JORNAL
DA
PINHEIRO JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA FACULDADE PINHEIRO GUIMARÃES l Ano 5 l Nº 8
Adeus à inocência Um simples adorno de silicone: é o que muitas mães ainda pensam sobre as pulseiras do sexo, como são chamadas as peças, com diferentes conotações, que andam fazendo a cabeça dos jovens As pulseiras de silicone usadas pelos jovens ultimamente deixaram de ser apenas um adorno, para adquirirem, pela cores que apresentam, sentidos totalmente novos e nada ingênuos. Marcas das diferentes formas de desejo dos adolescentes, as pulseiras têm nas suas cores a indicação do que espera quem Pag. 4 a usa, como está indicado abaixo.
AMARELA ROSA LARANJA
Abraçar Mostrar o peito Morder com carinho
ROXA
Beijar com a língua
VERMELHA
Fazer dança erótica
BRANCA
A menina decide
AZUL
A menina faz sexo oral
ROSA CLARO
O menino faz sexo oral
PRETA DOURADA Pulseiras coloridas do amor: peças nada ingênuas do desejo à flor da pele dos jovens adolescentes atuais
O que são redes sociais? Para que servem? Como tirar proveito profissional? Págs. 6-7
Fazer sexo Todos os itens acima
E D I T O R I A L
S
Respons(h)abilidade
e eu parar para contar o tempo que levei para escrever esse editorial, tenho certeza que teria feito uma dúzia de matérias. Se ainda escrevesse em folhas de papel ajudaria a derrubar muitas árvores. Mesmo assim, não haveria como mensurar o frio na barriga que fiquei, ao receber um e-mail, me convocando a escrever, neste espaço tão importante. Após o susto, me refiz e comecei a imaginar sobre o que iria dizer. Falar de futebol não seria tão bacana, até porque a Copa do Mundo para nossa pátria, de nada mais adiantava. Contar sobre os bastidores da matéria que eu assino, o metrô, foi outra idéia. Desisti. Os bastidores desse meio nada têm a nos acrescentar, pelo contrário, teríamos nojo e muita raiva do que acontece, longe dos nossos olhos. Foram realmente horas, dias. Não diria semanas, mas a sensação foi essa. De muito tempo passando como um filme nos meus olhos. E aquele frio na barriga, um misto de responsabilidade e orgulho. Uma sensação boa como o primeiro beijo, o primeiro dia de aula, que me fez lembrar o início da minha trajetória, não muito diferente dos outros jornalistas que fazem parte desse projeto. Há quatro anos atrás, não tínhamos idéia do tamanho da responsabilidade que um jornalista carrega. Esse poder a nós concedido ainda mexe com o imaginário de muitos estudantes, que como a gente, idealiza fazer acontecer. Digamos que hoje é um misto de sonho e realidade. A oportunidade de escrever neste jornal, ainda nos dá a sensação do começo de tudo. O poder de mudar as coisas, de falar sem medo, sem a censura. O que vocês irão encontrar ao longo dessas páginas, são futuros brilhantes jornalistas, exercendo seus sonhos. Ah, e o que escrever nesse editorial? Ai, meu Deus, o frio continua. Mas é justamente esta sensação de frio na barriga que nos motiva, que me motiva a seguir em frente. E pronto. Acabei. Graciele Amora
Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães Produzido pelos alunos da disciplina Jornal Laboratório (7º período) Diretor-Executivo: Armando Santos Pinheiro Guimarães Coordenador do curso: Flávio Nehrer Editor-chefe: Felipe Peduzzi Repórteres: Felipe Argentino, Livia Santana, Shaiane Couto, Natália Santos, Graciele Amora, Marina Alecrim, Felipe Peduzzi Diagramação: Dine Estela Impressão: Jornal do Comércio. Rua do Livramento, 189, Centro, RJ. Tel.: 2223-8500 Tiragem: 5 mil exemplares Rua Silveira Martins, 153 – Catete – Rio de Janeiro (RJ) – Telefone: (21) 2205-0797 - redefpg.ning.com
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Metrô e plataforma lotados: transtorno para os passageiros do sistema no Rio de Janeiro
O circo dos horrores no metrô Graciele Amora
Rápido e teoricamente eficiente, o metrô, símbolo de modernidade em boa parte do mundo, no Rio de Janeiro apresenta um sistema ultrapassado, precário e sem infra-estrutura para atender cerca de 550 mil pessoas que usufruem desse modal diariamente. Com capacidade para atender a um público de 700 mil pessoas (segundo a assessoria de imprensa da companhia), o transporte do futuro é atualmente o maior desastre: filas, atrasos na plataforma, carros quebrados, vagões lotados. Todos os dias, milhares de passageiros reclamam dessa situação em que se transformou o metrô. Moradora de Botafogo, a estudante universitária Flavia Lemos utiliza o metrô para sua locomoção até a faculdade Veiga de Almeida, onde cursa Moda. Para ela, apesar de todos esses transtornos, uma coisa boa foi não ter mais a necessidade de fazer transferência para a linha dois que, segundo ela, era desesperador. “Muitas vezes perdi o primeiro tempo de aula, por não conseguir embarcar. A estação Estácio sempre estava lotada e eu tinha que esperar pelo próximo carro. Hoje, saio da minha casa e vou direto. Não digo que está 100%, mas esse novo modelo de seguir direto até a última estação da linha dois ajudou bastante.” diz a estudante Em 1979, quando nascia o metrô, eram apenas quatro trens de quatro carros com intervalos de oito minutos, trafegando pelas estações Praça Onze, Presidente Vargas, Cinelândia e Glória que, na época, durante os dez primeiros dias, transportou mais de 500 mil passageiros. Hoje, são cinco carros na linha um e seis na linha dois e a população do Rio pode ir de Ipanema até a Pavuna com intervalos de cinco minutos. Ainda não é o ideal, haja vista o excesso de
pessoas nas estações e vagões. Segundo a assessoria do Metrô, novos carros foram comprados e chegarão até o final de 2012. Eles acreditam que com isso, conseguirão diminuir o intervalo entre os trens e agilizar a viagem dos passageiros. Mas esse não é o único problema apontado pelos usuários desse modelo de transporte. A superlotação nos horários de pico e durante boa parte do dia incomoda o passageiro que faz uso diário do metrô. Após a união das estações, João Xavier, morador de Del Castilho, percebeu descaso com os passageiros. Usuário deste veículo há quatro anos, ele não se conforma com o excesso de pessoas nas estações em qualquer horário. “Antes você sabia os horários de pico. Hoje, a qualquer hora, as estações estão cheias”. Segundo a assessoria do metrô, com o aumento da frota o problema de lotação será amenizado. Um engenheiro da secretaria de transporte do Rio de Janeiro (não quis ser identificado), falou ao Jornal da Pinheiro que o metrô tinha outra proposta de construção das vias. Segundo ele, existe um projeto que de forma correta resolverá o caos em que se encontra o metrô. Para isso, seria necessário construir duas vias circulando de maneira contrária uma da outra. Dessa maneira, o fluxo e o tempo de viagem diminuiriam. Só que ao invés disso uma “grande minhoca” foi construída. Segundo ele também, não será o aumento da frota, muito menos a diminuição do tempo, que trará uma melhora a esse meio de transporte. As obras para a linha quatro já começaram e estão em processo de verificação do solo. Segundo o secretário Júlio Lopes, essa avaliação deve levar cerca de três meses para que as escavações e obras físicas comecem. Cerca de 260 mil pessoas serão beneficiadas com esse novo trecho, que ligará a Gávea a Barra.
Camelôs: culpados ou inocentes? As dificuldades de quem trabalha no comércio informal
“O impacto social da medida (repressão aos camelôs), contudo, é verdadeiro, já que, em regra, os camelôs atuam no mercado informal em razão da impossibilidade de acesso a empregos formais, seja pela insuficiência de postos de trabalho ou pela má qualificação profissional. Mas essa questão é de cunho social, e não meramente econômico”, avalia a profª Eleonora Magalhães.
Natália Santos
Todo os dias, em diferentes lugares, é possível deparar-se com ambulantes vendendo seus produtos e tentando ganhar o pão de cada dia. Não é diferente com Antônio Maltes, 31 anos. Morador da Glória e vendedor de DVDs, Antônio diz que já trabalhou em outras áreas, mas que depois de um tempo desempregado acabou optando pelo comércio informal como meio para se sustentar. “Realmente já trabalhei em outros lugares. Trabalhava no banco Bradesco e acabei saindo. Hoje como camelô tiro em média R$ 400 por dia. Vale muito mais a pena”, diz o ambulante. Questionado sobre o choque de ordem do atual prefeito, Eduardo Paes, ele diz que atrapalha porque a fiscalização é mais intensa. “Dificulta o trabalho porque agora tem sempre uma kombi da Prefeitura passando por aqui. A gente fica atento, mas nem sempre dá para salvar a mercadoria e aí a gente perde dinheiro.” O comércio informal movimenta dinheiro na casa dos milhões de reais diariamente. Para se ter uma noção, no dia 26 de abril de 2010, o incêndio que destruiu parte do camelódromo rendeu um prejuízo de aproximadamente R$ 5 milhões. Isso por que o incêndio começou por volta das 15h. Para os lo-
jistas, esse comércio informal apenas prejudica o trabalho das lojas de rua, pois, além de pagarem impostos sobre produtos, acabam tendo problemas com furtos de mercadorias que são revendidas a preços menores. A atendente de telemarketing Jacqueline Trindade diz que, se o ambulante tivesse um espaço organizado somente para esse tipo de comércio, não atrapalharia tanto o espaço nas ruas “Se for como a Uruguaiana é até muito útil, por que os produtos são mais em conta. Mas se o camelô ficar na rua atrapalha a circulação das pessoas. Aí, já acho que vira um transtorno.” Para Felipe Santos, atendente, o comércio informal não atrapalha em nada. “Na minha opinião, os camelôs tem que trabalhar. Se o governo acha que eles prejudicam de alguma forma, deveria então arranjar um local ou dar oportunidades para que eles possam trabalhar”, diz Felipe. Segundo a professora de Comunicação e Economia da FPG, Eleonora Magalhães, o mercado informal, por estar à margem da lei, não resulta em arrecadação para os cofres públicos, já que a sonegação fiscal é consequênica lógica da informalidade. E que essa percepção de que há prejuízo para a economia é falsa. Com o choque de ordem, o direcionamento dos consu-
midores acaba indo para o mercado legal e aumentando a arrecadação do governo. Mesmo assim a professora completa: “O impacto social da medida (repressão aos camelôs), contudo, é verdadeiro, já que, em regra, os camelôs atuam no mercado informal em razão da impossibilidade de acesso a empregos formais, seja pela insuficiência de postos de trabalho ou pela má qualificação profissional. Mas essa
questão é de cunho social, e não meramente econômico”. Segundo informações do site da Prefeitura do Rio, “a desordem urbana é o grande catalisador da sensação de insegurança pública e geradora de condições propiciadoras à prática de crimes de forma geral e que a Operação Choque de Ordem veio para contribuir decisivamente para a melhoria da qualidade de vida no Rio de Janeiro”.
Camelôs no Largo da Carioca, ponto costumeiro da atuação do comércio informal no Centro ano 5
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Foto: site G1
Pulseirinhas com conotação sexual causam polêmica Shaiane Couto e Manoel Santos Entre os adolescentes as opiniões são divergentes: alguns não usam mais, depois que souberam o significado; outros continuam usando e acham que é uma simples brincadeira. “Eu uso e ninguém vai me obrigar a transar. Podem até obrigar, mas eu não vou. Que viagem!”, diz Jéssica Santos, que tem 12 anos e estuda em uma escola pública que já proibiu o uso. Já sua amiga Michele Almeida acha que é uma bobagem proibir, pois com ou sem as pulseiras os adolescentes praticam sexo. Mas admite que já transou por causa delas: “Eu uso e já fiz sexo. Acho massa! Bom que a gente fica na moda e ao mesmo tempo rola algo a mais!” Já entre os pais, a maioria se surpreen-
de ao saber do significado das pulseiras de silicone e ficam sem saber o que fazer. A maioria acha que proibir não é a solução, mas também confessa que não sabe como agir. Maria Cristina, que tem três filhas (9, 12 e 13 anos), diz que a proibição só traz mais vontade de usar. “Proibido é mais gostoso, mas eu também não sei como conversar com elas sobre isso”, conta ela, que procurou ajuda com a psicóloga da escola das meninas. Os psicólogos são taxativos: a proibição não resolve, não adianta querer “tapar o sol com a peneira”. O assunto, para eles, é sério e precisa ser discutido e não simplesmente fingir que nada acontece. O dialogo é o principal apelo para os pais e responsáveis. Conversar é a base de tudo. Afinal de contas, os adolescente estão
Muitas são as opções de cores das pulseirinhas, mas muitos também são os riscos para os jovens
com os hormônios à flor da pele. As pulseiras são só um pretexto. Mesmo proibidas, eles acharão outras maneiras, outros códigos para aflorar sua sexualidade. Por isso, é tão importante o acompanhamento dos pais. Um diálogo franco e sem tabus é a melhor maneira de educar. Menina é estrupada - Uma menina foi
abordada após sair da escola que fica na região central de Londrina (PR), no dia 15 de março de 2010. Um dos jovens, que tem 18 anos, foi indiciado e vai responder em liberdade pelo crime de estupro de vulnerável. A jovem recebeu acompanhamento psicológico do Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS).
A homoafetividade é uma opção ou condição? Marina Alecrim Entra ano e sai ano, entre um semestre e outro, aumenta o número de alunos nas dependências da Faculdade Pinheiro Guimarães. A FPG, que ao longo de 18 anos manteve uma média de 15 alunos por sala, desde o ano de 2007 cresce gradativamente. O que era 15 dobrou para 30 e hoje, dois anos depois e aos 20 anos de existência, comporta turmas cada vez maiores. Paralelo a esse boom de alunos, cresceu também a diversidade de raças, religiões, classes, etnias e sexos, que, por sua vez, tornaram o ambiente mais alternativo e, diga-se de passagem, mais alegre, colorido e expressivo. Seja nos corredores ou escadas dos prédios, no hall, bancos ou mesas do Coffee Open, seja nas salas de aula, auditório, estúdios e laboratório, a mistura de públicos está sempre diante de nossos olhares. Exceto os banheiros devidamente separados em masculino e feminino, não há outro lugar em que as identidades não sejam heterogêneas. E, por falar em heterogenia, destacamos um assunto ainda polêmico na sociedade, que está entre os preconceitos mais praticados no Brasil e curiosamente muito bem aceito na FPG: a homoafetividade. Homoafetividade quer dizer interesse, identificação, afetividade por pessoas do mesmo sexo, e este termo, menos agressivo
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que homossexualidade, por restringir-se às práticas sexuais, sugere uma relação muito mais ampla como homo-convivência, homo-partilha, homo-cuidado, homo-ternura ou até mesmo homo-realização como ser humano. Mas são os próprios envolvidos neste assunto que devem escolher a melhor maneira de serem identificados. Aliás, a homoafetividade é uma opção ou condição? A psicóloga e professora da FPG Vânia Costa explica essa questão: “A pessoa não escolhe racionalmente seu objeto de desejo e ninguém opta por ser homossexual ou heterossexual por conta dos preconceitos da sociedade. A gente trabalha a ideia da orientação. A busca do objeto de prazer, do outro, se faz de outra maneira, diferente do esperado pela biologia, que segue a questão do acasalamento, perpetuação da espécie, ou seja, a necessidade de desejo, de estar com outra pessoa, mesmo que tenha o mesmo sexo biológico que eu”. Podemos notar, se é que você leitor ainda não notou, a quantidade de homossexuais que transitam pela faculdade. Será o ambiente favorável ou a pluralidade de sexos é comum em outros cursos universitários? Para uns, a diversidade de sexos é onipresente, independentemente do curso. Já para outros, cursos como Artes Cênicas, Publicidade e Propaganda, Marketing e Comunicação favorecem a diversidade. Vânia
Costa dá sua opinião sobre o que poder haver nesse caso: “Sendo curso de Comunicação, as pessoas normalmente entendem que freqüentam pessoas mais libertas de certos preconceitos, mais comunicativas e que lidam com situações e tipos de pessoas diferenciados. Então, me parece bastante natural que as pessoas se exponham, coisa que há uns anos não faziam e com isso se sintam mais à vontade”. Sem sequer perceber que estava no alvo de nossa redação, Gustavo Lima, aluno do 3º período, mostrou-se à vontade e falou sobre a liberdade e respeito encontrados no lugar: “As pessoas aqui estão com suas cabeças totalmente abertas. Não existe preconceito por parte dos alunos, funcionários e do corpo docente e, por isto, eu acho que se um casal de beijasse na frente de todos o mundo não iria se acabar”. Homens ou mulheres, meninos ou meninas, não importa, o sexo afirma-se somente quando o homossexual faz sua escolha, partindo do princípio de que, numa relação de pessoas do mesmo sexo cada um tem seu “papel”, seja ele feminino ou masculino, assim como a “função” de ativo ou passivo. De acordo com o artigo 5º da Constituição Brasileira, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos termos seguintes. Entretanto, sabemos que na prática as leis nem sempre são obedecidas e os direitos humanos respeitados. Kaio Fernandez, ex-aluno da faculdade, achou ter sido vítima de preconceito por ser homossexual e negro, mas em seguida viu que não passou de uma desconfiança: “Entrei na Pinheiro em 2002 e não se via negros, homossexuais, pobres ou suburbanos pelos corredores. Éramos pouquíssimos ou ‘excluídos’ e, por conta disso, sentíamo-nos rejeitados. Nada disso! Éramos apenas diferentes no meio de pessoas socialmente comuns”. E aproveita para desabafar: “A orientação sexual não determina o caráter de ninguém, nem mesmo seus princípios ou sua ideologia. Somos seres humanos e devemos ser igualmente respeitados”. Já Lika Marques, nome fictício escolhido por nossa entrevistada, a fim de preservar sua identidade, afirma que nem mesmo essa desconfiança existe mais: “Só de você chegar à faculdade, ter esse espaço e não ter a preocupação das pessoas te olharem “torto”, já é muito importante. Ninguém tem medo e não tem aquela coisa de achar que pode dar em cima do outro. Tem-se uma abertura até mesmo para diálogo e muitas vezes esclarecemos as próprias dúvidas que muitas pessoas têm”.
Festival de talentos agita futuros jornalistas Karina Luz
O festival “Bota o Véio Pra Chorar” agitou a Faculdade Pinheiro Guimarães no mês de junho de 2010. O evento foi idealizado e produzido pelos alunos da eletiva de TV e Cultura, mas toda a faculdade abraçou-o. Um festival de talentos, de surpresas e superação para fazer a galera se soltar e até mesmo relaxar do trabalho das provas. Afinal, o jornalista não pode ter vergonha de nada e também precisa de alegria. Foram duas eliminatórias, a semifinal e a final, com quatro dias de muita festa, com participações especiais, figurinos ousados e um show de carisma, humor e talento de cantores solo, bandas, dança e interpretação. Na primeira eliminatória, ficaram três para a semifinal; e na segunda, quatro se destacaram após um empate. Dentre as bandas, al-
gumas mais experientes; entre os cantores, vários estreantes, mas ninguém se acanhou. Alguns problemas técnicos foram detectados, porém nada conseguiu desanimar a galera. Na semifinal, mais surpresa: os melhores ficaram, sobressaíram-se e conquistaram os jurados. E veio a final, com duas bandas e a dupla Zé Bobe e Lady Gaga. Os que perderam, na verdade, ganharam: fizeram uma nova apresentação, em um novo show, agora reunindo todos os participantes. A Banda JR venceu e instituiu até o novo hino da faculdade. Alguém duvida de que “A Faculdade é Gay”? Mas uma pergunta ficou no ar: o véio chorou? Não se sabe, mas ficou uma promessa: se o véio não chorou, a galera da faculdade vai botar o véio pra chorar em outra edição, pois o evento promete voltar e novamente agitar os futuros jornalistas.
Apresentação de banda no festival: carisma e talento dos alunos agitou a Faculdade
A volta do vinil Thiago Chakan O disco de vinil (sim, aquele bolachão preto tocador de música) tem 62 anos. O universo tem 13,7 bilhões. O norte-americano Peter Goldmark foi o inventor do disco de vinil. Quanto ao universo, pairam várias dúvidas. Uma das teorias mais aceitas é a Teoria do Big Bang, que defende que o universo, como conhecemos, surgiu de uma grande explosão. Você, então, se pergunta: “mas o que a teoria da criação do universo está fazendo numa reportagem sobre a volta do vinil?” Vá com calma. O importante é saber que tudo quanto se conhece é cíclico, se repete. A conhecida Teoria do Big Bang enseja uma hipótese que muitos físicos sustentam como a Teoria do Big Crunch. Essa teoria prevê que o universo, que ainda se expande por causa da grande explosão que o originou, futuramente sofrerá um processo de contração e se comprimirá de volta ao volume de uma cabeça de alfinete, como uma bola, que quando jogada para o alto, retorna ao chão com a mesma força com que foi lançada. E depois? Outra explosão, outra retração e assim sucessivamente. Como uma sanfona. Tudo se repete. Assim é o universo, assim são as galáxias, assim é a nossa história. Não seria diferente com a música e com a forma que nos relacionamos com ela. Em meados da década de 1890 surgia o embrião do que seria o precursor do vinil, os discos de 78 rotações por minuto (RPM), também conhecidos apenas como 78 rotações. Eles eram constituídos de um material conhecido como goma-laca, muito frágil, e tinham uma característica peculiar: cada um dos seus lados comportava entre três e quatro minutos. Os primeiros só tinham gravação em um dos lados. Nascia o single, um disco com apenas uma música. A ciência fez a sua parte e, em 1948, surgia o disco de
vinil, que superava os 78 rotações de goma-laca. Na era do vinil surgiram nomes que são referência até hoje para a música contemporânea. Pouco é preciso falar muito ao citar nomes como Elvis Presley, Rolling Stones, Beatles, James Brown e Pink Floyd, no cenário mundial, e Mutantes, Secos e Molhados, Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Jobim, Eliz Regina, Legião Urbana, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e muitos outros, no cenário nacional. Cerca de quarenta anos depois de sua concepção, o vinil começou a ser ameaçado. No final do anos 80, com a expansão digital, surge um novo modelo de reprodução da música: nasce o CD (Compact Disc). O CD proporcionou uma qualidade mais precisa dos sons gravados, pois em vez de se gravar a música e os sons em micro ranhuras, com agulhas, todo o procedimento passou a ser digital, os “zeros e uns” da linguagem binária davam o tom e a intensidade da gravação. Resguardada a indústria fonográfica, o vinil foi posto de lado e o CD aparecia como a mídia definitiva e mais eficiente de reprodução musical. Mas a mesma tecnologia que permitiu o lançamento do CD, no final dos anos 80, foi aprimorada e popularizada quase uma década depois, em meados dos anos 90. O computador tornava-se mais acessível e a família da classe média brasileira já tinha o seu PC (personal computer) em casa. Já havia também o acesso à Internet e as grandes empresas de informática desenvolviam e promoviam, como nunca se vira antes, um acesso e uma convergência de mídias para o formato digital. No final de 90, surge e se populariza o gravador de CD para computadores residenciais. Como se houvesse um equilíbrio cósmico, a mesma mídia que alavancou ainda mais as gravadoras e facilitou o acesso à música seria a responsável pela maior crise que se já ouviu falar na indústria fonográfica. O formato de arquivo de áudio mp3, que pode ser comprimido, ocupar pouco espaço com boa qualidade de som,
foi o golpe de misericórdia na indústria da música. Não é somente a questão do espaço que ocupa no computador, o fato do mp3 ser pequeno em tamanho permite que ele seja facilmente compartilhado na internet. Foi a finalização da pirataria bruta dos CDs. Era o cume do colapso da indústria musical. Agora, quando a agonia da queda é a única expectativa antes da morte certa da aura da arte, eis que surge uma possibilidade. Não uma possibilidade qualquer, mas uma antítese que se propõe como salvação. O CD minimizou os problemas com o da pirataria do vinil em fitas K-7. Quem é a promessa do resgate da aura musical? O vinil. Que ironia! Não é uma tese, nem uma idéia futura ou algum plano mirabolante. Já está acontecendo. Enquanto a venda de CDs cai vertiginosamente, a venda de discos de vinil se mantém constante em sebos e lojas especializadas e já ultrapassa a margem dos colecionadores mais apaixonados, permeando o gosto popular. Já se fala num aumento da venda de discos de vinil, tanto no mercado brasileiro, quanto no mercado norte americano. A gravadora Deckdisc, em meados de 2009, comprou a Polyson, a única fábrica de discos de vinil que restava na América Latina, sem atividades desde outubro de 2007, e, já no início de 2010, retomou as atividades para a volta dos lançamentos de LPs. Não estamos falando só de relançamentos do que já foi consagrado pelo vinil. Os novos LPs abrigarão tanto artistas novos quanto consagrados, mas com ênfase em músicas novas. É interessante observar que nessa nova conjuntura do vinil, o consumo musical sai do consumo da música (mp3) e volta, novamente, a integrar o consumo do artista, como já era de se esperar num mundo repetitivo como o nosso, numa história recursiva como a nossa, num universo cíclico como o nosso, numa música renascente como a nossa. ano 5
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O mundo social da internet Na área de comunicação, o uso das redes sociais no âmbito profissional beira o incalculável Felipe Peduzzi
Após o fenômeno Orkut, um novo mundo virtual foi descoberto nas telas e mouses dos internautas do mundo inteiro. Com as mais diversas aplicações e funções, as redes sociais saíram da esfera de diversão e entretenimento e passaram a ser vistas como fontes de informação, troca de experiências, referência e até de oportunidades profissionais. Pedro Henrique Martins, jornalista do Sistema Globo de Rádio, faz uso constante de redes sociais. Para ele, não são apenas fontes de informação e contato com os ouvintes da Rádio Globo, mas também são úteis para compor pautas, buscar personagens: “É muito mais fácil encontrar um personagem para uma matéria através do Orkut, Facebook e Twitter. Ao invés de sair ligando para inúmeras pessoas, os internautas me ajudam a encontrar a pessoa com o perfil que preciso”, diz Pedro Henrique. Já para Rany Martins, analista de Marketing do Sistema Globo de Rádio, “ainda que você não seja um especialista nas ferramentas, é importante saber para que público fala e qual é o comportamento gerado através delas”. Segundo a analista, o reconhecimento da importância das redes nas empresas caminha a passos lentos, mas já ensaia uma percepção, principalmente por parte do público: “Os consumidores agora estão “abusados” - com todo direito - criam comunidades de “eu odeio” no Orkut e juntam milhões de pessoas, espalham idéias no Twitter que se propagam em minutos”. De olho nesta nova necessidade do mercado, a Faculdade Pinheiro Guimarães criou uma rede exclusiva para seus alunos baseada na Ning (foto abaixo). No ambiente, alunos postam conteúdo escrito de áudio e vídeo, além de coberturas de eventos. Já são mais de 200 membros, 800 fotos postadas, 50 vídeos e programas de rádio.
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Marketing à procura do público no ciberespaço Jornal da Pinheiro: Em sua área é indicado, de alguma forma, o uso de redes sociais? Rany Martins: Na área de Marketing Digital, é imprescindível entender de redes sociais. Ainda que você não seja um especialista nas ferramentas, é importante saber para que público fala e qual é o comportamento gerado através delas. Atualmente estamos passando por uma grande bolha, onde as pessoas migram de uma rede social para a outra, e a cultura de relacionamentos online em si não morre. Pode ser uma indicação de mudança social, ou simplesmente moda passageira. O fato é que as empresas e seus profissionais de internet devem acompanhar estes processos atentos, sempre planejando com atenção como posicionar seus produtos em meio à tudo isso. JP: E os demais departamentos, reconhecem tal importância? RM: Hoje vejo uma grande deficiência em relação aos próprios departamentos de marketing em relação à internet. Muitas agências, veículos de comunicação influentes e até consultorias ainda têm uma visão unilateral de internet, onde a instituição emite a informação e não há troca alguma com o consumidor. Aderir a uma ferramenta sem compreender e aplicar o conceito colaborativo na empresa é simplesmente seguir a moda sem planejar o seu produto de forma eficiente, concreta. O próprio comercial começa
Rany Martins vê deficiência nos departamentos de marketing em relação à internet
a solicitar propostas de redes sociais, mas não entende qual é a intenção, ou porque os anunciantes buscam este apelo. De uma forma geral, o processo é bastante lento, sendo alavancado por muito poucos. JP: Acha que o uso das redes sociais com foco corporativo tende a se firmar ou pode haver um efeito bolha ou ser uma febre passageira, por exemplo? RM: Acredito que a transparência é uma das melhores coisas que nasceu com esta mudança provocada pelas redes sociais. Os consumidores agora estão “abusados” - com todo direito - criam comunidades de “eu odeio” no Orkut e juntam milhões de pessoas, espalham idéias no
Twitter que se propagam em minutos... É um novo tipo de poder e reversão hierárquica que acho difícil ser simplesmente “moda”. Acho que descobrimos, de fato, uma boa brecha para a democracia. JP: Cite um exemplo de uso de redes sociais em âmbito profissional. RM: Na Multishow FM, fizemos uma blitz onde os internautas participavam através das redes twitter, facebook e orkut, em horários determinados. Os prêmios eram kits institucionais da rádio com mochila, mousepad e pendrive. Em duas semanas de ação (tempo total) vimos uma resposta impressionante (899 novos followers no twitter). (Felipe Peduzzi)
Todo cuidado com a segurança é pouco Layne Amaral, mestre e graduada em Comunicaçao Social, webpublisher da UERJ e professora de Comunicação na Faculdade Pinheiro Guimarães, alerta para a questão da segurança na rede. “Atualmente as redes sociais são muito populares e, desta forma, passam a ser alvo de visitas não apenas de amigos e conhecidos, mas também de possíveis empregadores, afetos ou desafetos, além de desconhecidos mal-intencionados. Os dados disponíveis na internet e nas redes sociais podem ser acessados por qualquer um, a qualquer momento, além de ficarem armazenados por muito tempo nos servidores, mesmo quando você se arrepender do que publicou e resolver apagar o conteúdo. Então vale tomar precauções semelhantes a que tomaríamos no mundo presencial”, alerta. mo que o link tenha sido enviado por um amigo, ele pode estar direcionado a um site mal-intencionado, sem que seu amigo saiba que foi repassado.
Felipe Peduzzi
1 - Cuidado com as informações que você coloca no seu perfil ou que escreve nas mensagens de perfis de amigos. Evite colocar dados como nome completo, endereço, telefones etc. Você não colocaria estes dados no mural da padaria da esquina, colocaria?
8 - Crie sempre uma senha forte para
qualquer serviço na internet, que combine números, letras e caracteres (como hífens ou sinais). E mude-a ocasionalmente,.
2 - Evite colocar fotos com nomes, especialmente se seu perfil já possui seu nome completo e dados profissionais e pessoais. Seria muito fácil identificar você na saída de casa ou do trabalho. Vale, também, lembrar aos amigos que evitem colocar seu nome completo quando compartilharem fotos suas nos álbuns deles.
3 - Evite colocar seu e-mail visível na página principal da rede social. No mínimo ele será um alvo fácil para spams. Se tiver de passar dados pessoais para um amigo, faça-o por meio de uma mensagem privada ou depoimento, pedindo que o mesmo não seja publicado.
4 - Pense com cuidado antes de adi-
cionar um novo amigo, especialmente se o convite vier de alguém que você não conhece presencialmente. Uma vez aceito, o novo amigo terá mais facilidade de ver seus dados e fotos. Lembrese também de restringir o acesso aos seus dados apenas aos que estão em sua lista de amigos.
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- Tome cuidado ao participar de certas comunidades. As comunidades foram criadas para trocar informações sobre determinados assuntos e não para exibir sua simpatia a certas idéias. Um futuro empregador pode não entender bem você participar de uma comunidade chamada “odeio segundafeira” ou “odeio acordar cedo”.
6 - Pense bem sobre o que você es-
9 - Se acessar sua rede através de um
AS REDES SOCIAIS MAIS POPULARES Facebook
(www.facebook.com)
- Criado em rede de relacionamento com mais de 400 milhões de usuários em todo mundo, grande maioria dos Estados Unidos e Europa. É o quarto site mais acessado no mundo. No Brasil, cerca de 3,6 milhões de pessoas acessam a rede.
Twitter (www.twitter.com) - Servi-
ço que permite usuários publicarem mensagens de até 140 caracteres (os chamados “tweets”) para grupos de seguidores. Uma das redes sociais mais populares da Internet com mais de 100 milhões de contas e fenômeno de crescimento nos últimos anos. Curiosida-
de: 40% do usuários nunca twitaram. Criado em 2007.
(www.linkedin.com) -
Fundado em 2002 com propósito de ser uma rede de relacionamento profissional. Apresenta uma espécie de currículo online e a possibilidade de seguir empresas. Conta com mais de 15 milhões de usuários cadastrados. No Brasil são cerca de 350 mil usuários Ning (www.ning.com) - Criada em 2005, a ferramenta que permite a criação, gerenciamento e participação de redes sociais. Atualmente, para usar os recursos da rede os usuários terão que ser pago.
micro compartilhado - em uma lanhouse, no trabalho ou na faculdade, por exemplo - tenha um cuidado especial. Use sempre o link de saída apropriado (logout) e preste atenção para não salvar as senhas automaticamente no navegador.
10 - Leia sempre as políticas de pri-
vacidade dos sites, para saber como seus dados poderão ser utilizados. É trabalhoso, mas será feito apenas uma vez. Os posts no twitter, por exemplo, atualmente são todos copiados para o servidor da biblioteca do Congresso Americano.
11-
Em resumo, encare a internet como um grande Big Brother. O que você escrever poderá ser visto por milhões de pessoas e ainda estará por muito tempo gravado nos servidores. Mesmo que você os apague eles podem ter sido copiados por terceiros e estarem disponíveis em outro site.
creve nas comunidades. Muito tempo depois, quando você já esqueceu o que escreveu, alguém poderá acessar suas mensagens. Aquele post engraçado sobre a festa da semana passada em que você perdeu a linha ainda estará na rede dois anos depois, e pode ser pesquisada tão facilmente como no Google.
7 - Cuidado ao clicar em links recebidos por meio de sua rede social. Mes-
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Rio de Janeiro, capital do futebol americano O estado fluminense reúne os melhores jogadores e o melhor time do Brasil Felipe Argentino
Foto: Bruno Macchiute/FeFARJ
Que o Rio é a capital do futebol, da boemia e das mulheres bonitas, todos já sabem. O que muita gente desconhece é que o estado é destaque no país quando o assunto é futebol americano. O esporte é amplamente praticado na Cidade Maravilhosa, porém com algumas variações bem peculiares. Só aqui no Rio é disputado um campeonato do esporte ianque, o Carioca Bowl. Em sua décima primeira edição, a disputa reúne equipes de todo o estado nas areias das praias mais conhecidas do mundo. A modalidade é disputada sem equipamentos de proteção e com as dimensões reduzidas, se levada em conta as medidas dos campos profissionais de futebol americano. Enquanto na NFL, Liga Profissional Americana, as partidas são disputadas em locais de 110 m², no Carioca Bowl apenas 75 metros são aproveitados pelos atletas. Ainda amador, assim como os times que jogam na praia, mas com um respaldo de atuarem com as mesmas normas praticadas nos Estados Unidos, os times de futebol americano de grama do Brasil estão começando a viabilizar uma estrutura de esporte bem difundido. Equipes já surgem em todo o país e, com isso, foi criada, em 2000, no Rio de Janeiro, a Associação de Futebol Americano do Brasil (AFAB), para organizar os campeonatos pelo país. Hoje em dia, novas federações estaduais já existem e algumas delas já tomaram conta de suas próprias regiões.
Mas o Rio de Janeiro, além do seu pioneirismo, não fica com o título de capital do futebol americano simplesmente por conta desse mérito. O estado também reúne os melhores jogadores e o melhor time do Brasil, o que pode ser comprovado nos campeonatos disputados nos últimos anos. Em 2009, em Sorocaba, ocorreu o primeiro campeonato de seleções do Brasil, e o Rio de Janeiro conquistou o 2º lugar, após perder a final para o estado de São Paulo. Mas isso era só o começo para os cariocas: no final do mesmo ano, o Torneio Touchdown foi o primeiro campeonato interestadual de equipes em solo brasileiro. Por ser amador e ainda não contar com uma estrutura satisfatória, o estado foi representado por apenas um time, os Imperadores do Rio de Janeiro (homenagem ao bicentenário da chegada da família real portuguesa ao Brasil), fundado em 23 de Janeiro de 2008. O time mostrou a força do estado e levou o caneco do primeiro campeonato brasileiro da categoria. Este ano, foi realizada a segunda edição do torneio de seleções. Com a base formada pelos Imperadores e constituída por outros fortes atletas vindos da praia, não teve para ninguém e a seleção do Rio ficou com a taça. Mas nem tudo são flores na vida desses guerreiros, pois as glórias só aparecem através de um esforço estritamente amador. Segundo Paulo Cavichão, jogador do Joinville Panzers (SC), este é um esporte muito caro. Para se ter um ideia, cada atle-
Piratas de Copacabana (esq.) x Ipanema Tatuís: XI Carioca Bowl nas areias da praia de Botafogo
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ta tem que desembolsar do bolso cerca de mil reais para obter o equipamento completo. Paulo ainda afirma que a falta de patrocínio e o pouco enfoque da mídia é uma barreira para o crescimento do esporte. No Rio de Janeiro o Imperadores RJ treina no Alto da Boa Vista e quando tem que sediar seus jogos, arma de forma improvisada um campo nas dependências do clube do São Cristóvão. O jogador do Joinville Panzers declarou que, em relação à estruturação das equipes, o estado de São Paulo sai na frente, pois além de campos voltados para a pratica do esporte, o Corinthians Steamrolers é a única equipe que conta com patrocínio.
Já Ivael Freitas, que atua no time paulista, confirma força que o clube do Parque São Jorge deu no centenário do Timão. Ivael ainda vai mais fundo quando o assunto é apoio aos times de futebol americano. Para ele, a discriminação da iniciativa privada com o esporte, que é pouco difundido no Brasil, faz com que ele não saia do amadorismo. Mesmo com tudo aparentando atrapalhar, os cariocas estão liderando no quesito competições oficiais. São Paulo pode até ter uma melhor qualidade para preparação de campeonato, mas não tem a ginga e o celeiro de novos talentos que nascem na praia, no Carioca Bowl, e despontam na grama.