Mulheres eternas
Nísia Floresta por JANIA SOUZA “Certamente Deus criou as mulheres para ter um melhor fim, que para trabalhar em vão toda a sua vida.” – Nísia Floresta, em “Direito das Mulheres e In-
justiça dos Homens” – 1832. Com essas palavras registradas na obra acima citada e estampada em estandarte na sala dedicada à ilustre escritora, poeta, feminista e educadora, nascida em Papari no estado do Rio Grande do Norte, o visitante começa sua jornada sobre a vida da autora, que revolucionou os conceitos machistas da sua época e tornou-se precursora da luta feminina na América Latina por igualdade de oportunidades civis, profissionais e intelectuais com o homem no século XIX, no Museu, que resgata para as novas gerações o legado dessa brilhante cidadã brasileira e do mundo. Além da bandeira empunhada pela causa fewww.cultive-org.com
minina, essa forte e valorosa mulher também foi uma brava lutadora pelas causas: abolicionista, indianista e republicana. Deixou um tributo em exemplo de garra, virtude, persistência, dignidade e força para a posterioridade de quaisquer gêneros. Foi educadora, escritora, filósofa, poeta, feminista, ativista política por declarar suas opiniões e crenças nas quais fundamentou suas ações. De imbatível coragem. Jamais se deixou vencer a qualquer pretexto. Escreveu: “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”; “Conselhos à Minha Filha”; ‘Daciz ou a Jovem Completa” e “Discurso que as suas Educandas Dirigiram à Nísia Floresta”; “Lágrima de um Caeté”; “Dedicação de uma Jovem”; “Opúsculo Humanitário”; “Páginas de uma Vida Obscura” e “Passeio ao Aqueduto da Carioca”; “O Pranto Filial”; “Pensamentos” e no jornal “O Brasil Ilustrado”; ”Itinéraire d’un Voyage en Allemagne”, França; “Consigli a Mia Figlia”, Itália; “Scintille d’un Anima Brasiliana”, na França e Itália; “A Mulher”, traduzido para o inglês pela sua filha e publicado em Londres; “Fragments d’un Ouvrage Inèdit: Notes Biographiques”, Paris, seu último livro. Em 1885, falece em Bonsecours na França de pneumonia. Seus restos mortais foram trasladados de Rouen na França para a cidade de Papari no Rio Grande do Norte, Brasil, retornando definitivamente a terra mãe, da qual foi apartada por razões superiores e fora de seu controle, mas que lhe permitiu se apropriar do mundo e ser a escrevinhadora de uma nova história da mulher. Seu corpo, ao chegar encontrou Papari rebatizada com o seu nome de Nísia Floresta em 1954. Hoje, repousa na terra em que veio à vida, na Fazenda “Sítio Floresta” perpetuada em seu coração através do pseudônimo que adotou de Nísia Floresta Brasileira Augusta, quando da sua primeira publicação em 1832. A essa mulher de excepcional valor, cuja coragem levou-a a lutar com palavras e livros contra o velho mundo arcaico do machismo, escravocrata, colonialista e monárquico, o agradecimento dos oprimidos no universo feC CULTIVE | 43