SURGE Skateboard Magazine, 36th issue: "no meu tempo..."

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2017 janeiro/fevereiro/março Trimestral Distribuição gratuita

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Quantas desculpas já inventaste para conhecer pessoas? Sejam elas a tua miúda favorita, ou o skater mais velho que costuma parar no teu spot, de certeza que já arranjaste várias justificações para criar ligações, que muitas vezes te abrem um mundo de possibilidades. E, claro, a maior parte das vezes nem precisa de ser algo muito elaborado, até o tão simples “pode dizer-me que horas são?” pode levar a casamento. Mas lamechices à parte, aqui a Surge acaba por servir de desculpa para muita coisa, no meu caso tem a sido justificação perfeita para quase 10 anos de viagens, aventuras, de muitas horas passadas a falar com skaters de todo o mundo e de todas as idades. Um destes skaters chama-se Lucas Beaufort, que por acaso também é artista. Sim, antes de conhecê-lo era já fã do seu trabalho. Curiosamente um dia, do nada, recebo um e-mail dele com uma das capas da Surge pintadas por si. Pensei “como é que a Surge lhe chegou às mãos”? Vim mais tarde a descobrir que o Mouga, numa das suas viagens a Paris levou um exemplar nosso para lhe fazer companhia e que, por acaso, o encontrou numa skate shop e ofereceu-lhe. Será que a Surge foi também para o Mouga a desculpa perfeita para o abordar naquela tarde em Paris? Sinceramente não tem importância, mas o que me deixa orgulhoso é que a nossa revista sirva também como um álibi perfeito para criar ligações entre pessoas em qualquer parte do mundo. Vários anos depois acabamos, finalmente, por encontrar-nos em Lisboa e as primeiras palavras que trocamos são concordantes: para a ele a arte é uma maneira de criar pontes entre pessoas, para nós a Surge é mais um pilar dessas pontes. Nos dias seguintes tivemos a oportunidade de falar e discutir muitas coisas sobre os mais variados temas, enquanto ele terminava em Lisboa o seu filme, na sequência de um convite feito pelo Fred Mancelos, do “Todos”. Para realizar o “Devoted “, o Lucas esteve com grande parte dos mais importantes media de skate mundiais e nas horas e horas de entrevistas que tive a oportunidade de ver, todos, unanimemente, afirmam a mesma coisa: revistas, sites, filmers, fotógrafos, o seu trabalho é apenas uma desculpa para poderem fazer aquilo de que gostam e para estarem envolvidos no skate. Engraçado que o Lucas disse-me depois no jantar de despedida em minha casa, “sabes, pintei a Surge e enviei-vos como maneira de vos conhecer e hoje estamos aqui em Lisboa a jantar e a beber um belo vinho, isto é das coisas mais importantes da minha vida, estar com pessoas”. No intervalo de mais um copo e uma pratada de arroz de pato eu concordei com ele, mas respondi-lhe: “eu desculpo-te isso tudo, menos teres acabado com a minha última garrafa de Maria Mansa”.

fotografia Luís Cruz

Pedro Raimundo “Roskof” editor


WWW.CARHARTT-WIP.COM GABRIEL ENGELKE – BACKSIDE POWERSLIDE • PHOTO: LARS GARTÅ


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Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127

número 35 disponível online em www.surgeskateboard.com

Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Fotógrafos residentes: Luís Moreira João Mascarenhas Publicidade: pub@surgeskateboard.com Colaboradores: Rui Colaço, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Alexandre Pires, Vanessa Toledano, Nuno Capela, Ruben Claudino, Rui Miguel Abreu, Telmo Gonçalves. Tiragem Média: 4 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Printer Portuguesa Morada:Edifício Printer, Casais de Mem Martins 2639-001 Rio de Mouro • Portugal Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros

Antiz na Roménia, por Dustin Dollin Quando juntas a malta da Antiz, uma personagem como o Dustin Dollin e as paisagens da Transilvânia, as coisas não podiam ser menos do que alucinantes. Um conselho, antes de leres a crónica do Dustin, liberta a tua mente...

Entrevista Bruno Senra BP O miúdo cresceu e está a colocar as cartas todas na mesa. Num ano em que vai mostrar trabalho como poucos, falamos sobre que o faz dedicar-se a 100% ao skate.

1º Foco Quando veio da Madeira para Lisboa estudar, o Ricardo ficou muito surpreendido por o pessoal cá não andar de skate todos os dias. O que vale é que a ele isso já não o afeta, todos os dias agarra na sua câmara e faz-se aos spots com a pica de quem tem 30 amigos a puxar por ele.

Adriano Um dos “benjamins” do skate nortenho prova que não precisas de ter asas para voares, basta passares uns dias com a malta de Ponte de Lima nos seus inúmeros parques diy para que o skate comece a flutuar melhor.

Korner Skateshop Numa altura em que as skateshops estão a passar por uma fase complicada, iniciamos em beleza uma rubrica a dar voz à malta que faz das tripas coração e da cabeça uma fonte de inspiração para os skaters locais.

Luís Martins Para alguém que deixa marcas permanentes na pele das pessoas, uma das coisas mais importantes para o Luís é a marca que o skate deixa nele. É que o faz literalmente “live to skate”.

Capa: Tentámos arranjar uma daquelas legendas muito espirituais para esta capa do ollie do Juan Salas, mas achámos por bem poupar-te a palavras. Desfruta antes da imagem e descobre nas páginas desta edição a aventura que foi necessária para colocá-lo ali... fotografia Luís Moreira


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ILUSTRAÇÃO LUÍS CRUZ



entrevista e fotografia LuĂ­s Moreira

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Talvez por ser da Madeira o Ricardo sente-se sempre bem Ă vontade a skatar em jardins. boardslide to 50 pop-out.

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TIAGO FERNANDES RICARDO SILVA


Nome, idade, de onde és, essas coisas. Ricardo Silva, 20 anos e sou da Madeira, Funchal. Sendo tu da Madeira, o que é que estás a fazer em Lisboa? Estou a estudar economia no ISCTE. Quando acabares o curso o que é que pensas fazer? Quando acabar o curso vou tirar um mestrado. O que é que sentiste quando chegaste a Lisboa e foste andar de skate? Qual foi a relação com o pessoal e spots? Quando cheguei a Lisboa e fui aos spots mais conhecidos, como a Praça da Figueira e o Terreiro do Paço, senti logo que havia muito mais pessoas a skatar, de várias faixas etárias e que não era preciso estar a chatear de vez em quando um ou dois amigos para ir skatar. Bastava chegar a esses lugares, que havia sempre pessoal. O pessoal também sempre me recebeu bem, como se nos conhecêssemos já há algum tempo, o que era um pouco novo para mim. Senti também que havia muitos mais spots de ledges e tal, e que havia muitos mais e melhores skate parques. Preferes Lisboa, ou a Madeira para skatar? Porquê? Os spots em que ando em Lisboa normalmente são diferentes daqueles em que ando na Madeira. Em Lisboa os spots em que costumo andar são normalmente com chão bom e não são assim muito agressivos, o que me deixa feliz. Faz com que uma tábua dure algum tempo. Na Madeira, como não há, os spots tendem a ser mais agressivos e diferentes e por vezes fazem com que uma tábua se abra logo no primeiro dia, o que não me agrada muito. Tirando esses aspetos, sou capaz de preferir a Madeira, principalmente agora que a baixa do Funchal foi reconstruída e também devido ao facto de ter tirado carta e poder explorar outras zonas da ilha.

Também por ser da Madeira não tem medo de spots estreitos e bem altos. Blunt transfer to fakie

Quais são os teus spots preferidos? Não tenho assim nenhum spot preferido. Em Lisboa se me apetecer skatar com pessoal vou até ao Terreiro ou à Praça da Figueira, se me apetecer estar sozinho vou até o skate parque de Chelas. Na Madeira, foi construído há bem pouco tempo um skate parque como deve de ser, ao contrário dos outros e por isso o pessoal está sempre lá. E se ninguém quiser vir para spots comigo, acabo por ir para lá também. O que é que te dá pica para ir andar de skate mesmo quando estás a skatar praticamente sozinho? Quando vou com alguns amigos e vou para spots mais agressivos para filmar, posso ficar com pica pelo facto de querer ter clips para poder editar, que é algo que gosto de fazer. Quando ando sozinho a pica está no princípio mais básico que é somente o gosto pelo skate. Mas quando ando de skate sozinho, ouvir música contribui também para a pica.


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RICARDO SILVA

Antes da chegada das “hordas” de Tuk-Tuks à senhora do Monte, ainda houve tempo para um noseslide a passar o kink



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TIAGO FERNANDES RICARDO SILVA

Esta calçada nas Amoreiras é sempre bem frequentada por meninas de saltos altos, por isso a aterragem deste frontside flip deve ter sido bem suave e, até, perfumada...

E música, o que é que gostas? Música, gosto de quase tudo menos hip-hop ou rap e as músicas que estão agora na moda como kizombas e brasileiradas. Andas a filmar alguma coisa, alguma vídeo-parte? Fala-nos sobre isso. Neste momento estou a tentar fazer uns 3 vídeos com “vibes” diferentes e diferentes de todos os que já fiz também. Estou é a demorar mais do que o normal porque agora só consigo filmar basicamente nas férias, que é quando estou com amigos com quem tenho confiança para pedir para me filmarem.



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Então, Bpilhas ‘tá-se bem? És mais difícil de apanhar que o Papa. Agora que consegui estás quase a sair de casa outra vez para passar a noite fora, o que é que se vai passar hoje? Ahah, nada de mais, vou passar a noite no Estádio da Luz para arranjar bilhete para o Sporting-Benfica. Mais uma vez o Benfica vai ser campeão e como vou estar fora em campeonatos quando forem os últimos jogos, tenho que dar o meu melhor agora a apoiar o maior clube de Portugal ahah Não me digas que também és daqueles que anda lá sempre metido no “barulho” com as outras claques... Não, nada disso, sempre tranquilo, eu vou lá para ver a bola, mas às vezes... Costumas encontrar pessoal da skatada nos jogos? Agora não muito, mas antes tínhamos um grupo de malta da skatada e que costumávamos ir ver uns jogos... mas têm andado desaparecidos

entrevista Roskof fotografia Jorge Matreno


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CAPTURAS BRUNO SENRA LAURENCE KEEFE


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As tardes passadas nas escadas de Almada, a darem frutos nas escadas de Alfornelos, front-shove it bem puxado

E de resto, o que tens andado a fazer? Epá, basicamente tenho passado todo o tempo a skatar e a gravar, estou a trabalhar em duas vídeo-partes, uma para a Element e outra que está aí a rebentar que é para a Ementa, em parceria com a Converse. Tenho passado mesmo muito tempo com o Emídio, passo lá a semana com ele, depois venho dois dias a casa para descansar um bocado as pernas e depois volto para Lisboa para skatar outra vez. Claro que também tenho skatado em Almada com a minha malta, mas tenho que dar grande valor ao Emídio e ao Ivan, que têm trabalhado muito mesmo e puxado por mim.


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Como já devem ter percebido, a cor favorita do Bruno é o vermelho... frontside nosegrind

Então esse teaser “Life of Ementa Sb”, o que é que vem a ser isso? Epá, isso é mais uma ideia do Emídio, é mesmo tudo e mais alguma coisa, não necessariamente as melhores manobras, é mais um mix de tudo que nós fazemos no dia-a-dia, brincadeiras, atrofios... depois, junto com aquela edição cheia de brincadeiras, quando sair, o pessoal até vai ficar a bater mal, vai ser mais um grande trabalho do nosso Emídio. E a Element, vão lançar um vídeo nacional? Sim, temos filmado com o Ivan também para isso e agora vamos ter uma tour com a malta toda a Madrid, vai ser fixe... a ver se conseguimos as últimas manobras para terminar em grande.

Boa, e depois de um ano em que fizeste várias viagens, incluindo a nossa aventura aos “States”, em que viste várias cenas de skate diferentes, como é olhas aqui para o panorama nacional? Epá, isto não anda lá muito bem, quer dizer, vejo pessoal a skatar bem e com pica, mas voltamos sempre à mesma conversa, cada vez são menos as marcas que apoiam skaters portugueses, skateshops cada vez são menos, mas, sei lá, espero que as coisas melhorem. Outra coisa é que o pessoal cada vez vai menos lá fora, lembro-me que quando tinha 16 anos e ia a campeonatos como o European Open, em Basel, íamos sempre aí uns 10 ou 15, agora vamos dois, ou 3. Mesmo sendo para ir a campeonatos dá sempre mais pica ver pessoal a skatar bem, se não sairmos daqui vamos ficar estagnados de certeza.


Flip frontside noseslide

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Ahah, pois, lembro-me desse em Basel em que o segurança te levou da quadra ao colo quando deste uma grande estoira com o braço, certo? Ya, eheh era bué de novo e parecia que era o meu pai a levar-me ao colo E como é que tens sido recebido lá fora? Tu és dos skaters nacionais que mais tem produzido e com alguns destaques: Ride Channel, Red Bull, entre outros... Epá tem sido fixe, às vezes vou lá fora e vem pessoal falar comigo que eu não conheço de lado nenhum, vem dar-me o props pelo vídeo ou pela manobra no insta e é sempre motivador, mas tento não ligar muito ao que os outros dizem ou acham, eu quero é fazer a minha cena e se o pessoal gostar, fixe, se não gostar não há problema nenhum.


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A nova parte do Bp vai pôr muitas cabeças a andar à volta, inclusive a do seu skate, hardflip revert


Estas escadas em Lisboa já viram manobras bem pesadas, mas tão cedo não se vão esquecer deste “leve” Backside 360 nosegrab


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Wallie

Por falar em lá fora como é que foi aquela viagem aos States? Não correu bem por causa da lesão, mas como é que viveste essa experiência? Estás a pensar voltar? Foi alta experiencia, foi a viagem da minha vida, fui só contigo, depois encontrámos lá o França, o Gustavo e o Gabriel e curtimos feio, mas deu para ver que a América é um bom sítio, mas não é para viver. O ideal é fazer lá uma temporada a skatar e depois voltar aqui para o nosso cantinho para o chilling, aquilo é stress a mais para mim ahah e depois perdes monte de tempo a ir para os spots, quase todos os dias são uma ou duas horas de carro e depois chegas lá e podes andar 5 minutos e és corrido... mais uma hora para outro spot e, pumba, outra vez expulso... a seguir fica de noite, passas dias e não consegues fazer nada. Mas por outro lado também te dá pica, porque vês spots em que o pessoal não consegue andar mais do que 5 minutos a qualquer hora do dia e depois vês pessoal lá a dar grandes manobras e percebes que o espírito lá da cena tem que ser outro... é mesmo thrasher E barça? Está aqui ao lado e tu também estás sempre lá batido nunca pensaste em passar lá mais do que um mês? Afinal, aquilo agora é quase a capital mundial do skate... Sempre que posso, ou sempre que tenho dinheiro para alugar lá uma casa tento passar lá o máximo de tempo e também acho que nós devíamos aproveitar melhor a nossa localização, estamos aqui mesmo ao lado e acho que o pessoal cá não aproveita muito. Eu queria ver se conseguia viver lá, mas não é fácil porque a vida ainda é um bocado mais cara do que aqui e se vais para trabalhar não skatas. Mas aquilo é lindo, podes passar a semana toda de skate de um lado para o outro, quase nem precisas de apanhar transportes. Pode ser que agora com estas obras todas em Lisboa também dê para fazer isso.

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Este backside overcrooked entra assim na “ Ementa “ do rail de Alfragide

E a Ementa quando é que começa a expandir lá para fora? Agora já tem um Pró com Ementa ahah Isso é sempre mais complicado, a nossa cena é vender a nossa roupa, todo o dinheiro que conseguimos, juntamos para fazer uma viagem - como foi o caso da nossa tour aos Açores. Mas é altamente o nosso puto Thayan ter conseguido isso, estamos agora a fazer um vídeo com ele e com a malta da Ementa para a Enjoi, um Off The Grid para o The Berrics... é fixe podermos fazer isso com ele. Apesar de a tua cena ser mesmo skatada pura e crua, dá para ver que sempre curtiste campeonatos, porquê? Sei lá, mas, sim, curto campeonatos, lembro-me do primeiro a que fui, foi em Carnaxide e até lá nunca tinha skatado em rampas, passava os dias com minha malta a descer ruas aqui na margem sul e cheguei lá e não sei como habituei-me às rampas. E acaba por ser nos campeonatos lá fora que conheço bué de pessoal, sei que agora o assunto do momento é os Jogos Olímpicos mas isso a mim não me diz muito, acho que tem um lado bom e um lado mau, mas se me chamassem só ia se me deixassem levar a camisola do Benfica ahah E de resto como é que passas o tempo quando não andas nos skates? Basicamente, agora passo os dias a skatar, este ano não estou a estudar, mas claro que quero um dia voltar e tirar um curso... mas agora quero mesmo dedicar-me ao máximo ao skate, para ver o que isto dá. Sei que para muita gente é tipo, este agora não trabalha nem estuda, mas eu tento explicar que agora estou a tentar que o meu trabalho seja o skate, se não gostam, azar, eu também não digo a ninguém o que devem fazer! E o que é que curtias mesmo conseguir com o skate? O meu objetivo era mesmo poder entrar para o team europeu, seja da Converse ou da Element, que são as marcas que me patrocinam, eu sei que conseguia mostrar trabalho e assim talvez conseguisse um ordenado que me deixasse viver uns tempos disto. Porque sei que daqui a uns anos vou ter de arranjar um trabalho como toda a gente e por isso é que estou a dar o meu máximo agora. Já tens algum pessoal cá que conseguiu viver disto, o Jorginho, o Gustavo, Thayan, o Tiago Lopes, agora com a malta da Skate Mafia, por isso é mesmo ver se aparece uma oportunidade. O Tiago tem estado em grande no Instagram, tu também és um gajo “social” ou nem por isso? Epá, não muito, por acaso sou bué de tímido nessas cenas, não curto muito falar de mim, se calhar devia ser mais “socialite” mas é o meu feitio, eu acredito que se as cenas tiverem que acontecer, vão acontecer, se não tiver que ser, não é. B

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Antigamente havia uma linda música sobre as “meninas de Odivelas”, hoje em dia preferimos as canções sobre o belo corrimão verde... backside 50-50 shove-it

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E a cena de Almada, tu cresceste na Praça, como é que andam por lá as coisas? Esses foram os melhores tempos para mim, chegava à Praça, aquilo estava cheio de malta: o Dressen, o Vito, o Rómulo, o Mileu, dava-me mesmo pica ver a aquilo cheio... depois tivemos a Gandaia, também foi fixe com a malta nova a skatar, mas fechou aí há 3 anos e parece que o pessoal perdeu um bocado a pica. Agora fala-se aí no novo skate parque, deixa ver, pode ser que a cena anime outra vez e que gente se vingue dos anos que estivemos à espera. Só espero é que seja um skate parque mais do género do que vimos na América, cenas mais pequenas, para que os pequenos possam aprender e para que a malta mais velha consiga evoluir. Para mim não é nada fixe ir para um skate parque e estares-te a matar de 15 escadas abaixo.

Mas sei que tu curtias skatar um half grande, ou não? Claro, queria mesmo aprender a andar bem numa coisa dessas, mas não temos nenhum bom cá, pode ser que um dia ainda dê aí uns aéreos ahaha Últimas palavras para a malta Queria agradecer a todos os que me ajudam nesta luta, à minha família, aos meus amigos, aos meus patrocinadores, Element e Converse, à Ementa, um especial obrigado ao Emídio, que muitas vezes me paga o almoço para irmos filmar e depois, não muitas vezes, conseguimos nada ahaha estamos juntos!



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O outside Diy vai dar que falar e muito e pela qualidade deste backsmith e do cenĂĄrio apercebemos bem porquĂŞ

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entrevista e fotografia Luís Moreira

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Em primeiro lugar, quem és tu? (nome, idade, em que ano andas, de onde és?)

Sou o Adriano Alves. Tenho 14 anos. Moro em Ponte de Lima e vivo com os meus pais e os meus quatro irmãos (aquilo lá em casa é uma festa!). Sendo tu de Ponte de Lima, como é que foi o teu primeiro contacto com o skate? Quem é que te fez começar a andar?

O meu primeiro contacto com o skate foi quando fui morar para perto da Korner Skateshop. Comecei a aparecer na loja e o Bruno dava-me sempre um skate para eu ir andar, depois fui conhecendo o pessoal e a pica foi crescendo cada vez mais.


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ADRIANO ALVES

O cenário do Minho fica sempre bem em qualquer foto, Frontblunt nosegrab na pool do Ciso

É difícil manter uma boa comunidade de skate num meio tão pequeno e com tão poucos spots?

Em Ponte de Lima não há muita gente a skatar e por isso é complicado manter uma cena de skate forte. Gostava que o skate crescesse mais nesta zona, mas por outro lado vou tendo os meus amigos com quem ando de skate e divirto-me bastante. Em Ponte de Lima a cena do Do It Yourself já tem alguma importância. Fala-me um bocado disso.

A cena D.I.Y. tem bastante importância cá porque nesta zona nunca houve skate parques em condições. O pessoal mais velho costumava estar constantemente a sair de cá para skatar por não ter spots perto de casa, e chegaram a um ponto em que decidiram começar a ser eles próprios a fazer os parques. Daí surgiu o “Greenside” (Pool do Ciso) e o Outside (Novo Skate parque D.I.Y de Ponte de Lima). Eu fui crescendo com isso a acontecer e, graças a esses skaters mais velhos, hoje tenho spots em condições, coisa que eles quando eram da minha idade não tinham.



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ADRIANO ALVES

Quais são os teus spots preferidos? Sentes que tens tudo o que precisas em Ponte de Lima, ou às vezes apetece-te ir a outros sítios?

Os meus spots preferidos são o Outside, o Greenside e a Cerâmica. Primeiro porque eu gosto mesmo de spots D.I.Y. e segundo porque é nesses spots que está o pessoal com quem eu curto skatar. Aqui em em Ponte de Lima há alguns spots mas também gosto de sair daqui e skatar sítios diferentes. Também ajudaste a fazer o Outside. Como é que foi essa experiência?

Apesar de me ter baldado bastante ao trabalho, nas tardes de verão curti bué a experiência de ajudar a fazer um skate parque para o pessoal. Seres tu próprio a fazer o teu spot é sempre uma experiência brutal, principalmente estando este spot a tornar-se cada vez mais icónico.

Frontside ollie

O que é que pensas fazer quando acabares de estudar?

Eu não estudo. Só vou às aulas porque sou obrigado. Sinceramente ainda não perdi tempo a pensar o que é que quero ser. Só sei que quero andar de skate!


Fontsisde Indy


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ADRIANO ALVES

Um backtail com o pôr-do-sol fica sempre bem, não acham?

Com quem é que costumas andar de skate e quem é que te dá mais pica?

Costumo andar com o Henrique, Ciso, Marcos, Duarte, André, Miji, com os meus irmãos, o Gonçalo e com pessoal que vai aparecendo por cá, como o Sales e o Romeo (que neste momento está aqui comigo). Como é que é a tua relação com o Bruno e com a Korner?

O Bruno apoia-me mesmo muito. Dá-me tábuas e sapatilhas muitas das vezes do bolso dele. Devo-lhe muito por toda a ajuda que me tem dado. Para além disso leva-me a spots novos para skatar e quando eu me parto todo muitas das vezes é ele que me leva ao hospital. É como se fosse um pai. Achas que ter uma skate shop local é importante na cena de skate de Ponte de Lima? Em que é que isso te ajuda?

A nossa skate shop é uma das coisas mais importantes na nossa cena local. Felizmente é uma skate shop que apoia o skate a sério e isso tem feito muita diferença ao longo dos anos.



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André Costa “Def” wallride em pura poesia fotografia Luís Moreira



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Quando tens um amigo a filmar-te é como se tivesses o teu próprio raio de luz… Adilson Pedro e Sebastien Vivjebberg a divertirem-se ollie fotografia Roskof


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Surge… fotografia Ruben Claudino


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Ainda estamos a tentar descobrir onde é que o Bruno Simões escondeu o trampolim para este boneless fotografia Roskof


Obrigado CML por todas as obras que andam a fazer, é que tornam os spots bem mais agradáveis para skatar, João Allen transfer lipslide a estrear o chão novo deste corrimão na Graça


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Na PĂłvoa sabemos bem que o frio arrefece as orelhas, Pedro Fangueiro noseblunt com as orelhas bem quentinhas fotografia Jorge Matreno



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Palavras para quê? Gonçalo “Pico” Maia switch frontside noseslide fotografia Luís Moreira


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A Yumi Iraki não tem dos nomes mais fáceis de pronunciar, mas com esta facilidade em voar isso também não importa para nada… frontside indy - Porto fotografia Renato Lainho


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E calma aqui, não? Pois se nós tivéssemos que dar este transfer noseblunt também não nos sentiríamos muito calmos... Pedro Roseiro – Almada fotografia Roskof



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Kiko Perdigão bluntslide body-varial na outra divisão lá de casa fotografia Roskof



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Horas antes de embarcar para os States, o Gustavo deu este 5-0 no kink em São João, só para ver se estava com os pés afinados... fotografia Roskof


Igor Silva vem de uma famĂ­lia de skaters por isso este switch heel foi-lhe transmitido de certeza pelo ADN. Viva a genĂŠtica! fotografia Roskof


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Alguém tem que dizer ao Ciso que não se mete o dedo no nariz! Backside nosegrab fotografia Luís Moreira



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Entrevista e fotografia Luís Moreira

Com o país a precisar de tantos carpinteiros, marceneiros e eletricistas porque é que raio te lembraste de abrir uma skate shop? Porque não tenho jeito para ser um bom carpinteiro, nem um bom eletricista e como gosto de ser bom naquilo que faço escolhi ser um bom mercenário hahahahahaha... Decidi abrir uma skate shop porque era acima de tudo aquilo que eu gostava de fazer na vida e também porque achei que estava a fazer falta cá na minha zona... Já tens a loja aberta há uns aninhos, porque é que achas a Korner se aguenta tanto tempo no mercado, quando Lisboa não tem uma única loja de skate? Talvez pelo facto de o material de skate não ter uma margem de lucro muito grande e não se conseguir pagar as rendas milionárias de Lisboa com os lucros que se obtêm neste negócio... tirando isso não consigo perceber porque não existe uma loja de skate na capital do nosso país, talvez seja o reflexo do estado do skate em Portugal. Qual foi a coisa mais estúpida que te foram pedir à loja? Lençóis, ou algo ainda melhor? Pedidos estúpidos não faltam por aqui, já me pediram de tudo, desde de pijamas, a toucas para a natação... Sempre que te apanho no Skype vejo que tens a loja cheia de malta, isso é o café aí da zona, ou pessoal curte mesmo de passar tardes a ver roupa e falar de gajas? Café não vendemos, por isso só resta a segunda opção hehehe... nós trabalhamos o skate não só como negócio, mas também como uma forma cultural, então fazemos questão que os skaters vejam a loja como um ponto de encontro, tanto para eles como para as pessoas que não sendo skaters se identificam com a filosofia da loja e, felizmente, isso tem acontecido ao longo dos anos.

Que futuro vês para as skate shops em Portugal? Achas que daqui a uns anos a malta compra só roupa e ténis virtuais como nos jogos de telemóvel de hoje em dia, ou achas que os skaters vão sempre precisar de um poiso? Pois, não sei o que o futuro nos reserva, mas a verdade é que esta geração está toda marada dos cornos e tem vindo a piorar. Hoje em dia já não são muitos os skaters que realmente olham para as skate shops como um poiso, ou como parte da cultura de skate. Para muitos deles é apenas mais uma loja e não se preocupam em apoiar, procuram apenas os melhores preços e acaba sempre por ser o outlet, ou o mundo virtual a ganhar. Muita gente já olha para Ponte de Lima como a capital não oficial do skate em Portugal, porque é que achas que isso acontece? Os skaters por cá não são muitos, mas gostam mesmo de skate. Já dizia a minha avozinha, mais vale poucos e bons que muitos e maus hehehe.... Na verdade, acho que a principal razão é que os skaters sentiram um apoio da parte da loja, que se calhar até então não tinham... e com o passar do tempo foram se identificando com a loja e acabaram por ficar a ser mobília da casa. Acho que não somos apenas uma loja que apoia os skaters locais, a prova disso é que o Sales é de Leiria, o Ciso, o André e o Miji são de Viana. o Henrique, o Adriano, o Duarte, o João e o Marcos são de Ponte de Lima, o Rui e o Pimba, de Guimarães etc.... como somos uma loja que sempre gostou de apoiar os skaters que metem a mão na massa, esse povo foi-se juntando e acabou por dar no aparecimento de bons spots... sempre defendi a união dos skaters e das skate shops. Andarem todos por aí à paulada com patrocínios e competições só faz isto andar para trás...


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KORNER SKATESHOP

Conselhos para quem quer abrir uma skate shop e não ir à falência? Se não querem ir a falência não abram uma skate shop ahhaha... Estou a brincar, apesar de não ser um negócio para ficar rico, ainda se pode viver de uma skate shop, se forem sempre ativos e acompanharem sempre as necessidades dos skaters, os “não-skaters” acabam por aparecer também, uma vez que que é impossível uma loja sobreviver apenas e só com os skaters... Estamos num mundo cheio de tendências e acho que, sendo assim, temos que o aproveitar para o nosso lado e fazer com que aumentando as vendas da loja aumente também o apoio ao skate, esse é o principal truque para não deixar morrer as skate shops...

Para quem quiser saber mais sobre nós, deixo aqui os links onde podem seguir-nos... facebook : https://www.facebook.com/KornerSkateShop/?ref=bookmarks instagram : https://www.instagram.com/kornerskateshop/ website : www.kornerskateshop.com Abraço a todo o pessoal da Surge, um dos poucos bons exemplos de skate em Portugal Bruno Machado ( KORNER SKATESHOP )


SINCE 1922 Rider: Peter Hewitt

Distribuição marteleiradist.com 212 972 054 - info@marteleiradist.com


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Há mais de dez anos apareceu na Net um vídeo do Punk (André Santos) a dar um Kickflip no arco da Ponte do Infante. Lembro-me perfeitamente disso porque foi uma cena do caralho. O vídeo tinha mais ou menos 10 segundos e não era mais do que o Punk a ir a correr a subir o arco, saltar para cima do skate e dar um Kickflip Fakie, com o pessoal da Batalha ao fundo nas extremidades da ponte a garantir que o skate não ia dar um mergulho ao Rio Douro. Eu só conhecia o Punk e esse pessoal através do Mirc e Msn e nunca tinha estado com eles pessoalmente. Quando o Punk me mandou esse vídeo fiquei mesmo com vontade de conhecer e de andar de skate com aquele pessoal. Mais tarde acabei por conhecê-los, vim viver para o Porto e alguns deles são hoje dos meus melhores amigos. Desde que comecei a fotografar skate que ando para ir fotografar o Punk a dar o Kickflip na ponte, mas acabamos por nunca ir e, entretanto, o Punk já não anda de skate (pelo menos com frequência) e já não vive na cidade. Há pouco tempo o Mouga disse-me: olha, já que agora o Punk é eremita, não queres ir lá à ponte tirar uma foto comigo? E fomos. Luís Moreira

texto LuÍs Moreira e Mouga fotografia Luís Moreira


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A PONRTE DO INFANTE

Mouga – Boneless


A história do spot já não é nova e, para mim, começou quando vi os vídeos do Punk. Num deles aparecia um flip na Ponte do Infante e eu, como toda a gente, achámos que era uma coisa doente. Para além desse vídeo, ele tinha dois ollies numa daquelas compilações dos maiores gaps de sempre. Como os vídeos já desapareceram do youtube, ficámos só com a memória e o Luís sempre quis ir lá com ele para fotografar.


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A PONRTE DO INFANTE

Uma vez que aquilo agora está protegido por grades com picos e arame farpado, skatar lá era agora um problema menor, mas também algo que adiava qualquer ida... Para saltar, convinha levar alguns apetrechos, pois um passo em falso significava um tralho de uns bons vinte metros, para o meio do mato que cobria os calhaus. Lá nos artilhámos (para ver se deixávamos às moscas os institutos de medicina legal 1 e trouxemos a tralha necessária. O resto é história, quem quiser ir ver que tal é que aquilo é.... força. MC Bandido- Bandidos (ver no youtube)

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Francisco Mouga



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A PONRTE DO INFANTE

Mouga – Heelflip


THE WILLOW Introducing the Willow, a classic vulcanized skate shoe with Globe’s S-trac for ultimate grip and flex. And Shockbed™ insole for all day comfort.

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VAL TER SOU SA

5 VANTAGENS DE TER SÓ UM TOMATE Primeiro que nada tenho que admitir que esta pergunta é a melhor! 1. Sou um gajo diferente da maioria dos outros. 2. Elas ficam sempre curiosas, já estão fartas de ver dois. 3. Se estiver com uma rapariga com namorado ela pode defender-se com o argumento: “foi só meia traição” 4. Sempre que não tenho coragem para dar algum toque posso dizer que “não tenho tomates para dar isso”. 5. Existem muito mais vantagens, mas não posso contar, porque pode haver alguma curiosa a ler isto e perde a piada! TENHO QUE MENCIONAR ALGUMAS DESVANTAGENS: 1. Não posso jogar bilhar de bolso 2. Não posso ofender ninguém com um “mama-me os tomates” 3. Não posso dizer “’tá um frio dos tomates” 5 MELHORES COISAS QUE JÁ FIZESTE COM O JOÃO ALLEN Esse gajo é aquele betinho pró skater do Saldanha, não é? Não o conheço muito bem nem nunca fiz nada demais com esse gajo, mas já trabalhámos juntos na Torre Eiffel. 5 VANTAGENS EM SER DAS CALDAS... TERRA DOS MANGALHOS A maior vantagem de ser das Caldas é que há caralhos para todos. Acho que agora vão começar a produzir uma edição limitada de monos. 5 SKATERS NACIONAIS QUE VÃO DAR CARTAS Os putos podem todos dar cartas desde que se divirtam, se skatarem com um sorriso na cara, para mim já estão a dar cartas.

fotografia e entrevista Roskof

5 SKATERS QUE TE FIZERAM PEGAR NO PATINETE Sem dúvida o pessoal que começou a andar comigo nas Caldas. Lá fora são tantos... gosto de beber um bocadinho de todos os estilos. 5 PRATOS DE PEIXE FAVORITOS (CASO NÃO SAIBAM, O VALTER VENDE PEIXE E CHEIRA-NOS QUE JÁ DEITA ROBALOS PELOS OLHOS) Eu adoro peixe, especialmente sardinhas. No verão sou gajo para comer sardinhas todos os dias. Um robalozinho do mar grelhado ou uma garoupa no forno também cai sempre bem, ou um salmão no forno com maionese e puré de batata. 5 COISAS PARA AS QUAIS ANDAS A POUPAR GUITO 1. Para o tomate que me falta 2. Para acabar as obras do bordel que vou abrir 3. Para pagar a operação de mudança de sexo ao Allen 4. Para trocar o meu Aston Martin 5. Para viajar 5 PIORES PARTIDAS QUE PREGASTE A AMIGOS E FAMÍLIA 1. Virar os trecos ao contrario ao pessoal sem eles darem por isso. 2. Por pasta de dentes no cú do pessoal depois de uma noite de copos (acordam cheios de medo do que se passou) 3. Acordar a malta com a tromba do elefante. Para os mais curiosos perguntem ao Allen como é que se acorda o Simãozinho. 4. Desligar o gás ao meu pai (é normal) 5. Lembrei-me de uma muito boa, acho que o Cardoso e o Jorginho devem lembrar-se do presente que deixei na gaveta do quarto deles em Vigo.


Valter Sousa a mostrar com este heelflip fakie pefeito que não é por ter só um tomate que perde o equilíbrio nas manobras


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entrevista Carlos Viegas e Roskof fotografia Roskof

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Como é que tudo começou, quando é que te apaixonaste pelo skate? A primeira vez que vi um skate fiquei logo a imaginar deslizar naquilo. Num verão destes o meu primo apareceu aí (vivia na Suíça), trazia um skate já desses mais bacanos... dei um giro naquilo e, vocês sabem, love at first sight. Desde então é das coisas que me dá mais prazer. Inclusive, o próprio pessoal do skate é outra vibe. Criei grandes amigos em vários lugares, tudo pela paixão que temos em comum. Como é que foste parar ao mundo da tatuagem? Sempre curti ver pessoal com tatuagens. Quando era puto já gostava de ver as tattos daqueles camionistas estrangeiros que às vezes via, os marados lá da Califórnia. E desenhava por gosto, desde miúdo. Mais tarde entrei para a Marinha, convivi com a verdadeira história da tatuagem, com cotas tatuados em vários países. Tatuagens mesmo clássicas, à campeão, já tinha experimentado devido a um amigo que me fez as minhas primeiras tatuagens, infelizmente já falecido, e que me ajudou a comprar o meu primeiro material. E por aí vai, tatuava colegas lá da Marinha, people do meu bairro. E foi assim, estamos aí até hoje. O que mais gostas de fazer com o teu tempo livre? Gosto de ir até à praia de manhã, abancar um bocado aí, conversar com o pessoal mais velho da Costa... se estiver bom, dou um surf... gosto de beber uma cerveja lá nas pedras com a minha miúda, mais tarde dar uma skatada com o meu filho... hehehe street life, dude!!!

Como gosta de tintas, o Luís sente-se perfeitamente à vontade em sítios cheios dela... layback boardslide


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LUÍS MARTINS

Como ele subiu lá para cima tão rápido ainda estamos para perceber, transfer tailslide


Como vieste parar à Costa de Caparica, acaso da vida, ou apeteceu-te vir para um sítio onde pudesses surfar todos os dias? Também estás a fazer figas para a construção do skate parque da Costa? Desde muito novo que frequento a Caparica, desde os meus 11, 12 anos. Os meus pais tinham uma roulotte num camping, na Praia da Saúde, onde comecei a surfar, por essa idade também. Passava todos os verões aqui e no inverno vinha sempre aos fins de semana. Tínhamos a nossa crew da surfada, crescemos, basicamente, ali na praia. Mais tarde, quando saí da Marinha comecei a tatuar em casa e o pessoal lá do bairro, o Theo Pedrada, do estúdio onde ainda trabalho, tinha loja aqui na Costa. Ajudou-me bastante no início do percurso... podia estar ali na loja a ver o pessoal a trabalhar, o Márcio, o Marinho... eu tentava absorver toda a informação possível... um dia convidou-me para começar a trabalhar na loja. A minha vida de tatuador profissional começou aí. Inevitavelmente a minha vida é muito ligada à Caparica city. O skate parque aqui na Costa seria perfeito, tem muita malta jovem aqui e pessoal mais velho que skata. Faz muita falta um skate parque aqui, sem dúvida. Sei que costumas ir tatuar lá fora e que tentas sempre saber se vai dar para skatar, não pode ser só trabalho. Quer dizer que se te convidarem para ir tatuar a um sítio e não der para skatar, não vais? Mano, tem que ser um sítio com temperatura acima dos 28o e que dê para andar de skate ou dar um surf, senão está fora de questão hehehehe é o mais sincero que te posso responder. Foste ao Brasil para uma convenção e visitar a tua miúda e eras para ficar semanas e acabaste por ficar meses. A vida de um tatuador é mesmo assim, podes fazer o que bem te apetece? A vida de tatuador não é necessariamente assim hehehe eu é que quando saí aqui da Costa estavam uns 8o, chego ao Rio de Janeiro estavam 40, tinha palmeiras com fartura, achei melhor ficar mais um pouco. Mas na realidade dá para gerires bem o teu tempo. Como normalmente trabalhamos maioritariamente com agendamentos, dá para viajar bastante. Tenho bastante pessoal que fui conhecendo ao longo dos anos, com estúdios em diversos países, dá sempre para combinar alguns dias para trabalhar nessas lojas e aproveitar e ficar mais um pouco para conhecer as cidades.

Frontside 5-0 num dos muitos spots perdidos pela margem sul

Onde imaginas o teu futuro? Imagino-me na Costa Rica, sempre calor, ondas, palmeiras com fartura, arroz com feijão à grande para um gajo estar rijo, e está bom. Dizem que ali andam de bicicleta até aos noventa e tal anos hehehe, vamos ver.


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LUÍS MARTINS

Na sede da ASCC, na Costa de Caparica, agora podes comer uns hambúrgueres e skatar logo a seguir na mini-rampa por baixo do restaurante, assim queimas logo as calorias e não tens de ouvir da tua miúda... perfeito!

5 coisas que queres fazer antes de reencarnares? Primeiro que tudo, quero ver o meu miúdo crescer, quero escalar o Everest, quero ter a certeza de que existem extraterrestres e quero ganhar o euromilhões, daqueles de jackpot, que dá mais dinheiro. Que sonhos gostavas de realizar num futuro próximo? Um dos sonhos que sempre tive e tenho é ter um local, tipo armazém, uma cena grande onde pudesse fazer o meu trabalho, tatuar, e montar lá dentro umas rampas. Tudo ali a skatar, fazer umas tattos de vez em quando para pagar as contas e estar ali com o pessoal a aproveitar a vida da melhor forma. Uma mensagem aos skaters e uma mensagem aos tatuados? Aos skaters, nunca deixem morrer o espírito do skate, continuem sempre com o mesmo entusiasmo porque o skate muda a nossa vida, dá-nos uma felicidade de viver diferente, une o pessoal. Os dias inteiros a skatar vão ficar sempre na nossa memória, cada qual na sua altura, mas sei que sentimos todos o mesmo amor pelo skate. Ao pessoal das tattos, sei lá, vão ler outra revista, que esta é para os meus bros. SKATE OR DIE.


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entrevista e retrato Roskof

Como é que se iniciou esta ligação entre o skate e a ilustração, foi algo que começou em simultâneo, ou foi uma coisa que se foi desenvolvendo ao longo do tempo? Na realidade só muito anos depois de começar a andar de skate é que essa ligação surgiu. Como para muitos, a minha paixão pelo skate começou muito cedo, por volta dos 12 anos, numa altura em que jogava futebol num clube local. Claro que, rapidamente, a bola ficou para trás e fiquei completamente vidrado no skate e em tudo o que girava à sua volta. A minha ligação com a arte só surgiu muitos anos mais tarde, apesar de a minha mãe ter pintado bastante, lembro-me de a ver pintar com óleo e pensar “que trabalheira” e nunca pensar que me pudesse dedicar ao que faço agora. De facto, o meu primeiro trabalho fi-lo aos 24 anos, para oferecer à minha mulher, por nenhuma razão em especial, apenas apeteceu-me fazer. Ela odiou e esse quadro hoje está enterrado debaixo de terra, só ela sabe onde está, pode ser que um dia veja a luz do dia novamente… ah ah Depois dessa má experiência estive 3 anos sem pintar e só aos 27 voltei a fazê-lo. Desta vez para oferecer um quadro ao meu irmão. A coisa correu melhor e hoje aqui estou eu a fazer disto vida.


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LUCAS BEAUFORT

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Aos 27? Isso é um início um pouco tardio para uma carreira, não? (risos) Eu sei, acredita que se pudesse voltar atrás tinha começado a pintar aos 10 anos, mas a vida é mesmo assim, é o que tem de ser. E hoje gosto de ter bem definido na minha cabeça o que quero ser e o que quero fazer. Quero ser eu a controlar a minha vida, não quero estar a pensar que se tiver sorte, um dia ganho o euromilhões e posso ir a sítios e conhecer certas pessoas. Eu quero trabalhar e conseguir realizar as coisas que quero fazer. E como é que começaste a pintar nas capas de revistas, foi por acaso ou foi algo em que pensaste durante algum tempo? Como todos os skaters eu tinha pilhas e pilhas de revistas de skate em casa e não só. Um dia agarrei numa edição da Vice que tinha na capa uma boca grande e não sei porquê agarrei numas canetas, pus-me a pintar a capa e achei piada. Tirei uma foto e enviei para a Vice, eles gostaram e perguntaram-me se eu queria uma assinatura de borla... nesse momento virei-me para trás e olhei para o sítio onde tinha as revistas de skate e pensei, “talvez conseguisse fazer o mesmo”. Hoje recebo entre 20 a 30 revistas de skate do mundo inteiro quase todos os meses, o que para mim é muito fixe porque, como skater, gosto de saber o que se passa em relação ao skate em todos os continentes. E não só, uma coisa que eu estou sempre a dizer é que para mim a arte é uma boa desculpa para conhecer novas pessoas. Mais, para mim desde que comecei, a arte sempre foi uma ponte, entre duas ou mais pessoas, partilhar algo, criar ligações. A mesma coisa acho das revistas de skate, elas são pontes, entre os escritores, os fotógrafos, os skaters, os leitores… há sempre algo mais por trás de uma boa foto, há sempre uma história.

MANTRASTE



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LUCAS BEAUFORT


Tu és e já há algum tempo alguém que inspira muitos miúdos a interessarem-se por arte. De vez em quando vemos coisas e recebemos coisas onde dá para perceber a influência que tens tido em muita gente. Tens noção disso? E alguma vez pensaste que este seria o rumo que a tua vida ia tomar? Sinceramente não, muitas vezes abordam-me nas redes sociais, ou em exposições a dizer que sou isto e aquilo, que sou um artista famoso, não concordo nada com essa ideia. Mas uma coisa é certa, nunca pensei chegar onde estou hoje, mas trabalhei duro para consegui-lo, e é essa a mensagem que passo a quem me aborda. Faz o teu melhor, no início talvez só a tua mãe, o teu pai e o teu irmão é que apreciam o teu trabalho, mas se te dedicares, se criares algo em que acreditas, todo o esforço será recompensado. E outra coisa que eu lhes digo é para não arranjarem desculpas, hoje em dia toda a gente tem uma, se me vieres dizer que gostavas de tocar guitarra, mas não tens tempo, isso é uma desculpa, se quiseres ser pintor, mas não tiveres dinheiro para tintas isso é outra, na verdade, motivação e trabalho são as duas melhores ferramentas que podes ter ao teu serviço e acredita que te podem levar bem longe. Vamos falar agora um pouco do teu novo projeto, o documentário “Devoted”. Foste de skater, a artista e agora realizador de filmes, como é que isso aconteceu? A verdade é que foi algo natural, apenas mais um passo na evolução do meu trabalho. Após pintar mais de 1000 capas de revista, a verdade é que criei uma ligação com muitas das pessoas por trás delas, posso dizer que conheço a maior parte dos editores, escritores e fotógrafos de skate e sempre que eles me enviam revistas agradeço-lhes e digo-lhes o quanto aprecio o trabalho que fazem. Para mim foram as revistas que criaram a cultura do skate. E assim surgiu-me esta ideia de fazer um documentário sobre as pessoas que dedicaram a sua vida à divulgação do skate. “Devoted” é isso mesmo, é um tributo às revistas impressas, a minha forma de lhes agradecer por tudo o que fizeram pelo skate e, claro, também quis mostrar aos miúdos que não existe só a Thrasher ou a Transworld, por todo o mundo existem revistas brutais, que continuam a manter a chama do skate bem viva.


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Sei que o “Devoted” te levou à volta do mundo durante quase dois anos... agora que a tua visão está completa, o que se segue para o Lucas Beaufort? Bom, agora vou estrear o filme em Los Angeles, no dia 28 de junho, num cinema com todos os intervenientes, com muitas lendas vivas do skate ali ao meu lado e de certeza que vai ser algo que não esquecerei, talvez o melhor dia da minha vida a seguir ao do meu casamento. E depois já tenho algumas ideias, uma coisa é certa, vou continuar a pintar, mas também quero continuar a filmar, adoro documentar coisas. Ando a pensar num filme sobre grandes skaters que desapareceram do mapa, saber o que fazem hoje, alguns talvez tenham morrido, outros talvez precisem de ajuda, outros talvez estejam muito bem… a verdade é que gosto de histórias. Seja de um skater, ou de um taxista com quem estive a falar durante uma hora, toda a gente tem uma e, mais ainda, toda a gente tem sonhos, adoro ouvir as pessoas a falar sobre o que querem atingir. De resto, não sei, acredito que todos conseguimos mudar o mundo, talvez um dia até me dedique à política… ah ah


www.birdhouseskateboards.com

Ben Raybourn

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texto Dustin Dollin fotografia Fabien Ponsero

A estrada caminha connosco novamente, na carrinha a minha cadeira aos saltos faz bem o seu trabalho, enquanto a minha língua pede algo para beber. Os sons à minha volta abraçam-me, mas não é um daqueles abraços longos, é mais como se um anão me estivesse a abraçar os tornozelos ao mesmo tempo que vejo castelos por todo o lado. Estamos juntos e celebramos o nosso desconforto, pois os nossos cotovelos tornaram-se já marido e mulher. Assim, rimo-nos a pensar em quem se sente pior, dentro deste meio de transporte malvado. Mas de certeza que ninguém se sente pior do que o condutor, todo contente porque a sua carrinha tem 4 rodas. Também já não consigo ouvi-lo com aquelas conversas sobre o estado do tempo, ou a queixar-se da estrada. As linhas da estrada quase que nem se conseguem ver e a cada quilómetro que passamos nesta terra, pensamos se estaremos a fazer alguma coisa de jeito. Aqui não encontramos Mc Donalds, os montes nesta Transilvânia, apesar da vegetação, parecem-me secos. E aqui continuamos a celebrar a simplicidade da nossa estupidez, avançando sempre à procura de documentar mais uma noite e, claro, sempre a desfrutar de estarmos num sítio onde não percebemos ninguém e onde ninguém nos percebe. Ainda assim, pelas nossas caras percebo que a moral está elevada, isto, claro, se conseguirmos passar todos os postos de controlo da polícia, cada vez que vê uma carrinha que parece saída de um covil.


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ANTIZ ROMÉNIA POR DUSTIN DOLLIN


Mais um dia. Espero que hoje me consiga lembrar se a carrinha é um meio de transporte, ou mesmo a nossa casa. Acho que aquilo de que precisávamos aqui era mesmo um micro-ondas, talvez numa das muitas casas abandonadas que encontramos e que nos lembram mais de refúgios de agarrados ao crack do que sítios que outrora foram habitados. Sempre que chegamos a uma Praça, ela está cheia miúdos de olhos claros que nos olham, ou à procura de uma resposta, ou a pedir-nos algo. Todos têm os seus truques, mas nós também temos os nossos e para sermos sinceros, estarmos aqui ou não estarmos nem chega a ser um dilema.

Roland Hirsch Kickflip – Sibiu


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ANTIZ ROMÉNIA POR DUSTIN DOLLIN

Roland Hirsch Drop – Cluj


Victor Pelegrini gap para frontside smith - Cluj


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ANTIZ ROMÉNIA POR DUSTIN DOLLIN

Em qualquer local por onde passamos, os “locais” transformam-nos logo em estrelas de cinema, sem saberem sequer o que fazemos. Usam-nos como maneira de esquecer o tédio das suas próprias cidades, mesmo que seja a ver-nos brincar com uns inúteis brinquedos de madeira. Podem pensar que estas são palavras negativas, deixem-me pedir desculpas ao rollerblader e ao miúdo com um skate banana que aparece sempre em qualquer spot.

Remy Taveira – Nollie - Cluj



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ANTIZ ROMÉNIA POR DUSTIN DOLLIN

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DCSHOES.COM

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