FLOW TOUR MALAGA PARTE 2
MADEIRA SKATE TOUR
2011
Número 9 - Julho/Agosto
Bimestral
Distribuição gratuita
AURA S.A. - 212 138 500
AURA S.A. - 212 138 500
fotografia Roskof
UAU! Um pro! Poucas coisas marcam tanto os nossos primeiros anos de skate como o contacto com os nossos ídolos. Perguntem hoje mesmo a qualquer skater qual o primeiro pro que viram, que eles respondem-vos com o dia, a hora, o local, o modelo de tábua que tinham e até a marca da t-shirt. Esta foto fez-me recordar esse momento, quando saí da estação de comboio em Munster, na Alemanha, para o Monster Mastership e ainda nem cem metros tinha feito e já tinha a sweat, a tábua, a mochila, tudo cheio de autógrafos dos meus skaters favoritos. Até na testa levava uma assinatura do Mike Carrol. Nessa noite nem dormi e lembro-me de tudo como se fosse hoje. Passados quase 20 anos desde esse momento e no ramo em que trabalho seria de esperar que já estivesse acostumado a estas coisas, mas a minha recente viagem a Copenhaga provou-me o contrário. Não estava à espera. Raios, hoje até tenho amigos pro’s e alguns ficam cá em casa quando visitam Portugal... não percebo, afinal mesmo quando era mais novo nunca fiz nada parecido ao que um dos meus companheiros dessa primeira viagem a Munster fez... até uma lata de cerveja do Eric Koston trazia e nem nos deixava chegar perto dela. Uma simples lata de cerveja! Na altura fartei-me de gozar com ele… pelos vistos hoje ele teria de gozar comigo…não pensem que trouxe uma loira de Copenhaga, mas a tesão é a mesma. Pedro Raimundo “Roskof”
2011
página 08
Distribuição www.marteleiradist.com
212 972 054 - info@marteleiradist.com
Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Avenida 1º de Maio, nº 42, 2ºA 2825-394 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Director: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Director-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Direcção de Arte: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Publicidade: pub@surgeskateboard.com
Tiragem Média: 15 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Multiponto, S.A. Morada: Rua D. João IV, 691-700 4000-299 Porto Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros
Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Heizman, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean
Capa: Se precisarem de se refrescar nestes dias, podem sempre olhar para esta foto do Tiago Relógio, um backside tail com água a escorrer no cenário. Se não resultar, a outra hipótese é usar a revista como leque… resulta! fotografia João Mascarenhas
Red Bull Manny Mania
Meo Skatecamp
Sabes como se faz para ir a Nova York com tudo pago? Só tens de ser uma pessoa equilibrada… nos pés!!
Três dias no skate parque com comida, bebida e concertos! Um sonho tornado realidade… para os que conseguiram dormir!
Cães de Caça Depois da Lassie, a maior saga “canídea” alguma vez vista! ...e ainda por cima com sotaque algarvio.
DC CPH Pro Carros a arder, cervejas de borla, bicicletas roubadas, Christiania… tudo sobre o único campeonato exclusivo a pro’s na Europa.
Corvos Pretos na Calçada O team europeu da Emerica descobre da pior maneira porque não se deve deixar telemóveis à vista no carro em Lisboa.
Ponchas na tasca, skate no basalto Já ouviram falar dos spots de skate na Madeira? Não? Depois desta reportagem vão ouvir falar muito, acreditem!
Dr. Manka-te O Dr. apresenta-nos a sua nova cadela… de 4 patas, é claro!
O Ruben Rodrigues foi o único Português convidado a participar no CPH Pro em Copenhaga e ainda deu cartas no best trick com um nollie heel bigspin. Infelizmente nessa altura estava a discutir com um fotógrafo que insistia em pôr-se à minha frente e não apanhei a manobra. Desculpa Ruben! Gap to crooked fotografia Hugo Silva
página 13
Olá ;D O meu nome é Rúben Oliveira e sou de Viana do Castelo. Adoro ler a Surge, acho que o skate em Portugal já estava a precisar de uma revista como esta e além disso é grátis! Se não fosse, juro que pagava só para a ter na mão de dois em dois meses! xD Adoro tudo na revista, gosto porque me dá pica para dar umas boas skatadas e também porque me deixa informado do que se passa no skate nacional e internacional. Bem… já ando de Skate há três anos e estou cada vez mais viciado, não tenho qualquer outro vício, apenas e só o skate, acordo cedo para andar de skate e só paro à hora de jantar. ;P O que se passa é que o Skate por estas bandas não é muito apoiado, já fui parar à esquadra por estar, simplesmente, a andar de skate, mas pronto... já fizemos de tudo para poder haver um Skate Parque em Viana, mas nada feito! Se não temos Skate Parque (o que é uma vergonha) nem podemos Skatar na rua… temos de passar o tempo todo atentos a ver se vem polícia, ou andar enfiados em becos a skatar, ou então sair da cidade para ir a um skate Parque :S O que recomenda Dr. ??? Beijos na bunda ^-^ Boas Rúben Não tens mais vícios? Tanta coisa boa que existe na vida para te viciares... Não stresses com o skate parque. De vez em quando visita outros parques por aí, só te fará bem. Se já existirem uns quantos skaters na tua zona, podes sempre fazer pressão na Câmara. Mostrem-se. Pode ser que na altura das eleições eles se lembrem de vocês. Nunca esqueças é que a essência do skate vem da rua. Desfruta! Para terminar, recomendo que arranjes mais vícios. De preferência que andem de mini saia... Beijo na bunda Dr. Manka-te
Olá Dr.Manka-te Eu chamo-me Inês e vivo em Vila do Conde. O meu pai é dono de uma skateshop chamada StreetWave, que se situa na Póvoa de Varzim. Comecei a ler esta revista quando o meu pai abriu a loja. Antes de o meu pai abrir a loja eu já tinha um skate da Sport Zone e o meu irmão também. Quando o meu pai me deu esse skate comecei a andar e a gostar de skate. Foi daí que veio a minha paixão pelo skate. Eu não sei fazer ainda nenhuma manobra mas faço por isso, quando posso aproveito logo para andar de skate. Eu parti a minha tábua da Sport Zone e o meu pai deu-me uns trucks, uma tábua e umas rodas novas. Como a loja do meu pai é na Póvoa de Varzim, às vezes aos sábados vou andar de skate com o meu irmão. E costumam estar lá sempre os skaters que o meu pai apoia (Álvaro, Pedrinho, Tony, Joca, David, Carlitos, Emo, Kimpas, Júnior etc.). Eu e todos os skaters da Póvoa temos pena por terem destruído o skate parque da Póvoa de Varzim. Faz muita falta. Em relação à SURGE eu acho esta revista muito interessante para o povo do skate, eu gostei muito (dos comentários, das imagens, das entrevistas e também do teu consultório). Beijos e abraços Olá menina Inês É muito bom saber que cada vez mais raparigas andam de skate. Sabes, gostava muito de conhecer a tua família. Um pai que tem uma loja de skate e apoia os skaters da zona. Tu e o teu irmão patinam. Uau! Boa onda, a vossa! Uma família de fazer inveja! Comecei logo a imaginar como seria se o ‘bigodes’ do meu pai tivesse uma skate shop... Espero que todos vocês continuem a consumir e a gostar da Surge. Temos muito prazer nisso! Esta revista é para vocês. Vivam os skaters da Póvoa!
2011
Muito sucesso para a Streetwave. Beijos na bunda Dr. Manka-te
Olá Dr.Mankate, sou mais um dos recentes skaters de Almada e adoro isto! Depois de um dia cansativo, uma boa skatada na Praça cai na certa... e ainda cai melhor se enquanto formos no metro formos a ver a surge hahaha, já não era sem tempo. Termos de estar a pagar 3 euros e tal por uma revista... agora é que é com a surge! Quero ganhar um apoio mas não sei como o fazer, tenho azar: sempre que há campeonatos acontece sempre alguma coisa, ou nunca consigo fazer nada de jeito nas “runs”. Gostava bué de poder ir em tours com os teams mas para isso, mais trabalho... não sei bem porque estou a escrever mas era para dizer que têm uma ‘granda’ revista e que continuem assim.... It´s more than wood under your feet Fábio Meu puto! Skater de Almada... só por isso tens o meu respeito! Malandro, não existe mal nenhum em pagar 3 euros por uma revista de skate, ainda por cima se é portuguesa. Arranjares a Surge à borla e pagares 3 euros pela outra revista, só ajudavas o skate português... Vou dizer-te o que já disse milhares de vezes aqui. Caga para os apoios porra! Mas será que a tua geração só pensa nisso? Dasss! Anda muito de skate e faz “tours” com os teus amigos, apalpa umas miúdas! Diverte-te! Obrigado por teres escrito meu grande Almadense. Se te apanho na Praça ou na Gandaia Shopping a falar de apoios dou-te um carolo. Beijo na bunda Dr. Manka-te
Meke Manka-te!!! Chamo-me Zé Pedro. Olha, eu sou um maluco por skate, mas tenho um problema. É assim, quando passo pelo skate parque de Almeirim, todos os dias olho e penso: “Eu adoro andar de skate mas só sei fazer um ollie parado e curtia bué ter amigos para andar de skate e para me ajudarem”. Às vezes apetece-me ir lá e os meus pais deixam-me, outras vezes não, porque tenho de estudar... mas mudando de assunto, tenho receio que quando for ao skate parque e me estampar ali à frente de toda gente eles se riam de mim por ter apenas 12 anos e só saber fazer um ollie parado. Que acha que devo de fazer Dr.??? Ps: Adoro a revistaaa! Meu menino... PORRA! Mas que chicken me saíste tu, pá? Ai e tal e coiso e coiso e tal? Que conversa é essa? Vai andar de skate para onde te apetece! Se os outros gozarem, mostra-lhes o rabo ou atira-lhes uns calhaus à cabeça! Se tiveres medo de cair enquanto os outros olham para ti, escolheste o desporto errado. Pensa que os outros também caem! Pensa que muitos nem um ollie parado dão! Faz o que te apetece! Não penses nos outros! Pensa em ti! Beijo na bunda Dr. Manka-te
fotografia Luís Colaço
CONSULTÓRIO Dá a tua opinião sobre a revista. Envia-nos as tuas ideias ou sugestões. Manda fotos de spots novos na tua zona e do rabo da tua melhor amiga… sei lá… escreve por tudo e por nada… se aqui o Dr. Mankate curtir, publicamos a tua carta na revista e se tiveres sorte, pode ser que te toque alguma coisa… Abraços e beijos na bunda. Dr. Mankate drmankate@surgeskateboard.com www.mankatetainha.com
página 15 Dr. Manka-te
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texto e fotografia João Mascarenhas
Cães no campo. Esperamos que não tenham apanhado carrapatos…
Alguns de vocês podem estar a pensar porque é que uma tour tem um nome destes... pois bem, vou tentar explicar para que não existam equívocos, especialmente junto das namoradas destes “canídeos”, cuja caça não é o que estão, já, a pensar. Tudo começou através uma brincadeira com o nosso “cachorrinho” mais novo nestas andanças, que decidiu vir connosco em tour este ano, o Fabio Vieira “Pitau”... por ser o mais novinho começámos por chamar-lhe Pinscher... a partir daqui dá para perceber o desenrolar da história...
página 19
Então chegou a hora de apresentar esta matilha, de verdadeiros cães de caça: em primeiro lugar, o nosso protector e amigo, sempre ali para ajudar no que for, o São Bernardo, com o seu barril de cacau quente ao pescoço, líquido que, neste caso, era tudo menos cacau, (Christian Ruiz, o cameraman); o seu irmão, o Grand´Anois, (Jean Ruiz), meloso e molengão; o Perdiqueiro, (João Relógio), o cão de caça nato; o Boxer, (Tiago Relógio), em homenagem ao seu falecido cão, Simba, sempre babado; o Bull Terrier, (Ivo Santos), o verdadeiro cão do gueto, sempre a morder ao pequeno Pinscher, (Fábio Vieira), o típico cão que ladra mas não morde e que, neste caso, nem sabia, ainda, “alçar a perna”; o Cocker Spaniel (Filipe Cordeiro), pelos seus belos cabelos ondulados e por ser muito mimadinho... e, como toda a matilha tem um rafeiro, neste caso tínhamos o Rafeiro Alentejano, (Francisco Xura Palma), um cão calmo e inteligente que sabe bem aquilo que faz; a fechar a lista: o Caniche, (Bruno Flow), cuja vaidade era a sua melhor qualidade; e, claro, falto eu, que era o Pastor Alemão... alguém tinha de guardar uma matilha numerosa como esta. Estávamos prontos para a época de caça aos spots de Málaga. E deixem que vos diga que encontrar spots novos em Málaga foi uma verdadeira caça ao tesouro, mas também não havia problema: tínhamos o nosso “cão farejador” de spots, o Yonka, um “cão” espanhol que ainda nos conhecia o cheiro do ano passado. Foi o verdadeiro amigo do homem, pois levou-nos aos melhores spots, e, além disso, à noite este rafeiro ainda tinha um “canil” (bar-disco), onde nos era servida bebida com fartura... Ao chegarmos a Málaga decidimos procurar a famosa casa assombrada do ano anterior... mal sabiam os fantasmas que lá habitavam que este ano éramos uma matilha que iria defecar, urinar, uivar e roer tudo por onde passava, naqueles corredores assombrados.
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Fรกbio Vieira - Frontboard rauff rauff!!
pรกgina 21 Cรฃes de Caรงa
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Animal mais versátil que um São Bernardo só mesmo o Christian, ou pensam que qualquer animal podia estar ali a filmar este frontside flip do Yonka? O Tiago Relógio é um verdadeiro canídeo, olhem para ele a correr atrás da cauda, backside 360
Já instalados, fomos petiscar umas belas tapas mesmo em frente a casa, não sabendo, na altura, que esta seria a última refeição de comidinha de lata da boa e que dali para a frente iríamos apenas comer ração de combate. Pôs-se a primeira noite e a matilha saiu à rua sem trela, aos saltos, a ladrar, a escorrer baba e a coçar o pêlo, quando de repente reparou-se que não havia mais cães para brincar na rua... era tempo de irmos para casa acompanhados de umas quantas cervejas de litro e a uivar sozinhos...
De manhã bem cedo fomos, finalmente, à caça de spots. O nosso farejador (rafeiro espanhol) levou-nos a sítios por onde ainda não tínhamos passeado, o nosso Pinscher a ser intimidado pelo Bull Terrier cada vez que ladrava muito... em sinal de queixa do cansaço e das mordidelas... a bem da verdade, ao fim do dia estávamos todos cansadinhos... nada que um banho revigorante, seguido de perfume para as pulgas não resolvesse, pois era chegada a hora de “marcar território”...
página 23 Cães de Caça
Já no terceiro dia pela manhã tivemos uma baixa... o nosso Perdigueiro tinha abusado no álcool e passou o dia a lamber as feridas... mas como o perdigueiro é um cão forte, ainda conseguiu dar um passeio sem trela pela praça nova que havíamos encontrado, onde muitos se babaram em cima do mármore fresquinho ainda sem cera. Este seria o dia em que os cães decidiram lavar o pêlo na fonte cheia de repuxos na praça nova, criando uma nova tradição: lavar o pêlo em tudo o que era fontes municipais da cidade de Málaga e arredores... Há que dizer que a famosa casa assombrada nunca viria a sentir tanta força dos cães de caça algarvios como nesta noite de lua cheia... houve uivos pela casa até às 8:30 da manhã e, mais uma vez, no dia seguinte houve uma baixa na matilha: foi a vez do cão protector requerer, ele próprio, protecção. O nosso São Bernardo estava arrasado. Nem forças tinha para “alçar a perna” e pegar na câmara de filmar... curiosamente foi neste último dia que o nosso Cocker Spaniel mostrou a sua raça, a marcar o fecho desta época de caça. Para os que acham que esta hístoria é uma grande estupidez há que dizer que estão no seu direito... às vezes existem situações que fazem mais sentido para quem as viveu.
O Ivo era o Pitbull, felizmente tiraram-lhe o açaime e deixaram-no dar um ollie
João Relógio, o Perdigueiro, “ficou em casa um dia a lamber as feridas”... deve ter na língua um antipirético potente, no dia a seguir já anda a dar lipslides flip out todo limpinho.
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pรกgina 25 Cรฃes de Caรงa
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Os Cockers Spaniels são tão fofinhos e carinhosos, tal como este flip do Filipe Cordeiro, ou não?
Facto é que esta foi uma viagem inesquecível com bons e maus momentos. Se a diversão foi rainha, Málaga foi rei, já que existem sempre boas surpresas e bons spots nesta cidade. Muchas Gracias a todos os que participaram nesta aventura, ao apoio da loja Flow de Faro, bem como a todos os apoios aos skateres envolvidos... para o ano há mais... uivadas...
página 27 Cães de Caça
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REDBULL MANNY MANIA...
A SAGA! 2011
João Neto swicth tail nose manual revert, ou em linguagem de quem não percebe nada de manobras de skate... swiiiii tilt masss wow
Como sabemos, todas as grandes sagas cinematográficas têm de ter, pelo menos, três capítulos, ou episódios, como preferirem (uma questão técnica que já levou vários fãs do Rocky, da Guerra das Estrelas e, até, do Shreck a andar à bofetada)… menos que três nem sequer tem direito a entrar na categoria de saga. Assim, a etapa nacional do Red Bull Manny Mania não podia ter menos que isso. Faro, Porto e Lisboa foram escolhidas como as cidades onde os skaters podiam ganhar acesso à grande final que tinha como grande prémio uma viagem a Nova York com tudo pago, para participar na final mundial. Ok, não é mesmo que derrotar o “Darth Vader” e ficar com a princesa mas é, sem dúvida, um excelente prémio. A etapa de Faro era a que mais expectativas me criava, visto os skaters do sul do país serem mais conhecidos por andar em grandes corrimões e escadas do que pelas manobras técnicas em manual. Mas, como sabemos, qualquer bom algarvio adapta-se ao que for preciso e ainda se viu boas manobras. Na final, Rui Costa e os Relógios de Olhão (são tantos que deviam fazer uma saga só com eles) destacaram-se e conseguiram apurar-se para a sequela seguinte. Como sabemos, a segunda parte de qualquer saga é aquela em
que: ou se confirma o sucesso da história, ou então é onde se enterram todas as hipóteses de um 3º capítulo. Mas não estava preocupado. No norte, por sorte ou azar de não terem muitos skate parques, os skaters sabem bem dar conta de qualquer obstáculo de rua. Como se previa, foi uma batalha de proporções épicas, como tem de ser numa saga, e, no fim, até os bombeiros chamaram, mas para refrescar a malta, tal era o calor. Houve quem tivesse dito que eram suores causados pelas meninas da Red Bull, mas como verdadeiros heróis épicos que são, certamente que os skaters apurados no Porto têm o coração puro! E eis chegada a terceira parte... em que os protagonistas já se conhecem bem, onde fazemos as previsões sobre o desenrolar da história e aguardamos ansiosamente pelo desfecho dramático. Esta é parte em que roemos as unhas, queremos mais pipocas e o pacote já acabou, e tudo se resume àquela última batalha. Como previsto, na final grande parte dos skaters era do norte. Nuno Cardoso, João Neto, Jorginho... mas, como sempre, mesmo quando está tudo a terminar há algo inesperado e... um único skater de Lisboa, Ruben Ferreira, ainda conseguiu deixar a sua marca na final.
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2011
Contas feitas, uma coisa vos garanto: se fosse júri da academia de Hollywood para os Óscares, não me importava de dar notas a dezenas de filmes, para vê-los de borla, mas a esta final do Red Bull nem por isso. A decisão foi difícil e o Nuno Cardoso do Porto foi o escolhido para representar Portugal em Nova York e assim terminar esta saga com o 4ª capítulo. Sabem quantas sagas têm quatro capítulos? Pois, são poucas… só mesmo as boas!!
página 33 Redbull Mnny Mania
Ruben Ferreira, o único skater Mouro a passar à final… nollie nose manual shove-it.
Nuno Cardoso, nollie flip nose manual… depois de vencer a prova portuguesa sabemos que já foi contratado como consultor de equilibristas num circo de leste.
REDBULL
MANNY MANIA
2011
página 34 Redbull Mnny Mania
360 flip na “escala de Brandon”… ou seja… Grande!
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texto e fotografia Percy Dean
EMÉRICA EUROPA EM PORTUGAL entrevista Rui Serrão “Dressen” e Surge fotografia Sean Cronan/Emerica
Estava frio em Manchester... posso ver através das janelas da varanda do segundo andar da embaixada Portuguesa que o vento e a chuva ainda atingem copiosamente os castanheiros que se elevam por dentro de buracos de metro e meio na praça de cimento lá fora. Dentro da sala está quente e cheira a Verão. A humidade e o pó da chuva fizeram-nos deixar as sapatilhas na alcatifa da entrada. O chão e janelas estão impecavelmente limpos e posso ouvir as vozes em Português a falar como se estivessem em preocupada monotonia. O verde e vermelho da bandeira Portuguesa flutuam mesmo ali perto da nossa janela... de vez em quando, uma nesga de sol conseguia passar pelo manto de nuvens cinzentas e incidia na bandeira, como que a explicar-nos o seu significado e de onde vem... parecia dizer-nos “tenho pena de vocês, percebo, vivem aqui e o tempo não é o melhor mas, se fecharem os olhos e pensarem em mim, o sol volta a brilhar”. Os olhos do Hélder estão fechados há muito tempo, durante quatro meses suportou um inverno britânico. Um mês antes desta viagem roubaram-lhe a carteira e o passaporte. Eu não lhe invejo a sorte, uma pessoa tem de ter nascido aqui para encontrar amor por este lugar nos tempos de Inverno. Estávamos na embaixada Portuguesa a tentar arranjar-lhe um documento que lhe permitisse voltar a Portugal. Era o tudo ou nada, esta viagem tinha sido marcada antes de lhe terem roubado o passaporte e ele era o nosso guia. Eu e mais seis pessoas já tínhamos voos marcados e estaríamos em sarilhos se a embaixada não lhe resolvesse a situação. Mas sem identificação, sem nada, o cenário não parecia muito bom. “O Sr. Helder Lima?” O Helder levantou-se à minha direita e seguiu em direcção à cabine de vidro, ao final da sala... dez minutos depois estava de volta...”já tenho papéis, podemos ir”, disse ele. Com o seu passaporte temporário voltámos a sair para a chuva. Apesar de naquela altura a situação não parecer tão má assim, sentimos um grande alívio, sabíamos que dentro de dias estávamos livres do frio e que iríamos poder sentir o calor do sol nas nossas caras, pela primeira vez em quatro meses. Portugal chamava-nos e nós fomos! página 39
Na primeira manhã tive que me levantar mais cedo para mudar a carrinha. Lá descolei os olhos e segui. A única coisa boa era pensar que dez minutos depois estaria de volta à cama. Voltei passadas cinco horas! As nossas boas-vindas a Lisboa tinham chegado sob a forma de um tijolo pela janela da carrinha, porque o Hélder tenha deixado um telemóvel de 10e à vista, no banco de trás. Uma hora de espera pela polícia, duas horas na esquadra, duas horas para devolver a carrinha ao aeroporto e 500e de despesa pelo vidro. Este sangue é de uma das pessoas que assaltou a carrinha, cortou-se no vidro... espero que lhe tenha doído como o caraças!
2011
Eu desejava que o Rob Maatman falasse mais, ele fala tão pouco que quase nos faz sentir que está chateado connosco. Se calhar até estava? Talvez a tradução anglo-holandesa não tenha corrido muito bem... se calhar, sem querer, gozei com as tulipas ou talvez tenha falado mal de alguma obra de arte renascentista holandesa. Ainda lhe consegui sacar alguns sorrisos, mas foi uma batalha. Eu gostava de dizer que ele traz tudo cá para fora quando chega aos spots, mas nem isso dá para dizer. É que ele skata tão descontraído que quase te faz dormir. Backsmith
Ao pequeno almoço a nossa vista era uma Praça que estava sistematicamente com uma carrinha da polícia estacionada e cheia de agarrados à droga e prostitutas. Tom Knox “Next Hostel” Lisboa.
Podíamos ouvir as pedras cair no chão enquanto esperávamos no fundo das escadas, já tínhamos ouvido gritos e algo que nos soava a palavrões, mas existe um limite às distracções que podemos ouvir enquanto estamos a andar de skate. A capacidade de lidar com essas distracções decresce à medida que o spot fica mais agressivo. Esta praça em Lisboa já era difícil o suficiente para skatar, por isso para o Eniz lidar com este gap para fifty enquanto ouvia as pedras a cair à sua volta foi necessária concentração extrema.
pรกgina 41 Corvos Pretos na Calรงada
Tom foi a mais recente aquisição para a equipa europeia e assim sendo, para esta primeira viagem, estava a sentir alguma pressão. Mais ainda quando poucas semanas antes tinha feito uma entorse. Este spot era perfeito, antes de o skatarmos comemos galinhas inteiras no supermercado, acho que nos ajudou a voar. “Nunca tinha dado backside flip num gap”, disse ele depois de acertar a manobra... Nós observámos enquanto estes miúdos passavam o dia a ser perseguidos pelos encarregados do parque e a ser expulsos da fonte por estarem a nadar. Aqui estão eles à espera que outro encarregado desapareça para mergulhar outra vez. Tom Knox nem sequer vê nada...
2011
O Hélder gosta de fazer o papel de pessoa dura, se ele conseguisse lidar com facas como faz com o alisador de cabelo, isso sim, seria motivo de preocupação.
Estaríamos de saída de Portugal na manhã seguinte, este era o nosso último spot e todos nós o sabíamos: Lisboa tinha sido boa para nós, tínhamos chegado sem aviso e recebeu-nos de braços abertos. Os spots tinham sido bons e as lesões poucas, aproveitámos o máximo e não parámos durante sete dias seguidos. Para ser honesto, pensava que este spot seria daqueles em que olhamos rapidamente e seguimos, especialmente para o Rob Maatman, que estava todo partido depois de quedas brutais durante toda a semana... mas, afinal, é preço a pagar por dar a manobra com este estilo. Nosegrind final.
pรกgina 43 Corvos Pretos na Calรงada
A única vez que choveu em Lisboa foi quando fomos andar para debaixo desta ponte, engraçado, hein? Como se o deus da chuva nos estivesse a vigiar e guardasse tudo para si, tal como quando estamos no cinema e queremos ir mijar, e fazemos aquela espera até uma parte mais aborrecida... assim quando nos ausentamos cinco minutos não faz grande diferença... este
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bank era suave e a parede redonda, por isso tinhas quase que dar um wallie a entrar e outro a sair. O Rob deu a manobra rapidamente e assim interrompemos a meio o mijo do deus da chuva para seguirmos o nosso caminho. Rob Maatman, Wallride.
pรกgina 45 Corvos Pretos na Calรงada
2011
“Não me peças para ficar sério, eu gosto de rir, eu sou assim” O “Next Hostel” foi ideia do Hélder... se não te importares de dormir em camaratas de quatro beliches depois de subires a pé cinco andares... é boa ideia.
Para poder dar uma manobra neste spot tem que se passar pela plataforma de uma estação de comboios sempre cheia, depois fazer uma curva apertada por uma porta e ir directamente para o corrimão. Estivemos lá na nossa volta da Praça de Setúbal e pensávamos nós que o dia já tinha acabado, a única coisa que queríamos era descansar e comer. Porém, o Hélder tinha outros planos... mandou-se ao rail ainda eu nem tinha tirado a mochila do carro. ”Vamos embora, estou pronto”, dizia ele. Acho que é uma das melhores coisas no skate, a constante vontade de te desafiares a ti próprio e ao mesmo tempo promoveres as pessoas que te ajudam. Será que a motivação vem do facto de registar esse momento para que outros o vejam, ou somente para satisfação pessoal? Talvez a realidade seja que não possas ter um sem o outro. Lipslide Setúbal.
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fotografia Vasco Neves
PONCHAS NA TASCA SKATE NO BASALTO 2011
Obrigado à mãe natureza pelas majestosas montanhas, praias rochosas e ponchas saborosas. Terra de boa gente, ritmo de vida descontraído fazem deste local um paraíso para qualquer um. Assim vivemos nós, uma vida “loca” durante nove dias, com muitos moches na carrinha, centenas de ponchas na tasca, skate no alcatrão e basalto, que não é para “meninos”, altas ondas para os estreantes, que saíram quase pro’s e a pensar dedicar-se ao surf. Dias muito bem passados com a melhor companhia possível, muita festa e amizade tornaram esta viagem inesquecível e um momento a recordar e partilhar com todos vós. Obrigado, Madeira, por estes dias de alegria. Obrigado a todos os que nos acompanharam, em especial à família da Madeira Island Surf Shop, ao gang da MX Skateshop, à Lokaloka e a todos os skaters e amigos. Carlos Viegas (Team manager Waves and Woods)
página 53
HĂĄ uma grande probabilidade de o Mauro Aires ter ido directo Ă casa de banho depois deste frontboard pop out.
2011
Ir à Madeira foi mais do que andar de skate todos os dias. Ir à Madeira foi obrigar-me a agradecer ao Paulo, ao Guelas, ao Sr. Rodolfo, à Sra. da carinha e a todos os meus colegas a grande experiência de comer rebuçados de eucalipto e beber poncha, e de ter brisa sempre em grandes spots. Percorrer a Levada, fazer moches dentro da carinha e, claro, andar de skate com o melhor pessoal de sempre foi inesquecível. “Querida Madeira, nunca mais me esquecerei do meu primeiro voo, da companhia “do melhor” e do “el burriquito” (corrimão) que me obrigaste a deixar para a próxima vez que te for visitar”. Renato Aires
Carlos Viegas frontside 5-0 na Lua...
página 55 Ponchas na Tasca, Skate no Basalto.
Este é, sem dúvida, o ollie do Né mais tropical que tivemos na revista e não é por ele estar de calções.
Esta foi a nossa segunda tour, proporcionada pela Kinky e pela Vox, uma tour para lembrar pelos longos anos que tenho pela frente como skater, uma tour intensa, com skate de manhã à noite, com spots para os “bravos”, lindos, difíceis, que apetece na alma, de que o corpo tem medo e receia que sim… Uma tour juntamente com skaters da Madeira, novos amigos que nos “mostraram os cantos à casa” e nos deixaram explorar a terra que não nos pertence mas que tem que ser de todos e para todos os skaters. Levo para casa um team unido, amigo, divertido e muita camaradagem e, como lembrança, levo a coragem de um ferro dado, difícil, o ferro mais alto que alguma vez sonhei dar e que, certamente, será o mais alto em proporção que irei conseguir dar em toda a minha vida. Este spot fez-me acreditar que tudo é possível pois nunca tinha imaginado conseguir “amandar” um ferro de rua pouco mais baixo que o meu sovaco. Esta tour fica para sempre, gostei muito. Gabriel Ribeiro
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pรกgina 57 Ponchas na Tasca, Skate no Basalto.
Voei sozinho, um dia depois do pessoal, com destino a uma ilha brutal, a Ilha da Madeira, onde nunca sabia onde era o norte, nem mesmo com a ajuda do sol. As pessoas eternizaram os momentos, tornaram-nos inesquecíveis, fizeram-me ansioso por obtê-los, por aterrar os toques... o pessoal de lá é sem palavras: o Rodolfo e os seus vulcões, a Paula e os barbecues – todos com sorrisos – o fogo-de-artifício, os skaters locais prestáveis, puros e com muita pica para spots que são “só para quem quer”. As ponchas a não perder, as Levadas idem, as montanhas são únicas, poderosas, a lufada de ar para mais uma tentativa. Deu para surfar, ir ao mercado, às ponchas na Serra d’Água, à praia de areia, cem voltas à ilha (e maior que fosse), skatar em rocha, curtir estrada fora ou “salvar” uns skates em alto mar. Os gémeos vão precisar de um estágio, o Guelas de gelo, o Paulo de terapia, o Renato de um quarto só para ele, o Né de uns boxers, o Damásio de umas ponchas, o Vasquinho de paciência e ambos de um disco externo; e eu de lá voltar, ou de outra tour o quanto antes. O que acontece em tour, fica na Madeira. Rui Major
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Ainda estamos para perceber que piscina é esta, vejam a profundidade e as janelas supostamente abaixo da linha de água… mistério? Não para o Rui Major Flip Wallride
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Desde o início sabia que iria ser uma viagem daquelas para não esquecer, desde o momento em que me encontrei com o pessoal todo no terminal 2 da Portela, com o entusiasmo dos putos, que – ainda nem tinha bebido nenhuma poncha – já via a dobrar e com as caras de parvos do Né e do Renato, que viajavam pela primeira vez. Esta tour, na minha perspectiva, não podia ter corrido melhor, a simbiose entre os presentes foi brutal, as coisas iam acontecendo, entre as nossas incursões pela ilha, entre túneis, pontes, paisagens idílicas, ponchas, a Levada, os spots onde skataram e as fisgas... ahahahah! Quero enaltecer a primeira vez do Né a surfar, possivelmente das coisas mais hilariantes que passaram diante dos meus olhos, e a hospitalidade do Rodolfo e da sua família. No geral foi uma viagem linda, os ingredientes estavam lá todos, um bom grupo, boa disposição e um sítio “daqueles”. Nada poderia correr mal, por isso obrigado a todos os presentes e ao Guelas e ao Paulo pelo convite. Ricardo Damásio (Camaraman GO-S. Tv)
Partimos animados e esperançados numa tour que se antevia paradisíaca e fantasiava muita expectativa na descoberta de spots que tornassem o sonho uma realidade e que justificassem uma incursão fora de rota, na procura de novos caminhos, novos descobrimentos e na exploração de novas realidades, novas cores e novas gentes. A Madeira tornou-se, após esta tour de nove dias, em “o lugar” no mapa do skate nacional e internacional, uma terra de gente de sotaque próprio, gente afável e disponível, a terra da poncha, a terra da pedra preta, a terra dos spots de sonho... mas spots apenas para quem faz do street um prazer da alma e uma tortura para o corpo, pois esta terra não é para todos, pois esta terra não é fácil, esta terra é só para os mais puros e destemidos! O que levamos para casa no fim é o espírito de grupo, união, muitas lembranças, bastantes marcas, marcas no corpo e na alma e um passo mais além para quem faz do puro skate um destino para a vida. Devo agradecer à minha amiga Corina, da Madeira, responsável pela LokoLoko, por toda a disponibilidade, ao Rodolfo da Island Surf Shop pelo apoio e pelos excelentes jantares e momentos que passámos em conjunto e a todo pessoal skater da Madeira que nos acompanhou sempre. Já acabou, para o ano há mais! Paulo Ribeiro (Skatehouse)
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Gustavo Ribeiro, Ollie
O que posso dizer acerca desta viagem? Podia falar do ambiente singular da ilha da Madeira, das ponchas do Faustino, das jantaradas em casa do Rodolfo, dos fins de tarde em Porto da Cruz, das “Corais” bem fresquinhas, dos mergulhos do Paulo, dos “gregos” do exorcista, dos jogos de strip skate, dos talentos “surfisticos” do Né, da aguardente de cana-de-açúcar, das “baterias” inesgotáveis dos gémeos, do flip wallride do Major, das paisagens assombrosas, das sessões de moche à ”LokoLoko”, dos olhares indiscretos das madeirenses, do pessoal de Machico, da praia de Machico, da hospitalidade do Rodolfo... Podia falar em tudo isto e muito mais, mas não vou fazer isso. Como as palavras são curtas prefiro meter os Offspring a “bombar” no mp3 e fingir que esta viagem ainda não acabou. Vasco Neves
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Esta foi “a” tour, a tour da lembrança eterna, com os amigos e companheiros de viagem que tornaram esta estadia numa aventura divertida e animada em todos os aspectos, uma aventura de vida que nos faz crescer mais rápido e ensina a saber gerir entre a festa, a ansiedade e a adrenalina de querer provar a nós próprios que o skate é uma fasquia que vamos subindo e ultrapassando na vida, fazendo-nos sentir realizados e felizes enquanto skaters e enquanto seres humanos. Fui para trabalhar e por muito receio que tivesse tentava afastar os maus pensamentos da frente e mandava-me com coragem e determinação, sem medo mas com respeito. No fim ficava surpreso comigo mesmo, pois não sabia sequer que conseguia ultrapassar tantos obstáculos criados pela mente, os spots mais lindos e mais difíceis que vi e onde andei até hoje. Vamos certamente todos recordar estas lembranças. Do team, dos amigos que fizemos, dos spots, do skate, do surf, das lindas paisagens, da serra, da praia, da casa do Rodolfo, das viagens loucas na carrinha da Corina, das festas e diversão depois do jantar até às tantas, do dia intenso em cima da tábua da Kinky, de tudo, tudo fica na lembrança. Gustavo Ribeiro
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Conhecem a expressão “A Madeira é um Jardim”? Pois agora podem substitui-la por “A Madeira é um Jardim feito para andar de skate”… Rui Major Frontside Flip
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Um Bracarense a falar madeirense seria uma mistura de sotaques menos complicada que este nollie flip manual do Né.
Definitivamente o que me surpreendeu mais, desta vez, foi a cada dia que passou sentir-me mais feliz por andar em cima de uma tábua e quatro rodas e, melhor, ter amigos (família) que me acompanham neste verdadeiro sonho! Esta viagem à Ilha da Madeira foi marcada pelas belas paisagens, as deliciosas ponchas, o grande Bolo do Caco, a gigante carrinha da LokoLoko e a companhia de todos os skaters locais. A grande hospitalidade do Rodolfo, seus familiares e amigos, as grandes jantaradas em sua casa e o grande convívio que permanecia noite dentro. Foi tudo perfeito! Skate de manha à noite, surf ao fim da tarde providenciado pela Calhau Surf School. Todas as quedas, todas as gargalhadas, todas as palhaçadas ficarão guardadas... e não podia faltar referência ao Guelas rezingão! Que venham mais coisas destas, tudo relacionado com skate de certeza que é perfeito! Uma Família. SKATE! André ‘Né’ Pereira
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texto e fotografia Roskof
O Dj Wade até se trocou todo com os bpms! backside tailslide a mil, Grant Taylor
Estão a ver ali o fotógrafo careca? Perdeu o cabelo na última vez que tentou apanhar de perto um crail air do David Gonzales.
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Tendo ouvido falar bastante de Copenhaga – todas aquelas coisas: a Pequena Sereia, o Lego, Christiania, a fábrica da Carlsberg – mal sabia eu que o que me iria marcar mais nesta viagem seria o facto de passar as noites sempre a pensar que eram seis da manhã, o raio do sol nunca se põe! Felizmente não era o único português na cidade, para o campeonato. A DC, através do seu programa MY DC CREW, tinha convidado o Nuno Gaia, da Kate Skateshop, e no aeroporto descobrimos também que o Ruben Rodrigues iria participar na prova. No entanto, como as viagens eram separadas, quando aterrei já o Nuno e o Ruben andavam a passear pela cidade, em bicicletas gentilmente cedidas por alguém que se esqueceu de lhes pôr cadeado, uma tradição nas provas de skate no norte da Europa.
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Onde a maior parte nem sequer um kickturn då... Pedro Barros frontside smith‌ de arrepiar, literalmente.
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Não me digam que aquele cotovelo na foto é do gajo que não me deixou apanhar a manobra do Ruben! seu... Chris Cole Backside Flip 360
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Não é justo que todos nós tenhamos que viver numa gravidade diferente daquela em que vive o Luan Oliveira. Nollie Backside Flip em gravidade zero.
Sendo esta uma das provas mais míticas do velho continente por estes dias e a única de acesso exclusivo a convidados, as minhas expectativas para o primeiro dia de competição eram altas. Para além da prova de street, ainda iríamos até ao novíssimo Fedel skatepark para a prova de bowl e snakerun. Ainda por cima, um dos meus ídolos da infância estava lá a participar, Chris Miller, já com quarenta e muitos... a última vez que o tinha visto a andar tinha sido numa famosa demo no dramático de Cascais, mal eu sabia fazer tic-tac, Quando o vi a andar no bowl e snake run fiquei tão impressionado como umas poucas de horas antes, quando vi pela primeira vez o Denis Busenitz a andar ao vivo! Se parece que nos vídeos ele vai a mil, ali parecia andar em warp 5! Só vos digo uma coisa, coitado do câmara que filma com ele! Mas o pessoal do vert foi o que nos impressionou mais, afinal estavam lá todas as coqueluches do new schooll: Taylor Bingamam, Alex Perelson, Pedro Barros, Raven Tershay e, claro, as lendas Miller e Rune Glifberg. Eu, o Gaia e o Ruben ficamos com tanta pica para o vert que fizemos a promessa de, assim que chegássemos a Portugal, irmos comprar capacetes, joelheiras e formarmos uma “crew” do vertical! Durante toda a noite não parámos de falar disso, só mudámos de assunto, mesmo, para dizer “raios, parece mesmo que são seis da manha”… pelo menos de meia em meia hora um de nós saíase com esta. No dia seguinte, as finais só iriam começar ao fim da tarde, o que nos permitiu visitar o bairro mais famoso de Copenhaga, Christiania. Esta cidade dentro da cidade rege-se pelas suas próprias leis e funciona como uma comunidade autónoma, em que mesmo os não residentes podem participar... o skate parque local, Wonderland, é mantido através de contribuições voluntárias e para poderes andar só tens que dar uma ajuda, nem que seja a ir despejar o lixo. O Gaia começou a treinar-se para a nossa crew de vert e após terem-nos dito que “bolos que fazem rir, só mais à noite”, seguimos para as finais do CPH, onde o brasileiro Luan Oliveira não deu muitas hipóteses à concorrência. O Ruben Rodrigues nesse dia andou só no best trick e mesmo na última manobra da prova pôs os pro’s todos aos gritos, de tal maneira que pegaram fogo ao carro e por pouco não iam incendiando o skate parque. Felizmente, a festa de encerramento começou logo a seguir mesmo ali ao lado e acabou lá para as seis da manhã… acho eu. Como o Dennis Busenizt anda tão rápido que quase nem o vemos, tivemos que ir para o topo da bancada para ter ângulo para o apanhar. Backside Noseblunt.
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Taylor Bingaman frontside handplant no novo brinquedo dos skaters de Copenhaga.
Nuno Gaia space cookies Christiania, ups! switch crooked!
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texto Sílvia Ferreira fotografia Roosevelt Alves
Skatar o máximo de tempo possível. Skatar o máximo de tempo possível com os amigos. Skatar de dia, sonhar com skate à noite, estar lá quando os nossos amigos acertam novas manobras (mesmo que seja às três da manhã)... comer, dormir, respirar skate, ao mesmo ritmo de quem partilha a mesma paixão, com a tábua e as quatro rodas colados ao eixo que (nos) faz girar o mundo. E criar amizades que duram uma vida e que nos ajudam a enfrentar os obstáculos da vida como os do skate... A consciência pode ainda não ser essa mas, daqui a alguns anos, muito provavelmente será isto que persiste (aqui a persistência ganha duplo sentido: é o que nos faz avançar e o que guardamos do caminho que fizemos). O MEO Sk8camp by WeSC encaixa na perfeição neste conceito: um grupo de skaters... iniciantes, amadores, professores, monitores... juntos com um propósito: evoluir. No skate, individualmente, em grupo. Quem foi, independentemente do estatuto, aprendeu com os mais velhos, mas também com os mais novos. E viveu momentos únicos: “foi muito bom, estar com as pessoas em família, com os que já conhecíamos, mas também com todos os outros... se fossemos e isso
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não acontecesse não tinha piada nenhuma, diz a Teresa Gaspar, uma das duas raparigas skaters que participaram no skate camp. Como tudo isto não bastasse, o primeiro skate camp a realizar-se em Portugal foi gratuito para todos os participantes! Três dias “non-stop” a skatar, comer e, até, dormir (nas rampas) no Indoor Skate Community de Torres Vedras. Tudo “sem custos para o utilizador”! “Nunca houve a ideia de cobrar e como houve patrocinadores, foi fazer um esforço enorme para montar isto tudo para cerca de sessenta miúdos, dos 12 aos 18 anos... achámos que seria mais interessante e mais abrangente”, explica o Bizuka, um dos mentores do evento, que garante que o que mais o impressionou foi o facto de no sábado toda a gente ter começado a skatar às sete da manhã e só ter parado às 3 da manhã de domingo!... já depois do concerto dos “On Your Kees”, cujos membros também são skaters, (o Fernado Klewis, vocalista, cantava e skatava a mini-rampa ao mesmo tempo), ainda se fez um Best Trick! “Pura e simplesmente ninguém parava, tal era a excitação!”
Na verdade, outro dos propósitos deste skate camp foi o entrosamento do skate com a música e com o grafitti - pôde trabalhar-se, por exemplo, na customização de tábuas (com Ayer e Skran)... Bruno “Break” Teixeira, que esteve com o Ivan Melo e o Simão Menezes nos “comandos” das aulas de skate, garante que “em termos de convívio e de manter toda a gente confinada no mesmo espaço durante um período que foi muito intenso, nesse aspecto foi perfeito... por outro lado tenho só alguma pena, e isto não é pejorativo, que muitos dos miúdos estivessem só receptivos a andar de skate... o que eu, pessoalmente, procurei transmitir é que o skate não é só uma forma de te divertires, é um estilo de vida, é uma paixão! É normal que, principalmente, os mais novos não estejam tão sensíveis a estas noções, não passaram por fases do skate que eu passei e que me fizeram dar valor a outras coisas: os patrocínios, os skate parques que há, apoios e até a disponibilidade das mentalidades para o skate, por parte da generalidade das pessoas”. Do que a Catarina Quina mais gostou foi mesmo de dormir nas rampas: “mas eu quis mesmo vir também para evoluir e acho que foi muito
bom, aprendi muito com os professores e também com os colegas”. “O mais difícil – acrescenta a Teresa – foi mesmo dormir, estava tudo tão emocionado que não conseguiam parar, todos ansiosos”. E não era para menos! Estes três dias juntaram skaters de todo o país! Para entrar bastou participarem nos passatempos da MEO, FUEL Tv e SURGE, além de que “houve também um forte apoio de várias lojas de skate, pelo incentivo que deram aos skaters”, remata o Bizuka. Outra das responsáveis pela organização do camp, Mafalda Amaral, acrescenta que além do essencial apoio que houve da MEO, WeSC, Fuel Tv, Dekline, Cliché, Gandaia Shopping e Surge, “foi o espírito de amizade, aventura e desprendimento que tornaram este fim-de-semana tão especial!” Aníbal Martins, Bruno Serra e Catarina Quina deixam uma critica: “o skate camp devia ter a duração das férias de Verão!” Pode não ser assim tanto tempo, mas é quase certo que para o ano podem contar com, pelo menos, uma semana!
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