Senge Notícias 2023.1

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CARLÃO AGUIAR: PRESENTE!

ESPECIAL ANIVERSÁRIO DA CHESF marcado por luta pela reestatização

ENTREVISTA

NOVA PRESIDENTA DO SENGE-PE Confira a entrevista PERFIL

DIA INTERNACIONAL DA MULHER marcado por visita às empresas

Informativo do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco | 2023.1 | www.sengepe.org.br
Foto: Acervo Fisenge.
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Perdemos um grande companheiro. Carlos Roberto de Aguiar de Brito, mais conhecido como Carlão, nos deixou no dia 12 de abril. Um grande amigo, lutador e companheiro nas lutas pela vida, pela democracia e pela igualdade social. Um engenheiro competente e um grande dirigente sindical que deixa um legado de conquistas e muitos ensinamentos.

Nosso luto, no entanto, será verbo, e a trajetória de Carlão será inspiração e fortaleza para as demais lutas a serem travadas.

Seguiremos trabalhando pela Eletrobras e pela nossa Chesf, numa luta árdua e permanente pela reestatização da empresa que há 75 anos traz desenvolvimento para o Nordeste e para o Brasil.

Seguiremos, também, lutando pela valorização da engenharia, com a certeza que a saída da crise econômica passa por ela.

Eloisa

Basto Amorim Moraes Presidente do Senge-PE

Eloisa Moraes é engenheira Civil, funcionária da URB/Recife, onde exerce o cargo de Engenheira Fiscal. Especialista em Transporte, Mestre em Engenharia Civil, Bacharel em Ciência da Computação. Foi Diretora do Clube de Engenharia de Pernambuco. No Senge-PE, já participou de diversas diretorias, como Diretora de Divulgação, Diretora da Mulher, e, atualmente, Presidente. Na Fisenge, foi uma das Fundadora do Coletivo de Mulheres e atualmente é suplente da diretoria da Mulher. Foi conselheira regional no Crea-PE por vários mandatos.

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A vitória da esquerda brasileira nas urnas é um marco. Luís Inácio Lula da Silva e boa parte de seu governo, incluindo a ministra da Ciências e Tecnologia Luciana Santos, mudam o rumo nacional e apontam para avanços sociais e econômicos, tendo como norte ademocracia. Nesta conjuntura de renovação de esperanças, pela primeira vez, o Senge-PE está sendo presidido por uma mulher. A engenheira civil Eloisa Moraes assume a entidade e seus novos desafios: retomar a soberania nacional, com valorização da engenharia; agregar à luta de classes aqueles que estão fora do mercado formal, mas que seguem sendo engenheiros e trabalhadores como os demais; e lutar pela igualdade de gênero nos espaços de decisão da engenharia e da sociedade.

Sigamos! De luto, porém com esperança, luta e disposição. Carlão, presente!

Jornal do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco

Jornalista Responsável: Diagramação: Tiragem:

Marine Moraes (DRT 4969/PE) Carol Lima (Moraes Design) LM Gráfica e Editora

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente:

Vice presidente:

Diretora Secretária:

Diretora Financeira:

Divulgação e Cultura:

Relações sindicais: Diretoria da Mulher:

Eloisa Basto Amorim Moraes

Mailson da Silva Neto

Eliana Barbosa Ferreira

Cláudia Fernanda de Fonseca Oliveira

Roberto Luis de Carvalho Freire

Mozart Bandeira Arnaud

Roseanne Maria Leão Pereira de Araújo

SUPLENTES DA DIRETORIA EXECUTIVA

Jurandir Pereira Liberal Maria de Pompeia Lima Pessoa Nielsen Christianni Gomes da Silva

Plínio Rogério Ferreira e Sá Maura Michaela Bellabianca Araújo

CONSELHO FISCAL

Robstaine Alves Saraiva

Claudio de Araújo Lira Clovis Correia de Albuquerque Segundo

Hugo Ricardo Arantes Costa Silvania Maria da Silva

SUPLENTES DO CONSELHO FISCAL

Carlos Roberto Aguiar de Brito José Roberto da Silva

Regina Celli Lins de Oliveira

Esta publicação conta com o patrocínio da

2 LUTO E LUTA
Foto: Thalyta Tavares.
EDITORIAL

CONSELHEIROS REPRESENTANTES DO SENGE TOMAM POSSE NO CREA-PE

Engenheiras e engenheiros eleitos em Assembleia Extraordinária para representar o Senge no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco, CREA-PE, tomaram posse durante primeira Sessão Plenária Ordinária Conselho, que aconteceu no dia 20 de janeiro, às 19h, no auditório da Fundação Gilberto Freyre.

Foram doze engenheiras e engenheiros indicados pelo Senge-PE, divididos nas câmaras de engenharia civil, engenharia elétrica e agronomia, que irão compor o plenário do Crea-PE durante os próximos três anos. Esses profissionais atuarão no Crea-PE, compondo o plenário, câmaras especializadas e comissões nas quais irão apreciar processos relativos ao exercício profissional e discussões afins.

No evento, o presidente do Crea-PE Adriano Lucena convidou os novos conselheiros a atuarem coletivamente na construção de soluções para a sociedade, no debate dos grandes empreendimentos do Estado e na melhoria do atendimento aos profissionais que formam o Sistema Confea/Crea e Mútua.

Para a presidenta do Senge-PE, Eloísa Moraes, o exercício como conselheiro vai mais além. “O conselheiro ou a conselheira não pode perder o foco de sua atuação que é a defesa da sociedade, por isso passa o cuidado com a cidade, seja no que se refere ao dia a dia, como a mobilidade urbana, questões habitacionais, cuidado com o meio ambiente, como também no que diz respeito à preservação do patrimônio histórico”, enfatizou.

Confira abaixo os novos conselheiros que representarão o Senge:

Câmara de Engenharia Civil

Titular: Luiz Fernando Bernhoeft

Suplente: Edinea Alcântara de Barros Silva

Titular: Claudia Ramos de Oliveira

Suplente: Antônio Carlos dos Santos Borges

Titular: Luiz Carlos dos Santos Borges

Suplente: Natanael Araújo de Lima

Câmara de Engenharia Elétrica

Titular: Ermes Ferreira Costa Neto

Suplente: Adir Átila Matos de Souza

Titular: Mozart Bandeira Arnaud

Suplente: Humberto Pessoa de Freitas

Câmara de Agronomia

Titular: Eliana Barbosa Ferreira

Suplente: Claudia Fernanda da Fonseca Oliveira

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ENGENHARIA
Foto: Acervo Senge PE

SOBERANIA ENERGÉTICA E NAÇÃO

A sociedade brasileira se mobiliza e debate o estado democrático de direito, a democracia é imperativo para uma nação justa, fraterna e solidária, sem fome, com oportunidades e cidadania. A tentativa golpista de 8 de janeiro revela a nossa frágil experiência democrática e os desafios para nos constituirmos como nação soberana, altiva, contribuindo para um mundo justo e limpo, política e ecologicamente falando. Neste contexto temos que agir e mobilizar a sociedade para alertar nossa região Nordeste sobre os riscos e desafios resultantes da privatização do sistema Eletrobras e em particular da Chesf, nossa Companhia Hidroelétrica do São Francisco.

A Chesf, essa grande empresa geradora de energia, se constituiu também, numa agência de desenvolvimento regional que impactou profundamente a economia e promoveu desenvolvimento regional, avanços técnicos e científicos com nossas universidades, formou gerações de engenheiros e técnicos qualificados, incentivou a cultura, modernizou agricultura com apoio a sistemas de irrigação, uso múltiplos das águas de suas barragens, possibilitou a transposição das águas para o semiárido, atividades turísticas e programas sociais como o Luz Para Todos, promovendo progresso, inclusão social, oportunidade e cidadania, fortalecendo a economia dos municípios e estados do Nordeste. Sendo assim, a criminosa e suspeita privatização desta empresa provoca impactos graves em diversas áreas.

Promoverá elevação de tarifas e custos de energia, esvazia a Chesf ao transferir suas principais atividades para a sede da Eletrobras no Rio de Janeiro,

destruindo a luta histórica que foi trazer sua sede para o Recife nos anos 70.

Promoverá elevação de tarifas e custos de energia, esvazia a Chesf ao transferir suas principais atividades para a sede da Eletrobras no Rio de Janeiro, destruindo a luta histórica que foi trazer sua sede para o Recife nos anos 70.

Desmonta planejamento energético, prejudica serviços de manutenção e operação com graves riscos de apagões e desabastecimento de carga. Prejudica indústria regional e política de irrigação por introduzir conflitos de interesses na gestão das barragens e vazão do São Francisco. Afeta nossa segurança energética e riscos de sabotagens, como vemos a partir de ações terroristas de grupos ligados ao governo Bolsonaro.

Também nas áreas de pesquisa e ciência, apoio a cultura regional teremos suprimidos recursos essenciais. Portanto faz- se urgente mobilizar toda sociedade, convocar parlamentares, governadores da região, movimentos sociais populares e democráticos, trabalhadores e setores empresariais que se alinhem com nossa soberania, com a democracia e a justiça social. Defesa do trabalho e de um projeto democrático soberano e justo de nação.

75 ANOS DA CHESF E NENHUM MOTIVO PARA COMEMORAR

No dia 15 de março, quando a Chesf comemorou seus 75 anos de história, o SengePE, junto ao Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco, Sindurb-PE, realizou uma ação em frente a sua sede pedindo a reestatização da empresa.

Com o mote “Reestatizar a Eletrobras/ Chesf é defender o patrimônio do povo brasileiro”, dirigentes, chesfianas e chesfianos lamentaram não ter motivo para comemorar.

“Recentemente privatizada, a Chesf agora luta para se manter forte em toda a região Nordeste. Por isso defendemos sua reestatização.

E são vários os motivos para manter público esse patrimônio. Praticamente toda a atual produção de alimentos por meio da irrigação em Petrolina e Juazeiro da Bahia se deve aos investimentos da Chesf na construção e operação do reservatório de Sobradinho. Petrolina se desenvolve cada dia mais com os investimentos da companhia e a operação de Sobradinho”, diz parte do boletim distribuído no ato e elaborado pelo Sindurb-PE.

“75 anos de uma bonita história pelo desenvolvimento do Nordeste, 75 anos que ela vem iluminando o Nordeste. Eu confesso que hoje, como cidadão, nordestino e brasileiro, eu estou

4 ARTIGO
Fernando Ferro. Foto: acervo pessoal.

SENGE COMEMORA DIA DA MULHER COM ENGENHEIRAS

Na última semana do mês de Março, o Senge marcou presença em quatro empresas: Chesf, CPRM, URB/Recife e ONS, para conversar com as engenheiras e geólogas e distribuir brindes em referência ao Dia Internacional da Mulher.

Além de diretores e diretoras da entidade, a diretora geral da Mutua-PE – patrocinadora do eventoRoberta Meneses esteve presente.

A recepção foi calorosa, as diretoras e diretores do Senge puderam apresentar o trabalho da entidade e falar um pouco do Sistema Confea/Crea e Mutua. As engenheiras e geólogas agradeceram pela ação e sugeriram a repetição do evento, para, assim, aproximar mais a entidade de classe das empresas.

“Este é mais um de nossos compromissos! Vamos seguir com ações semelhantes para ficar cada vez mais perto de todas as engenheiras e todos os engenheiros”, afirmou a presidenta do Senge-PE Eloisa Moraes.

com medo. Com medo do desmonte que está sendo feito nesta empresa, com a quantidade de empregados que estão sendo desligados, temo que o serviço da Chesf fique comprometido. Nós teremos sérios problemas com isso. Portanto,

permanecemos na luta pela reestatização, sabendo que esse é a melhor saída para o Brasil e, especialmente, para o Nordeste”, discursou o diretor de relações sindicais do Senge-PE Mozart Arnaud.

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Foto: Acervo Senge-PE. Dia da Mulher na CPRM. Foto: Acervo Senge-PE. Dia da Mulher na URB. Foto: Acervo Senge-PE. Dia da Mulher no ONS/Recife. Foto: Acervo Senge-PE Dia da Mulher na Chesf. Foto: Acervo Senge-PE.
MULHER

MANDATO 2019/2022 DO SENGE-PE É MARCADO POR RESISTÊNCIA E RESILIÊNCIA

Os desafios foram imensos. A diretoria do Senge-PE, que assumiu em 27 de dezembro de 2019, sempre será lembrada pela sua resiliência e capacidade de adaptação. Dois anos após a aprovação da Reforma Trabalhista que extingue a contribuição sindical, o Senge-PE precisou se ressignificar para seguir lutando pelos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores, sem correr risco de fechar as portas. “Nosso primeiro desafio foi estudar possibilidades para manter o sindicato atuante e de portas abertas. Precisamos reorganizar a estrutura da entidade, adaptando-a a nova realidade financeira. Foi feito cortes, muitos, inclusive, contra a nossa vontade para garantir a continuidade das atividades”, explica o então presidente Mozart Arnaud. Mesmo diante da dificuldade financeira, a entidade fechou o mandato sem prejuízos, com a conta no azul e com expectativas de melhorias para os próximos anos.

O maior desafio, porém, passou longe das questões descritas anteriormente. A crise econômica nacional colocou as empresas de engenharia em situação de alerta e também construiu um cenário para que as mesmas escolhessem por um caminho de desvalorização profissional e retiradas de direitos já conquistados. “Pela primeira vez, nos vimos lutando contra a retirada de direitos, ao invés de lutar por avanços. Várias empresas optaram por cortar benefícios, não aprovar o aumento anual, nem mesmo pelo valor da inflação. Tivemos negociações duras e intensas, nas quais, algumas vezes, os trabalhadores optaram por retrocesso em troca da manutenção do emprego. Ainda assim, fomos vitoriosos em alguns acordos coletivos de trabalho, mantendo os direitos e garantindo avanços”.

Outro grande desafio foi se adaptar às medidas de isolamento impostas pela pandemia da Covid-19. Foram dois anos de funcionamento apenas virtual, com reuniões online, assembleias com trabalhadores sem o contato físico e adaptação ao que foi denominado o ‘novo normal’. “A pandemia foi uma surpresa para todos. De um dia para o outro, tivemos que mudar tudo, lidar com a distanciamento físico, buscar ferramentas para adequar nosso trabalho. Manter o sindicato de portas fechadas foi muito prejudicial, mas ainda assim investimentos em outros canais de comunicação e buscamos estar presentes, mesmo que virtualmente, nas lutas da categoria. Participamos de diversas assembleias online, fizemos nossas reuniões virtuais e conseguimos manter o Senge em funcionamento”, afirma.

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Em três anos, diretoria lutou bravamente contra retrocessos nos acordos coletivos de trabalho, enfrentou uma pandemia e resistiu às medidas aprovadas pela Reforma Trabalhista, que prejudicaram as atividades sindicais com a extinção da contribuição sindical.
Encontro Estadual do Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco. Foto: Rennan Peixe. 86 anos do Sindicato dos Engenheiros. Foto: Rennan Peixe.
SENGE-PE
“Pela primeira vez, nos vimos lutando contra a retirada de direitos, ao invés de lutar por avanços.”

Além dessa questão, a categoria precisou lidar com a privatização da Eletrobras/Chesf, que aconteceu em junho de 2022, o que deixou várias engenheiras e vários engenheiros em situação de instabilidade profissional e financeira e sujeitos a ameaças. Além, claro, da forte ameaça à soberania nacional. “A privatização da Eletrobras junto com suas subsidiárias, a Chesf, por exemplo, é um enorme absurdo cometido contra a soberania do nosso país. O Senge-PE continuará lutando para reverter este processo lesivo ao povo brasileiro”.

Apesar do cenário devastador, o Senge-PE permaneceu atuante e participou ativamente de todas as lutas pela democracia, pela soberania do país e pela retomada da economia. Participou ativamente das mobilizações contra a privatização da Eletrobras, junto aos petroleiros contra a privatização da Petrobras, junto aos metroviários construiu o Fórum Permanente pela Mobilidade e Defesa do Metrô. Participou das negociações coletivas da Chesf, ONS, Compesa e demais empresas. Trabalhou pela igualdade de gênero dentro dos espaços de decisão, realizando o 1º Encontro de Mulheres Engenheiras de Pernambuco e participando ativamente da construção do Programa Mulher do Crea-PE. Realizou o Seminário do Setor Naval junto a entidades nacionais de engenheiros e metalúrgicos. E manteve, dia após dia, o sindicato em pleno funcionamento e a diretoria ativa nas lutas pela engenharia e por uma sociedade com democracia, justiça e igualdade.

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BRASIL
Seminário Nacional do Setor Naval. Foto: Thalyta Tavares. Seminário Nacional do Setor Naval. Foto: Thalyta Tavares. Encontro Estadual de Engenheiras. Foto: Thalyta Tavares. Ato junto aos Petroleiros em Suape. Foto: Acervo pessoal.
“A privatização da Eletrobras junto com suas subsidiárias, a Chesf, por exemplo, é um enorme absurdo cometido contra a soberania do nosso país.

ENTREVISTA COM A NOVA PRESIDENTA DO SENGE-PE: ELOISA MORAES

A engenheira civil Eloísa Moraes é a primeira mulher a assumir a presidência do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco, depois de mais de oito décadas da entidade. A seguir, ela fala um pouco sobre os desafios nesta nova tarefa e enfatiza que a gestão é coletiva e o maior objetivo do grupo atual é agregar engenheiras e engenheiros pernambucanos das mais variadas modalidades, inclusive aqueles que trabalham como autônomos e pequenos empreendedores. Sem perder de vista, claro, a luta pela soberania nacional e pela valorização da engenharia como um dos caminhos para o desenvolvimento econômico e social brasileiro.

SENGE - Eloísa, como é ser a primeira mulher a ocupar esse espaço tão importante para a categoria?

ELOISA MORAES - Desafiador. Espero que possa contribuir para a valorização dos engenheiros e das engenheiras, sempre objetivando dar visibilidade e abrir os mais variados espaços de fala, lutas, reinvindicações e acolhimento. O Senge é um sindicato plural, que representa as mais diversas modalidades da engenharia, temos associados de diversos campos de atuação e é esta característica que pretendo explorar.

SENGE - Como foi, até o momento, sua trajetória dentro do movimento sindical da engenharia? E dentro do Sistema CONFEA/CREA/Mutua?

ELOISA MORAES - Foi um caminho natural de conquistas de espaços, na diretoria do Senge, como conselheira do Crea-PE, ,participando do coletivo de mulheres da Fisenge, fazendo parte da diretoria da Fisenge, e estando perto das diversas entidades de classe. Fui a primeira engenheira de Pernambuco a me associar à Mutua. Valorizando os espaços ocupados, buscando ter visibilidade. Participo de movimentos pela engenharia desde muito cedo, na universidade ainda, participei de diversos eventos e cursos no Clube de Engenharia de Pernambuco, que foi uma referência para meu aprendizado profissional nos debates sobre os diversos temas na engenharia pernambucana e nacional.

SENGE - Quais as maiores alegrias e dificuldades que você encontrou em sua jornada?

ELOISA MORAES - Acho que tive mais alegrias do que dificuldades. Consegui trabalhar na minha profissão recém-formada, e esta condição me fez desenvolver de forma muito gratificante minha trajetória. Sou filha de engenheiro e convivi com os desafios da profissão desde sempre. Tive o privilégio de ter um professor, meu pai, que me deixou de legado o amor à engenharia. As dificuldades encontradas são as mesmas de qualquer profissão, enfrento um meio muito competitivo, onde as remunerações são baixas, o ambiente de trabalho é hostil e um tanto inóspito.

SENGE - O que a categoria pode esperar como principal marca de sua gestão?

ELOISA MORAES - Principalmente o acolhimento nas mais diversas demandas. Em especial na valorização da Engenharia, como profissão de alta relevância para o desenvolvimento do país. Abriremos o Sindicato para uma nova realidade sindical, buscando atrair também os profissionais autônomos em suas mais diversas formas de trabalho.

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ENTREVISTA
“Abriremos o Sindicato para uma nova realidade sindical, buscando atrair também os profissionais autônomos em suas mais diversas formas de trabalho.”
Foto: Thalyta Tavares.

SENGE - A nova diretoria do Senge-PE tem uma composição igualitária no que se refere à questão de gênero. Sabemos que esse é um fato inédito. Como você descreve o caminho percorrido até aqui para chegarmos a esse cenário?

ELOISA MORAES - O Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco, pelo menos nas três últimas décadas, teve na sua diretoria a participação de mulheres, e esta participação sempre foi de maneira ativa e propositiva. O aumento do número de engenheiras na diretoria se deu de forma natural e gradativa. Nossas gestões sempre foram democráticas com a participação efetiva das mulheres nas decisões e em particular no Senge Pernambuco, culminou na reforma do nosso estatuto com a inclusão da Diretoria da Mulher na executiva.

SENGE - De que maneira você pensa que os sindicatos podem aumentar a representatividade feminina nas suas gestões? E no sistema CONFEA/ CREA/Mutua?

ELOISA MORAES - Na minha opinião é dando visibilidade às mulheres que estão nas entidades e atraindo novas engenheiras com pautas que sejam atrativas, mostrando a importância da ocupação dos espaços.

SENGE - Como o sindicato deve atuar para garantir sua sustentabilidade financeira?

ELOISA MORAES - Manter os associados e atrair novos, com uma gestão moderna e participativa, buscando oferecer serviços tanto para os empregados formais como para os autônomos.

SENGE - Como o sindicato deve atuar para garantir sua sustentabilidade financeira?

ELOISA MORAES - Façam Engenharia! Sejam profissionais competentes e éticos, atuem coletivamente – seja em sindicatos, associações ou qualquer outro modelo de grupo organizado. Juntos conseguimos avançar e nos fortalecer. A engenharia é um dos principais motores para uma sociedade economicamente forte, soberana e igualitária, mas a luta pela valorização da nossa profissão e, consequentemente, da nossa categoria, é coletiva, então precisamos estar juntas e juntos. Há esperança de dias melhores para todas e todos, com organização e persistência nosso país volta a ser feliz e teremos muito trabalho para arregaçar as mangas e contribuir. Mãos à obra!

SENGE - Quais serão os principais desafios de sua gestão?

ELOISA MORAES - Manter o Sindicato atuante, com credibilidade e buscando atender as demandas da categoria.

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“Nossas gestões sempre foram democráticas com a participação efetiva das mulheres nas decisões”
Foto: Diego Leon Foto: Thalyta Tavares.

CARLÃO, UM LUTADOR

“Carlão, um profissional da engenharia que a exerceu em sintonia com o social. Trabalhou por décadas na Chesf, onde exerceu cargos importantes, e suas decisões sempre foram com justiça, procurando diminuição das desigualdades. Teve destaque e grande relevância na sua atuação no movimento sindical.”

Mozart

Carlos Roberto Aguiar de Brito, nascido em 27 de novembro de 1949 na cidade do Recife-PE. Filho da senhora Tereza Aguiar de Brito e do senhor João Mariano de Brito, Seu João e Dona Terezinha. De origem humilde, desde muito novo começou a trabalhar, trabalhava na mercearia dos pais, no bairro da Várzea. Desde então, já pensava e sonhava com uma sociedade mais justa e um país democrático.

Formado em engenharia pela UFPE, aluno da turma de 75 que, de acordo com o próprio em entrevista concedida em 2016 ao Projeto Memórias do Senge-PE, “era uma turma muito politizada, eu tive muita sorte, a começar pelo (então) deputado Fernando Ferro, José Ailton, Sebastião, Pompeia – que era de outra turma, mas andava com a gente, e Mozart”.

Após formatura, conheceu o movimento sindical, atuando no sindicato dos eletricitários. E daí em diante nunca saiu das trincheiras da luta. Participou de movimentos contra a ditadura, das greves de 1979 e 1982. Fez parte do movimento que tirou o Senge-PE do comando da “pelegada”, trazendo-o para a luta dos trabalhadores. Participou do Clube de Engenharia de Pernambuco. No Senge-PE, foi presidente por dois mandatos e participou de várias outras diretorias. Foi o primeiro presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, Fisenge. Foi conselheiro e diretor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE).

Amigo, companheiro, militante, dirigente e lutador. Pai de Andrea, de Bruno, de Marina e de Maria. Carlão, como era conhecido, nos deixou em 12 de abril de 2023. Deixou também seu legado, seus sonhos e seu exemplo.

Carlão, presente!

“Conheci o amigo e militante Carlão na luta em defesa dos trabalhadores e dos desfavorecidos. Se há um título a ser atribuído a ele, esse título é: GUERREIRO. Você honrou sua passagem por esse plano.”

José Hollanda, presidente do Sindurb-PE

“GRATIDÃO! O Engenheiro Carlos Roberto Aguiar de Brito, o CARLÃO foi uma pessoa excepcional. As limitações da linguagem impedem descrevê-lo em toda sua completude. Pessoa humana de sensibilidade ímpar; profissional dedicado; líder natural; amigo de todas as horas; lutador incansável. Juntamente com o saudoso engenheiro Luiz Carlos Soares, o imprescindível, e outros companheiros e companheiras, Carlão construiu as bases da nossa Federação de Sindicatos de Engenheiros, nossa querida Fisenge. Tive o privilégio de conviver com eles e tive em Carlão o companheiro, o líder, o mestre, com quem muito aprendi. Sua alegria de viver é uma marca indelével que nos acompanhará para sempre! Obrigado, Carlão!

Nossa eterna admiração e gratidão!!”

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ESPECIAL
M0zart, Carlão e Ana. Foto: acervo pessoal. Foto:Acervo Fisenge. Arnaud, engenheiro eletricista, chesfiano e diretor do Senge-PE Paulo Bubach, engenheiro civil e ex presidente da Fisenge

LUTADOR INCANSÁVEL

“GREAT MAN

Quando o historiador escocês Thomas Carlyle realizou, em maio de 1840, as seis conferências dedicadas, cada uma, às categorias de grandes homens por ele classificados: o herói como divindade, como profeta, como poeta, como sacerdote, como homem de letras e como rei ou revolucionário, sua visão estava estreitamente relacionada à “História Universal”, a história “do que o homem alcançou neste mundo” ou, mais explicitamente “a História do Grande Homem que aqui trabalhou”. Disse ele que sem o grande homem, certâmente, não teríamos história universal – sem seus pensamentos, seus sentimentos, não haveriam feitos ou eventos a serem lembrados.

Carlos Roberto Aguiar de Brito, companheiro que pode ser classificado como revolucionário, teve muitos grandes feitos, pensamentos e sentimentos para lembrar e guiar seus companheiros e a sociedade em geral em direção ao futuro. A importância da contribuição que Carlão deu para o Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco – Senge/PE, a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

- Fisenge, o Sistema Confea/Crea, a engenharia nacional e os trabalhadores desse país, o credenciam a ser reconhecido como um verdadeiro “Grande Homem que aqui trabalhou” e que nunca deixará de ser lembrado pelas pessoas que fazem esse nosso universo.”

Carlão tem uma história muito bonita, de dedicação aos engenheiros, aos trabalhadores, ao país. Essa história fica conosco, pertence a todos nós que o conhecemos. De alguma forma, ele próprio fica em nós.

Conheci o Carlão em um encontro de engenheiros, no começo do processo de abertura política. Liderança natural e respeitada por todos, foi um dos principais responsáveis pela fundação da Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).

Mesmo nas fases mais duras da vida, Carlão nunca deixou de atuar no movimento sindical. O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ) está estudando uma maneira de homenageá-lo com um marco permanente, para que as novas gerações não percam de vista o exemplo admirável do companheiro.

Saúdo meu camarada, meu amigo, que continua comigo, no meu afeto e na minha memória.

Carlão, presente!”

Olímpio Alves dos Santos, presidente do Senge RJ

“Viver, Amar, Aprender e Deixar um Legado. Carlão viveu intensamente, sempre disposto a ajudar, não só aos amigos, mas a todos aqueles que precisassem da sua ajuda.

Amou a vida com alegria contagiante e criatividade para tudo o que conquistou em vida, sempre à custa de muito trabalho.

O aprendizado que as pessoas tiveram com ele, tanto no meio social quanto no meio profissional, ajudaram a construir muitas pontes, onde tantos preferiram construir muros.

Carlão deixa um legado de perseverança, competência e exemplo aos que se preocupam com o bem estar da sociedade “pero sin perder la ternura jamás”.”

“Homem sincero, com profunda energia, se dedicou à engenharia, se dedicou às causas sociais. Sempre atento e vigilante aos desafios e movimentos políticos. Em 2015, em um evento da Fisenge chamado “Brasil Soberano”, Carlão em seu pronunciamento falou “se é pra pegar em armas, não contém comigo”. Isso foi um sinal, uma grande mensagem, porque essa mensagem foi quando ainda estávamos adormecidos em relação ao que viria num breve futuro. Sua visão despertou na sociedade um outro movimento, uma outra leitura das perspectivas políticas que se avizinhavam. Esse é o Carlão que eu sempre admirei, e vi nele um grande companheiro. Inicialmente, via que ele era bastante visceral, mas com passar do tempo vi que era uma maneira genuína de decodificar a política no sentido lato sensu.

Então, é essa a mensagem que ele deixa. Foi combatível na ditadura, um dos que mudou o sindicalismo brasileiro. Constituiu a sua família e constituiu um excelente e vibrante legado para a engenharia.”

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Roberto Freire, engenheiro eletricista e presidente da Fisenge Olímpio Alves dos Santos, presidente do Senge RJ Mailson Silva Neto, engenheiro eletricista, chesfiano e vice presidente do Senge-PE
Dedicação, liderança, afeto.
Carlão no Consenge. Foto: Acervo Fisenge.

Nesse abril de 23, Carlão nos deixou. Depois de longa luta partiu o nosso companheiro, colega, irmão de caminhada. Incansável lutador, articulador e sério no que fazia como tarefas, nos deixa um vazio dolorido e uma profunda tristeza.

Carlão da Escola de Engenharia, sempre um sorriso, uma piada e convívio fraterno, o bom humor nas horas fáceis e nas desafiadoras, o brilho nos olhos e a festa do coração tricolor em eterna pendenga com torcidas vítimas do então imbatível Santa Cruz.

O Carlão da Chesf, sempre solidário aos colegas de trabalho, coração fraterno e responsável nas tarefas individuais e coletivas, cumprindo seus compromissos com invariável alegria no que fazia.

O Carlão militante incansável tomando consciência nos embates do movimento sindical, naqueles duros tempos de resistência à ditadura, nas greves e nas mobilizações sempre alinhado nas primeiras trincheiras da luta pela organização e pelos direitos do povo trabalhador. Carlão militante e logo assumindo o posto de Carlão Dirigente. Tomando a frente, convocando, aglutinando e participando das disputas e ocupando cargos no comando sindical do Senge-PE. Daí partindo para organizar e agregar colegas nas frentes de luta por sindicatos democráticos, participativos e politizados do seu papel de cidadania.

Carlão agindo nacionalmente com colegas de outros estados em defesa da engenharia nacional, dos sindicatos com cidadania e claros compromissos políticos, além dos corporativos. Carlão à frente da organização da Fisenge, a Federação de Sindicatos de Engenheiros, da qual foi o primeiro presidente e ocupante do posto em período rico de organização e participação política.

Carlão militante político e engajado na luta pela democracia, na luta antifascista para reconduzir o Brasil a seu caminho de nação democrática, justa, solidária e fraterna.

Carlão não morreu, se encantou, se transferiu e deixou lições, tarefas para serem continuadas e, nossa maior homenagem será honrar, proteger e dar continuidade aos seus sonhos.

Carlão sempre presente nas lutas. Honra e homenagens ao bravo guerreiro!”

Fernando Ferro, engenheiro eletricista, chesfiano e ex deputado federal

“Conheci Carlão em 1973, na Escola de Engenharia da UFPE. Nos formamos juntos em 1975, em Engenharia Elétrica e em 1976 entramos na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf. Participamos juntos dos movimentos pela Redemocratização do país, em todas as frentes, nos movimentos sociais e no movimento sindical. Em alguns momentos separados pela opção partidária, porém sempre juntos nos ideais de uma vida melhor para o trabalhador brasileiro.”

Sebastião Lins, engenheiro eletricista, chesfiano e amigo da turma de 75

“Há pessoas que estão em nossas vidas com sua presença, com seus ideais, com sua alegria, com seus ensinamentos, com sua amizade, com sua lealdade, com sua bravura, com sua vida.

Carlão será sempre presente em nossas vidas!

Sua vida foi de convivência, de colocar sua mão para impulsionar os jovens, ser coerente com sua história. Ele lutou por tudo que acredita. A sua vida pode ser registrada como resistência, resiliência. Com coragem que só os bravos são capazes de ter e ser.”

“Quando um mestre, incentivador e amigo se vai, o vazio que fica é imenso. Aprendi muito com Carlão apesar do meu curto caminho ao seu lado neste mundo. Um homem de posições firmes e de visão, que se importava com a engenharia nacional e com o povo brasileiro, que nunca desistiu. O Brasil ganhou muito com sua trajetória de luta. Vamos continuar sua luta e honrar o seu legado.”

Roseanne Araújo, engenheira eletricista, chesfiana e diretora do Senge-PE

“Companheiro Carlão, um homem íntegro e humano, partiu para casa do Pai deixando saudades e lembranças de lutas por grandes causas, sempre ajudando a construir e realizar os sonhos das pessoas, criou a sua própria história e o seu legado. Descanse em paz.”

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Fernando Neves, diretor do Sindurb-PE e da Frune Adriano Lucena, presidente do Crea-PE Confraternização da turma de Engenharia de 1975 Foto: Acervo pessoal. Foto:Acervo Fisenge.

“Carlão fez história! Sempre com um sorriso no rosto, que era sua marca, dono de uma personalidade forte, firme e sensível. Competente na sua vida profissional e sindical deixará exemplos de lutas e conquistas. Homem íntegro, amigo e solidário deixará saudades.”

Eloisa Moraes, engenheira civil e presidente do Senge-PE

“Eu conheci Carlão na retomada da luta dos engenheiros em Pernambuco. Juntos, em 1983, tomamos o Sindicato dos Engenheiros da direita. Juntamos vários órgãos como Chesf, Sudene, outros órgãos federais, e Carlão foi peça chave nessa articulação. Carlão fez parte da primeira diretoria do Senge-PE, foi eleito para representação na Federação.

Fizemos um bom trabalho, nos três primeiros anos à frente do Sindicato, rearticulamos todo movimento sindical aqui em Pernambuco, foi exatamente no período da construção da Central Única dos Trabalhadores. Carlão foi um companheiro que esteve por muitos anos à frente do movimento dos engenheiros, tanto a nível estadual, quanto a nível nacional. E não só dos engenheiros, mas ele também protagonizava outros movimentos, foi, inclusive, candidato a vereador.

Lutamos pelas diretas, pelo direito ao voto, foram inúmeras batalhas e ele nunca mudou de lado. A única diferença que nós tínhamos é que ele torcia pro Santa Cruz e eu pelo Náutico.”

Jurandir Liberal, engenheiro civil, diretor do Senge-PE e ex vereador do Recife

“Carlão, um companheiro de vida.

“Conheci o companheiro Carlão quando ele foi presidente da Fisenge. Foi uma grande liderança sindical dos engenheiros, sempre defendendo de forma firme os interesses dos trabalhadores. Quando fui presidente da Fisenge, ele sempre contribuiu muito com a Federação, mesmo fora da diretoria. Participou ativamente dos Consenges, inclusive do último, de forma virtual. Como um dos fundadores da Federação, Carlão sempre manteve aceso e firme o espírito de luta e de dedicação por uma engenharia voltada para o povo brasileiro. Ele lutou toda uma vida sem tergiversar e foi fiel aos princípios de solidariedade e de justiça social. Carlão deixa um legado para a engenharia nacional, para a luta popular e para o país. ”

Pessoalmente, convivi com Carlão a partir de 1972. Cursávamos o “Ciclo Básico” na UFPE. Estudava em sua casa, aonde fui sempre muito bem recebido por seus pais, Dona Terezinha e Seu João. Pessoas simples que lutavam para que o filho único tivesse uma trajetória de vida diferente da deles. Creio que tiveram êxito. Muito estudo, muitos porres e farra fizemos juntos.

Depois de formados, fomos trabalhar na CHESF e fizemos Pós-Graduação em Itajubá em 1977. Depois começamos na luta sindical. Carlão sempre mais ligado ao movimento sindical dos engenheiros, eu ao movimento dos urbanitários.

Em 1982 um grupo de 25 sindicalistas foi demitido após uma grande greve na CHESF, Pompeia e eu estávamos neste grupo, voltamos em 1985. Carlão não estava neste grupo, mas em 1990 novamente a demissão pairou sobre os trabalhadores e desta vez Carlão não escapou. Era um período de intensas lutas sindicais, de filhos novos e ainda de muitos porres.

As lutas sindicais e partidárias no PT, com suas vitorias e derrotas, nos unia cada vez mais.

“Muito mais que um companheiro e militante, Carlão foi meu amigo pessoal, por quem eu tive apreço muito grande. Sempre que íamos a Pernambuco, eu ia visitá-lo e marcávamos almoços para colocar o papo em dia.

Carlão foi uma pessoa muito bem-humorada com um alto astral ímpar e sintonizado à situação política do país. Carlão lutava por uma sociedade justa e solidária sempre com primazia ética com a classe trabalhadora. A engenharia nacional e o Brasil perdem muito com a morte de Carlão que dedicou sua vida à luta.

Honraremos sua memória levando seu legado adiante em cada luta do povo brasileiro, em cada manifestação, em cada reivindicação popular.

Este é o nosso compromisso com a história de Carlão, meu amigo e companheiro de tantas lutas.”

Carlão, diferentemente da maioria dos companheiros sindicalistas, não se proclama ateu e mantinha uma relação respeitosa com a Religião Católica, que herdara dos seus pais. A longa batalha que travou com o câncer afastou-o das farras e aproximou-o da Religião.

Eu e Pompeia sempre mantivemos com ele uma relação de muita amizade. Com o nascimento de Maria, Fernandinha e ele convidaram Pompéia para ser madrinha, assim mais que amigos, Compadres, confabulando sobre as mesmas visões de mundo e de indignação com as iniquidades sociais.

A amizade só cresceu com o passar do tempo, temperada pela convivência partidária no PT, Sindical e com Pompeia adicionalmente religiosa.

Teríamos muitas histórias a relatar, mas neste momento oPTamos por ficar com as lembranças e a imensa saudade.”

Pompeia Pessoa, engenheira eletricista, chesfiana e Diretora do Senge-PE

Zé Ailton, engenheiro eletricista, chesfiano e ex Diretor de Operações da Chesf

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Carlos Roberto Bittencourt, engenheiro agrônomo, ex-presidente da Fisenge e atual diretor financeiro da Federação Clovis Nascimento, engenheiro civil e sanitarista, ex-presidente da FISENGE e atual secretário-geral Foto:Acervo Fisenge.

Benefícios

ENGENHEIRA E PERNAMBUCANA NO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Engenheira

eletricista e pernambucana, Luciana Santos é a primeira mulher a assumir o ministério

Em janeiro deste ano, a engenheira Luciana Santos assumiu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal. Entre os compromissos assumidos, ela enfatiza que vai trabalhar para que a ciência e a tecnologia sejam pilares do desenvolvimento social, com um olhar atento para a atualização das bolsas de pesquisas do CNPq e da Capes, “essenciais para o capital humano”, conforme citou em seu discurso de posse.

“Quero destacar nosso compromisso com a expansão e consolidação do Sistema Nacional de CT&I com redução das assimetrias regionais e ampliação do programa de bolsas do CNPq. Apoiaremos projetos estruturantes de complexos industriais tecnológicos e de inovação em áreas como saúde, informação, comunicação digital, energia, alimentos e Defesa. Daremos prioridade à estruturação de um programa integrado de desenvolvimento da Amazônia. Retomaremos o programa de satélites de sensoriamento remoto em parceria a China, viabilizando as missões CBERS 5 e 6”, listou.

PERFIL DE LUCIANA SANTOS

Luciana Santos é formada em engenharia eletricista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É presidente nacional do PCdoB. Antes de chegar ao cargo, foi deputada federal por dois mandatos (20112018), prefeita de Olinda, deputada estadual, além de ter sido a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora do estado, em 2018. Ela também presidiu o Instituto de Pesos e Medidas de Pernambuco e a secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.

Luciana, que é a primeira mulher a assumir a pasta, também ressaltou que entre suas prioridades está a luta por mais espaços para meninas e mulheres na comunidade científica, que ainda é majoritariamente masculina.

Para a presidenta do Senge-PE, Eloísa Moraes, ter Luciana Santos a frente do Ministério de Ciências e Tecnologia é um avanço. “Luciana é comprometida com a comunidade científica e acadêmica, além de conhecer de perto os anseios nordestinos. Confiamos em sua atuação e estamos à disposição para contribuir com o ministério em tudo que for relacionado à soberania nacional, à inclusão de mulheres e ao desenvolvimento do país e de nossa região”, ressaltou Eloisa.

Luciana no Ministério. Foto: Acervo Senge-PE. Foto: Acervo Senge-PE.
PERFIL
Foto: Acervo Luciana Santos.

PESQUISA

UNIVERSIDADES NORDESTINAS INTEGRAM A 41ª OPERAÇÃO ANTÁRTICA

Coordenados pelo vice reitor da UFPE Moacyr Araujo, cerca de 130 pesquisadores e 12 instituições participam do projeto “Biocomplexidade e Interações Físico-químico-biológicas em Múltiplas Escalas no Atlântico Sudoeste”

Entre outubro de 2022 e abril de 2023, equipes de duas universidades nordestinas (Universidade Federal de Pernambuco -UFPE e Universidade Federal da Bahia - UFBA), através do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), coordenadas pelo vice reitor da UFPE Moacyr Araújo e vice coordenada pelo pesquisador, doutor e professor da UFBA Jailson Bittencourt de Andrade, realizaram pesquisas na Antártica.

O projeto “Biocomplexidade e Interações Físico-químico-biológicas em Múltiplas Escalas no Atlântico Sudoeste”, denominado Mephysto, foi um dos projetos selecionados em 2018 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e integra a 41ª Operação Antártica. Foram cerca de 130 pesquisadores brasileiros e 12 instituições, 7 nacionais e 5 internacionais, envolvidos na ação que consistiu em relacionar padrões de turbulência a determinados tipos fitoplanctônicos de modo a elucidar as razões pelas quais a região da Confluência Brasil-Malvinas (CBM) é considerada um “hotspot” de diversidade fitoplanctônica. O objetivo principal é investigar, de forma interdisciplinar, o papel dos processos físico-químicos e biológicos na estruturação do ecossistema planctônico e nos ciclos biogeoquímicos na região da CBM, de modo a testar a hipótese da existência de uma maior diversidade em regiões de encontro de correntes de contorno.

A expedição foi dividida em duas fases. De 9 de outubro a 02 de novembro de 2022, dez profissionais embarcaram do Rio de Janeiro até Punta Arenas (Chile). Foram profissionais de diferentes áreas: biologia, física e química, além de comunicação. Na segunda etapa, até a Antártica, e com retorno em 23 de novembro de 2022, o coordenador geral do projeto, Moacyr Araújo, juntou-se à expedição, e permaneceram na equipe três pesquisadores.

“A Antártica influencia bastante no clima do Brasil e no do Hemisfério Sul. Então, compreender o que está acontecendo (...) é fundamental para a gente entender a variabilidade do nosso clima.”

“Estamos fazendo uma parte da história do Programa Antártico Brasileiro. Para nós, é um orgulho estar participando disso e participando tão bem. As equipes estão extremamente bem treinadas, suportando as intempéries, o frio intenso. Às vezes, ficamos acordados por 24 horas, 30 horas direto, fazendo campanha e todo mundo lá trabalhando. É muito inspirador ver essa dedicação toda”, afirma Moacyr Araújo em entrevista para a Assessoria de Comunicação da UFPE.

Sobre a importância dessa pesquisa para o Brasil, ele explica: “a Antártica influencia bastante no clima do Brasil e no do Hemisfério Sul. Então, compreender o que está acontecendo na Antártica e em toda a ligação dela com o Atlântico Sul é fundamental para a gente entender a variabilidade do nosso clima. Isso tudo tem consequências diretas para a sociedade brasileira”.

Para alcançar o objetivo, a equipe fez observações oceânicas e atmosféricas, simulações numéricas e teoria ecológica envolvendo os parâmetros físicos e biogeoquímicos para o diagnóstico e a previsão da distribuição fitoplanctônica, da dinâmica do ecossistema bem como a sua resposta a mudanças climáticas no ambiente no Oceano Atlântico Sudoeste, com foco na CBM e sua extensão.

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Foto: Acervo Moacyr Araujo. Foto: Acervo Moacyr Araujo.

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