inteligência artificial, como robôs utilizados em hospitais para comunicação com pacientes, desinfecção de salas e entrega de medicamentos. Robôs também foram utilizados para realização de entregas em cerca de 40 cidades. Ocorreu queda de assimetria da informação, com empresas comerciais, como a Amazon, disponibilizando informações quanto a doença e a efetividade das políticas de prevenção. O terceiro fator foi a diminuição da poluição, reduzindo as chances do enfermo por covid-19 contrair alguma doença respiratória. Estudos na área da epidemiologia são extremamente cruciais para o planejamento da economia de uma nação a partir de análises custo-benefício entre políticas preventivas e prevalência da enfermidade. Tais ações governamentais possibilitam harmonizar investimentos públicos como métodos de combate à doença em consonância com medidas clássicas da medicina, como vacinação e distanciamento social [Perrings et al., 2014].
13.2.2
Análise Exploratória de Dados Espaciais
A presença de efeitos espaciais invalida a aplicação de artifícios econométricos clássicos para investigação do problema, sendo necessário incorporar os efeitos nas variáveis e/ou no termo de erro, corrigindo as estimações viesadas externalizadas no modelo clássico de regressão linear. Dois efeitos espaciais podem ocorrer simultaneamente: a heterogeneidade espacial e a dependência espacial. A heterogeneidade espacial é entendida como variações nos coeficientes ou padrões de erro a depender do local ou da escala utilizada. As origens 13.2. METODOLOGIA
123
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO da heterogeneidade podem ser erro de medida nos dados e/ou modelo econométrico mal especificado. O erro de medida gerado pela estrutura espacial pode acontecer pela característica da pesquisa. Fatores regionais, econômicos, sociais, políticos, institucionais e etc. podem gerar estimadores distintos a depender da região estudada. A má especificação do modelo pode ocorrer pela forma funcional utilizada na regressão não ser condizente para todas as observações. A dependência espacial pode ser sintetizada a partir da Primeira Lei da Geografia onde as coisas mais próximas tendem a ser mais parecidas que coisas mais distantes. Em outros termos, o valor de uma variável de interesse numa determinada área depende do valor dessa variável em regiões próximas. Não obstante, tal dependência pode ocorrer nas variáveis exógenas e no termo de erro [Almeida, 2012] [Almeida, 2012] destaca quatro processos espaciais presentes nas interações dos agentes econômicos podem gerar dependência espacial, a saber: difusão, troca de bens e serviços e transferência de renda, comportamento estratégico e espraiamento. A difusão está atrelada a maneira a qual determinado elemento dissemina por regiões próximas, como por exemplo transbordamentos tecnológicos. A troca de bens e serviços e a transferência de renda estão unificadas pois ambas podem ser verificadas na relação comercial que ocorre entre duas regiões, caso haja padrão de associação ou dispersão, provavelmente haverá efeito espacial. O comportamento estratégico reflete as interações concorrenciais e/ou cooperativas existentes em mercados contíguos. Determinadas interações surgem de externalidades incorporadas a relação dos agentes. O último ponto é o espraiamento: aqui é o capital humano que se locomove. Pode ser ilustrado em migrações pendulares. A diferenciação dos efeitos na prática é complexa de se realizar devido a imbricação entre os efeitos espaciais. O envolvimento entre dependência espacial e heterogeneidade espacial pode levar a inferências errôneas, todavia é possível analisar o teste do I de Moran para melhor definição do modelo que consiga captar a interferência espacial no coeficiente estimado. [Anselin, 1988] Uma matriz de ponderação espacial pode ser definida como uma matriz quadrada de dimensão n porn tal que os pesos espaciais wij ) indicam a conexão entre as áreas de acordo com o critério de proximidade adotado no modelo evidenciando a influência de uma dada região j sobre uma região i [Almeida, 2012] A matriz de ponderação espacial (ou matriz de pesos espaciais) busca manifestar as interações espaciais do fenômeno investigado, no presente caso taxa de mortalidade, definindo um sistema de vizinhança entre as observa13.2. METODOLOGIA
124
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO ções. A matriz de pesos espaciais utilizada no seguinte trabalho será de contiguidade, seguindo fundamento geográfico. O peso espacial entre duas regiões será igual a 1 se forem vizinhos e igual a 0 caso não sejam. [Almeida, 2012] reitera a ideia de duas regiões vizinhas partilharem maior interação espacial. Portanto: ( 1 se i e j são contíguos wij = 0 se i e j não são contíguos
(13.1)
Devido possíveis erros de medida presentes nos mapas é indicado conceituar a contiguidade proposta na análise do estudo. Existem três tipologias clássicas de contiguidade em referência às peças de xadrez, a saber: rainha, torre e bispo.
A convenção de contiguidade é dita ser rainha (queen), caso, além das fronteiras com extensão diferente de zero, puderem ser considerados os vértices como contíguos, na visualização do mapa. Caso apenas as fronteiras físicas com extensão diferente de zero entre as regiões sejam levadas em conta, a convenção de contiguidade é considerada como torre (rook). Se apenas os vértices forem considerados para definir a contiguidade, a convenção é denominada bispo (bishop). [Almeida, 2012] A partir das convenções citadas anteriormente é essencial derivar matrizes de contiguidade de ordens superiores. Uma matriz de primeira ordem leva em consideração vizinhos diretos, enquanto uma matriz de segunda ordem contempla os vizinhos indiretos, ou seja, os vizinhos dos vizinhos da área analisada. Contudo é imprescindível salientar que vizinhos de segunda ordem jamais serão, eles mesmos, vizinhos de primeira ordem – e vizinhos de terceira ordem jamais serão, eles mesmos, vizinhos de segunda ordem – sendo isto válido para todos os ordenamentos matriciais. É factível elaborar matrizes de terceira, quarta ou quaisquer outras ordens suportadas pelas regiões examinadas e avaliar os testes de autocorrelação espacial. Para contornar os problemas espaciais de dependência e heterogeneidade, a análise exploratória de dados espaciais (AEDE) possibilita vislumbrar, a partir do banco de dados: 13.2. METODOLOGIA
125
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO
localidades atípicas (outliers espaciais), descobrir padrões de associação espacial (clusters espaciais) e sugerir diferentes regimes espaciais e outras formas de instabilidade espacial. [Almeida, 2012] De modo que a análise conceda melhor conhecimento do banco de dados anteriormente a estimação do modelo econométrico que objetiva incorporar os efeitos especiais ao modelo de regressão. A primeira análise do AEDE é o teste da distribuição aleatória dos dados afim de testar se regiões exercem ou não influência sobre as variáveis das localidades vizinhas. O coeficiente de autocorrelação espacial busca uma sequência espacial a partir dados e depende da medida de autocovariância. Por fim, se faz necessário uma matriz de ponderação espacial (wij para estimação do coeficiente de autocorrelação espacial. O primeiro coeficiente de autocorrelação espacial proposto é o I de Moran, que utiliza a medida de autocovariância de produto cruzado. Algebricamente, pode ser demonstrado matricialmente como: I=
z0W z z0z
(13.2)
onde z são os valores da variável de interesse padronizada, W z é a média da variável de interesse padronizada nas demais regiões e é definida a partir da matriz de ponderação espacial W. [Almeida, 2012] observa que cálculo do I de Moran deve ser igual ao valor esperado dentro dos limites da significância estatística. Caso os valores estejam acima do esperado, então há autocorrelação espacial positiva, ou seja, existe similaridade entre os coeficientes da variável analisada e a variável nas regiões vizinhas. Valores inferiores ao valor esperado indicam a existência de autocorrelação negativa, o que propõe dissimilaridade entre os valores da variável e a variável nos demais locais. É viável fazer uma análise da autocorrelação espacial a partir do diagrama de dispersão de Moran. Tal análise é intuitiva e possibilita inferências acerca das observações no espaço, sendo representado em quadrantes de acordo com a autocorrelação espacial: Alto-Alto (AA), Baixo-Baixo (BB), Alto-Baixo (AB) e Baixo-Alto (BA). Observações presentes no quadrante AA são aquelas que a variável analisada se encontra acima da média. Em termos espaciais significa que a região analisada além de estar com valor da variável de interesse superior, também está cercada por regiões que partilham da mesma característica. O quadrante BB é exatamente o contrário: regiões com valor de variável analisada abaixo 13.2. METODOLOGIA
126
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO da média e que tem vizinhos compartilhando da mesma particularidade. A área AB do diagrama é reservada para regiões que tem a variável de interesse acima da média, mas estão rodeadas de regiões com valores abaixo da média. O quadrante BA é destinado a regiões que tem valor abaixo da média e seguem envoltos por vizinhos com valor elevado da variável. [Anselin, 1995] constata a importância da análise individual dos dados a partir de um indicador específico que possibilite avaliar agrupamentos espaciais pontualmente e identificar outliers ou regimes espaciais. O autor sugere a utilização de um Local Indicator of Spatial Association (LISA) que forneça, para cada observação, uma indicação de agrupamentos espaciais de valores similares ao redor dessa observação e a média do LISA de todas as amostras seja proporcional ao I de Moran global. Estes agrupamentos espaciais podem ser denominados clusters. O LISA utilizado no presente trabalho é definido como: Ii = zi
j X
wij zj
(13.3)
i=1
De modo que Ii leva em consideração apenas os vizinhos da observação i, definidos pela matriz de pesos espaciais wi j. Desta maneira os testes I de Moran global e LISA corroborarão para análise de relação entre as variáveis e os possíveis regimes espaciais registrados.
13.2.3
Variáveis e fonte de dados
Os dados empregados na pesquisa são secundários e foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde nas plataformas Datasus, Painel Coronavírus e Covid-19 no Brasil em 2011, 2020 e 2021, pela SESACRE em 2020 e 2021, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018 e 2021, pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) em 2015 e pelo Ministério da Cidadania por meio da Matriz de Informações Sociais no sistema de Cadastro Único (2021). A tabela 13.1 mostra as variáveis e fontes utilizadas nesta pesquisa.
13.2. METODOLOGIA
127
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO Tabela 13.1: Variáveis utilizadas no trabalho, sinal esperado e referencial teórico Variáveis y
Descrição
Sinal Esperado
vrpc
Taxa de mortalidade por cem mil habitantes em 19/07/2021 Taxa percentual da população atendida com água Taxa de esgoto por municípios Taxa percentual de pobres e extremamente pobres Renda per capita
vgini
Índice de Gini
+
vdd
Densidade fica
+
vppa vtes vpep
demográ-
Referencial Teórico [Hallal, 2020]; [Hallal, 2021] [Aquino, 2020] [Aquino, 2020]
+
[Patel et al., 2020]; [Demenech et al., 2020]
−
[Patel et al., 2020]; [Demenech et al., 2020] [Patel et al., 2020]; [Demenech et al., 2020] [Hallal, 2020]; [Demenech et al., 2020]
Fonte: Elaborado pelos autores
Ao elaborar o estudo se fez necessário transformar as variáveis para forma intensiva, isto é, divididas por algum indicador de intensidade. Na econometria espacial variáveis extensivas podem levar a viés de correlação espúria como observa [Almeida, 2012]. Quando oportuno, o tratamento se deu por meio da criação de taxas e indicadores. A análise econométrica-espacial bem como o tratamento dos dados foi realizada a partir dos softwares GeoDa versão 1.8, GeoDaSpace versão 1.2, StataMP versão 16 e R versão 4.1. Considerando-se as premissas elaboradas ao dissertar sobre a pandemia que segue em vigência enquanto se produz o presente trabalho, a literatura ainda não fora consolidada suficientemente quanto a temática econométricoespacial epidemiológica no que se propõe a investigar. O desenvolvimento hodierno alvitrado nesta pesquisa almeja tangenciar a fronteira do conhecimento. 13.2. METODOLOGIA
128
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO
13.3 13.3.1
RESULTADO E DISCUSSÕES Perfil da covid-19 dos municípios acreanos
Inicialmente para traçar o perfil dos municípios acreanos torna-se necessário avaliar a dinâmica temporal da evolução das taxas de incidência nos municípios que apresentaram maior número de contágios no estado. A tabela 13.2 indica que ao longo do período analisado a taxa de crescimento diário do Brasil foi de 1,83%, o que representa um crescimento acumulado no período de 172,26%. Observa-se que até 31/12/2020 a taxa de crescimento diário de contágio era de 3,33% ao dia, o que corresponde a um crescimento acumulado mensal de 267,51%. O processo de vacinação no Brasil iniciou-se em 17 de janeiro de 2021, uma parcela da redução nas taxas de contágio pode ser explicada pelo início da vacinação no país. Especificamente, em relação ao estado do Acre e seus municípios, observase que as taxas de crescimento de contágio tiveram uma desaceleração a partir de 2021. A surpresa vem dos municípios de Cruzeiro do Sul e Tarauacá no ano de 2020, pois suas taxas de crescimento eram superiores à da capital. Este fenômeno em parte ocorre em função da inexistência de políticas públicas que reduzissem a interação socioeconômica entre os municípios. Muito embora 2021 marque uma redução do contágio por Covid-19 se comparado ao ano anterior, as taxas de crescimento do contágio continuaram em elevados patamares. Em parte, isso pode ser explicado pelo lento processo de vacinação no Brasil e nos municípios acreanos. Há de se considerar a incompetência administrativa no gerenciamento da política de vacinação, o negacionismo institucional e a ignorância de uma parcela populacional. Tabela 13.2: Taxas de crescimento diário e mensal do contágio por covid-19 no Brasil, estado do Acre e municípios selecionados Unidade Díario Mensal da Até Até Até Até Federação 31/12/2020 19/06/2021 31/12/2020 19/06/2021 Brasil 3,33 1,83 267,51 172,26 Acre 2,22 1,23 193,48 144,20 Rio Branco 1,68 1,01 165,04 135,29 Cruzeiro do Sul 1,90 0,97 175,96 133,48 Sena Madureira 1,60 0,96 161,12 133,21 Tarauacá 1,72 0,95 166,57 132,97 Resto do Acre 1,03 0,68 135,80 122,63 Fonte: Resultado da pesquisa
13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
129
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO A figura 13.1 mostra um aspecto interessante sobre a relação entre casos de covid-19 e sua integração temporal e espacial, ou seja, a existência associação no espaço e no tempo. Nota-se que todos os parâmetros de correção entre Brasil, Acre, Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Sena Madureira são estatisticamente significativos a 1%. Além disso, indicam a existência de correção de 57% ente os contágios do Brasil e do Acre. Constata-se que o número de contaminados por covid-19 em Rio Branco apresenta correlações significativas com os demais municípios. Sendo que Rio Branco e Sena Madureira apresentam nível de correlação moderado. Esta associação linear significativa mostra que uma política de combate à pandemia de covid-19 deveriam ser algo executadas em conjunto por todos os municípios do Estado do Acre. Além disso, se faz necessário a implantação de uma política de barreiras sanitárias, testagem em massa e acompanhamento de indivíduos que fizeram deslocamentos rodoviários ou aeroviários.
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.1: Correlações, histograma e tendência linear dos casos de covid-19 no Brasil, Acre e municípios selecionados no período de 26 de fevereiro de 2020 a 19 de junho de 2021
13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
130
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO O Estado do Acre registrou 84.812 casos e 1.729 mortes por covid-19 entre 23 de março de 2020 e 19 de julho de 2021 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021). A tabela ?? indica que Rio Branco é o município com maior número de casos absolutos e relativos. Somente a capital apresenta 44,02% do total de caso do estado. Isso mostra que Rio Branco é um hub de covid-19 em nosso estado. Desta forma a partir de Rio Branco houve o espraiamento da doença para os demais municípios. O fato que chama atenção é que os poderes constituídos não fizeram nenhum tipo de política que criasse barreiras nos aeroportos e rodoviárias objetivando dificultar a entrada de pessoas contaminadas no Estado no início da pandemia, impedindo a circulação com facilidade e liberdade do indivíduo contaminado pelo patógeno. Um aspecto que merece juízo na tabela 2 é mostrado pelo CR4 (Índice de Concentração do contágio nos quatros municípios com maior incidência), uma vez que Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Sena Madureira concentraram, até o dia 19 de junho de 2021, 67,30% de todos os casos do estado.
13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
131
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO Tabela 13.3: Casos absolutos e taxas de relativa e acumulada do contágio por covid-19 nos municípios do estado do Acre até 19 de junho de 2021 Código 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Município Rio Branco Cruzeiro do Sul Tarauacá Sena Madureira Feijó Xapuri Brasiléia Mâncio Lima Assis Brasil Plácido de Castro Acrelândia Porto Acre Epitaciolândia Marechal Thaumaturgo Senador Guiomard Bujari Santa Rosa do Purus Manoel Urbano Rodrigues Alves Jordão Capixaba Porto Walter Soma
Casos 37337 7603 6383 5757 3159 2976 2840 2572 1732 1725 1639 1495 1429 1249 1167 1132 970 902 843 711 651 540 84812
% Relativa 44,02 8,96 7,53 6,79 3,72 3,51 3,35 3,03 2,04 2,03 1,93 1,76 1,68 1,47 1,38 1,33 1,14 1,06 0,99 0,84 0,77 0,64 100
% Acumulada 44,02 52,99 60,51 67,30 71,03 74,54 77,88 80,92 82,96 84,99 86,93 88,69 90,37 91,85 93,22 94,56 95,70 96,76 97,76 98,60 99,36 100,00 -
Fonte: Resultado da pesquisa
Os indicadores epidemiológicos da covid-19 presentes na tabela 3 fornece um mosaico comparativo entre o Brasil, Acre e os municípios acreanos. Observa-se que o indicador I1 (Incidência por cem mil habitantes) indica o Acre apresenta uma incidência superior à média nacional. Valendo ressaltar que Assis Brasil, Xapuri, Tarauacá, Santa Rosa do Purus e Mâncio Lima apresentam taxas altíssimas. Essas taxas mostram uma extrema situação de vulnerabilidade, supracitando a necessidade de uma política de combate ao vírus mais rígida. Em relação ao indicador I2 (Mortalidade por cem mil habitantes), observase que em média, esse indicador apresenta valores inferiores à média nacional. 13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
132
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO Contudo, como o Brasil é um dos países com pior performance nesse indicador, essa situação não é tão cômoda. Vale destacar que Assis Brasil e Rio Branco apresentam valores significativamente superior ao indicador nacional. A taxa de letalidade (I3) do estado converge para a taxa de letalidade nacional. A exceção é Senador Guiomard com taxa de 3,6%, bem superior ao estado e a taxa do Brasil. No entanto, cabe mencionar mais uma vez, que essas taxas são bem superiores as observadas na maior parte do mundo. O I4 (mortes proporcionais a população) é um indicador apontado por HALLAL (2021) objetivando mostrar o insucesso da política de combate à covid-19 no Brasil, pois conforme destacou o autor o Brasil possui 2,7% da população mundial e apresenta aproximadamente 13% das mortes por covid-19, ou seja, aproximadamente 400 mil mortes acima do coeficiente populacional. Nesse sentido, é necessário destacar que 15 países concentram, aproximadamente, 75% dos óbitos por covid-19 em nível mundial. Em relação ao Acre, o indicador mostra que deveriam ter ocorrido 459 óbitos. Ajustando esses cálculos para os municípios acreanos a tabela 3 através do indicador I5 (quantidade excessiva de mortes superior a proporção populacional) mostra que o Acre apresentou 1.270 mortes acima do esperado. E o destaque negativo vai para Rio Branco com 840 mortes acima do coeficiente populacional. É válido destacar que, Jordão apresentou uma ótima performance, pois pela proporção da população, deveriam ter morrido 4 pessoas, e apenas 2 pessoas foram a óbito. Por fim, o indicador I6 (Relação entre participação relativa de mortes no município i e participação populacional relativa do município i) demonstra em termos relativos que Assis Brasil e Rio Branco, destacam-se negativamente, pois para cada 1% da população morreram, respectivamente, 5% e 3,96% dos contaminados. Ficando o destaque para Jordão, pois este índice é negativo, indicando que proporção de mortos é inferior a população relativa do município.
13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
133
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO Tabela 13.4: Indicadores pandêmicos da calculados até 19 de junho de 2021 Unidades da Federação I1 I2 Brasil 8.510,11 238,11 Acre 9.481,82 193,30 Acrelândia 10.581,02 225,95 Assis Brasil 22.989,12 318,56 Brasiléia 10.635,91 142,31 Bujari 10.862,68 163,13 Capixaba 5.421,39 141,57 Cruzeiro do Sul 8.535,79 172,89 Epitaciolândia 7.643,35 171,16 Feijó 9.055,73 169,13 Jordão 8.391,36 23,60 Mâncio Lima 13.318,83 150,17 Manoel Urbano 9.414,47 146,12 Mar. Thaumaturgo 6.471,84 57,00 Plácido de Castro 8.644,45 90,20 Porto Acre 7.942,41 191,26 Porto Walter 4.411,40 32,68 Rio Branco 9.031,30 254,46 Rodrigues Alves 4.356,36 56,84 Santa R. do Purus 14.440,97 104,21 Sena Madureira 12.377,72 137,60 Senador Guiomard 5.022,38 180,75 Tarauacá 14.792,24 83,43 Xapuri 15.186,77 137,78
covid-19 nos municípios acreanos Indicadores I3 I4 I5 I6 2,80 104211 396656 3,81 2,04 459 1270 2,77 2,14 8,00 27,00 3,38 1,39 4,00 20,00 5,00 1,34 14,00 24,00 1,71 1,50 5,00 12,00 2,40 2,61 6,00 11,00 1,83 2,03 46,00 108,00 2,35 2,24 10,00 22,00 2,20 1,87 18,00 41,00 2,28 0,28 4,00 -2,00 -0,50 1,13 10,00 19,00 1,90 1,55 5,00 9,00 1,80 0,88 10,00 1,00 0,10 1,04 10,00 8,00 0,80 2,41 10,00 26,00 2,60 0,74 6,00 -2,00 -0,33 2,82 212,00 840,00 3,96 1,30 10,00 1,00 0,10 0,72 3,00 4,00 1,33 1,11 24,00 40,00 1,67 3,60 12,00 30,00 2,50 0,56 22,00 14,00 0,64 0,91 10,00 17,00 1,70
Legenda: I1 – Incidência por cem mil habitantes; I2 –Mortalidade por cem mil habitantes; I3 – Letalidade;I4 – quantidade proporcional de mortes a população; I5 – quantidade excessiva de mortes (superior a proporção populacional); e I6 – Relação entre participação relativa de mortes no município i e participação populacional relativa do município i.
13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
134
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO
13.3.2
Padrão espacial dos indicadores da pandemia de covid-19 e desenvolvimento
A determinação de um padrão espacial da mortalidade por covid-19 no estado do Acre é relevante para a efetivação de políticas públicas sanitárias, pois permite a identificação do transbordamento espacial do vírus. Nesse sentido a figura 13.2 nos mostra a distribuição espacial da taxa de mortalidade por covid-19 no Acre até 19 de junho de 2021. Observa-se que as taxas mais elevadas estão concentradas no Vale do Acre, enquanto as menores taxas estão no Vale do Juruá. Essa distribuição espacial é um indício de que em municípios com melhores indicadores socioeconômicos a pandemia teve efeitos mais intensos no tocante a mortalidade. Aqui pode-se lançar mão de que o discurso defendido por muitas autoridades governamentais e entidades de classe de que a economia não pode parar tende a possuir maior impacto que municípios com nível de desenvolvimento menor.
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.2: Box map da taxa de mortalidade por cem mil habitantes para os municípios do Acre em 2021 Contudo, conforme [Almeida, 2012] informa, a análise deve ir além a visualização humana, valendo-se de testes de hipótese de aleatoriedade espacial para averiguação de padronização ou não no contexto espacial. Outrossim, a interação espacial pode variar a depender das informações dispostas, modificando, portanto, a tipologia da matriz de ponderação espacial a ser adotada. A tabela 13.5mostra o teste de I de Moran univariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes nos municípios acreanos. A matriz de se13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
135
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO gunda ordem apresentou melhor ajuste às características examinadas. Desta forma, serão considerados os vizinhos indiretos, não sendo estes vizinhos indiretos os vizinhos de primeira ordem. Por exemplo, Rio Branco não será considerado vizinho de Senador Guiomard, mas será vizinho de Plácido de Castro, pois Senador Guiomard é vizinho de ambos. Contudo, Porto Acre é vizinho de Rio Branco e, mesmo sendo vizinho de Senador Guiomard (que é vizinho de Rio Branco) não deverá, Porto Acre, ser considerado vizinho de segunda ordem de Rio Branco. O dito é válido para todos os vinte e dois municípios. A matriz de segunda ordem apresentou teste de dependência espacial 1 de 0, 272 com nível de significância de 5%, sobressaindo sobre as demais. Isto significa que existe autocorrelação espacial positiva, acusando similaridade entre a taxa de mortalidade e sua localização. Em termos prático o que o teste de I-Moran apresenta é uma baixa associação linear espacial entre taxas de mortalidade, ou seja, municípios que apresentam alta taxa de mortalidade estão cercados por municípios que apresentam alta taxa de mortalidade, e, municípios que apresentam baixa taxa de mortalidade, estão cercados por municípios que apresentam baixa taxa de mortalidade. Tabela 13.5: Coeficientes do I de Moran univariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes nos municípios do estado do Acre em 2021. I-Moran P-Value gffeq Matriz de Contiguidade Rainha 0,165 0,089∗ Torre 0,165 0,089∗ Segunda ordem 0,272 0,010∗∗ Terceira ordem 0,272 0,046∗∗ Fonte: Resultado da pesquisa
A tabela 13.6 mostra o I de Moran univariado para variáveis de desenvolvimento selecionadas. A variável renda per capita não apresenta relação espacial, logo, a mesma se dissemina no espaço de forma aleatória. De forma 1 As cidades Acrelândia, Assis Brasil, Bujari, Epitaciolândia, Manoel Urbano, Porto Acre, Rio Branco e Senador Guiomard são regiões com alta taxa de mortalidade cercados por regiões com alta taxa de mortalidade – quadrante alto-alto (AA). Cruzeiro do Sul, Feijó e Mâncio Lima são áreas com alta taxa de mortalidade cercados por vizinhos com baixas taxas de mortalidade – quadrante alto-baixo (AB). Os municípios Jordão, Porto Walter, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus e Tarauacá são regiões com baixas taxas de mortalidade envoltos de regiões com baixas taxas de mortalidade – quadrante baixobaixo (BB). Por fim, Brasiléia, Capixaba e Marechal Thaumaturgo figuram baixa taxa de mortalidade enquanto suas regiões contíguas têm altas taxas de mortalidade – quadrante baixo-alto (BA).
13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
136
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO geral, é possível verificar associação espacial positiva e estatisticamente significativa nos demais indicadores de desenvolvimento. Em outras palavras, existe um padrão espacial de desenvolvimento no estado do Acre. O I de Moran multivariado objetiva identificar um padrão espacial entre duas variáveis no espaço. A tabela indica que não existe padrão espacial entre taxa de mortalidade e taxa de pessoas atendidas por água encanada, logo, pode-se concluir que essa variável não apresenta impactos sobre a mortalidade. Esse resultado já era esperado, pois ao longo da pandemia o governo federal, estadual e municipal, criaram um conjunto de medidas que aumentou a disponibilidade da oferta dos serviços de saúde, consequentemente, tendo impacto na mortalidade. O I de Moran multivariado para taxa percentual de pobres e extremamente pobres versus taxa de mortalidade por 100mil/hab. indicou uma fraca relação espacial negativa, porém muito significativa. Este coeficiente indica uma dissimilaridade entre as variáveis, ou seja, municípios com alta taxa de mortalidade, são vizinhos de municípios que apresentam baixo nível de pobreza. De certa forma, isso contribui para endossar a tese de que os municípios do estado do Acre com maior vulnerabilidade econômica tiveram em seus indicadores socioeconômicos adversos uma contribuição positiva para redução das taxas de mortalidade e incidência. Tabela 13.6: Coeficientes do I de Moran bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes e demais variáveis nos municípios do estado do Acre em 2021 I de Moran Variáveis Univariado P-value Bivariado P-value Taxa da população 0,151 0,07995* 0,117 0,1051N S atendida com água Taxa de esgoto 0,256 0,01080** 0,374 0,00050*** Taxa de pobres e 0,235 0,02274** -0,308 0,00111*** extremamente pobres Renda per capita 0,031 0,22035N S 0,222 0,01625** Índice de Gini 0,246 0,01555** -0,399 0,00015*** Densidade demográfica 0,072 0,05977* 0,209 0,01886** Fonte: Resultado da pesquisa Obs.: * significativo a 10%; ** significativo a 5%; *** significativo a 1%; NS não significativo; 99999 permutações aleatórias.
Avaliações a nível global podem ocultar padrões espaciais locais e levar a interpretações incompletas. Para evidenciar ao máximo as associações espaciais a utilização do I de Moran local (LISA) é implementada evidenciando 13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
137
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO clusters e sua significância estatística. A figura 13.3 mostra os cluster locais significativos de mortalidade nos municípios acreanos. Observa-se que se pode separar o estado em três clusters de mortalidade. O primeiro cluster alto-alto (AA – High-high – HH), formado pelos municípios de Rio Branco, Epitaciolândia e Assis Brasil. Esse cluster mostra que esses municípios estão cercados por vizinhos de segunda ordem que também apresentam alta taxa de mortalidade. Isso indica que essa região apresenta um elevado nível de vulnerabilidade, ensejando políticas públicas de maior intensidade ao combate ao contágio da covid-19. O segundo cluster, baixo-baixo (BB – Low-low – LL) é composto pelos municípios de Rodrigues Alves e Santa Rosa do Purus. Esse cluster é caraterizado pela vizinhança de segunda ordem apresentando baixa taxa de mortalidade. Observe que os indicadores socioeconômicos desses municípios são deficientes. Contudo, suas taxas de mortalidade são abaixo da média do estado. Por fim, o cluster alto-baixo (AB – High-low – HL) é formado pelos municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima. A principal caraterística desse agrupamento consiste na vizinhança de segunda ordem de municípios que apresentam alta taxa de mortalidade, porém cercados por municípios que detém baixa taxa.
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.3: Mapa de clusters locais univariados para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 Na análise anterior foi elaborado um diagnóstico univariado pois considerouse apenas uma única variável. Agora será realizada uma análise bivariada, ou seja, duas variáveis espaciais serão consideradas. A figura 13.4 correlaciona espacialmente a taxa de mortalidade e a taxa percentual da população atendida com água potável. Consta-se três agrupamentos espacial de associação significativos a 5 13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
138
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO O primeiro agrupamento é composto pelo município de Rodrigues Alves e sua principal caraterística é que este município possui baixa taxa de mortalidade sendo cercado por municípios vizinho com baixo percentual relativo de água encanada. O segundo agrupamento é composto por: Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Santa Rosa do Purus. A principal caraterística deste cluster reside na alta taxa de mortalidade com vizinhança apresentando baixa taxa de população atendida por água. Por fim, o cluster composto por Rio Branco, Epitaciolândia e Assis Brasil, considerados contíguos pela matriz de segunda ordem, apresenta alta taxa de mortalidade e estão cercados por vizinhos com elevado nível de atendimento de água potável.
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.4: Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e taxa percentual da população atendida com água A figura 13.5 mostra o LISA bivariado para taxa de esgotamento sanitário e taxa de mortalidade. Constata-se dois agrupamentos significativos estatisticamente a 5%. O primeiro agrupamento AA é caracterizado por municípios com alta taxa de mortalidade circunvizinhados por cidades com elevados níveis de esgotamento sanitário. Este agrupamento é composto por: Rio Branco, Epitaciolândia e Assis Brasil. Por sua vez, o cluster BB é composto por Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Santa Rosa do Purus. Três municípios com baixa taxa de mortalidade circunvizinhadas por regiões com baixo nível de atendimento de água a população. A importância de medidas sanitárias de abastecimento de água e esgotamento sanitário vêm sendo apontadas pela OMS desde o início da pandemia. 13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
139
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.5: Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e taxa de esgoto Contudo fatores socioeconômicos tendem a elucidar com maior clareza índices de contágio, sendo mais difícil de se incorporar no modelo de estimação para elucidar a taxa de mortalidade. Não obstante as políticas públicas de combate ao patógeno do covid-19 (e consequentemente a mortalidade) são elaboradas em fatores psicológicos, sociais e comportamentais. Mesmo que de maneira singular, é notório que direta e indiretamente variáveis socioeconômicas afetem espacialmente a mortalidade (OMS, 2020; AQUINO, 2020; DEMENECH et al., 2020). A figura ?? mostra a 5% de significância o cluster (AA – High-high – HH) composto por Assis Brasil, desta forma este município tem elevada taxa de mortalidade circunvizinhado por regiões com elevada taxa de pobreza e extrema pobreza. Mâncio Lima e Santa Rosa do Purus são clusters (AB – High-low – HL) com elevada taxa de mortalidade cercados por áreas com baixa taxa de pobreza e extrema pobreza. Por sua vez Rio Branco e Epitaciolândia são clusters (BA – Low-High – LH) que apresentam relação negativa entre taxa de mortalidade e pobreza dos vizinhos, ou seja, relação inversa entre taxa de mortalidade e pobreza. O outlier Assis Brasil influenciou no LISA de Rio Branco e Epitaciolândia. Na realidade estes dois municípios não têm taxa de mortalidade baixa, todavia o fato de Assis Brasil ser ponto de alavancagem espacial e ser vizinho de Rio Branco e Epitaciolândia faz com que a medida do teste I de Moran local seja deturpada neste caso. As cidades de Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves estão localizadas no cluster (BB – Low-low – LL), ou seja, baixa taxa de mortalidade e vizinhos com baixo índice de pobreza. No que tange a renda per capita, três padrões de associação foram de13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
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Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.6: Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e taxa percentual da população em situação de pobreza e extrema pobreza monstrados na figura 13.7. Com 5% de nível de significância, o primeiro padrão (AA – High-High – HH) está presente nas regiões de Rio Branco, Assis Brasil e Epitaciolândia. Os três municípios apresentam elevada taxa de mortalidade e têm vizinhos com elevada renda per capita. Cruzeiro do Sul (AB – High-Low – HL) reserva a característica de ter elevada taxa de mortalidade enquanto seus vizinhos têm baixa de renda per capita. O cluster (BB – Low-Low – LL) é visto Rodrigues Alves e Santa Rosa do Purus, isto é, cidades com baixa taxa de mortalidade e cercadas por vizinhos de baixa renda per capita.
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.7: Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e renda per capita A associação registrada na figura 13.8 elucida questões de concentração de renda e mortalidade. Chama atenção que, estatisticamente, não existe relação espacial do tipo (BB – Low-Low – LL), isto é, autocorrelação local 13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
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Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO entre baixa taxa de mortalidade e distribuição de renda equitativa. As cidades de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Santa Rosa do Purus apresentam associação espacial AB (High-Low – HL), ou seja, alta taxa de mortalidade com vizinhos com baixa concentração de renda. Por fim, Assis Brasil (AA – High-High – HH) é o único local com elevada taxa de mortalidade cercado por vizinhos de elevada concentração de renda. As cidades de Rio Branco e Epitaciolândia apresentam cluster BA (Low-High – LH), com baixas taxas de mortalidade enquanto seus vizinhos apresentam elevados níveis de concentração de renda. Novamente há influência do ponto de alavancagem local/outlier global Assis Brasil na estimação do LISA exercido sobre os efeitos espaciais presentes nos seus vizinhos (Rio Branco e Epitaciolândia). O resultado é significativo a 5% de nível de significância.
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.8: Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e índice de Gini A última variável independente investigada é a densidade demográfica dos municípios. A figura 13.9 mostra que Cruzeiro do Sul apresenta padrão de autocorrelação espacial (AB – High-Low – HL) com elevada taxa de mortalidade com baixa densidade demográfica nos seus vizinhos. Santa Rosa do Purus e Rodrigues Alves apresentam agrupamento espacial (BB – LowLow – LL) baixa taxa de mortalidade estando circunvizinhados por cidades com baixa densidade demográfica. Rio Branco e Epitaciolândia demonstram padrão espacial local (AA – High-High – HH) de alta taxa de mortalidade atrelada a elevada concentração de pessoas por quilômetro quadrado nas regiões vizinhas. A cidade de Assis Brasil apresenta cluster (BA – Low-High – LH) de baixa taxa de mortalidade estando cercada por cidades com elevada densidade demográfica, necessitando de investigação dos seus vizinhos. A ocorrência do cluster (BA – Low-High – LH) em Assis Brasil é explicada pela figura 10. O teste de box map para densidade demográfica demonstra 13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
142
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.9: Mapa de clusters locais bivariado para a taxa de mortalidade por cem mil habitantes por covid-19 no Acre até 19 de julho de 2021 e densidade demográfica que Rio Branco é um outlier superior global, exercendo influência sobre a densidade demográfica dos vizinhos. Não obstante, Epitaciolândia figura no quarto quartil, ou seja, dentre os municípios com maior densidade demográfica. Desta forma, o LISA de Assis Brasil foi fortemente influenciado por seus vizinhos Epitaciolândia e Rio Branco, levando a uma estimação, a priori, incompleta.
Fonte: Resultado da pesquisa
Figura 13.10: Box map da densidade demográfica para os municípios do Acre em 2021 A relação das variáveis relativas à renda, pobreza e densidade populacio13.3. RESULTADO E DISCUSSÕES
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Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO nal com a taxa de mortalidade evidencia que as políticas no Acre de contenção da disseminação do vírus são necessárias nos principais pontos de fluxo entre os agentes econômicos. Diferentemente da literatura, se evidenciou que altas taxas de concentração de renda e altas taxas de pobreza estão presentes em regiões com baixas taxas de mortalidade. É notório que fatores contextuais elucidam esta situação, como por exemplo Jordão, que tem o segundo maior índice de concentração de renda e terceira maior taxa de pobreza, mas aplicou barreiras locais de locomoção que corroboraram na baixa mortalidade. A manutenção da economia causada pela abertura comercial durante a pandemia eleva a incidência perante a população economicamente ativa que precisa continuar a trabalhar sobre o discurso político de que é o melhor para a economia. A mortalidade existe se, e somente se, a incidência existir. Portanto, políticas de combate ao patógeno do covid-19 são, em última instância, políticas econômicas. [Demenech et al., 2020] e [Benini and Benini, 2021]
13.4
CONCLUSÕES
A pandemia do covid-19 modificou a vida de milhões de pessoas simultaneamente, exigindo readequação das relações sociais e econômicas à medida que disseminava. Neste sentido, o presente trabalho verificou a relação entre indicadores socioeconômicos e pandêmicos nos municípios do Acre. Os resultados obtidos mostraram que houve desaceleração do contágio nos municípios acreanos em comparação a 2020, porém mantendo-se o elevado nível de incidência, sobretudo ao se considerar a política de vacinação. Os municípios Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Sena Madureira e Feijó concentraram 71% da incidência no Acre. Elevados níveis de incidência foram identificados em Assis Brasil, Mâncio Lima, Santa Rosa do Purus, Tarauacá e Xapuri. No quesito mortalidade Assis Brasil e Rio Branco são as regiões mais fatídicas. Considerando as proporções populacionais houve excesso de mortes em 20 cidades, principalmente em Assis Brasil, Rio Branco e Acrelândia. Constatou-se a existência de padrão espacial global de mortalidade. Os testes espaciais específicos demonstraram predominância do cluster AA, presente em Rio Branco, Assis Brasil e Epitaciolândia. No contexto multivariado, água potável exerceu influência sobre a taxa de mortalidade de elevada similaridade. Elevados níveis de taxa de esgoto, renda per capita e densidade demográfica apresentaram similaridade a elevada taxa de mortalidade. Pobreza e concentração de renda apresentaram relação inversa à mortalidade. Desta forma aceita-se, em partes, a hipótese de dependência espacial entre taxa de mortalidade e índices socioeconômicos. 13.4. CONCLUSÕES
144
Capítulo 13. SANEAMENTO, PIB E MORTALIDADE POR COVID-19 NO ACRE: A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO A influência das variáveis socioeconômicas sobre a mortalidade dos seus vizinhos ocorre em regiões específicas. Contudo, diferentemente do que aponta a literatura, melhores índices econômicos e de saneamento básico não estão correlacionados a baixos índices de mortalidade. Todavia a verificação exata da dependência espacial deve ser verificada a partir de um modelo econométrico-espacial que consiga incorporar o efeito espacial, retirando a influência sobre as variáveis e/ou o termo de erro, sendo isto a primeira limitação do trabalho. A segunda limitação ocorre em função da matriz de ponderação espacial utilizada. Outrossim, é possível considerar o posicionamento limítrofe do Acre entre os estados do Amazonas e Rondônia e os países Peru e Bolívia devido seus altos índices de incidência e mortalidade. Tais aspectos podem munir policy makers para futuras crises epidemiológicas, diluindo os impactos econômicos e sociais. Futuras pesquisas na área podem adequar matrizes socioeconômicas, culturais e geográficas com limite de k vizinhos e, similarmente, incorporar as regiões supracitadas e não considerados no trabalho que se realizou. Por fim readequar o modelo a variáveis como relações comerciais, tráfego rodoviário e aeroviário e pontos de fluxo, de modo a captar, com completude, os impactos espaciais da pandemia.
13.4. CONCLUSÕES
145
Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas
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Capítulo 14 ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 Gabriela Gama Da Mota Lima Dr. Rubicleis G. Silva
14.1 14.1.1
1 2
INTRODUÇÃO Considerações Iniciais
A difusão do uso da internet nas atividades da sociedade traz mudanças e efeitos diretos na participação política, social e econômica dos indivíduos [Salata et al., 2013]. A realidade dos tempos atuais é que vários segmentos estão conectados, seja nos mercados eletrônicos, jornais online, redes sociais de comunicação e no chamado governo eletrônico. Como salienta[CASTELLS, 2004], essas transformações para a gestão em rede estão acompanhadas de uma alta interatividade entre empresa-cliente e governo-cidadão. 1 2
Egressa do PET-Economia Tutor do PET-Economia
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Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 Desde então a literatura tem discutido se as funções e oportunidades que a internet oferece seriam partilhadas de forma democrática por todos, recursos essenciais como o de capacitar, informar e comunicar. Levando em consideração que a comercialização da rede na década de 90 possuía esse slogan segundo [CASTELLS, 2004], onde acesso estaria acessível e todos poderiam se beneficiar dos ganhos com o seu uso adequado. O resultado esperado disso, seria a redução da desigualdade em termos de ensino, informação e comunicação. No entanto, para [DiMaggio et al., 2004] e [CASTELLS, 2004], os impedimentos para acessar à internet dificultam a percepção das propriedades que essa tecnologia pode oferecer aos usuários. A primeira exclusão, para os autores, está em não ter acesso material à rede, seja por não ter dispositivo de navegação, indisponibilidade de serviço na localidade ou não ter condições de arcar mensalmente com as faturas. Ao superar o primeiro obstáculo as dificuldades ficam no campo operacional, na falta de habilidade e experiência dos internautas que não conseguem operar e resolver seus problemas via web – exclusão de segunda ordem. [Araujo, 2019], construiu uma tipologia dos usuários da internet no Brasil para o ano de 2014 e 2016, usando os microdados da Pesquisa Nacional TIC Domicílios coordenada pelo CETIC (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação). Os internautas foram divididos em quatro perfis: limitadas, amplas, sociais e instrumentais, de acordo com os domínios de habilidades digitais: operacional, informacional, comunicação, criação e compartilhamento de conteúdo. Os resultados mostraram que a maioria dos brasileiros estavam inseridos no grupo de menor competência digital (limitadas). Os usuários de habilidades limitadas apresentavam baixo desempenho em consumo de informações via web, bem como de produção e interação online. Moravam em áreas rurais, eram de maior faixa etária, menor poder aquisitivo e se conectavam somente pelo celular. Enquanto que os internautas do grupo da ampla apresentavam maiores níveis de competência nos quatro domínios analisados, caracterizavam-se por serem de maior classe social, de zona urbana, menor faixa etária e se conectavam por múltiplos dispositivos [Araujo, 2019]. O grupo de habilidade social eram os que tinham o maior nível de competência em interação online em termos de comunicação e criação de conteúdo, eram jovens e que se conectavam somente pelo celular. Os usuários de habilidades instrumentais tinham vasta competência em habilidades de interação online, como de busca de informações de ordem pessoal, educacional e profissional, caracterizavam-se por serem mulheres em idade produtiva entre 25 aos 59 anos e acessavam à web por múltiplos dispositivos [Araujo, 2019]. 14.1. INTRODUÇÃO
150
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 Da mesma forma os estudos de [CASTELLS, 2004] para vários países do mundo, juntamente com o trabalho de [Salata et al., 2013] para as metrópoles brasileiras durante o ano de 2000 à 2009, mostram que ter acesso e habilidades para usar a rede dependem da posição social dos indivíduos, o que sugere que os problemas históricos de desigualdade educacional, na renda e espacial se difundem para além da realidade real (offline), se alastra para o virtual (em web). Ciente que a desigualdade digital é além de ter acesso material, ainda assim, investigar sobre o modo de conexão (exclusão de primeira ordem) é fundamental para evidenciar regiões em que a posse desta tecnologia é ainda restrita. Conforme [CASTELLS, 2004], as grandes metrópoles e capitais, tendem a ter as maiores quantidades de moradores conectados, entretanto as regiões afastadas dos grandes centros comerciais tendem a ter os menores.
14.1.2
As oportunidades digitais
A importância deste trabalho reside em vários aspectos, em relação ao econômico, [Araujo, 2019], exemplifica o que é oportunidades online ao supor que o indivíduo que procura vaga de emprego em páginas de anúncio, envia seu currículo via correio eletrônico, marca a entrevista e assim obtém como resultado a conquista deste posto de trabalho, ele obteve um benefício encontrado via web que agregará em ordem econômica em sua condição de vida offline. Portanto, pode-se definir oportunidades online como sendo qualquer recurso disponível via internet que sirva para melhorar as condições de vida (offline) dos internautas (em ordem econômica ou social). Atualmente, as atividades via web são potencializadas pela comunicação instantânea, sendo utilizada para a contratação e para interagir com seus clientes. As empresas estão online com publicidades, páginas de vendas, os currículos devem ser enviados via correios eletrônicos (e-mails), notícias de vagas de emprego e de estágios (oportunidades) e outras ações desenvolvidas através das plataformas digitais [Salata et al., 2013]. Em virtude disso, saber utilizar e pesquisar as informações via internet são requisitos valiosos, à “eeconomia” (economia em rede, expressão usada por [CASTELLS, 2004, p 116-177]. Os benefícios do uso desta tecnologia em compras de bens e serviços revelam vantagens como na pesquisa de preço de mercadorias, é um novo modo de interatividade, que irá surtir efeito direto sobre a renda dos indivíduos [Salata et al., 2013]. As compras online permitem economizar, aumentam o leque de opções e proporcionam aos indivíduos a possibilidade de comprar produtos não ofertados na sua região. Todavia, [Araujo, 2019], verificou que para realizar essas ações através 14.1. INTRODUÇÃO
151
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 da internet a habilidade informacional (a capacidade de buscar, selecionar, pesquisar e avaliar as informações) foi o atributo que mais influenciou positivamente para transações financeiras-comerciais online (pesquisa de preços, compras, criação de páginas comerciais e pagamentos de contas de forma online). Em geral, os resultados indicam que são os internautas brasileiros de maior poder aquisitivo que mais utilizam a web para realizar transações financeiras-comerciais. O uso da internet para atividades ligadas à educação e trabalho estão relacionadas a buscas e pesquisas por conteúdo online de preparatório para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), pré-vestibulares, concursos, realizar faculdade em EAD (Ensino a Distância), trabalhar ou realizar as atividades do trabalho através da rede. De acordo com [Araujo, 2019], essas oportunidades são diretamente influenciadas pela classe social e a idade, de modo que são os jovens de maior renda que mais utilizam a web para progredir nessas áreas, apresentam maior autonomia de uso (conectam-se por múltiplos dispositivos) e níveis elevados em habilidade informacional. Na esfera pública, a internet pode ser usada para acompanhar processos da justiça, conferir informações que saíram no diário oficial do Estado, os servidores públicos podem ter acesso ao contracheque, pagar contas, fazer inscrições para concursos públicos e outras ações via web. Segundo Matias (2018, p.116), o governo eletrônico fornece atendimento online para os cidadãos e as principais vias são: “e-mail (96%), fale conosco (85%) e formulário eletrônico (78%)”. As oportunidades digitais direcionadas ao campo social, em especial aos serviços públicos disponíveis online (e-serviços públicos), são fortemente influenciadas pelas competências digitais, principalmente a informacional, seguida do operacional, comunicação, criação e compartilhamento de conteúdo. Isto é, quanto maior autonomia de uso e a experiência nessas habilidades mais os usuários da internet poderão se beneficiar dessas facilidades disponíveis na web (ARAÚJO, 2019). Apesar dos avanços, fazer uso dos recursos e das facilidades em que as atividades em rede podem proporcionar dependem do conhecimento e da experiência dos internautas (Ribeiro et al., 2013). Por isso, como destaca Kaztman (2010) e [Araujo, 2019], a quantidade de horas conectado e a qualidade do uso são distintas entre os internautas e essas diferenças devem estar relacionadas a faixa etária (impacto geracional), escolaridade, renda familiar, moradia e outras características sociais e estruturais. Em síntese, a investigação de [Araujo, 2019], evidenciou que todas as habilidades já mencionadas foram o fator explicativo de maior contribuição para o aproveitamento de oportunidades online, dentre elas, a de maior relevância foi a habilidade informacional. Essa última competência (informacional) 14.1. INTRODUÇÃO
152
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 foi decisiva para a conquista de todas as oportunidades digitais discutidas acima. Reconhecendo as mudanças geradas com o uso da rede nas atividades sociais e econômicas, surge a iniciativa de realizar esse estudo, que tem como problema de pesquisa: verificar se a desigualdade no acesso à internet domiciliar nos municípios acreanos reduziu na última década (entre 2011 a 2021). Utilizando a metodologia de convergência de Barro e Sala-i-Martin (1992), visando confirmar a hipótese deste trabalho: durante o período analisado (entre 2011 a 2021), as disparidades em conexão com à internet domiciliar entre os municípios do Estado do Acre reduziram.
14.1.3
Uma visão sobre desigualdade digital
A investigação de Ribeiro et al (2013), teve como objetivo avaliar se a difusão nas metrópoles brasileiras do acesso às oportunidades abertas, por meio da internet, era condicionada pelas desigualdades sociais e pela segmentação territorial, entre o período de 2001 a 2009. Utilizaram a estatística descritiva e multivariada, parte dos seus resultados mostraram que o problema era além da conexão, havia uma quantidade expressiva de residências que não tinham posse do microcomputador. De forma semelhante, Matias (2018), fez analise do acesso à rede para unidades da federação do Brasil, com o intuito de identificar os grupos formados baseado na proximidade de acesso em comum, para o ano de 2016, utilizando igualmente a estatística multivariada. Os resultados para o Estado do Acre é que grande parte da conexão é feita por meio do telefone móvel e os domicílios que não tinham internet também não continham a posse do microcomputador. O terceiro artigo da tese de Araújo (2019), buscou analisar o efeito da autonomia de uso e de habilidades digitais sobre o aproveitamento das oportunidades online, para o ano de 2016, os resultados confirmaram o efeito sequencial das duas exclusões. De forma, que são os indivíduos que possuem mais autonomia de uso (se conectam por múltiplos dispositivos e locais) que mais apresentam domínio em competência digital e por isso, utilizam de modo mais efetivo à internet para agregar benefícios em suas condições de vida.
14.1.4
O novo modo de ensino (remoto) imposto pela pandemia do covid-19
Desde a confirmação da pandemia pela a organização mundial da saúde (OMS) em 11 de março de 2020, as recomendações oferecidas pela OMS foram 14.1. INTRODUÇÃO
153
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 com o objetivo de prevenir e conter o avanço da transmissão do coronavírus pelo o mundo (ONU NEWS, 2020). Desta forma, os países incluíram medidas como higienizações constantes, uso de máscaras, distanciamento social e dependendo do número de casos o fechamento do comércio, das instituições escolas e de outros setores da economia considerados não essenciais. A consequência imediata disso foi a modificação no modo de interação entre as pessoas, para um novo formato, como salienta Santana et al. (2020), surgiu um certo tipo de convivência online. Essa nova configuração de manter o contato online difundiu-se para todos os segmentos da sociedade, em particular, para o ensino. A portaria n°343 dada pelo ministério da educação em 17 de março de 2020, permitia a inclusão dos suportes digitais como mecanismo para cumprir a carga horária das aulas e assim fechar o ano letivo das escolas (MEC – Ministério da Educação, 2020). Segundo Barros e Vieira (2021), o ensino remoto emergencial foi a alternativa temporária encontrada para a continuação do ano letivo frente à fase de quarentena. Mas como o acesso material à rede e a posse do computador ainda não está disponível de forma universal para todos, Carneiro et al. (2021) e UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2020), afirmam que somente a implementação de políticas públicas poderiam promover o êxito desse novo modo de ensino (remoto) em um contexto pandêmico. No que se refere ao acesso à internet domiciliar, Araújo (2019), constatou que boa parte dos internautas brasileiros que tinham a posse da rede em residência em 2016 residiam em área urbana, eram cerca de 90%, em contrapartida, apenas 6,9% eram de área rural. Assim como, a maior parte dos usuários multiplataforma (computador e celular) eram de área urbana e os que acessavam à web somente por telefone móvel em sua maioria residiam em zona rural. Para o Estado do Acre, as informações divulgadas pelo informativo da Pnad-contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), mostram que o celular é o dispositivo mais usado para acessar a internet. Em 2019, cerca de 99,7% dos internautas acreanos que acessavam a web faziam isso por meio do telefone móvel e o uso do computador ficou apenas em 30,2% no mesmo ano. Assim como, o uso de banda larga móvel para o Estado em 2018 subiu de 88,7% para 95,1% em 2019 (Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIBGE, 2019). A mesma pesquisa mostrou que os principais motivos que alegavam os acreanos para não terem conexão em suas residências no ano de 2019, eram respectivamente: o serviço não estava disponível em suas localidades (47,6%), não sabiam utilizar à internet (18,4%), não tinham interesse (16%) e o serviço era caro (11%) (IBGE, 2019). O tempo em que os indivíduos permanecem sem conexão, seja por motivos 14.1. INTRODUÇÃO
154
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 do acesso não está disponível, ser considerado caro, a falta de interesse ou não saber utilizar à internet, poderá ser no futuro a causa de outra desigualdade, como expõe Ribeiro et al. (2013), entre os usuários ativos e os passivos. A diferenciação entre as duas categorias é que a primeira, são capazes de criar ou produzir conteúdo via web, por exemplo, criar e-mails particulares, sites eletrônicos, descarregar tutoriais, criar login’s para redes sociais e outros, já a segunda categoria, serão apenas receptores de informações. As mudanças que foram causadas com esta crise sanitária no mundo alteraram o papel da internet nas atividades da sociedade, até então considerada como um meio complementar as atividades sociais e econômicas como consta em DiMaggio et al. (2021). Contudo, esta tecnologia passou a ser a chavecentral para a continuidade do ensino em seu melhor nível de desempenho durante esta fase de isolamento social. Nesse sentido, ocorreu a substituição da sala de aula presencial para a consolidação da sala de aula virtual. Dessa forma, o problema encontrado para o ensino remoto emergencial é justamente a falta de conexão e de equipamentos para a navegação, principalmente em áreas afastadas dos grandes centros urbanos. Por isso, para Barros e Vieira (2021), é comum presenciar alunos que apenas acessam as aulas por meio do telefone móvel e que ainda compartilham o mesmo aparelho com outros membros da família. De acordo Unicef (2020), a falta de conexão por parte dos discentes levaram as instituições educacionais a tomarem ações mais inclusivas, como por exemplo, disponibilizar as atividades de modo impresso, na qual são levadas até as casas dos alunos ou retiradas na escola. Além disso, a baixa posse do computador ou a utilização de internet por meio de planos pré-pagos também dificultam a inclusão das salas de aulas no formato online. Outra solução encontrada para minimizar os impactos no processo de aprendizagem é disponibilizar as aulas gravadas, mas sem que haja efetivamente um ambiente de sala de aula como ocorre para os que podem utilizar o meet. Há relatos de alunos que em 2020 estudaram exclusivamente por aulas gravadas e por atividades que foram disponibilizadas de modo impresso. Assim, a experiência de sala de aula online (ao vivo via meet) não está ocorrendo para todos os alunos, a falta de conexão com à internet impossibilita a universalização do ensino remoto para todos (UNICEF, 2020). As dificuldades para os docentes nessa fase estão em utilizar os recursos da plataforma digital, reduzir os conteúdos para que fiquem adequados dentro das gravações, fornecer os materiais em pdf’s, escanear e disponibilizar impresso aos alunos sem conexão. Sem dúvida, o ensino remoto emergencial impactou diretamente no modo de lecionar, de forma a exigir mais dedicação e tempo do professor na elaboração do plano de aula, nas atividades e na transmissão de conteúdo (BARROS E VIEIRA, 2021). 14.1. INTRODUÇÃO
155
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 Para tanto, os docentes e discentes tiveram que se adaptar ao novo modo de ensino a partir da inclusão de plataformas digitais (classroom, meet, moodle, drive e outros) e canais de interação online (chats, whatsapp, e-mails e outros). De modo inicial, Unicef (2020) sugere que os resultados dos fechamentos das escolas da rede pública e da falta de conexão com à internet sobre a educação em tempo de pandemia, será o aumento do atraso no processo de aprendizagem ou do abandono escolar por parte dos alunos em situação de maior vulnerabilidade social. A respeito do tempo de adaptação das instituições para o novo modo de ensino, Carneiro et al. (2020), utilizou o informativo do MEC-coronavírus vinculado à educação do ensino superior, para iniciar a investigação sobre a maneira como as federais se comportaram logo no início da pandemia em 2020, a constatação foi que 83% das universidades federais na modalidade de cursos de graduação no Brasil simplesmente suspenderam as aulas, entretanto, apenas 17% delas estavam funcionando de forma remota. Ademais, o mesmo autor, afirma que a paralisação no ensino para a modalidade de pós-graduação nas universidades federais do Brasil não teve a mesma ruptura como ocorreu nos cursos de graduação, já que 58% das federais já iniciaram o funcionamento de maneira remota e apenas 41% delas suspenderam em 2020 a continuação do ensino (CARNEIRO ET AL., 2020). O enfoque deste trabalho é investigar a quantidade de residências com acesso à banda larga fixa nos municípios acreanos, a centralidade deste estudo justifica-se por reconhecer que ter conexão com à internet em domicilio possibilita elevado nível de autonomia de uso, melhor captura dos benefícios trazidos a partir da difusão desta tecnologia e no momento de isolamento social é o que permite a continuidade da educação em seu melhor nível de desempenho, dada a impossibilidade de encontros presenciais (no formato de sala de aula virtual, ao vivo, através do meet). E mais, as diferenças nos dispositivos empregados para acessar a web está vinculado à falta de serviço de fornecimento de rede nas residências localizadas nos municípios afastados da capital, na qual a oferta é praticamente inexistente. Em geral, o presente trabalho busca verificar a existência de uma tendência de redução nas disparidades de acesso à internet domiciliar nos municípios acreanos, com base no atributo densidade de banda larga fixa entre o período de 2011 a 2021. Especificamente, pretende-se: a. verificar a existência ou não de -convergência na variável densidade em banda larga fixa; b. determinar a intensidade deste processo (a sua velocidade) e, c. identificar qual é o tempo necessário para a sua ocorrência entre nos municípios acreanos. Nos próximos capítulos, será exposto a metodologia deste trabalho, na qual é dividida entre o referencial teórico e a parte analítica, em seguida, 14.1. INTRODUÇÃO
156
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 serão mostrados os resultados e discussões da inferência dos dados e, por fim, as considerações finais.
14.1. INTRODUÇÃO
157
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021
14.2
METODOLOGIA
14.2.1
Referencial teórico
O arcabouço teórico utilizado neste trabalho é a teoria de convergência de [Barro and Sala-i Martin, 1992]. A proposta para o seu uso é de verificar se houve uma redução nas disparidades de acesso à internet domiciliar ao longo de uma década (2011-2021). Para isto, o trabalho faz uma breve demonstração de seus conceitos e apresenta alguns trabalhos que já aplicaram esta metodologia. [Sala-i Martin, 1996], divide à convergência e a classifica em: (β) beta e (σ) sigma. A primeira é a tendência das economias mais pobres em crescer a taxa mais elevada do que economias mais ricas. E a sigma é definida pela redução na dispersão dos valores da renda per capita, ao longo prazo, esses valores estariam se aproximando da média regional. A figura 1 demonstra a classificação da teoria utilizada neste trabalho. Nesta investigação, a βconvergência é a tendência dos municípios com os menores níveis de acesso à internet domiciliar no período inicial, tenham taxa de crescimento superior aos que tinham inicialmente as maiores quantidades de conexão. E a (σ)-convergência é a redução da dispersão desse atributo pelo os municípios do Estado do Acre entre o período analisado. A β-convergência se divide entre absoluta e relativa. Conforme Silva, Fonte e Alves (2006), na β-absoluta as economias tendem para um único estado estacionário, nessa situação é considerada que ambas economias possuem as mesmas condições, preferências e parâmetros para chegar até um certo ponto médio de renda, no qual o único fator que impacta na taxa de crescimento da renda é o seu valor inicial. Portanto, para a β-convergência absoluta a taxa de crescimento das economias depende exclusivamente da renda inicial, para a adaptação deste trabalho, do acesso à internet domiciliar inicial. A β-condicional, é caracterizada por apresentar diferentes estados estacionários e cada economia converge para a sua tendência média. Por esse motivo, a sua ocorrência depende não só do nível inicial de renda (acesso à internet domiciliar inicial) mas também de condições sociais e estruturais, como o capital humano, tecnológico, moradia e outros. A longo prazo, por apresentarem estado estacionário distintos, é provável que as desigualdades se mantenham, “as economias ricas tendem a continuar ricas e as economias pobres tendem a apresentar condições defasadas” [Silveira, 2009].
14.2. METODOLOGIA
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Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021
Figura 14.1: Classificação de β e σ convergência com adaptação para o acesso à internet domiciliar De acordo [Sala-i Martin, 1996], existe uma relação direta entre essas duas convergências já mencionadas, no sentido que a σ - convergência é condição necessária, mas não suficiente para β - convergência. Ou seja, a redução na dispersão significa que municípios com menores níveis de acesso à internet domiciliar no período inicial, possuem taxa de crescimento superior aos que apresentavam inicialmente níveis maiores, mas isso não garante que ao longo dos anos, essa dispersão está levando os municípios para um único estado estacionário ou se está indicando uma inversão de categoria, entre os que eram atrasados e os que tinham elevados níveis de conexão com à rede. Na figura 2, são mostradas três situações distintas que podem ocorrer para duas economias “A” e “B”. No gráfico, o eixo horizontal representa o tempo (t) e o eixo vertical representa a taxa de crescimento de conexão com à internet em domicílio (i). As retas em azul mostram a evolução da taxa de crescimento e as retas em vermelho mostram a variação da dispersão no acesso à rede em residência entre as duas economias hipotéticas. Em (a) existe a -convergência, com a economia “B” crescendo em conexão com à rede mais rápido do que a economia “A” (as retas em azul convergem para o ponto médio de acesso Ym). E há também a ocorrência de σ - convergência, com a redução da dispersão entre as duas economias na posse da internet ao longo do tempo, no qual é constatado pela a redução da distância entre as duas retas em azul A e B (indicado em retas vermelhas). Em (b) não ocorre β e nem σ convergência (as retas em azul divergem). E em (c) ocorre a β mas não há σ convergência, o cruzamento entre as retas em azul indica inversão de posições, ou seja, após um tempo t, a dispersão passa a aumentar e a economia em que tinha elevado nível de acesso à internet domiciliar no período inicial passa a ser a economia defasada e, a economia que era inicialmente defasada passa a ser a economia com elevado nível de conexão com a rede (as economias convergem até um certo tempo t, após, elas passam a divergi). De forma que a desigualdade permanece, mas ao contrário do cenário inicial. [Baumol, 1986], chegou à conclusão de haver convergência de produtivi14.2. METODOLOGIA
159
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021
Figura 14.2: Diferentes situações de convergência e divergência para duas economias A e B, com adaptação para o acesso à internet domiciliar dade nas economias industrializadas, além disso, constatou que tal fenômeno só acontecia com as economias planejadas e que poderia não acontecer em economias pobres, o mesmo usou uma amostra de 16 países industrializados no período de 1870 e 1979. A descoberta era de que a taxa de crescimento das economias que eram inicialmente mais ricas crescia menos do que as economias que eram consideradas moderadas. Os resultados foram em concordância com o modelo neoclássico de crescimento econômico elaborado por [Solow, 1956], o qual estabelece exógena a taxa de poupança, o crescimento da população e a tecnologia. A suposição neste modelo é de retorno marginal decrescente, isto significa que ocorre menores retornos a maiores estoques de capital e, maiores retornos a menores estoques. Outros trabalhos já realizaram pesquisas a nível regional no Brasil como a tese de [Silveira, 2009], que buscou verificar se durante o período de 1991 a 2000, as disparidades da renda per capita entre os municípios da região Norte diminuíram. As regressões confirmam a dependência entre a taxa de crescimento da renda per capital e seu valor inicial (1991), o que atesta ter existido a β - convergência e desse modo, os municípios mais pobres da região Norte cresceram a taxa superior aos que eram mais ricos. No entanto, é a hipótese de β convergÊncia condicional que melhor explica o crescimento econômico nessa região, pois segundo o mesmo, ao incluir a variável anos de estudo (1991), a velocidade de convergência e o coeficiente de determinação aumentou, de forma que o tempo de meia vida para ocorrer este processo reduziu, nesse caso, cada econômica estaria encaminhando-se para um estado estacionário específico, levando em consideração parâmetros de capital humano, tecnológico, moradia e outros [Silveira, 2009]. A nível Estado do Acre [Silva, 2010], identificou que entre o período de 1991 a 2000 a -convergência absoluta não se concretizou, o que significa que a taxa de crescimento anual da renda per capita não pode ser explicada somente pelo o seu nível inicial (1991). Isto também mostrou que os municípios não 14.2. METODOLOGIA
160
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 possuem tendência de com o tempo, se direcionarem para um único estado estacionário de renda per capita médio. Todavia, ao incluir a variável IDH (1991), a β convergência-condicional se mostrou significativa, com velocidade de 3,4% ao ano e com um tempo de meia-vida estimada em 20,5 anos. Ambos os trabalhos de [Silveira, 2009] e de [Silva, 2010], constataram que tanto a nível região Norte quanto Estado do Acre, a variável de capital humano influenciou positivamente para a redução das desigualdades no nível de renda per capita. De modo que se essas diferenças no nível de capital humano fossem eliminadas (ou controladas), os Estados e municípios estariam convergindo para um nível de renda per capita médio da região mais rapidamente. Mas caso essas diferenças sejam mantidas ou amplificadas, no longo prazo esses munícipios e Estados não irão convergir para o mesmo estado estacionário, permanecendo assim, a desigualdade no nível de renda per capital.
14.2.2
Referencial Analítico
14.2.3
O teste de β convergência
Em análise cross-section com adaptação para o acesso à rede em residência, a hipótese de β convergência absoluta é testada por meio de uma regressão linear simples. Estima-se a taxa de crescimento em conexão com internet domiciliar em relação ao seu nível inicial, pelos municípios do Estado do Acre nos períodos entre 2011 e 2021. A expressão para o teste é dada por: 1 T
yi , T yi , 0)
= β1 + β2 ln(yi , 0) + µi
(14.1)
Sendo yi , 0 e yi , T , o acesso à internet domiciliar no período inicial e final respectivamente. A variável T é a diferença no período inicial e final da amostra, e por último, µi é o erro aleatório [Silva et al., 2006]. A taxa de crescimento de conexão com a rede em residência é representada pelo componente correspondente ao lado esquerdo da equação 14.1. Uma correlação negativa entre a taxa de crescimento da renda (do acesso à internet domiciliar) e seu nível inicial (β2 < 0) indica a ocorrência de β2 - convergência absoluta [Silveira, 2009]. Portanto, a β2 - convergência absoluta ocorre quando o valor numérico de β2 é negativo e estatisticamente significativo ([Silveira, 2009]), a partir do valor do 2 é possível estimar a velocidade deste processo de convergência 14.2. METODOLOGIA
161
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 theta (θ): θ=−
ln(1 + T β2 ) T
(14.2)
Assim como, é possível calcular o tempo necessário para que os municípios percorram a metade do caminho de seus estados estacionários, tal valor é denominado meia-vida (t) e é determinado por: t=−
ln(2) ln(1 + β2 )
(14.3)
A β2 - convergência condicional é dada pela equação (14.4) abaixo, em que ocorre quando os municípios ao longo prazo tendem cada um à sua tendência média de acesso, possuído assim diferentes estados estacionários e por isso, deve-se incluir no modelo as variáveis de capital humano. 1 T
yi , T yi , 0)
= β1 + β2 ln(yi , 0) + δX + µi
(14.4)
O diferencial desta última equação em comparação à anterior, é que ela possui o vetor X, no qual este vetor é constituído dos fatores que influenciam no acesso à internet domiciliar, como já citado: moradia, anos de estudo, renda domiciliar e outros. Esses fatores são incluídos no modelo com seus valores no período inicial, no período t = 0, [Silveira, 2009]. De acordo com [ALVES and FONTES, 1999] modo semelhante a β - convergência absoluta, a condicional também é indicada por uma relação negativa entre a taxa de crescimento de conexão com a internet domiciliar e seu valor inicial (β2 < 0). Tal comportamento ocorre após controlado os fatores que influenciam em ter acesso à rede em residência que foram incluídos no vetor X, para (σ = 0).
14.2.4
O teste de σ convergência
O teste de -convergência é feito com base na dispersão no acesso à internet em residência nos municípios nos anos inicial e final da pesquisa (2011-2021). A versão utilizada neste trabalho para testar a sigma convergência é feita obtendo o coeficiente de variação (C.V), dada pela razão entre o desviopadrão e a média aritmética. O teste é dado por: 14.2. METODOLOGIA
162
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021
CV =
14.2.5
σ µ
(14.5)
Variáveis e fonte de dados
Os dados utilizados para este trabalho foram retirados de pesquisas secundárias, via internet, foram obtidos no site da agência nacional de Telecomunicações – Anatel (http://www.anatel.gov.br) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (https://www.ibge.gov.br/cidades-eestados/ac.html).
14.2. METODOLOGIA
163
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021
14.3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção iremos destacar os principais resultados encontrados neste estudo com ênfase aos objetivos estipulados na introdução.
14.3.1
Análise do perfil da densidade em acesso à banda larga fixa pelo os municípios do Estado do Acre no período de 2011 a 2021
Nesta seção o objetivo é apresentar algumas estatísticas descritivas da variável densidade em acesso à banda larga fixa municipal. O significado de densidade neste trabalho é de que a cada 100 residências “n” teria conexão com à internet. Desta forma, pretende-se mostrar a evolução deste atributo entre o período de 2011 a 2021 no Estado do Acre. Todas as informações posteriormente apresentadas estão disponíveis na Tabela 14.1. Em 2011, dentre os 05 (cinco) municípios com os maiores níveis de densidade destacavam-se: Rio Branco, Brasiléia, Epitaciolândia, Senador Guiomard e Cruzeiro do Sul. A respeito da posição espacial pode-se observar que os quatro primeiros ficam em todo da capital do Estado, exceto Cruzeiro do Sul. Outra informação importante é que a média de densidade do Estado para esse ano era bastante baixa, com o valor igual a 5 (cinco), isto significa que a cada 100 domicílios apenas 5 (cinco) tinham conexão em banda larga fixa. Dentre os 22 (vinte e dois) municípios a metade se encontravam a cima da média (dez deles) do Estado. Observa-se ainda que os 05 (cinco) piores posicionados em níveis de densidade para o mesmo ano eram: Rodrigo Alves, Porto Walter, Assis Brasil, Santa Rosa do Purus e Jordão. É possível justificar para os quatro deles os seus níveis baixos de conexão com base em suas posições geográficas, onde ficam afastadas da capital do Estado, exceto Assis Brasil. Todos esses municípios já citados ficaram com a densidade bem abaixo da média para o Estado. E mais, os resultados mostram que nesses municípios a cada 100 residências nenhuma teria acesso à banda larga fixa, além deles, Marechal Taumaturgo e Mâncio Lima também fazem parte desta constatação. Diante das diferenças no nível de densidade entre os 05 (cinco) melhores do ranking e os 05 (cinco) piores posicionados, pode-se verificar que os municípios do Estado possuíam elevadas disparidades em acesso à banda larga fixa para o ano de 2011. Por exemplo, a densidade em Rio Branco era em torno de 325 vezes maior do que o município pior colocado do ranking (Jordão). Em termos percentuais o município de Jordão representava apenas 0,61% da densidade de Rio Branco, enquanto que Brasiléia e Epitaciolândia, 14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
164
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 o segundo e o terceiro melhores colocados no ranking, representavam os dois níveis acima da metade em relação à capital (54,45% e 51, 28%). Tabela 14.1: Densidade de banda larga fixa nos municípios do Estado do Acre em 2011 Densidade em Ordem Municipio Densidade Relação à capital 1° Rio Branco 19,54 100,00 2° Brasiléia 10,64 54,45 3° Epitaciolândia 10,02 51,28 4° Senador Guiomard 8,93 45,70 5° Cruzeiro do Sul 7,79 39,87 6° Sena Madureira 7,53 38,54 7° Xapuri 6,09 31,17 8° Acrelândia 5,55 28,40 9° Plácido de Castro 5,32 27,23 10° Capixaba 5,23 26,77 11° Manoel Urbano 4,71 24,10 12° Feijó 4,65 23,80 13° Tarauacá 4,45 22,77 14° Bujari 3,23 16,53 15° Porto Acre 2,58 13,30 16° Mâncio Lima 0,95 4,86 17° Marechal Thaumaturgo 0,85 4,35 18° Rodrigues Alves 0,85 4,35 19° Porto Walter 0,66 3,38 20° Assis Brasil 0,38 1,94 21° Santa Rosa do Purus 0,24 1,22 22° Jordão 0,06 0,31 MÉDIA 5,01 Fonte: Elaborado pelos autores
14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
165
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 De acordo com a 14.2, em 2021 houve significativa mudança no ranking dos melhores posicionados, ou seja, três dos cinco municípios foram alterados ao decorrer de 10 anos, a nova sequência do ranking ficou da seguinte forma: Rio Branco, Bujari, Acrelância, Manoel Urbano e Senador Guiormard. Foram excluídos os municípios de Brasiléia, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul, embora os dois primeiros tenham uma densidade bem próxima ao quinto colocado. Nesta nova configuração também há um efeito espacial, pois quatro dos melhores posicionados estão próximos da capital, exceto Manoel Urbano. A explicação para isso, é possível supor, como os municípios estão em torno da capital na qual se encontram a maior quantidade de firmas que ofertam o serviço para o acesso à internet em banda larga fixa, é provável que tais firmas devem estar expandido seus mercados ao redor da capital. Os piores posicionados igualmente tiveram alterações ao longo de 10 anos, a nova ordem ficou: Porto Acre, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Jordão e Santa Rosa do Purus. Foram excluídos os municípios de Assis Brasil e Rodrigues Alves. Em relação ao último colocado do ranking houve apenas a permuta entre os dois últimos piores colocados em 2011, se tornando o pior colocado em 2021 o município de Santa Rosa do Purus, a sua densidade ainda informa que a cada 100 residências nenhuma teria conexão em banda larga fixa. A distância entre o melhor (Rio Branco) e pior (Santa Rosa do Purus) posicionados no ranking reduziu ao longo de uma década, mas continua sendo significativa, em torno de 60 vezes maior. Vale ressaltar que três municípios estavam a cima da metade em densidade em relação à capital, sendo eles: Bujari, Acrelândia e Manoel Urbano. E por fim, 10 (dez) dos 22 (vinte e dois) municípios se encontravam a cima da média do Estado, de 16 residências com conexão para cada 100, para o ano de 2021, nesse sentido, a média do Estado basicamente triplicou ao longo de 10 (dez) anos.
14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
166
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 Tabela 14.2: Densidade de banda larga fixa nos municípios do Estado do Acre em 2021 Densidade em Ordem Municipio Densidade Relação à capital % 1° Rio Branco 57,14 100,00 2° Bujari 33,96 59,43 3° Acrelândia 30,51 53,40 4° Manoel Urbano 29,08 50,89 5° Senador Guiomard 23,53 41,18 6° Epitaciolândia 23,33 40,83 7° Brasiléia 23,07 40,37 8° Plácido de Castro 21,24 37,17 9° Cruzeiro do Sul 20,65 36,14 10° Sena Madureira 18,41 32,22 11° Assis Brasil 14,68 25,69 12° Feijó 10,77 18,85 13° Capixaba 9,10 15,93 14° Tarauacá 8,85 15,49 15° Xapuri 8,11 14,19 16° Mâncio Lima 6,00 10,50 17° Rodrigues Alves 5,59 9,78 18° Porto Acre 4,26 7,56 19° Porto Walter 2,66 4,66 20° Marechal Thaumaturgo 2,09 3,66 21° Jordão 1,12 1,96 22° Santa Rosa do Purus 0,94 1,65 MÉDIA 16,14 Fonte: Elaborado pelos autores
Esses resultados analisados com base na estatística descritiva de 2011/2021, indicam que existe uma relação entre a densidade e a questão espacial, o que atesta haver predominância de conexão com a internet domiciliar na capital e nos municípios em sua volta e quanto mais afastado estiver menor será seu nível de densidade. Esta constatação dialoga com a literatura que afirma que os moradores de áreas rurais e municípios afastados da capital, tendem a se conectarem exclusivamente pelo o telefone móvel, em virtude de existir escassez de infraestrutura física para a oferta de banda larga fixa nestas localidades [CASTELLS, 2004], [DiMaggio et al., 2004], [Araujo, 2019] e [Ribeiro et al., 2013]. Analisando o efeito geográfico sobre a autonomia de uso, para o Estado 14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
167
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 do Acre também há evidência de que são os internautas que moram na capital e em sua volta que mais devem utilizar de múltiplas plataformas para se conectarem, posto que, são eles que têm em suas localidades maiores quantidades de conexão em banda larga fixa, na qual existem apenas duas opções, ou acessam somente pelo o computador ou fazem uso de multiplataformas (computador e celular), estas duas opção, seja qual for, lhes garantem melhores experiências online. Enquanto que os internautas que moram em municípios mais afastados são os que utilizam exclusivamente o telefone móvel para se conectarem, possuindo assim menor autonomia de uso, o que gera poucas experiências na utilização da web, visto que, a experiência online através do celular é inferior ao computacional. Segundo [Araujo, 2019], algumas plataformas não estão adaptadas para celular, por isso, ao usá-lo haverá perca de qualidade gráfica e de funções, além disso, apresentam baixa quantidade de memória de armazenamento e a velocidade do processador é inferior. Esta investigação igualmente reconhece que quanto maior é autonomia de uso, melhor é a experiência online adquirida pelo internauta, de forma que isto irá impactar em seus níveis de habilidades digitais. E como consta em [Araujo, 2019], os níveis de competência digital é o fator decisivo para a captura dos benefícios trazidos com o uso desta tecnologia, em particular, para as oportunidades online em domínio pessoal, social e econômico. Conforme foi comprovado por [Araujo, 2019], há um efeito sequencial entre a autonomia de uso e os níveis de habilidades digitais sobre o aproveitamento das oportunidades online. Este trabalho sugere, que são os internautas que moram na capital e em torno dela que mais aproveitam as oportunidades online, de forma a agregar em domínio econômico e social em suas vidas offline. Em contrapartida, os internautas dos municípios afastados da capital são os que menos conseguem aproveitar efetivamente os benefícios com o uso da internet, de modo a corresponder em melhorias em suas condições de vida. Os dados da 14.2, confirmam a dificuldade em inserir o ensino remoto emergencial em 2020 para os alunos da rede pública no Estado do Acre, já que o nível médio de densidade para o Estado em 2021 é significativamente baixo, apenas 16 domicílios com conexão para cada 100. Ciente das disparidades no acesso à internet por parte dos discentes, a secretária de educação, cultura e esportes do Estado do Acre, passaram a adotar medidas mais inclusivas com a criação do programa escola em casa, neste projeto estavam incluídos a produção de videoaulas e audioaulas para serem transmitidas em canal aberto na televisão e na rádio, bem como, a distribuição dos conteúdos de modo impresso aos alunos sem conexão, com o objetivo de alcançar esses estudantes que moravam em áreas rurais e municípios afastados da capital. 14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
168
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 Para os discentes com conexão, a secretária disponibilizou a plataforma digital nomeada: escola em casa. O interessante deste site é que as aulas possuem o tempo de duração curto, o que torna o conteúdo adaptado para o meio digital, principalmente para alunos que navegam nos dispositivos mais simples como o telefone móvel, além de ser necessário menos mega de internet para fazer o downloads dessas aulas (para os que utilizam os planos prépagos) e os alunos poderiam igualmente baixar essas videoaulas gravadas por meio da utilização da rede wifi das escolas (caso tivessem). Em geral, é notório que o ensino remoto emergencial no seu melhor nível de desempenho no formato online (ao vivo pelo o meet) não chegou até todos os estudantes do ensino público, em virtude, das disparidades de conexão com a internet pelos os municípios acreanos. Mas a secretaria do Estado do Acre tomou medidas eficientes para tentar atenuar a repentina ruptura da educação e assim manter o ano letivo das escolas, considerando que assertivamente as ações que foram tomadas eram direcionadas para os alunos em situação de maior vulnerabilidade social. Este trabalho evidencia que existe uma probabilidade alta na chance de um colégio em 2020, que optou por realizar as aulas no formato virtual (através do meet) estar localizada na capital ou em torno dela. Em contrapartida, é possível afirmar que as escolas públicas em áreas rurais e em municípios afastados da capita do Estado certamente foram os que não conseguiram aplicar este formato de ensino, em decorrência da realidade dos que residem ao redor da escola. Logo, tiveram que adotar medidas mais inclusivas já citadas acima. Por sua vez, em relação Universidade Federal do Acre (UFAC), as políticas públicas que foram tomadas para viabilizar a continuidade do ensino foram com base no fornecimento de auxílios de inclusão digital para a sua comunidade acadêmica, tanto para Rio Branco (a capital) quanto para os alunos de Cruzeiro do Sul, a partir dos recursos enviados pelo o ministério da educação (MEC). Neste programa, em 2020, foram disponibilizadas 2.300 bolsas para a compra de equipamentos, de modo que cada estudante em situação de vulnerabilidade social recebeu 1.300 reais para a compra de dispositivos de navegação (computadores, notebook ou tablet). Foram também distribuídos pacote de dados com o projeto “alunos conectados” eram cerca de 6.257 chips com dados móveis. Bem como, o Instituo Federal do Acre (IFAC), igualmente levou para a sua comunidade acadêmica os chips com os pacotes de dados móveis com base no mesmo projeto, foram entregues 918 chips para os municípios de: Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá e no campus Xapuri. Este trabalho aponta a importância desta distribuição de internet via satélite (via chip) para os alunos moradores dos municípios afastados da capital, uma vez que, a conexão em banda larga fixa 14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
169
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 por meio de fios ou a rádio é praticamente inexistente nesses locais. Como mostra a tabela 3, no decorrer de uma década (2021-2011), a taxa de crescimento anual em densidade no acesso à banda larga fixa da capital foi maior do que no Estado e a nível Brasil. O que mostra que a capital (Rio Branco) apresenta um bom desempenho na aquisição desta tecnologia, confirmando a tese de Castells (2004), onde evidenciou para vários países do mundo, que as capitais e as grandes metrópoles tendem a ter os maiores níveis de conexão com a internet. Tabela 14.3: Taxa de crescimento da densidade em acesso à banda larga fixa entre 2011 a 2021 Classificação Nome Taxa anual Taxa Acumulada o 1 Rio Branco 11,33% 192,43% 2o Acre 11,27% 190,83% o 3 Brasil 7,59% 109,78% Fonte: Elaborado pelos autores
A tabela 4 refere-se à taxa de crescimento da densidade em acesso à banda larga fixa (a cada 100 domicílio) dos municípios do Estado do Acre, entre o período de 2011 a 2021, foram calculados tanto a taxa anual como a acumulada, com o intuito de realizar inferências inicias a respeito da distribuição desse atributo pelo o Estado. Os que estavam posicionados entre os 5 (cinco) melhores do ranking de 2011 ficaram com a taxa de crescimento anual em: Rio Branco (11,33%), Brasiléia (8,05%), Epitaciolândia (8,82%), Senador Guiomard (10,17%) e Cruzeiro do Sul (10,24%), enquanto que os municípios piores posicionado no mesmo ranking ficaram com: Rodrigo Alves (20,73%), Porto Walter (14,96%), Assis Brasil (44,11%), Santa Rosa do Purus (14,63%) e Jordão (34,00%). Portanto, pode ser observado que as taxas de crescimento dos 5 (cinco) melhores do ranking de 2011, possuem taxas de crescimento anual inferior aos 5 (cinco) piores posicionados do mesmo ranking. De modo que a priori pode-se cogitar numa ocorrência de β - convergência, na qual atesta que os municípios com a menor quantidade de acesso à banda larga fixa no período inicial, tenham taxa de crescimento superior aos que tinham os maiores níveis de conexão. Com base na β convergência é possível igualmente supor a ocorrência de σ - convergência, uma vez que, os 05 (cinco) municípios com os menores níveis de densidade no período inicial, estão crescendo mais rapidamente do que os 05 (cinco) maiores, de forma a gerar a redução na dispersão deste atributo pelo o Estado. Todavia, está constatação será complementada por uma análise rigorosa 14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
170
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 das regressões estimadas na próxima seção. A 14.4 também fornece a informação de que 10 (dez) dos 22(vinte e dois) municípios ficaram com a média das taxas de crescimento anual a cima da média do Estado. Tabela 14.4: Taxa de crescimento da densidade em acesso à banda larga fixa nos municípios do Estado do Acre entre 2011 a 2021 Ordem 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13° 14° 15° 16° 17° 18° 19° 20° 21° 22° MÉDIA
Municípios Assis Brasil Jordão Bujari Rodrigues Alves Mâncio Lima Manoel Urbano Acrelândia Porto Walter Plácido de Castro Santa Rosa do Purus Rio Branco Cruzeiro do Sul Senador Guiomard Marechal Thaumaturgo Sena Madureira Epitaciolândia Feijó Brasiléia Tarauacá Capixaba Porto Acre Xapuri -
Taxa Anual % 44,11 34,00 26,53 20,73 20,24 19,97 18,58 14,96 14,85 14,63 11,33 10,24 10,17 9,41 9,35 8,82 8,76 8,05 7,11 5,69 5,14 2,91 14,80
Taxa Acumulada % 3763,16 1766,67 951,39 557,65 531,58 517,41 449,73 303,03 299,25 291,67 192,43 165,08 163,49 145,88 144,49 132,83 131,61 116,82 98,88 73,99 65,11 33,17 495,24
Fonte: Elaborado pelos autores
14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
171
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021
14.3.2
Análise econométrica da convergência em densidade de acesso à banda larga fixa
Nesta seção é iniciado a verificação da existência ou não de β - convergência. O objetivo é de identificar a ocorrência de uma tendência dos municípios que tinham os menores níveis de densidade inicial, tenham taxa de crescimento superior aos que inicialmente tinham os maiores níveis de conexão. Esta análise é feita com base em regressões lineares simples de MQO (Método dos mínimos quadrados ordinários). O modelo econométrico utilizado apresentou boa performance estatística, como consta na tabela 14.5, portanto, o modelo de -convergência absoluta mostra que existe um relacionamento entre a taxa de crescimento com o valor inicial de densidade em banda larga fixa, esta relação é negativa e é dada pelo o efeito marginal, em que um aumento de uma 01 (unidade) na densidade inicial gera redução de aproximadamente 0,008 pontos percentuais na taxa de crescimento anual. Logo, quanto maior for o valor inicial da densidade em banda larga fixa menor será a taxa de crescimento para este município e por sua vez, quanto menor for o valor inicial maior será a taxa de crescimento. Isto significa que os que possuíam níveis mais defasados em densidade cresceram mais do que os que tinham as maiores quantidades de conexão. De forma que é possível concluir durante o período analisado (2011-2021), que a oferta de serviço em banda larga fixa expandiu no Estado do Acre, as políticas públicas usadas durante esse período para estimular o serviço e o consumo desta tecnologia foram bem-sucedidas e agiram positivamente para reduzir as disparidades em conexão com a internet domiciliar entre os municípios. Tabela 14.5: Modelo de Convergência Absoluta em densidade de banda larga fixa dos municípios do Estado do Acre de 2011 a 2021 Variáveis Coeficientes Desvio-padrão T P-value C 0,173880 0,024153 7,199025 0,000000 LOG(Y2011) -0,007825 0,003583 -2,183878 0,041100 R2 0,195250 Estat. - F 4,769321 R2 Ajustado 0,152177 Prob. - F 0,041054 Fonte: Elaborado pelos autores NS – Não significativo, *** significativo a 1% e ** significativo 5%
Por outro lado, de acordo com a 14.6, ao incluir a variável IDH (2010) no modelo a -convergência relativa se mostrou não significante, o que indica que fatores como: renda, longevidade e escolaridade não causam impactos 14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
172
Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 direitos sobre a densidade em acesso à banda larga fixa no Estado do Acre. Esta constatação confirma as informações divulgadas pela Pnad-contínua, na qual os moradores que não tinham conexão em casa (em torno de 47,6% dos entrevistados), alegavam não ter, em virtude da falta de oferta desse serviço nas localidades em que residiam (IBGE, 2019). Por isso, as questões de capital humano não impactam diretamente sobre a densidade, a inexistência de mercados privados para fornecer esse serviço é um fator decisivo em ter acesso à banda larga fixa. Isto sugere, que os municípios afastados demorarão mais tempo para superar a barreira em ter acesso material à internet e com o passar dos anos, dependendo da quantidade de firmas privadas que se instalem e em qual tipo de mercado venha se forma no futuro, é provável que nesses locais as variáveis de capital humano irão ter influência direta sobre ter ou não conexão, principalmente caso se formem mercados imperfeitos de monopólio ou oligopólios. Enquanto que a capital e os municípios ao seu redor já estarão vivendo outra fase de exclusão digital, onde o acumulo de capital humano impactará diretamente nos seus níveis de competências digitais e nos seus desempenhos em capturar os benefícios trazidos a partir do uso adequado desta tecnologia, em particular, para as oportunidades online. Desse modo, é possível entender a importância de políticas públicas que já foram implementas, como por exemplo, no Governo do Binho Marques no ano de 2010, em que foi lançado o projeto de rede wifi gratuita nomeada floresta digital, que tinha como propósito conectar os excluído, a sua abrangência era a capital (Rio Branco) e os municípios ao seu redor. Entretanto, esta investigação aponta que é crucial que tal projeto ganhe proporções maiores, de forma a chegar nos municípios afastados da capital, onde o serviço privado é praticamente inexistente. Tabela 14.6: Modelo de Convergência Relativa em densidade de banda larga fixa dos municípios do Estado do Acre de 2011 a 2021 Variáveis Coeficientes Desvio-Padrão Estatística T P-value C -0,045730 0,246747 -0,185333 0,854900N S LOG(Y2011) -0,011777 0,005701 -2,065871 0,052800∗∗ IDH(2010) 0,407269 0,455375 0,894360 0,382300N S R² 0,225169 Estat.F 2,760739N S R² Ajustado 0,143608 Prob.F 0,088607∗ Fonte: Elaborado pelos autores NS – Não significativo, *** significativo a 1% e ** significativo 5%
14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 Apesar da confirmação da β - convergência absoluta mostrando que entre o período de 2011 a 2021, os municípios defasados cresceram mais rapidamente dos que os que tinham os melhores níveis em densidade em acesso à banda larga fixa no período inicial, a 14.7, mostra que a velocidade deste processo é consideravelmente baixo, aproximadamente 0,51% a.a, ou seja, as desigualdades em conexão com a internet domiciliar entre os municípios irão reduzir à metade no decorrer de aproximadamente 61,81 anos. Os achados desta investigação reafirmam que os municípios do Estado do Acre irão viver exclusões diferentes no decorrer dos anos [CASTELLS, 2004] e [DiMaggio et al., 2004]. A capital e os municípios ao seu redor vão se encontrar na fase de transição em superar a exclusão de primeira ordem, contudo, deverão se preocupar com os níveis de competências digitais dos seus internautas - exclusão de segunda ordem. Em contrapartida, os que se encontram afastados da capital ainda estarão sendo afetados pela a falta de oferta desse serviço - exclusão de primeira ordem. Tabela 14.7: Modelo de Convergência Relativa em densidade de banda larga fixa dos municípios do Estado do Acre de 2011 a 2021 Medida estatística Média
Velocidade de convergência 0,51%
Media-vida 61,81
Fonte: Elaborado pelos autores
Com base na testagem da -convergência, a intenção é observar como estavam distribuídos (a dispersão) os níveis de densidade em acesso à banda larga fixa entre os municípios do Estado. Em 2011, como consta na tabela 8, o coeficiente de variação era de 92,09%, o que atesta que a distribuição da densidade entre os municípios estava bem dispersa da média para o Estado neste ano, evidenciando haver intensas disparidades de conexão. Após 10 anos, o coeficiente de variação indicou redução da dispersão do atributo estudado, em cerca de 6,93%. Ou seja, houve uma evolução para a melhoria da distribuição da densidade, no sentido, de que as discrepâncias em acesso à banda larga fixa entre os municípios reduziram. Tabela 14.8: Coeficientes de variação em densidade de banda larga fixa dos municípios acreanos para os anos de 2011 e 2021 Anos 2011 2020
Coeficiente de variação 92,09% 85,16%
Fonte: Elaborado pelos autores
14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 A comprovação do teste de σ-convergência reafirma que houve o processo de β - convergência absoluta, já que a segunda condição é necessária para a primeira. Mesmo que esse processo seja lento, com estimativa de reduzir na metade as desigualdades no decorrer de 06 (seis) décadas, os municípios deram um passo para a redução das disparidades em acesso à banda larga fixa (em densidade). Isto indica, que houve uma propensão dos municípios em se movimentar para o nível médio de conexão do Estado, em outras palavras, caminharam em direção do estado estacionário. Esta previsão mostra a necessidade de implementações de políticas públicas por parte dos governos (federal, estadual e municipal) para que se tenha ações eficientes no tocante a fornecimento de serviços à rede, principalmente nos municípios afastados da capital. Posto que, a literatura tem discutido o efeito sobre a demora em superar a barreira em ter acesso material à internet, apontando que, quanto maior for a demora, maior ficará as diferenças entre os que possuem melhores desempenhos na utilização da web e os que encontram dificuldades em realizar suas atividades do cotidiano de maneira online. [CASTELLS, 2004], expõe que os que acenderam a internet logo no início de sua comercialização possuem vastas experiências e costumam desempenhar boa parte das suas atividades de modo online, já os que passaram a acessar à rede de maneira tardio são os que menos possuem experiência e mais duvidam do potencial resolutivo da web para as suas demandas em tarefas de cunho econômico, social e pessoal. Por fim, este trabalho evidência que são os moradores da capital e dos municípios ao redor que mais terão o costume em se conectarem para realizar as suas atividades em formato online, já os que residem em municípios afastados, pela a demora em ter acesso à internet serão os que menos terão o hábito de acessar à web para resolver seus problemas de modo online, bem como, serão os que mais duvidarão desta tecnologia e terão aversão ao seu uso.
14.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021
14.4
CONCLUSÕES
Os debates sobre as desigualdades digitais têm questionado exclusões de primeira e segunda ordem. Em relação a primeira, alguns trabalhos a nível Brasil, justificam o baixo nível de conexão com à internet domiciliar nos Estados da federação em virtude dos elevados custos para adquirir a posse de um microcomputador e pela falta de oferta desse serviço em regiões afastadas das capitais e das grandes metrópoles. E mais, afirmam que o elevado nível de conexão exclusivamente pelo o celular móvel está associado tanto a questão de ser mais acessível (barato) do que os dispositivos computacionais quanto por fornecer acesso à rede sem fio. Em locais em que o serviço à banda larga fixa é inexistente é o que possibilita estar conectado, principalmente em zonas rurais e municípios afastados das capitais. Para o Estado do Acre, a -convergência relativa evidenciou não haver relação direta entre a variável IDH (2010) e a taxa de crescimento da densidade em acesso à banda larga fixa. Desta forma, pode-se concluir que o aumento do número de conexão por meio do telefone móvel está relacionado a questão geográfica e não diretamente ao nível de renda como foi constatado a nível Brasil em outros trabalhos aqui mencionados, para o Acre a realidade é outra, a falta de oferta deste serviço é fator decisivo para os moradores destas localidades. Este resultado dialoga com o levantamento da Pnad-contínua, onde os internautas acreanos utilizavam principalmente o telefone móvel para acessar à web, em torno de 99,7% e apenas 30,2% o computador (IBGE, 2019). É compreensivo a hegemonia do uso do dispositivo móvel, pois a estatística descritiva informa que a média de densidade do Estado em 2021, é de apenas 16 residências com conexão em banda larga fixa para cada 100 e como a característica desses bens é de serem complementares, a baixa densidade em conexão irá impactar no consumo do microcomputador, já que não faz sentido ter posse de um computador e não ter acesso à rede em casa. Todavia, mesmo reconhecendo as diferenças entre os municípios é importante frisar que o telefone móvel para o Estado do Acre é utilizado como meio substituto (substituto inferior) ao computacional, por causa da sua flexibilidade em garantir conexão à longa distância, sem ser necessário a utilização de fibras ópticas, ou seja, a internet em chip é o que fornece a possibilidade de acesso à web para os internautas em que o serviço à banda larga fixa é inexistente ou reduzido. A análise da -convergência mostra que houve redução na dispersão do atributo de densidade em acesso à banda larga fixa nos municípios acreanos entre o período de 2011 a 2021 (em torno de 6,93%). Isto mostra que 14.4. CONCLUSÕES
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Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 no decorrer de 10 anos houve a tendência de redução nas disparidades da densidade, de modo que foi dado um passo para diminuir as desigualdades entre os municípios, mas para que cheguem em um nível médio de conexão do estado estacionário se faz necessário longos anos. Por isso, é aceita a hipótese de que houve redução nas desigualdades em acesso à banda larga fixa (em densidade) nos municípios acreanos durante o período analisado, mas este trabalho reconhece que as disparidades só irão reduzir significativamente (na metade) no decorrer de 06 (seis) décadas, caso políticas públicas não sejam realizadas para reverter esta previsão, conforme atesta b-convergência absoluta. Esta investigação sugere que os municípios do Estado irão viver exclusões digitais diferentes, em virtude disto, as políticas públicas direcionadas para a capital e aos municípios próximos a ela devem se preocupar com o êxito efetivo do uso da internet por partes dos internautas, ou seja, quais são os níveis de competência digital desses usuários, de modo a criarem ações para sanar a exclusão de segunda ordem. Entretanto, as ações para os que se encontram afastados da capital deverão ainda focar na busca em superar a barreira em ter acesso matéria a esta tecnologia. Tomando como base a estatística descritiva, é identificado que são as escolas da capital que poderiam optar por utilizar o ensino remoto emergencial em formato de sala de aula virtual através do meet, posto que, é o único município onde a densidade é de 57 (cinquenta e sete), mostrando que a cada 100 residências 57 teriam conexão em casa. No entanto, para os outros 21 (vinte e um) municípios este modo de ensino não poderia ser realizado, já que os níveis de densidade deles não chegam à metade para cada 100 domicílio. Este diagnóstico mostra o quanto a falta de acesso à internet domiciliar impactou para a concretização do ensino remoto emergencial para o Estado do Acre. As consequências causadas pela a pandemia na educação do Estado do Acre será tema de próximas monografias, pois ainda é cedo para realizar este diagnóstico, a pandemia ainda continua. Mas, segundo o Inep, para o Estado do Acre no ano de 2020, o número de inscritos no Enem foi o menor desde 2013, o quanto isso pode estar vinculado aos fechamentos das escolas da rede pública, a dificuldade em conseguir estudar com o ensino remoto por falta de conexão com à rede e pela defasagem das escolas públicas em se adaptarem ao novo modo de ensino. Recomenda-se as futuras pesquisas que criem uma tipologia dos internautas da capital do Estado, de acordo com as suas habilidades digitais, por meio de aplicações de questionários. A justificativa baseia-se por este estudo ter constatado que a capital será o primeiro dentre os municípios a superar a barreira em ter acesso material à internet, desta forma, caso não seja estimulado ações por parte do Governo para o aprendizado no uso desta tecnologia, é 14.4. CONCLUSÕES
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Capítulo 14. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA NO ACESSO À INTERNET DOMICILIAR NOS MUNICÍPIOS ACREANOS ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021 provável que tais internautas estarão incluídos na exclusão de segunda ordem, em não saber utilizar efetivamente esta tecnologia e não conseguir aproveitar seus benefícios.
14.4. CONCLUSÕES
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Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas
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