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Lamentações

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Referências

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LIVROS PROFÉTICOS

No texto o Livro não recebe título, mas semelhantemente aos Livros do Pentateuco, ele era conhecido pela sua primeira palavra: “Como”, ’eykah uma interjeição que indica espanto, perplexidade e/ou tristeza. No entanto, no decorrer dos séculos os rabinos começaram a referir- se a esse Livro “lamentações” ou “hinos fúnebres”. Os tradutores da Septuaginta seguiram os rabinos ao usar o termo grego para Lamentações. Eles foram um passo adiante e atribuíram o Livro a Jeremias. Por conseguinte, a versões gregas posteriores, a siríaca, a antiga versão latina, a Vulgata de Jerônimo e as versões em inglês e português têm colocado o título: “As Lamentações de Jeremias”.

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Trata-se de um poema fúnebre relatando as misérias e desolações de Jerusalém, resultantes de seu estado de sítio e posterior destruição. O profeta expressa seu profundo pesar sobre aquele evento calamitoso na história do povo escolhido de Deus, a destruição de Jerusalém, em 586 a.C., por Nabucodonosor, rei de Babilônia. O Livro é o terceiro dos cinco Livros que compõem as Meguillot ou “Rolos das Festas” (i.e., Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester), usados em determinadas festas judaicas. Esse triste cântico de Jeremias foi adotado pela nação judaica. 1 Os judeus cantam este Livro todas às sextas-feiras junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, e o lêem nas sinagogas, em jejum, no nono dia de Av, o dia destinado à lamentação das cinco grandes calamidades que sobrevieram à nação.

Pela sua simplicidade alguns afirmam não haver neste Livro nenhum conteúdo teológico significativo. Isto, todavia não é verdadeiro. Soberania, justiça, moralidade, julgamento divino e a esperança de bênção para o futuro distante são temas constantes desse escrito. Mesmo sendo um Livro sui generis, apresenta temas

1. O santuário foi totalmente consumido pelo fogo, no ano 70 d.C, pelo calendário judaico o dia 9 de Av, igual data em que 656 anos antes o primeiro Templo fora destruído por Nabucodonosor. Josefo lamentou: “não poderíamos, porém, nos não admirarmos assaz, de que a destruição desse incomparável Templo, tenha acontecido no mesmo mês e no mesmo dia em que os babilônicos outrora o haviam também incendiado. Esse segundo incêndio aconteceu no segundo ano do reinado de Vespasiano, mil cento e trinta anos, sete meses e quinze dias depois que o rei Salomão o havia construído pela primeira vez; seiscentos e trinta e nove anos, quarenta e cinco dias depois que Ageu o tinha feito restaurar, no segundo ano do reinado de Ciro” (JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD. p. 679).

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comuns a toda a Escritura. O significado mais profundo de Lamentações jaz no fato da intensa preocupação de Jeremias e sua simpatia por Jerusalém revelar o amor e a tristeza do SENHOR pelo próprio povo que Ele está castigando, um fardo semelhante àquele que o Senhor Jesus Cristo expressou em sua lamentação sobre Jerusalém (Mateus 23.37-39).

ESBOÇO DE LAMENTAÇÕES

I. O primeiro poema: a miséria, o pecado e a oração de Jerusalém (1.1–22)

a) A derrota, humilhação, sofrimento e pecado de Jerusalém (1.1–11) b) Falando ao mundo descuidado sobre seu castigo (1.12–19) c) Uma oração por ajuda em grande aflição (1.20–22)

II. O segundo poema: a destruição mandada por Deus e a reação do profeta (2.1–22)

a) Como o próprio Deus destruiu Israel (2.1–10) b) O sofrimento do profeta, desesperança e exortação à oração (2.11–19) c) A oração angustiada de Judá (2.20–22)

III. O terceiro poema: a severidade e misericórdia de Deus; a submissão e a oração do povo (3.1–66)

a) A severidade do castigo conduz a pensamentos de misericórdia (3.1–24) b) Submissão e humildade trazem misericórdia (3.35–39) c) O arrependimento deles chega tarde demais (3.40–47) d) O profeta e o povo confiam em Deus para vindicação no fim (3.48–66)

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IV. O quarto poema: devastação, o resultado da desobediência (4.1–22)

a) A devastação do povo e de seus líderes (4.1–11) b) A desobediência e seus resultados (4.12–20) c) Edom será castigado e Israel será ajudado (4.21–22)

V. O quinto poema: uma oração registrando o sofrimento e apelos finais de Jerusalém (5.1–22)

a) Uma lembrança de seu estado lamentável (5.1–10) b) Ninguém está isento do sofrimento (5.11–14) c) Todo o orgulho e a alegria se foram (5.15–18) d) O apelo final desesperado (5.19–22)

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