Revista Secovi Uberlândia | 30ª edição ESPECIAL| Jul-Ago-Set 2020

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C O R O N A V Í R U S A REALIDADE POR TRÁS DA COVID -19 A DOENÇA QUE ESTÁ MUDANDO A FORMA COMO VIVEMOS. Os últimos meses vividos em 2020 não têm sido fáceis. A pandemia causada pelo Coronavírus pegou o mundo inteiro despreparado. Alteramos nosso ritmo e nossa forma de trabalho, além de outras mudanças que ainda precisamos realizar para nos adaptar ao longo desse tempo. Igualmente difícil tem sido absorver as informações que nos cercam, que em alguns momentos nos deixam fatigados e confusos sem saber o que é verdade ou mentira. Pensando nisso, nós da Revista Secovi, resolvemos procurar uma especialista da área da saúde com a intenção de que ela pudesse esclarecer algumas dúvidas. Entramos em contato com a Dra. Maria Tereza Néri, Especialista em Medicina da Família e Comunidade, CRM 50410, que gentilmente dispôs do seu corrido tempo para esse bate papo esclarecedor e denso. Confira como foi essa conversa: Revista Secovi: Para começar, gostaríamos de saber o que de fato é o tão falado coronavírus, é esse monstro todo que temos visto na mídia ou é algo mais simples? Dra. Maria Tereza: Então, o novo coronavírus é um vírus “novo” porque já existia outros vírus do tipo corona que é esse que tem as estrelinhas em volta dele que parece com uma mamona. Por essa razão, R E V I S T A

S E C O V I

a gente fala que é novo, porque esse vírus vem com algumas características específicas: a maioria dos coronas estava mais ligado a sintomas intestinais, as famosas viroses intestinais, enquanto o vírus novo veio com esse potencial de letalidade, trazendo toda essa novidade ao mundo. A princípio a gente acreditava que seria apenas um vírus respiratório, mas hoje já conseguimos perceber através de estudos que ele é um vírus que não ataca só o sistema respiratório, mas também tem capacidade para causar uma alteração no sangue, que na medicina chamamos de tromboembolia, que é uma alteração na coagulação do sangue. Outros estudos mostram que ele ataca o coração e talvez por isso os pacientes que tenham problemas cardíacos são os que têm tido uma mortalidade maior e ainda tem estudos que mostram que ele pode atacar também o sistema nervoso central. Pacientes que sobreviveram ao covid-19 que não tiveram parada cardíaca e que não tiveram nada que gerasse uma lesão no encéfalo, evoluem com sintomas sugestivo de demência e começam a ter problemas de memória. Então, tudo que é novo e desconhecido é assustador e além de novo e desconhecido ele realmente tem se demonstrado assustador. Ele apresenta um potencial de transmissão muito grande e quando se transmite muito um vírus, por mais que ele tenha uma

letalidade baixa, acaba que o número de pessoas envolvidas é muito grande, por consequência, o número de óbitos também é grande. A princípio se acreditava que ele seria menos letal que a Sars-CoV-2, a gripe do porco, a gripe aviária e outras com as quais todos já tivemos contato, só que, embora ele tem se mostrado com uma letalidade um pouco parecida, a transmissibilidade dele é maior. Por isso o número de óbitos é muito maior e mais assustador, principalmente porque os outros vírus apresentavam o comportamento de atacar o sistema respiratório, enquanto o covid tem atacado múltiplos orgãos além de não termos um tratamento específico. Revista Secovi: Por se tratar de vírus, uma vez que uma pessoa já teve o novo coronavírus é possível que essa mesma pessoa venha a se contaminar novamente? Dra. Maria Tereza: Provavelmente sim. Como a gente ainda está na primeira onda, o que se supõe é em cima dos vírus que a gente já conhece. A maioria dos vírus respiratórios apresenta imunidade provisória, então a gente imagina que esse também desenvolva imunidade provisória, que pode durar de um ano a dois anos ou até mais. Mas é um vírus que está aí há pouco mais de seis meses, então ainda não houve a segunda 16


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