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2017 abril/maio/junho Trimestral Distribuição gratuita
S U R G E
S K A T E B O A R D
M A G A Z I N E
AURA S.A. - 212 138 500
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A M I G O S
I M P R O V Á V E I S …
Se um ditado muito usado nos países anglo-saxónicos diz que as ruas são a melhor escola de vida, então podemos já criar outro, que é: o skate é a universidade, pós-graduação, mestrado e doutoramento, num só. De facto, mais do que uma atividade física, o skate obriga-te todos os dias a pensar e a adaptares-te ao meio que te rodeia e, ainda mais importante que isso, às pessoas com quem vais interagir somente por teres um skate nos pés, ou mesmo só na mão. Curiosamente é algo que também vai evoluindo com a idade. Começamos aos 12 a “ouvir” dos amigos por trocarmos o jogo da bola por uma tarde a assar a tentar manobras num lancil, aos 17 levas com as tuas namoradas, ou namorados, a dizer que estão a apanhar grandes secas enquanto esperam que tu acabes a “session”, aos 23 começa a família a dizer que está na hora de arranjar um trabalho e largar o patinete e a partir daí levas com aquele clássico “já não tens idade para andar a brincar aos skates”. Mas, claro, isto são sempre coisas que tens de ouvir das pessoas que, em princípio, são teus “amigos” ou “conhecidos”, porque quando passas para as pessoas que não te conhecem de lado nenhum, as coisas mudam de figura. Desde nomes à tua mãe, ameaças de prisão, ou temporadas nos hospitais, é tudo o pão nosso de cada dia, quando andas de skate nas ruas. E aí o que fazes? A verdade é que grande parte de nós vai aprendendo a lidar com essa pressão e se nas primeiras vezes salta-te a tampa, ou tens de morder os dentes para não espetar com o skate na cabeça de alguém, com o passar dos anos vais aprendendo técnicas de relações públicas capazes de te dar emprego em qualquer multinacional. E eis que chega a altura em vais arranjar amigos em todo o lado! As mesmas pessoas que te expulsam, chamam nomes, ou te ameaçam de prisão, acabam a falar contigo durante horas e, muitas vezes, terminam a conversa a dizer que não compreendem porque é que os jovens não têm espaços para praticar desporto. Sim, tudo porque lhes deste a volta e perdeste mais do que 5 minutos a explicar-lhes o porquê de estares ali com o skate. O melhor disto é que esta escola nunca acaba e quando agora, aos 40 anos, “gasto” tempo com miúdos de 20, ou polícias de 30, apercebo-me de que cada vez gosto mais destas amizades improváveis. Obrigado, skate, quem me dera que todos os meus professores da escola tivessem sido assim...
Os amigos estão em todo o lado, só precisas da atitude certa, que o diga o Romeo Mateus, um habitué nestas coisas das amizades improváveis fotografia Luís Moreira
Pedro Raimundo “Roskof” editor
O3EPO – Even In Siberia There Is Happiness Joseph Biais – Ollie In � Photo: Alexey Lapin www.carhartt-wip.com
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Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127
número 36 disponível online em www.surgeskateboard.com
Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Fotógrafos residentes: Luís Moreira João Mascarenhas Publicidade: pub@surgeskateboard.com Colaboradores: Rui Colaço, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Alexandre Pires, Vanessa Toledano, Nuno Capela, Ruben Claudino, Rui Miguel Abreu, Telmo Gonçalves.
Entrevista João Neto As modas passam e a coerência fica. O João Neto nunca ligou a modas e tem trilhado o seu caminho no skate nacional. Esta primeira entrevista mostra-nos o outro lado de um skater que há muito admiramos.
Tour Element 25 anos Quando uma pessoa faz 25 anos diz-se que já não é miúdo nenhum, quando é uma marca é sinal de maturidade... ainda bem, assim sabemos que no skate são miúdos maduros...
Abençoados e Amaldiçoados por S. Roque Milagres e desgraças nunca vêm só, que o diga um grupo de skaters perdidos na deslumbrante ilha da Madeira.
Sonia Ziegler Enquanto a maior parte das miúdas com a idade dela se preocupavam com as primeiras maquilhagens e com o gajo mais giro da escola, ela andava a fotografar skate na Índia. Um verdadeiro espírito livre nas páginas desta edição da Surge.
Tiragem Média: 4 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Printer Portuguesa Morada:Edifício Printer, Casais de Mem Martins 2639-001 Rio de Mouro • Portugal Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros
Capa: Na Grécia antiga os anfiteatros serviam para representar as tragédias. Hoje em dia nos anfiteatros as coisas são bem mais descontraídas... João Neto, Front Blunt para o flat
Escusas de estar para aí todo lampeiro a mandar larachas e a pensar que isto é um ollie... Mika Gazon, pole jam à séria...
fotografia Luís Moreira
fotografia Fabien Ponsero
ORGANIZAÇÃO CONJUNTA
ENTRE MERCÚRIO E MARTE PRODUÇÕES DO OUTRO MUNDO
MARCA OFICIAL
PATROCÍNIO
TELEVISÃO OFICIAL
RÁDIO OFICIAL
PARCEIROS
PRO/AM SKATE CONTEST
27-28-29 JULY
PARCEIROS INSTITUCIONAIS
MARQUÊS POMBAL - PARQUE EDUARDO VII - MARTIM MONIZ
LISBOA
PARCEIROS DE MEDIA
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TEM entrevista e fotografia LuĂs Moreira
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texto João Neto fotografia Jorge Matreno
O Gabriel Ribeiro teve uma das suas lesões mais graves no skate no ano passado, mas está de volta em grande... front feeble pop-out. Pelo meio das dentadas no bolo da Element o Mason Silva ainda teve tempo para voar na demo no Village Undergorund.
Desde o ano passado que o team da Element Portugal começou a filmar para o primeiro vídeo português da marca. A data para a apresentação ia coincidir com o 25º aniversário da Element, a 16 de junho, e também com o meeting de apresentação da próxima coleção, que este ano aconteceu em Portugal, em concreto no Village Underground. Juntar tudo isto numa grande festa era mais do que óbvio… e foi isso que aconteceu! O Brandon Westgate, Mason Silva, Jordan Sharkey e Jaako Ojanen marcaram presença com uma uma demonstração na mini-rampa, seguida de uma grande churrascada acompanhada por vários Djs até às tantas da manhã. E como de Lisboa ao Porto vai um saltinho, marcou-se mais uma apresentação do filme no norte, com passagem obrigatória na Kate, no silo-auto e na Casa da Música. Neste périplo pelo país, passámos por Leiria e Almada e, nem de propósito, o último dia de tour era “só” o DIA MUNDIAL DO SKATE. Resultado: festa a dobrar no Parque das Gerações!!! Tivemos estradas fechadas, de acesso exclusivo a malta com skate, best tricks, demonstrações, sessão de autógrafos e nova apresentação do nosso filme. Uma semana com um misto de trabalho e diversão? Não! Foi mesmo só diversão!
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TOUR ELEMENT
Agora com skate parque novo em “casa� o Ruben Gamito parece que ganhou novas asas... method transfer, a celebrar o dia mundial do skate no PDG.
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TOUR ELEMENT
O Bruno Senra ia dar um frontside flip na Casa da Música, mas a meio caminho lembrou-se que já não queria e deu nisto... shifty flip para a estrada O Brandon Westgate lesionou-se logo no primeiro dia do tour, mas mesmo sem andar de skate continua a ser um grande BOSS!
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TOUR ELEMENT
Na boa tradição viking Jakko Ojanen a invadir o castelo de Leira com um rock and roll bem puxado
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S A L V O S ( P O R S Ã O
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texto e fotografia Pedro Raimundo
Que os nossos estimados colegas daquele canal a que o Cristiano Ronaldo atirou o microfone para os peixinhos nos perdoem, mas ainda não foi desta que um grupo de skaters fez destaque nos meios desse prestigiado grupo de media. Temos que admitir que pouco faltou. Mas já lá vamos. Afinal não é todos os dias que podemos skatar uma das mais incríveis ilhas deste planeta, e, sim, estamos a falar de uma que é nossa. Caso não tenham ainda visitado a Madeira espero que este artigo sirva para, de uma vez por todas, vos fazer dar cordas aos sapatos e passar uns dias na Pérola do Atlântico.
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SALVOS (E AMALDIÇOADOS) POR SÃO ROQUE...
O Kiko Perdigão na Madeira estava em casa, era abacates por todo o lado... gap to nosebonk
Com o intuito de descobrir novos spots e passarmos uma semana cercados por água, juntaram-se à Surge e à Dpfc design o Ruben Gamito, o Francisco “Kiko” Perdigão e o Bruno Senra. Como jovens impressionáveis que são, claro que mal chegados à Madeira a primeira coisa que fizeram foi tirar a foto da praxe com o famoso busto do nosso amigo Cristiano. Ainda tentámos descobrir o contacto do escultor para ver se estava disposto a fazer um busto do Gamito, mas, infelizmente, não foi possível.
Depois de uma cura milagrosa à base de um “remédio” local, o Bp ainda conseguiu skatar nos últimos dias da viagem... boneless
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SALVOS (E AMALDIÇOADOS) POR SÃO ROQUE...
Com a nossa base instalada no Vila Bela hotel, em Porto da Cruz, com os nossos amigos Paula e Rodolfo, não perdemos tempo e uma hora depois já estávamos na estrada à procura de spots. Claro que com a paisagem impressionante do lado norte da ilha, de certeza que passámos logo por meia dúzia deles sem reparar. Acasos do destino, no primeiro spot em que parámos fomos logo brindados com a maldição de São Roque. Primeira manobra da viagem, primeiras tentativas e o Bp voltava a torcer o pé… seguramente não a melhor maneira de começar uma semana que prometia. Um backside 360 num gap, pé dobrado e voltámos à reedição da viagem à Califórnia com o Bruno, em 2016. Este episódio quebrou um pouco a nossa moral, mas não por muito tempo, o cenário era épico até para um coxo e continuámos viagem com o Bruno deitado no banco de trás com pé no gelo. Nessa mesma noite, com o arraial da Festa da Espiga em Porto da Cruz, depois de amaldiçoados no início do dia, fomos brindados com um milagre: com uns copos de Poncha no bucho, o pé do Bp miraculosamente voltou à vida, de tal modo que ainda andou a dançar o “Apita o comboio” com a malta toda da terra. Na manhã seguinte e depois de o efeito da Poncha passar, o Bruno voltou a coxear, lá está, éramos abençoados num minuto para sermos amaldiçoados logo a seguir. Pelo menos serviu para arranjarmos uma nova alcunha para o Bp, agora passava a ser conhecido como o “Ponchas”. Este é o mesmo spot do boneless do Bp. Estão a ver o que aconteceria se o skate encravasse? Ruben Gamito... ollie por cima do muro e a centímetros de uma queda de 30 metros.
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SALVOS (E AMALDIÇOADOS) POR SÃO ROQUE...
O próximo a sentir o efeito da dualidade milagre/desgraça foi o Luís “Septicemia” Moreira. Tendo sofrido uma queda de skate e aberto o joelho uma semana antes da viagem, o nosso estimado colega esqueceu-se de desinfetar a ferida... limpou com água, diz ele… claro que ali na Madeira o nosso amigo São Roque não ia deixar passar isso em branco. Logo no segundo dia percebemos que a ferida do joelho tinha criado uma infeção e teve que ir ao hospital de urgência, para descobrir que precisava de uma dose de cavalo de antibióticos. Ele diz que lhe deram comprimidos, mas nós sabemos que de certeza levou daquelas injeções no rabo que doem como o caraças e talvez por isso é que quis passar 3 dias fechado no quarto, enquanto nós skatávamos… Ok, já estás impressionado com os episódios desta viagem? Ainda não? Boa, é que o melhor ainda está para vir! No terceiro dia preparávamo-nos com pompa para as nossas primeiras imagens aéreas da Madeira, quando voltámos a sofrer uma baixa, não propriamente humana, mas material. Levantámos o Drone e ainda nem sequer tínhamos começado a filmar quando um pássaro não identificado lembrou-se de tirar uma selfie com o Drone e comer a câmara a seguir, uma coisa que as Kardashians ainda não conseguem fazer… por enquanto!
Os spots na Madeira são como as gaivotas que atacam drones, nunca se sabe bem de onde vêm... Ruben Gamito, Front Board
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SALVOS (E AMALDIÇOADOS) POR SÃO ROQUE...
Como perdemos contacto com o Drone sobre o mar, pensámos logo que tinha caído à agua e que não haveria hipótese de recuperação. Depois de meia hora às voltas na praia e a pronunciar bem alto algumas palavras menos nobres do nosso vocabulário, lá voltámos a procurar o Drone nas pedras junto ao mar e conseguimos recuperar o que restou dele. À data que escrevo este texto encontra-se no hospital dos Drones à espera de prognóstico… São Roque, ajuda lá a malta! Vai daí, a meio da semana, quando pensávamos que já tínhamos sofrido todos os episódios desta viagem, decidimos fazer a nossa investida ao topo da ilha da Madeira, ao Pico do Areeiro, onde chegámos armados em chicos espertos, todos de t-shirt e calções, para sermos brindados com vento e temperaturas por volta dos 7º. Claro que a malta toda que passava por nós ria-se com aquele olhar de “olha-me estes malucos a quase 2000 m de altitude a andar de skate com as pernas ao léu”. Felizmente a malta encontrou um bom spot mesmo lá no cimo da montanha e ainda conseguimos produzir algumas manobras... o que fez com que pudéssemos encarar a gripe dos próximos dias pelo menos com mais ânimo.
Numa das tentativas deste drop o Kiko encravou e foi a raspar as costas pela fonte abaixo... pensámos que era desta que iamos desistir e passar os dias nas tascas... mas mais um abacate no bucho e lá fomos nós outra vez.
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SALVOS (E AMALDIÇOADOS) POR SÃO ROQUE...
Na descida de volta ao Porto da Cruz tivemos, finalmente, o nosso encontro com São Roque. Deixem-me explicar, fazendo a descida a pique do topo da ilha até ao nível do mal, a inclinação das estradas faz-nos lembrar mais uma montanha russa do que propriamente uma via terrestre... chegados a São Roque do Faial decidimos estacionar em frente à igreja para ver um spot... pareceu-nos bem e fizemos logo planos para voltar no dia seguinte. Até aqui tudo normal, o pior foi quando entrámos na carrinha e nos fizemos à descida. Carreguei no travão da carrinha e surpresa! Não tínhamos travões! Com uma descida à nossa frente com um grau de inclinação bem superior a 10% tivemos alguns segundos para entrar em pânico! Sorte a nossa, minutos antes, o mecânico local tinha estacionado o carro de um cliente uns metros mais à frente e foi o que nos valeu, utilizámos o carro estacionado como travão e lá evitámos sair disparados de uma curva direitos a um precipício de 200 metros! Saímos da carrinha, alguns brancos, outros amarelos, outros verdes, ficámos ali alguns minutos a pensar no que tinha acontecido… se não tivéssemos parado para ver o spot na igreja de São Roque e se não estivesse lá estacionado o carro, era certo que íamos descobrir a aerodinâmica de uma Volkswagen Transporter a planar de algum dos penhascos no caminho até ao Porto da Cruz. Nos dias seguintes decidimos acalmar um pouco, a ver se não aconteciam mais peripécias. Já com o “septicemias” e o “ponchas” totalmente recuperados, lá conseguimos terminar a nossa missão à Madeira. No último dia os nossos amigos do Revolution bar no Funchal convidaram o pessoal a dar umas manobras dentro do bar em troca de Poncha à borla... infelizmente não consegui estar com eles devido a uma outra viagem já marcada, mas quando vi as “Insta Stories” no dia seguinte com o Gamito e companhia a beber sopa por uma palhinha ainda pensei que tivesse acontecido mais alguma desgraça na minha ausência. Afinal não. São Roque salva vidas, mas curar ressacas é que não!
“Menina estás janela, com o teu cabelo à lua, com o teu... rock and roll fakie”, ou será que na Madeira só dá para cantar o bailinho?... Kiko Perdigão a subir paredes literalmente.
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C A N I V E T E T O U R
texto e fotografia Renato Laínho
DIA 25 DE ABRIL – 2 DA MANHÃ, NO BERÇO DOS TRIPEIROS. Após umas horas de diversão à espera dos alfacinhas, lá me desloco ao encontro deles! A minha boleia bem que se assustou com o aparato, confundindo a carrinha da Surge e um bando de skaters, com uma enfadonha operação stop! Introduções feitas num ambiente de pica, entusiasmo, sono e risos, e arrancámos para Ponte de Lima. Montámos acampamento no DIY construído pelos “locais”! Naquele aconchegante cimento e com a autoestrada por cima de nós, ainda conseguimos umas boas horas de sono profundo!
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CANIVETE TOUR
Acordados pelos kickturns do Laurence, que já estava com a pica toda, apressámo-nos a comer algo, desmontar as tendas, acordar o corpo e foi ripadela matinal! Dia da Liberdade, encoberto! Querendo alcançar Vigo nessa mesma noite, decidimos ir almoçar, para depois fazer a digestão no spot da Wastelandramps! Pelo caminho encontrámos dois sets de escadas, e como uma terça-feira em Ponte de Lima parece um inóspito domingo de uma grande cidade decidimos aproveitar e filmar umas boas lines! Com vontade de diversão e velocidade fomos curtir na Pumptrack! Uns tralhos para aqui, um pouco de adrenalina para acolá e descolámos aos powerslides rua abaixo, para ir checkar um manual pad no centro da cidade, de onde o Vilardebó foi expulso pelos desprezíveis agentes da PSP, que ainda nos deram mais uma tentativa. De volta à estrada, rumámos até Valença para uma experiência gastronómica minhota! A explorar as ruas da cidade, tentando decidir a que armadilhas para turistas fugir, deparámo-nos com umas escadas que o Carmona tratou por ‘tu’, com um bs flip, para aquecer! Do outro lado da rua havia um set de 8 perfeitas! Flashes montados, uma grande ventania, um run-up à porta de um café e lá saiu um hardflip mesmo a tempo dos GNR’s chegarem para ver as últimas tentativas e como se desmonta o estaminé de iluminação. Com o avançar das horas, as nossas opções para jantar reduziram e, ironicamente, o único estabelecimento para jantar era um restaurante espanhol! Reivindicados os itens do menu que não trouxeram, um cafezinho tuga e atravessámos a fronteira. Chegados a Vigo, constatámos que não é nada fácil arranjar sítio para montar 5 tendas sem dar estrondo, mas após alguma procura tivemos muita sorte e perdurámos sem qualquer perturbação!
Gostamos sempre quando os pilares fazem estas molduras perfeitas para backsmiths... Laurence Aragão, a provar o DIY do Minho. O Carmona em Vigo deu uma queda de cabeça que nos fez fechar os olhos... felizmente, como é actor nas horas vagas encarnou novamente a personagem de skater e com este backside heel escreveu uma nova página no guião da viagem.
Acordando com vista para as magníficas Islas Cíes e diante de olhares surpreendentes dos transeuntes que davam a voltinha matinal, decidimos arrancar rápido para não dar problema! Coube-me a mim conduzir e, mesmo após um cafezinho, e um wake’n’bake passei dois vermelhos!! Sem stress, estacionámos ao milímetro num dos poucos lugares à pala na cidade. Plaza da Estrella, Marina de Vigo e os típicos curbs vermelhos proporcionaram um belo dia de skatada! Ainda fomos às 9 escadas, onde o Carmona aterrou bs flip atrás de bs flip, mas culminou com um wheel bite que o fez bater com o caco no chão e pensarmos terminar o dia por ali... mas o Laurence queria dar um halfcab para o incline da rotunda! Ia saindo, mas muito rápido 3 carros da Guardia Civil encostaram para nos identificarem e destituírem a ideia de andar ali. Mais um pouco de streetada, ruas a subir, powerslides a descer e porcas perdidas, enchemos o papo e seguimos para Pontevedra, onde ainda nos aguardava uma grande surpresa!
O Bernard Aragão quando ainda tinha o ombro no sítio, a dar um backside nosegrab em Ponte de Lima... as melhoras, amigo. O Canina cozinha os melhores ensopados de borrego... e também é dos nossos skaters favoritos... que patrão! Boardslide nas curvas...
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CANIVETE TOUR
Este spot era desconhecido do mundo do skate, mas nĂŁo nos parece que seja por muito mais tempo... Laurence AragĂŁo a abrir o livro... ollie
Terreno desconhecido para todos e por causa das multas para acampar, não quisemos arriscar ser importunados e passámos mais de uma hora às voltas em estradas sinuosas perto da costa… Até nos enganarmos! Engano consagrado, pois ao darmos a volta para trás, alguém gritou ‘’OLHA UM BANK!!!’’! Parámos e fomos de imediato explorar aquilo que se revelou um verdadeiro achado! Era uma Praça com todo o tipo de transições, banks e wallrides, parecíamos todos miúdos injetados com pica. O Laurence ainda nos tentou convencer a skatar imediatamente, mas prevaleceu o bom senso de não acordar ninguém. Continuando a jornada por um spot para montar as tendas e dormir, passámos uma praia rochosa com alguns esconderijos, nada muito promissor, mas fomos na mesma chekar. Pois saem 3 cães a galgar, alertados pela nossa presença, vindo os donos atrás, dois tipos de aspeto duvidoso, aos quais esbocei logo um sorriso e perguntei ‘’donde se puede campar sin la policia mirar??’’ ao que me contestaram; ‘’Te enceno, loco!!’’ – Pronto, la fui eu com dois totais estranhos e seus “perritos”, para o meio do mato, à procura de uma clareira para montarmos as tendas. 500 metros volvidos e eu: ‘’hey, está bueno, aqui já nos desenmerdamos!!’’ e eles: ‘’no, no, no tiene que ser mas adelante’’! Acabámos por caminhar bastante mato adentro, apenas iluminados pela Lua, até chegarmos ao spot! Voltei (sim, voltei) à carrinha e a cara de preocupação deles foi substituída por uma de alívio quando confirmei que era fixe!
Será que em inglês Pole Jam quer dizer marmelada de poste? Nunca vamos saber, mas fica sempre bem... Canina, na marmelada com um ferro.
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CANIVETE TOUR
Nem foi preciso limpar o chão de ramos. Em relação ao cimento do primeiro dia, foi mel!!! Usufruindo das Queshua, foi sacá-las das bolsas, abrir e dormir! Alvorada no mato, com cheiro a maresia! Alongamentos rotineiros, uns flips em flat, e estávamos prontos para a skatada!! Fomos procurar o spot da noite anterior, até parecia uma miragem!!! Com wallrides, drops, gaps, banks de todo o tipo e feitio! Toda gente comeu uma fatia do spot!! O Laurence partiu logo tudo com um ollie, o Chef Canina conseguiu uma bem temperada, 50-50 para fakie, enquanto o Gonçalo flipava e voava com fluidez. 13:52h - os estômagos já rugiam! Decididos a almoçar e tudo fechado para “la siesta”, bazámos para o centro de Pontevedra para chekar os spots! Mesmo ao lado do supermercado aconteceu um atropelamento e a polícia na zona deu-nos a possibilidade de nos mantermos muito mal-estacionados e skatar um belo gap que lá havia. Uma horita e a curiosidade por mais spots leva-nos a rumar para Sul. Chegámos ao Mondaka DIY, um indoor numa quinta, só com transições e construído por locais, que ripavam na hora e nos receberam com grande espírito! Skate parque improvisado ao longo dos anos, toda a gente a habituar-se às transições, com o Laurence a partir tudo, naturalmente! Pensei que devia começar a capturar imagens, visto o pessoal estar aquecido, decido dar uma última manobra para ir buscar a câmara, mas a rampa não estava de acordo comigo... desloquei o ombro pela sexta vez, ainda tentamos pô-lo no sítio e pior ficou... Tivemos de arrancar dali o mais depressa possível! Meia hora depois chegámos à clínica onde me reduziram a lesão. Cheio de dores, mas num momento de alívio, pusemo-nos a caminho do Porto, visto que nem para sacar a câmara da mochila dava. A meio ainda paramos num full-pipe para capturar a última imagem que fiz desta viagem!!
Canina frontside flip, enquanto a malta falava galaico-português com uns polícias que só entendiam Castelhano...
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entrevista Rui “Dressen” Serrão fotografia Jorge Matreno / Luís Moreira
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JOÃO NETO
Como é que um betinho Fozeiro começa a andar de skate, quem era o teu grupo de amigos? Alguns desses ainda hoje andam? Começas logo a achincalhar ahaha. É verdade, sou Fozeiro mas com muito orgulho, gosto muito de viver na Foz. Poder ver o mar todos os dias é um luxo. Agora em relação ao betinho ahahah, também sou com muito orgulho, graças aos meus pais sempre tive muito boa educação e sempre tive tudo o que precisei, mas de uma forma simples e humilde. Nunca tive problemas de cair, andar sujo, ou com roupa rasgada. O skate aparece logo muito cedo, para aí com 3 ou 4 anos já tinha um skate do Batman (aquelas banheiras com o sabonete no tail ahaha) que era do meu primo. Pouco usei esse skate, mas foi o primeiro contato. Aos 12 anos foi quando comecei mesmo a skatar, uns amigos meus levaram os skates para a escola e foi amor à primeira vista. Comprei um skate no continente, depois um Califórnia pro onde aprendi os ollies e depois fui à Westcoast, loja de skate da altura, e comprei uma Blind e uns Venture. Os meus amigos da escola que levaram os skates, não andaram durante muito tempo. E depois fui tendo vários grupos, primeiro ali na Foz, na Avenida Brasil (Tonico, Seixas, Tiago...) que também acabaram por parar, mas de vez em quando ainda pegam no skate. Depois, com a Westcoast, conheci o Gaia, o Jamie (Fernando Valdoleiros), o Miguel, o Filipe, o Cruz... este foi o nosso grupo durante muito tempo. Alguns destes também pararam, outros ainda andam. Com a abertura da Kate, outros grupos apareceram... Batalhenses (Ghetto, Sr, Bird, Red, Ghitto, Mini, Punk...) e os Fozeiros, que eram Boavisteiros (Cardoso, Pico, Alex Candeias, Alex Neto, Tenreiro...) e foi assim que me fui mantendo a skatar durante estes anos. Tiveste logo a noção do que realmente era o skate com todo aquele lado das marcas, filmes, patrocínios, etc.? Claro que não, eu queria andar de skate porque achava aquilo altamente e também queria fazer aqueles “truques radicais” ahaha. Na altura a internet ainda estava a dar os primeiros passos, não conseguias informação assim tão facilmente, só quando fui à Westcoast é que comecei a aprender o que o skate era realmente. Logo aqui podemos ver a importância de uma skateshop, que acaba por ser uma escola de skate, um ponto de encontro, um sítio onde se fala de skate, vê se os filmes e as revistas novas... Isto vai parecer um bocado mau, mas logo de início que fiquei com aquela vontade “eu vou ter de conseguir ter um patrocínio” ahah mas era mais por uma questão de afirmação, porque o que eu queria mesmo era andar muito bem de skate e se conseguisse o patrocínio era porque estava a andar bem ahaha Na altura que começaste, a roupa que normalmente os skaters usavam era ainda muito larga, lembro-me que tu também usavas, isso foi estranho para os teus pais? Chateavam-te por isso? No Porto nunca houve a moda da roupa justa como havia em Lisboa (com a calça a trilhar o tomate ahaha). Sempre se usou roupa “um bocadinho” para o mais largo. Eu também gostava mais de hiphop e nas marcas que eu adorava (Girl, Lakai, Royal, Crailtap) os seus skaters também usavam roupas mais largas, tudo isso influenciou para eu usar roupas mais largas. A minha mãe ria-se dizia que eu tinha o gancho das calças nos joelhos ahaha o meu pai não dizia nada até ao dia em que apareci em casa de tranças na cabeça ahaha ficou uma semana sem falar comigo. O que vale é que depois fui 1 ou 2 semanas para Barcelona e quando voltei já não as tinha porque aquilo se desfaz rápido. Usavas t-shirts de equipas de Basket e uma das pernas das calças puxadas até ao joelho à Nuno Gaia ou já eras igual ao P-Rod? Ahahaa, t-shirts de Basket, claro, dos Lakers, essas ideias esquisitas do Gaia é melhor deixar só para ele ahahah. O Paul Rodriguez foi um dos meus grandes ídolos, sem dúvida, e muito me motivou a skatar.
Um “fozeiro” veio lá de cima dar um switch heel na “linha”... isto deve ser uma coisa de pedigree.
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JOÃO NETO
Falaste nas tranças, isso era só para o look de thug, ou havia alguma influência do Brandon Bieble? Ahahah de volta às tranças, os meus amigos adoram gozar comigo por causa das tranças, o tema de conversa acaba sempre por lá chegar ahaha. Sim, o Bieble foi a grande influência, mas também porque ninguém do nosso grupo tinha feito e eu podia ser o primeiro ahaha. Isso de ser thug nunca foi para mim, nunca quis ser mau. Um gajo está fixe é a rir-se É verdade que a certa altura havia dois grupos de skaters no Porto, os Fozeiros e a malta da Batalha? Sim, como já disse, isso aconteceu quando a Kate abriu, o pessoal da Batalha começou a ir para a Kate todos os dias. Os Fozeiros não ligavam muito se eras daqui ou dali, mas os batalhenses adoravam “picar”, era só rir. A cidade do Porto é conhecida por ter uma boa “skate scene”. A que achas que isso se deve? Acho que já vem de trás, a Câmara de Matosinhos (melhor spot de sempre) sempre teve muita gente a andar de skate, desde o grupo do Killer, Gaia, Kron, Zé... até aos grupos de hoje. E a informação vai passando, uns acabam por ser exemplos para outros. Claro que a Kate depois vem fazer um trabalho fundamental para tentar manter o skate vivo e unido. No Porto nunca houve um skate parque, o ponto de encontro do pessoal durante muito tempo foi Matosas, depois passou a ser a Casa da Música e agora a Kate. A Kate para além de ser esse ponto de encontro, tem o Gaia e o Killer lá a trabalhar que são os skaters mais velhos do Porto, cheios de aventuras e experiência para passar aos mais novos. Sem a Kate neste momento acredito que o Porto iria perder muitos skaters. O que representa para ti a Kate? Tanta coisa... começa logo pelo PATRÃOOOO ser um dos meus melhores amigos, logo aí há uma ligação forte, depois é uma loja da coisa que eu mais gosto de fazer que é andar de skate. E ainda tem um dos mesmos objetivos que eu, que é melhorar as condições de skate do Porto e dos skaters. Portanto a Kate para mim representa amor e é o icon mais importante de skate no Porto. Lisboa continua a ser por várias razões o local com mais skaters no país, mas neste momento não existe uma skateshop, porque é que achas que isso acontece? Lisboa é a capital e a cidade com mais habitantes de Portugal, logo aí é normal que haja mais gente a andar de skate. No entanto, a quantidade de skaters que existe nos dias de hoje em Portugal é muito pequena, e a verdade é que os skaters neste momento apenas consomem material técnico, que tem uma margem muito pequena nas lojas, o que se traduz numa baixa faturação ao final do mês. É preciso vender roupa e calçado para conseguir retirar um ordenado ao final do mês e se não são os skaters a comprar as roupas e marcas de skate, quem é? Ou consegues ter a loja num sítio onde a renda seja baixa e onde passem turistas ou então tens de ter mesmo amor à camisola para andar nesta luta. Neste momento no centro de Lisboa não tens nenhuma skateshop, acredito que seja por as rendas serem elevadas e não haver ninguém/grupo com força suficiente para entrar num negócio que pode ter pouco lucro. Mas tens nos arredores, como o Bana, a Pop e mesmo não sendo skateshop core, tens as Ericeiras Surf & Skate nos shoppings, que apesar de não serem o local perfeito para aprenderes sobre skate, não nos podemos esquecer de todo o seu investimento no team e em eventos de skate nacionais, que ajudam no movimento do skate em Portugal.
Na Praça dos Poetas esta sequência tem uma bela métrica... a professora de Português do João deve estar orgulhosa... nollie backside heel backside nosedrive shove-it
Backside nosedrive na hora de almoço dos nossos amigos seguranças... sim, são mesmo amigos... eles estavam no gabinete a comer sandochas e a curtir o skate.
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JOÃO NETO
Nunca houve tantos skate parques em Portugal como agora, o material nunca esteve tão barato, no entanto parece-me que é das épocas em que menos pessoas andam de skate! Tens alguma explicação para isto, ou não concordas? Não há como não concordar, isso é um facto. O skate sempre foi cíclico, ou seja, sempre houve altos e baixos, lembro me há uns anos quando o skate apareceu nos Morangos com Açúcar e trouxe um boom de gente a andar de skate, agora estamos numa fase muito negativa, mas em relação à qualidade acho que temos aí 4/5 skaters com níveis mais altos do que nunca e poderiam estar com melhores condições se estivessem lá fora. Talvez seja devido a estes parques todos que apareceram e que proporcionaram uma melhor evolução e também a algumas marcas que têm investido em boas condições para poder filmar, viajar, ir a campeonatos lá fora. Infelizmente o português é um bocado saloio e se não temos um campeão, ou um titulo lá fora ninguém presta atenção. Por isso acho que com a entrada do skate nos Jogos Olímpicos o skate vai crescer no numero de praticantes. Se pudesses escolher um spot no mundo todo e um grupo de pessoas (amigos e Pros) para passarem uma tarde todos juntos a andar, onde e com quem seria? Txii isso é complicado, mas acho que escolhia o Macba. Em relação aos Pros escolhia o Koston, o P.Rod, Carlos Ribeiro, Ishod, Luan, nem sei.. mas só os queria lá para os ver andar de skate e me poder rir com as manobras absurdas que dão. Mas de resto curtia que viessem todos os meus amigos com que skato regularmente, Gaia para fazer de coach, o Cardoso para regatear os preços e termos tudo mais barato, o Pico, Morang, Jamie, Alex Neto, Killer, Roskof para a borracheira, o Jorge para partir umas tábuas, o Juan para trazer umas parafinas, o Velhote Dressen para contar umas histórias, o Humberto para dizer mal de tudo e de todos, o Ivan para fazer um choradinho, o Luís para entrar em pânico com alguma coisa, o Red para limpar o chão com as suas quedas e muitos outros... Escolhe 3 manobras de 3 skaters, que gostavas de dar como eles? 360 flip do Jorge, hurricane do Thaynan, flip shifty do Bp. Bs noseblunt do Koston, fs flip Reynolds, um voo qualquer do Danny Way. Parece-me que os putos de agora acham que é mais fácil de chegar a Prós, alguns deixam de levar a escola a sério, ou chegam mesmo a desistir de estudar. Tu, pelo contrário, acabaste os estudos, tens uma licenciatura em desporto, nunca deixaste de andar e até de ser patrocinado. Que pensas disso? Acho que é normal os mais novos quererem isso, eu também quis e só não o fiz porque os meus pais e irmã me aconselharam a não o fazer. Agora, mais velho, tenho a certeza que foi a melhor decisão, pois na altura que decidi sair de Portugal já era um pouco tarde. Neste momento tenho algumas noções bem cientes do panorama do skate que na altura não tinha. Se queremos viver do skate não podemos ficar no bem bom da nossa cidade com os nossos amigos, temos de ir para L.A. e criar fortes contactos e amizades com as pessoas certas, andar regularmente com pessoas melhores do que nós e em spots diferentes. Cada vez há mais miúdos a andar super bem tecnicamente e por isso mesmo as marcas precisam de ir buscar algo mais que o técnico, como a personalidade, simpatia, estilo... daí a necessidade de estares perto deles para eles te conhecerem. Depois de criares esses contactos podes voltar e manter as coisas pela internet, com viagens regulares aos E.U.A. Em relação aos estudos acho que nunca devem parar de estudar, mesmo que demorem mais a fazer um ano, continuem a estudar. A vossa carreira melhor que seja vai terminar por volta dos 35 anos e depois o que vão fazer da vida, sem qualquer tipo estudo? Claro que existem meia dúzia de skaters no Mundo que conseguiram juntar dinheiro para viver o resto das suas vidas, mas estamos a falar de 7/8 no Mundo! Tens grandes nomes do skate que hoje em dia têm de trabalhar noutras coisas. E vais ser tu que vais conseguir marcar a diferença? Se calhar... mas podes ter um plano B, caso isso não funcione e com os estudos pode ser que consigas formação suficiente para mais tarde quando vires que a tua carreira está a terminar consigas fazer o teu negócio ou outra coisa.
Não percebemos porque é que o João diz que para a borracheira escolhia o nosso digno editor. Que saibamos ele nunca bebeu, nem deu frontside flips assim...
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JOÃO NETO
Chegaste a viver em Barcelona, foi só pelo skate, experiência de vida ou as duas? Sim vivi durante 6 meses em Barcelona quando tinha 21 anos. Quando acabei o 12o ano quis ir para Barcelona porque queria viver do skate e achava que Barcelona era o sítio certo e sempre era mais perto que os E.U.A. No entanto os meus pais disseram me que tinha de ir para a faculdade e entrei para a faculdade de engenharia. Fiz 2 anos mas como não era mesmo aquilo que queria, desisti e foi aí que fui para Barcelona viver os 6 meses. Esses 6 meses foram incríveis e realmente notei diferença na consistência das manobras e pica para skatar, mas ao mesmo tempo percebi que ia ser muito difícil chegar a profissional já com aquela idade e nível que tinha. Voltei para Portugal e fiz a licenciatura em Ciências do Desporto e depois mestrado em Gestão Desportiva. Tirando a parte dos spots, o que é que a cidade tem que aqui não tens? Eu adoro Barcelona por toda a sua cultura, arquitetura e alegria que o seu povo tem. É uma cidade super animada, há sempre coisas a acontecer, seja de música, arte urbana, desporto... para além de que está sempre bom tempo. Que emprego gostarias de ter ligado ao teu curso? Como já disse, o curso de desporto só apareceu depois de tentar a engenharia mecânica. Quando entrei para desporto também não sabia bem o que queria, eu só sabia que queria trabalhar com alguma coisa relacionada com skate e o curso de desporto para além de ser o que mais tinha a ver comigo podia ser essa ligação ao skate. Durante o meu mestrado fiz um estágio na Despomar e adorei a área de Marketing, que até então não sabia bem o que era. Hoje em dia não me importaria de ser marketeer de uma empresa/ marca de skate. Mas acho que o que gostava mais talvez fosse ser team manager de uma marca. Poder gerir uma equipa de skaters, viajar com eles, produzir filmes e organizar eventos de skate são das coisas que mais gosto de fazer. Hoje em dia tenho uma escola de skate, Kate skateschool, e estou a adorar trabalhar com os miúdos, poder ajudá-los a evoluir, ensinar-lhes como esta indústria funciona e proporcionar-lhes melhores condições é algo que me deixa muito satisfeito. As redes sociais vieram mudar a forma como as pessoas interagem umas com as outras, o skate também sofreu uma mudança com o Instagram, por exemplo, o que vês de positivo e negativo nessa mudança? É verdade, as redes sociais vieram aproximar as pessoas e ao mesmo tempo distanciá-las. São boas no aspeto em que vemos tudo o que se passa no mundo em tempo real, ou poucas horas depois. Vieram ajudar muito as marcas e empresas a divulgar os seus produtos/ team riders. Podemos interagir mais facilmente com os famosos/ profissionais/ ídolos. Até há uns tempos, ou eras amigo deles e tinhas o número de telefone, ou então só se o encontrasses na rua. Mas trouxe muitas coisas más também. Não existe privacidade nenhuma, as pessoas estão sempre agarradas ao telemóvel em vez de ter conversas pessoalmente com os amigos. E no skate trouxe uma das piores mudanças, cada vez há menos vídeos de skate de marcas, cada skater faz a sua vídeo-parte... o que faz com que a marca perca aquela ligação entre todos e, pior que isso, agora uma pessoa dá uma manobra nova e vai a correr mostrar ao mundo para ter mais seguidores e likes. Está-se a perder aquela cultura de dar o nosso melhor durante “um ano” para conseguirmos ter aquele vídeo que vai fazer o pessoal vibrar. É tanta a informação que sai todos os dias, que quando vemos partes de skate incríveis já nem conseguimos dar o devido valor.
Macedo de Cavaleiros é das cidades mais bonitas de Portugal... por isso só fica ali bem um dos skaters com os backside tailslides mais “lindos” do país...
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JOÃO NETO
O João chegou a querer ser engenheiro mecânico, mas deixou essa fase para trás e passou directo aos nollie heels de blocos. É quase a mesma coisa.
Neste momento acho que já tens as fotos todas para esta entrevista, mas sei que houve pelo menos uma manobra que não conseguiste dar. Vais voltar a tentar, ou ficaste satisfeito com o que tens? Mais ou menos ahaha, devia ter mais uma foto, mas devido a muitas coisas não foi possível. Por acaso estou contente com o que consegui, eu sou um skater mais técnico e tirar fotos sem ser sequências é sempre difícil. Desta vez acho que consegui boas manobras em sítios que para mim são difíceis, foram boas lutas mentais e também de persistência. Também houve manobras que não consegui dar, não sei se vou voltar a tentar, vai depender da pica ahaha. A Element Portugal acaba de lançar um vídeo, ficaste satisfeito com a tua prestação? Ahaha acho que um skater nunca fica bem satisfeito com as suas vídeo-partes, acha sempre que conseguia melhor. Mas tenho algumas coisas boas, espero que gostem!!! Deu muito trabalho ahah. E já que falaste nisso, acho muito importante realçar as oportunidades que a Element Portugal tem dado ao seu team, eu já ando de skate há 17 anos e acho que nunca vi tanto investimento no skate nacional, mas principalmente num team português, como a Element tem feito. Não se esqueçam que estamos em Portugal e devido ao nosso pequeno mercado não há hipótese para pagar ordenados aos skaters, não pode existir essa ilusão. No ano passado e neste tive condições que nunca pensei vir a ter, obrigado Element Portugal por me teres proporcionado tantas viagens, um filmer (Ivan Vicente - o “maior”) e tanto material, só tenho pena de não ter o Ivan no Porto para poder filmar mais ahaha. O que é que não fizeste que gostavas de fazer no futuro, tanto no skate como na vida em geral? Tantas coisas... ahah. Gostava de ir L.A. skatar e ter um contacto mais próximo com toda essa indústria. Quero de alguma maneira ajudar o skate em Portugal a crescer e proporcionar melhores condições e aos seus skaters. A minha vida em geral é skate! Queres dizer mais alguma coisa que eu não te tenha perguntado? Se não, aproveita para mandares uns beijinhos e abraços à malta. Primeiro tenho de agradecer à famelga, pais e irmã por toda ajuda que me têm dado, sem eles nada deste sonho de viver através do skate seria possível. À minha namorada Xana por me aturar todos os dias ahah. Aos meus patrocínios Element, New Balance Ibérica, Kate, Ashbury, Titties skatewax, por tudo o que me têm dado e partilhado comigo!!! À escola Eduardo Cirilo do Método Derose, que me tem ajudado imenso na minha condição física e mental. E também ao ginásio de recuperação física Ricardo Carneiro e ao meu pt Joel Parente por todo o cuidado em fazer exercícios específicos de reforço muscular para o skate. Ao Ivan por me ter dado casa tantos dias e ter tido paciência para filmar as minhas lutas com o skate ahah. Ao Luís e ao Matreno pelas fotos que tiraram. A ti velhote por teres perdido um tempinho a pensar nas perguntas e claro toda a tua amizade. Á Surge por me dar este privilégio de ter esta entrevista e por tudo o que tem feito pelo skate nacional. E a todos os meus amigos que não consegui enunciar aqui, vocês são os maiores!!!
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S K A T E Entrevista Pedro Raimundo
P L A Z Para quem não vos conhece e não sabe há quantos anos é que vocês andam nestas vidas, contem lá como é a Skateplaza nasceu… A Skateplaza nasceu na cidade templária de Tomar no ano de 2007, numa altura em que existia uma carência, ou necessidade de unir o pessoal do Skate, porque existiam 2 lojas, mas nenhuma delas apoiava nada, apenas estavam nisto pelo lucro. Eu, na altura, estava desempregado e agarrámos este projeto com unhas e dentes. Foi um início complicado porque não tínhamos marcas, só trabalhávamos técnico... e de ténis só tínhamos a Vans. Os fornecedores nunca acreditaram em nós, diziam, ou achavam que éramos uns putos, enfim, não nos levavam a sério. Isto no primeiro ano de vida da Skateplaza, até se aperceberem que nós estávamos nisto para ficar. Depois o jogo virou e eles é que correram atrás de nós!! Lembro-me de uma altura em que vocês, para manterem a loja, trabalhavam algumas horas numa sexshop. Devem ter boas histórias para contar, avancem lá com uma daquelas clássicas. É pah, desde pessoas entrarem lá com bolas enfiadas sabe Deus onde e em que orifício e as bolas caírem e ainda mepedirem ajuda para apanhá-las, a pessoal do skate a ficar de castigo e a levar dildos na cara, os mesmos a roubarem preservativos, é pá, um gajo tinha de pagar as contas... viver do skate em Portugal era bem fodido.
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SKATE PLAZA
Nuno Moura, blunt transfer numa ponte usada desde o tempo em que os templรกrios eram o FMI da altura... nรฃo percebes a legenda? Estuda histรณria!
Desde que me lembro, vocês levavam sempre o carro cheio com malta do skate de Tomar, alguns deles hoje já são pais de família... o team da skateplaza sempre foi muito importante para vocês, porquê e quem está no team atualmente? Sim, sempre tivemos essa ligação porque a loja para além de ser um espaço físico era e é um estilo de vida e sempre houve essa ligação com os nossos skaters e com toda a gente que sempre quis praticar. Para além disso éramos como se fosse família, ou seja, a malta estava lá em casa... tínhamos ligação até com os país de alguns deles, que confiavam plenamente em nós para andar para todo lado com eles. Atualmente muita coisa mudou, muitos deles foram trabalhar e nem tempo têm para andar de skate, outros saíram do país, mas ainda assim mantemos contacto porque passámos muitas histórias juntos e essa ligação é para o resto da vida. Neste momento o team sofreu uma reestruturação e contamos com o Telmo Antunes, um skater muito técnico, aliás, arrisco-me a dizer o mais técnico de todos aqui no Ribatejo e neste momento é quem está há mais tempo connosco; temos o Nuno Moura, que teve uma evolução tremenda este ano, temos o Tiago Miguel, que é o puto com mais estilo a andar que alguma vez vi, ele fluí no skate como ninguém... escrevam o que eu vos digo, este puto vai dar que falar; Diogo Ramos, um skater com um POP e flow daqueles... pena aquele joelho já estar a pedir ir à faca ahahaha Com tantos anos de loja vocês já passaram por várias “fases do mercado”. Muitas das lojas à vossa volta fecharam e vocês em sentido oposto abriram mais uma em Santarém, qual é o segredo? O segredo é WORK FUCKING HARD, muitas noites sem dormir e gostar muito do que se faz. Quem tem uma Skate shop sabe do que estou a falar, não é pera doce, tens de ter amor à camisola. É tudo muito bonito, por isso é que muitas vão à vida passado uns tempos. Isto não é só abrir e MAKE MONEY falta o resto: sangue, suor e Lágrimas neste negácio não há cá meninos!!! Foram das primeiras lojas de skate no país com estúdio de tattoos. Atualmente estás também já a tatuar, foste ganhando o bichinho a ver sempre ali pessoal a tatuar ao teu lado, ou era algo que sempre sonhaste fazer? Sim, o facto de ter estúdio ajudou ainda mais a que o bichinho crescesse, mas nunca tinha tido muito tempo para me dedicar e, agora, surgiu esta necessidade e cá estou eu!! Tens a loja na cidade dos templários, alguma vez te pediram capas do Gualdim Pais, ou Mapas para encontrar o Santo Graal? É assim, pelo Santo Graal toda a gente me pergunta, mas eu cá dou-lhes a volta e levam uns ténis para irem procurar o Graal ahahah Temos de saber dar a volta e, olha, pedem-me é muitas camisolas do Ronaldo. Eles até ficam doídos por eu não ter. Olha, temos pena. Ainda se fosse do Tony Hawk, agora do Ronaldo nem sei quem é.
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Como é que vês o futuro das skateshops e do mercado do skate em Portugal? Achas que net vai dar cabo das lojas, ou o pessoal precisa sempre de alguém com a porta aberta para ir fazer queixas da namorada e cravar autocolantes? Muito do pessoal gosta muito de vir experimentar a loja e manda vir pela net, muitas vezes material contrafeito, réplicas... contribuindo para a declínio de muitas skateshops, que acabam por não vender. Outros mandam vir de fora, acabando por pagar o mesmo ou mais, e não contribuem para o crescimento do nosso mercado, dificultando apoios e patrocínios para os skaters locais e matando cada vez mais as skateshops. Mas acho que é necessário à skateshop para partilharmos tantas coisas... e quantas pessoas com esta ligação da loja ainda hoje são grandes amigos? Tudo porque criaram essa ligação no nosso ponto de encontro, onde podemos relaxar e falar de tudo o que nos apetece
SKATE PLAZA
Que conselho darias a um rapaz ou rapariga novos que tenham vontade de abrir uma skateshop em vez de um blog? O conselho que dou é ganhem juízo, vão ver um filme, comam umas pipocas e bebam umas jolas. Compensa mais, vão por mim. Últimas palavras… Quero agradecer desde já a todos aqueles que me ajudaram a chegar aonde estou: amigos, clientes, aos meus filhos, que me dão força todos os dias para continuar nesta luta por eles. Agradecer ao Pedro Raimundo por esta oportunidade de dar a conhecer a minha empresa a quem ainda não nos conhece!! Obrigado a todos, sejam Felizes!
O Tiago Moura é mais conhecido por Tiago “Rasta”. A partir de agora vai ser conhecido por Tiago Frontnoseslides em pedras que não deslizam...
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KE VIN COA KLEY
TENDO CRESCIDO NUMA PEQUENA VILA DA COSTA LESTE DOS ESTADOS UNIDOS, DIZ-NOS QUAIS AS 5 PRINCIPAIS VANTAGENS DE CRESCER NUM LUGAR PEQUENO, EM VEZ DE NUMA GRANDE CIDADE 1 A natureza à tua volta 2 O oceano 3 A tranquilidade 4 Poucas distrações do que verdadeiramente importa 5 Estar perto da família e amigos TENS PASSADO OS ÚLTIMOS ANOS A VIAJAR POR ESSE MUNDO FORA. 5 LUGARES FAVORITOS E PORQUÊ? 1 Lisboa, pelos spots 2 Antuérpia, pela atmosfera 3 Londres, pelas memórias 4 Austrália, pelas praias 5 Irlanda, pelos pubs TODOS SABEMOS QUE O YOGA É UMA DAS MELHORES COISAS QUE PODES FAZER AO TEU CORPO E MENTE, ACABASTE HÁ POUCO TEMPO O TEU CURSO DE PROFESSOR, QUAIS SÃO AS 5 MELHORES RAZÕES PARA PRATICARMOS? 1 para encontrares o teu verdadeiro eu, além do corpo e da mente 2 usar teu corpo e as técnicas de respiração para veres as coisas com mais clareza 3 aprender a disciplinar o teu corpo, de modo a estares mais equilibrado 4 aprenderes a afastar os teus pensamentos 5 equilíbrio em qualquer aspeto da vida. LISBOA, DE MOMENTO, NÃO TEM NENHUMA SKATESHOP. TU FAZES PARTE DO TEAM DA ORCHARD, UMAS DAS MAIS CONCEITUADAS NOS ESTADOS UNIDOS. QUAIS AS 5 PRINCIPAIS VANTAGENS DE TER UMA SKATESHOP NA TUA CIDADE? 1 Constróis uma família 2 Crias relacionamentos para a vida 3 Junta a comunidade local e ajuda a fortalecer a cena de skate 4 Apoio 5 Lixa Grátis
entrevista e fotografia Pedro Raimundo
FOMOS A UM SPOT EM LISBOA ONDE DESTE A MANOBRA EM QUE TINHAS PENSADO QUANDO O VISTE PELA PRIMEIRA VEZ. DISSESTE-NOS, DEPOIS, QUE ERA RARO ISSO ACONTECER, O QUE É QUE COSTUMA ACONTECER? Pois, geralmente quando vês um spot e idealizas uma manobra que queres fazer lá parece sempre fácil na tua cabeça, mas quando lá chegas, 9 em cada 10 vezes isso não acontece, ou não viste a racha onde tens de bater o pop ou o run up é curto. E assim há sempre algo que não é bom e acabo quase sempre por não dar a manobra que tinha visionado, por isso quando vais a um spot e consegues dar aquilo que pensaste é das melhores sensações de sempre. ANDAR DE SKATE COM AMIGOS É SEMPRE INSPIRADOR, QUEM SÃO OS 5 AMIGOS COM QUEM MAIS ANDAS E QUE TE PASSAM MAIS ENERGIA? 1 John Baragwanath, pela pureza de pessoa que é e pelo skate sem políticas 2 Pat Stiener, pela criatividade e por olhar para todos os spots de maneira diferente 3 Brian Clarke, pela sua humildade e simplicidade em relação ao skate 4 Brian Delatorre, pelo seu coração forte e dedicação ao skate 5 Dustin Eggling, pelo seu hype pelo skate SEI QUE NÃO COMES CARNE NEM PEIXE JÁ HÁ ALGUM TEMPO, O QUE MUDOU NO TEU CORPO E NA TUA MENTE DEPOIS DA DECISÃO EM TE TORNARES VEGAN? Não foi só pelas razões ambientais, mas para mim, pessoalmente, sinto-me menos culpado por não apoiar o massacre de animais e isso dá mais alguma paz de espírito. E claro, o meu corpo concorda comigo, mesmo além dos aspetos da saúde. Todos os dias quando acordo sinto-me energizado, tanto mentalmente como fisicamente. Muito em ti começa a mudar quando deixas de fazer coisas que lá no fundo sabes que são más para ti e quando te apercebes disso, a tua perceção e a tua reação ao que te rodeia altera-se completamente. O problema é que a maior parte das pessoas não quer alterar os seus hábitos e os seus vícios. Espero que o meu exemplo sirva para ajudar alguém a perceber o que está a fazer a si próprio e ao ambiente à nossa volta. A VISITA A PORTUGAL FOI CURTA,MAS AINDA CONSEGUISTE VER UMAS COISAS, QUAIS SÃO PARA TI AS 5 MELHORES? 1 Pedro 2 spots incríveis, que ainda ninguém skatou 3 super bock 4 os curbs da Praça do Comércio 5 o Carlos, do café em frente ao nosso airbnb
Chelas é o sítio perfeito para praticar Yoga de skate... a sério! Fakie ollie switch 50-50 180 out
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texto e fotografia Renato Laínho
B C O
A E N
R L A
Como se já não bastasse a quantidade industrial de pros que geralmente vagueiam por Barcelona, na data do Street League as ruas da capital Catalã enchem-se, literalmente, de skaters de todo o mundo. Alguns à procura de fama e glória, outros para encontrarem os seus heróis, outros para passarem as tardes colados no Macba… enfim, os motivos são tantos quantos os skaters que invadem esta cidade espanhola. Este ano, a convite dos nossos amigos da Monster, a Surge conseguiu colocar um “agente infiltrado” no Street League e assim tivemos o privilégio de acompanhar os skaters nacionais, que competiram ao lado de alguns dos melhores skaters da atualidade. O nosso agente, Renato Lainho, apanhou os “tugas” a jeito e tentou saber mais sobre as suas motivações.
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G A B R I E L
R I B E I R O
O que achas desta competição? Como é skatares ao lado destes pros? Skatar ao lado das pessoas que mais admiro é um sonho, dá-me uma pica enorme. O que te vem à cabeça antes da run com toda esta gente a ver? Tens alguma estratégia secreta? Só mesmo esvaziar a cabeça e manter-me tranquilo. Fala-nos das coisas boas sobre poder viajar para Skatar estes eventos Novos amigos, novos spots e sempre com o skate nos pés. É perfeito. O que comes nestes dias? Tenho de ser sincero, nestes dias é tudo à base de fast foods, ahah pizzas e afins Planos para o resto de 2017? Espero ir ao Tampa Am, voltar a Barcelona e tentar fazer mais umas tours. Um gajo nesta cidade apaixona-se a cada esquina, o que tens a dizer sobre isso? Ou a tua namorada não te deixa discutir esses assuntos em público? Bom, só posso dizer que essa afirmação é verdade...
G U S T A V O
R I B E I R O
O que achas desta competição? Como é skatares ao lado destes pros? Barcelona para mim é das competições que gosto mais, tenho a oportunidade de skatar com os melhores e reencontro malta amiga de todo o mundo. O que te vem à cabeça antes da run com toda esta gente a ver? Tens alguma estratégia secreta? A única coisa que tento é manter-me calmo, começo com manobras mais básicas e deixo as mais difíceis para o fim... Fala-nos das coisas boas sobre poder viajar para Skatar estes eventos São as melhores oportunidades para conhecer novas, pessoas, novos spots e divirto-me bastante... melhor, não há. O que comes nestes dias? Epá... Macdonals...ahah Planos para o resto de 2017? Vou continuar a filmar e vou passar uns tempos aos States. Um gajo nesta cidade apaixona-se a cada esquina, o que tens a dizer sobre isso? Ou a tua namorada não te deixa discutir esses assuntos em público? Ahah Em Barcelona tudo parece ser perfeito, ruas planas, largas... uma verdadeira loucura!
62 BARCELONA
A N Í B A L
M A R T I N S
O que achas desta competição? Como é skatares ao lado destes pros? Acima de tudo, para mim é uma oportunidade de acompanhar o skate atual em primeira mão O que te vem à cabeça antes da run com toda esta gente a ver? Tens alguma estratégia secreta? Normalmente nunca tenho uma estratégia definida, a única coisa que penso é mesmo em abstrair-me do público e depois tento dar uma run que seja fluida. Fala-nos das coisas boas sobre poder viajar para Skatar nestes eventos Basicamente eventos como este são quase como mini-férias, e, claro, sendo em Barça tens a oportunidade de conhecer e skater com muitos prós, sem sequer saíres do Macba. Depois conheces também pessoal de todo o lado, que está ali a fazer o mesmo que tu, skatar e aproveitar a cidade. O que comes nestes dias? Demasiada fast food! Ahah Planos para o resto de 2017? Agora estou a tentar acabar a minha parte para o novo vídeo da Ementa, depois tenho mais dois projetos para lançar com o Ivan Vicente. Um gajo nesta cidade apaixona-se a cada esquina, o que tens a dizer sobre isso? Ou a tua namorada não te deixa discutir esses assuntos em público? Ahahah nem imaginas a quantidade de pescoços partidos naquela cidade, é incrível! Mas se não for isso, tens muitas coisas que te fazem apaixonar pela cidade, as “guapas”, claro, mas mais que isso os spots e ambiente de Barcelona.
64 BARCELONA
B R U N O
S E N R A
“ B P ”
O que achas desta competição? Como é skatares ao lado destes pros? Eu curto deste campeonato como curto dos outros, porque vês amigos teus de outros países que já não vês há bue e é sempre alta pica para skatar. Skatar ao lado dos pros nunca skatamos porque eles têm o tempo deles para andar só para eles e depois nós andamos todos ao molho ahahaha, mas é demais ver os pros todos a andar e a partirem tudo, algo que não é muito habitual ver! O que te vem à cabeça antes da run com toda esta gente a ver? Tens alguma estratégia secreta? Sinto sempre uma beca de pressão, o corpo a tremer ahah, mas em termos de estratégia não penso muito, normalmente penso nos primeiros 2/3 toques e o resto depois vê-se, vou dando as minhas manobras. Fala-nos das coisas boas sobre poder viajar para Skatar nestes eventos Na minha opinião tem tudo de bom! Só por estares a viajar já estas a apreender alguma cena nova, e vês um grande nível de skate, bué pessoal a andar... coisa a que não estamos muito habituados em Portugal. Conheces novas culturas e voltas sempre para o teu país com o dobro da vontade de evoluir. O que comes nestes dias? Comer... como o mesmo de sempre porque sou bué esquisito ahahaha, ou aquele típico bitoque, kebab, pizza, hambúrgueres, aquela comida da shit, mas que todos gostamos ahahah Planos para o resto de 2017? Os meus planos para o resto de 2017 são lançar a minha nova videopart, ir ao CPH pro e tentar ir passar 1 mês à América! E skatar o máximo de tempo possível ahaha Um gajo nesta cidade apaixona-se a cada esquina, o que tens a dizer sobre isso? Ou a tua namorada não te deixa discutir esses assuntos em público? Eu confirmo isso!! Em cada esquina vês uma mulher mais linda que a outra, não há explicação... ahahahah
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O que achas desta competição? Como é skatares ao lado destes pros? Acho brutal, vêm skaters de todo o mundo e consegues skatar ao lado dos melhores, é incrível O que te vem à cabeça antes da run com toda esta gente a ver? Tens alguma estratégia secreta? Epá, nada, talvez pense um pouco nas primeiras 3 manobras, mas depois é sempre a improvisar Fala-nos das coisas boas sobre poder viajar para Skatar nestes eventos Viajar é das coisas que mais gosto de fazer, por isso é apenas juntar o útil ao agradável O que comes nestes dias? Ahaha Mac Planos para o resto de 2017? Epá, vou ao CPH e depois quero passar uns meses ainda nos Estados Unidos Um gajo nesta cidade apaixona-se a cada esquina, o que tens a dizer sobre isso? Ou a tua namorada não te deixa discutir esses assuntos em público? É verdade, sim senhor... é uma bela cidade ahah Depois da vitória no ano passado, este ano ficaste em segundo. Como é que te sentiste quando te chamaram ao pódio? Sinceramente não estava à espera, por isso fiquei mais surpreendido do que os meus amigos ahah
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O Kilian Zender foi expulso de uma discoteca na Nazaré por falar alto... o pessoal não percebe que com certos skaters é tudo alto... frontside flip fotografia Florian Hopfensberger
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Vai um miúdo para a escola descansado e, do nada, pum! Um gajo qualquer dá um flip por cima do rail e dropa para o cimento! Ah, esperem, é o Pedro Roseiro... está tudo explicado. fotografia Pedro Raimundo
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Ruben Nogueira, um dos nossos skaters favoritos deixou a aldeia em Trás-os-Montes e está de volta aos double-sets e aos seus lendários nollie back heels fotografia Luís Moreira
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Eles bem que lá puseram a mesa a ver se alguém jogava ping-pong, mas nada feito, é mesmo usada é por skaters... Chris Pfanner, back 5050 fotografia Fabien Ponsero
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Jรก levรกmos vรกrios skaters a este spot em Corroios e todos disseram que era impossivel skatar ali. Veio o nosso amigo Pedro Biaggio do Brasil e faz isto... flip transfer fotografia Pedro Raimundo
PAUL HART | THE MAHALO SG
Introducing Paul Harts’ new guest colorway of Mark Appleyard’s Mahalo SG. Globe’s Shogun cupsole adds greater support and flexibility with a deep cushioning footbed for impact control.
@globebrand | GLOBEBRAND.COM | est. Australia 1994
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Christian Elizondo Treflip Copenhagen
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entrevista Pedro Raimundo “Roskof”
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Quando nos conhecemos em Malmo, na cafetaria do Bryggeriet olhaste para nós e perguntaste-nos, “quem são vocês e o que estão aqui a fazer”, quase apanhando-nos de surpresa. Sempre foste assim tão curiosa? Ahaha, sim, eu lembro-me disso, de facto eu digo sempre que se houvesse uma palavra para me descrever essa seria curiosa, 100%! Por alguma razão sempre fui fascinada por pessoas, sejam elas de onde forem. Lembro-me que quando era pequena e ia em viagens com a família ia sempre ter com o guia ou com alguém que achasse interessante, agarrava-lhe a mão e passava o dia a fazer-lhe perguntas. Quando viajo, a minha curiosidade ainda é mais forte do que o normal, quando chego a um novo lugar, o que mais gosto é perder-me pelas ruas, observar... e tem sido ido essa curiosidade que me tem levado a sítios e a experiências incríveis. Por falar no Bryggeriet, como foste parar a uma escola que tem como programa curricular principal o skate? O skate sempre fez parte da tua vida, ou foi só quando te mudaste para Malmo que houve essa ligação? Não, eu comecei a andar de skate antes de ir estudar para Malmo e tive muitos amigos em Copenhaga que foram estudar para aquela escola. Lembro-me de como eles me falavam dessa escola diferente e alternativa... uma escola de skate logo ali do outro lado do Oresund. Parecia-me um sonho. As escolas normais na Dinamarca são muito académicas e vocacionadas apenas para as notas, enquanto que o Bryggyriet oferece uma educação muito mais criativa e pessoal. Estou eternamente grata por poder ter passado ali 3 anos. Basicamente, foram os melhores anos da minha vida.
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SONIA ZIEGLER
Steve Roche - Biarritz
Bjørn Lillesøe - Bremen
Os primeiros trabalhos que vimos teus foram na exposição “Girls Skate India” e pelas imagens parece-nos que foi mais uma daquelas experiências que te mudaram a vida. Como é que te envolveste nesse projeto e quais são as tuas melhores memórias desse tempo? O “Girls Skate India” foi mesmo um projeto que me marcou, nunca tinha feito parte de algo com tanto significado e ao mesmo tempo tão excitante. Nunca mais me vou esquecer da alegria, inspiração das 11 miúdas com quem partilhei essa viagem. Mais do que juntar miúdas skaters e partir à aventura, a ideia era mesmo ir lá para inspirar as miúdas locais e contribuir para cena de skate local. O papelda mulher na sociedade é muito diferente na Índia face ao que vivemos aqui na Europa e muitas raparigas indianas nunca pensaram nas oportunidades que o skate lhes pode trazer. Por essa mentalidade instituída que existe em relação às mulheres lá, tornou-se ainda mais importante irmos e provarmos que não é bem assim. Foi uma viagem incrível e só tenho que agradecer ter podido fazer parte dela. Do trabalho que fizeste com o “Girls skate índia” para o mais recente vimos muitas diferenças no estilo e na forma. Como é que te descreves enquanto fotógrafa e quais são as coisas que te fazem puxar da máquina e disparar? És mais espontânea, ou és daquelas pessoas que gosta de ter tudo muito planeado? Eu acho que ambos, às vezes sou espontânea demais, outras vezes penso demais antes de tirar uma foto. Mas sim, tenho uma tendência para ser extremamente perfeccionista, o que nem sempre é muito positivo. Às vezes apercebo-me que estou a perder muito tempo a editar uma foto, a remover pontos, ou a endireitar linhas, mas ao mesmo tempo sinto que o resultado é sempre um pouco melhor. No skate, o que me faz puxar da câmara e disparar são formas, padrões, enquadramentos. Eu penso sempre muito mais na composição e na posição do skater, em vez de pensar na manobra ou na dificuldade da mesma. De certo modo acho que é mais criar arte, com skate lá no meio. Normalmente a fotografia de skate dá sempre muito mais destaque à manobra, à quase loucura que é fazer aquilo, enquanto para mim, um ollie com estilo é muito mais bonito que um flip crooked bigspin. Sei que passaste os últimos 9 meses a viver um sonho que tinhas há muito, que era conhecer a América do Sul. Hoje em dia, em que todos estamos ligados 24 horas e em que sabemos exatamente as coordenadas onde estamos, como é que para uma miúda tão nova foi viver essa experiência de estar completamente desconectada? O que é que te levou a fazer isso? Viajar e explorar a América do Sul era um sonho que tinha há muito, de facto eu quero visitar o mundo inteiro, mas a América do Sul estava no topo das prioridades, por isso mal acabei o 12º agarrei na minha Fuji-X Pro1, numa mochila, e de um minuto para o outro comprei um bilhete para o Rio de Janeiro. Foi das melhores decisões da minha vida. Estar desconectada da vida online é de facto um sentimento de liberdade, desfrutas de uma maneira completamente diferente dos locais, das pessoas. Claro que se tens que enviar fotos para alguém estar no meio do nada na Bolívia não dá muito jeito, mas, sinceramente, acho que se não fosse pelo trabalho ou pelos meus projetos de fotografia, a internet não me fazia falta nenhuma. Gosto mesmo de viajar e viver offline. Vimos algum do teu trabalho impresso e reparámos que gostas de imprimir fotos em tamanhos bem grandes, um bocado em contraciclo com as pessoas que tem câmaras de 40 megapíxeis para fazer posts no smartphone… porque é que gostas de fazer isso? Temos visto muita gente que nunca imprimiu uma foto na vida… Ahah vocês reparam nas coisas mais curiosas, mas, sim, tens razão, eu gosto de fotos e quanto maiores, melhor. A sensação de ver uma imagem em grande não tem nada a ver com a de um ecrã de computador, ou de um telefone. Numa foto impressa tomas muito mais atenção aos pormenores, sentes a fotografia de uma maneira completamente diferente, e, claro, o facto de que a podes por numa moldura e pendurar na parede faz com que os teus olhos a olhem sempre com outra atenção.
Christian Elizondo - Copenhagen
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SONIA ZIEGLER
Mathias Torres - Santiago
Manuel Rivera - Antofagasta
Diego Vargas - Santiago
Como é uma rapariga ainda muito nova, que passa o tempo a viajar sozinha pelo mundo e a tirar fotografias... como é que a tua família encara essas tuas escolhas? Conta-nos um pouco mais sobre a jovem Sónia e os seus sonhos. Bom, a jovem Sónia, que fez 20 anos há pouco tempo em Santiago do Chile já se sente bem velha. Conjugar estas duas paixões que tenho é algo que vou querer sempre fazer. Quanto à minha família, eles perceberam há muito e aceitam que passe a vida de um lado para o outro. Apesar da minha mãe não ter achado muita piada andar a fazer couchsurfing em São Francisco aos 17 anos, viajar pela Índia aos 18 e aos 19 ir sozinha percorrer a América do Sul. Mas eles aceitam e como foram hippies acho que conseguem rever-se em mim. Mas, claro, ficam chateados se não lhes digo por onde ando, - o que é algo que costumo fazer, - passar semanas sem dar notícias, ou por não conseguir por andar no meio da floresta Peruana. Disseste-nos numa conversa que um dia gostarias de viver num sítio com muito sol. Para os fotógrafos a luz é das coisas mais importantes, é por isso? Ou as luzes do Norte as infindáveis “horas mágicas” da Escandinávia funcionam da mesma maneira? De certeza que um dia vou querer viver num sítio com muito sol, mas só quando achar que estou pronta para assentar algum tempo num local. Como sou dinamarquesa, estou habituada ao frio, aos dias escuros e à neve, mas imaginavam-me a viver num sítio como Espanha. E, claro, como fotógrafa, a luz do sol tem sido a minha única fonte de iluminação, nunca tive um flash e mesmo a câmara que tenho nem sequer tem flash incluído, por isso todas as fotos que tirei até hoje foram com luz natural, ou com o ISO muito elevado em situações em que tinha pouca luz.
Sei que também tens uma pequena máfia portuguesa no teu grupo de amigos, como é que os conheceste? Sim, tenho muita sorte em ter muitos amigos portugueses e brasileiros, como o Def, o Fernando, o Rodrigo, o Tiago Lopes, a Lais… quando visitei Lisboa andei com eles e como também estão sempre a viajar, às vezes encontro-os noutras partes do mundo, são incríveis!
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SONIA ZIEGLER
Ok, então pelos vistos o mundo vai tornar-se muito pequeno em breve para a Sónia Ziegler. O que está nos teus horizontes mais próximos, tornares-te astronauta e viajar pela galáxia? Ahah sim, isso seria o ideal, uma parte do meu coração de qualquer modo anda sempre a flutuar no espaço, mas por enquanto o que tenho planeado é ir ao Japão, depois vou viver durante uns tempos numa carrinha na Califórnia com a minha melhor amiga, mas tenho tanta coisa que quero fazer... às vezes o problema é mesmo esse, ter coisas a mais na cabeça. Tenho milhares de ideias para projetos fotográficos e outros pessoais, que às vezes penso que não vou ter tempo na minha vida para fazer tudo o que quero. Mas depois ouço o que a minha família e amigos me dizem: “Sónia, não te esqueças que és nova e tens toda uma vida pela frente”, o que é verdade. Por isso só quero agradecer o que já vivi e esperar por novas aventuras. Esse é o plano para a Sónia Ziegler.
Vincent Heller - Copenhagen
SINCE 1922 Rider: Ronnie Sandoval
Distribuição marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com
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foto grafi a Pe dro Raim und o
E ag ora e está le mor to...
10 d ias c om o s
Bom bakl ats n o
Port oee mV igo
Não te assustes com o título deste artigo, não estamos a falar de ninguém, mas sim do telemóvel do Adilson que teve um grande papel nesta viagem de 10 dias por Vigo e pelo Porto, com os nossos amigos holandeses dos Bombaklats.
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0 DIAS COM OS BOMBAKLATS NO PORTO E EM VIGO
Se não sabes quem são os Bombaklats é porque andas a dormir na forma e por isso damos-te alguns minutos antes de leres o resto deste artigo para veres alguns dos vídeos destes meninos, nessa coisa maravilhosa que é a internet… Ok, já viste? Então, vamos lá, agora que já sabes do que esses rapazes são capazes de fazer, podemos voltar à história destes dias. A convite do Sebastien, eu e o Adilson juntámo-nos à malta no Porto e seguimos para Vigo. Com os recentes vídeos internacionais a destacar os spots da cidade galega, a expectativa era alta. Mal entrámos na carrinha, o Adilson agarrou o seu telefone e assumiu-se como Dj oficial da viagem... e em menos de 5 minutos de trap na carrinha, o Tim Zom dava ao telemóvel do Adilson um nome artístico… Trap Lord!
Adilson Pedro seguindo a tradição almadense, mas com toque pessoal... heelflip crrooooooks
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Sebastien Vijverberb, um dos patrões dos Bombaklats a mostrar como se nose “bonka” à la Roterdão....
Já viram que este spot aparece várias vezes nesta edição? É verdade, é assim tão bom como parece... Adilson, o skater com poderes de heelflip especiais.
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O Pascal Moleert é daqueles miúdos que não fala, mas dispara manobras como um poliglota em ácido... front noseslide to backside nosedrive fakie
Tim Zom, switch wallride, em Espinho, já sem o dente malvado.
Não consegui perceber se a malta toda gostava de Trap, ou não, mas depois de alguns dias, a verdade é que já ninguém conseguia ouvir outra coisa, mesmo quando nalguma playlist aparecia outro género de música, todos diziam logo “tira isso, queremos é o Trap Lord a tocar”. Claro que o Trap Lord só trabalhava ligado ao Power Bank e quando esse ficava sem bateria, o Adilson lá dizia “now he’s dead”. Quem também quase morreu foi o Tim Zom que passou 3 dias sem dormir por causa de uma dor de dentes. Finalmente, lá o convencemos a ir ao dentista e como o senhor doutor não falava inglês, fez-me estar na sala enquanto ele arrancava o dente. Ainda me perguntou se eu me estava a sentir bem, eu respondi que sim... na altura até era verdade, mas comecei a lembrar-me que esta experiência dava para fazer uma boa letra de trap, tipo “arranquei um dente e doeu pa caraças, hey! Só depois de 6 dias a skatar em Vigo é que, numa saída à noite, ouvimos outro género de música, quando acabámos num clube chamado Kingston a ouvir Reggae. E mesmo assim, não sei se foi de mim, ou de uma bebida que um dos locais nos deu chamada “Balelers”, mas ao fim da noite, Regguae, Punk ou Trash Metal, soava tudo ao mesmo…
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Sajen Williams, os pés mais leves do continente europeu, a flutuar de flip em Ermesinde.
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Tim Zom, nosegrind
Enquanto alguns lutam para se manter à tona, o Sebastien nem se chateia para dar este front crook…
No último, dia o senhorio com 70 e tal anos do Airbnb ainda foi lá a casa fumar um daqueles “cigarros holandeses” com os rapazes enquanto alguns lhe explicavam que género de música era aquela... E lá nos fizemos à estrada, para regressar terras de D. Afonso Henriques. Trap Lord carregado, power banks em barda, estávamos prontos para uma semana no Porto. Por coincidência, chegados à Invicta vimos que nos Maus Hábitos iria haver a festa Purple Haze, com os Monster Jinx e, claro, passámos a semana a skater e contar os dias para a grande noite com Darksun, Slimcutz, Roger Plexico e companhia… escusado será dizer que foi pesado. Obrigado, Nuno Gaia, pelos batidos de beterraba e gengibre na manhã seguinte, salvaram-nos a vida!
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Tim Zom respondeu ao dentista “i’m no pussy”, quando ele lhe perguntou se ele se importava de arrancar o dente.. 360 para o drop, sem medos.
Enquanto alguns lutam para se manter à tona, o Sebastien nem se chateia para dar este front crook… 98
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Como sempre, a cidade nortenha provou-nos que aqueles que estão sempre a queixar-se de que não há spots, falam sem saber o que estão a dizer. E numa viagem que teve o som como grande protagonista, só podíamos despedir-nos dos nossos amigos holandeses no famoso edifício dedicado à Música. Despedida emocional, principalmente para os holandeses que agora nunca mais vão poder ver o Trap Lord em ação. Mas, pelo menos, vamos ter o próximo vídeo dos Bombaklats para matar saudades.
LAKAI LIM ITE D FO O T W EA R / I N S P I RED B Y S KA T EB O A R D IN G CARROLL
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HOWARD
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MCCRANK
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HAWK
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TERSHY
BRADY / SEBO / YONN I E / P A C H E C O / C H A P M A N /
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PEREZ
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ALVAREZ
/
F E RNANDEZ
S C I A N O / B A N N E R O T / C A P P S / NICO
LA KA I’ S NE W V I D E O ‘T HE F L AR E ’ I S C O M I N G S O O N O N I T UN E S AN D D V D WEB: LA K A I . C O M / I N S T A : @ L A K A I L T D / # T H E F L A R E L A K A I V I D
M ADARS APS E - BOARDS LIDE T O WAL L RIDE FAKIE PHOT O BY ELEM ENT ADVOCAT E BRIAN GABE RMAN #M ADET OENDU RE - @ELEM ENT BRAND - ELEME NTBRAND. COM