#09
SANTA FINE ART
JONAS AISENGART André Andrade Anselm Reyle Antonio Bernardo Antonio Dias Bianca Patricia Edouard Fraipont Fred Tomaselli Gais Jaca Marcelo Magalhães Rachel Kneebone Rafael Coutinho Rafael Silveira Raqib Shaw Renata Egreja Roger Ballen Stephan Doitschinoff Tauromaquia à carioca Zezão
BRANDING EXPERIENCE
MANON, VARINHA MÁGICA, 2012, coleção particular
ABEL VENTOSO
ANDRÉ ANDRADE
ANNA PAOLA PROTASIO
ATHENA CONTEMPORÂNEA
EDUARDO MASINI
JOANA CESAR
ZEZÃO
av Atlântica 4240 . 210/211 . Rio de Janeiro . 55 21 2513 0239 . 55 21 2513 3746 . www.athenacontemporanea.com
PEDRO VICTOR BRANDÃO, LAGOA RODRIGO DE FREITAS #1, série não civilizada, 2010, impressão em jato de tinta sobre papel de algodão, 25 x 20 cm
DPZ
Santa Fine Art. Visite.
CRAZY GIRL. BUNNY WORLD, 2010 técnica mista s/ tela 80 x 60 cm. Cortesia Galeria Portas Vilaseca
EXPEDIENTE # 9 2012 PUBLISHER
AGRADECIMENTOS
Sergio Mauricio
Alessandra Guillaume Alex Bueno de Moraes Andrey Furmanovich Agostinho Resende Athena Contemporânea Blooks Livraria Bruno Galindo Choque Cultural Claudia Oliveira David Miguel Diogo Costa Edson Cunha Neto Eduardo Ourivio Eduardo Salles Fabio Battistella Fabrizzia Gouvea Filipe Raposo Gagosian Galeria de Babel Galeria Laura Marsiaj Galeria Mercedes Viegas 1500 Gallery Giuseppe Grill H.A.P Galeria Hotel Fasano Huma art projects Irmãs Clarissas Jaime Portas Vilaseca Galeria João Cruz Luiz Gustavo Carvalho MAM-Rio Marcelo Torres Marcelo Giannini Marcos Prado Maria Vragova Mauricio Simões Movimento Arte Contemporânea Milk Gallery Paula Bezerra de Mello Pernod Ricard Roberto Freitas Sergio Ridzi Stilgraf SuperUber Vera Greenhalgh Viviane Navarro Visualfarm Walter Clemente Werner Capeto White Cube Zipper Galeria
sergiomauricio@santaartmagazine.com.br
DIREÇÃO EXECUTIVA
Sergio Mauricio Marcos José Magalhães Pinto DIREÇÃO DE ARTE, DESIGN E PROJETO GRÁFICO
Sergio Mauricio Bady Cartier EDITORIA ADJUNTA
Clara Reis
clarareis@santaartmagazine.com.br
COMERCIAL
Sergio K Carvalho contato@sergiok.us
Clara Reis
clarareis@santaartmagazine.com.br
BRANDING
Cerebelo COLABORADORES
Alex Atala Anna-Alexandra Nadig Anne Mager André Andrade Anselm Reyle Antonio Bernardo Antonio Dias Bianca Patricio Clara Reis Edouard Fraipont Fred Tomaselli Gais Jaca Jonas Aisengart Marcelo Magalhães Marcus de Lontra Costa Paula Braga Rachel Kneebone Rafael Coutinho Rafael Silveira Raqib Shaw Renata Egreja Roger Ballen Stephan Doitschinoff Vanda Klabin Zezão CONSELHO CONSULTIVO
Alex Bueno de Moraes Ana Luisa Leite Claudia Noronha Duda Carvalho Fabio Szwarcwald Fred Hortêncio Guilherme G. Magalhães Pinto Jully Fernandes Marcos Prado Mauricio Pontual Moacir dos Anjos Nelson Ricardo Martins Pedro Karp Vasquez Waldik Jatobá Walter Carvalho Yael Steiner
AGRADECIMENTO ESPECIAL
CW&A COMUNICAÇÃO DPZ EAV – Escola de Artes Visuais do Parque Lage ERRATA SANTA #08
Nossas desculpas ao artista plástico William Miller pelo erro na grafia de seu nome e ao fotógrafo Mario Gisolli pela ausência de seu crédito na foto da obra de Gisele Camargo.
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BIANCA PATRICIA RACHEL KNEEBONE RAQIB SHAW RAFAEL SILVEIRA ANTONIO DIAS EDOUARD FRAIPONT GAIS JONAS AISENGART ANSELM REYLE ROGER BALLEN JACA RENATA EGREJA ANDRÉ ANDRADE RAFAEL COUTINHO ZEZÃO FRED TOMASELLI MARCELO MAGALHÃES TAUROMAQUIA À CARIOCA STEPHAN DOITSCHINOFF ANTONIO BERNARDO
SANTA FINE ART
#09
ARTE É LIBIDO Formas psicodélicas, falos atômicos, a infância de um
esquizofrênica de alcançar a todo custo os cinco segundos de
gesto pictórico inexplicado pode traduzir-se numa imagem
sucesso e dedicar-se à potência realizadora, à força motriz da
hermética que nada diz, nada tem de útil além de mexer com
descoberta daquilo que se encontra oculto, dar à luz aquele
os sentidos atômicos, esferas sensoriais do corpo humano
ser imanente que já estava ali e só bastava retirar os excessos
– muito além dos cinco, não há dúvidas que são infinitos
do mármore que guardava em seu interior um David. Não
os sentidos. Pois está mais que posto e sabido que arte é
importa por quais labirintos o artista transita para encontrar
coisa humana, feita pelo homem em conexão com a sua
seu verbo, sua luz. Interessa sim, se há a coragem de enfrentar
criança e para o homem que se permite perceber o mundo
a fera que devora a verve e nos afasta das nossas potências,
pela criança que ainda se mantém viva em seu íntimo. Arte
das nossas forças inconscientes; e alcançar gramáticas capazes
é libido. A terrível lucidez das ilusões cotidianas pedem
de exprimir o sutil, cognições emotivas que subvertam a
que a consciência abdique de suas neuroses e dê lugar ao
tirania do intelecto – andar descalço pelas pedras, longe dos
esquecimento das fórmulas consolidadas. Há a necessidade
asfaltos das palavras escritas ou faladas. Sem preconceito
de jogar no lixo o manual das “vã guardas” envelhecidas e
nem pré-definições, abandonemos os grilhões dos ismos e
seus gestos incessantes de desconstrução, de apropriações
sejamos irredutíveis. É no fogo intenso que se forja o aço. Sem
natimortas de linguagens guturais e de receitas de bolo
tormentos não nascem estrelas, a matéria da obra de arte,
que garantam seu lugar na dita arte contemporânea. Seria
regida pelos mesmos princípios da criação cósmica. Cérebro,
pedir muito um instante de vida? Abandonar a necessidade
mãos, olhos, sentidos, coração e a simples vontade de criar.
Sergio Mauricio PUBLISHER
cerebelo Esta Santa é dedicada a Vicente Green e ao topetinho que voou para longe Santa Fine Art é editada pela Cerebelo Artes.
A Santa aceita propostas de colaborações, que são avaliadas pelo seu conselho. Todas as opiniões expressas nos ensaios, matérias, entrevistas, depoimentos e artigos publicados são de inteira responsabilidade dos respectivos autores. É proibida a reprodução de imagens ou textos por qualquer meio. Cerebelo Artes Ltda. CNPJ: 09.448.968/0001-50. Rua Jardim Botânico, 719 / sala 23. Jardim Botânico. CEP 22470-050. Rio de Janeiro – RJ
BI ANC A
PAT R I C I A
JULIA, 2012, photography on aluminum, 160 x 120 cm, private collection
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JULIA Anna-Alexandra Nadig e Anne Mager Tematicamente, o trabalho de Bianca Patricia se aproxima do “organismo” da sociedade – feito de construções e processos individuais – vistos da perspectiva do observador. Isso inclui a imposição do fenômeno da existência humana e os delicados sentimentos da vida, assim como ser jogado no mundo e estar por conta própria. Com seu delicado e curioso olhar deste mundo mortal, Bianca Patricia, com certa distância, orquestra seus temas. Suas fotografias e instalações formulam uma análise da mutante identidade social e sexual e examinam as constantes transformações das circunstâncias, valorizando as avaliações e necessidades associadas à esta. A série fotográfica “JULIA”, reflete os absurdos e medos contemporâneos. A série – cuja estética distante retrata o ato de um modelo vestindo ou descartando a pele de látex de um manequim de borracha – têm como tema o diversificado processo de encontro e perda da própria identidade. É como uma tentativa de criar uma membrana entre a realidade e a identidade do indivíduo. A familiar incapacidade contemporânea de lidar com as emoções e as nossas constante tentativas de adaptação às rápidas mudanças na realidade são encenadas em imagens carregadas de medo, impotência, desespero, beleza e sedução. “JULIA” questiona as estratégias de adaptação social e evoca todos os modelos demasiadamente estabelecidos. O nome “JULIA” intensamente carregado de caráter e associações simbólicas é uma encarnação do amor romântico feminino, à entrega e à morte. O processo performático nessa série de fotos pode ser lido como descarte, camuflagem, criação ou auto destruição. Alemanha, 2012 Tradução Francisco Loffredi
Bianca Patricia, formou-se em fotografia e design, Dusseldorf e Intermedia Art, Colônia, Alemanha. Passou um ano na DAAD, Tóquio – para desenvolver o seu trabalho artístico. Atuamente, estuda na Academia de Belas Artes de Munique, Alemanha. Trabalha como diretora de arte para diferentes empresas. Anne Mager, nasceu em 1981 em Colônia, Alemanha. Estudou comunicação da ciência, história da arte e ciências culturais (2001-2006) e gestão de artes internacional (2008-2011), Munster, Colónia e Dusseldorf. Desde 2004, atua como curadora independente e gerente de artes. Trabalha para várias instituições culturais e exposições com foco em artes visuais, incluindo a “Novos Talentos – Bienal de Colônia”. Anna-Alexandra Nadig vive e trabalha em Dusseldorf. Estudou história da arte em Duesseldorf e ganhou um certificado de pós-graduação de estudos do museu em Sydney. Atualmente, trabalha para uma coleção privada internacional de arte contemporânea.
JULIA, 2012, photography on aluminum, 160 x 120 cm, private collection
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SHIELD IV, 2010, Porcelain, 24 x 19 5/16 x 9 13/16 in. (61 x 49 x 25 cm) © Rachel Kneebone. Photo: Stephen White. Courtesy White Cube
RAC H EL
K NE E B O N E
THE MOUTH OF TRUTH, 2008, Porcelain, 20 1/16 x widest Ø 14 15/16 in. (51 x widest Ø 38 cm) © Rachel Kneebone. Photo: Stephen White. Courtesy White Cube
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A ERUPÇÃO DE UM BACANAL As porcelanas finamente esculpidas de Rachel Kneebone, retratam a erupção de um bacanal de corpos e membros contorcidos. Compartilhando as características da escultura helenística, Kneebone retém a pureza da superfície branca enquanto aumenta as rupturas primorosamente modeladas em fendas que injetam sensualidade e energia. Inspirado em ‘Metamorphosis’, grande poema de Ovídio, onde os humanos migram para uma miríade de formas, Kneebone representa um estado de fluxo erótico, suspenso e em transição. A visão eclética de Kneebone vai da angústia das tragédias gregas às criaturas híbridas de Bosch, e ao “olhar erótico” de Batialle e Bellmer. Sua retórica altamente distinta, celebra formas belas e em transgressão.
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STILL LIFE TRIPTYCH, 2011, Porcelain, 24 7/16 x 57 1/16 x 18 1/2 in. (62 x 145 x 47 cm) © Rachel Kneebone. Photo: Stephen White. Courtesy White Cube
Rachel Kneebone nasceu em 1973, em Oxfordshire, vive e trabalha em Londres. Suas exposições recentes incluem “Chegadas”, – selecionados por Majorie Allthorpe-Guyton, Arts Council, Londres (2004); “The Way We Work” no Camden Arts Centre, Londres (2005) entre outras. Em 2005, Kneebone foi indicada para o Prêmio Arte MaxMara e no mesmo ano, foi convidada por Mario Testino para participar do trabalho “Diana, Princesa de Gales” em exposição no Kensington Palace.
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PARADISE LOST, 2001-11, Oil, acrylic, glitter, enamel and rhinestones on birch wood, 118 1/8 x 354 5/16 in. (300 x 900 cm) © Raqib Shaw. Photo: Ben Westoby. Courtesy White Cube
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R AQ I B
S H AW
JARDIM FANTÁSTICO As pinturas opulentas de Raqib Shaw sugerem um mundo fantástico cheio de detalhes e cores ricas. Suas obras celebram uma sociedade livre de qualquer restrição moral. A natureza intensa, violenta e sexual de seu imaginário é preenchida ao mesmo tempo com criaturas explosivas e brutais numa estética que remete aos tapetes persas, as joias e as cerâmicas asiáticas. Combinando uma variedade de flora e fauna vibrantes, Shaw cria um eco-sistema habitado por figuras excêntricas como cabeças de aves, olhos esbugalhados, borboletas, guerreiros e macacos.
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BLOSSOM GATHERER I, 2010-2011, Oil, acrylic, glitter, enamel and rhinestones on birch wood, 96 x 96 in. (243.8 x 243.8 cm) © Raqib Shaw. Photo: Ben Westoby. Courtesy White Cube
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SWALLOW CATCHER, 2009-11, Oil, acrylic, glitter, enamel and rhinestones on birch wood, 60 x 191 15/16 in. (152.4 x 487.6 cm) © Raqib Shaw. Photo: Ben Westoby. Courtesy White Cube
Raqib Shaw, nasceu na Índia e em 1998 se mudou para Londres, onde estudou na Central Saint Martins School of Art. Já expôs e mostras como a “Sem Limites”, no MoMA, de Nova York (2006); “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, na ICA de Londres (2006); a “6 ª Bienal de Gwangju”, na Coreia do Sul (2006) e na Bienal de 17 de Sydney (2010). Suas principais exposições individuais incluem o Museu de Arte Contemporânea, Miami (2006); “Arte Agora”, no Tate Britain (2006) e The Metropolitan Museum, Nova York (2008).
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RAFAEL
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S I LVEI R A
GALÁXIA, 2012, Óleo sobre madeira, 95x140cm, moldura especial criada pelo artista, entalhada á mão. Cortesia Choque Cultural
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SORVETES, óleo sobre madeira, 90x145cm,Moldura entalhada a mão, criada pelo artista. Cortesia Choque Cultural
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Rafael Silveira é paranaense e mora em Curitiba há 23 anos. Já apresentou quadrinhos em fanzines e revistas independentes de todo o Brasil, e publicou um HQ pela editora americana Dark Horse. Desde 2004 faz pintura a óleo figurativa. Suas pinturas já passaram por galerias dos principais centros brasileiros e também nos EUA. No final de 2007, um livro compilando o melhor de seus trabalhos foi lançado pela editora Arte e Letra: “Mulheres, Chapéus Voadores e Outras Coisas Legais”. Em 2008 assinou a série de pinturas que ilustra o álbum do grupo Skank, Estandarte, e lançou o seu segundo livro: “Pop Surreal”, também pela Arte e Letra.
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SUPREME, 2004, Polaroids digitalizadas e impressas em tela, Edição de 3, 50 x 100 cm. Cortesia Athena Contemporânea
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ANTO NI O
D I AS
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DESERT, 2004, Polaroids digitalizadas e impressas em tela, Edição de 3, 50 x 100 cm. Cortesia Athena Contemporânea
“Meu trabalho ficou muito em torno da pintura, mas este não é o meu veículo predileto. Nunca deixei de pensar e fazer projetos com outros meios. Entre 1971 e 1975, por exemplo, meu interesse esteve voltado para processos de reprodução e instalações com projeções. Nos últimos anos, este interesse retornou e tenho trabalhado mais em instalações do que em pintura. Acho que há determinado tipo de artista que segue um caminho experimentalista, enquanto outros passam a vida inteira a se comunicar através de um único sistema.” Entrevista concedida a Lucia Carneiro e Ileana Pradilla. Centro de Arte Hélio Oiticica, Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Lucia Carneiro e Ileana Pradilla. Palavra do Artista, Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1999.
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Antonio Dias nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 1944. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na Escola Nacional de Belas Artes sob a tutela de Oswaldo Goeldi. Participou do 20º Salão Paranaense de Artes Plásticas; recebeu uma bolsa na Simon Guggenheim Foundation; ministrou aulas na Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa, onde criou o Núcleo de Arte Contemporânea; participou da Bienal de Veneza e da XVI Bienal de São Paulo; foi bolsista da Deutscher Akademischer Austausch Dienst – DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico), em Berlim; participou da exposição Städtische Galerie im Lenbaehhaus (Munique, 1984); da International Survey of recent Painting and Sculpture no Museum of Modern Art (Nova York, 1984); fez parte da Taipei Fine Arts Museum (Taiwan, 1985), na retrospectiva A Generation in Italian Art (Finlândia, 1985) e da Prospect 86 na Kunstverein (Frankfurt, 1986); participou da mostra Gegenwart / Ewigkeít no Martins-Gropius-Bau em Berlim, da Bilderwelt Brasilien na Kunsthaus de Zürich e da Latin American Artists in the Twentieth Century no Museum Ludwig, em Colônia; realizou diversas exposições individuais e coletivas em galerias de arte do Brasil ao longo de sua carreira.
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EDO UAR D
FR AI PO N T
FIGURAS AUTÔNOMAS Edouard Fraipont Foram convidadas 33 pessoas para se autorretratarem. Foram realizados 14.911 fotogramas. Várias pessoas fizeram mais de um ensaio. Selecionei 35 retratos de 27 pessoas diferentes, incluindo eu mesmo. Meu trabalho foi de organização, direção e edição. Aos retratados coube a criação das imagens. Determinei, igualmente para todos, o enquadramento, o fundo cinza, a luz a ser usada e o equipamento. Pedi para que evitassem caretas e expressões faciais, mantivessem os olhos abertos e certa frontalidade e, a partir da movimentação do corpo e da luz, totalmente controlados por cada um deles durante a exposição, procurassem recriar figuras a partir do próprio rosto. O intuito era de que as figuras criadas lhes fossem estranhas ao mesmo tempo que não se desvirtuassem como retrato, a fim de proporcionarem indícios de presenças fictícias. Para atingir resultados nesta direção, a movimentação não pode ser nula ou quase nula, porque em tais condições a imagem obtida reflete clara e objetivamente o retratado. A movimentação também não pode ultrapassar certos limites porque, neste caso, a figura se perde totalmente e efeitos fotográficos se sobrepõem a ela. É nesse limiar que foram editadas as imagens. Uma zona de indeterminação. Apesar de todo o contexto construído para as imagens e de cada retratado ser responsável pelos estímulos captados pela câmera, o resultado fotográfico que atinge esta zona é primordialmente imprevisível e casual. Em meio a um grande número de tentativas, surgem, vez ou outra, figuras autônomas. São elas que procuramos e que, acredito, perplexos, encontramos.
Edouard Fraipont, nasceu em São Paulo no Brasil. É artista visual e fotógrafo. Realizou diversas exposições individuais em lugares como Casa Triângulo(SP) , Galeria Vermelho(SP), CCBB(SP) e FUNDAJ (PE). Tem obras em coleções como a do MAM-SP e a Coleção Pirelli. Foi premiado com uma bolsa prêmio pelo programa Artist Links do conselho britânico e mais recentemente com o prêmio Marc Ferrez da FUNARTE com o projeto “Figuras Autônomas”.
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ADRIANA (#1b), 2011, Fotografia digital, 40,5 x 30 cm. Cortesia 1500 Gallery
PRICILA (#1), 2011, Fotografia digital, 40,5 x 30 cm. Cortesia 1500 Gallery
ESTUDO DE CABEÇA PARA AUTORRETRATO, 2011, Fotografia digital, 40,5 x 30 cm. Cortesia 1500 Gallery
CILDO (#1), 2011, Fotografia digital, 40,5 x 30 cm. Cortesia 1500 Gallery
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KLIMT, 2012, Fotomontagem, 79 x 98 cm, cortesia Huma art Projects. Foto Daniel Benassi
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G AI S
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AS POUCAS MODIFICAÇÕES FEITAS NÃO DESFIGURARAM O DIRETÓRIO “Desenhar ainda é basicamente a mesma coisa desde a pré-história: é juntar o homem e o mundo.” Keith Haring, anos 1980
Vanda Mangia Klabin Autodidata, Gais nasceu no Rio de Janeiro em 1980 e a partir de 1995 sua atuação artística passa a encontrar ressonância na esfera da vida urbana através de suas constantes intervenções em muros, viadutos ou empenas, seja por meio de pichações ou grafites. E é justamente nesse conturbado território, que o artista mostra a força de sua emergência e a potência de sua ação expressiva. Essas incessantes interferências estéticas na trama cultural dispersiva da esfera urbana são, de natureza, efêmeras e transitórias, porém trouxeram um acréscimo estético ao acidentado percurso de sua vivência e imprimiram o seu vestígio na memória pública da cidade. Suas buscas e inquietações estampadas em vários espaços públicos foram se caracterizando por experimentações de conteúdos geométricos surpreendentes e um novo vocabulário plástico foi sendo construído em relação direta com a aspereza das paredes. Aquilo que era apenas uma manifestação urbana e os emblemas de uma desordem adquiriram uma nova espessura. Signos e imagens ganharam uma combinatória de intervenções vibráteis, fragmentos geométricos alusivos à sua adesão a uma linguagem construtiva brasileira, cuja influência tem uma presença bastante expressiva nas suas investigações estéticas. Seu trabalho adquire novos contornos no plano da tela e começa a participar de várias exposições de âmbito nacional e internacional. Essa exposição na Huma Art Projects apresenta um conjunto de dez obras inéditas intituladas pelo próprio artista de fotomontagens, realizadas em 2012. Gais criou um novo espaço para a sua arte transitar, ampliando o campo de sua poética: aqui o seu trabalho se constrói a partir do recolhimento dos restos de um passado, da apropriação de ícones jornalísticos, recortes de revistas como “O Cruzeiro” e “Manchete”, adquiridas e selecionadas ao acaso, que remontam aos anos 1950 e 1960, que recebem também uma intervenção de tinta acrílica. Atua agora em uma outra arena, coloca em cena a sua sensibilidade, estabelece novos acontecimentos plásticos que trazem uma singularidade ao lugar comum do mundo das imagens que povoam o nosso repertório cotidiano. Os resíduos de uma visualidade urbana encontram a sua equivalência poética nos fragmentos das revistas, nessa apropriação artística onde o vocabulário geométrico é o veículo para o fluxo de seu trabalho. Cria ambiguidades visuais entre a colagem, a pintura e a superfície colorida, recontextualizando e trazendo novas significações para o olhar. São trabalhos híbridos, séries combinadas de sua pintura manuseadas com colaboradores anônimos, onde as pinturas e recortes se acomodam, criando um tecido estético irregular
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sobre a estrutura do suporte original. Através da aplicação de recortes na imagem original que perdeu a sua identidade, temos um continuum de planos fragmentados, resíduos visuais, uma descontinuidade do espaço como um obstáculo cadenciado por ritmos de cores. Essa compactação em alguma áreas tem uma espontaneidade calculada, não podemos mais ver o todo, mas as colagens funcionam como códigos interpenetrados por abstrações. O sentido de sua obra emerge da reunião desses recortes abstratos, da dissolução da imagem inicial que representa a matriz do seu processo de trabalho, pela contradição entre a pintura e a desconstrução do real. O sentido da visão é obstruído, torna-se um mundo ausente de significados, sem identidade ou lógica entre as partes. Essa fusão intrigante nos coloca meio à deriva, diante do impasse do real, para um mundo que traz uma opacidade reconfigurada. A imagem que podemos visualizar, deslocada do seu lugar de origem, é quase uma metáfora da nossa ilusória vida contemporânea e da artificialidade do olhar. Percebemos também a presença de fatias de humor com as colagens, criando obstáculos para a visão, como um jogo ou uma armadilha entre algo único e singular e a sua duplicação, agora dissolvida e alterada pela interferência do artista. Ao aplicar fragmentos selecionados e recortados nas páginas ainda não molestadas, cria um sincopado visual, um puzzle, o que resulta em uma justaposição de cenas do cotidiano, agora cifradas e intraduzíveis através dessas colagens cuja essência é a geometrização, trazendo novos conteúdos estéticos, mas mantendo sempre um olhar constante para a produção da arte concreta e neoconcreta brasileira. O crítico de arte William Rubin afirmou, a respeito do artista Jasper Johns, que a imagem tem sentido em sua falta de sentido. Essas pequenas colagens coloridas, abstratas, aparentemente banais, mas repletas de qualidades visuais, nos intrigam e nos interrogam. Gais respira inquietação e, como ele sempre afirma, “acordo pensando em arte, passo o dia pensando em arte e vou dormir com arte na cabeça”.
Gais nasceu e trabalha no Rio de Janeiro. Desde 1997 faz grafitti nas ruas da cidade. É um dos percursores da arte urbana no Rio. Vanda Klabin, é cientista social, historiadora de arte, curadora de diversas exposições e autora de artigos e ensaios sobre arte contemporânea. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro.
CIGARRO NO JARDIM, 2012, Fotomontagem, 86 x 98 cm, cortesia Huma art Projects. Foto Daniel Benassi
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J O NAS
AI S E NG AR T
THE DUCKTOWN, 2012 acrílca s/ tela. Coleção Particular. Foto: Tahian Bhering. Cortesia Portas Vilaseca Galeria
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EM PLENO JARDIM Marcus de Lontra Costa A obra de arte, como sugere R. Barthes, é um fragmento amoroso. Ela se constrói por referências, desejos, inquietudes, frustrações, prazeres e conquista seu lugar no mundo como instrumento humano de superação dos limites e transformação do real. Entretanto, para que esse ímpeto inicial da ação artística se concretize é preciso conectar-se com outros olhares – outros sentimentos – e estabelecer uma rede de canais de comunicação que amplia e reverbera a ação criativa através da sua inserção no circuito da cultura. Esse é o seu destino, nascer no imaginário individual para tentar se perpetuar no espaço do conhecimento coletivo. Assim, a obra de arte atua como um estranho instrumento da verdade e da dúvida; ela se revela e se esconde, provoca o espectador e o convida a percorrer suas histórias, dialogando com outras imagens, identificando-se com personagens e situações conhecidas ao mesmo tempo em que o surpreende e encanta pela revelação de um universo novo e pessoal regido pelo mistério e pela beleza. A pintura de Jonas Aisengart invade a retina do espectador com a criação de um mundo povoado por seres e mistérios de grande potência visual. Ele recria um universo lendário, um mundo essencial, um jardim fantástico onde a inocência e o pecado caminham de mãos dadas, no qual a ternura e a perversão compõem uma atmosfera humana, demasiado humana. Há, por isso, um diálogo poderoso com o expressionismo, um olhar provocante sobre a história da arte através de uma curiosa relação com a arte nórdica e germânica, nem sempre muito presente nessas terras tropicais. Aqui não há espaço para silêncios, para
grandes áreas vazias, tudo aqui conspira para a criação de um cenário repleto de antíteses, conflitos e encantos, estruturados por um cromatismo fauve que dialoga com artistas como Gauguin, Ensor ou Nolde. Sobre tais referências históricas a juventude do artista incorpora o mundo das imagens banalizadas, a crueldade e o encantamento contemporâneo, os ursinhos tarados, o pink bunny autorreferencial, o mundo pop espetacular na sua glória e sua efemeridade. Jonas não foge ao diálogo com o universo infantil em toda sua complexidade; ele cria e recria personagens e cenários de forte impacto cromático e simbólico, e acaba por construir um universo surpreendente, integrando adequadamente ideia e ação, força expressiva e clareza conceitual. Trata-se de uma evidente vocação de pintor e seus trabalhos atestam que a pintura ainda pode ser hoje um poderoso instrumento de provocação e de diálogo com a tradição e o novo. Essa é a meu ver a principal qualidade de Jonas Aisengart: a sua capacidade de criar um universo simbólico original e ousado, buscando referências com a história da arte e se comunicando diretamente com as questões do mundo dos dias atuais. A sua pintura bruta, urbana, referencia e acentua as conquistas da arte dos anos 80 e estabelece curiosas relações com certos aspectos do design contemporâneo, como os irmãos Campana, e com ícones do neoexpressionismo alemão. O artista processa todas essas informações com inteligência e talento, acentuando a sua evidente capacidade de recriar e transformar o mundo contemporâneo com os instrumentos tradicionais da práxis pictórica.
THE FABULOUS SUNDAY STROLL, 2012 acrílica s/ tela. Coleção Jaime Portas Vilaseca. Foto: Tahian Bhering. Cortesia Portas Vilaseca Galeria
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Jonas Aisengart é artista visual. Vive e trabalha no Rio de janeiro. Formado em curso livres pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage e também pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Seu trabalho integra importantes coleções no Rio e no exterior. É representado atualmente pela Portas Vilaseca Galeria, no Rio de Janeiro e pela Blanco Galeria, em Buenos Aires. Na Portas Vilaseca realizou sua primeira exposição individual, em Maio de 2012. Marcus de Lontra Costa, foi diretor entre 1983 e 87 da Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro; foi diretor dos Museus de Arte Moderna de Brasília, do Rio de Janeiro e de Pernambuco e foi um dos curadores da exposição Como vai você, geração 80?, de 1984, no Parque Lage. Atualmente, é curador independente.
CRAZY BUNNY E OUTRAS LENDAS, 2012 120 x 80 cm acrílica s/ tela. Coleção Particular. Foto: Tahian Bhering. Cortesia Portas Vilaseca Galeria
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UNTITLED, 2012, mixed media on canvas, acrylic glass, 143 x 122 x 23 cm. Courtesy Gagosian
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ANS EL M
R EY L E
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UNTITLED, 2011, mixed media on canvas, acrylic glass, 71 x 60 x 13 cm. Courtesy Gagosian
Anselm Reyle nasceu em Tübingen, na Alemanha, em 1970. Atualmente vive e trabalha em Berlim. Já expôs em lugares como o Instituto Moderno de Glasgow (2007); a Galerie Almine Rech, Paris; o Kunsthalle de Zurique (2006) e a Galerie Giti Nourbakhsch, Berlim. Participou de inúmeras exposições coletivas internacionais no Tate Modern, Londres e no Palazzo Grassi, Veneza – para citar alguns.
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UNTITLED, 2012, mixed media on canvas, acrylic glass, 149 x 126 x 23 cm. Courtesy Gagosian
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CAGED, 2011 (#6123), 60cm x 60cm
R O G ER
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B AL L E N
BLOWN- UP BOY, East Malaysia, 1976, 24 X 20 cm
TWIRLING WIRES, 2001, 80cm x 80cm
OUTROS MUNDOS Clara Reis Documental, perturbardor, intenso e estático. As foto-pinturas de Roger Ballen desafiam a retina e a consciência. Com dinamismo visual e atmosfera extrema, um mundo cinzento repleto de texturas e sombreamentos se apresenta através de elementos misteriosos e aura ameaçadora. Um imaginário de seres e criaturas de existência surreal e isolada tocam visualmente as memórias oníricas. A cultura estranha e a estética marginal provocam as reações e interpretações mais primitivas e involuntárias. Sonhos ou pesadelos? Outros mundos.
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DRESIE AND CASIE, twins, Western Transvaal, 1993, 80cm x 80cm
Roger Ballen, nasceu em Nova York em 1950. Viveu e trabalhou em Joanesburgo, África do Sul por quase 30 anos. Durante este período ele produziu uma série de obras que evoluíram do foto-jornalismo à uma visão artística única. Já expôs em importantes instituições de todo o mundo e está presente em coleções de museus como o Centro Georges Pompidou, Paris; Museu Victoria and Albert, Londres, e no Museu de Arte Moderna de Nova York. Em outubro desse ano o MAM-Rio apresenta a primeira retrospectiva de Ballen na América Latina. Clara Reis, jornalista, carioca, investiga arte contemporânea.
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SEM TÍTULO, 2010, acrílica sobre tela, 100 x 100 cm. Cortesia Choque Cultural
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JAC A
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SEM TÍTULO, 2012,acrílica sobre tela,150 x 194 cm. Cortesia Choque Cultural
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Jaca, Nasceu em 1954, Porto Alegre, RS, e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Possui referências variadas como as histórias em quadrinhos, o surrealismo, o pop, o pop-surrelismo americano dos anos 90 e a gráfica tosca de produtos populares. Desenvolve seu trabalho na área da pintura. Participou da exposição “Desenhos com doença” – Museu do Trabalho, Porto Alegre, Brasil em 2004 e da exposição “Trimassa” - Galeria Choque Cultural, São Paulo, Brasil em 2008.
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BOLO, 2010, acrílica sobre papel, 76,5 x 57 cm. Foto: Claus Lehmann. Cortesia Zipper Galeria
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ILARIÊ, 2010, acrílica sobre papel, 76,5 x 57 cm. Foto: Claus Lehmann. Cortesia Zipper Galeria
R E NATA
EG R EJA
FRASES GARRANCHADAS COM AUTENTICIDADE Paula Braga “A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” Como que conduzida pela sabedoria de Guimarães Rosa, Renata Egreja vai acumulando em suas telas de grande formato os humores da vida, registrando dia a dia a fúria, depois a gentileza, o movimento amplo, depois a vontade de apagar tudo. Quando sossega, pinta com gratidão pela vida; quando desinquieta, pinta com furor de quem sabe da inevitável finitude da vida. Vai assim embaralhando vida, coragem perante a vida e pintura. O gesto que um dia foi contido, a ponto de traçar o contorno de uma flor, no dia seguinte é descontrolado, derramando tinta líquida sobre a tela. Cada pintura é composta de várias camadas desses humores. Uma se sobrepõe à outra, ou melhor, pousa sobre a outra, sem escondê-la. Convivem como convivemos com os dias que vão passando, alguns de tranquilidade, outros de desespero. E segue-se. Esse registro de estados psíquicos intercepta um diário de viagens e culturas que a artista vivenciou nos últimos anos, mesclando cores carnavalescas bem brasileiras à iconografia indiana. Quantos verbos ficam marcados nessas telas? Esparramar, derramar, erguer, raspar, contornar, espirrar, bater,
esfumaçar, misturar, jogar, aplicar, colar, traçar, preencher. Para finalizar esses cataclismos de energia vital, a artista fecha a tela com uma chave, que é sempre um padrão linear traçado na camada mais superior: linhas que fazem a pintura persiana (e quem ousa abrir essa persiana e olhar de frente para a massa disforme da vida?), uma flor que atravessa a tela de cima abaixo, suavemente contendo os dias passados, que ainda pulsam na composição, bandeirinhas que separam a festa caótica do mundo real, desenhadas em movimentos que mimetizam a escrita cursiva. Ainda em um paralelo com a escrita, se essas telas fossem textos, seriam uma prosa coloquial, na qual a delícia está na ortografia errada e na gramática trôpega, que vai formando um espaço para a expressividade espontânea. E, iniciadas nos anos em que a artista brasileira estudou na École des Beaux-Arts de Paris, essas pinturas vernaculares ficam entre Guimarães Rosa e Raymond Queneau, sem esconder os sotaques, os ruídos, a falta de acabamento, em frases garranchadas com autenticidade. “Não tem nada mais belo que morrer numa festa. Para mim a pintura representa esse drama, de morrer numa festa gigante”, diz a artista. Pintar para continuar, para fazer medrar do corpo a energia vital. Desmorrer a cada dia. Quando secar
e for fim da festa, viveu-se bem; então é passar a chave e partir para a próxima. Tela? Vida? Tudo embrulhado. Se a pintura acabou, recomeçar uma pintura nova.
Renata Egreja nasceu em Ipaussu em 1984. Graduou-se em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado em 2007 e tornou-se mestre em Belas Artes pela École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em 2010. Exposições individuais recentes aconteceram no Museu Histórico de Santa Catarina (A Regra do Jogo, Florianópolis, 2012), Museu de Arte de Goiânia (2011), Museu de Arte Contemporânea de Jataí (A Pintura É Uma Festa, Mas Não se Perca na Purpurina, 2011) e a exposição do Diplome National Superieure dês Beaux-Arts de Paris (2010). Participou de mostras coletivas como Os Primeiros 10 Anos (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2011) e Programa de Exposições do Museu Museu de Arte de Ribeirão Preto (2010). Paula Braga é doutora em filosofia da arte pela FFLCH-USP e mestre em história da arte pela University of Illinois. Organizou o livro Fios Soltos: a arte de Hélio Oiticica (Perspectiva, 2008) e teve seus textos sobre arte contemporânea publicado em revistas como Ramona (Buenos Aires), Arte al Día International (Miami) e Concinnitas (Rio de Janeiro). Atualmente é PósDoutoranda no Instituto de Artes da UNICAMP e colaboradora da revista Bravo!.
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PASSEIO DE MADELEINE, 2012, tinta automotiva sobre alumínio, 33 x 50 cm. Foto: Eduardo Masini. Cortesia Athena Contemporânea
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METROPOLE VII, 2011, esmalte sintético e óleo sobre madeira, 110 x 240 cm
A ND R É
AND R ADE
NO JARDIM DE MAYA, 2012, tinta automotiva sobre alumínio, 33 x 50 cm. Foto: Eduardo Masini. Cortesia Athena Contemporânea
POR QUE NÃO ME CONTOU SOBRE VOCÊ? Vanda Klabin A estrutura pictórica presente nas telas de André Andrade se apóia na imprecisão da imagem real, na indefinição do instante, na fragmentação repentina. Quando a imagem se interrompe, a pintura se inicia. Ele vai se apropriar de imagens que, por sua natureza, são efêmeras e transitórias, de lapsos que criam desconexões, que resultam numa estabilidade fragmentária, que atua como interface com o seu fazer artístico. Engenheiro de formação, inicia seu trabalho nas artes plásticas em 2003. Reside na noruega, onde trabalha na USF Vertet, instituição multidisciplinar, que reúne artistas das mais diferentes nacionalidades. Retorna ao Brasil e passa a participar de vários grupos de estudos e de exposições coletivas. Nesta sua primeira individual na Galeria Athena Contemporânea, apresenta trabalhos de pintura automotiva, tendo como suporte, chapas de alumínio. A produção de uma pintura, de forma geral, tem seu início na tela em branco ou se sucede através do planejamento de desenhos prévios, que irão dar origem, à posteriori, à obra acabada. O desenho se converte em algo instrumental para a realizacão final da tela. No processo de trabalho de André, ele vai usar como ferramenta a deterioração de uma imagem pronta, que apresenta interferências de bugs eletrônicos, de uma falha do sistema operacional de um programa transmitido pela TV a cabo. A imagem utilizada no lapso de transmissão, uma falha real, um acontecimento ocasional, acidental, é a origem da sua pintura. O momento da interferência é capturado por uma câmara digital já posicionada para uma visão congelada ou para uma sequência de frames corrompidos, já quase irreconhecíveis. O sentido de sua obra emerge da reunião desses fragmentos e obstruções, desse staccato, desse tempo de paradas que arremessa a imagem em cadências irregulares, em ritmos diferenciados, criando uma espécie de “ruído ótico”.
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A tela é concebida como a “imagem da imagem”, não como matéria de representação. A interferência na transmissão instantânea das imagens cria um meandro de quadrados e retângulos cifrados na opacidade da superfície da tela, em áreas de cor em relação de encaixe com as formas adjacentes. Os elementos compositivos parecem friccionados uns contra os outros, na tentativa de uma simultaneidade de soluções, criando áreas de persistência, que pertencem às próprias imagens em dispersão e uma malha densa e animada de frames até chegar à abstração. Insinuam ausências, uma sensação de perda, de algo negado, uma curiosa falta de recompensa. O plano da tela acomoda uma série de imagens de programas e seriados quase irreconhecíveis, de imagens familiares, quase indistintas e corrompidas a partir do lapso da imagem inicial. Há algo ali que se reconhece, mas que não podemos ver. São estranhos territórios de uma pintura em erosão, que pertencem à própria imagem em dispersão. O seu trabalho conserva essa ambiguidade da indeterminação do tempo, cuja fluência é inesperada. São pequenas narrativas condensadas e deslocadas por um tempo que as separa efetivamente da sua emissão verdadeira. Tempo do devir, tempo da mudança. Nesses resíduos e detritos da comunicação, nesse enervamento intenso, destoante, discordante, cifrado é que sua arte vai transitar. E encontra a sua correspondência no mundo real, um quebra-cabeça de dezenas de unidades em infinitas mutações; diálogos interrompidos pela falha na imagem eletrônica com descontinuidades plásticas, que nos remetem a um sistema de comunicação do mundo contemporâneo, a algo que não se completa, a algo que não consegue se concluir. Nas suas pausas, essas telas interrogam a respeito do sentido das coisas e a ausência delas.
VOCÊ DEVE SER A SRA. LANDERS?, 2012, tinta automotiva sobre alumínio, 108 x 125 cm. Foto: Eduardo Masini. Cortesia Athena Contemporânea
André Andrade, nasceu em 1969, Rio de Janeiro. Entre 2004 e 2005, se mudou para a Noruega onde teve seu ateliê na USF Verftet, instituição multidiciplinar que reúne artistas de diversas áreas. Neste período, participou de exposições coletivas e ministrou workshops de pintura no Drammen Summer festival e na escola de arte Asker Kunstfagskole. Vanda Klabin é cientista social, historiadora de arte, curadora de diversas exposições e autora de artigos e ensaios sobre arte contemporânea. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro.
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SÉRIE FOGO FÁCIL - 2 (Díptico), 2011, acrílica sobre tela, 130 x 200 cm. Cortesia Choque Cultural
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R AFAE L
C O U T I N H O
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Rafael Coutinho nasceu em 1980, São Paulo, SP, onde trabalha e vive. Formado em Artes Plásticas pela UNESP, 2004. Produziu curtas-metragens como animador e diretor (“Aquele Cara”-2006 e “Ao Vivo”-2008), e participou de importantes publicações como quadrinista (“Bang Bang”– ed. Devir-2005, “Contos dos Irmãos Grimm”– ed. Desiderata), “Cachalote” - Cia. das Letras-2009). Foi integrante do grupo Base-V, produzindo murais, exposições e publicações de arte experimental. Desde 2007, expõe pinturas, desenhos e esculturas na Galeria Choque Cultural. Participou da exposição “Prochaine Expo: Une Estivale 2009”, Galerie LJ, Paris, França em 2009, “Exposição Retratos”, Loja Cachalote, São Paulo, Brasil em 2010 e da Mostra “Transfer”, Pavilhão das Culturas Brasileiras” Ibirapuera, São Paulo, Brasil em 2010.
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SÉRIE FOGO FÁCIL - 1, 2011, acrílica e pastel oleoso sobre tela, 150 x 200 cm. Cortesia Choque Cultural
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SEM TÍTULO, 2010, 200 x 94 cm, Chromogenic Print. Cortesia Athena Contemporânea
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Z E Z ÃO
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SEM TÍTULO, 2010, 150 x 100 cm, Chromogenic Print. Cortesia Athena Contemporânea
A ARTE DO ESGOTO Alex Atala Urbano e contemporâneo, Zezão torna público e acessível a todos seu repertório artístico que usa a cidade como suporte de expressão. Do underground a urban-art, ele trafega dos locais inusitados ao universo dos colecionadores. Zezão, que com sua arte transcedeu a própria estrutura e viabilizou um caminho inspiracional, passou a ser entendido como caminho legítimo para os jovens e provocou uma reflexão à sociedade como um todo. Como poucos, ele sabe e soube usar as grandes galerias pluviais da cidade para se fazer presente na cena das artes sem dissipar sua essência e estilo. Zezão leva a cabo a relação entre a ética e a estética ao levar a beleza de seu trabalho a lugares onde o olhar urbano se recusava entrar.
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SEM TÍTULO, 2010, 150 x 100 cm, Chromogenic Print. Cortesia Athena Contemporânea
Zezão, como é conhecido entre os graffiteiros do mundo todo, nasceu e vive em São Paulo. Já participou de exposições em cidades, como Nova York, Londres, Paris, Wuppertal, Los Angeles, Toulouse, Praga e Florença. Alex Atala nasceu e mora em São Paulo. É chef de cozinha e dono dos restaurantes D.O.M e do Dalva e Dito. Em maio de 2012, o D.O.M. foi considerado o 4° melhor restaurante do mundo pela S. Pellegrino World’s 50 Best Restaurants, publicado pela Restaurant magazine.
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BIG RAVEN, 2008, Acrylic, photo collage and resin on wood panel, 84 x 72 in. (213.4 x 182.9 cm) © Fred Tomaselli. Photo: Erma Estwick. Courtesy James Cohan Gallery, New York and White Cube
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FR ED
TO M AS EL LI
Fred Tomaselli, nasceu em Santa Monica, Califórnia e, atualmente vive em Nova York. Já expôs em museus e galerias como Aspen Art Museum; The Brooklyn Museum of Art, Nova York; Galerie Gebauer, Berlim; e Galerie Anne de Villepoix, Paris – para citar algumas.
CAR BOMB, 2008, Photo collage, acrylic and resin on wood panel, 60 x 60 in. (152.4 x 152.4 cm) © Fred Tomaselli. Photo: Erma Estwick. Courtesy James Cohan Gallery, New York and White Cube
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M AR C ELO
M A GA LH Ã E S
SER LIVRE, negativo Ilford hp5, Hasselblad, 2004
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SER LIVRE, negativo Ilford hp5, Hasselblad, 2004
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SER LIVRE, negativo Ilford hp5, Hasselblad, 2004
Marcelo Magalhães nasceu no Rio de Janeiro em 1960 e iniciou seus primeiros ensaios fotográficos em 1980. Foi colaborador do grupo Rádio Novela em diversos ensaios, inclusive na exposição “Como vai você geração 80?”
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TAU RO M AQ U I A
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À
C AR I O C A
Cortesia Bestfork
RUBEN S
G ERC HMAN
Rubens Gerchman nasceu no Rio de Janeiro (1942-2008). Foi pintor, desenhista, gravador e escultor.
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Cortesia Bestfork
DAN IEL
S EN IS E
Daniel Senise nasceu no Rio de Janeiro em 1955. É pintor e gravador.
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Cortesia Bestfork
RUB EM
G RILO
Rubem Grilo nasceu em Pouso Alegre, Minas Gerais, em 1946. É gravador, ilustrador, professor, curador.
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Cortesia Bestfork
WANDA
PI MEN TEL
Wanda Pimentel nasceu no Rio de Janeiro em 1943. É pintora.
Cortesia Bestfork
N ELS ON
F E L I X
Nelson Felix nasceu no Rio de Janeiro em 1954. É escultor, desenhista e professor.
Cortesia Bestfork
F L ÁV I O
SH IRÓ
Flavio Shiró nasceu em Sapporo, no Japão, em 1928. É pintor, gravador, desenhista e cenógrafo.
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Cortesia Bestfork
AN NA
BE L L A
G E I G E R
Anna Bella Geiger nasceu no Rio de Janeiro em 1933. É escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora.
Cortesia Bestfork
M ALU
Cortesia Bestfork
FATO RELLI
J UDITH
Malu Fatorelli nasceu no Rio de Janeiro em 1956. É pintora.
M UL LE R
Judith Muller (1923-1977). Foi pintora
Clara Reis Há dez anos atrás, Marcelo Torres propôs ao artista plástico Rubens Gerchman o desafio de criar uma tela quadrada a partir do tema touro. O pedido inusitado foi a gênese para uma coleção hoje composta por obras de grandes nomes da arte contemporânea brasileira, como Anna Bella Geiger, Wanda Pimentel, Rubem Grilo, Nelson Felix, Daniel Senise, Flavio Shiró, Ângelo de Aquino, Gonçalo Ivo, Wanda Pimentel, Malu Fatorelli entre outros. Como disse Ernest Hemingway “O sentido da tourada é, para o toureiro, vencer a si mesmo, ao medo da morte. É deixá-la, a morte, se aproximar o mais possível, o mais imaginavelmente possível, e manter os pés fincados no chão, só se desviando no último instante”. Na coleção que ilustra essas páginas o espírito dos touros é mesmo uma constante. Sentimentos pictóricos afloram em telas que se distinguem muito entre si, mas que tem algo em comum: todas transmitem potência e, dialogam pelo avesso com a cultura ibérica da Tauromaquia. Paixão de Goya, Picasso e outros artistas que retrataram touradas em pinturas e ilustrações magistrais, viscerais e sobretudo trágicas
Evocando o passado e a tradição, em terras cariocas, a Tauromaquia ativa o imaginário do espectador e causa as mais diversas sensações. Contemplação e reflexão. Inclassificável e irrestrita, como uma boa coleção deve ser, ela busca o limite da vida, busca o touro imanente e o touro que nos habita. “Pintei um touro escondido atrás de uma nuvem branca usando uma técnica de pintar e repintar várias vezes para criar textura e clima de mistério”, contou Wanda Pimentel enquanto Daniel Senise – mestre na arte de reproduzir materiais e dimensões – seguiu por outro caminho: “Fiz uma colagem para reproduzir o chão do meu antigo ateliê em Nova York com o perfil de um touro e o da minha filha”. Se a arte é impulso de comunicação, as coleções, enquanto legado arqueológico, tornam-se mais importante do que o eu. Desta forma, o colecionismo autêntico e verdadeiro é capaz de eternizar seu colecionador. Para a nossa sorte, com sua tauromaquia carioca, atípica e encomendada, Marcelo criou um espaço expositivo inédito no Rio de Janeiro. Todas as suas obras podem ser vistas nos restaurantes da rede Giuseppe.
Marcelo Torres é carioca e dono dos restaurantes da rede BestFork Experience.
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SEM TÍTULO, 2010, acrílica sobre tela, 267 x 163 cm. Cortesia Choque Cultural
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MÃO, 2012, acrílica sobre tela, 200 x 150 cm. Cortesia Choque Cultural
STEPHAN
DOITSCHINOFF
Stephan Doitschinoff nasceu em São Paulo, em 1977. Com forte influência das crenças e rituais religiosos a partir de 2002, passou a interagir e intervir na cidade por meio da pintura e da aplicação de pôsteres, adesivos e estênceis. Em 2006, ganhou o prêmio Jabuti de Ilustração, pelo livro “Palavra Cigana” (Cosac Naify). Em 2009, foi premiado pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), com o título de ARTISTA REVELAÇÃO e no mesmo ano recebeu o prêmio Interações Estéticas: Residências Artísticas em Pontos de Cultura.
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A NTO NI O
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B E R NAR D O
RADIOLÁRIA 14, 2012, prata sterling 925, 07h x 16 x 16 cm, cortesia de H.A.P. Galeria. Foto: Miguel de Sá
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RADIOLÁRIA NO CUBO, 2012, prata sterling 925, 22 h x 90 x 70 cm, cortesia de H.A.P. Galeria. Foto: Marcelo Souza
“Há algum tempo venho refletindo sobre a questão da escala no meu trabalho e a partir daí fui agregando novas experimentações. Deixei as ideias se desenvolverem e percebi que, na minha pesquisa, alguns desses projetos quando desprovidos de função, se transformavam em um interessante objeto. Escolhi como material a prata sterling 925 e em todas as formas criadas busquei o princípio da articulação”.
Antonio Bernardo nasceu no Rio de Janeiro. Estudou no CFH – Centro Internacional de Formação da Indústria Relojoeira Suíça em Lausanne, Suíça. Estagiou nas empresas da indústria relojoeira Ebauches S.A e Leschot S.A. Iniciou a faculdade de engenharia na PUC-Rio, interrompendo-a para dedicar-se à pesquisa em ourivesaria e design de joias como autodidata. Fundou a própria empresa alguns anos depois. Conquistou importantes prêmios como o International Jewellery London Award (IJL) em 2004; Red Dot Design Award em 2004 e 2010; iF Design de 2004 a 2009 consecutivamente, e novamente em 2011. Em julho de 2012 teve sua primeira exposição individual dentro do circuito galeria com a série de objetos Radiolárias.
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RADIOLÁRIA BITERMINADA, 2012, prata sterling 925, 13h x 135 x 35 cm cortesia de H.A.P. Galeria. Foto: Miguel de Sá
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UMA PUBLICAÇÃO ÚNICA.
w w w. s a n t a a r t m a g a z i n e . c o m . b r
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cerebelo