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Formei o meu próprio “eu”
O ciclo da vida é como o ciclo das plantas. Nascemos todos de uma semente, semente esta que é equivalente à semente que se planta no útero da nossa mãe, para um dia nascermos, e formamos todos as nossas raízes, e crescemos para um dia formarmos o nosso próprio ser. Como todos, passei por este processo e formei o meu próprio “eu”.
A pergunta “quem fui?” é muito fácil de responder. Fui sempre o Yankee. Quando era mais novo, era o Yankee, o gordinho, por causa da fase onde passei por uma obesidade infantil; ou era o Yankee, o “mulatinho” com caracóis, que é o que melhor me descreve, pela forma invulgar como o meu cabelo se destaca no meio de qualquer grupo de pessoas; ou até por Yankee, o com os dentes separados, algo que nunca gostei em mim e me impediu muitas vezes de mostrar o meu sorriso devido à minha insegurança em mostrar os meus dentes. Fui mudando de estilo ao longo do meu crescimento. Comecei a andar com o cabelo preso, porque tornava a minha preparação para a escola mais fácil e cómoda. No entanto, hoje em dia são poucos os que já me viram com o cabelo amarrado.
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Tive uma infância preenchida com todo tipo de vivências, desde aprender da dor e sofrimento dos outros, que me fez ser grato e humilde pelo que tenho e dou, a momentos de felicidade com os que me eram e são mais próximos, o que impulsionou a minha energia e boa disposição. Devo dizer algo que me perturba bastante até hoje - o sofrimento dos outros. Sinto-me perturbado por ver pessoas tristes, sinto-me perturbado ao ver pessoas aleijadas ou pessoas a passar por qualquer tipo de dor, seja esta física ou psicológica. Isto influenciou bastante a minha personalidade, pois tenho uma necessidade de ajudar quem mais precisa, uma vez que preciso de boa disposição e boas energias ao meu redor para ser feliz.
A pergunta “quem sou?” é mais difícil de responder. Ao meu olhar, continuo a ser o mesmo Yankee de sempre, porém cresci. Alguns dizem que a adolescência fez com que me tornasse arrogante, que parei de ser humilde e me deixei levar pelas aparências, contudo a arrogância é das coisas que mais desprezo. Não vejo piada, nem gozo na arrogância, desprezo atitudes com intenção de menosprezar as outras pessoas. Posso admitir que as aparências tiveram alguma participação na minha vida, encontrei algum interesse no mundo da moda. Encontrei um passatempo, algo que preenchesse a minha vida e me desse interesse, investi parte do meu tempo para aprender e descobrir sobre este vasto mundo cultural. Ainda assim, nunca vi interesse em me exibir aos outros, mas sei que se tornou em algo que me identifica e as pessoas usam para me descrever, por usar várias marcas de porte dispendioso.
A minha relação familiar tornou-se bastante distante depois de ter entrado no colégio. Aprendi a dar valor a todas as minhas amizades mais próximas, sendo que vivo com colegas, vindos de vários cantos de Portugal e do mundo, que se tornaram em pessoas que contribuíram para o meu crescimento e amadurecimento, e são para mim irmãos de coração.
A pergunta “quem serei?” é ainda mais difícil de responder. Não sei em quem me tornarei, pois tenho várias visões de um futuro
que se poderá tornar realidade. Contudo, sempre tive a minha vida planeada, desde pequeno que quero ser engenheiro civil, não só porque o meu pai ocupa uma profissão do género, mas sim porque vejo uma profissão que se eu chegar a exercer, poderá contribuir para o desenvolvimento do meu país de origem, Moçambique. Ainda assim, tenho aquele sonho de qualquer rapaz de 9 anos de um dia ser jogador de futebol, ou
até de basquetebol, pois sinto que tenho um talento nato para estes desportos. Também desenvolvi um amor pelas artes marciais, onde vejo mais do que autodefesa, vejo prática de um desporto de autocontrole e muita técnica.
Yankee da Silva