JORNAL DE NEGÓCIOS - #346

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INOVAÇÃO PRETA

Startups lideradas por negros e pardos ganham força com programas específicos para esse recorte, como Black Start, do Sebrae for Startups

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Entrevista: saiba como entrar no mercado halal

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As tendências internacionais do varejo na NRF 2023

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Com brechó, empreendedora tem mudança de vida

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# 346 | Fevereiro de 2023 | www.sebraesp.com.br | 0800 570 0800 | facebook.com/sebraesp youtube.com/sebraesaopaulo twitter.com/sebraesp instagram.com/sebraesp
Nathália Arruda, fundadora da startup Corporativo para Pretos, acelerada pelo Sebrae-SP

O que o Sebrae-SP pode fazer por você?

Como você caracterizaria um empreendedor de sucesso? Certamente resiliência, comprometimento e capacitação estariam entre os atributos esperados. Mas será que ter perfil empreendedor é sinônimo de sucesso no Brasil? As pesquisas indicam que só isso não basta.

O Sebrae realiza estudos para mapear a taxa de sobrevivência das empresas desde 2011. Na região Sudeste, 18,8% dos empreendimentos encerraram suas atividades em 2022.

O setor de Microempreendedores Individuais (MEI) é o que apresenta a maior taxa de mortalidade de negócios em até cinco anos, segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

O relatório “Sobrevivência das Empresas” apontou que 29% dos microempreendimentos individuais encerraram as atividades em 2022, seguido das microempresas, 21,6%, e as de pequeno porte, 17%. O comércio foi o setor que mais fechou, com 30,2%, seguido da indústria de transformação com 27,3% e do setor de serviços, com 26,6%.

Mas, afinal, para além dos números, o que representa o fim de uma empresa?

Destaques

Para alguns, o término de um sonho, a frustração de uma família, a incerteza sobre o futuro. Afinal, é possível se reerguer desta situação? Com quem contar em um momento de fracasso?

Há fatores externos que podem influenciar no encerramento das atividades, entre eles a situação atípica vivida desde março de 2020 com a crise sanitária em decorrência da pandemia da Covid-19, mas é fato, também, que fatores internos estão vinculados ao fracasso dos negócios, entre eles a falta de planejamento e de gestão. Pensando nisso, o Sebrae aposta na qualificação do empreendedor como estratégia para diminuir a taxa de mortalidade das empresas, seja a partir da capacitação em gestão, bem como a capacitação da mão de obra, a atualização sobre as novas tecnologias do setor e o diferencial dos produtos e/ou serviços oferecidos. O Sebrae-SP tem prestado um serviço de excelência há 50 anos, atuando nas áreas de formalização, capacitação operacional e empresarial, consultoria empresarial e tecnológica e acesso a mercados. E, ao mapear as causas da mortalidade e o perfil do empreendedor brasileiro,

tem tentado mitigar os efeitos econômicos e sociais negativos vividos ao longo destes anos

A qualidade da capacitação dada pelo Sebrae tem merecido elogios pelos demandantes. Contudo, sabemos que sempre é possível melhorar a aplicação dos conceitos assimilados. O desafio é responder à questão: o que mais o Sebrae pode fazer por você e por sua empresa?

Em 2023 queremos estar mais próximos para ouvir suas demandas, compartilhar ideias e, juntos, estabelecermos um contexto mais favorável e promissor para as empresas paulistas. Para nós, é importante que o conhecimento gerado a partir das ações do Sebrae possa ser aplicado na prática.

Empreender com planejamento e gestão aumenta as chances de sucesso do seu negócio. Considerando este cenário, o Sebrae-SP atende, orienta e capacita empreendedores em todo o Estado: são 33 escritórios regionais, mais de 630 unidades do Sebrae Aqui, além de inúmeras soluções, entre projetos, cursos e atividades. Conte com a gente!

Pequenos negócios criaram oito de cada dez empregos em 2022

Em 2022, a cada dez postos de trabalho gerados no Brasil, aproximadamente oito foram criados pelas micro e pequenas empresas (MPEs), segundo levantamento do Sebrae feito com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com o resultado positivo, o acumulado do ano ultrapassou 2 milhões de novas vagas, das quais quase 1,6 milhão teve lugar nos pequenos negócios.

Mesmo quando comparado com 2021 – quando as MPEs tiveram um desempenho que superou os 2,17 milhões de empregos gerados, equivalente a 77% do total de vagas do período –, verifica-se que a participação dos pequenos negócios no saldo total aumentou no ano passado, chegando a 78,4%.

Na soma dos 12 meses de 2022, os setores dos pequenos negócios que mais contrataram foram servi-

ços (828.463), comércio (332.626) e construção civil (229.755). No ranking dos saldos de empregos por unidade federativa, o primeiro lugar ficou com Roraima, seguido de Amapá e Amazonas. Em valor absoluto de vagas nas MPEs, São Paulo ficou na liderança.

A pesquisa também faz um recorte de dezembro de 2022 que, similar aos anos anteriores, apresenta mais desligamentos do que admissões,

resultando em saldos negativos em todos os portes. No último mês do ano passado, o Brasil encerrou pouco mais de 431 mil postos de trabalho – desse volume, as MPEs foram responsáveis por 205 mil (47,5%). Como todos os portes apresentaram saldos negativos de contratação, o mesmo pôde ser observado na estratificação por setor de atividade. O único setor que gerou emprego foi o setor do comércio das MPEs.

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MANUEL HENRIQUE FARIAS RAMOS, Presidente do Sebrae‑SP

Entrevista do mês

Mercados abertos

Diretor de Operações da CDIAL Halal, Ahmad M. Saifi explica sobre o mercado halal e seu potencial

Os países árabes estão entre os principais parceiros comerciais do Brasil há décadas – no ano de 2022, as exportações brasileiras para os 22 países que compõem a Liga Árabe bateram recorde: foram US$ 17,7 bilhões em receitas, com destaque para proteína animal e grãos. Para vender para esse público, porém, é preciso ter seus produtos certificados de acordo com a religião islâmica –os chamados produtos halal. Essa certificação atesta que os produtos não tiveram contato com nada de origem suína nem álcool, proibidos pela lei islâmica.

Além dos árabes, países de maioria muçulmana, como Malásia e Indonésia, surgem como grandes mercados para produtos brasileiros, inclusive com abertura para os pequenos negócios e em segmentos distintos, como o setor químico e o de cosméticos. Na entrevista a seguir, Ahmad M. Saifi, diretor de Operações da CDIAL Halal, uma das mais tradicionais certificadoras halal da América Latina, fala sobre esse mercado consumidor e como se preparar para fazer parte dele.

O que torna um produto halal? Qual o tamanho desse mercado consumidor no mundo?

O produto halal é aquele que atende às jurisprudências da religião islâmica em toda sua cadeia produtiva, como a matéria-prima, insumos, transporte e armazenamento, de forma que não utilize e não tenha nenhum tipo de contato com qualquer produto de origem suína ou álcool. E isso é verificado por meio da certificação halal, processo em que uma certificadora habilitada atesta a aptidão das empresas na utilização de procedimentos e matérias-primas autorizadas pela lei islâmica, o que torna esses produtos aptos para consumo. Com isso, a empresa poderá atender aos requisitos de consumidores árabes e muçulmanos ou, ainda, de outros mercados que busquem produtos comprovadamente saudáveis, sustentáveis e rastreáveis. O mercado halal global atende a quase um

quarto da população mundial e prevê faturamento em torno de US$ 11,2 trilhões em 2028.

O Brasil é um grande exportador de proteína animal halal, mas há outros produtos que se destacam?

Sim, o Brasil é o maior exportador de proteína halal do mundo, mas há espaço para abertura de mercado em diversos segmentos. Como exemplo, ainda dentro da proteína animal, além da carne de frango, o segmento de peixes já começa também a enxergar o potencial desse mercado. Para 2023, a expectativa da CDIAL Halal é de 50% de crescimento para o segmento de peixes. E, para além da proteína animal, neste ano, a expectativa da certificadora é aumentar em 25% as certificações em todas as categorias, inclusive de produtos industriali-

zados, cosméticos, fármacos, turismo, entre outras. Nesse caminho, também tem se destacado o de químicos. As certificações da CDIAL Halal para a indústria de químicos e bioquímicos passaram de 24% em 2021 para 40% em 2022. Dentre os setores da indústria química que mais buscaram a certificação halal, estão empresas de colágeno/gelatina, aditivos alimentares, aromas, químicos/saneantes, entre outros. Vale ressaltar que a certificação halal neste segmento é ainda mais ampla, e também é concedida a empresas de suplementos nutricionais, minerais, enzimas e adjuvantes para a produção de inseticidas, medicamentos, fertilizantes, materiais de limpeza, têxteis e produtos de couro.

Existe espaço para os pequenos negócios no mercado halal? Como se destacar nesse mercado?

Para ter mais chance de sucesso junto a esses países, é importante primeiro que o empresário defina para qual país ele deseja vender seu produto e se há demanda de consumo onde ele deseja iniciar este comércio. Depois, é essencial que procure informações sobre as exigências daquele país, já que há determinações específicas para cada um dentro de cada mercado. Por isso, a importância de o empresário buscar uma certificadora habilitada para realizar esse processo, já que o selo halal é a porta de entrada para esse promissor mercado.

Como é possível obter a certificação halal? É um processo complexo?

No caso das proteínas animais, esta avaliação do auditor se baseia tanto no normativo halal como nas normativas brasileiras definidas pelo Ministério da Agricultura. Não é um processo complexo, basta que a empresa atenda à todas as normas estabelecidas. Há empresas que conseguem a certificação com um mês, já outras, demoram um pouco mais. Tudo depende da condição da empresa e da disponibilidade em fornecer dados específicos para a certificação.

O empreendedor que pretende vender para muçulmanos precisa estar atento a que outras características?

Além de saber com qual país o empresário deseja vender seu produto, também é importante que o empresário se informe sobre os hábitos do consumidor daquele país. Por exemplo, no caso das exportações de frango halal, há países que consomem cortes específicos do produto. Outra situação é com os industrializados – está sendo observada uma maior demanda por produtos brasileiros, como o açaí, o que foi motivado pela forte presença de empresários brasileiros em feiras internacionais. Há também o caso de cosméticos, por exemplo, que devem seguir rigorosamente, além da composição, exigências específicas quanto às informações e fotos em embalagens.

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Foto: Divulgação Ahmad M. Saifi, diretor de Operações da CDIAL Halal: produtos brasileiros em alta

Oc aminho do varejo pós-pandemia passa, principalmente, por oferecer uma experiência de alta qualidade para o cliente, uso estratégico e associado de tecnologia e dados, rapidez das empresas em dar respostas ao mercado e um cuidado especial nas relações com os diversos públicos. Essas características foram vistas na missão internacional promovida pelo Sebrae-SP a Nova York em janeiro, dentro do programa Sebrae Trade Negócios Globais. A viagem incluiu visitas aos três dias da edição 2023 da NRF Retail’s Big Show, a maior feira de varejo do mundo, e outros três dias de visitas técnicas a lojas renomadas.

Estiveram na missão 30 empresários do Estado de São Paulo de diferentes ramos, que, ao final do período em Nova York, participaram de um hackaton, em que puderam traçar um plano para seus negócios com base no que vivenciaram naqueles dias.

Durante as visitas à NRF e às lojas, os empreendedores e empreendedoras estiveram acompanhados de equipe técnica do Sebrae-SP: o gerente de relacionamento Alexandre Robazza, os consultores especialistas em varejo Daniela Abdala e Edgar Neto, o gerente do escritório regional do Sebrae-SP em Franca, Vinicius Agostinho, e o gestor de missões internacionais e internacionalização do Sebrae-SP, Márcio Guerra. A seguir, estão alguns destaques do que foi visto nas palestras e corredores da NRF e nas lojas.

Experiência

Missão internacional do Sebrae-SP à NRF e a lojas de grandes

TECNOLOGIA

O avanço da tecnologia no dia a dia do varejo não para. “Tem muita novidade tecnológica sendo usada no varejo, como provadores virtuais, sistema de monitoramento de câmera que faz indicação de produtos e faz mapa de calor; atualmente, as empresas usam câmeras que mostram quantas pessoas entram na loja, quantos são homens ou mulheres, monitoramento por idade e, cada vez mais presente, o controle de gestão de estoque por meio de equipamentos eletrônicos que fornecem dados sobre a toda movimentação de produtos”, exemplifica Neto.

Como a experiência do cliente é ponto-chave no relacionamento com o público, a tecnologia se volta para essa finalidade. “Existem empresas, por exemplo, que usam um aplicativo que faz leitura do rosto, revela a idade facial do cliente e sugere o produto ideal para cada caso”, diz o consultor.

EXPERIÊNCIA

Após a pandemia, o varejo americano tem visto um forte retorno consumidor às compras físicas, explica o gerente de relacionamento do Sebrae-SP Alexandre Robazza. “A loja agora tem de oferecer uma experiência ao consumidor, com base na leitura de dados que a empresa tem, e estar sempre atenta aos movimentos do cliente para definir o seu portfólio de produtos.”

O caso mais impactante é o da loja oficial do personagem Harry Potter. No espaço, detalhes reproduzem os cenários e elementos do filme – uma réplica da Fawkes, a fênix de Dumbledore, decora o centro do estabelecimento – e oferece várias oportunidades de interação aos clientes: é possível participar do voo na vassoura em realidade virtual e testar a varinha mágica, por exemplo.

A loja vende uma gama enorme de produtos: roupas, canecas, mochilas, brinquedos, cerveja amanteigada, doces, entre muitos outros itens.

“É uma das experiências mais completas de storytelling, que faz com que todo esse entretenimento acabe levando às compras. Além disso, a loja só contrata funcionários que gostam do filme, tanto que são chamados de associados porque conhecem a história e sabem detalhes para atender bem”, explica o consultor de negócios e especialista em varejo do Sebrae-SP Edgar Neto.

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Loja oficial do Harry Potter em Nova York: interação e leque enorme de produtos

valorizada

marcas em Nova York conferiu os rumos do varejo

RELAÇÕES PRÓXIMAS

RAPIDEZ DE RESPOSTA

“Quanto mais rapidamente a empresa tiver dados e aplicá-los em melhorias contínuas de processos do negócio, mais expressivos serão os resultados”, afirma o consultor

Edgar Neto.

Paige Thomas, CEO da Saks, rede americana de lojas de artigos de luxo, deixou claro em sua palestra na NRF que agilidade é um fator fundamental para os negócios hoje em dia. Segundo ela, antes as mudanças nas coleções de moda ocorriam a cada seis meses ou um ano. Agora, as empresas devem colocá-las em prática em intervalos mais reduzidos. Isso porque o uso das redes sociais possibilitou ao consumidor ter muito mais conhecimento das marcas; ele sabe muito bem o que quer comprar, quer fluidez na jornada e seu comportamento varia de forma mais acelerada, o que demanda das empresas uma rápida adaptação. Daí a importância de a empresa ter dados e informações que lhe permitam avaliar esse movimento e agir.

Por trás de todo processo com alto grau de automação de uma empresa há muito trabalho humano e a preocupação com o cuidado das pessoas – colaboradores e clientes – para manter o bom funcionamento e os resultados esperados. “As marcas estão preocupadas em envolver na cultura da empresa não só os consumidores, mas também fornecedores, a equipe e a comunidade”, explica a consultora do Sebrae-SP especialista em varejo Daniela Abdala.

Esse aspecto foi ressaltado pelo CEO da Luis Vuitton, Anish Melwani, em palestra na NRF. “Há a necessidade de ter colaboradores engajados com a marca. Se eles não forem bem tratados, não vão tratar bem os clientes”, explica Robazza.

As redes socias são um componente importante da equação envolvendo marcas e público. Porém, elas devem ter seu uso pensado para alcançar as pessoas da forma mais específica possível.

A loja de departamentos Neighborhood Goods, visitada durante a missão, costuma fazer uma curadoria de marcas que pretendem colocar produtos à venda em seu espaço. A empresa tem como filosofia não considerar seus atendentes vendedores, mas contadores de histórias que conversam com os consumidores e conhecem as marcas que vendem, mesmo diante da rotatividade delas.

Relatório da WGSN, consultoria que aponta tendências, sinaliza que uma vertente é a pulverização dos canais digitais. “É a democratização da mídia digital. Não vai haver mais um mainstream. Vai haver diversas redes sociais menores focadas em nichos, para os mais variados tipos de clientes, reforçando a necessidade da empresa estar inserida em comunidades, para entender o seu cliente e oferecer exatamente o que ele quer”, diz Robazza.

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Recursos tecnológicos aliados à inteligência artificial estão em alta no varejo Ideias vistas na NRF: estratégia do varejo deve unir uso de dados e agilidade Loja Neighborhood Goods: atendentes são “contadores de histórias” que conhecem bem as marcas que vendem

Identificação

Pretos e pardos são apenas 25,1% das pessoas à frente de startups, mas programas

Eu sou a primeira geração da minha família que teve acesso ao ensino superior e quebrei o ciclo de ser um trabalhador doméstico. Eu tenho pessoas na minha família que dependem de mim e não é tão simples apostar tudo naquilo que você quer fazer no seu negócio.” Esse é o relato da empreendedora Nathália Arruda, fundadora do Corporativo para Pretos, que precisa conciliar o emprego fixo com a atuação na startup.

O caso da Nathália exemplifica um dos desafios dos empreendedores negros que lideram startups no País. De acordo com a pes-

quisa “Blackout: Mapa das Startups Negras 2021”, da plataforma BlackRocks Startups, sobre o perfil dos fundadores, 70,8% dos participantes se autodeclaram brancos, amarelos ou indígenas, grupo denominado na análise como não-negros. Vale pontuar que os amarelos e indígenas que compõem o grupo de não-negros somam juntos apenas 2,1% desse grupo. Já os que se autodeclaram pretos ou pardos somam 25,1% respondentes.

Segundo Nathália, assim como pessoas negras enfrentam dificuldades no mercado de trabalho, ela enfrenta desafios nos ambientes de inovação, principalmente na ques-

tão do acesso. “Acesso a networking, a investidores, a espaços. Não vemos tantos empreendedores negros nesses lugares e não me sinto acolhida”, conta. O cenário mudou após a participação da empreendedora no programa Black Start do Sebrae for Startups, iniciativa do Sebrae-SP de apoio a startups e ambientes de inovação.

“Participar do Black Start foi uma grata surpresa. Tive acesso a pessoas com o mesmo background, mesmos desafios, são empreendedores pretos que veem pessoas pretas como consumidores”, destaca Nathália, que criou o Corporativo para Pretos como uma resposta ao

sentimento de solidão no mercado corporativo. Trata-se de uma iniciativa que dá visibilidade e desenvolve talentos pretos para cargos de alta senioridade e liderança. De acordo com um levantamento da plataforma Vagas.com, apenas 5% das pessoas em cargos de alta liderança são negras no Brasil.

Daiane Almeida, team leader de startups digitais do Sebrae for Startups, reforça o cenário peculiar para os empreendedores negros no mercado de tecnologia. Isso porque, segundo Daiane, o perfil do empreendedor de startup que estampa capas de revistas é de um homem branco, hétero, cisgênero (pessoa

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Nathália Arruda, fundadora do Corporativo para Pretos: “Programa Black Start foi uma grata surpresa”

para inovar

como o Black Start, do Sebrae-SP, ajudam a apontar novos caminhos

que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento), de classe média alta, que cursou uma faculdade de renome, com experiência na área corporativa, ou seja, uma situação que gera falta de pertencimento e afastamento das pessoas com histórias diferentes.

“A trajetória das pessoas negras é diferente e não há essa identificação de se enxergar como um empreendedor de startup. E, por outro lado, acessar investimento ainda é difícil. Eles ficam em um limbo, com necessidades específicas e caracterizando uma situação muito solitária”, afirma Daiane, que foi responsável pelo desenho e execução do programa.

Por conta desse cenário, o programa do Sebrae for Startups foi formatado para trazer mais diversidade ao ecossistema de inovação paulista e focou em negócios em fase de validação. Isso porque os programas existentes no mercado

buscam modelos de negócios já validados, com faturamento, com sócio e dedicação integral.

O programa reuniu 20 startups do Estado de São Paulo e serviu como um projeto piloto para entender horários e modelos de acompanhamento que faziam sentido para esse público. Foram realizados 18 encontros nas chamadas “bordas do dia” - quartas à noite e aos sábados. A ação contou com 34 mentores, palestrantes e gestores de acompanhamento. Todos negros.

“O programa gerou uma situação de pertencimento, dos empreendedores se entreolharem e verem que não estão sozinhos, que é possível sim fazer parte do ecossistema. Hoje, eles se posicionam como startup”, conta Daiane, que prepara novas ações para 2023.

Diferentemente de outros programas, Daiane destaca que o Black Start não focou apenas no negócio.

::STARTUPS PARTICIPANTES

DO PROGRAMA BLACK START::

Afro Esporte

Afroturismo Hub

Alfabantu

ChameGela

Complete Magazine

Demídias

For Black Hands

G&P Finanças Para Mulheres Negras

Limpoo

Results Tech

Rios de Mim

Tapsco

Trick

Ubuntu Hub

WeRockit Learning

X da Questão

“Entendemos que precisávamos transformar o empreendedor para ele transformar o seu negócio”, diz. Para isso, também foram trabalhadas as soft skills, como autoconfiança, liderança, comunicação, trabalho em equipe, tomada de decisão e curiosidade.

IMPACTO

Para Hulda Rode, fundadora da Escreva, o programa do Sebrae foi um divisor de águas e serviu para acelerar um sonho, já que a marca tem em sua essência acolher pessoas, valorizar histórias e gerar influência e autoridade na carreira, aumentar a remuneração e gerar novos negócios.

A empreendedora relata que o Black Start trouxe uma força de união de comunidades. Isso porque ela e o sócio Guilherme Vicente de Morais são negros, e filhos, netos e bisnetos de pessoas negras. Além disso, uma grande parte da equipe da Escreva é negra, e 60% dos novos autores que escrevem são pessoas negras, mulheres, pessoas idosas, e pessoas com deficiência ou diagnóstico de doenças raras. “Tudo isso permite sentir-se em casa e ser acolhido em questões e dilemas que só quem é negro compreende a realidade do Brasil”, afirma Hulda.

A Escreva tem a proposta de ser a casa editorial do novo autor, que dá acesso ao mercado editorial para pessoas eternizarem suas histórias, descobrirem novos mercados e aumentarem sua renda por meio de projetos literários. É como se fosse um hub que conecta pessoas que irão escrever o primeiro livro por meio de uma jornada de desenvolvimento e acompanhamento, dentro de um espaço que promove o conhecimento e o acolhimento às pessoas que sonham em se tornar autores de obras literárias, mas que não sabem por onde começar.

“A nossa participação trouxe consciência da empresa que idealizamos, da demanda de mercado existente e do trabalho que estamos

desenvolvendo no Brasil, mesmo com os desafios que enfrentaremos em cada estágio”, diz Hulda. A Escreva começou o programa com cinco autores e encerrou 2022 com 100 novos e 12 livros publicados.

A Complete Magazine, fundada por Caíque Nucci, também apresentou uma evolução durante o programa. A startup conseguiu se conectar com o ecossistema de inovação, por meio das mentorias, palestras e eventos, ações fundamentais para adiantar uma série de processos da construção do produto e conquista de clientes. “Existir um programa focado em auxiliar empreendedores negros no mercado de inovação é crucial para continuar evoluindo”, diz.

A startup é uma revista “phygital” (física e digital). Nucci explica que não poderia criar apenas uma revista online com conteúdo editorial, mas precisava pensar em novos formatos e algo inovador. “Nós somos uma startup e nos posicionamos assim. Utilizamos novas tecnologias web 3.0, como realidade aumentada, NFT e blockchain para comunicar de formas instigantes, por meio de narrativas visuais, a mensagem que a marca deseja passar”, diz.

A startup segue com o desenvolvimento da tecnologia para lançar a versão beta do WebApp – uma plataforma onde o leitor poderá ter acesso rápido e visualização interativa de editoriais de moda, beleza, casa e decoração, além de acompanhar o bastidor criativo, conectar-se com profissionais do mercado como modelos, maquiadores, stylists, fotógrafos e set designers, ver e provar os produtos que estão na foto com realidade aumentada e ganhar pontos conforme utiliza a plataforma, para trocar por benefícios exclusivos e NFTs.

“Acredito que os maiores desafios que enfrentamos foi de acesso ao ecossistema de inovação, mas conseguimos entender rapidamente como nos movimentar para furar algumas bolhas”, afirma Nucci.

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Como diferenciar minha fachada?

A fachada é a primeira identificação que o cliente tem da empresa; além de representar institucionalmente, ou seja, é a “cara” do negócio, ela precisa, principalmente, ser atrativa o suficiente para ajudar a colocar o cliente dentro da loja e promover as vendas. Uma boa fachada deve transmitir os referenciais da marca e o mix de produtos. Para isso, há técnicas de comunicação e design que ajudam a construir essa percepção na mente do cliente.

A recomendação é buscar profissionais especializados que componham um projeto usando cores, letras e outras simbologias apropriadas para criar a identidade e experiência da marca. A fachada precisa oferecer facilidades de acesso e visibilidade. A venda somente começa quando o cliente está dentro da loja, por isso é necessário validar se essas variáveis estão a favor do consumidor. A dica aqui é fotogra-

Recortes necessários

Como se constrói o futuro? Para o Sebrae-SP, essa é uma construção que envolve várias frentes. Uma delas é a preocupação com a função que temos na sociedade como entidade fomentadora da cultura empreendedora para recortes da população que, por vários motivos, estiveram fora do radar de políticas voltadas ao empreendedorismo. Essa é uma situação que se torna ainda mais desafiadora quando falamos de inovação e economia criativa.

far o atual imóvel, considerando vários ângulos de visão, para então fazer uma análise dos itens que podem receber melhorias.

Outro item que merece muita atenção é a vitrine, que tem como função despertar o interesse pelos produtos e, consequentemente, pela compra. Dessa forma, o lojista tem de estar ciente de que é necessário trabalhar a exposição das mercadorias de maneira estratégica, seja para mostrar os lançamentos, criar uma atmosfera promocional nas datas comemorativas e até mesmo identificar a situação de uso dos itens ali exibidos. O importante é que os produtos expostos tenham sempre uma ligação com a estratégia da loja, permitindo agregar positivamente a experiência de compra. A vitrine não pode se transformar em um simples depósito de produtos. Ela precisa ser o porta-voz daquilo que a loja deseja promover e vender.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

No caso do recorte de raça, ouvimos muitos relatos de pessoas empreendedoras negras que buscavam um espaço onde pudessem compartilhar suas experiências com outras, trocar ideias sobre as dificuldades em reconhecer seu papel como pessoas donas de negócios inovadores e também como fornecedoras de soluções e produtos para pessoas consumidoras negras.

Por tudo isso, nesta edição do Jornal de Negócios destacamos o sucesso do programa

Black Start, realizado pelo Sebrae for Startups, e que cumpre esse importante papel de contribuir para um cenário de equidade racial no ambiente empreendedor – vale citar que a pesquisa “Blackout: Mapa das Startups Negras 2021”, da plataforma BlackRocks Startups, aponta que apenas 25,1% dos fundadores de startups brasileiras se autodeclaram pretos ou pardos.

Ainda que com alcance limitado por enquanto – até o momento, foram atendidas 20 startups com negócios em fase de validação –, o Black Start é a prova do quanto é necessário continuar a investir em capacitação e acesso a mercado para quem está em busca de incentivo para criar, testar e dar tração a seu projeto inovador com preocupação voltada para raça, gênero ou origem territorial. Tudo com a expertise do Sebrae for Startups, eleita a melhor aceleradora do País pela Startup Awards 2022. No ano passado, os 30 programas do Sebrae for Startups foram responsáveis por acelerar mais de 1,1 mil startups, movimentando mais de R$ 150 milhões e abrangendo ações em cerca de 150 munícipios de São Paulo, com 50 parceiros envolvidos.

Os temas da inovação e do empreendedorismo serão uma constante em 2023, e estamos nos preparando cada vez mais para dar as respostas que a sociedade precisa.

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LUCIANI MATIELO Analista de negócios do Sebrae-SP Divulgação ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi-lo: NELSON HERVEY COSTA , Diretor‑superintendente do Sebrae‑SP

Roupas usadas e vida nova

Ao montar um brechó, Selma Olimpio ganhou um novo meio de sustento e saiu

de uma depressão

Rogério Lagos

Com um diagnóstico de depressão profunda e sem motivação alguma para sair da cama, a hoje ex-manicure Selma Olimpio vivia apenas entre o salão de beleza em que trabalhava e sua casa, ambos em Capão Bonito, na região sudoeste paulista. Mas tudo mudou em agosto de 2017, quando sua ex-cunhada a incentivou a abrir um brechó. Mesmo não acreditando na venda de roupas usadas, investiu R$ 800 em algumas peças e passou a oferecê-las pelas redes sociais. Deu certo. Selma vendeu todas as peças e passou a entregá-las de moto pela cidade. “Fiquei animada com as vendas, isso foi me despertando e auxiliando com a depressão”, comenta.

No início alugou apenas a portinha de um galpão, mas depois, com a prosperidade do negócio, ocupou todo o espaço para dar vida ao brechó infantil Mini Chic – e, de quebra, mais uma chance para si mesma.

Passou a buscar cada vez mais mercadorias em outros municípios para levar a Capão Bonito. Cuidava muito bem das peças lavando com produtos de qualidade, passando e mantendo uma higienização que se tornou o diferencial do seu negócio em relação à concorrência, somado ao seu prazer em atender e se relacionar com as clientes. Foi comprando armários, gôndolas e fazendo a empresa crescer no mesmo ritmo em que a sua autoestima aumentava. “Posso dizer que o meu negócio me curou. Hoje, o brechó é o meu refúgio. Eu gosto de levantar e ir trabalhar. Não me vejo mais dentro de casa, triste, sem fazer nada”, comemora Selma.

EXPEDIENTE

Publicação mensal do Sebrae‑SP

Edição impressa

CONSELHO DELIBERATIVO

Presidente: Manuel Henrique Farias Ramos

Passados os primeiros obstáculos, chegou a vez de pensar na gestão da empresa de maneira estratégica. Selma sempre se considerou muito boa em vender e em relacionar-se com os clientes, e na já citada qualidade dos seus produtos, mas havia ainda vários pontos a melhorar. E foi aí que entrou o Sebrae-SP. Desde 2021, a empreendedora buscou capacitação e fez cursos em diversas áreas como finanças, planejamento, atendimento, vendas e marketing. Participou ainda do programa Mulheres Empreendedoras e pôde se conectar com a realidade de outras donas de negócio que passam por situações similares, inerentes ao universo do empreendedorismo feminino.

Incomodada com a fachada de sua loja, ganhou do Sebrae-SP o projeto do novo design e fez o investimento necessário para transformar

DIRETORIA EXECUTIVA

a realidade da sua empresa. “Fiquei encantada com o projeto. Consegui colocar em prática sem precisar de empréstimos, apenas com o dinheiro da loja”, relata. E as mudanças estão fazendo a diferença para o Mini Chic. Desde pouco antes do Natal de 2022 com o novo visual, o brechó vem chamando a atenção das pessoas e aumentando o faturamento. “Estamos vendendo mais, já que nossa clientela aumentou cerca de 40%”, destaca Selma.

Mas, como em todo pequeno negócio, há ainda espaço para melhorar. A empreendedora reconhece que precisa ajustar a gestão financeira do brechó, visto que ainda costuma misturar as contas pessoais com as da empresa. “Vamos aplicar uma consultoria individual de finanças para que ela possa alcançar melhores resultados no faturamento, até mesmo reduzindo cus-

Diretor‑superintendente: Nelson Hervey Costa

Diretor Técnico: Marco Vinholi

Diretor de Administração e Finanças: Reinaldo Pedro Corrêa

JORNAL DE NEGÓCIOS

Unidade Marketing e Comunicação

Gerente: Carla Branco (interina)

ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiárias: Ana Roxo e Maya Ortega. Imagens: www.gettyimages.com.

tos. A Selma é uma guerreira, possui iniciativa, não fica apenas atrás do balcão esperando as coisas acontecerem, mas está sempre à procura de inovação. Sempre motivada, nunca desiste dos seus objetivos e busca constantemente mais resultados positivos”, destaca o consultor de negócios do Sebrae-SP na região Sudoeste Paulista Eduardo Galvão.

Hoje, além das finanças, Selma tem como meta ampliar seu mercado. Apesar de ter grupos de WhatsApp com mais de 500 clientes e consumidoras também em municípios vizinhos, os planos do Mini Chic passam pela criação de uma loja virtual para atender todo o Brasil. E o Sebrae-SP estará ao seu lado nesta jornada. “Faço lives pelas redes sociais desde a pandemia, mas quero mais. Tenho certeza de que conseguimos levar a nossa loja para muito mais pessoas.”

Diagramação: Gibbor Brasil Publicidade e Propaganda. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME, Carlos Raphael do Valle – ME e Ferdinando Ramos Plus Images para o Sebrae‑SP. Apoio comercial: Unidade

Relacionamento: (11) 3177‑4784

SEBRAE‑SP

Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo ‑SP. CEP: 01504‑001

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EDIÇÃO 346 | FEVEREIRO DE 2023 | 9
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Com ajuda do Sebrae-SP, Selma Olimpio repaginou totalmente a fachada da sua loja. No detalhe, o "antes".

Paixão pelo hambúrguer

Inspirado por restaurantes que admirava, Jesus Barbosa criou a The Flavors Burguer no Capão Redondo

“Minha vontade de começar a fazer hambúrgueres surgiu no local onde eu morava, Capão Redondo, periferia de São Paulo. Eu trabalhava com eventos na região do Itaim Bibi e lá tem vários restaurantes de hambúrguer ótimos, e de vez em quando eu almoçava aqueles lanches de qualidade excelente. Quando chegava em casa, eu queria pedir um hambúrguer com a minha mulher e agora sócia, Dai Fernandes, para ter essa mesma experiência, mas não encontrava a mesma qualidade onde eu morava.

Os lanches chegavam frios, não tinham o sabor, o tempero nem o preparo dos que eu via quando estava trabalhando, e isso me chateava, eu queria poder comer um lanche com a mesma qualidade sem precisar cruzar a cidade para isso.

Nunca foi algo pensado para empreender, eu estava realizado na minha profissão. Mas nasceu em mim a paixão pelos hambúrgueres artesanais. Quando a gente come uma coisa boa, a nossa régua eleva e a nossa expectativa também, por isso eu quis começar a tentar fazer meus lanches.

Foi em meados de 2011 que eu comecei a buscar receitas pelo Facebook para criar meu hambúrguer. Eu não tinha a menor noção do que fazer, que ponto deixar a carne, mas eu quis continuar tentando, porque era algo que eu queria fazer para poder comer com a minha família e amigos. Mesmo a primeira tentativa não tendo ficado muito boa, ainda assim estava melhor do que os lugares daqui, então por muito tempo essa foi a nossa receita.

Eu continuava no meu antigo trabalho e comecei a comparar meu hambúrguer com os que eu comia na região, e daí veio a vontade de me aprimorar nas receitas. Foi quando eu consegui aprimorar meu hambúrguer, e meus amigos curtiram

tanto que os churrascos de confraternização viraram ‘hamburgadas’. No começo eu custeava tudo, mas teve uma ocasião em que foram umas 40 pessoas. Quando eu falei que não daria mais para pagar tudo sozinho e comentei que teria que fazer um rateio, achei que todos iriam desistir, mas foi aí que todos concordaram em pagar.

Nisso caiu a ficha: se estão querendo pagar para comer nosso hambúrguer, é porque realmente está bom. Comprei equipamentos, montei uma mini-hamburgueria na varanda de casa para fazer para os amigos, mas nunca foi um negócio.

Em 2019, nos mudamos para Portugal, porém após seis meses tive de retornar ao Brasil para um compromisso profissional, mas quando chegamos aqui tudo deu errado. Logo depois já veio a pandemia, então tivemos que ficar de vez.

Em abril de 2020, decidimos vender hambúrgueres para os nossos amigos somente aos fins de semanas e eles começaram a divulgar; o boca a boca foi essencial nesse começo. Mesmo vendendo só para amigos, eu queria deixar tudo profissional e mandei personalizar todas as embalagens do delivery.

Eu contatei o Pedro Valsas, que é um grande nome no cenário de hambúrgueres, para ele experimentar meus lanches, e ele fez 11 stories no Instagram elogiando tudo, principalmente porque a distância era de 18 quilômetros e o lanche chegou quente, e ele enfatizou que a hamburgueria era no quintal de casa.

O Pedro começou a falar de nós em podcasts e em lives nesse período de pandemia, a clientela começou a crescer, e percebemos que precisávamos de um ponto próprio para a hamburgueria. Hoje em dia, nós movimentamos muito a rua, estamos em uma área residencial, e gente de toda São Paulo vem até nós para conhecer nosso trabalho.

A gente começou com zero conhecimento, ainda no período da pandemia, e eu tentava pensar como cliente, se o produto estava bom, se a entrega e as embalagens estavam boas, a gente sempre pensou em trazer soluções. A gente queria ser diferente na região onde estamos.

Por isso, o Sebrae é hoje uma ferramenta superimportante para o desenvolvimento e crescimento da nossa empresa. É uma fonte de conhecimento para assuntos que

a gente ou desconhece ou conhece muito pouco.

Agora, no fim de 2022, fomos convidados por um parceiro para fazermos parte de um empreendimento gastronômico na Vila Olímpia. Para a gente, é a realização de um sonho, minha vontade de começar a fazer hambúrguer veio de frequentar os restaurantes dessa região e agora saber que o The Flavors Burguer estará nessa região é muito gratificante.”

*Estagiária sob supervisão dos editores

10 | JORNAL DE NEGÓCIOS
Jesus Barbosa e a esposa e sócia, Dai Fernandes: lanchonete é destaque na região

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