Revista SBE - Ano IV, número 1

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ANO IV • NÚMERO 1 JAN/FEV/MAR/ABR 2015

REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

ENDOMETRIOSE E GINECOLOGIA MINIMAMENTE INVASIVA

SBE | v. 17 | nº 1 | Jan • Fev • Mar • Abr • 2015

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Novo site da SBE!!!

Acesse www.sbendometriose.com.br 2

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Sumário | Expediente endometriose: ainda estamos muito longe?

Editorial

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Luta contra a endometriose: um desafio que não pode parar

RUI ALBERTO FERRIANI

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Dia Nacional da Luta contra a Endometriose: uma data, inúmeras conquistas

RUI ALBERTO FERRIANI

Highlights SEUD Congress 2015

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VIVIAN FERREIRA DO AMARAL

Highlights AAGL

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Em Destaque

Highlights AAGL (Advancing Minimally Invasive Gynecology) Global Congress, 2014

DR. CARLOS ALBERTO PETTA

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Primeiro Congresso da Sociedade de Endometriose e Disfunções uterinas (SEUD 2015)

ROBERTA ÀVILA DO NASCIMENTO

Primeiro Congresso da Sociedade de Endometriose e Disfunções uterinas (SEUD 2015)

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Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose

ALINE BRAZ

Projetos

16 Projetos Opinião

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Conscientização em primeiro lugar

LUIS FERNANDO MOREIRA

Frases

20 Frases

DR. FERNANDO REIS

Artigo Original

Entrevista

Eventos

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Preservação da fertilidade em pacientes com

Gestão Editorial

A ciência em prol da saúde das mulheres

CONSELHO EDITORIAL/CIENTÍFICO Eduardo Schor Fernando M. Reis Frederico Côrrea Mauricio S. Abrão Nicolau D’Amico Filho Rui Alberto Ferriani Vivian Ferreira do Amaral

Rua das Roseiras, 464 CEP 03144-090 - São Paulo-SP Tel/Fax: (11) 2341-8045 E-mail: alamtec@br.inter.net Site: www.alamtec.com.br Tiragem: 12.000 exemplares Distribuição: Território nacional Periodicidade: Quadrimestral Público Alvo: Médicos ginecologistas, bibliotecas de hospitais, escolas de medicina, centros de estudos de hospitais públicos e privados.

Editora de Jornalismo: Lilian Burgardt MTB - 59618SP Conteúdo: Hélice Comunicação Reportagem: Lilian Burgardt e Aline Braz Avenida Queiroz Filho. 1700. Torre B. Sala 1004 CEP: 05319-000. Alto de Pinheiros. São Paulo - SP E-mail: editorial@helicecomunicacao.com.br Site: www.helicecomunicacao.com.br

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Programação para os próximos 2 anos

DIRETORIA Presidente Rui Alberto Ferriani Vice Presidente Carlos Alberto Petta Diretor Financeiro Sergio Podgaec 1º Tesoureiro Claudio Crispi Secretário Geral Nicolau D´Amico Filho 1º Secretario Luciano Gibran Diretora de Comunicações Vivian Ferreira do Amaral Diretor Técnico Científico Eduardo Schor Diretor de Relações Internacionais Fernando Marcos dos Reis Diretor de Relações Institucionais Paulo Augusto Ayroza Galvão Ribeiro Diretor de Sede Patrick Bellelis Diretora de Ensino Helizabet Salomão Abdalla Ayroza Ribeiro Presidente do Conselho de Ética Reginaldo Guedes Lopes

Vice-Presidente do Conselho de Ética Celso Luiz Borreli 1º Conselheiro do Conselho de Ética João Antônio Dias Junior 2º Conselheiro do Conselho de Ética Carlos Augusto Pires Costa Lino 3º Conselheiro do Conselho de Ética João Sabino C. Cunha Filho Conselho Fiscal Paula Andrea de Albuquerque Salles Navarro Conselho Fiscal Frederico José Silva Correa Conselho Fiscal Júlio Cesar Rosa e Silva 1º Membro do Conselho Vitalício Mauricio Simões Abrão Secretária Executiva Monica Sgobbi

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Editorial

Luta contra a endometriose: um desafio que não pode parar

RUI ALBERTO FERRIANI

Presidente Eleito da SBE Gestão 2014-2016

N

ão poderia deixar de começar esse texto dizendo quão importante para todos os profissionais envolvidos na luta contra a endometriose foi a conquista que obtivemos com a aprovação unânime na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) do Projeto de Lei PL 6.215/13, de autoria do deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP), que institui o dia 8 de maio como Dia Nacional de Luta contra a Endometriose.

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Embora o projeto ainda caminhe para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), sabemos que já se trata de uma vitória, sobretudo para as milhões de brasileiras que sofrem não só com a doença, mas com a falta de informação sobre o tema. É por isso que nesta edição, além de trazer para conhecimento de nossos associados, do que se trata o projeto de lei, (com texto na íntegra), fizemos uma grande reportagem sobre a importância do Dia Nacional da Luta contra a Endometriose, em que demos voz a uma representante de nossas inúmeras pacientes que é, também, parceira na luta para levar informação e conhecimento sobre a patologia. Assim, a presidente do IAPE (Instituto de Apoio e Pesquisa à Endometriose), Cláudia Vasconcellos, comenta, nesta edição, sobre essa vitória, e como ela lida, diariamente, com muitas mulheres que ainda dependem de institutos de apoio, como o próprio IAPE, para driblar a desinformação a respeito do tema. Nesta edição, também trazemos à luz, um artigo científico sobre o tema Preservação da fertilidade em pacientes com endometriose: ainda esta-

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mos muito longe? Em que se percebe ainda a falta de evidências científicas fortes para definir, em pacientes com endometriose, quando e para quem indicar técnicas de preservação de fertilidade, mas que há um grupo substancial destas pacientes que poderia se beneficiar é também claro. Esta discussão nos remete ao Brasil, e novamente ao PL, onde ainda lutamos por mais acesso ao diagnóstico e terapêutica da doença, que inclui formação de mais centros especializados em exames de imagem e em técnicas cirúrgicas complexas. Se a luta ainda é por isto, ela será maior ainda quando se propuser o congelamento de gametas ou de tecido ovariano, pois os recursos necessários serão ainda muito grandes. Mas não podemos perder de vista esta reivindicação. Infelizmente no Brasil, o SUS, tampouco a Medicina Complementar, não pagam ainda pelos procedimentos de RA clássicos, caracterizando um claro desrespeito à legislação vigente, que premia o acesso a métodos conceptivos e contraceptivos. A todos, uma boa leitura!


Editorial

Dia Nacional da Luta contra a Endometriose: uma data, inúmeras conquistas

VIVIAN FERREIRA DO AMARAL Diretora de comunicação da SBE

Caros amigos, Esta edição ficará sempre marcada para a Sociedade Brasileira de Endometriose por abordar uma conquista muito importante para todos os colegas que lutam diariamente para levar mais qualidade de vida às pacientes que enfrentam a endometriose e sonham em viver uma vida mais plena, realizando o desejo da maternidade e da construção de suas famílias. Isso porque, neste

exemplar, comemoramos a decisão da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) que aprovou, por unanimidade, o relatório sobre o Projeto de Lei PL 6.215/13, de autoria do deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP), que institui o dia 8 de maio como o Dia Nacional de Luta contra a Endometriose. A proposta agora segue para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), mas já representa um passo significativo na batalha contra a doença que faz sofrer mais de seis milhões de brasileiras. A data também tem a função de nos fazer lembrar do sonho que nós, médicos, ainda temos que perseguir, frente às dificuldades reais que sofremos pela falta de políticas públicas, incentivos à área médica e apoio às pacientes que, muitas vezes, não têm recursos financeiros necessários para a realização dos procedimentos e do acompanhamento adequado da endometriose. Por isso, nesta edição, você verá uma matéria especial sobre o tema. Também gostaria de destacar detalhes do primeiro Congresso Científico realizado pela SEUD, na sigla em inglês (Society of Endometriosis and Uterine Disorders), que ocorreu entre os dias 7 e 9 de maio deste

ano, em Paris, na França, e foi presidido por um dos maiores estudiosos sobre endometriose no mundo, o Dr. Charles Chapron. Esta entidade nasceu com o objetivo de ser uma plataforma científica internacional com abordagem abrangente da saúde feminina, especialmente, nas doenças ginecológicas benignas relacionadas às disfunções uterinas. Os colegas Fernando Reis e Carlos Alberto Petta nos contemplam com os highlights deste primeiro congresso. Por fim, trazemos, também, os Highlights da AAGL (Advancing Minimally Invasive Gynecology) Global Congress, escrito por Roberta Àvila do Nascimento, ganhadora do prêmio “O Jovem Médico e a Endometriose e a endometriose” iniciativa da Sociedade Brasileira de Endometriose para reconhecer e premiar jovens médicos envolvidos na luta contra a endometriose -, pelo seu artigo “Endometriose Profunda Intestinal e sintomas relacionados: quando suspeitar de uma lesão estenosante?”, que lhe rendeu a viagem até o AAGL, em Vancouver, no Canadá, em novembro de 2014. Uma ótima leitura a todos!

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Highlights AAGL

Highlights AAGL

(Advancing Minimally Invasive Gynecology) Global Congress, 2014 ROBERTA ÁVILA DO NASCIMENTO

O AAGL 2014, situado na bela cidade de Vancouver, iniciou com uma série de cursos de pós-graduação, contemplando diversas áreas da ginecologia minimamente invasiva. Para todos os gostos, permitiu o aperfeiçoamento das habilidades em sutura, treinamento de robótica, abordagem diagnóstica e estratégia de tratamento da endometriose, treinamento em uroginecologia, com inserção de slings, discussão sobre dor pélvica crônica, entre outros assuntos de interesse, muitos com a possibilidade de treinamento em cadáver. Destaque para os cursos teórico e prático de endometriose, sob o comando dos professores Marcello Ceccaroni e Maurício S. Abrão, sendo que este último recebeu destaque com fotografia em pôster na entrada do congresso, ao lado de outros também grandes cirurgiões. O segundo dia manteve a didática de cursos, com destaque para o curso de uroginecologia avançada, que permitiu o avanço nas técnicas de correção de prolapso de órgãos pélvicos, e também para os cursos de oncologia prática e cenários cirúrgicos complexos, com a participação do professor Wattiez. 6

R

oberta Àvila do Nascimento foi ganhadora do prêmio “O jovem e a endometriose”, iniciativa da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE) para reconhecer e premiar jovens médicos envolvidos na luta contra a Endometriose, pelo seu artigo: “Endometriose Profunda Intestinal e sintomas relacionados: quando suspeitar de uma lesão estenosante?”. O prêmio consistiu no patrocínio para o AAGL, em Vancouver, no Canadá, em novembro de 2014

De relevância dentro do assunto mais comentado do congresso, a proibição do uso de morceladores, um curso aberto a todos os participantes procurou abranger aspectos teóricos dos riscos do morcelamento, evidenciando a baixa probabilidade de sarcoma ao se respeitar alguns critérios na indicação, como idade e velocidade de crescimento da lesão. A parte prática deste curso contou com a demonstração em cadáver de três técnicas alternativas ao morcelamento convencional, como o morcelamento dentro de bag específica, o morcelamento vaginal, e o morcelamento por mini-laparotomia. Nesse ínterim, o público pôde notar algumas dificuldades nas referidas técnicas, como o manejo dentro da cavidade de bag de tamanho consideravelmente grande, bem como o morcelamento vaginal, os quais não apresentaram fluidez na execução. Permaneceu a sensação de que esforços devem ser feitos para a confecção de dispositivos que facilitem esta etapa da cirurgia. A cerimônia de abertura contou com a participação de grandes no-

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mes do cenário cirúrgico atual, com uma série de discursos e distribuição de homenagens. Seguiu-se de um coquetel oferecido no espaço destinado às empresas patrocinadoras, ambiente descontraído que propiciou o encontro com colegas de diversas partes do mundo e muita troca de experiências. Na quarta-feira, além da apresentação dos resumos e vídeos vencedores, tivemos a oportunidade de presenciar palestras de Farr Nezhat, sobre laparoscopia e suas opções no tratamento de patologias benignas e malignas e Jordan Phillips, sobre transplante uterino, com o relato do primeiro nascimento após o uso da técnica. As demais salas versaram sobre assuntos como single port em robótica e micro-mini-laparoscopia, técnicas de laparoscopia para aumentar o nosso poder cirúrgico, anomalias mullerianas, endometriose, alguns tutoriais ensinando como escrever um artigo para ser publicado, sessões de vídeo em oncologia, uroginecologia, robótica, educação, laparoscopia e histeroscopia. O destaque ficou com a demonstração ao vivo de dis-


Advancing Minimally Invasive Gynecology | do Nascimento

secção em cadáver, realizada pelo Dr. Marcello Ceccaroni e pelo Dr. Shailesh Puntambekar, que procurou ensinar ao público como alcançar os espaços avasculares, e como preservar nervos como o hipogástrio durante cirurgias pélvicas - faltou espaço para acomodar todo o público interessado neste tutorial. A quinta-feira iniciou com uma batalha interessantíssima, entre a realização de histerectomia pelas técnicas laparoscópica, robótica e vaginal. Os cirurgiões participantes, conhecidos pelo público apenas no momento da realização da respectiva técnica cirúrgica, tinham 30 minutos para demonstrar as vantagens e rapidez da sua técnica. O “Stainless Steel Surgeon” aconteceu no palco, onde cada técnica pode ser exibida, o público participou com perguntas e no final todos foram premiados. As palestras que se seguiram falaram sobre estratégias cirúrgicas

avançadas no tratamento da endometriose, a qual procurou discutir e demonstrar as técnicas para remoção da doença em casos difíceis como ureter e estruturas pélvicas profundas, sobre complicações cirúrgicas e como evitá-las e/ou repará-las de forma minimamente-invasiva, novas sessões de vídeos das mais variadas áreas e como lidar com problemas relacionados à parte reprodutiva da paciente. Nas sessões de vídeo, muito foi demonstrado sobre técnicas inovadoras para o morcelamento dentro de bags específicas, ou como retirar miomas com incisões pequenas, tentando manter a abordagem minimamente invasiva. Esse assunto teve grande repercussão dentro do congresso, muito foi discutido sobre a validade da proibição do uso dos morceladores, assunto controverso, e também sobre técnicas alternativas, o que mobilizou cirurgiões de várias partes do mundo.

Na sexta-feira, tivemos a oportunidade de assistir cirurgias realizadas ao vivo, por cirurgiões consagrados, e transmitidas aos participantes do congresso. Colpopexia sacral laparoscópica, histerectomia radical com linfadenectomia pélvica assistida por robótica, miomectomia laparoscópica com morcelamento fechado, e colocação de sling por incisão única, foram os procedimentos demonstrados, fechando de forma brilhante um congresso que conseguiu abranger todas as áreas da cirurgia minimamente invasiva, trazendo muito conhecimento e inovações, permitindo o crescimento daqueles que tiveram a oportunidade de participar. Agradeço muito à SBE pela oportunidade oferecida, e aos Drs. Luciano Gibran e Marco Antonio Bassi por toda a ajuda no concurso.

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Artigo Original

Preservação da fertilidade em pacientes com endometriose: ainda estamos muito longe? RUI ALBERTO FERRIANI

Diretor presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE) e professor titular de Ginecologia da USP (Universidade de São Paulo Campus Ribeirão Preto)

A

s técnicas de congelamento de embriões e óvulos sofreram enormes avanços nos últimos anos. Com isto, as clínicas de Reprodução Assistida (RA) passaram a desempenhar um papel importante no aconselhamento de pacientes com chances de perder a função ovariana após tratamentos quimioterápicos, radioterápicos ou cirúrgicos. Os dados clínicos sobre a qualidade dos oócitos criopreservados ainda são escassos, mas a maioria deles aponta para taxas de gravidez igual ou apenas discretamente inferior às taxas de oócitos frescos, mas certamente dados mais robustos são necessários para a consolidação desta técnica, que já deixou de ser experimental. Pela relevância do assunto, hoje em dia, obrigatoriamente os oncologistas devem falar sobre isso com seus pacientes, pois a preservação dos gametas é método de fácil alcance, embora seja ainda muito caro. O desenvolvimento das diferentes técnicas tem levado a avanços substanciais também nos métodos de congelamento de córtex ovariana, e já temos relatos, embora ainda em 8

pequeno número, de gestações subsequentes ao re-transplante.

Com este avanço tecnológico, rapidamente outras indicações de preservação tem surgido, e muito se tem falado em relação às pacientes com endometriose, com risco de perder todo ou parte do ovário pela presença dos endometriomas ou pelos procedimentos cirúrgicos. De fato, endometriose é uma doença crônica, com uma tendência a recorrência muito grande. De acordo com meta análise recente, as chances de recorrência em dois e cinco anos após cirurgia são de 20 e 40-50%, respectivamente, e o futuro reprodutivo destas mulheres é sempre incerto e, ainda temos poucos instrumentos sensíveis para realmente predizer esta capacidade reprodutiva. Os primeiros relatos de banco de óvulos em pacientes com endometriose são de 2009 (Elizur et al), com congelamento de 21 oócitos em uma paciente, mas ainda sem resultados reprodutivos pois ainda não foram descongelados. Em 2013, Garcia Velasco, relatando a experiência do IVI, reportou dados de cinco anos, com 38 mulheres, das quais cinco já tinham descongelado. O primeiro relato de congelamento de córtex veio de Donnez, em 2005, quando transplantaram em duas mulheres fatias de córtex de ovário com endometriomas grandes. Observa-se na literatura ainda poucos relatos sobre estas tentativas de preservação ovaria-

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na em mulheres com endometriose, e por isto falar-se sempre em tentar congelar oócitos ou córtex ovariano de maneira sistemática é precoce, pois muita dúvida ainda persiste na literatura sobre o papel que a endometriose tem sobre a fertilidade futura. Recentemente, o grupo de Milão, com Somigliana e colegas, publicaram um artigo de opinião pontuando alguns aspectos sobre estas possíveis indicações. A tabela 1 abaixo pondera algumas assertivas que seriam úteis para decisões de se propor técnicas de congelamento a pacientes com endometriose e a tabela dois enumera a validade de preservação em diferentes cenários. Vejam que certamente não há consenso definitivo, mas percebe-se claramente que há uma relação entre endometriose, infertilidade e dano ao tecido ovariano normal, e particularmente as mulheres com endometrioma bilateral não operados e aquelas que sofreram excisão de endometrioma unilateral e necessitam de nova cirurgia por recorrência são candidatas à preservação. Desta forma, percebe-se que há ainda falta de evidências científicas fortes para definir, em pacientes com endometriose, quando e para quem indicar técnicas de preservação de fertilidade, mas que há um grupo substancial destas pacientes que poderia se beneficiar é também claro.


Preservação da fertilidade em pacientes com endometriose: ainda estamos muito longe? | Ferriani

Esta discussão nos remete ao Brasil, onde ainda lutamos por mais acesso ao diagnóstico e terapêutica da doença, que inclui formação de mais centros especializados em exames de imagem e em técnicas cirúrgicas complexas. Nada disso adiantaria se o financiamento deste acesso não fosse possível, seja pelo Estado, seja pelas agências suplementares de saúde. Se a luta ainda é por isto, ela será maior ainda quando se propuser o congelamento de gametas ou de tecido ovariano, pois os recursos necessários serão ainda muito grandes. Mas não

podemos perder de vista esta reivindicação. Infelizmente no Brasil, o SUS, tampouco a Medicina Complementar, não pagam ainda pelos procedimentos de RA clássicos, caracterizando um claro desrespeito à legislação vigente, que premia o acesso a métodos conceptivos e contraceptivos. Hoje, está claro que a RA tem sua indicação clássica para casais inférteis, mas vemos um crescente número de indicações proliferarem, como os casos de homoafetividade e produções independentes, preservação de fertilida-

TABELA 1. ASSERTIVAS POSSÍVEIS PARA SE PONDERAR SOBRE O BANCO DE OÓCITOS EM MULHERES COM ENDOMETRIOSE

Assertiva para endometriose Endometriose afeta fertilidade Endometriose é recorrente Cirurgia ovariana claramente afeta reserva ovariana Endometrioma afeta reserva ovariana Segunda cirurgia é pouco efetiva na infertilidade Estroprogestivos previnem formação endometrioma

Nível de evidência

Assertiva para preservação oocitária Preservação depende da idade Preservação depende reserva ovariana Reserva ovariana declina com a idade Prognóstico da FIV não é afetado pela anexectomia prévia Pode ser feito mais de um ciclo de hiperestimulaçao

++ ++ ++ + ++ +++ +++ +++ +++ +++ +++ +++ +++

de por razões oncológicas, casais soro discordantes, indicações genéticas para evitar doenças na prole, e certamente incluímos aqui nossas pacientes com endometriose. Continuamos atentos aos dados da literatura que estabeleçam uma relação de custo efetividade, para podermos incluir a endometriose como uma indicação de preservação de fertilidade por técnicas de RA.  Referências 1. Somigliana et al, Fertility preservation in women with endometriosis: for all, for some, for none? Hum Reprod Advance Access April 16, 2015 2. DeVos et al Fertility preservation in women with cancer. Lancet 2014; 384:1302–1310. 3. Garcia-Velasco et al Five years’ experience using oocyte vitrification to preserve fertility for medical and nonmedical indications. Fertil Steril 2013; 99:1994–1999. 4. Donnez et al. Orthotopic transplantation of fresh ovarian cortex: a report of two cases. Fertil Steril 2005; 84:1018 5. Elizur et al. Cryopreservation of oocytes in a young woman with severe and symptomatic endometriosis: a new indication for fertility preservation. Fertil Steril 2009; 91:293.e1–293.e3.

TABELA 2. VALIDADE DA PRESERVAÇÃO DE FERTILIDADE EM DIFERENTES CENÁRIOS

Endometrioma bilateral Excisão prévia endometrioma monolateral, recorrência contra lateral Cirirgia prévia endometrioma bilateral, sem recorrência Cirurgia prévia endometrioma, recorrência monolateral Cirurgia prévia endometrioma, recorrência bilateral Excisão prévia endometrioma monolateral, recorrência ipsilateral Endometrioma unilateral Endometriose profunda sem endometrioma

Qualidade programa preservação ++

Efeitos negativos nova cirurgia na reserva ovariana Relevante

Chances de que os óvulos congelados serão usados Alto

Validade geral do programa de preservação ++

+

Relevante

Muito Alto

++

+

Nenhum

Alto

+

+/-

Relevante

Muito Alto

+

+/-

Relevante

Muito Alto

+

++

Modesto

Alto

+

+++ +++

Modesto Nenhum

Baixo Baixo

+ +

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Highlights SEUD Congress 2015

Primeiro Congresso da Sociedade de Endometriose e Disfunções uterinas (SEUD 2015) DR. CARLOS ALBERTO PETTA

Ao começar a falar de SEUD, acho importante destacar a relevância da sociedade para a evolução do tema endometriose no mundo. A endometriose não é e não pode ser tratada como uma coisa única. São vários problemas de útero e endométrio, mas as outras doenças andavam meio esquecidas, como por exemplo, a endometriose interna. Então, eu diria que a sociedade nasceu com a importante missão de agrupar esses problemas, que são comuns, mas que estavam sendo deixados de lado. Neste aspecto, vale lembrar que mulheres que têm endometriose profunda, têm também uma chance de 70% de ter adenomiose, ou seja, o aumento do útero por tumores benignos e sangramento uterino aumentado. Por isso é importante o estudo, a pesquisa das doenças interligadas e não focar em apenas uma. A SEUD foi criada junto com o professor Felice Petraglia, da Itália, e o

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r. Carlos Alberto Petta, vice-presidente Sociedade Brasileira de Endometriose, marcou presença no primeiro congresso da SEUD (Society of Endometriosis and Uterine Disorders) e destacou como a entidade nasceu sob o importante objetivo de se tornar uma plataforma científica internacional para dar possibilidade de ter uma abordagem abrangente de saúde feminina no domínio das doenças ginecológicas benignas relacionadas às disfunções uterinas. A seguir ele comenta sobre a importância e o papel da SEUD, bem como os highlights do primeiro congresso da sociedade

professor Charles Chapron, pessoas que além de grandes referências para o estudo da endometriose no mundo, são intimamente relacionadas, pois já fizeram diversas pesquisas juntos. A ideia é que a SEUD se torne realmente uma sociedade internacional e mundial. Afinal, são lideranças internacionais muito fortes. Profissionais que trabalham e pesquisa há anos o tema endometriose e problemas relacionados. Vale lembrar que além da credibilidade, há um histórico de cooperação com o Brasil de longa data. Não foi só a grande participação de especialistas do mundo todo, e também, a diversidade deles, mais de 70 nações ali representadas por estudiosos e pesquisadores da endometriose e suas doenças relacionadas, também me chamou atenção a riqueza dos debates que essa diversidade proporcionou. Tinha gente do mundo todo, o que foi muito importante, já que a grande maioria

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ali representada já trata e estuda a endometriose o tempo todo. Foi uma oportunidade para a troca de informações extremamente valiosa que, sem dúvida, enriquece que a acompanha e dela compartilha. Com base no que vi na SEUD posso dizer que podemos extrair de melhor do congresso, a importância de se fomentar sempre novas ideias. Já conhecemos muito mais a respeito da endometriose, mas ainda temos muitas perguntas a serem respondidas, pesquisas a serem feitas, e a importância de um congresso como esse é exatamente de obter ideias novas, mexer com coisas pequenas, testes, hipóteses. Isso é importante. Esse tipo de evento junta pesquisadores e gera uma discussão em vista do futuro, o que é interessante não só para os profissionais, mas para os pacientes do mundo todo.


Highlights SEUD Congress 2015

Primeiro Congresso da Sociedade de Endometriose e Disfunções uterinas (SEUD 2015) DR. FERNANDO REIS

Participei com muita satisfação do primeiro congresso realizado pela SEUD (Society of Endometriosis and Uterine Disorders), organização que tem o objetivo de fomentar a produção e difusão do conhecimento sobre as principais doenças uterinas e, portanto, complementar a atuação de outras sociedades profissionais já existentes. A importância da SEUD é ser uma referência para a atualização científica e a formação de parcerias em projetos de pesquisa, além de oferecer educação médica continuada de excelente qualidade para os especialistas. Por isso, é multiprofissional e dinâmica, com grande espaço

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r. Fernando Reis, diretor de Relações Internacionais da SBE e professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esteve presente no primeiro congresso realizado pela SEUD (Society of Endometriosis and Uterine Disorders) e conta quais foram os Highlights do evento que esteve sob a batuta de uma das maiores referências em endometriose no mundo, Dr. Charles Chapron

para mostrar o trabalho dos jovens pesquisadores, clínicos e cirurgiões. O conselho diretor da SEUD, que será renovado periodicamente, tem como fundadores indivíduos que reúnem imensa contribuição científica e experiência profissional no tema e que, sobretudo, inspiram a carreira de muitos jovens. Por isso, podemos dizer que a entidade não só está preparada, como muito bem amparada por excelentes profissionais para contribuir para a evolução da discussão do tema endometriose no mundo. Neste primeiro congresso, chamou minha atenção o fato de que havia mais de mil inscritos, oriundos de 75 países e de todos os continentes. Po-

demos dizer que foi um evento multicultural e com uma grande diversidade de especialistas no assunto. Os temas mais marcantes foram os referentes à fisiopatologia dos leiomiomas uterinos, da adenomiose e da endometriose, com novas possibilidades de intervenção farmacológica. O congresso teve uma abrangência equilibrada, nem muito ampla (toda a ginecologia) nem muito específica (só endometriose). Houve também um excelente balanço entre as abordagens básica, translacional, clínica e cirúrgica dos problemas e uma visão bem articulada dos processos patológicos comuns às várias doenças uterinas.

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Entrevista

A ciência em prol da saúde das mulheres

C

harles Chapron, presidente da SEUD na sigla em inglês (Society of Endometriosis and Uterine Disorders), uma das maiores referências médicas em endometriose no mundo, respondeu uma entrevista exclusiva da Sociedade Brasileira de Endometriose sobre a criação da nova entidade e sobre o primeiro congresso realizado entre os dias 07 e 09 de maio, em Paris Revista SBE - Qual o objetivo da criação da SEUD, uma vez que já existe uma sociedade europeia que discute o tema Endometriose? Por que criar uma nova entidade? Charles Chapron - A SEUD surgiu para promover uma abordagem global do doente e da doença: não considerar apenas o problema da endometriose, mas também todos os potenciais associados distúrbios uterinos (adenomiose, miomas etc). Este tipo de sociedade não existia até então, já que as sociedades anteriores mantêm seu foco em uma patologia específica (como WES: World Endometriose Society) ou sobre questões técnicas (laparoscopia operatória, endoscopia etc). RSBE - Como o sr. acredita que a SEUD pode contribuir para o desenvolvimento do tema Endometriose entre médicos e até mesmo, quais serão os benefícios para a sociedade como um todo com sua criação? Chapron - Pelo fato da SEUD ser justamente uma plataforma científica internacional capaz de dar a possibilidade de ter uma abordagem abrangente de saúde das mulheres no domínio das doenças ginecológicas benignas relacionadas com disfunções uterinas, creio que nossa maior contribuição seja o de permitir essa abordagem global, contando com a contribuição científica de especialistas de todo o mundo. RSBE - Ao lado do sr. quais são as principais lideranças da SEUD? Chapron - Os demais membros fundadores da SEUD são todos renomados especialistas em endometriose, como também, em doenças uterinas, são eles: Dr. Maurício Abrão (Brasil), 12

Serdar Bulun (EUA), Francisco Carmona (Espanha), Hilary Critchley (UK), Sun-Wei Guo (China), Gamal Serour (Egipto), e Felice Petraglia (Itália). RSBE - Para o mundo, como pode ser essa contribuição da SEUD, o que os médicos e pacientes de todo o mundo podem ganhar com sua criação? Chapron - A SEUD foi criada com a intenção de melhorar a gestão da doença como um todo, e também reduzir seu impacto sobre a vida das mulheres. O foco é a conscientização sobre a abrangência da doença, seus fatores de risco, diagnóstico e tratamentos médicos/cirúrgicos. Além disso, a sociedade também representa um fórum internacional para promover a educação e a formação de uma nova geração de jovens especialistas com novas perspectivas com base na experiência de investigação translacional. O fórum será apoiado por uma reunião anual, o jornal oficial de Transtornos da endometriose e dor pélvica e um site facilitando uma rede de informações e de peritos de diferentes áreas interessados na saúde reprodutiva das mulheres. RSBE - Como o sr. avalia o Congresso realizado há pouco pela SEUD? Em sua opinião, quais foram os aspectos mais relevantes deste congresso? Chapron - Sem dúvida, a altíssima qualidade dos palestrantes e do programa científico deste primeiro congresso. Além disso, tivemos 1028 participantes de cinco continentes e 75 países, uma excelente oportunidade de trocar experiências com especialistas de diversas partes do mundo. RSBE - Como vê a contribuição com médicos brasileiros sobre endometriose? O que avalia que poderia ser uma

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Charles Chapron, presidente da SEUD, durante participação em Congresso realizado no Brasil, em 2014

troca interessante entre a SEUD e nossas entidades nacionais do Brasil? Chapron - O Brasil é um país muito forte neste tema, por isso, é importante sua expressiva participação em congressos internacionais de endometriose, como a reunião anual promovida pela SEUD. RSBE - O que espera para o futuro da SEUD nos próximos anos? Chapron - O principal objetivo é um só: que a SEUD possa se tornar referência em endometriose e disfunções uterinas. RSBE - Como especialista no tema Endometriose, o que gostaria que no futuro, pudesse ser concretizado, não só com o apoio da SEUD, como do governo, e da sociedade em geral, como benefício para pacientes que sofrem com endometriose? Chapron - Gostaria de ver um trabalho intenso na conscientização da endometriose, assim como, a construção de relacionamentos mais fortes e duradouros entre sociedades especializadas, tanto nacionais como internacionais, com o objetivo de criar uma colaboração mais intensa na pesquisa sobre a doença, além da promoção de uma melhor educação e formação de jovens especialistas na área.


ZLG.15.B.272 - Produzido em Maio de 2015.

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Em Destaque

Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose ALINE BRAZ

Para muitas pessoas, o dia 08 de maio é apenas mais uma entre tantas outras datas do calendário brasileiro. Porém, para quem convive diariamente com os males causados pela endometriose, sejam médicos, que batalham para vencer a doença e levar mais qualdiade de vida a seus pacientes, ou mulheres, vítimas da endometriose, e seus familiares que acompanham o seu sofrimento, ele representa muito mais do que isso. É uma conquista para todos aqueles que lutam incessantemente contra a doença que atinge mais de seis milhões de mulheres em idade reprodutiva (de 13 a 45 anos) no Brasil, pois tem tudo para se tornar, oficialmente, o dia nacional de luta contra o problema. Pelo menos é o que defende o Projeto de Lei PL 6.215/13, de autoria do deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP), aprovado por unanimidade pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), da Câmara dos Deputados, neste ano. A proposta ainda segue para a apreciação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) do Congresso, mas já tem sido bastante comemorada por atrair a atenção da sociedade para a questão. “Com a criação do Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, você pode aumentar a conscientização e o conhecimento sobre a doença, a ponto de a mulher refletir: ‘esses sintomas são parecidos com o que eu estou sentindo, será que não tenho também?’. Isso pode incentivar a procura por ajuda”, destaca 14

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rojeto de lei ganhou sua primeira vitória unânime na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), e segue agora para a apreciação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) do Congresso Nacional

Carlos Alberto Petta, vice-presidente Sociedade Brasileira de Endometriose. Embora pouco conhecido, o problema de saúde afeta cerca de 176 milhões de mulheres ao redor do mundo. Entre os seus principais sintomas estão dor durante as relações sexuais, cólica menstrual intensa, alterações no hábito intestinal (diarreia ou obstipação) e dificuldade para engravidar. “Mesmo com o número elevado de pacientes com doença, a maioria das mulheres ainda não tem muitas informações sobre ela, o que acaba dificultando sua detecção e o tratamento adequado”, ressalta o Dr. Maurício Simões Abrão, professor da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas de São Paulo e membro da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE).

Com a criação do Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, você pode aumentar a conscientização e o conhecimento sobre a doença.

Carlos Alberto Petta, vice-presidente Sociedade Brasileira de Endometriose

Além da falta de conhecimento, a carência de centros de atendimentos especializados dificulta ainda mais a busca por um diagnóstico preciso e tratamento eficaz. Para se ter ideia,

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uma pesquisa realizada com 956 médicos, em dez estados brasileiros, revelou que, embora a maioria dos profissionais conheça os principais sintomas (78%) e saiba como identificar a endometriose (82%), 67% dos médicos acreditam que os centros disponíveis para o seu tratamento não são capazes de atender à demanda brasileira e 93% deles gostariam que houvesse mais infraestrutura para o combate à doença.

Mesmo com o número elevado de pacientes com doença, a maioria das mulheres ainda não tem muitas informações sobre ela, o que acaba dificultando sua detecção e o tratamento adequado.

Dr. Maurício Simões Abrão, professor da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas de São Paulo e membro da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva

Para o Profº Rui Ferriani, atual Presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), a aprovação parcial do Dia Nacional de Luta contra a Endometriose é mais um passo importante na luta contra o problema e para o financiamento dos atos médicos envolvidos. “Embora existam leis que obriguem o estado e os planos de saúde a fornecerem o tratamento necessário, seja ele cirúrgico ou relacionado à reprodução assistida, o Brasil não as cumpre. Com isso, muita gente que sofre com dores intensas não pode ser operada por mé-


Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose | Braz

dicos bem treinados ou ter acesso aos procedimentos de fertilizaçao in vitro, indicados na maioria dos casos”, analisa. Embora as comissões mundiais responsáveis por discutir a doença enfatizem, assim como a SBE, que o sucesso do tratamento de casos de endometriose mais grave, capaz de acometer o intestino ou outros órgãos pélvicos, depende bastante da experiência da equipe de especialistas envolvida, mas o que vemos, na prática, são mulheres jovens, que estão no auge de suas vidas, estabelecendo relacionamentos sexuais e profissionais, sofrendo com um problema de saúde, capaz de causar prejuízos enormes para a sua vida e atividade sexual, além do aumento dos índices de absenteismo no trabalho devido às constantes dores, sem ter acesso a tratamentos que efetivamente promovam a melhora dos casos. “Por essas razões, o financiamento de mais métodos diagnósticos e terapêuticos é uma obrigação legal que precisa ser cumprida, a fim de beneficiar as inúmeras pacientes acometidas pela doença” , acrescenta Dr. Nicolau D’Amico, secretário da SBE.

Deve-se ressaltar, também, que os medicamentos nem sempre são cobertos pelo convênio médico ou estão à disposição da população e que a falha carregada há décadas pela Tabela SUS impossibilita ainda mais a realização de procedimentos mais complexos pelo sistema, por não contemplar códigos específicos para o tratamento da endometriose profunda. “Há que se rever essa tabela e acrescentar os códigos pertinentes”, ressalta Paulo Ayroza Ribeiro, chefe do Setor de Endoscopia Ginecológica e Endometriose, do Departamento de Obstetrícia da Santa Casa de São Paulo, e Diretor de Relações Internacionais da SBE. Até mesmo o estado de São Paulo, considerada a locomotiva econômica do Brasil, não possui políticas de saúde destinadas às pacientes. Algumas ações isoladas são feitas em centros de referência, como a Santa Casa de São Paulo, o Hospital das Clínicas, das Faculdades de Medicina (da capital e de Ribeirão Preto) da Universidade de São Paulo (USP), o Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e o Hospital Pérola Byington,

Dia Nacional de Luta contra a Endometriose é uma conquista para todos aqueles que lutam incessantemente contra a doença que atinge mais de seis milhões de mulheres em idade reprodutiva no Brasil CRÉDITO: Shutterstock

O financiamento de mais métodos diagnósticos e terapêuticos é uma obrigação legal que precisa ser cumprida, a fim de beneficiar as inúmeras pacientes acometidas pela doença.

Dr. Nicolau D’Amico, secretário geral da SBE, secretário da Comissão Nacional de Endometriose da FEBRASGO, e chefe do setor de Endoscopia Ginecológica do Hospital de Heliópolis, São Paulo

mas ainda faltam centros públicos destinados ao atendimento integral. Por outro lado, no campo da saúde suplementar, são diversas as ações que visam a orientação, o esclarecimento, a informação, o diagnóstico e o tratamento de mulheres com a doença. Essas ações pontuais chegam até a colocar São Paulo em paridade com alguns dos países mais desenvolvidos do planeta, como Itália, França, Alemanha e Estados Unidos. “Portanto, fica claro que, se levarmos para a saúde pública as ações que já vêm dando bons frutos na esfera privada, poderemos em médio prazo realizar uma grande revolução no atendimento e tratamento de quem sofre com o problema”, analisa Paulo. Para transformar a realidade da endometriose no Brasil, no entanto, as políticas públicas precisam ser melhoradas, com processos mais ágeis e protocolos definidos, assim como as comissões responsáveis pelas questões de saúde do País devem estimular a criação de novos centros especializados e subsidiar campanhas de conscientização em território nacional. “É preciso esclarecer a gravidade de alguns sintomas, como, por exemplo, uma campanha que faça a mulher entender que não é normal ir ao pronto-socorro reclamando de cólica, ou sentir uma dor intensa durante a relação sexual. É fundamental fazer com que as pessoas reconheçam a doença e a importância do diagnóstico e do tratamento”, conclui Carlos Alberto Petta.

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Projetos

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI Nº DE 2013 (Do Sr. Roberto de Lucena) Institui o dia 08 de maio como o “Dia Nacional da luta contra a Endometriose”.

O Congresso Nacional decreta:

Endometriose”

Art. 1º Fica o dia 08 de maio como o “Dia Nacional da luta contra a Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICATIVA Atendendo as exigências da Lei 12.345 de 09 de dezembro de 2010, foi realizada Audiência Pública que resultou na decisão unânime para que seja instituído o dia 08 de maio como o Dia Nacional da luta contra a Endometriose. A endometriose é definida como a presença, fora do útero, de tecido semelhante ao endométrio, causando uma reação crônica e inflamatória e está associada à dor, subfertilidade e qualidade de vida prejudicada. A condição é encontrada principalmente em mulheres em idade reprodutiva, de todos os grupos étnicos e sociais. A doença é responsável por 40% dos casos de infertilidade no país, mas apenas um terço das brasileiras associa a endometriose à dificuldade de engravidar, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva. O levantamento, feito com cinco mil mulheres com mais de 18 anos no país, revelou ainda que 88% não sabem como tratar o problema e que 55% não sabem sequer o que é a doença. No Brasil, cerca de 06 milhões de mulheres têm endometriose. O diagnóstico, no entanto, costuma ocorrer por volta dos 30 anos, por ser uma doença que apresenta diferentes sintomas ou até assintomática. É importante destacar que a doença acomete mulheres a partir da primeira menstruação e pode se estender até a última. Infelizmente, o diagnóstico não costuma ser tão rápido por falta de informação e acesso aos serviços de saúde, o que se torna um problema para as mulheres.

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Projetos

CÂMARA DOS DEPUTADOS

As pacientes apresentam diminuição da qualidade de vida e redução de suas atividades, gerando problemas psicossociais, frustração e isolamento. Há também um impacto causado pelas perdas de horas de trabalho, absenteísmo etc. O tratamento para a endometriose inclui medicações e, em alguns casos, um processo cirúrgico, que tem como objetivo aliviar as dores fortes, impedir a evolução da doença e tentar restabelecer a fertilidade. O método mais indicado dependerá da extensão da doença, assim como da idade da paciente e de seus planos reprodutivos. Apenas um médico pode indicar o melhor tratamento para cada caso. A endometriose é uma afecção que merece toda a atenção por parte dos médicos clínicos e ginecologistas, cujo objetivo é cuidar da saúde e oferecer qualidade de vida às mulheres. Dessa forma, apresento este Projeto de Lei, juntamente com comprovação da realização de audiência pública, nos termos do artigo 4º da Lei 12.345 de 2010 e requeiro o apoio dos Nobres Pares para sua aprovação.

Brasília, em 20 de agosto de 2013.

Deputado Roberto de Lucena PV/SP

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Opinião

Conscientização em primeiro lugar LUIS FERNANDO MOREIRA

“Não deixe para amanhã o que deve ser feito agora”. A mensagem deixada pela presidente do Instituto de Informação e Apoio às Portadoras de Endometriose (IAPE), Claudia Vasconcellos, ilustra a importância de conscientizar as mulheres a respeito do diagnóstico da endometriose. É por isso que, para ela, a criação do Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose, celebrado pela primeira vez em 2015, no dia 8 de maio, graças à aprovação unânime do Projeto de Lei PL 6.215/13, de autoria do deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP), que institui o dia 8 de maio como Dia Nacional de Luta contra a Endometriose na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), mas que segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), é uma vitória para toda a sociedade. “Com certeza é muito importante termos essa data e trabalharmos muito para que seja divulgada cada vez mais”, reforça. Cláudia é portadora de endometriose, mas como ela mesma diz em sua carta aberta da presidente no site do IAPE, prefere dizer que foi, pois sempre tem a esperança de que ela não volte nunca mais. Com essas palavras, fica evidente o sofrimento que muitas pacientes carregam com a doença e como algumas se engajam em causas sociais para compartilhar do desejo de melhorar a vida de muitas pacientes. Sua trajetória começa com muitos anos dedicados ao trabalho como voluntária no ambulatório 18

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ara a presidente do IAPE (Instituto de Apoio e Pesquisa à Endometriose), Cláudia Vasconcellos, a aprovação unânime do Projeto de Lei PL 6.215/13, de autoria do deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP), que institui o dia 8 de maio como Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), é um importante passo rumo à conscientização

de Endometriose no Hospital das Clínicas de São Paulo e depois, por um curto período, como responsável pelo Núcleo de Apoio às Portadoras de Endometriose, da SBE. Nesses anos, ela conta que se deparou com um número enorme de mulheres precisando de ajuda, de orientação, de uma palavra e, é claro, de alguém que lhes dissesse com certeza e segurança o que era aquela dor horrível que sentiam, que explicassem por que sangravam sem estarem menstruadas, porque não conseguiam engravidar, porque sentiam dores tão fortes nas relações sexuais, porque os médicos não conseguiam saber o que elas tinham ao certo. Eram mulheres carentes da verdade e de segurança, acima de tudo.

cientes, profissionais da área da saúde e a comunidade em geral. A entidade foi constituída pelo interesse no tema, ainda tão carente de atenção, e pela necessidade de serem realizadas ações concretas que possam atingir tanto as portadoras de endometriose como diversas pessoas que sejam interessadas pelo tema, estudantes e profissionais da área da saúde para que possam oferecer um diagnóstico preciso e embasado no conhecimento, pesquisa e vivência nesta doença ainda tão pouco conhecida e divulgada. O instituto atua por meio de campanhas e diversas ações, buscando disseminar informações confiáveis e atualizadas que possibilitem uma maior conscientização e conhecimento desta doença, por toda nossa sociedade.

Ela conta que foi justamente na correria daquele ambulatório que aprendeu que é possível humanizar o atendimento público de massa quando se trabalha com amor, com respeito ao próximo, com informação e embasamento. Daí a motivação para fundar o IAPE, para levar informação a mais e mais mulheres acerca da endometriose. Atualmente, o Instituto de Apoio e Pesquisa à Endometriose é uma Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), formada por um grupo de leigos e de profissionais da área médica, dispostos a contribuir na divulgação e esclarecimento da endometriose. Associação sem fins lucrativos, o IAPE busca ajudar pa-

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Cláudia Vasconcellos, presidente do Instituto de Apoio e Pesquisa à Endometriose CRÉDITO: Arquivo pessoal


Opinião  Vitória do acesso à informação Embora o autoconhecimento, segundo ela, seja uma iniciativa importante das mulheres para atentar-se a sintomas relacionados à endometriose, a divulgação e conscientização incentivadas pelo Projeto de Lei 6215/2013, do deputado estadual Roberto Lucena, que instituiu a data no calendário brasileiro, é fundamental para difundir o conhecimento entre as mulheres que sofrem a doença, e também entre os diversos profissionais aptos a absorver o contingente cada vez maior de mulheres que procuram saber sobre a endometriose. “Trata-se de uma patologia multidisciplinar e de difícil diagnóstico. É preciso rever a forma como é abordada pelas universidades, aprofundar o estudo, e preparar uma nova geração de profissionais, que possuam um olhar sensível para um tema tão carente de atenção, capazes de fazer diagnósticos precisos, e dispostos a mudar a história da endometriose no Brasil”, diz ela. Claudia acrescenta ainda, que o acesso a um atendimento de qualidade é carente no País, o que torna ainda maior a necessidade de gerar atenção pública

para a doença. “Temos centros de referência maravilhosos, altamente competentes para esse tipo de atendimento, mas são pouquíssimos. Falta material cirúrgico para vídeo laparoscopia e material para exames. Faltam, ainda, profissionais treinados, aptos a realizar procedimentos mais invasivos”. Além disso, pede atenção do governo à falta de recursos para estudar, diagnosticar e tratar a endometriose no Brasil, principalmente nas regiões menos favorecidas do país, onde as estatísticas em relação à endometriose e outras doenças ginecológicas ainda são imprecisas. “Não temos esses recursos, e o pior é que o governo acha que possuímos! Pelo que sei, São Paulo ainda é a cidade com melhores condições de diagnóstico e atendimento. Dizem que na região sudeste o número de casos é maior, mas a verdade é que aqui o diagnóstico é feito e os dados aparecem. Infelizmente esse número é imensurável”, diz. Por outro lado, Claudia reconhece que somos um centro de referência mundial, que gera muitas pesquisas sobre o tema. Para ela, o país é muito bem qualificado internacionalmente neste quesito, e afirma que, além de uma rica troca de

A endometriose é uma patologia multidisciplinar de difícil diagnóstico. É preciso rever a forma como é abordada pelas universidades, aprofundar o estudo, e preparar uma nova geração de profissionais, que possuam um olhar sensível para um tema tão carente de atenção, capazes de fazer diagnósticos precisos, e dispostos a mudar a história da endometriose no Brasil

pesquisas e descobertas com centros importantes da Europa e Estados Unidos, o Brasil também ajuda na capacitação de profissionais de países ainda menos favorecidos em relação ao tratamento da doença. “Quanto mais o tema endometriose estiver em pauta, muitas pessoas no futuro também terão condições de receber um tratamento digno e correto.”

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Frases

Os médicos brasileiros são muito bem conceituados em toda a comunidade internacional. Nosso grande problema no país é o acesso ao tratamento.

Dr. Carlos Alberto Petta, vice-presidente Sociedade Brasileira de Endometriose, comemorando a aprovação por unanimidade do Projeto de Lei PL 6.215/13 na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), sobre o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose no Brasil.

A SEUD é uma sociedade focada na produção e difusão do conhecimento; não é uma associação profissional e não concorre com outras sociedades já existentes. A importância da SEUD é ser uma referência para a atualização científica e a formação de parcerias em projetos de pesquisa voltados para elucidar as principais doenças relacionadas ao útero. Por isso a SEUD é multiprofissional e dinâmica, com grande espaço para mostrar o trabalho dos jovens pesquisadores.

Dr. Fernando Marcos dos Reis, diretor de Relações Internacionais da SBE e professor adjunto do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre a criação da SEUD (Society of Endometriosis and Uterine Disorders).

É importante o estudo e a pesquisa das doenças relacionadas à endometriose, ao invés de focar apenas em uma.

Dr. Carlos Alberto Petta, vice-presidente Sociedade Brasileira de Endometriose, destacando a importância da criação da SEUD (Society of Endometriosis and Uterine Disorders), sob a batuta de uma das maiores referências médicas em endometriose no mundo, Dr. Charles Chapron.

Eu me sensibilizo profundamente com o número incalculável de mulheres que passam a vida sofrendo e sem imaginar o que possa estar acontecendo dentro delas. Como portadora, digo que é desesperador não saber ao certo o que acontece conosco quando temos essa doença.

Cláudia Vasconcellos, presidente da IAPE (Instituto para Informação e Apoio às Portadoras de Endometriose), sobre o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose.

Falta muito para que tenhamos condições de atender pacientes como deveria ser o ideal. Acredito que enquanto não houver um foco mais atento à endometriose, não teremos profissionais em condições de fazer um diagnóstico preciso e correto. Cláudia Vasconcellos, presidente da IAPE (Instituto para Informação e Apoio às Portadoras de Endometriose), sobre o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose.

Com a criação do Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, você pode aumentar a conscientização e o conhecimento sobre a doença. Dr. Carlos Alberto Petta, vice-presidente Sociedade Brasileira de Endometriose, comemorando a vitória do PL sobre o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose no Brasil.

Mesmo com o número elevado de pacientes com doença, a maioria das mulheres ainda não tem muitas informações sobre ela, o que acaba dificultando sua detecção e o tratamento adequado.

Dr. Maurício Simões Abrão, professor da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas de São Paulo e membro da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva, sobre a vitória do PL sobre o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose no Brasil

O financiamento de mais métodos diagnósticos e terapêuticos é uma obrigação legal que precisa ser cumprida, a fim de beneficiar as inúmeras pacientes acometidas pela doença.

Dr. Nicolau D’Amico, secretário geral da SBE, secretário da Comissão Nacional de Endometriose da FEBRASGO, e chefe do setor de Endoscopia Ginecológica do Hospital de Heliópolis, São Paulo, sobre o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose no Brasil.

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Seja Sócio da SBE Ser sócio da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) significa fazer parte de uma Sociedade Médica voltada para uma série de objetivos, que visam capacitação do profissional médico ligado à saúde da mulher, não só com projetos relacionados à educação continuada, mas também com benefícios que o amparem em seu dia-a-dia. Ao ser filiada a associações internacionais como a Sociedade Mundial de Endometriose (WES) e a Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica (AAGL), a SBE concederá diversos benefícios a seus associados como: descontos na filiação a estas importantes sociedades inter-

nacionais, participação em eventos com preços reduzidos e recebimento dos jornais de cada sociedade, entre outros. Além disso, estimulará a realização de estudos colaborativos, epidemiológicos e fará campanhas de divulgação e esclarecimento da doença em todo o País. Para associar-se, preencha esta ficha e encaminhe para a SBE. Em poucos dias, será enviada uma confirmação de sua afiliação. Ou, se preferir, acesse nosso site: www.sbendometriose.com.br e preencha nossa FICHA CADASTRAL ON-LINE. A SBE espera por você. Venha fazer parte da SBE.

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Eventos

13 a 15 de agosto de 2015

11 a 14 de maio de 2016

14 a 18 de novembro de 2016

10º Simpósio Ítalo-Brasileiro de Endoscopia Ginecológica

13º Congresso Brasileiro de Videocirurgia

www.italobrasil.com.br

http://www.sobracil.org.br/congresso2016

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02 e 03 de outubro de 2015

02 a 05 de junho de 2016

Evento exclusivo SBE III Simpósio Brasileiro de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva

12th AAGL International Congress on Minimally Invasive Gynecology in partnership with the Indian Association of Gynaecological Endoscopists

04 a 09 de outubro de 2015

XXI FIGO World Congress of Gynecology and Obstetrics www.figo2015.org

07 a 10 de outubro de 2015

ESGE - 24th Annual Congress

http://www.aagl.org/event/63/

22 a 24 de novembro de 2017

13th AAGL International Congress on Minimally Invasive Gynecology In partnership with the Federación Colombiana de Obstetricia y Ginecologia (FECOLSOG) http://www.aagl.org/event/73/

29 de setembro a 01 de outubro de 2016

4º Congresso Brasileiro de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva http://www.sbendometriose.com.br/site/conteudo.aspx?IdConteudo=152#conteudo

http://www.esgecongress2015.eu/

17 a 21 de outubro de 2015

71st Annual Meeting of the ASRM http://www.asrm.org/awards/detail. aspx?id=5802

12 a 15 de novembro de 2015

56º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia http://www.febrasgo.org.br/site/?p=8834

15 a 19 de novembro de 2015

44th AAGL Global Congress on Minimally Invasive Gynecology http://www.aagl.org/event/47 22

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