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Armazenamento de energia
Até um tempo atrás, produzir a própria energia parecia uma possibilidade de um futuro distante – estocá-la, então, quase ficção científica. Mas o futuro chegou e as alternativas estão todas à disposição do consumidor
“Storage” ou “armazenamento de energia”: se você ainda não colocou esses termos em seu vocabulário, talvez esse seja o momento certo para entender o que significam. Eles, inclusive, me fazem lembrar de uma frase célebre de uma ex-presidente do Brasil, que queria estocar o vento... Por incrível que pareça, e sem qualquer viés político, ela estava correta – mas é necessário um pequeno ajuste, já que ela deveria ter falado em “estocar energia”.
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O armazenamento energético não é uma nova tecnologia no mercado; o exemplo mais simples que todos têm na memória desde a infância são as pilhas que utilizamos em vários dispositivos, como controles remotos, brinquedos e, mais recentemente, as baterias dos telefones e computadores que podem ser recarregadas com uma vida útil satisfatória. Nesse sentido, o avanço tecnológico vem desenvolvendo sistemas que permitem armazenar energia em equipamentos de pequeno tamanho, mas que servem para alimentar residências, e de grande tamanho, que podem servir de backup para usinas de geração de energia. A inovação mais conhecida são as baterias de íon-lítio recarregáveis, usadas nos smartphones; contudo, atualmente, existem diversas pesquisas buscando o melhor composto que tenha um custo-benefício adequado e seja seguro para o mercado.
Algo que se sabe é que o custo desses sistemas vem caindo drasticamente nos últimos anos e seguirá assim na próxima década, quando muitas empresas seguirão investindo em desenvolvimento, gerando uma competição saudável para o consumidor. Afinal, armazenar energia no setor elétrico tem múltiplos benefícios, como:
1. Geração solar + bateria: com os painéis solares abastecendo durante os horários de sol e a bateria entregando energia fora dos períodos de irradiação, existe um grande potencial do consumidor final ficar independente da distribuidora (ou pelo menos reduzir seus custos com energia).
2. Integração com energias renováveis: o armazenamento entrega flexibilidade para os projetos de geração de energia renovável (eólico e solar principalmente), podendo armazenar a energia gerada e entregar para o sistema em um melhor horário comercial.
3. Suporte para o sistema de transmissão: armazenar energia pode postergar ou evitar grandes investimentos na ampliação dos sistemas de transmissão, já que é possível estocar energia durante horários de congestionamento das linhas de transmissão para entregar em horários com menor carga no sistema.
4. Serviços auxiliares: todo o sistema de transmissão e distribuição possui características técnicas necessárias para sua operação e o armazenamento de energia pode contribuir com controle da voltagem e regulação dos níveis de carga em determinadas áreas, por exemplo.
Nos Estados Unidos, a regulação do setor de energia já apresenta incentivos para a instalação de sistemas de armazenamento de energia, o que leva fabricantes e desenvolvedores de projetos a convergir atenção para essa tecnologia, gerando maior e melhor desenvolvimento das aplicações.
SOLUÇÕES
O custo para instalar baterias ainda não é economicamente viável em todos os casos, bem como não conta com incentivos regulatórios. No entanto, em algumas situações específicas, como é o caso de lugares isolados, onde não há rede de distribuição, investir em painéis solares combinados a baterias para ter o abastecimento durante todo o dia é uma grande opção.
A transformação do setor elétrico já começou. Com a redução de custos dos sistemas de storage ao longo dos próximos anos, veremos grande penetração de soluções de armazenamento de energia, trazendo importantes benefícios financeiros e flexibilidade ao consumidor final.
OPÇÕES DE GERENCIAMENTO DA ENERGIA PRODUZIDA
Refletindo sobre aplicações práticas para os consumidores finais, quer sejam residenciais, comerciais ou industriais, haverá uma grande transformação no mercado sobre a forma como se administra o consumo de energia. Basicamente, o consumidor terá três opções:
1. Manter a forma tradicional, na qual o usuário está ligado a uma determinada distribuidora e termina consumindo toda a sua energia dessa fonte, pagando a conta de acordo com as tarifas praticadas no mercado.
2. Instalar painéis solares, dividindo o consumo da energia com a distribuidora, de acordo com as regras de mercado praticadas. Nessa configuração, o cliente gera sua própria energia durante os horários de irradiação solar, entregando os excedentes (aquilo que não consome no momento da geração) para a distribuidora; e nos horários em que não está produzindo, consome a energia da distribuidora. Dessa maneira, ocorre a redução da conta de energia (créditos e débitos durante o dia), a partir de uma análise de viabilidade para ver se vale a pena pagar pela instalação dos painéis solares. Essa solução vem se mostrando muito interessante para todos os setores: residencial, comercial, industrial e agrícola.
3. Adicionando baterias ao sistema com painéis solares, de forma semelhante ao caso anterior, o usuário poderá eliminar ou depender muito pouco da distribuidora local, ficando com grande flexibilidade para gerar 100% de sua própria energia. O sistema basicamente funciona com os painéis solares gerando a energia durante o dia e as baterias armazenando o excedente gerado para ser utilizado durante a noite ou para substituir o consumo nos horários de pico, que geralmente tem preço mais elevado de energia. O sistema solar + bateria pode ser uma excelente solução para locais onde o custo da energia é muito elevado ou para regiões em que o abastecimento de energia sofre interrupções ou não entrega uma energia de qualidade. Essa solução está sendo estudada e empregada para consumidores comerciais e industriais e também resolvendo o problema de residências onde a rede de distribuição não chega ou possui muita instabilidade.