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Jeremias
LIVROS PROFÉTICOS
Jeremias é originário de uma família sacerdotal de Anatote (el-harrube, perto de anatà), ao nordeste de Jerusalém, terra de Benjamim (Jeremias 1.1). Como Jeremias se considera jovem por ocasião de sua chamada, ele deve ter nascido por volta de 645 a.C. De acordo com as Escrituras sua vocação ocorreu no décimo terceiro ano do reinado de Josias (Jeremias 1.2; 25.3) e exerceu sua atividade, sem interrupção, por mais de quatro décadas, até depois da destruição total do reino de Judá.
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Presenciou a sucessão de cinco reis no trono de Davi em Jerusalém: Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. Josias fez uma reforma, a qual incluiu a destruição dos lugares altos pagãos em Judá e Samaria. Entretanto, a reforma teve um efeito pouco duradouro sobre o povo. Além disso, Josias conseguiu expandir seu território para o norte. Nessa época, a Babilônia, era governada por Nabopolasar, e o Egito, por Faraó Neco, sendo que ambos disputavam o espaço em que estava localizado o reino de Judá. Em 609 a.C., Josias foi morto em Megido ao tentar impedir a Faraó Neco de ir contra o que restava da Assíria. Seus três filhos, Joacaz, Joaquim e Zedequias e um neto, Joaquim, sucederam-no no trono. Jeremias presenciou a insensatez dessa linhagem real, advertindo-os sobre os planos de Deus para Judá, mas nenhum deles deu atenção à sua voz. Jeoaquim foi abertamente hostil a Jeremias e destruiu um rolo enviado a ele, cortando-o em pedaços, logo após queimando-o. Zedequias foi um governante fraco e vacilante, buscando às vezes os conselhos de Jeremias, outras vezes permitindo que os inimigos de Jeremias o maltratassem e o aprisionassem.
Sofonias e Habacuque foram seus contemporâneos no começo do seu ministério; Daniel, no final do mesmo. Parece ter tido boas condições financeiras, uma vez que não lhe custou qualquer ônus a compra da fazenda penhorada de um parente falido.
Suas primeiras profecias, enunciadas durante os últimos anos de Jerusalém, foram principalmente advertências ao povo de que, se não se arrependessem dos seus pecados, sua cidade seria destruída. Depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C., Jeremias recebeu de Nabucodonosor o direito de escolher se queria ir para a
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Babilônia ou permanecer com o remanescente pobre (2 Reis 24.14) do seu próprio povo. Ele preferiu ficar e ministrar ao remanescente. Após o assassinato de Gedalias (41.2 e vv) ele aconselhou o seu povo a permanecer na terra, mas eles foram para o Egito, levando Jeremias e Baruque (43.6,7) com eles. Enquanto esteve lá, Jeremias continuou procurando fazer o remanescente voltar para o SENHOR (cap.44). Ele também predisse a volta de Israel à terra no final dos tempos (23.5-8).
Seu ministério foi difícil, primeiro porque sua mensagem de rendição a Nabucodonosor, rei da Babilônia não podia ser popular de modo algum, parecendo até mesmo algo antipatriótico. Não era uma mensagem agradável. Segundo porque foi proferida em meio aos acontecimentos, isto é, muitas delas tiveram cumprimento dentro do período de sua vida. Tudo isso contribuiu para que ele caísse no desagrado da classe sacerdotal e monárquica, tornando-se uma espécie de pronunciador de maus agouros.
Depois da morte do rei Josias sua situação ficou complicada, com o surgimento de uma facção idólatra e um partido que era a favor de uma aliança com os egípcios. Por sua oposição e isso diversas vezes ele esteve a ponto de ser preso. Foi proibido de entrar na área do Templo. Muitas de suas profecias foram entregues pelo seu amanuense Baruque devido a essa proibição.
Ele teve seu Livro de profecias queimado pelo rei Zedequias. Foi acusado de traidor, pois estava desanimando o coração do povo com a sua mensagem. Sua exortação para que se colocassem sob o julgo de Nabucodonosor soava como incitação à rebeldia. Ainda por esse motivo foi encarcerado e depois lançado em uma cisterna, escapando por pouco com vida. Posteriormente foi levado para o Egito onde profetizou ainda por alguns anos e provavelmente morreu ali.
Ao que parece, sua personalidade era terna e sensível. Amava seu povo de todo o coração e foi muito doloroso entregar-lhes as profecias de que foi incumbido. Passou por provações e perseguições inúmeras que com certeza debilitaram seu físico. Alguns o consideram o homem mais importante de seu tempo. Realmente, ter resistido a todas as tempestades pelas quais passou, comprovam que Deus fez dele uma coluna de ferro e um muro de bronze. Seu nome está merecidamente entre os grandes profetas de Israel.
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Nem só de juízo falou o profeta, trouxe também mensagens de esperança para a nação. Anunciou que uma nova aliança seria estabelecida para substituir a mosaica, realizada no Sinai (31.32). Referiu-se ao Messias como o “Renovo justo”, “Renovo de Justiça” que reinará no trono de Davi e executará julgamento e justiça na Terra (23.5-6; 33.14-17).
ESBOÇO DE JEREMIAS
I. O chamado de Jeremias (1.1–9)
II. Coleção de discursos (2.1–33.26)
III. Primeiro oráculos (2.1–6.30)
a) Sermão do templo e abusos no culto (7.1–8.3) b) Assuntos diversos (8.4–10.25 c) Eventos na vida de Jeremias (11.1–13.27) d) Seca e outras catástrofes (14.1–15.21) e) Advertência e promessas (16.1–17.18) f) A santificação do sábado (17.19–27) g) Lições do oleiro (18.1–20.18) h) Oráculos contra Leis, profetas e povo (21.1–24.10) i) O exílio babilônico (25.1–29.32) j) O livro de consolação (30.1–35.19)
IV. Apêndice histórico (34.1–35.19)
a) Advertência a Zedequias (34.1– 7) b) Revogada a libertação de escravos (34.8–22) c) O exemplo dos recabitas (35.1–19)
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V. Julgamentos e sofrimentos de Jeremias (36.1–45.5)
a) Jeoaquim e os rolos (36.1–32) b) Cerco e queda de Jerusalém (37.1–40.6) c) Gedalias e o seu assassinato (40.7–41.18) d) A fuga para o Egito (42.1–43.7) e) Jeremias no Egito (43.8–44.30) f) Oráculos para Baruque (45.1–5.)
VI. Oráculos contra nações estrangeiras (46.1–51.64)
a) Contra o Egito (46.1–28.) b) Contra os filisteus (47.1–7) c) Contra Moabe (48.1–47.) d) Contra os amonitas (49.1–6) e) Contra Edom (49.7–22) f) Contra Damasco (49.23–27) g) Contra Quedar e Hazor (49.28–33) h) Contra Helão (49.34–39) i) Contra a Babilônia (50.1–3)
VII. Apêndice histórico (52.1–34)
a) O reinado de Zedequias (52.1–3) b) Cerco e queda de Jerusalém (52.4–27) c) Sumário de três deportações (52.28–30) d) Libertação de Joaquim (52.31–34)