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NR 27
ano: 2012 . nr 27 . mês: Outubro . director: António Serzedelo . preço: 0,01 €
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Agora, quando grande parte de nós já conhece o desemprego, o maravilhoso mundo de “novas oportunidades” de que nos falava Passos Coelho, e quando já percebemos que a palavra “ajuda” tem um significado diferente no dicionário do FMI, uma nova solução surge-nos no horizonte. Os ilustres fazedores de opinião, que saltam pelo canais televisivos mais depressa do que o comum dos mortais consegue fazer “zapping”, num acto de redenção trazem-nos agora uma nova esperança: um “governo de salvação nacional”. Sim, isso mesmo. Propõem que, à laia da encomenda do fabuloso Rei Artur aos cavaleiros da Távola Redonda, o presidente da Républica nomeie uma “equipa maravilha” para buscar o Santo Graal de conseguir pagar a dívida sem fazer desaparecer o país. Tudo para nos salvarem de nós próprios porque isso de compromissos, programas e promessas eleitorais é coisa para ganhar eleições. Sabem do que falam, muitos deles já foram ministros e membros de governo. Perante tanto “patriotismo” e altruismo de quem antes defendeu o acordo ruinoso com a troika, e agora sacode os salpicos da torrente que fizeram desabar sobre nós, só nos resta desconfiar. Desconfiar de quem fala em baixar salários no alto da sua reforma de 150 mil euros, de quem nem sequer pagava impostos, de quem está à frente das privatizações mas é pago pelas empresas interessadas no negócio. Não podem merecer a nossa confiança. Por isso, devemos questionar a patranha de mudar de governo sem haver eleições.
A receita deles é conhecida, é a que levou a Grécia ao desespero. O resultado está à vista, sentimo-nos cada vez mais gregos. Vemos a Grécia que “não somos” todos os dias: nos nossos familiares e amigos desempregados, nos idosos sem dinheiro para remédioas, nos miúdos que vão para escola sem comer, naqueles que são obrigados a emigrar... Chegou a hora de dizer basta! Fim ao silêncio, está na hora de sairmos à rua! Há que exigir a demissão deste governo e a marcação de eleições. Voz à Democracia, mas não só. Tal como dizia Zeca Afonso, “para se ser cidadão é preciso muito mais que meter um voto numa urna”: é preciso estar atento, é preciso participar. A gente que nos está a desgovernar não o faz por inabilidade, por ser desastrada ou incompetente, eles estão a servir os seus interesses e não o país. No próximo dia 12 Novembro teremos a oportunidade de dizer à mais alta representante dos juros agiotas, em nome dos quais nos roubam a vida, que somos e queremos ser donos do próprio destino e temos direito a viver com dignidade porque as nossas vidas valem mais que os lucros deles. É isso que vamos dizer à Sra. Merkel. No dia 14 é o dia de virar o disco e dizer que não vamos em cantigas. Vamos parar o país com a Greve Geral que será Internacional - finalmente! Nesse dia não haverá gregos, espanhóis ou portugueses, seremos gente que luta por um futuro melhor. Leonardo Silva Presidente Prima folia Cooperativa Cultural
Ilustração Dinis Carrilho
A Salvação Nacional