Jornal da Pinheiro nº 21

Page 1

JORNAL

DA

PINHEIRO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | Ano 6 | Nº 21

Oito anos em um: Rio de Janeiro vira canteiro de obras em pleno ano de Copa Foto: Ailton Modesto

ESPORTE Operários que trabalham nos estádios assistem ao Mundial de 2014 de graça. FIFA divulga resultados para os ingressos do evento e anuncia terceira fase de compra. P. 04

Veja Mais...

EDUCAÇÃO Claudia Costin deixa secretaria e faz balanço de sua gestão P. 03 A prefeitura tem como objetivos a integração e a revitalização da zona portuária da cidade

O projeto Porto Maravilha, que está sendo visto como um dos legados olímpicos mais importantes, simboliza a retomada de uma área que é berço cultural da cidade. Ao todo, cinco milhões de metros quadrados

serão revitalizados na região. Mas, sejamos realistas. Todo e qualquer tipo de obra que implica diretamente nas vidas das pessoas de um determinado lugar - no caso em questão, o Rio - precisa, necessariamente, ter

o conhecimento da população. A pergunta que fica no ar é a seguinte: por que a prefeitura, juntamente com a Secretaria Municipal de Transporte, não consultou a opinião pública? P.05

Moradores pedem melhorias para Catete e Glória P. 08 CULTURA Fuja da mesmice com as festas alternativas P. 07


Circuito funcional ganha força no Rio

Editorial O Jornal da Pinheiro é um jornal produzido academicamente. Tratase de um trabalho de conclusão da disciplina Jornal Laboratório, ministrada pelo professor de Comunicação Social/Jornalismo Sergio Xavier na Faculdade Pinheiro Guimarães, localizada no bairro do Catete, zona sul carioca. É elaborado pelos alunos do sétimo período e tem por objetivo treinar e testar a capacidade de produção de textos dos alunos, bem como a capacidade de edição no programa InDesign, utilizado para criação de revistas e jornais. Através da conclusão desse trabalho, os alunos serão analisados na disciplina. A produção é feita em etapas. Primeiro é feita a divisão dos alunos em grupos de no máximo 6 componentes. Depois cada grupo sorteia uma editoria e escolhe uma pauta. Em seguida, realiza uma apuração com entrevistas e pesquisa. Com os dados em mãos, os alunos escrevem uma matéria e produzem uma foto relacionada a ela. Por último, é feita a diagramação no InDesign e a edição final feita pelo professor. Estando tudo em ordem, a edição do jornal vai para etapa de confecção. A distribuição é feita dentro do campus da Faculdade.

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães Produzido pelos alunos da disciplina Jornal Laboratório (7º período) Diretor-Executivo: Armando S. Pinheiro Guimarães Coordenador do curso: André Luiz Cardoso Editor-Chefe: Sergio Xavier(sergiosx@gmail.com) Repórteres: Ailton Modesto, Ana Luisa Flores, Aran Rofé, Bianca Camarte, Carlos Vieira, Cleber Freitas, Douglas Teixeira, Ethieny Santana, Felipe Braga, Geysa Santos, Josué Domingues, Jucelane Vitor, Jurema Carvalho, Laís dos Santos, Leontino Marques, Lucas Lima, Lucileide Ramos, Manoela Pereira, Nayara da Silva, Rafael Leão, Reynaldo Carlos, Rodrigo Fernandes, Stephanie Santos, Thales Abreu, Thiago Manga. Diagramação: turma de Jornal Laboratório Revisão: Cláudio Pimenta Impressão: Gráfica Folha Dirigida Rua do Riachuelo, 144 - Centro - RJ - CEP 20230-014 Tiragem:15 mil exemplares Rua Silveira Martins, 153 – Catete - RJ Telefone: (21) 2205-0797 www.faculdadepinheiroguimaraes.edu.br

2

Jornal da Pinheiro • ano 6 • nº 21

BIANCA CAMARTE • biancacamarte@oi.com.br CARLOS VIEIRA • cadu0505@hotmail.com

O personal trainer Thiago Ferreira aproveita o dia ensolarado para aplicar seu treino

A

atividade vem se incorporando ao cenário das praias cariocas. Considerada por muitos como a moda do último verão, a prática reúne cada vez mais adeptos. Trata-se de um método de trabalho ainda mais dinâmico que os treinos convencionais. O circuito funcional é caracterizado por mesclar diferentes capacidades físicas em um único exercício. Assim, o foco passa de um grupo muscular isolado para todo o corpo. Os objetivos dessa prática de exercícios representam uma volta à utilização dos padrões fundamentais do movimento humano, como por exemplo, empurrar, puxar, agachar, girar, lançar. São movimentos cotidianos e que geralmente nem nos damos conta de fazer. O personal trainer Thiago Ferreira explica que o sucesso da atividade física se deve ao bem estar alcançado pelos praticantes e pela beleza do cenário:“Fazer uma atividade física ao ar livre e com um visual lindo comoos das praias do Rio, não tem como não cair no gosto da galera. Além disso, é uma série de exercícios que trabalha várias funções do corpo”, explica

o profissional. Para Fabio Gonçalves, publicitário e praticante do circuito ao ar livre há 2 meses e meio, a nova mania carioca é uma oportunidade de sair do lugar comum e praticar uma atividade física diferente da musculação. Para quem deseja ingressar no circuito, são necessários alguns cuidados. Inicialmente deve-se consultar um médico e fazer alguns exames. Para pessoas sedentárias a recomendação é começar de forma gradual. O endocrinologista Álvaro Luiz orienta que todos devem ficar atentos ao limite do seu corpo e respeitá-lo: “Seu corpo fala através de uma dor que pode ser leve ou forte, fala através da respiração. Se sentir algo diferente sinalize para o profissional que ministra o treino.” – recomenta Dr. Álvaro. O endocrinologista também atenta aos perigos de iniciar uma atividade por conta própria. O médico adverte sobre a necessidade de estar acompanhadopor um profissional preparado para auxiliar o aluno durante a atividade. A esteticista Shirley Reis, de 54 anos, adepta de corrida, inseriu o

treino funcional na praia em sua rotina há 4 meses por recomendação de uma amiga. Além de sentir o corpo mais rígido, a nova atividade lhe proporcionou bem-estar. “Eu indico a atividade porque é a melhor forma de nós mulheresacima de 50 anos estarmos bem com o nosso corpo, nossa saúde e com nossa mente.”, afirma a esteticista. Para ela o treino é um desafio, já que leva o corpo ao limite. “Além disso emagreci 8kg desde que iniciei um projeto de treinamento. - completou Shirley. A atividade pode ser encontrada em vários pontos das orlas cariocas. Em alguns grupos não é necessário a-gendar horário, basta chegar e começar. É uma atividade específica que auxilia na preparação física, na coordenação e no equilíbrio. Mas como em todo exercício é necessário hidratar-se principalmente durante a prática. Manter uma alimentação à base de carboidrato, cerca de meia hora antes do treino também ajuda. E por se tratar de um exercício ao ar livre, capriche no filtro solar Thiago Ferreira Personal Traine : @thiferreirapersonal / thiferreirapersonal1


EDUCAÇÃO

Secretaria Municipal de Educação do Rio deixa o cargo RODRIGO CARVALHO • rodrigonandes@hotmail.com DOUGLAS TEIXEIRA • douglas_ct27@hotmail.com REYNALDO GAMA • reynaldogama@hotmail.com

A secretaria municipal de Educação, Claudia Costin, especialista em gestão pública, deixou o cargo. Claudia assumiu a SME no município do Rio em 2009, depois de deixar a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Ela foi se mudar para os EUA, já que foi aprovada em um processo seletivo para comandar o departamento de Educação do Banco Mundial (Bird). Muito criticada na greve dos professores no ano passado, Cláudia Costin estava diretamente à frente do impasse. A categoria não fazia greve há 18 anos e a última paralisação durou 77 dias. A secretária tem como um dos êxitos de sua gestão o crescimento do IDER (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), 2011, em que o Rio de Janeiro foi a cidade que mais cresceu entres as capitais do país. Entre as dificuldades encontradas à frente da Secretaria, Cláudia salientou que o fim da aprovação automática, algumas questões ficaram evidentes. “O último IDEB que havia sido divulgado, em 2007, era bom para os padrões brasileiros na época: 4,5 nos anos iniciais e 4,3 nos anos finais. O IDEB é um índice composto, formado pelo resultado da Prova Brasil e pela taxa de aprovação. A nota da Prova Brasil em 2007 tinha caído, tanto em Português quanto em Matemática, no 5º e no 9º anos. O quadro era uma agravante piora na aprendizagem, porém com um IDEB melhor, consequente 28 mil analfabetos funcionais do 4º e 6º ano, 17 mil só no 6º ano, segundo afirma a secretária. Em 2011, o Rio de Janeiro foi a cidade que mais cresceu entre as capitais. Nos anos finais (do 6º ao 9º ano) o crescimento foi de 22% comparado com 2009, com o IDEB subindo de 3,6 para 4,4. Já nos

anos iniciais (do 1º ao 5º ano) a rede cresceu 5,9%, com o IDEB subindo de 5,1 para 5,4. No cenário nacional o crescimento do país foi de 0,5%. A secretária se esforçou para dar um salto de qualidade da educação e para assegurar equidade. Começou estabelecendo um currículo claro, organizado por bimestres, com provas bimestrais unificadas de português, matemática, ciências e redação. “A elaboração do material de apoio pedagógico, na forma de cadernos pedagógicos, pelos professores e de aulas digitais, através da Educopédia, projetadas em sala de aula, foram uma das ações enérgicas para a mudança de um quadro de defasagem”, afirmou a secretária. O investimento também forte na formação do professor alfabetizador e a produção com ele do próprio livro de alfabetização, foi uma escolha acertiva que trouxe mudanças às séries iniciais. Houve a implantação de um programa de aceleração para os alunos mais velhos, de realfabetização dos analfabetos funcionais e o Nenhum Criança a Menos, que garantiu aos alunos com baixo desempenho nas avaliações externas mais chances de sucesso. A ação trouxe uma nova realidade às salas de aula, já que havia muitas dificuldades na interação de alunos com faixa etária maiores, por desmotivação e indisciplina. A criação dos EDI’s (Espaço de Desenvolvimento Infantil) facilitou a vida de muitas mães que tinham dificuldades de acesso às boas creches, que contam também com o pré-escolar. A criação das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) em muitas comunidades trouxe uma nova preocupação à Prefeitura – a educação fundamental nos territórios, antes controlados pelo poder paralelo. A criação do programa Escolas

do Amanhã em 2009, que tem como objetivo reduzir a evasão escolar e melhorar a aprendizagem em 155 escolas nas áreas conflagradas ou recém-pacificadas da cidade, objetiva o mesmo padrão de exigência, a diferença é que oferecem atividades pós-escola de artes, esporte e reforço escolar, além de um programa inovador de ciências, centrado em experimentação, o que faz com que esse aluno passe mais tempo na escola, além de oferecer um método mais dinâmico de ensino para desfazer bloqueios cognitivos criados pela exposição diária à violência. Os professores municipais entraram em greve no dia 08 de agosto de 2013. A greve, que durou 77 dias, após 19 anos sem uma paralização, teve várias reivindicações, entre elas, o cumprimento da lei que garante um terço da carga horária do professor para atividades de planejamento e o pagamento da diferença no valor da hora-aula dos docentes que trabalham menos de 40 horas semanais, foi enfrentada com empenho pela SME, que criou o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) que garantiu um reajuste salarial de 15,3% para todos os profissionais da Educação. Ossores que fizeram a reposição das aulas, no período de recesso do mês de dezembro de 2013, e até aos sábados, conforme, estabelecido, receberam o valor dos dias descontados, além dos tickets alimentação/refeição. A rede municipal conta com mais de 42 mil professores e, segundo a secretaria, não há déficit de docentes. “Desde 2009, quando havia um déficit histórico de 7.500 professores, foram convocados mais de 23 mil novos docentes” – ressaltou Cláudia Costin. A criação do cargo de professor de Educação Infantil, a mudança da carga horária

de 40 horas, desde 2011, para todos os docentes de todas as disciplinas, trouxeram uma nova estrutura a rede. Uma das principais metas da Prefeitura é a implantação do programa Turno Único nas unidades escolares da Rede Municipal, com sete ou oito horas de aulas e que vai alcançar 35% dos alunos ao final de 2016. Para estabelecer a meta, a Prefeitura criou a Fábrica de Escolas do Amanhã, que até 2016 vai construir 136 unidades e adaptar 77 unidades já existentes. As primeiras unidades serão entregues no início de 2015. Atualmente, 19,5% dos alunos da Rede Municipal são atendidos em turno único. Nestas unidades, os alunos têm mais tempo de aula de Português, Matemática e Ciências. Pelo programa, as escolas do 1º ao 6º Anos terão sete horas de aulas e duas horas a mais para atividades de Reforço Escolar, artes e esportes. Já as unidades que atendem alunos do 7º ao 9º anos terão oito horas de aulas e uma a mais para o pós-escola.

Claudia Costin, secretária municipal de educação ano 6 • nº 21 • Jornal da Pinheiro

3


ESPORTES

Torcedor sofre para conseguir ingresso da Copa Copa do Mundo Brasil 2014

ANA LUISA VIEIRA • ana_luisa_vieira@yahoo.com.br STÉPHANIE PARREIRA • stephanie.diamond@hotmail.com NAYARA GIRARD • nanahgirard@hotmail.com LAIS BORGES • lais.santosb@yahoo.com.br

F

altando apenas alguns dias para a tão sonhada Copa do Mundo no país do futebol, a Fifa divulgou que foram solicitados 3,5 milhões de ingressos pelos torcedores na segunda fase de vendas. Os pedidos foram feitos por cerca de meio milhão de pessoas de 199 países, e aproximadamente 80% dos interessados são brasileiros que solicitaram 2,6 milhões de entradas para os 62 jogos distribuídos em 12 estádios. Junto com os novos estágios, também vieram os problemas em conseguir os ingressos para as partidas. O sorteio eletrônico dos ingressos foi realizado, em fevereiro, com a participação de representantes da Caixa Econômica Federal e do Ministério do Esporte, além de contar com um tabelião público. Foi no meio desse processo que ocorreram alguns problemas e conversamos com alguns participantes. A publicitária e amante do futebol Milena Cândida sempre teve o sonho de assistir a uma Copa do Mundo. A oportunidade finalmente chegou, mas foi perdida em menos de 2 horas. A publicitária explica que o primeiro passo para o processo de compra online foi o cadastro, e logo em seguida, a escolha dos ingressos. Feito isso, era só aguardar o sorteio. Milena conta que sua maior dificuldade foi finalizar o processo devido à lentidão no site. Já o torcedor do clube Vasco da Gama, Vinicius Dias, não encontrou dificuldade nenhuma ao acessar o site da Fifa, apenas teve que ficar atento aos horários e dias da venda para poder madrugar no site. E para quem ainda tem esperançNotícia boa veio para os operários que trabalharam nas obras do Mundial. Graças a um

4

Jornal da Pinheiro • ano 6 • nº 21

Compra de ingressos para assistir aos jogos da Copa do Mundo

acordo entre o Comitê Organizador Local e a entidade, a Fifa pretende doar 50 mil bilhetes para as empreiteiras que atuaram na viabilização do torneio.

Cada empresa vai eleger um dirigente responsável pelo reco-lhimento dos ingressos junto à entidade. A responsabilidade pela distribuição dos ingressos ficará a cargo das

próprias empreiteiras, É importante que fiquem atentos a todas as orientações dadas pelo site oficial da Fifa. Não devem buscar outras fontes para aquisição do ingresso.


CAPA

Oito anos em um: Rio de Janeiro vira canteiro de obras em pleno ano de Copa AILTON MODESTO • ailtonmodesto@gmail.com ARAN ROFÉ • aran.rofe@gmail.com GEYSA RAMOS • geysa_17@yahoo.com.br LEOTINO MARQUES • leotino.marques@gmail.com

Foi o tempo em que o trânsito nas maiores cidades do Brasil era sinônimo de modernidade e progresso. Hoje, esses adjetivos não condizem mais com a realidade existente nos médios e grandes centros urbanos. Um bom exemplo disso é o Rio de Janeiro, uma das principais cidades sede da Copa do Mundo de 2014, que desde 2013 vem passando por mudanças de caráter revitalizador em algumas áreas, cujo principal objetivo é reestruturar as principais vias de acesso ao centro da cidade. O foco primordial destas obras é a Região da Zona Portuária, um lugar que ficou esquecido por décadas, como se não fizesse parte do Rio de Janeiro e agora, ressurge como pedra fundamental no projeto de construção do Porto Maravilha. O projeto, que está sendo visto como um dos legados olímpicos mais importantes, simboliza a retomada de uma área que é berço cultural da cidade. Ao todo, cinco milhões de metros quadrados serão revitalizados na região. Mas, sejamos realistas. Todo e qualquer tipo de obra que implica diretamente nas vidas das pessoas de um determinado lugar - no caso em questão, o Rio - precisa, necessariamente, ter o conhecimento da população. A pergunta que fica no ar é a seguinte: por que a prefeitura, juntamente com a Secretaria Municipal de Transporte, não consultou a opinião pública? Afinal, o povo tem todo o direito de saber sobre aquilo que mexe com o seu dia-a-dia. Não se pode virar uma cidade de pernas para o ar sem antes ouvir os moradores. Marcos Roberto, 38, é técnico de refrigeração e mora na Baixada Fluminense. Pelo menos quatro vezes na semana ele precisa vir ao centro de carro para trabalhar. Ele fala que hoje está muito difícil se deslocar de veículo pela cidade. “Meu tempo médio de chegada ao centro aumentou de uma hora para, no mínimo, duas horas e meia”. Ele não vê com bons olhos a derrubada

O projeto Porto Maravilha causa mudanças no trânsito do centro do Rio

da Perimetral. “Era a ligação mais rápida entre a Zona Norte e a Zona Sul e agora os únicos caminhos para a Zona Sul são os Túneis Rebouças ou Noel Rosa, que vivem engarrafados”. O trabalhador não é o único a reclamar das mudanças que estão transformando o seu cotidiano. Assim como ele, existe uma infinidade de pessoas que não apoiam a iniciativa da prefeitura de fazer da cidade um canteiro de obras. É que mesmo depois que tudo isso acabar, ninguém tem a certeza de que o Rio de Janeiro finalmente terá um trânsito menos confuso e mais eficiente. O impacto das mudanças nas vias terrestres pode ser sentido no metrô, apresentando composições claramente mais lotadas hoje em dia, até mesmo em horários considerados sem pico. Os usuários habituais das vias terrestres adotaram o metrô, pelo fato de os ônibus enfrentarem dificuldades em mobilização pelo centro e arredores. Devemos lembrar, também, que os pontos de ônibus sofreram alterações,

fazendo com que o cidadão tenha que andar muito além do que antes para chegar ao ponto BRS adequado. Por exemplo, tínhamos pontos na Rua da Carioca que foram extintos. Ou pegamos um ônibus na Praça Mário Lago, ou andamos até a Praça Tiradentes para achar o próximo ponto. Por isso, fica a pergunta: toda esta dor de cabeça vai mesmo valer a pena? Com a derrubada da Perimetral, a Zona Portuária deve ganhar cara nova, uma vez que o lugar é uma importante porta para quem chega à cidade pelo mar. Com a construção do Túnel do Binário e a implantação da Via Expressa, o acesso ao centro será muito mais rápido, já que o projeto não prevê a utilização de semáforos. Além disso, existe uma grande expectativa em torno do projeto Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), com capacidade para transportar 400 passageiros por composição. Ele circulará no centro e na Zona Portuária, ligando toda a área por seis linhas e 46 pontos (42 paradas e quatro estações), em 28 km

de via. O VLT fortalece o conceito de transporte público integrado e as suas estações vão se conectar com metrô, trens, barcas, teleférico, BRT, redes de ônibus convencionais e aeroporto. De acordo com Mariana Jucá, chefe do Departamento de Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Transporte (SMT), com as novas mudanças que estão sendo feitas a eficiência do transporte público deverá aumentar em mais de 27 por cento, oferecendo mais conforto ao usuário e revitalizando a ideia de deslocamento urbano. Independentemente do resultado que se espera obter de uma obra, o caminho entre o início e o término é sempre o mesmo; muito trabalho, transtorno e quase nada de paciência por parte das pessoas. Que uma coisa fique bem clara: planejamento urbano sempre combina com qualidade de vida que, aliás, é algo que a população desconhece. Vamos torcer para que o senhor prefeito tenha, de fato, tomado a melhor decisão, porque a essa altura o povo não sabe mais o que esperar. , ano 6 • nº 21 • Jornal da Pinheiro

5


ACONTECEU NA PINHEIRO

Ditadura nunca mais: 50 anos do Golpe Militar NICHOLAS BASTOS • bastos.nicholas@gmail.com

Foto: Márcia Lopes

Exposição no Centro Cultural Banco do Brasil relembra os anos de chumbo

O

s alunos do curso de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães visitaram, no fim de março, a exposição “Resistir é Preciso – 50 anos do Golpe de 64”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro do Rio. A visita, organizada pelo Centro Acadêmico da instituição, contou em sua grande maioria com calouros. O evento retratou em

6

Jornal da Pinheiro • ano 6 • nº 21

detalhes acontecimentos ocorridos no Brasil durante o período do Regime Militar. Fotos, quadros, reportagens e objetos da época foram expostos para o público, para um melhor entendimento daquele momento e processo histórico. “Pudemos nos aprofundar com os fatos ocorridos durante a Ditadura e que, muitas vezes, não são tão bem explorados em sala de aula”, opina Myllene Fortunato, 20 anos, que cursa

o 1º período de Jornalismo na FPG. Também foram feitas palestras e workshops gratuitos com pessoas que vivenciaram o período, entre eles, o jornalista Zuenir Ventura, que batiza a sala de produções jornalísticas da FPG. Ventura falou sobre o caso do jornalista e professor Vladimir Herzog, que foi assassinado pelas forças do Estado e teve sua morte ocultada, sob a justificativa, depois desmascarada, de

suicídio em sua própria cela de prisão. Palestras sobre imprensa, futebol e MPB no período da ditadura também foram realizados. “Achei muito interessante pois deixa bem claro como e quando foi a Ditadura Militar no Brasil. Detalhes importantes foram expostos, melhor ainda, gratuitamente, o que permite a presença de pessoas de todas as classes”, conclui Ana Paula Oliveira, 21 anos, também caloura da FPG.


CULTURA

O novo conceito de festas da noite carioca

Conheça o ambiente desses eventos que estão se espalhando pelo Rio ETHIENY • ethieny.santana@hotmail.com JOSUÉ • josuekosta@hotmail.com RAFAEL • rafaleon14@yahoo.com.br MANUELA • manu_8193@hotmail.com

Q

uando se pensa em aproveitar a noite no Rio de Janeiro, é comum vir à cabeça de milhares de pessoas as boates e casas de shows mais populares, onde tocam funk, samba e músicas mais atuais. Mas há um público que foge do tradicional e busca seu próprio estilo de entretenimento noturno. O berço da boêmia carioca é também o local onde esse público mais alternativo encontra a maior diversidade de festas que não toquem o óbvio: a Lapa. Casas de Shows já famosas entre o público cedem seu espaço para essas festas que são digamos... Um tanto diferentes para a grande massa. “Yellow Submarine”, “Bebete vãobora”, “Bagaceira” e “Pop N’ Roll” são apenas exemplos de eventos que trazem temas criativos, que chamam a atenção daqueles que procuram por novos estilos nas noites cariocas. O que estas festas têm de diferente das demais? Flávia Monteiro, 20 anos, diz que sente uma “vibe” mais leve, onde os frequentadores estão mais preocupados em curtir ao lado dos amigos, do que curtir a noite em si. “Eu me sinto super ambientada, principalmente pelas músicas que

Eventos tem crescido cada vez mais nos últimos anos (Foto: Divulgação)

tocam. Encontrar esse tipo que seja compatível com musical é difícil”, diz a Guilherme Freitas, 23

Ambiente descontraído e música de qualidade (Foto: Divulgação)

de evento seu gosto estudante. anos, diz

que um dos motivos de frequentar essas festas é a vantagem de sair da rotina, mesmo que elas não sejam tão divulgadas quanto as outras. “Elas não são feitas para a grande massa. Para você ir, é preciso gostar mesmo desse estilo musical e do ambiente”. As festas alternativas começaram a expandir-se desde o ano de 2012 e vem crescendo mais a cada ano. Baladas underground, MPB, indie, reggae e mashups criativos estão conquistando tanto o público antigo quanto novos frequentadores. Gabriela Andrade, 20 anos, é uma das pessoas que foi cativada por esse novo estilo de aproveitar as noites cariocas. “A musica é boa, você poder se soltar, cantar alto, dançar como quiser. Você pode ser você mesmo, ninguém te julga. O foco é curtir a festa, sentir o clima bom.” Além da música, uma das características mais marcantes é que o público é assíduo e novas

amizades sempre são formadas. Música, descontração, boa música e novas amizades. Essas são as novas características adicionadas à mistura carioca.

Divulgação do evento (Foto: Divulgação)

ano 6 • nº 21 • Jornal da Pinheiro

7


POLÍTICA

Evoluir é preciso

Bairros do catete e glória são ricos em tradição e, também, em problemas Cleber Freitas • clebersfreitas@yahoo.com.br Lucas Lima • lucaslima.imprensa@gmail.com Thales Abreu • thalescamera@gmail.com Thiago Manga • thiago.manga@yahoo.com.br

Q

uem transita pelos bairros do Catete e Glória, na Zona Sul do Rio, conhece as qualidades de uma das regiões mais tradicionais da cidade, rica em história, atrações culturais e turísticas. Mas também convive com problemas, deficiências, ainda hoje explícitas. Falta de segurança, problemas de acessibilidade e limpeza urbana são algumas questões que perduram até hoje. Deborah Prates, moradora da Glória, tem razões de sobra para reivindicar melhorias. A advogada, deficiente visual, conta que existem muitos assaltos na região, o que deixa os transeuntes em um clima de insegurança, mesmo com a sede da 9° Delegacia de Polícia (DP), no Catete. Sobre acessibilidade, a situação é ainda pior. “Para um cadeirante é impossível transitar com independência pelas ruas. A inacessibilidade é total”, lamenta Prates, pontuando que não existem rampas de acesso na maioria das vias. Arquivo Pessoal

Deborah Prates: falta de acessibilidade

8

Jornal da Pinheiro • ano 6 • nº 21

Divulgação/Subprefeitura da Zona Sul

Obras tem sido feitas para melhorar qualidade de vida nos bairros

Integrante da Comissão de Direitos Humanos e da Mulher da OAB-RJ, ela denuncia o “abandono da limpeza urbana” nos bairros. Segundo Prates, locais emblemáticos, como a Praça Paris e o Aterro do Flamengo estão sempre muito sujos. “A limpeza urbana é muito precária”, reclama. A moradora acrescenta que há muitos moradores de rua. “É um dormitório ao ar livre, uma questão social que o Poder Público preferiu não enfrentar”, coloca. Com mais de uma década de atuação parlamentar na Câmara Municipal do Rio, o vereador Eliomar Coelho (PSol), morador da Zona Sul, corrobora as reclamações da advogada. “Não existe no Rio de Janeiro uma política de segurança pensada com planejamento e inteligência para cuidar do cidadão”, avalia, acrescentando que a questão dos moradores de rua tem que ser enfrentada como um problema social, e não de polícia. “Tem que haver tratamento adequado que dê condições necessárias para a ressocialização dessas pessoas. Mas o Poder Público prefere

‘varrer’ o problema para debaixo do tapete”, opina. O parlamentar afirma que ações que visam o lado social, são essenciais para a melhoria na segurança pública. Sobre os problemas relacionados à acessibilidade, Eliomar lembra que é uma situação de toda a cidade. “O Rio não é feito para Flavio Marroso/CMRJ

Eliomar Coelho lista inúmeros problemas na região

quem sofre com algum tipo de deficiência. Nem mesmo na Câmara há acessibilidadepara deficientes”, declara. Ele também ressalta que considera “um absurdo, por exemplo, que todos os ônibus não sejam adaptados e que os funcionários das empresas não tenham o treinamento adequado”. Na questão da limpeza urbana, afirma que a prefeitura gasta muito dinheiro com eventos que promovam a Copa do Mundo. “Certamente é um dinheiro que faz muita falta na hora de valorizar os profissionais da limpeza urbana”, pondera, lembrando da recente greve dos profissionais da Comlurb, que segundo ele, foram criminalizados. No início do ano o subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos, esteve com representantes da Associação de Moradores da Glória (AMOGlória) e vistoriou os problemas da região. A estátua de São Sebastião, na Praça Luiz de Camões, e o lago do bairro foram limpos já em janeiro. A poda das árvores da mesma praça foi feita em fevereiro, enquanto um poste que estava caído na Rua Conde Lajes, na Glória, foi retirado e trocado por um novo no fim do mesmo mês. Além disso, outros reparos estão sendo feitos, como colocação de pedras portuguesas nas calçadas, e retirada e troca de um poste que estava caído na Rua Conde Lajes, pouco antes do Carnaval. “As rampas de acesso nas Ruas Santo Amaro e Benjamin Constant estão prontas, entregues em fevereiro e no início de março”, esclarece o subprefeito, acrescentando que em 2012, uma Unidade de Ordem Pública (UOP) da Guarda Municipal do Rio foi instalada no bairro do Catete, e vem fazendo a ronda e segurança da tríplice de bairros, que conta ainda com Glória e Largo do Machado.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.