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Diário de um Corpo sem Memória
Fernando Correia. Jornalista, comentador de rádio e televisão, professor, nasceu em 1935 e dividiu a sua infância entre a Mouraria, o Alto de Santo Amaro e São Domingos de Benfica.
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Entrou para a Emissora Nacional em 1958. Trabalhou depois na RDP, Rádio Clube Português, Rádio Comercial e TSF. Foi diretor do Diário Desportivo, redator e colaborador dos jornais Record, A Capital, O Diário, Gazeta dos Desportos, Jornal de Notícias e Diário Popular. Sportinguista assumido, colabora também com a Sporting TV, depois de ter sido diretor-adjunto e diretor do jornal do clube. Casado, pai de cinco filhos e avô de dez netos é autor de dezenas de livros nas mais variadas áreas temáticas, desde livros infantis a ensaios e romances.
Diário de um corpo sem memória
Fernando Correia acaba de ver lançado o segundo volume de uma pequena série relativa à doença de Alzheimer.
Partindo de um caso familiar, o jornalista e escritor conduz o leitor ao interior de uma problemática da saúde mental, ainda sem destino sob o ponto de vista curativo, e que revela a pequenez do ser humano perante uma situação de contornos difíceis de explicar.
O primeiro livro chama-se “Piso 3 – Quarto 313” e este segundo, escrito sete anos depois, intitula-se “Diário de um Corpo sem memória”.
Se o primeiro explicava os contornos da doença e aquilo que é possível fazer em cuidados paliativos, este segundo vai mais longe e faz uma proposta de contornos de transcendência, ao sugerir que um cérebro saudável seja capaz de substituir um cérebro doente, nas suas funções vitais de pensamento e de comunicação interior.
É um caminho complexo, cheio de escolhos e de dúvidas, mas que se torna menos difícil de percorrer quando os protagonistas se conhecem bem e são capazes de interagir, através do subconsciente, permitindo admiráveis conclusões.
No fundo é como se fosse possível partilhar memória, ou substituir memória, numa avaliação que só pode ser feita por quem conhece bem os intervenientes.
O livro tem duas partes distintas.
A primeira conta a história de duas vidas que se encontraram e que tentaram ser uma só.
A segunda revela o confronto com a doença de Alzheimer e o caminho espiritual que foi capaz de levar um dos protagonistas a substituir o outro no respeitante ao arquivo da memória.
Por tudo isto, pelas dúvidas, pela beleza do conceito e pelo hermetismo dos mistérios da mente revelada, se recomenda a leitura deste livro que, por certo, obrigará o leitor a um complexo exercício de apreensão da mensagem de fraternidade que transmite.
“Diário de um Corpo sem Memória” é uma edição Guerra e Paz e é um livro que se recomenda.