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A Historia do Capuchinho Vermelho e a Anologia com a Maçonaria | White Louis

“Até que este texto poderia ser um artigo vulgar. Ou, quiçá, uma deliciosa crónica lobo-antuniana. Mas na soberana natureza cosmogónica do ser, aliada a uma imperativa experiência divina, é inevitável navegar o corpo e a alma para uma redação intimista.”

A aprendizagem, por parte dos maçons, é constituída por lendas, por alegorias, por símbolos e, no final, a sua interpretação conjunta. A lenda não serve apenas para contar uma história mas também para transmitir uma ideia filosófica e uma moral.

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O mais importante são os Princípios, os símbolos são meios para não nos esquecermos, são expressões visíveis da ideia filosófica que queremos transmitir.

Vou começar por fazer um breve resumo da história do Capuchinho Vermelho: a mãe pede à filha - o Capuchinho Vermelho - que leve comida para a avô que mora longe e alerta-a para a menina ir pelo caminho indicado e para não falar com estranhos.

E a analogia começa agora! Para a minha reflexão vou utilizar as ferramentas simbólicas do Aprendiz Maçom (1º Grau) e iniciar pelo seu lado, pela Coluna do Norte (mais “escura”).

Quando entramos nesta Arte Real somos todos Homens Livres e de Bons Costumes, mas os Aprendizes têm ainda pouca sabedoria, têm ainda muito que aprender (interiormente). Apenas conseguem ver a Luz da Lua - os Aprendizes são como uma pedra bruta, ou seja, uma pedra com Imperfeições.

As nossas imperfeições são, em Loja, trabalhadas espiritualmente para sermos melhores do que no dia de ontem. Com o maço e o cinzel, vamos trabalhar na nossa pedra bruta (no nosso interior), iremos desbastar as imperfeições que há em nós. O maço pode representar a força bruta e o cinzel a inteligência – ambas irão trabalhar em sintonia, vamos usá-las com equilíbrio.

Em Loja, recebemos também a Luz que vem do Oriente via Venerável Mestre. O compasso no Altar dos Juramentos, representando a retidão, ajuda-nos para os dias seguintes. Para os Aprendizes, é a matéria que sobrepõe o espírito.

Com o nosso trabalho interior, com a nossa presença em sessões em Loja, com a busca de Sabedoria e as apresentações de Trabalhos em Loja, vamos transformando a pedra bruta imperfeita numa em pedra mais cúbica - é essencialmente um trabalho interior.

“Também há outra interpretação importante que se pode retirar desta história: o elemento de Vida universal - o feminino - descrito pelas três fases: a avó, a mãe e a filha.”

Enrique Meseguer por Pixabay

Um dia, os Aprendizes irão passar para a coluna do Sul, onde há Luz, mais Sabedoria, terão menos imperfeições mas o trabalho interior nunca cessa.

Quando entramos em Loja, há uma vivência maçónica que começa e é intransmissível. Mas também é um “banho” de simbologia. A energia que se cria numa Cadeia de União é uma vivência espiritual, atingindo um clímax de energias criadas por todos, uma Força Espiritual, a Egrégora.

O pavimento mosaico, oriundo de civilizações antigas e trazidas para a Maçonaria como representação da dualidade, dos opostos - preto/branco, bem /mal, virtude/vício, matéria/espírito - que é preciso cruzar com a Escuridão, com as Trevas, para se compreender a Luz.

No nosso dia-a-dia surgem dilemas, problemas e que temos que resolver, temos de decidir ir pela “esquerda ou direita” ou “faço isto ou aquilo”.

As ferramentas que foram transmitidas aos Aprendizes e por eles já utilizadas, devem contribuir para uma tomada de decisão mais ponderada, mais adequada.

Simbolicamente são as ferramentas - nomeadamente o maço e cinzel - que utilizamos para o nosso aperfeiçoamento e que nos permite diferenciarmo-nos dos outros. Um Maçom poderá “detetar” outro Irmão pelos seus comportamentos, atos e exemplo. De notar que também existem profanos (não Maçons) que possuem um carácter exemplar e serem um bom modelo para a sociedade.

Voltando à História do Capuchinho Vermelho… a menina teve que decidir, foi uma opção de escolha, ir pelo caminho indicado pela mãe - que era o caminho mais longo mas seguro na perspetiva da sua mãe - ou ir por outro caminho, pela floresta - mais rápido e eventualmente mais desafiante ou aventureiro.

Sabemos que o Capuchinho Vermelho não recebeu a Luz que provém do Oriente, muito menos utilizou as ferramentas de um Aprendiz Maçom.

A floresta representa simbolicamente os perigos da Vida que surgem no nosso percurso e na qual temos que tomar decisões, resolver e/ou evitar esses perigos.

Tumisu por Pixabay

Nesta Ordem Iniciática quando olhamos para o espelho vemos refletida a nossa imagem como “o nosso principal inimigo”.

Na História do Capuchinho Vermelho, o reflexo que poderíamos ver no espelho seria o Lobo – olhávamos para o espelho e apenas víamos uma imagem do Lobo (o nosso principal inimigo, o Lobo, somos nós próprios). Este Lobo seria como o interior do indivíduo numa fase bruta, como uma pedra bruta à espera de ser trabalhada.

Com a Luz que vamos recebendo ao longo do percurso Maçónico, passamos de uma pedra bruta - as nossas imperfeições - para uma pedra mais cúbica - com menos imperfeições. Este novo patamar corresponde ao Lenhador que mata o Lobo - simbolicamente, o nosso estado inicial, cheio de imperfeições. O Lenhador representa uma versão melhorada de nós próprios, uma pedra mais polida, podendo representar a Justiça.

Na Maçonaria, as lendas e alegorias, transmitem também uma moralidade. O mesmo acontece com a história do Capuchinho Vermelho: “Ó filha, faz o que eu digo e não fales com estranhos…” – pode haver consequências desagradáveis para quem não obedece à mãe.

Também há outra interpretação importante que se pode retirar desta história: o elemento de Vida universal - o feminino - descrito pelas três fases: a avó, a mãe e a filha.

As cores também representam uma particularidade nesta história: o vermelho representando a emoção e o branco como a pureza espiritual e a inocência.

As decisões nas nossas Vidas são reflexo da quantidade de Luz que recebermos.

White Louis Mestre Maçom R:. L:. Alexandre Soares dos Santos

“Na História do Capuchinho Vermelho, o reflexo que poderíamos ver no espelho seria o Lobo – olhávamos para o espelho e apenas víamos uma imagem do Lobo (o nosso principal inimigo, o Lobo, somos nós próprios). Este Lobo seria como o interior do indivíduo numa fase bruta, como uma pedra bruta à espera de ser trabalhada.”

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