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Isaías

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Referências

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LIVROS PROFÉTICOS

Isaías é o primeiro grande profeta do reino do sul, de Judá. É bem provável que Isaías fosse natural de Jerusalém (Isaías 7.1-3; 22.15), onde teria sido como que um professor, um sábio, enfim, um funcionário. Como filho de Jerusalém, está por dentro das tradições sagradas desta cidade. De acordo com (6.1), Isaías foi chamado ao ministério profético no ano da morte do rei Uzias, por volta do ano 740 a.C., e exerceu sua atividade durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias e possivelmente até o início do reinado de Manassés, numa época de grande agitação política, quando os reis assírios Teglat-Falasar III (745-727 a.C.), Salmanasar V (726-722 a.C.), Sargão II (721-705 a.C.) e Senaqueribe (704-681 a.C.) procuravam conquistar os estados siro-palestinenses e avançar até o Egito.

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Seu pai chamava-se Amós e parece ter sido membro de uma família nobre e influente, isto talvez explique por que tinha fácil acesso ao rei e intimidade com o sumo sacerdote, mesmo durante o reinado de Acaz. Isaías refere-se à sua esposa de “a profetisa” (Isaías 8.3), e teve dois filhos, a quem deu nomes simbólicos e proféticos. O mais velho foi chamado de Sear-Iasub, “um resto voltará” (Isaías 7.3) e o mais jovem de Maer-Salal-Hás-Baz, “toma depressa os despojos, faze velozmente a pressa” (Isaías 8.3).

Uma tradição judaica diz que Manassés teria serrado ao meio o profeta Isaías, amarrando-o ao tronco de uma árvore. Talvez essa seja a referência dada pelo escritor da epístola aos Hebreus (Hebreus 11.37).

O tema dos pronunciamentos de Isaías retrocede aos conselhos eternos de Deus e à criação do Universo (42.5) e vislumbram o período quando Deus vai criar novos céus e nova terra (65.17; 66.22). Nenhum outro profeta escreveu com tão majestosa eloqüência sobre a glória de Deus (40). Todas as nações da Terra são atingidas pelas predições de Isaías (2.4; 5.26; 14.6,26; 40.15, 17, 22; 66.18).

O ministério de Isaías durou a vida inteira, desde a sua juventude até se tornar senhor de idade avançada. Sua vida foi ocupada pela pregação, predição, argumentando com reis, sacerdotes e pessoas, e escrevendo profecias.

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SUA PROFECIA

Embora encontremos em Isaías muitas profecias importantes referentes à cidade de Jerusalém, como também profecias sobre Israel, Judá e as nações da Terra, o Livro apresenta as grandes predições messiânicas nas quais foram preditos: o nascimento de Cristo (7.14; 9.6), Sua Divindade (9.6-7), Seu ministério (9.1-2; 42.1-7; 61.1-2), Sua morte (52.14; 53.12), Seu futuro Reino Milenar (caps. 2.11. 65).

De todos os profetas do Antigo Testamento, Isaías é o mais amplo no seu raio de ação. Nenhum profeta ocupou-se mais detalhadamente com a obra redentora de Cristo. Em nenhum outro lugar do Antigo Testamento encontramos uma explanação tão clara da graça. Devido a isso ele foi chamado de “profeta messiânico” e também de “profeta do Novo Testamento”. De fato ele é amplamente citado no Novo Testamento, seja nos Evangelhos para demonstrar que Jesus era o Messias profetizado, seja nas Epístolas paulinas para confirmar a doutrina cristã.

QUESTÕES DA ALTA CRÍTICA

Os estudiosos da alta crítica puseram em dúvida a autoria do Livro de Isaías. Para eles o Livro não foi escrito por um único autor, mas por dois, que ficou sendo chamado de deutero-Isaías (segundo-Isaías). Outros ainda chegaram a falar em Trito-Isaías (terceiro-Isaías).

Essa opinião se fundamenta principalmente no preconceito que os estudiosos da alta crítica desenvolveram no século XVIII. Eles rejeitaram qualquer forma de sobrenaturalismo e, portanto não podiam aceitar a profecia preditiva. A partir desse ponto de vista, procurou-se explicações racionalistas para profecias que antecipavam grandes acontecimentos históricos. A melhor saída que estes críticos encontraram foi atribuir redações posteriores sobre essas profecias, ou seja, não teriam sido escritas antes dos eventos, mas depois. Como elas se estendiam para um longo período do tempo, a solução foi atribuir esses escritos a dois ou três autores diferentes que teriam vivido após os eventos.

Na verdade, levando em consideração o texto bíblico, Isaías predisse a recons-

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trução de Jerusalém antes mesmo de sua destruição por Nabucodonosor. E na mesma ocasião ele ainda cita o nome de Ciro, o Grande, do império Medo-Persa, que ordenou a restauração de Jerusalém (Isaías 44.28; 45.1). Fato como esse perturbava aos racionalistas. Foram procurar formas de objetar essas profecias.

Esse ataque à autoria e datação não se limitou a Isaías. Todos os profetas que continham elementos preditivos em suas profecias foram alvo dessa distorção. Alguns como Daniel, por exemplo, pela grandeza de suas previsões, foi totalmente contestado, em termos de data, atribuindo-lhe uma data muito posterior ao tradicionalmente aceito.

Entre os argumentos dos críticos para atribuir ao Livro de Isaías a vários autores, estão alegando diferenças de temas e assuntos; diferenças de linguagem e estilo e ainda diferenças teológicas. Essas diferenças são apenas aparentes ou facilmente explicáveis. Os pontos de apoios dos críticos podem ser refutados. A própria duração da vida de Isaías, os períodos e ocasiões diferentes nos quais as profecias foram escritas e a necessidade de se abordar temas diferentes são suficientes para justificar as diferenças.

Lembrando ainda que a literatura profética tenha seu caráter próprio. Não se trata de uma narrativa coesa com começo meio e fim. Na maioria das vezes são oráculos independentes dirigidos a pessoas diferentes, em contextos diferentes que podem variar no tom conforme a necessidade.

Como escreveu o erudito Gleason Archer sobre o Livro do profeta Isaías, “pode ser dito com toda justiça que seria necessária uma dose muito maior de credulidade para acreditarmos que Isaías 40-66 não é obra do Isaías do oitavo século, do que para crer que é realmente sua obra. A julgar pela evidência interna somente, mesmo à parte dos autores do Novo Testamento, uma maneira eqüitativa de tratar o texto só pode levar à conclusão que o mesmo autor fosse responsável pelas duas seções, e que nenhuma parte foi composta numa data tão avançada como era o Exílio”.

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ESBOÇO DE ISAÍAS

I. Profecia de denúncia e convite (1.1–35.10)

a) Mensagem de Julgamento e promessas (1.1–6.13) b) Mensagens concernentes ao Emanuel (7.1–12.6) c) Mensagem de Julgamento sobre as nações (13.1–24.23) d) Mensagem de Julgamento, louvor, promessa (25.1–27.13) e) Os infortúnios dos descrentes imorais em Israel (28.1–33.24) f) Resumo (34.1–35.10)

II. O procedimento de Deus com Ezequias (36.1–39.8)

a) Deus liberta Judá (36.1–37.38) b) Deus cura Ezequias (38.1–22) c) Deus censura Ezequias (39.1–8)

III. Profecia de consolo e paz (40.1–66.24)

a) A garantia de consolo e paz (40.1–48.22) b) O Servo do Senhor, o Autor do consolo e da paz (49.1–57.21) c) A realização do consolo e da paz (58.1–66.24)

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