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O Que é Ser Maçom? | Fernando Correia

O que é ser Maçom?

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por Fernando Correia

“Se o Ser Humano, que quer fazer parte de uma Ordem Maçónica, não for capaz de entender e cumprir estas regras, não pode ser maçom, por mais que o deseje.”

Não sei se algum de vós já fez a pergunta e, se a fez, se já encontrou a resposta adequada.

O que é ser maçom?

Tentarei falar um pouco sobre esta questão, importante, decisiva e determinante.

Ser maçom é ser um bom Homem, um bom Ser humano, à procura de ser melhor e ansioso por encontrar o caminho da Luz, o caminho espiritual, o caminho da paz interior, o fazer parte do exército dos sentidos, onde as armas são a fraternidade, a concórdia, a igualdade, a paz, a liberdade, o amor e a lealdade.

Não é fácil reunir todas estas vontades. E, por isso, é lícito afirmar que não é maçom quem quer, mas sim quem tem condições para o ser.

Porquê?

Porque mesmo tendo vontade de ser mais perfeito, há muito Ser Humano que não o consegue.

Por dezenas de razões, à frente das quais estão os hábitos de vida, a cultura, a educação, os sentimentos, a vontade, a consciência, o desapego a tudo o que tenha a ver com o mistério da existência, a desvalorização da natureza, o alheamento do próximo, o dinheiro, a forma como surgimos do nada para enfrentarmos o TUDO e o TODO.

Por outro lado, é fundamental a qualquer pessoa que queira ser maçom, acreditar na importância do Universo e perceber que existe um Grande Arquitecto do Universo que, de uma outra forma ou numa outra cultura, pode ser definido como Deus, que coloca em nós todos os poderes que ele próprio tem, com excepção da capacidade de resolver, de decidir, de criar.

É o GADU que diz como dever ser feito, para que o Homem faça; que ensina a doutrina, para que o Homem a cumpra; que mostra o caminho, para que o Homem o percorra; que define a vida, para que o Homem a viva; que mostra a importância do espírito, para que o Homem o assuma.

Se o Ser Humano, que quer fazer parte de uma Ordem Maçónica, não for capaz de entender e cumprir estas regras, não pode ser maçom, por mais que o deseje.

Senão vejamos: - O maçom tem todo o direito de pertencer ou de apoiar um partido político. Mas não tem o direito de levar para o interior do Templo essa preferência. Porque, no interior do Templo, a política que conta é a da fraternidade. - O maçom é um ser livre. Mas, no interior do Templo, a liberdade fundamental que tem é para amar o próximo. - O maçom pode ter uma religião. No interior do templo a sua religião obedece ao GADU. - O maçom pode ser um homem com muito dinheiro. Mas, no interior do Templo, o seu dinheiro só serve para ajudar um irmão que precise ou para ajudar a Ordem a que pertence. - O maçom pode ser um homem culto, com formação académica. Mas no interior do Templo é igual aos outros irmãos e não pode querer ser mais do que eles por essa razão. - O maçom tem todo o direito a ter opinião. Mas, no interior do Templo, a sua opinião vale o mesmo que a dos outros, porque o tema é comum. Tem a ver com a sua ascensão espiritual. - O maçom, muitas vezes, quer ter apenas um avental bordado e um colar. Tem direito a querer, mas tem o dever de pensar que os outros irmãos têm o mesmo direito. - O maçom deve discutir ideias e ter opinião. Mas, no interior do Templo, as suas ideias e as suas opiniões dizem respeito ao crescimento espiritual e à construção do edifício interior que o suporta. - O maçom não pode ter, no interior do Templo, práticas diferentes das que tem cá fora, no que concerne ao respeito pelos outros, à pluralidade de opinião, aos direitos e aos deveres. - O maçom discute, argumenta, faz valer as suas ideias no mundo profano. No interior do Templo, os seus argumentos e as suas ideias vão sempre no sentido de se construir um Mundo melhor. - O maçom desempenha um cargo de chefia. No interior do templo desempenha um cargo de humildade. - O maçom não deve ter um comportamento no exterior do Templo diferente do que tem no

interior, no que diz respeito à solidariedade, à compreensão, à ajuda, à distribuição, à sua contribuição para o equilíbrio da sociedade. - Um maçom não pode limitar-se a ser maçom de 15 em 15 dias, quando vai à Sessão da sua Loja. Sempre que lhe seja possível deve comparecer às Sessões de outras Lojas. - No caso vertente, tem de ser maçom, também, ao acompanhar os “Podcast” semanais; tem de ser maçom ao ouvir as “Conversas da Soberana”; tem de ser maçom ao seguir as conferências, as exposições, as entrevistas e as visitas promovidas pela sua Grande Loja; tem de ser maçom ao cumprir o programa de leituras maçónicas; ou seja, não é possível ser maçom em part-time. - Um maçom pode faltar às Sessões de Loja ou Grande Loja. O que não pode é deixar de justificar a sua falta, sob pena de estar a ofender o se VM e os restantes irmãos, remetendo-os para um plano secundário das suas preocupações.

Muitas vezes, um maçom chega ao seu Templo e esquece-se do sítio sagrado onde está.

Esquece-se dos juramentos que fez.

Esquece-se que ali o que está em causa é ser um Homem melhor.

Transporta para o interior do Templo as suas frustrações, as suas mágoas, os seus desesperos, as suas vaidades, as suas convicções de ordem material, os seus desejos de Poder, a sua condição de mortal transportando em si os defeitos da génese, esquecendo-se que está ali para fazer uma viagem ao interior de si próprio, no sentido de se descobrir, de se aperfeiçoar, de caminhar em direcção à vida espiritual, deixando os metais á porta.

Mas faz pior e quando regressa aos “Passos Perdidos”, depois de terminada a Sessão, esquece-se do significado da Cadeia de União, da prece em que participou, da egrégora em que esteve envolvido, e dá abraços de conveniência ou de ocasião, porque lhe disseram que as Sessões maçónicas terminam assim.

Volta a ser maçom em part-time.

Por outro lado, e de um outro modo, serve-se das plataformas digitais, abertas em nome das Lojas e das Grandes Lojas, para descarregar as suas frustrações, falando de tudo menos de maçonaria, destruindo em vez de construir, separando em vez de unir, fragmentando o sentimento de fraternidade que diz possuir. Invariavelmente fá-lo em nome da liberdade de expressão que é algo que não colhe. As plataformas são maçónicas, não são profanas. As conversas devem ser, por isso, construtivas e não destrutivas. A liberdade de expressão, tal como é entendida, deve ser usada no mundo exterior. No mundo maçónico, a liberdade de expressão (e de pensamento) vai no sentido da egrégora, da espiritualidade, da construção do Templo interior, da fraternidade pura e da lealdade.

Meus queridos irmãos, vou dizê-lo com mágoa, mas com grande sentido de responsabilidade e de respeito pelo Mundo Sagrado onde estou:

As pessoas que não pensam assim e não procedem assim não são precisas. Podem voltar para onde vieram. Podem fazer a vida que acham que devem fazer.

Estaremos, claramente, melhor sem eles. Podemos ser menos, mas somos, certamente os necessários e os suficientes. Não é por isso que o Templo interior vai demorar mais tempo a ser construído. Pelo contrário. Porque assim ninguém o destrói, ninguém o arrasa, ninguém o deixa, de novo, sem pedra sobre pedra, como aconteceu com o Templo de Salomão, por diversas vezes, na história da vida e dos homens.

Fernando Correia Venerável Mestre R:. L:. Almada Negreiros

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