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Que se abram as portas do futuro, que um dia chegará

Que se abram as portas do futuro, que um dia chegará

Já fui uma. Uma só sobre

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todas, uma que brincava e ria, que com orgulho era diferente. E olhava a janela e via onde estava tudo, e lá chorava e ria e deixava os

sentimentos. O mundo era grande e cheio de gente, verdade que uns eram maus, agentes do medo e da vergonha (e pena que esses tanto me influenciaram, e vergonhas me tomaram), mas havia também tantos amigos que faziam o tempo parecer de ouro e que faziam minhas gargalhadas imparáveis. E a música que tanto mais me controla, ela era doida e louca, e cada letra e melodia, que animação. Mas tanto tentei acertar, sem errar e reprimir o que de errado estivesse, que por vergonhas nunca saísse daqui de dentro, ora pois vergonhas dentro entrasteis para muitos anos vos abrigar.

Agora sou múltipla. Um dia parti-me e elas agora são muitas na confusão. E só discutem! E é uma em cada língua! E não há tradutor. Há uma que só chora! - Essa é forte e contamina as outras. E ganha sempre, e a janela já não é grande o suficiente para suportar tudo, a emoção transborda e é incontrolável! Também há uma muito alegre a quem tudo faz rir, parecida com aquela de outros tempos,

infelizmente essa é bem fraca e não se consegue impor por muito tempo. Mas ainda assim solitária, (aparte a minha multidão interior), ainda assim sozinha e mais sozinha só de olhar a essas gentes, essas gentes que são alegres e sempre juntas, (vidas repletas de loucuras e de erros) que riem e que nem por seus ou meus esforços me alegram. Ai, a música, minha grande companheira, pena que agora sejas triste e que eu te faça chorar. Ai, e vergonhas, estão cá, não estais? Junto do pensamento, e de cada ação, pois tanto que eu retinha, (por que não fostes vós que eu perdi) tereis sido vós que assim me tornaram, distorceram e moldaram.

Um dia voltarei a ser una, mesmo sendo muitas. Estarão elas em harmonia e dar-me-ão a paz e a calma. Aprenderão a falar outras línguas, a ouvir-se umas às outras. O mundo, minha janela, de onde sairão, oh tantas e diversas melodias, (nessas diversas línguas é claro!) que poder de me animar terão e todas elas retornam à animação. E um dia hei de recuperar as inúmeras amizades que a caminho da dor abandonei, e outras mais talvez farei. E esses constrangimentos, de dores e tormentos, poderei controlar e mesmo com eles aqui, o escuro abandonar. Se de vergonhas um dia fui feita, de vergonhas um século me libertará.

Que se abram as portas ao futuro, que um dia chegará,

Que de uma a muitas Lias, una reinará.

Lia Jesus

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