Miguel Soares, «LUZAZUL»

Page 1



Miolo LUZAZUL.indd 1

15/11/18 20:49


2

Miolo LUZAZUL.indd 2

15/11/18 20:49


3

Miolo LUZAZUL.indd 3

15/11/18 20:49


4

Miolo LUZAZUL.indd 4

15/11/18 20:49


5

Miolo LUZAZUL.indd 5

15/11/18 20:49


6

Miolo LUZAZUL.indd 6

15/11/18 20:49


7

Miolo LUZAZUL.indd 7

15/11/18 20:49


Curadoria | Curator

Adelaide Ginga

8

Miolo LUZAZUL.indd 8

15/11/18 20:49


9

Miolo LUZAZUL.indd 9

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


Na Sonae acreditamos que, ao apoiar a arte, estamos a promover a criatividade e a inovação das comunidades em que desenvolvemos a nossa atividade e, dessa forma, a cumprir com o nosso propósito de levar os benefícios do progresso a um número crescente de pessoas. Acreditamos que estes valores, que caracterizam a nossa forma de estar e a nossa cultura, estão firmemente espelhados no protocolo de colaboração que estabelecemos com o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (mnac), em 2014. Desde então, em conjunto com o mnac, temos vindo a encetar um conjunto ambicioso de projetos, em que se integram as residências artísticas Sonae mnac Art Cycles, que têm como intuito promover a divulgação da arte contemporânea nacional, apoiar as instituições e os artistas no desenvolvimento da sua atividade e estimular a aproximação da sociedade à arte.

At Sonae we believe that, by supporting art, we are promoting creativity and innovation in the communities where we carry out our work. Thus, we are fulfilling our goal of bringing the benefits of progress to a growing number of people. We believe that these values, which are fundamental to our philosophy and culture, are clearly reflected in the collaboration protocol we established with the National Museum of Contemporary Art – The Chiado Museum (mnac), in 2014. Since then, together with the mnac, we have launched an ambitious set of projects, including the Sonae mnac Art Cycles artist residencies, whose goal is to encourage the promotion of Portuguese contemporary art, support institutions and artists in the development of their work and foster connections between art and society.

11

Miolo LUZAZUL.indd 11

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 12

15/11/18 20:49


Apresentação Foreword

E m íl ia F e r r e ir a Diretora/Director – Museu Nacional de Arte Contemporânea

Em 2018, o Art Cycles acolhe luzazul, de Miguel Soares. Resultado da residência artística realizada no âmbito do mecenato da sonae, o artista, pioneiro em arte digital, traz ao Museu Nacional de Arte Contemporânea uma proposta perturbadora. Por coincidência, no ano em que se cumprem dois séculos sobre a publicação de Frankenstein, de Mary Shelley, Miguel Soares atualiza uma das questões centrais do romance, referente ao poder da ciência e aos seus limites éticos. Misturando fotografia, vídeo e tecnologias digitais, Miguel Soares propõe-nos um percurso sobre o nosso passado, presente e futuro com o mundo das máquinas que criámos e havemos de criar, e levanta-nos uma questão: substituída a mão de obra humana pelo gesto mais certeiro e monótono do robô, o poder da máquina veio aliviar o esforço humano; mas, e se as crescentes potencialidades da inteligência artificial ameaçarem o que cremos ter de único? Mais: e se essas construções binárias passarem a ter consciência e iniciarem, no processo, a exigência à simetria dos seus deveres, reivindicando direitos? A ficção vem há muito abrindo caminho a estas inquietações. Recentemente, a série televisiva Westworld colocou a hipótese de o sofrimento conseguir, eventualmente, espoletar processos mais complexos de memória (mesmo na artificial) e de rebelião contra uma ordem imposta unilateralmente pelos humanos aos seus complexos joguetes. Porém, sem precisar de criar um parque temático para abordar essas questões, Miguel Soares traz a pergunta para o quotidiano e arrisca uma possibilidade diversa. E se, sobretudo, ultrapassado o medo, o futuro construído em diálogo se revelar um lugar melhor para todos? É essa utopia, em poética e poderosa contramão com as comuns visões distópicas, que se nos abre agora, na proposta inspiradora de luzazul. Ao Miguel Soares e à Sonae, deixamos o nosso reconhecido agradecimento. Nas exposições, como nas visões de futuro, a construção em diálogo é sempre mais profícua.

In 2018, Art Cycles is pleased to present luzazul, by Miguel Soares. A result of the artist residency carried out under sonae sponsorship, the artist, a pioneer in digital art, brings to the National Museum of Contemporary Art a disconcerting proposal. Coincidentally, in the year that marks two centuries since the publication of Frankenstein, by Mary Shelley, Miguel Soares modernises one of the central themes in the novel, with respect to the power of science and its ethical boundaries. Combining photography, video and digital technology, Miguel Soares proposes an itinerary through our past, present and future with the world of machines that we have created and will create, and raises the question: once the human workforce has been substituted by the more accurate and uniform movement of robots, the power of machines will have relieved human effort; but what if the growing capacities of artificial intelligence begin to threaten what we believe makes us unique? Moreover: what if these binary constructions acquire a conscience and, in the process, start to demand equal responsibilities and rights? For a long time, fiction has been clearing the way for these concerns. Recently, the television series Westworld formulated the hypothesis that suffering will eventually trigger more complex processes of memory (even in artificial intelligence) and rebellion against an order unilaterally imposed by humans on their complex toys. Without needing to create a theme park to address these issues, Miguel Soares brings this question into everyday life and raises a different possibility. What if, once we overcome our fears, the future constructed through dialogue turns out to be a better place for everybody? It is this utopia, in poetic and powerful opposition to the common dystopian visions, that constitutes luzazul’s inspiring proposal. We would like to extend our recognition and gratitude to Miguel Soares and Sonae. In exhibitions, as in visions of the future, construction through dialogue is always more fruitful.

13

Miolo LUZAZUL.indd 13

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 14

15/11/18 20:49


Porque o futuro é real Palíndromos, robôs e as três idades do homem Because the future is real Palindromes, robots and the three ages of man

A de l a ide Ging a Luzazul é um palíndromo composto por duas palavras, Luz e Azul, que, juntas, se podem ler tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. A escolha destas duas palavras prende-se com a luz da tecnologia que domina o mundo de hoje e o conceito de espelho, metonímia de amplitude em desenvolvimento contínuo, presentes neste trabalho de Miguel Soares. Este projecto é o culminar de um percurso artístico dedicado à reflexão e à conceptualização do mundo real versus virtual, e vem na senda de outros trabalhos como 2048, de 2016, mas também da série Palindrome, de 2007. A problematização de assuntos extemporâneos que ainda não entraram na preocupação da sociedade em geral, nomeadamente a questão do imparável desenvolvimento da Inteligência Artificial e da presença crescente dos robôs na sociedade, levou Miguel Soares a assumir, uma vez mais, uma posição vanguardista, ao antecipar-se na interpretação artística dessa realidade. O azul é uma cor fria, associada à tranquilidade, à ordem e à harmonia, capaz de produzir um efeito de relaxamento, quase analgésico, ao mesmo tempo que nos mantém acordados. Pálido Ponto Azul, foi como Carl Sagan identificou o nosso planeta visto dos limites do sistema solar, em 1994, e azul é também a aparente cor do céu durante a maior parte dos dias, a cor sem pigmento da atmosfera que nos envolve, pelo que é, consequentemente, uma cor com que nos identificamos facilmente, que nos dá segurança e horizonte. Perguntava Clarice Lispector: «Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância?» Com a revolução tecnológica, a luz de espectro azul emitida pelos aparelhos electrónicos do nosso quotidiano – ecrãs de smartphones, computadores, iPads, televisões, etc. – passou a ter uma presença constante nas nossas vidas. Considerada a mais energética da luz visível para o ser humano, a radiação da luz azul, que domina o mundo actual, pode ser nociva para o ser humano, quando a exposição for excessiva, o que não acontece obviamente com os robôs, imunes a tal efeito.

Luzazul is a palindrome made up of two words, “Azul” [Blue] and “Luz” [Light], which, together, can be read either from right to left or from left to right. The choice of these two words relates to the light of the technology that dominates today’s world and the concept of a mirror, a metonym for amplitude in continuous development, which has a strong presence in Miguel Soares work. This project is the culmination of an artistic career dedicated to the reflection and conceptualisation of the real versus the virtual world, and is continuance of previous work such as 2048, from 2016, and the series Palindrome, from 2007. The problematisation of extemporaneous issues that have not yet become a concern for society in general, namely the question of the unstoppable evolution of Artificial Intelligence and the growing presence of robots in society, led Miguel Soares to once again assume an avant-garde position and to be a pioneer in the artistic interpretation of this reality. Blue is a cold colour, associated with tranquillity, order and harmony. It can have a relaxing, almost analgesic effect, while also keeping us awake. Pale Blue Dot was how Carl Sagan identified our planet as seen from the limits of the solar system in 1994. Blue is also the apparent colour of the sky for most of the days, the pigmentless colour of the atmosphere surrounding us, and is therefore a colour with that we can easily identify with, one that gives us a sense of security and perspective. Clarice Lispector asked, “Is blue a colour itself, or a matter of distance?” With the technological revolution, the blue spectrum light emitted by our everyday electronic devices – the screens of smartphones, computers, iPads, televisions, etc. –, is now a constant presence in our lives. Considered to be the most energetic light visible to humans, excessive exposure to the radiation of the blue light that dominates today’s world can be damaging to humans, something that obviously does not happen with robots, which are immune to this effect.

15

Miolo LUZAZUL.indd 15

16/11/18 17:45


A Torre da Derrota, 2007, Galeria Graça Brandão, Lisboa.

Por outro lado, o conceito de palíndromo está ligado à ideia de imagem espelhada, consequentemente, de reflexo, sendo que o reflexo só é possível por meio da luz e o conceito de espelho está ligado a vários significados, como o conhecimento e a própria existência. Palíndromo ganha, neste projecto, o conceito inerente de abstracção e de extensão do real para outra dimensão inédita. O princípio de espelho ou de reflexo confronta-nos com a imagem invertida e o prolongamento infinito em série de algo, criando uma dinâmica sequencial multiperspectívica que impõe novos considerandos. Segundo Lacan, o «estágio do espelho» traduz, precisamente, o modo como a imago é mediatária na relação do homem com o mundo: «A função do estágio do espelho revela-se […] como um caso particular da função da imago, que é estabelecer uma relação do organismo com sua realidade [...]»1. O reflexo do outro à sua semelhança é um estádio de consciência e desenvolvimento do ser humano, 1. Jacques Lacan, «Le stade du miroir comme formateur de la fonction du je, telle qu’elle nous est révélée, dans l’expérience psychanalytique». Comunicação apresentada no xvi Congresso Internacional de Psicanálise, em Zurique, 17-07-1949. Primeira versão publicada na Revue Française de Psychanalyse

On the other hand, the concept of palindrome is linked to the idea of a mirror image and therefore of reflection. Reflection is only possible through light and the concept of a mirror has various connotations, including knowledge and even existence. In this project, palindrome acquires the inherent concept of abstraction and the extension of reality into a new dimension. The principle of a mirror or of reflection presents us with an inverted image and the infinite extension of something in a series, creating a multiperspective sequential dynamic that imposes new considerations. According to Lacan, the “mirror stage” refers, precisely, to how the imago is a mediator in people’s relationship with the world: “The function of the mirror state thus turns out [...] to be a particular case of the function of imagos, which is to establish a relationship between an organism and its reality [...]”1. The reflection of the other to its likeness is a state of human consciousness and development, in which the “other” image-object, in spite of similarities, is not their reality, therefore it is necessary to understand the difference between the image of the other and the reality of the other. This is a fundamental issue when talking about robots, which are becoming increasingly more like human beings. In The Essay as Form, Theodor Adorno develops a critical and self-reflective theory of modernity, exploring the failure of pre-established conventions, the elaboration of new epistemological narratives and the shift of traditional aesthetic paradigms. In luzazul, Miguel Soares expands on Adorno’s essay and presents a new dimension of alter-reality, which calls into question the identity of all that is pre-established and somewhat stagnant, based on principles of religion, myth and other means of transcendence. This is the basis Miguel Soares uses to introduce to us a generational world of machines, which drifts between reality and fiction and confronts us with the issue of the constant advance of technology, proposing an opening of perspectives and infinite ways of rethinking the world around us. This theoretical foundation is combined with the experience of almost 30 years of artistic practice, resulting in a conceptually futuristic project of technical excellence in the field of 1. Jacques Lacan, “Le stade du miroir comme formateur de la fonction du je, telle qu’elle nous est révélée, dans l’expérience psychanalytique”. Report presented at the 16th International Psychoanalytical Congress, Zurich 17-07-1949. First edition published in the Revue Française de Psychanalyse 1949, volume 13, n.° 4, pp. 449455. http://ecole-lacanienne.net/wp-content/uploads/2016/04/1949-07-17.pdf, p. 2. [English edition: “The mirror stage as formative of the function of the I as revealed in psychoanalytic experience”, in Écrits, the first complete edition in English, New York: W. W. Norton & Company, 2006, p. 78].

16

Miolo LUZAZUL.indd 16

15/11/18 20:49


Deep Star, Rat Speed, 2007, Galeria Graça Brandão, Lisboa.

em que o «outro» imagem-objecto, apesar das semelhanças, não é o seu real, o que exige a necessidade de compreender a diferença entre a imagem do outro e a realidade do outro. Esta é uma demanda fundamental quando falamos de robôs que, cada vez mais, ganham a forma de seres humanos. Em O Ensaio como Forma, Theodor Adorno desenvolve um pensamento auto-reflexivo e crítico da modernidade, explorando a falência das convenções preestabelecidas, a elaboração de novas narrativas epistemológicas e a mudança de paradigmas estéticos tradicionais. Miguel Soares distende, em luzazul, o ensaio adorniano e apresenta uma nova dimensão da alter-realidade que põe em causa a identidade do todo preestabelecido e semiestanque, assente em fundamentos religiosos, míticos e outros meios de transcendência. Esta é a base da qual parte Miguel Soares para nos introduzir num mundo geracional de máquinas, que deriva do real para o ficcional, e que nos confronta com a questão do constante avanço tecnológico, propondo uma abertura de perspectivas e de infinitas formas de repensar o mundo que nos envolve. A esta fundamentação teórica junta-se a experiência de quase trinta anos de prática artística, de que resulta um projecto conceptualmente futurista e de excelência técnica no domínio do hiper-realismo digital. Pioneiro das artes digitais, Miguel Soares cedo se interessou por novas áreas de expressão 1949, volume 13, n.° 4, pp. 449-455. http://ecole-lacanienne.net/wp-content/ uploads/2016/04/1949-07-17.pdf, p. 2.

digital hyper-realism. A pioneer in digital arts, Miguel Soares became interested early on in new areas of artistic expression, leading him to distance himself from the traditional courses at the Lisbon Faculty of Fine Arts and opt instead for a degree in Equipment Design, after initial training in photography at Ar.Co. Since then, he has established a practice based on new media, video, photography and sound, progressively combined with the use of new technologies, like computers, the Internet, animation and 3d modelling. His command of technological tools and technical knowledge of three-dimensional forms, together with photographic and cinematographic language, allowed him to develop this project, made up of a set of still images with a digital composition, displayed on light boxes, and of moving images in 3d animation, with musical compositions, displayed on screens and as projections, with scenes illuminated by “real” photos. The exhibition, which is taking place at the mnac, is distributed across five rooms, alternating between photographs and videos. The exhibition follows a chronological order structured around three generations of robots: the first which is already part of our reality, a second that we are currently working towards and a third which is from a utopian order. Luzazul contains several important references. One of the most inspirational is the prophetic theory of the three ages of man, developed by Joachim of Fiore, an Italian abbot from the 12th century who founded the theory of the three Ages of History or of Man, based on the Holy Scriptures, corresponding

17

Miolo LUZAZUL.indd 17

15/11/18 20:49


Left Exit 01, série 2048, 2016, Galeria Graça Brandão, Lisboa.

artística, o que o levou a afastar-se dos cursos tradicionais na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e a optar pela licenciatura em Design de Equipamento, após uma formação inicial em fotografia na escola Ar.Co. Desde então, tem estabelecido uma prática assente nos novos media, no vídeo, fotografia e som, em progressivo cruzamento com o uso das novas tecnologias, como o computador, a Internet, a animação e modelação 3d. O domínio das ferramentas tecnológicas e o conhecimento técnico das formas tridimensionais, em comunhão com a linguagem fotográfica e cinematográfica, permitiu-lhe desenvolver este projecto composto por um conjunto de imagens fixas de composição digital, apresentadas em caixas de luz, e por imagens em movimento, de animação 3d com composições musicais, apresentados em ecrãs e em projecção, com cenas iluminadas por fotos «reais». A exposição, que tem lugar no espaço do mnac, distribui-se ao longo de cinco salas, alternando as fotografias e os vídeos. O percurso da exposição segue uma ordem cronológica que se estrutura em três gerações de robôs: a primeira já faz parte da nossa realidade, uma segunda é para onde se tenta actualmente avançar e a terceira é da ordem da utopia.

to three stages of development. The first corresponds to the Old Testament, with the reign of God the Father; the second is based on the New Testament, under the guidance of Christ, the Son of God; and the third state, the final stage of development, would be that where the Holy Trinity is completed with the advent of the Holy Spirit. Joachim of Fiore’s theories2 have been reinterpreted throughout history, mirroring the diverse realities of different periods. In the first state there is a strong dependence on guidance from above, in the second, autonomy increases, and finally, the Third Age represents a period of redemption, of plenitude, and reflects a complete illumination of the spirit resulting from a cumulative state of knowledge, allowing for an end to chaos and consequently a period of maturity, peace, stability and harmony. These are the three temporal

2. “In Portugal, where the Franciscans exercised an important influence, Joachim of Fiore’s ideas underpinned the formation of the cult of the Holy Spirit, apparently with Queen Saint Elizabeth, later merging with Sebastianism and the belief of the advent of the Fifth Empire evident in the work of Father António Vieira” [our translation]. https://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_de_Fiore. This cult is still alive in the Azores and some North American and Brazilian cities where the Portuguese emigrated to.

18

Miolo LUZAZUL.indd 18

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


LUZAZUL. Blue light merging the boundaries LUZAZUL. Luz azul dissipando as fronteiras

B e r nh a r d Se r e x h e The visualisation of information on all kinds of electronic screens has become the predominant cultural technique of our era. This is invariably associated with the rapidly increasing exposure to high-energy visible light, the blue light1, which is more and more superimposing exposure to natural light. Short-wavelength radiation in the form of blue light emitting monitors accompanies us at every step and turn. Besides of its mostly ignored negative effect on our biological clock, and our well-being, blue light also stands as a metaphor for a new perception of the world, which is both the cause and the result of rapidly developing technologies. Art opens the doors of perception. Thus luzazul, the palindrome title of this visionary exhibition by Miguel Soares, is merging the boundaries between starting new technologies and an anticipated near future society, in which the functions of man are expected to happily converge with those of the machine. To better understand the future, it might be worth to question the developments and narratives of the past: What, finally, is the origin of this eternal searching and longing of mankind to replace itself by machines? Is it the unwitting refusal to accept the biblical expulsion from paradise, or man’s immanent yearning for death as a redemption? Or is it the happy vision of ultimately overcoming human failure and imperfection by inventing the perfect machine as the superior alter ego of man? As a matter of fact, the living and breathing likeness of the machine has at all times been at once an object of fascination and a vision of horror. Only the power of the gods can animate Pygmalion’s ivory statue of Galatea and deliver the despondent artist from the pangs of hopeless love.2 According to the Hellenistic writer Polybius (146 bc), the Spartan tyrant

A visualização de informação em todo o tipo de ecrãs electrónicos tornou-se a técnica cultural predominante do nosso tempo. Tal está invariavelmente associado ao rápido aumento da exposição à luz visível de alta energia, a luz azul1, que se sobrepõe cada vez mais à exposição à luz natural. A radiação de baixo comprimento de onda, sob a forma de monitores emissores de luz azul, acompanha-nos a todo o momento. Além de ter efeitos negativos, geralmente ignorados, no nosso relógio biológico e no nosso bem-estar, a luz azul funciona também como metáfora de uma nova percepção do mundo que é, ao mesmo tempo, a causa e o resultado de tecnologias em rápido desenvolvimento. A arte abre as portas da percepção. luzazul, o palíndromo que dá título a esta exposição visionária de Miguel Soares, dissipa, assim, as fronteiras entre novas tecnologias emergentes e a antecipada sociedade dum futuro próximo, em que se espera que as funções do homem convirjam venturosamente com as da máquina. Para melhor compreender o futuro, talvez valha a pena questionar os desenvolvimentos e narrativas do passado: Qual é, afinal, a origem desta eterna busca e anseio da humanidade por se fazer substituir por máquinas? Será a recusa inconsciente em aceitar a expulsão bíblica do paraíso, ou o desejo, imanente ao homem, pela morte como redenção? Ou será a visão feliz de uma superação definitiva das falhas e imperfeições humanas, pela invenção da máquina perfeita, enquanto alter ego superior do homem? Na verdade, a semelhança viva da máquina sempre foi, ao mesmo tempo, objecto de fascínio e visão de horror. Apenas o poder dos deuses consegue animar a estátua de Galateia esculpida por Pigmalião, e salvar o desencorajado artista da angústia do amor impossível.2 Segundo o escritor grego Políbio (146 a.C.), o tirano espartano Nábis (207-192 a.C.) possuía uma dama de ferro feita à imagem de Apega, sua bela mulher, em cujo peito de pregos

1. Visible light emitted in a range of wave-lengh between 400 and 490 nanometers with a peak of intense “blue” at about 440 nm. 2. Ovid, Metamorphoses, book 10, line 243 ff.

1. Luz visível emitida num gama de comprimentos de onda entre 400 e 490 nanómetros, com um pico de «azul» intenso a cerca de 440 nanómetros. 2. Ovídio, Metamorfoses, livro 10, linha 243 ss.

31

Miolo LUZAZUL.indd 31

15/11/18 20:49


Nabis (207–192 bc) had an iron maiden made in the image of his beautiful wife Apega, against whose nail-bristling breast citizens that refused tribute were pressed until they relented or died in its embrace. The helpful Golem, formed by man from clay but exceeding him, collapses upon its alarmed creator when he erases the word of life from the creature’s brow and is buried beneath its weight. The singing and dancing automaton Olimpia lures her love-blind adorer to destruction.3 And finally, the most fascinating visions of modern technology warn us against the uncontrollability of unleashed machines, from the workers subjected to the assembly-line in Chaplin’s Modern Times (usa 1936), through hal 9000 in Kubrick’s 2001: A Space Odyssey 4, to the overpowering Matrix 5 which uses plugged-in human beings as cheap energy and simulates for them their brave new world only as a virtual illusion. In the post-industrial era, humanoid automata fuse with industrial robots into the omnipotent cyborg, with the claim to autonomy, intelligence and emotional life. The artificial human being created by Victor Frankenstein becomes a monster because he wants to show his creator how lonely he feels.6 The mechanical female body of the beguiling Kusanagi, in the Japanese anime Ghost in the Shell7, possesses a human brain that is manipulated by the almighty hacker Puppet Master. Since the human brain of the cyborg gives it an identity, it cannot be completely fused with its mechanical body. And today, not at fiction at all, in the context of Saudi Arabia’s “Future Investment Initiative” in 2017, for the first time, the government of Saudi Arabia officially granted the citizenship to a humanoid female robot named Sophia.8 Celebrating the dawn of the Fourth Industrial Revolution, which has happily been proclaimed at the 2016 Davos World Economic Forum as a clear consequence of the ongoing digitization, we are being allured by a very similar promise: the “merging of the boundaries between the physical, digital and biological spheres by means of artificial intelligence, robotics and the Internet of Things, by self-driving cars and new findings of biotechnolo-

afiados eram apertados os cidadãos que recusavam pagar o tributo, até que cedessem ou morressem no seu abraço. O prestável Golem, criado pelo homem a partir da argila, mas que o supera, sucumbe sobre o seu criador alarmado, quando este apaga a palavra de vida da testa da criatura, acabando enterrado debaixo do seu corpo. Olímpia, o autómato que canta e dança, conduz à destruição o seu adorador, cegado pelo amor.3 E, finalmente, as mais fascinantes visões da tecnologia moderna advertem-nos para a incontrolabilidade das máquinas libertas, desde os trabalhadores submetidos à linha de montagem em Tempos Modernos, de Chaplin (eua, 1936), passando por hal 9000 em 2001: Uma Odisseia no Espaço 4, de Kubrick, até à opressiva Matrix 5, que usa seres humanos ligados à corrente como fonte de energia barata, e simula para estes o seu admirável mundo novo, apenas como ilusão virtual. Na era pós-industrial, autómatos humanóides fundem-se com robôs industriais para formar o ciborgue omnipotente, que reivindica a posse de autonomia, inteligência e vida emocional. O ser artificial criado por Victor Frankenstein torna-se um monstro por querer mostrar ao seu criador o quanto se sente só.6 O corpo mecânico feminino da atraente Kusanagi, no anime japonês Ghost in the Shell7, possui um cérebro humano que é manipulado pelo todo-poderoso hacker Puppet Master. Por o seu cérebro humano lhe conferir uma identidade, a ciborgue é incapaz de se fundir completamente com o seu corpo mecânico. E chegados aos nossos dias, bem além do mundo da ficção, vemos o governo da Arábia Saudita, no contexto da Future Investment Initiative de 2017, conceder oficialmente, pela primeira vez, a cidadania a um robô humanóide, de aparência feminina, chamado Sophia.8 Ao celebrarmos o início da Quarta Revolução Industrial, alegremente proclamada no Fórum Económico Mundial de Davos 2016 como uma clara consequência do processo de digitalização em curso, estamos a ser seduzidos por uma promessa muito semelhante: a partir da «dissipação das fronteiras entre as esferas física, digital e biológica, por meio da inteligência artificial, da robótica e da Internet das Coisas, dos carros autoguiados e das novas descobertas da biotecnologia», espera-se que seja

3. E. T. A. Hoffmann, “The Sandman,” in: Tales of E. T. A. Hoffmann, The University of Chicago Press, 1972. 4. Stanley Kubrick, 2001: A Space Odyssey, uk, usa 1968 5. Lana and Lilly Wachowski, The Matrix, usa 1999 6. Mary Shelley, Frankenstein or The Modern Prometheus (1818), see also Karin Priester, Mary Shelley: die Frau, die Frankenstein erfand, Langen Müller, München, 2001. 7. Mamoru Oshii, Ghost in the Shell, anime, Japan, 1995. 8. See http://futureinvestmentinitiative.com/en/home

3. E. T. A. Hoffmann, «The Sandman», in: Tales of E. T. A. Hoffmann, The University of Chicago Press, 1972. [Ed. portuguesa: «O Homem da Areia», in: Contos Nocturnos, Guimarães Editores, 2005]. 4. Stanley Kubrick, 2001: Odisseia no Espaço, Reino Unido, eua, 1968. 5. Lana e Lilly Wachowski, Matrix, eua, 1999. 6. Mary Shelley, Frankenstein or The Modern Prometheus, 1818 [Ed. portuguesa: Frankenstein, Relógio D’Água, 2017]; veja-se também Karin Priester, Mary Shelley: die Frau, die Frankenstein erfand, Langen Müller, Munique, 2001. 7. Mamoru Oshii, Ghost in the Shell: Agente do Futuro, anime, Japão, 1995. 8. Veja-se http://futureinvestmentinitiative.com/en/home

32

Miolo LUZAZUL.indd 32

15/11/18 20:49


Discussing the End of Competition, série 2048, 2016, Galeria Graça Brandão, Lisboa.

gy” is expected to “redefine human being”.9 And also this is not pure phantasy. Notable success has already been achieved through the replacement of human intelligence by algorithmic systems; the long since set in train electronic connection of consumers and their devices in the Internet of Things as the main instrument of the coming economy bases, principally on the deployment of intelligent control algorithms. In having access to the behaviour patterns, which at any moment are provided by ourselves in the form of our digital data as consumers, these algorithms are being coded to control us as prosumers by a direct feedback with behaviour-guiding impulses we are receiving in sync. In this field, the promised “merging of the boundaries” has long taken root. And it is precisely at this interface that our understanding of being human will be redefined. The great allurement of the popular new revolution may consist in finally giving up the humanistic ideal of a self-determined life. By contrast, it seems that machines are striving for autonomy.

«redefinido o ser humano».9 E isto não é pura fantasia. Foi já alcançado um sucesso notável, através da substituição da inteligência humana por sistemas algorítmicos: a conexão electrónica, há muito posta em marcha, dos consumidores e seus aparelhos na Internet das Coisas, enquanto instrumento principal das futuras bases económicas, sobretudo na implementação de algoritmos de controlo inteligentes. Ao acederem aos padrões de comportamento que nós próprios fornecemos, a todo o momento, sob a forma dos nossos dados digitais como consumidores, estes algoritmos são codificados para nos controlar enquanto prossumidores, através dum feedback directo com impulsos orientadores de comportamento que recebemos em sincronização. Neste âmbito, a prometida «dissipação das fronteiras» há muito que está enraizada. E é precisamente nesta interface que a nossa compreensão de ser humano irá ser redefinida. O principal fascínio da popular nova revolução poderá consistir no nosso abandono definitivo do ideal humanista de uma vida autodeterminada. Por contraste, as máquinas parecem estar empenhadas em alcançar autonomia.

9. Klaus Schwab, Die Vierte Industrielle Revolution, translated from English by Petra Pyka and Thorsten Schmidt, Pantheon Verlag, München, 2016.

9. Klaus Schwab, Die Vierte Industrielle Revolution, traduzido do inglês por Petra Pyka e Thorsten Schmidt, Pantheon Verlag, Munique, 2016.

33

Miolo LUZAZUL.indd 33

15/11/18 20:49


In the synopsis for luzazul, Miguel Soares recalls the vision of 12th century Italian theologian Joachim of Fiore that only in the third age, the age of the Holy Spirit, mankind would reach total freedom. Soares combines and updates this medieval foresight of a coming new age with the present-day hypothesis of the imminent Technological Singularity. As the next step of sociobiological evolution, this era, anticipated to begin in 2040-50 as the inevitable consequence of an intelligence explosion, is expected to lead to a major evolutionary transition that merges technology, biology, and society.10 As art consciously deals with society, so the complete oeuvre of Miguel Soares is since the early 1990s impregnated with merging the boundaries of present and future. In his brilliantly animated video fiction 204811, we are invited to enter the post-singularity world. Amidst streams of countless self-driving vehicles magically hovering towards unknown destinations, nameless humanoid mannequins – perhaps the last representatives of the human race – are devoutly stretching out their arms towards bright skies for receiving their daily supplies, which are reliably being delivered by myriads of humming drones. The world machine is permanently taking care and nourishing these remaining de-humanised humans without any calling. Nothing is missing, no residues are left, the air is clean forever, no body suffers, no one complains. This world is steeped in pure blue light. It has become indiscernible because what we still call the “world” in our days has transmuted into an infallible omnipresent machine, the ultimate matrix as an inner world without exterior borders. In his own words, with this animation Soares felt the need “to show a more ‘positive’ and less dystopic view of the future, (but) the end result is more a fake positive future”.12 Comparing it to the expected beneficial effects of the already stated Fourth Industrial Revolution, Soares’ vision can also be understood as a lucid enhancement of Paul Valery’s early vision of perpetual “home delivery of Sensory Reality”, even a century after its publication.13 In Soares’ vison of a fake brave new 10. “Thus the first ultraintelligent machine is the last invention that man need ever make, provided that the machine is docile enough to tell us how to keep it under control.” I. J. Good, 1965. See also the works of John von Neumann, Vernor Vinge, Ray Kurzweil, and others. 11. This major project of a 3d-Video animation, colour, sound, 8’50’’, and C printed video stills, variable dimensions, was realized in 2016, in memory of the 500th anniversary of Thomas More’s Utopia. The title of this project is equally referring to the centenary of the publication (in 1948) of George Orwell’s 1984. 12. According to a personal communication by Miguel Soares (Octobre, 2018). 13. Already in 1926, the French philosopher foresaw and precisely described this development: “Just as water, gas and electricity are brought into our homes

Na sinopse de luzazul, Miguel Soares recorda-nos a visão do teólogo italiano do século xii, Joaquim de Fiore, segundo a qual apenas na terceira idade, a idade do Espírito Santo, a humanidade atingiria a liberdade total. Soares combina e actualiza esta previsão medieval da chegada de uma nova era com a hipótese actual de uma Singularidade Tecnológica iminente. Enquanto próxima fase da evolução sociobiológica, espera-se que esta era, com início previsto entre 2040-50, como resultado inevitável de uma explosão de inteligência, conduza a uma grandiosa transição evolutiva que integra tecnologia, biologia e sociedade.10 Se a arte lida conscientemente com a sociedade, também a obra completa de Miguel Soares se acha impregnada, desde o início dos anos 1990, pela dissipação das fronteiras entre o presente e o futuro. No seu vídeo ficcional, brilhantemente animado, 204811, somos convidados a entrar no mundo da pós-singularidade. Entre torrentes de incontáveis carros autoguiados pairando magicamente em direcção a destinos desconhecidos, anónimos manequins humanóides – talvez os últimos representantes da raça humana – estendem devotadamente os braços em direcção ao céu radiante, a fim de receberem as provisões diárias, que lhes são eficazmente entregues por uma miríade de drones sussurrantes. A máquina do mundo cuida e alimenta permanentemente estes restantes humanos desumanizados e sem qualquer ocupação. Nada falta, não sobram quaisquer resíduos, o ar está sempre limpo, ninguém sofre, ninguém se queixa. Este mundo acha-se mergulhado em pura luz azul. Esta tornou-se indiscernível, pois o que ainda chamamos de «mundo» nos nossos dias transformou-se numa infalível máquina omnipresente, a derradeira matriz enquanto mundo interior sem fronteiras exteriores. Nas suas próprias palavras, Soares afirma que sentiu necessidade de, através desta animação, «mostrar uma visão do futuro mais “positiva” e menos distópica, (mas) o resultado final é mais um falso futuro positivo».12 Contraposta aos esperados efeitos benéficos da já referida Quarta Revolução Industrial, a obra de Soares pode também ser entendida como um aperfeiçoamento lúcido, um 10. «Desta forma, a primeira máquina ultra-inteligente é a última invenção que o homem necessitará de fabricar, desde que a máquina seja suficientemente dócil para nos dizer como a mantermos sob controlo» [tradução nossa]. I.J. Good, 1965. Veja-se também as obras de John von Neumann, Vernor Vinge, Ray Kurzweil, entre outros. 11. Este importante projecto, uma animação em vídeo 3d, cor, som, 8’50’’, e fotogramas de vídeo por impressão cromogénea, de dimensões variáveis, foi realizado em 2016, em memória do 500.° aniversário da publicação da Utopia de Thomas More. O seu título faz igualmente referência ao centenário da publicação (em 1948) do livro 1984, de George Orwell. 12. De acordo com uma comunicação pessoal de Miguel Soares (Outubro de 2018) [tradução nossa].

34

Miolo LUZAZUL.indd 34

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


O pioneirismo futurista de Miguel Soares À conversa com o artista The futuristic pioneerism of Miguel Soares In conversation with the artist

A de l a ide Ging a AG Fazes parte de uma geração de artistas que surge no final dos

AG You are from a generation of artists which emerged at the end

anos 1980 e que ganha atenção durante os anos 1990. A tua primeira individual tem lugar na Galeria Monumental, em 1991, e nela introduzes imagens de uma figura emblemática da época, a personagem Spok da série Star Trek. Na individual que realizaste na Galeria no ano seguinte, apresentas uma exposição de dípticos com imagens de interiores de casas e de escritórios, e imagens de carros voadores e outras experiências tecnológicas ligadas à aviação e ao espaço. Quando e porquê surgiu este teu interesse pelo universo da ficção científica e dos desafios tecnológicos? MS Eu creio que é um interesse geracional, comum a quem nasceu perto de 1970. Houve uma verdadeira explosão de livros, séries, filmes e discos na década de 1970 sobre estes temas. Tem que ver também com os meus interesses pelo design. Nessa altura já tinha optado por design de equipamento, pelo retrofuturismo, minimalismo, etc.

of the 1980s and gained attention in the 1990s. Your first solo exhibition was at the Galeria Monumental, in 1991, and in it you used images of an emblematic figure of the period, the character Spok from the Star Trek series. In the solo exhibition you produced in the Galeria the following year, you displayed diptychs with images of home and office interiors, and images of flying cars and other technological experiences linked to aviation and space. When and why did your interest in the world of science fiction and technological challenges first come about? MS I think that it’s a generational interest, shared by people born around 1970. There was a real explosion in books, series, films and records in the 1970s about these themes. It also had a lot to do with my interests in design (at that point I had already opted for equipment design), retrofuturism, minimalism, etc. AG Your first public shows, in 1989, were in the field of photogra-

AG As tuas primeiras apresentações públicas, em 1989, foram no

domínio da fotografia, que foi também a tua primeira área de formação, no liceu e depois na Escola Ar.Co, em 1988. Tinhas à data o objectivo de seguir a vertente da fotografia no âmbito da expressão artística? MS No liceu tive ainda algumas dúvidas sobre se deveria seguir arquitectura, pois nas artes é muito difícil viver do trabalho artístico, sobretudo quando não se quer pintar ou desenhar. As primeiras exposições, que nem aparecem no cv, foram colectivas de desenho, pintura e fotografia. Em 1988 concorria a muitos concursos de fotografia, e publicava desenhos e fotografias no dn Jovem, onde ganhava meia dúzia de livros por mês, que eram os prémios de oferta. Também trabalhava em desenho técnico para um atelier de arquitectura. AG Desde então tens vindo a explorar outras vertentes da criação

artística como o vídeo, projectos de instalação, a música, a anima-

phy, which was also your first area of training, in secondary school and then at Ar.Co, in 1988. Did you intend at that time, in your artistic expression, to follow the path of photography? MS At secondary school I still had some doubts about whether I should pursue architecture, because in the arts it’s very difficult to live off your work, especially when you don’t paint or draw. My first exhibitions, which aren’t even on my cv, were collective ones of drawing, painting and photography. In 1988, I entered numerous photography contests, and had drawings and photographs published in dn Jovem, where I won half a dozen books a month: the prizes that were on offer. I also worked in technical drawing for an architecture studio. AG Since then you have explored other aspects of artistic creation

like video, installations, music and 3d animation. How do you view photography now in the field of the arts and what is the importance of this medium in your work?

41

Miolo LUZAZUL.indd 41

15/11/18 20:50


Untitled (Spok), 1991, Galeria Monumental, Lisboa.

ção 3d. Como encaras actualmente a fotografia no campo das artes e qual a importância deste media no teu trabalho? MS A fotografia tem uma importância e presença constantes na minha vida desde pequeno, ela pode ser usada com muitas finalidades. Para mim o aparecimento da fotografia digital foi maravilhoso porque reduziu muito os custos de tirar fotografias, desde os armários necessários para os dossiês com negativos, aos custos de revelação, etc. Hoje em dia qualquer pessoa pode tirar muitas fotografias sem problema. E se tirar muitas, algumas serão, de certeza, muito boas. AG Foste pioneiro a usar as linguagens digitais na criação artística e um dos primeiros artistas da tua geração a ser representado por uma galeria. Ficaste com a Monumental durante onze anos. Como avalias a reacção do meio e do mercado ao teu trabalho durante essa primeira década? MS Tive a sorte de entrar para uma das galerias mais interessantes daquela época quando tinha 20 anos. Enquanto esperava um ano para entrar para a Faculdade, como uma grande parte dos meus colegas naquele tempo, inscrevi-me num atelier de desenho na Monumental com o Manuel San Payo e, ao mesmo tempo, no Ar.Co. E as fotografias que eu trazia quando chegava do Ar.Co despertaram o interesse do Álvaro Rosendo e do Manuel. Daí ter começado a expor lá em 1991. As exposições correram sempre muito bem em termos de recepção crítica e de público. Nessa altura era normal aparecerem quatro ou cinco críticas à exposição nos melhores jornais, mas não se vendia praticamente nada. E olhando agora para trás,

Projecto de autocarro para as Festas de Lisboa, 1992, Carris/CML, Lisboa.

MS Photography has been important to me and a constant

presence in my life since I was little. It can have various purposes. For me, the invention of digital photography was wonderful because it greatly reduced the costs of taking pictures, from the cupboards needed to store files of negatives, to those of developing, etc. Nowadays anyone can take lots of photographs without any problems. And if they take a lot, then some of them will certainly be very good. AG You were a pioneer in the use of digital languages in artistic

creation and one of the first artists of your generation to be represented by a gallery. You were with the Monumental for 11 years. How do you view the reaction of the art world and the market to your work during this first decade? MS I was lucky to get into one of the most interesting galleries of that period when I was 20 years old. While I waited a year before starting university, like most of my friends at the time, I enrolled in a drawing course at the Monumental with Manuel San Payo and, at the same time, in Ar.Co. The photographs I brought with me when I came back from Ar.Co caught the attention of Álvaro Rosendo and Manuel. So I started to exhibit there in 1991. The exhibitions were always very well received by the critics and the public. At the time it was normal for 4 or 5 reviews of an exhibition to appear in the best newspapers, but I sold hardly anything. Looking back now, I think that during those 11 years I was doing things which were more and more difficult to sell.

42

Miolo LUZAZUL.indd 42

15/11/18 20:50


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


59

Miolo LUZAZUL.indd 59

15/11/18 20:50


60

Miolo LUZAZUL.indd 60

15/11/18 20:50


61

Miolo LUZAZUL.indd 61

15/11/18 20:50


62

Miolo LUZAZUL.indd 62

15/11/18 20:50


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


Miolo LUZAZUL.indd 10

15/11/18 20:49


137

Miolo LUZAZUL.indd 137

15/11/18 20:52


MIGUEL SOARES N. Braga, 1970, vive e trabalha em Lisboa. Born in Braga in 1970, lives and works in Lisbon. http://www.migso.net/

Estudos Graduation • Licenciatura em Design de Equipamento, Faculdade de Belas-Artes, Lisboa (1989-1995). • Plano de Estudos de Fotografia, Ar.Co, Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa (1989-1990). • Atelier Livre de Desenho, com Manuel San Payo, Galeria Monumental, Lisboa (1989-1990). Ensino Teaching Professor Convidado: • Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes (2017-presente). • Universidade de Évora, Escola de Artes (2015-presente). • Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia (2008-2013). • Universidade do Algarve, Artes Visuais (2006-2008). Exposições Individuais Solo Exhibitions 2018 Luzazul Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Lisboa | Curadoria: Adelaide Ginga. 2017 Tempo Perdido no Porto #3 Kunstraum, Londres | Curadoria: Alexandre Estrela, Thomas Cuckle. Tempo Perdido no Porto #3 Associação Oporto, Lisboa | Curadoria: Alexandre Estrela. 2016 2048 (Dois mil e quarenta e oito) Galeria Graça Brandão, Lisboa. 2010 Skyway’10 Dawny posterunek policji/Former police station (ul. Bydgoska/Kujota), Toruń, Polónia | Curadoria: Mário Caeiro.

2009

2002

Geolux Centro de Artes Visuais, Coimbra | Curadoria: Albano da Silva Pereira.

SpaceJunk beta 1.0 – Abstraction, Surface, Air Centre Georges Pompidou, Paris | Curadoria: Nicolas Trembley.

2008

Migso 002 Galeria Monumental, Lisboa.

Miguel Soares, Video and 3D Animation Works 1999-2005 Culturgest, Lisboa | Curadoria: Miguel Wandschneider. A Tale of Three Cities Capela do Colégio das Artes, Universidade de Coimbra | Curadoria: António Olaio. 2007 Do Robots Dream of Electric Art? Fundação edp, Museu da Electricidade, Lisboa | Curadoria: João Pinharanda. Miguel Soares 2007 Galeria Graça Brandão, Lisboa.

2001 SlowMotion estgad, Caldas da Rainha | Curadoria: Miguel Wandschneider. 2001: Time Odissey Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural, Lisboa | Curadoria: Luís Serpa. 2000 Miguel Soares 2000 Galeria Monumental, Lisboa. 1998

2006 Time Zones e Place in Time Centro Cultural de Lagos | Curadoria: Alexandre Alves Barata.

Heavens Gate (Project Room) arco98, Parque Ferial Juan Carlos i, Madrid, Espanha. 1996

2005 Place in Time Galeria Graça Brandão, Porto. 2004 H2O Luxe Gallery, project room, Nova Iorque, eua | Curadoria: Stephan Stoyanov. 2003 Time Zones Galeria Graça Brandão, Porto. Red Alert Location One – Test Site, Nova Iorque, eua | Curadoria: Nathalie Anglès. Animateur Amateur Edifício Artes em Partes, Porto | Curadoria: Paulo Mendes.

Miguel Soares 1996 Galeria Monumental, Lisboa. Miguel Soares 1990-1996 Edifício anje, Faro | Curadoria: Alexandre Alves Barata. 1994 Miguel Soares 1994 Galeria Monumental, Lisboa. 1992 Miguel Soares 1992 Galeria Monumental, Lisboa. 1991 Miguel Soares 1991 Galeria Monumental, Lisboa.

140

Miolo LUZAZUL.indd 140

16/11/18 17:51


Exposições Colectivas (selecção) Group Exhibitions (selection)

Arte de Furtar Pavilhão 31, Hospital Júlio de Matos, Lisboa | Curadoria: Luís Alegre, Nuno Aníbal Figueiredo.

2015

Linguagem e Experiência: Obras da Colecção da Caixa Geral de Depósitos Museu Nacional Grão Vasco, Viseu, Centro Cultural Palácio do Egipto, Oeiras, e Museu de Aveiro | Curadoria: Pedro Lapa.

Quarto Minguante A Montra, Lisboa | Curadoria: Mafalda Santos.

2009

2018

2014

Variations Portugaises Abbaye Saint-André Centre d’art contemporain, Meymac | Curadoria: Caroline Bissière e Jean-Paul Blanchet.

Obras da Colecção de Arte Contemporânea da Portugal Telecom Centro de Arte da Casa das Mudas, Calheta, Madeira | Curadoria: José Manuel de Sainz-Trueva.

O Presente: Uma Dimensão Infinita Museu Colecção Berardo, Lisboa | Curadoria: Maria de Corral, Lorena Martinez de Corral.

Portugal/Portugueses Museu Afro Brasil, São Paulo | Curadoria: Emanoel Araújo.

2019

Second Nature: Portuguese Contemporary Art from the EDP Foundation Collection Kreeger Museum, Washington d.c. | Curadoria: Luísa Especial, Pedro Gadanho.

2012 Negativland – Our Favorite Things La Luz de Jesus Gallery, Los Angeles.

Eco-Visionaries – Art, Architecture, and New Media after the Anthropocene maat, Lisboa | Curadoria: Pedro Gadanho, Mariana Pestana.

Positions Wandesford Quay Gallery, Cork Institute of Technology, Irlanda | Curadoria: Dermot Browne/Gaia Projects.

Vapor #1 Cova do Vapor, Trafaria | Curadoria: Tomás Cunha Ferreira.

O Princípio da Inércia Pavilhão Branco – Museu da Cidade, Lisboa | Curadoria: Mafalda Santos, Susana Gaudêncio.

Some Little Voices Inside My Head Zaratan, Lisboa | Curadoria: Fernando Fadigas, Daniel Pinheiro, Zaratan.

2012 Odisseia Kubrick Solar – Galeria de Arte Cinemática, Vila do Conde.

289 – Projecto de Pedro Cabrita Reis Associação 289, Faro | Curadoria: Pedro Cabrita Reis, colectivo 289.

2011

2017

Ecologias Correlativas 319 Scholes, Brooklyn, Nova Iorque | Curadoria: Chimera+, Greg Barton.

A Arte como Experiência do Real Centro Internacional das Artes José de Guimarães (ciajg), Guimarães | Curadoria: Nuno Faria.

Video Home System Cinema Nimas | Curadoria: pogo Teatro.

Fasting National Gallery, Praga, República Checa | Curadoria: Pedro Henriques, Markéta Stará Condeixa.

Video Dada The University Art Gallery University of California, Irvine | Curadoria: Martha Gever.

Rrevolução Colégio das Artes, Coimbra | Curadoria: António Olaio, Pedro Pousada. Input 6417 Galeria da Escola das Artes, Universidade Católica do Porto | Curadoria: Baltazar Torres. 2016 Negativland Kunstverein Schwerin, Alemanha | Curadoria: Andreas Wegner.

2010

Fiat Lux: Creación e Iluminación Museu de Arte Contemporânea Unión Fenosa, A Coruña | Curadoria: Paulo Reis. Mono Círculo de Artes Plásticas, Coimbra | Curadoria: Carlos Antunes, António Olaio. Ceci n’est pas une retrospective/ In Transit Espaço Padaria Independente, Porto | Curadoria: Paulo Mendes. Museu S. M. Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra | Curadoria: Catarina Portelinha.

2008 Video A Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, Connecticut | Curadoria: Richard Klein. PhotoEspana 08, BES Photo 2007 Centro Cultural Conde Duque, Madrid. Prémio BES Photo 2007 Museu Colecção Berardo, Centro Cultural de Belém, Lisboa. 2007 Histoires Animées / Historias Animadas Le Fresnoy, studio national des arts contemporains Tourcoing, e CaixaForum Palma, Fundación “la Caixa”, Palma de Maiorca | Curadoria: J.A. Álvarez Reyes, Laurence Dreyfus, Marta Gili, Neus Miró. Manifesten 01 Auditorium de Bibliothèque Francophone Multimédia, Limoges | Curadoria: Marion Naccache. 50 Anos de Arte Portuguesa Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Uma Luz Fundação edp, Museu da Electricidade, Lisboa | Curadoria: João Pinharanda. 2006 Cuentos Digitales cgac – Centro Galego de Arte Contemporánea, Santiago de Compostela | Curadoria: Manuel Olveira. Historias Animadas Sala Rekalde, Bilbau, e CaixaForum, Fundación “la Caixa”, Barcelona | Curadoria: Marta Gili et al. Negativlandland Creative Electric Studios, Minneapolis, Consolidated Works, Seattle. PhotoEspaña, PHE en la Calle Plaza Santa Ana, Madrid | Curadoria: Duero.

141

Miolo LUZAZUL.indd 141

16/11/18 17:49


Videomix, Videoarte Portugués Contemporáneo La Casa Encendida, Madrid | Curadoria: Duero. De Dentro ncca, Moscovo | Curadoria: João Pinharanda. Mostra de Artistas Portugueses Museu de Arte Morderna Aloísio Magalhães, Recife | Curadoria: David Barro. 2005 Negativlandland Gigantic Art Space, Nova Iorque. Del Zero al 2000 – Perspectivas del Arte en Portugal Fundación Marcelino Botín, Santander | Curadoria: David Barro. Perdidos en el Espacio, VideoMix La Casa Encendida, Madrid | Curadoria: Duero. Vídeo Portugués Contemporáneo Sala Rekalde, Bilbau | Curadoria: David Barro. Take me to Portugal take me to Spain Montevideo, Netherlands Media Art Institute, Amesterdão | Curadoria: David Barro, Catarina Campino. Penthouse – Uma Ocupação Temporária Rua de Ceuta 16, Porto | Curadoria: Miguel Leal, Cristina Mateus. 2004

2002

1998

FIAV Musée d’art contemporain Carré d’Art, Nimes | Curadoria: Paula Pinto.

Observatório Canal Isabel ii, Madrid | Curadoria: João Pinharanda.

Under Surveillance / Sob Vigilância Fábrica da Pólvora, Barcarena | Curadoria: Nuno Alexandre Ferreira.

Flashback 25 anos do ar.co, Galeria Municipal da Mitra, Lisboa.

2001

O Império Contra Ataca Galeria zdb, Lisboa, e La Capela, Barcelona | Curadoria: Pedro Cabral Santo, Carlos Roque.

Situation Zero – New Art from Portugal Hierba Buena Center for the Arts, São Francisco | Curadoria: René de Guzman. Air Portugal 2 Pond Art Space, São Francisco | Curadoria: Miguel Soares, João Simões.

Biovoid Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural, Lisboa | Curadoria: Alexandre Estrela. 1997

The First Step mace, Armazéns da Palmeira, Évora | Curadoria: Joaquim Caetano.

Low Budget Centro Cultural de Belém, Lisboa | Curadoria: Miguel Vieira Baptista.

Cinevideo X Olho. Sala Polivalente, Centro de Arte Moderna, Lisboa | Curadoria: Teatro O Olho.

Mediações – Interactividades Palácio Galveias, Lisboa | Curadoria: Maria Teresa Cruz, Isabel Carlos.

321m2, Colecção Ivo Martins capc, Coimbra | Curadoria: Paulo Mendes.

Jamba Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural, Lisboa | Curadoria: Pedro Cabral Santo.

1000 Plateaux Experimenta Design 2001, Lounging Space, Lisboa. Bienal da Maia 2001 – Urbanlab fimai, Maia | Curadoria: Paulo Mendes.

Paisagem Económica Urbana Galeria Graça Fonseca, Lisboa | Curadoria: Paulo Mendes. Papel de Parede Centro de Arte de S. João da Madeira | Curadoria: João Pinharanda.

International Residency Program – New Work 2004 Location One, Nova Iorque, eua | Curadoria: Nathalie Anglès.

2000

30 Artists Under 40 The Stenersen Museum, Oslo | Curadoria: Pedro Portugal.

Goto Frisco Southern Exposure, Sister Spaces, São Francisco | Curadoria: Galeria zdb.

Re-Location – Shake Muzeul National de Arta Contemporana, Bucareste | Curadoria: Maria Rus Bojan.

Unlovable Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural, Lisboa | Curadoria: Pedro Cabral Santo.

Horizont(e) – 20 Anos da Galeria Luís Serpa Cordoaria Nacional, Lisboa | Curadoria: Luís Serpa.

Contaminantes / Comunicantes Sociedade Nacional de Belas-Artes, Lisboa | Curadoria: Paulo Mendes, David Santos.

Wallmate Cisterna da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa | Curadoria: Alexandre Estrela, Miguel Soares.

Proximidades e Acessos: Obras da colecção Ivo Martins Culturgest, Porto | Curadoria: Miguel Wandschneider.

1999

Arco’95 Galeria Monumental, Parque Ferial Juan Carlos i, Madrid.

2003 Outras Alternativas – Novas Experiencias Visuais en Portugal marco, Vigo | Curadoria: David Barro.

Air Portugal – London Art Biennale Shoreditch Town Hall, Londres | Curadoria: Miguel Soares, João Simões.

Espaço 1999 Museu Nacional de História Natural, Lisboa | Curadoria: Pedro Cabral Santo, Miguel Soares, Gilberto Reis. Bienal de Faro, PluralVisualPlastic Museu Arqueológico de Faro | Curadoria: Xana. Design Inserts, Experimenta Design 99 Gare Marítima de Alcântara, Lisboa | Curadoria: Marco Sousa Santos.

1996 Zeitgenössische Kunst aus Portugal Galeria Marie-Louise Wirth, Zurique. Greenhouse Display Estufa Fria, Lisboa | Curadoria: Alexandre Estrela, Miguel Soares, Paulo Carmona. 1995

1994 Acabamentos de Luxo Associação dos Arquitectos Portugueses, Lisboa | Curadoria: João Pinharanda.

142

Miolo LUZAZUL.indd 142

16/11/18 17:50


20 000 Minutos de Arte no Técnico Instituto Superior Técnico, Lisboa | Curadoria: Joana Vasconcelos.

Prémios, Bolsas, Residências (selecção) Awards, Scholarships and Residencies (selection)

Qualquer Semelhança É Inevitável Loja da Atalaia, Lisboa | Curadoria: Filipe Alarcão.

2008

Independent Worm Saloon Sociedade Nacional de Belas-Artes, Lisboa | Curadoria: Rui Toscano, Alexandre Estrela. 1993 Real Rave Cine-Teatro da Portela de Sintra | Curadoria: Patrícia Gouveia. MS AE HF AM Galeria Monumental, Lisboa | Curadoria: Miguel Soares. III Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira Vila Franca de Xira. 1991 Arte com Timor Palácio das Galveias, Lisboa. Artstrike magazine Galeria, Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Faltam Nove, Para 2000 Galeria, Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. II Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira Vila Franca de Xira. 1990 Mil novecentos e noventa Cisterna, Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Cultura e Desenvolvimento – Encontros de Arte, sec/cpai Teatro da Trindade, Lisboa, e Círculo de Artes Plásticas, Coimbra. 1989 10 Fotógrafos do Ar.Co Casa Bocage, Setúbal.

Prémio BES Photo 2007 Museu Colecção Berardo, Lisboa. 2003-2004 Bolsa do Acordo Tripartido (iac, flad, fcg) Residência artística no Location One, Nova Iorque. 2000 Concurso de Ideias para o Metropolitano de Lisboa, 2.° Prémio com João Simões, Gilberto Reis, Marina Rekker & Nuno Delmas, Lisboa. 1997 Sede da Rank Xerox, 1st Prize com Promontório Arquitectos, Lisboa. 1996 Bolsa Jovens Criadores Centro Nacional de Cultura, Lisboa.

Publicações (selecção) Publications (selection) 2008 – Miguel Soares, Vídeos e Animações 3d, 1999-2005, Culturgest, Lisboa. 2006 – Place in Time, Centro Cultural de Lagos. 2003 – Time Zones, Galeria Graça Brandão, Porto. 2001 – SpaceJunk, O Museu Temporário, Luís Serpa, Lisboa. 1996 – Miguel Soares 1996, Galeria Monumental, Lisboa. CD áudio a solo Solo audio CD 2006 – migso – zoog, Variz. Ref. 007den, ed. Variz, Lisboa. 2002 – migso – 002, Variz. Ref. 003den, ed. Variz, Lisboa. CD áudio compilações Compilations audio CD 2005 – Portugal – A new sound portrait, ed. Fonoteca Municipal & N_Records, Lisboa. 2003 – Metrometro, Variz – 004den, ed. Variz, Lisboa. 2001 – Air Portugal 2 – Pond – São Francisco, ed: 00351. 2001 – Portuguese Electr(o)domestic tracks 1.0, Variz – 001den, ed. Variz, Lisboa.

1994 Bolsa Jovens Criadores Centro Nacional de Cultura, Lisboa. 1991 1.° Prémio – Fotografia nas Artes Plásticas ii Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. Colecções (selecção) Collections (selection) Culturgest, Lisboa. Portugal Telecom, Lisboa. Colecção de Fotografia Contemporânea Novo Banco, Lisboa. Colecção Ivo Martins. Colecção plmj, Lisboa. Fundação edp, Lisboa. Martin & Cricket Taplin Video Collection, The Bass Museum of Art, Miami.

I Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira Vila Franca de Xira.

143

Miolo LUZAZUL.indd 143

16/11/18 17:50


Este projeto foi possível através do apoio integral da sonae This project has been made possible through the complete support of sonae

E XP OS IÇ ÃO | E XH IB IT ION

C ATÁLOG O | PUBLI CATI ON

Organização | Organization

Textos | Texts

Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado

Adelaide Ginga Bernhard Serexhe

Diretora | Director

Fotografia | Photographs

Emília Ferreira

Miguel Soares

Curadoria | Curator

Coordenação editorial | Editorial coordination

Adelaide Ginga

Teresa Costa Cabral

Conceito e obra artística | Concept and artistic work

Design gráfico | Graphic design

Miguel Soares

Negrito Produção Editorial

Produção executiva | Executive producer

Traduções | Translations

Adelaide Ginga

KennisTranslations

Assessoria administrativa | Administrative assistants

Revisão de textos | Proofreading

Sofia Khan Angelina Pessoa

Helena Roldão Luís Guerra

Assistência à montagem | Exhibition installation assistants

Tiragem | Print run

António Rasteiro (coord.) Alberto Gomes Diogo Branco

800 exemplares | copies Impressão | Printing

Maiadouro

Educação | Education department

Catarina Loureiro de Moura (coord.) Rita Duro Rita Salgueiro Daniel Peres Flávia Violante Pedro Fortes Mecenato e relações internacionais | Sponsors, partnerships and international relations

Rita Sá Marques

© Textos: os autores | Texts: the authors © Imagens: os autores e os proprietários | Images: the authors and the owners © Direção-Geral do Património Cultural – mnac – Museu do Chiado, 2018 © Sistema Solar (chancela Documenta) Rua Passos Manuel 67-b 1150-258 Lisboa Portugal

SERVIÇOS EXTERNOS | EXTERNAL SERVICES Assessoria de imprensa | Press office

Rui Lagartinho

isbn 978-989-8902-44-3

Impressão fotográfica e caixas de luz | Photographic prints and light boxes

Depósito legal | Legal deposit: 448662/18 Tipografia Lessa

Fine Print Montagem multimédia | Multimedia installation

Balaclava Noir Construção expositiva e montagem | Exhibition construction and installation

ajc Rodrigues

Esta publicação foi editada por ocasião da exposição luzazul de Miguel Soares, no âmbito da 3.a edição do projeto mnac/sonae Art Cycles no mnac – Museu Nacional de Arte Contemporânea, de 23 de novembro de 2018 a 24 de fevereiro de 2019.

Sinalética | Sinaletic

Ideadesign | VPrint Seguros | Insurance

Lusitânia

Miolo LUZAZUL.indd 144

This book was published on the occasion of the exhibition luzazul by Miguel Soares, in the context of mnac/sonae Art Cycles project, November 23rd 2018 to February 24th 2019.

15/11/18 20:52




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.