Cadernos de Benares — Imagens entre Textos, Fragmentos de Um Lugar

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CADERNOS DE BENARES BENARES NOTEBOOKS

imagens entre textos · fragmentos de um lugar images between texts · fragments of a place

documenta fundação
carmona e costa

Ana Marchand cadernos de benares

imagens entre textos fragmentos de um lugar

Cadernos de Benares, Ana Marchand ............................................

XUANZANG ........................................................................

Reino de P’o-lo-ni-sse (Varanasi) ..............................................

MAURIZIO PISCICELLI ....................................................

A cidade de Shiva ..............................................................

ELENA D’AOSTA ................................................................

Benares, cidade santa… ....................................................

ANA MARCHAND ..............................................................

Cadernos de Benares – INSIDE ........................................

Cadernos de Benares – OUTSIDE ....................................

Vistas da exposição [ Exhibition views ] ......................................

BENARES NOTEBOOK [Translations] ............................

Benares Notebook , Ana Marchand ....................................

Baranasi (Varanasi) , Xuanzang ..........................................

The city of Shiva, Maurizio Piscicelli ..................................

Benares, the holy city… , Elena d’Aosta ..............................

Benares Notebook – INSIDE , Ana Marchand ....................

Benares Notebook – OUTSIDE , Ana Marchand ................

Agradecimentos ......................................................................

Acknowledgements ................................................................

Notas biográficas [ Biographical notes ] ........................................

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Cadernos de Benares 1

Ana Marchand

Benares não é um sítio, não é uma cidade.

Benares é uma ilha mítica, suspensa entre o céu e a terra e onde eu tive a ousadia de pousar os pés.

Na sua beira-rio de águas metálicas, mercúrio, iniciei uma viagem, uma infinita viagem.

Foi o ponto de partida, apenas um começo.

Lembro-me da primeira vez, o assombro com que os meus olhos tocaram aquelas superfícies, quando percorreram pela primeira vez aquelas margens.

A crueza da vida estava toda ali. Na primeira ghat 2 que desci, em cada degrau repousavam criaturas disformes, sem nariz, as extremidades putrefactas, o corpo a desfazer-se em farrapos. Eram leprosos. Nunca tinha presenciado nada de tão perturbador.

A Índia mítica/mística começava com corpos em ruínas, aquilo que mais profundamente somos. Corpos em pedaços, farrapos a envolverem apenas nada.

Foi assim a primeira visão de Benares.

O choque repercutiu em mim como um tsunami.

Desci até à beira da água. Sentei-me e fiquei ali.

Na água, a cor do amanhecer, a bruma rosa, cobria como um manto de suavidade os inúmeros humanos que ali ora emergiam ora submergiam, naquele canal, o leito comum, da nascença à morte.

1 Cadernos de Benares é um projecto tripartido: a exposição com o mesmo nome, o filme Ana e Maurizio, numa colaboração com Catarina Mourão, e a edição destes cadernos.

2 Largas e altas escadarias que dão acesso à beira-rio.

Em mim tinham rebentado as águas.

Um nascimento. Era eu que nascia?!

O véu que toldava a visão até então rasgara-se.

E um fluxo, outro fluido, espesso e viscoso despegou-se, atolou-se no pântano daquelas águas e eu senti-me a deixar de sentir. Fundia-me e confundia-me.

O rio transbordava de corpos.

Eram os gestos em silêncio. As mãos uniam-se, indicavam a origem da luz, e era para ela que vertiam, que lhe ofereciam as águas. Era um rio humano, o dos presentes, e o dos ausentes, cujas cinzas repousavam nos substratos daquele rio.

Aquele rio era a Humanidade.

Eu desfalecia, renascia e morria ali, sem perceber quem morria e quem nascia.

Aquele rio humano era o leito onde eu me iria revelar.

Voltaria a Benares alguns meses depois, já não de passagem, mas decidida a ali ficar.

Foram várias as temporadas ao longo de várias décadas.

Partia e voltava, esgotava-me e esvaziava-me.

Vivia com intensidade a desorientação que me provocava situar-me em tal contexto.

As condições de vida roçavam frequentemente os limites do equilíbrio.

Ia-me acostumando à dureza de enfrentar o mal de existir, e oscilava entre o esplendor dos gestos transformados em ritual e a repulsa da matéria decadente putrefacta.

Situações que foram pouco a pouco mudando a minha maneira de estar no mundo.

Somos todos apenas uma questão. Uma infinita e longa, inesgotável dependência.

No templo de Shiva, a oração assemelhava-se a uma subtracção.

Zero.

O tempo era outro. Estendia-se, dilatava. Um tempo sem tempo.

E o espaço espraiava-se num tecido, uma trama de vibração.

Benares não era uma cidade, nem um sítio.

Era um músculo que ritmava, um sopro, uma respiração.

O rio aplanava as últimas vagas, o crepúsculo recebia o som dos címbalos e do tambor.

Eu recolhia ao meu interior, deixava a noite acontecer.

Recortava pequenos papéis, diluía pigmentos, e os gestos e os pincéis, outro ritual se organizava, transformava as emoções, e passavam para essas pequenas superfícies o mundo inteiro: os líquidos, os vegetais, o ar, as pedras, todas as criaturas… ligava as leis eternas do coração à natureza, o exterior ao interior.

Na última estada em Benares, em 2020, troquei a solidão e vivi a experiência do sítio acompanhada.

Três presenças físicas – Manuel Costa Cabral, Catarina Mourão e Tiago Figueiredo 3 – e três presenças impalpáveis – Xuanzang, Maurizio di Vito Piscicelli e Elena d’Aosta.

Os três últimos foram existências tangentes, que nos últimos tempos afloraram o círculo evanescente da minha identidade.

Todos eles passaram por Benares. Todos escreveram sobre Benares. Em tempos diferentes, mas em consonância com o meu tempo. Faziam parte do meu presente. Uma constelação.

Levei-os na minha bagagem, aterraram comigo no pequeno aeroporto de Benares depois de trinta horas de viagem.

Nos últimos anos, procurei partes de mim, e tentei fazê-lo através da vida destes outros antepassados… propriedade privada?

Que sentido tinha isto tudo? Fragmentos espalhados de um pote de ouro, enterrado debaixo de uma imaginária ponte.

3 Fomos fazer as filmagens integradas no filme Ana e Maurizio

Oscilava entre o frágil sonho e a concretização de um projecto que teimava em me ocupar.

Que sabia eu daquele sítio, daqueles seres, de mim?

A vida tinha-me esbatido o sentido das certezas, sentia novamente que os meus actos vinham de algures, de um vasto espectro de situações.

Ali, era eu o centro das decisões, ou era a viagem a tomar conta de mim?

A Índia sempre teve este condão de me descentralizar.

Fiz tudo de novo.

Voltei aos mesmos sítios, pisei as mesmas pedras, partilhei o mesmo mundo pagão, procurei a mesma transcendência.

Quis deixar para trás o que já não era meu, passei à minha frente os passos de outros e pousei os meus nas pegadas deles. Caminhámos juntos, fundi as nossas sombras.

Procurei sair do caos, encontrar o fio de Ariadne.

Uma última vez ali…

a água que corria era outra.

E eu queria era chegar à outra margem…

Esta edição destes cadernos é o álbum, o revestimento final, palimpsesto, somatório de películas aderentes.

A transfusão que me revigorou neste final de ciclo.

Como a palavra secreta surgiu no sonho nocturno, desvaneceu-se de madrugada.

Uma longa e profunda expiração.

Porque assim tem de ser…

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XUANZANG

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p.  Fragmento de sutra traduzido pelo monge Xuanzang (encontrado na gruta Tuyugou, China) | Fragment of sutra translated by the monk Xuanzang (found in a cave in Tuyugou, China)

p.  Tinta-da-china sobre papel, Dali, 1998 | Indian ink on paper, Dali, 1998

p.  Fotografia de monge cantando sutras, Thiksey, Ladack, 2001 | Photograph of a monk singing sutras, Thiksey, Ladack, 2001

p.  Página de caderno com desenho a caneta, Sarnath, 2004 | Notebook page with pen drawing, Sarnath, 2004

p.  Tinta-da-china sobre papel, Ladakh, 2001 | Indian ink on paper, Ladakh, 2001

p.  Página de caderno com desenho de mantra, Dharamsala, 2009 | Notebook page with mantra drawing, Dharamsala, 2009

p.  Página do livro Mémoires de Hiouen-Thsang | Page from Mémoires de Hiouen-Thsang

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem de fotografia de Xuanzang | Inkjet print on transfer of a picture of Xuanzang

p.  Página de caderno com desenho de stupa em Sarnath, 2004 | Notebook page with stupa drawing in Sarnath, 2004

p.  Fotografia de entrada de casa, Leh, Ladack, 2001 | Photograph of a house entrance, Leh, Ladack, 2001

p.  Guache e aguarela sobre papel, Dali, 1998 | Gouache and watercolour on paper, Dali, 1998

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem de antigo mapa da Índia | Inkjet print on transfer of an ancient map of India

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem digitalizada, 2020 | Inkjet print on digital file transfer, 2020

p.  Frottage de pedra mani, grafite, caneta | Mani stone frottage, graphite, pen

p.  Fotografia de álbum de fotografias de Maurizio Piscicelli: beira-rio em Benares | Photograph from a photo album belonging to Maurizio Piscicelli: riverside view in Benares

p.  Colagem de fotografias, Ladack, 2001 | Photograph collage, Ladack, 2001

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem de fragmento de antigo sutra | Inkjet print on transfer of an ancient sutra fragment

p.  Página de caderno com desenho a caneta, Dharamsala, 2009 | Notebook page with pen drawing, Dharamsala, 2009

p.  Fotografia, Nalanda, 2020 | Photograph, Nalanda, 2020

p.  Guache sobre papel, Leh, Ladack, 2001 | Gouache on paper, Leh, Ladack, 2001

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem digitalizada, 2020 | Inkjet print on digital file transfer, 2020

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem de página do livro Voyages des pèlerins bouddhistes | Inkjet print on transfer of a page from Voyages des pèlerins bouddhistes

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem de mapa antigo da Índia | Inkjet print on transfer of an ancient map of India

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem de página do livro Mémoires des contrées orientales | Inkjet print on transfer of a page from Mémoires des contrées orientales

p.  Impressão a jacto de tinta sobre papel com imagem digitalizada, 2020 | Inkjet print on digital file transfer, 2020

p.  Fotografia de fragmentos de estátua, Nalanda, 2020 | Photograph of statue fragments, Nalanda, 2020

p.  Guache sobre papel, Benares, 1994 | Gouache on paper, Benares, 1994

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Reino de P’o-lo-ni-sse (Varanasi)

Xuanzang

O reino de P’o-lo-ni-sse (Varanasi-Benares) tem cerca de quatro mil li de perímetro. Do lado oeste, a capital está à beira do Ganges; tem dezoito a dezanove li de comprimento e cinco a seis li de largura. As aldeias estão muito perto umas das outras e tem uma população muito numerosa. Vêem-se famílias muito ricas, cujas casas estão repletas de objectos raros e preciosos. Os habitantes são doces e bem-educados, e dão muito valor aos homens apaixonados pelo estudo. A maioria deles acredita nas doutrinas heréticas, e poucos veneram a lei do Buda. O clima é temperado; os grãos são abundantes, as árvores e os frutos têm um aspecto florescente, e a terra coberta de tufos de ervas. Há uma trintena de conventos, onde se podem contar cerca de três mil religiosos. Todos estudam os princípios da escola Tching-liang-pou (escola dos Sammityas), que tem ligação ao Pequeno Veículo. Vêm-se centenas de templos de deuses. Há cerca de dez mil heréticos que, na sua maioria, veneram o deus Ta-tseu-Thai (Mahesvara Deva). Uns cortam os cabelos, outros conservam um tufo no cimo da cabeça, andam nus e não têm qualquer espécie de vestimenta (os Nirgranthas). Alguns esfregam o corpo com cinza (os Pashupatas), e entregam-se com ardor a dolorosas penitências, para conseguir escapar à vida e à morte.

Na capital, há vinte templos dos deuses. Neles vêm-se torres de vários andares, e capelas magníficas, construídas em pedra esculpida com arte e em madeira ricamente pintada. Árvores espessas cobrem com a sua sombra, e correntes de água pura circulam a toda a volta.

A sudoeste do vihara, há uma stupa em pedra que foi construída pelo rei Wou-yeou (Ashoka). Apesar de a sua base estar enterrada na terra, tem ainda

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cem pés de altura. Diante deste monumento, levantaram uma coluna em pedra que tem cerca de setenta pés. A pedra está polida como jade e é tão brilhante como um espelho. As pessoas que rezam com fervor vêm nela uma multidão de figuras; constantemente cada um vê imagens que respondem às suas virtudes ou aos seus vícios. Foi neste lugar que Jou-lai (o Tathagata), depois de ter adquirido a inteligência realizada, começou a rodar a Roda da Lei.

A sul e a pouca distância do lugar onde Chi-kia-pou-sa (Shakya Bodhisattva) ouviu a profecia, vêem-se antigos assentos de pedra que se elevam num lugar onde os quatro Budas do passado passearam para fazer exercício. O seu comprimento é de cerca de cinquenta passos e a altura de sete pés. Compõem-se de pedras azuis. Colocaram aí a estátua de Jou-lai (do Tathagata) na postura de um homem que se passeia. O seu corpo é de um tamanho sobre-humano; todo o seu exterior respira uma majestade imponente… No alto do cone carnudo que faz a saliência da sua cabeça, escapa uma madeixa de cabelos flutuantes. Ali aparecem os prodígios celestes e a potência divina mostra o seu esplendor.

No recinto dos muros do convento, há uma multidão de monumentos sagrados. Contam-se às centenas os viharas e as stupas; citamos apenas duas ou três, pois seria difícil descrevê-las em pormenor.

A oeste dos muros de Seng-kia-lan (Sangharama) há um tanque de água pura e límpida que tem cerca de duzentos passos de circunferência; Jou-lai (o Tathagata) tomou lá banho outrora.

Mais longe, a oeste, vê-se um grande lago que tem cento e oitenta passos de circunferência; Jou-lai (o Tathagata) lavou aí o seu vaso religioso.

Mais longe, a norte, há um outro lago que tem cento e cinquenta passos de circunferência; Jou-lai lavou nele as suas vestes. Estes três tanques estão habitados por dragões. A água é profunda, e doce de sabor, pura e transparente. Nunca aumenta ou diminui. Quando homens de coração orgulhoso vêm tomar banho nestes tanques, muitos são mortos pelos Kin-pi-lou

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(kumbhiras, crocodilos); mas se estão imbuídos de um profundo respeito, podem mergulhar na água sem nada temer.

No tempo em que Jou-lai (o Tathagata) levava a vida de um Pou-sa (Bodhisattva), emocionado e com compaixão ao ver que os homens desse século não cumpriam os rituais, encarnou na forma dum pássaro.

No entanto, o Pou-sa (o Bodhisattva), tendo tomado banho no rio Ni-lien (Nairan - djana), sentou-se debaixo da árvore de Pou-ti (Bodhidrouma), atingiu a inteligência realizada, e foi nomeado o mestre dos deuses e dos homens. Ficou imóvel e silencioso, apenas sonhando em descobrir os que merecem ser salvos. «Este filho de Yeou-theou-lan, diz, entregou-se à meditação que exclui todo o pensamento (Naivasan - djn - a samadhi). É digno de receber a lei excelente.»

Extracto do livro Mémoires sur les contrées occidentales (traduzido do francês por AM)

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Este livro foi publicado por ocasião da exposição Cadernos de Benares II, de Ana Marchand, com curadoria de Manuel Costa Cabral, realizada na Fundação Carmona e Costa, de 5 de Julho a 16 de Setembro de 2023. This book was published on the occasion of Benares Notebooks II, an exhibition by Ana Marchand, curated by Manuel Costa Cabral and held at Fundação Carmona e Costa from 5 July to 16 September 2023.

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XUANZANG

Monge budista chinês Chan do século VII. Parte em peregrinação para a Índia em 629 e regressa à China em 645. O objectivo desta viagem era o de ir buscar os textos originais do budismo. No seu livro Os Grandes Relatos das Regiões Ocidentais, no período Tang, aparece a primeira descrição escrita da Índia. É com base nestas suas descrições que se realizaram, no século XX, as escavações dos lugares sagrados do budismo. No capítulo «Po-lo-ni-sse» daquele livro descreve a Varanasi pré-islâmica.

7th-century Chinese Chang Buddhist monk. In 629, he set off on a pilgrimage to India, returning to China in 645. The objective of that journey was to find the original texts of Buddhism. His book The Great Tang Dynasty Record of the Western Regions contains the first written descriptions of India. In the 20th century, these very descriptions were used as guidelines for the archaeological excavations of several sacred sites of Buddhism. The book’s “Bārānasī” chapter concerns pre-Islamic Varanasi.

MAURIZIO DI VITO PISCICELLI

Oficial napolitano, com conhecimento e experiência do continente africano, foi o organizador das expedições e da definição dos itinerários das viagens feitas com a duquesa de Aosta. Em 1913 inicia com ela o périplo da volta ao mundo. As suas descrições de viagem farão parte do livro Verso il sole levante, que publica pouco tempo antes da sua morte no campo de batalha durante a Primeira Guerra Mundial. A descrição de Benares faz parte deste livro. Maurizio di Vito Piscicelli foi tio-avô de Ana Marchand.

A Napolitan military officer: his experience and knowledge of the African continent led him to be chosen by Elena, Duchess of Aosta, to organise and set the routes of her travels. In 1913, he accompanied the Duchess at the start of her world tour. His memories of those journeys would become part of Verso il sole levante, a book he published shortly before his death in battle, during World War I. The description of Benares is taken from that volume. Maurizio di Vito Piscicelli was a great-uncle of Ana Marchand.

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ELENA D’AOSTA [HÉLÈNE D’ORLÉANS, DUCHESS OF AOSTA]

Irmã da rainha D. Amélia de Portugal, viveu a sua vida de adulta em Nápoles. No princípio do século XX, a duquesa de Aosta realiza várias expedições no continente africano. Percorrendo o continente em longas caravanas, recolhia espécimes vegetais e animais, fotografava indígenas e os seus habitats. Estes documentos fazem hoje parte dos arquivos etnográficos e museológicos de várias organizações. Em 1913 inicia uma viagem ao Oriente e relata as suas viagens no livro Vers le soleil qui se lève. É deste documento que fazem parte o seu texto e as imagens de Benares.

The sister of Queen Amélia of Portugal, she grew up in Naples. In the early 1900s, the Duchess of Aosta carried out several expeditions into the Africa. She explored that continent in large caravans, gathering vegetal and animal specimens and photographing the indigenous populations in their natural surroundings. These documents are now preserved in the ethnographic and museological archives of several institutions. In 1913, she set off on a journey to the East: her travels there are narrated in her book Vers le soleil qui se lève. That book is the source of her text and pictures of Benares presented here.

ANA MARCHAND

Nasceu no Porto em 1947 no seio de uma família de oito irmãos. Cedo mostrou interesse em manipular materiais, desenhar e observar a natureza.

A sua formação académica fez-se no Porto onde frequentou a ESBAP. Começou a expor com regularidade em 1977. Em 1987 dedica-se exclusivamente à pintura. Na década de noventa percorre regularmente territórios do continente asiático onde permanece e trabalha. Desenvolveu duas expressões – o pequeno formato, em papel e de carácter intimista e apontamentos de viagem, e o trabalho de atelier, conceptual, onde explora diferentes medias e suportes. Questões como «impermanência», «interdependência», «relacionamento», «coincidência», «tempo e espaço» fazem parte da sua gramática pessoal. A forma e a formação da imagem, a vida e a verdade da forma são os seus principais interesses. Está representada em várias colecções públicas e privadas. Começou o projecto «Cadernos de Benares» em 2017, investigação que se desenvolveu entre Nápoles, Benares e Montemor-o-Novo. Vive e trabalha em Montemor-o-Novo.

Born in Porto, in 1947, to a family with eight children. From a very early age, she was interested in handcrafts, drawing and observing nature. Her academic training took place at the Porto Fine Arts School (ESBAP). She began regularly exhibiting her work in 1977. From 1987 on, painting became her expression of choice. During the 1990s, she travelled often to Asian territories, where she would live and work for long periods of time. She developed two separate expressive modes – small, intimist works on paper and travel notes, on the one hand, and on the other her conceptual studio creations, in which she explores a variety of media and materials. Such concepts as “impermanence”, “interdependence”, “relationship”, “coincidence” and “time and space” are elements in her personal grammar. The form and formation of the image and the life and truth of the form are her main interests. Her work is represented in several public and private collections. In 2017, she began the “Benares Notebooks” project, which developed between Naples, Benares and Montemor-o-Novo. She lives and works in Montemor-o-Novo.

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© Fundação Carmona e Costa

Rua Soeiro Pereira Gomes 1, 1600-207 Lisboa

© Sistema Solar Crl (Documenta)

Rua Passos Manuel 67 B, 1150-258 Lisboa

© Ana Marchand, 2024

Maio [ May ], 2024

ISBN: 978-989-568-036-8

Tradução [ Translation ]: José Gabriel Flores Design gráfico [ Graphic design ]: Manuel Rosa Revisão [ Proofreadin g ]: Helena Roldão

Depósito lega l [ Legal deposi t ]: 533108/24 Impressão e acabamento [ Printing and bindin g ]: Maiadouro SA

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