EDIÇÃO ESPECIAL
DIVULGA ESCRITOR
ENTREVISTA
ESCRITOR ANDRÉ D’ SOARES
Eu, como leitor, encanto-me com poesias que causam reflexão. Gosto quando a poesia soca o leitor, quando o derruba da cadeira e obriga-o a pensar. Foi isso que tentei no ‘Poesias que escrevi com fome’.”
André D’Soares, 25 anos, autor do livro de contos “Cheiro de Mofo”, começou a escrever, como refúgio, após perder seu amigo e seu irmão em 2014. Seu segundo livro, uma coletânea poética cuja irreverência já se estampa no título – “Poemas que escrevi com fome” –, tem conquistado, pela força crua e realista de seus poemas, muitos leitores desde o seu lançamento, em maio de 2017. André é escritor, nasceu e cresceu na periferia da Grande São Paulo, onde vive em meio a inúmeras dificuldades. Nesse ambiente, muitas vezes hostil para quem sonha com literatura, o escritor extrai a matéria-prima para sua escrita, na qual destila um humor corrosivo e, por vezes, um senso de realidade que beira o pessimismo. Boa leitura!
Da periferia para o mundo apresentamos ‘Poesias que escrevi com fome’, do autor André D’Soares Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Escritor André D’Soares, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que o motivou a ter gosto por textos poéticos? André D’Soares – Obrigado pela oportunidade. O prazer é meu. 42
www.divulgaescritor.com | set 2017
Costumo dizer que a literatura foi quem me acudiu quando eu estava me afogando na lama. Em 2014, perdi um amigo de infância para as drogas e, em seguida, meu irmão mais velho para a depressão. Foi aí, em meio ao caos, em meio ao luto, que comecei a escrever. Comecei escrevendo alguns desabafos e vi que era bom, que fazia bem, que era
uma boa válvula de escape. Vi aí, também, além do alívio todo, uma boa oportunidade para eu melhorar minha escrita, meu português. Depois, após terminar de ler o “Delta de Vênus”, da Anaïs Nin, comecei a escrever meus primeiros contos. Pensei que iria ficar só nos contos, mas arrisquei algumas poesias e não quis parar mais.