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Affonso Eduardo Reidy
Fig. 8. Foto do prédio principal do conjunto. Fonte: Archdaily, 2011
CONJUNTO RESIDENCIAL PREFEITO MENDES DE MORAES (PEDREGULHO) | AFFONSO EDUARDO REIDY
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Arquiteto: Affonso Eduardo Reidy Ano: 1947 Localização: Bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro Área terreno: 52.142,00 m² Materialidade: Concreto
O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho, localizado no bairro Benfica no Rio de Janeiro, teve sua obra realizada entre os anos de 1946 e 1952, e até hoje serve como referência pela sua forma, função e implantação, além da temática da habitação popular.
O terreno destinado à implantação do conjunto habitacional, tem uma área total de 52.142,00 m² e, com isso, sua taxa de ocupação ficou em apenas 17,3%. De conformação irregular e topografia bastante acidentada, alguns pontos de desnível chegam em cerca de 50m.
Com isso, a partir da análise da topografia, foi posicionado o edifício principal, como um grande bloco, e a partir dele houve a distribuição ao longo do terreno das demais edificações, visando a conformação dos espaços a partir das relações criadas entre os distintos elementos.
O edifício principal, com sua forma orgânica, comporta 272 unidades habitacionais, com duas tipologias distintas, com 1 e 2 dormitórios, tendo ao todo 260 metros de extensão, e apesar da diferença em proporção, foi uma referência de forma importante para o projeto que será abordado no próximo capítulo.
Ao todo, são 328 unidades no complexo, separadas em volumes simples, onde a forma indica a diferença de funções. Essa leitura espacial, com a diferenciação de formas atreladas ao uso, foi utilizada como referência, e incorporada ao conjunto habitacional no Jardim Ângela.
Fig. 9. Implantação. Fonte: Archdaily, 2011
No conjunto de Reidy, o prisma trapezoidal foi destinado aos edifícios públicos, o paralelepípedo aos prédios residenciais e as abóbadas às construções desportivas, assim foram incorporados também: Serviços Públicos, Centros Comerciais, Jardim-da-infância, Maternal, Berçário, Escola Primária, Quadras Esportivas, Ginásios, Piscina, Centro Sanitário.
Analisando a implantação do conjunto, fica evidente o protagonismo do grande edifício curvo em relação aos demais objetos, nele há um destaque formal que não se observa com tanta intensidade nas demais edificações
A topografia claramente foi um dos fatores determinantes da implantação do projeto, assim como a insolação; estes elementos, vinculados à sua inspiração do programa Corbusiano, com o vocabulário plástico das soluções de Oscar Niemeyer, acarretaram em sua forma.
Fig. 10. Foto aérea do complexo. Fonte: Archdaily, 2011
Fig. 11. Pilotis. Fonte: Archdaily, 2011
Reidy, sempre buscando relacionar a forma e a função, acabou chegando em soluções formais de controle da luz e ventilação, além da facilidade de circulação. De certo modo, a mesma preocupação acontece no Morar Ideal, buscando levar ventilação às áreas molhadas, aliando forma com funcionalidade.
Alguns outros aspectos do conjunto em si chamam a atenção, como a forma em que a topografia oscila, fazendo com que a construção em pilotis praticamente se acomoda à topografia natural do terreno. Com o auxílio de passarelas para os acessos, o uso de elevadores é dispensado.
Fig. 13. Plantas dos pavimentos do edifício principal. Fonte: Archdaily, 2011
Os pavimento de acesso ao térreo e intermediário possuem uma planta mais livre, apenas com pilotis, criando um espaço de passagem e convívio; já as plantas dos demais pavimentos acomodam os apartamentos mantendo uma circulação horizontal em forma de um corredor contínuo.
As plantas dos apartamentos são divididas em duas tipologias: uma térrea, nos dois primeiros pavimentos, com apenas um dormitório; e uma duplex, com as áreas sociais (cozinha e sala) em um pavimento e dois dormitórios no pavimento de cima.
Fig. 15. Vista aérea do conjunto. Fonte: Vigliecca & Associados, 2012
PARQUE NOVO SANTO AMARO V / VIGLIECCA & ASSOCIADOS
Arquiteto: Vigliecca & Associados Ano: 2012 Localização: São Paulo, SP Área terreno: 21.900 m² Materialidade: Concreto
O projeto de Vigliecca para o Parque Novo Santo Amaro está localizado na zona sul do município de São Paulo, na região dos mananciais da represa Guarapiranga. Se insere em uma área caracterizada como uma região de fundo de vale, com curso d’água central e encostas ocupadas por construções precárias.
A implantação com prédios perimetrais segmentados, mas que em forma, aparentam ser um volume único, resultou em um conjunto que comporta 201 unidades habitacionais, com 11 tipologias distintas, de 52,5m² a 76,5m².
O córrego existente recebia os esgotos das casas e as águas pluviais do entorno, além disso, devido a ocupação irregular, a mata nativa de vegetação ao longo do curso d’água foi praticamente extinta. Partindo disto, o projeto criou um parque linear, sendo este o eixo central que estrutura o conjunto de intervenções, com ele foi possível recuperar não só o córrego, mas toda a área verde. Essa diretriz de regaste da mata nativa e vegetação também é adotada no conjunto habitacional para o Jardim Ângela.
Ao longo deste parque linear, são propostos outros usos voltados para o lazer e esporte, como pontos de atração, playground, pista de skate, campo de futebol, clube e escola. Estes usos potencializam o espaço e estimulam a circulação de moradores.
Fig. 17. Croqui corte. Fonte: Archdaily, 2011
Há patamares com degraus e bancos que se acomodam ao terreno e se incorporam de forma lúdica ao grande desnível topográfico já existente; com isso, foi possível criar anfiteatros abertos, os playgrounds e a própria pista de skate, que com a incorporação de uma densa arborização, proporcionaram adequação ambiental para estes novos espaços.
Fig. 19. Vista aérea. Fonte: Vigliecca & Associados, 2012
Um elemento importante no projeto foi o córrego, que teve seu resgate ecológico, foi canalizado, e a rua projetada sobre ele, recebeu um grande espelho d’água.
Fig. 20. Corte. Fonte: Vigliecca & Associados, 2012
O projeto foi pensado sem a utilização de elevadores, logo, os prédios têm de cinco a sete pavimentos, e muitas vezes se relacionam por passarelas que fazem esta conexão.
Todas as famílias removidas do local para a intervenção foram realocadas nas unidades habitacionais criadas na mesma área, além de atender a demanda de outros setores da região, que também se encontravam em áreas de risco.
Fig. 21. Passarela. Fonte: Vigliecca & Associados, 2012
Tanto a forma segmentada da edificação, a interligação dos blocos por meio de passarelas, como a premissa de realocar as famílias que antes já ocupavam aquele local serão incorporadas no projeto do Morar Ideal do Jardim Ângela.
Fig. 22. Vista da fachada. Fonte: Vigliecca & Associados, 2012